Campanha Salarial: banqueiros negam tudo

CORREIO INFORMATIVO DO SINDICATO DOS BANCÁRIOS DO ES FILIADO À CUT Nº 858 04/09/2009 BANCÁRIO A 21/09/2009 Campanha Salarial: banqueiros negam tud...
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CORREIO

INFORMATIVO DO SINDICATO DOS BANCÁRIOS DO ES FILIADO À CUT Nº 858 04/09/2009

BANCÁRIO

A 21/09/2009

Campanha Salarial: banqueiros negam tudo Fotos: Sérgio Cardoso

Os banqueiros começaram mal as negociações da Campanha Salarial. Em três rodadas, nenhuma proposta econômica e recusa de todas as reivindicações dos bancários, desde as que tratam de direitos da categoria até as que buscam melhorar o atendimento à população. A intransigência dificulta o diálogo e leva os bancários para mais uma greve. No lançamento da Campanha no Espírito Santo, realizado no dia 28 de agosto, os capixabas levaram para as ruas do Centro de Vitória (foto) o slogan “Banqueiros e governos: tirem suas máscaras. Negociação pra valer!”.

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Vitória dos funcionários do Banestes: TRT decide pela reintegração dos demitidos na Campanha 2007

Interdito proibitório fere o direito de greve dos trabalhadores

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Baile dos Bancários agita Clube Ítalo Brasileiro O Dia do Bancário, 28 de agosto, foi comemorado num baile no Clube Ítalo Brasileiro. A festa, organizada pelo Sindicato, também marcou o lançamento da Campanha Salarial 2009 no Espírito Santo. O baile teve como tema “Noite dos Mascarados”.

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Artigo 12 milhões de mortos invisíveis

Aos leitores Bancários a caminho da greve

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Os banqueiros começaram mal as negociações da Campanha Salarial. Em três rodadas, nenhuma proposta econômica e recusa de todas as reivindicações apresentadas pelos bancários, desde as que tratam de direitos da categoria até as que buscam melhorar o atendimento à população. A intransigência prevalece mais uma vez na mesa de negociações, dificultando o diálogo e levando os bancários para mais uma greve. Infelizmente, essa é a única liguagem que os banqueiros entendem. A pauta de reivindicações dos bancários foi construída com o pé no chão, levando em conta o cenário atual do sistema financeiro. O setor bancário é o que goza de mais confortabilidade no Brasil, mesmo num cenário de crise financeira internacional. Apoiados pela política econômica do Governo Lula, os bancos acumulam lucros exorbitantes. Além dos itens econômicos, que

BANCÁRIO

Informativo do Sindicato dos Bancários do Espírito Santo Rua Wilson Freitas, 93, Centro, Vitória/ES - 29016-340 Tel: (27) 3331-9999 Colatina (3722-2647), Cachoeiro (3522-7975) e Linhares (3264-1329)

podem facilmente ser negociados pelos bancos, a pauta da categoria inclui cláusulas de cunho social, para melhorar o atendimento aos clientes. A insensibilidade dos banqueiros, no entanto, é evidente. Alegam que tempo de espera na fila e ampliação do horário de atendimento não são temas para serem discutidos com os bancários. Mas, na verdade, essa pauta social, que inclui também a redução das taxas de juros e tarifas, não é de interesse dos bancos. No mundo capitalista, o que interessa é a acumulação do lucro, o que é garantido com a exploração dos trabalhadores e dos usuários dos sistema financeiro. Derrubar essa política é uma tarefa cotidiana, que passa pelas lutas específicas e organização popular. Esse é o grande desafio da classe trabalhadora. A Campanha Salarial 2009 é uma oportunidade para os bancários ampliaresm esse debate com a sociedade.

Coordenador Geral: Carlos Pereira de Araújo Diretor de Imprensa: Idelmar Casagrande Editoras: Sueli de Freitas - MTb 537/92 e Karina Moura - MTb 2375-ES/08 Editoração: Jorge Luiz - MTb 041/96 Impressão: Gráfica Ita E.mail: [email protected] Tiragem: 9.000 exemplares Distribuição gratuita

Enquanto a gripe suína não sai do noticiário, as doenças negligenciadas seguem matando sem causar alarde. Geralmente suas vítimas estão nas classes sociais mais baixas. Só no Brasil, doenças já erradicadas em boa parte do mundo como malária, tuberculose, hanseníase, dengue e leshmaniose infectaram mais de 650 mil pessoas em 2005, segundo dados oficiais. Dentre essas, milhares morreram em decorrência das enfermidades. Enquanto a badalada gripe suína matou algumas centenas de pessoas, doenças como essas matam mais de 12 milhões todos os anos. Os números são alarmantes, a diferença no tratamento da imprensa é escandalosa. O estardalhaço feito em cima da nova gripe tem suas serventias. Não deixa tempo para falar sobre o genocídio promovido pelo USA no Iraque e Afeganistão. E ajuda os noticiários a omitirem a raiz do problema: a poluição causada pela empresa ianque Smithfield Foods em terras mexicanas. De acordo com um alerta divulgado por médicos e cientistas de vários países, incluindo o Brasil, há uma negligência dos governos em relação às doenças que atingem preferencialmente as camadas mais pobres : "Embora estas doenças afetem centenas de milhões de pessoas, faltam vacinas, diagnósticos e medicamentos, que sejam seguros, adaptados às condições de vida das pessoas afetadas, efetivos, e cujos preços sejam acessíveis, para combatê-las". O Fórum Global de Saúde apontou o "Hiato 10/90", que se refere a um conjunto de doenças que atingem apenas 10% da humanidade, mas que recebem 90% dos investimentos para pesquisas científicas. Esta omissão termina por favorecer os interesses de grandes monopólios farmacêuticos , que seguem fabricando apenas determinados tipos de remédios. Por Marcelo Salles, do Jornal Fazendo Média

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GREVE DOS VIGILANTES I Após 18 dias de greve, os vigilantes da Grande Vitória decidiram retornar ao trabalho no dia 3 de setembro.

GREVE DOS VIGILANTES II Durante a greve, o Sindicato denunciou à Polícia Federal os bancos que, numa afronta à lei, atenderam ao público.

GREVE DOS VIGILANTES III De acordo com a Lei 7.102, as agências só podem funcionar com a presença de vigilantes patrimoniais.

Banestes

Vitória: TRT decide por reintegração dos demitidos O

Sérgio Cardoso

s bancários do Banestes tiveram uma importante vitória no último dia 27: o Tribunal Regional do Trabalho (2ª Turma do TRT) decidiu pela reintegração de sete bancários demitidos na Campanha Salarial 2007. O Banestes demitiu os trabalhadores após o movimento grevista daquele ano. O Sindicato dos Bancários/ES entrou com ação na Justiça questionando a retaliação. A decisão do TRT representa uma vitória contra a pressão patronal para impedir o direito de greve e de reivindicação dos trabalhadores. Na audiência, após a sustentação oral da advogada Alba Valéria Alves Fraga, a 2ª Turma do TRT julgou, por maioria, procedente o recurso ordinário interposto pelos bancários demitidos do Banestes, acolhendo a tese da existência de prática anti-sindical e atos discriminatórios. O Sindicato entrou com recurso no TRT contestando a sentença de primeira instância favorável ao Banestes. Agora só cabe recurso por parte do banco em Brasília. O acórdão do TRT ainda não foi publicado. Dos sete bancários que estão no processo, seis trabalhavam no Centro de Processamento de Dados. As demissões ocorreram após uma manifestação, ocorrida em outubro de 2007, que retardou a abertura do CPD e do edifício Palas Center. Os funcionários do CPD estavam entre os mais mobilizados naquela campanha para assegurar, entre outras reivindicações, o cumprimento do aditivo da Convenção Coletiva no que tange à gratificação de 25% para os novos funcionários – o que foi conquistado posteriormente. A reintegração dos demitidos é uma das reivindicações da Campanha Salarial 2009.

PRIMEIRA AUDIÊNCIA DO PROCESSO DE REINTEGRAÇÃO, EM DEZEMBRO DE 2007

Gripe suína: bancárias grávidas devem ser afastadas preventivamente do trabalho As bancárias grávidas devem ser afastadas preventivamente do trabalho para evitar contrair a Gripe Influenza A H1N1(gripe suína). A orientação é da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Segundo o superintendente de Relações do Trabalho da Febraban, Magnus Apostólico, o afastamento para evitar a gripe suína não terá impacto na licença-maternidade, nem prejuízo para remuneração e benefícios da empregada gestante. Também não é considerado afastamento por doença. As declarações foram feitas durante reunião de negociação da Campanha Salarial 2009. Além do afastamento das grávidas, as orientações aos bancos inclu-

em o uso de álcool em gel a 70% para higienização das mãos, cuidados na limpeza das unidades e divulgação de informações sobre prevenção. No início de agosto, o Sindicato enviou ofício para os departamentos de recursos humanos dos bancos e aos gestores das agências no Espírio Santo solicitando a adoção de medidas de prevenção à nova gripe. “Outras doenças matam mais no mundo todo, mas a gripe suína está no início de sua evolução e não sabemos para onde vai caminhar. É fundamental a prevenção de qualquer doença, tanto para os bancários quanto para os clientes”, disse a diretora de Saúde do Sindicato, Bernadeth Martins.

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MENOS EMPREGO I Os bancos fecharam 2.224 postos de trabalho no primeiro semestre de 2009 no país, segundo dados da Contraf/Dieese.

MENOS EMPREGO II Em contrapartida, o sistema financeiro foi o que teve maior lucro no primeiro semestre deste ano no Brasil. Sérgio Cardoso

Tempo na fila de banco tem limite! Queremos a contratação de mais bancários!

NO LANÇAMENTO DA CAMPANHA NO ESPÍRITO SANTO, OS BANCÁRIOS COLARAM CARTAZES NAS AGÊNCIAS PEDINDO NEGOCIAÇÕES PRA VALER

Bancos negam reivindicações

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m três rodadas de negociação da Campanha Salarial 2009, a Fenaban rejeitou todas as reivindicações apresentadas pelo Comando Nacional dos Bancários relativas a emprego, criação de planos de cargos, carreira e salários e auxílio-educação. Os banqueiros também não apresentaram proposta de índice de reajuste nem valores para tíquete-refeição, auxíliocreche/babá e cesta-alimentação. Os bancos se negaram até mesmo a garantir a reposição da inflação dos últimos 12 meses sobre os salários. Disseram que só pretendem formular uma proposta econômica após a quarta rodada, marcada para o dia 9 de setembro, quando entram em debate as reivindicações sobre saúde, condições de trabalho e cláusulas sociais. Sobre a PLR, os banqueiros apenas sinalizaram com a disposição de formatar um novo modelo de participação nos lucros e resultados, sem detalhar qual seria essa proposta.

A Fenaban se recusou a dar garantias de preservação dos postos de trabalho, não aceitando discutir a contratação de mais trabalhadores nem mecanismos para garantir o cumprimento da jornada de 6 horas. A representação patronal se negou a reconhecer a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que proíbe demissões imotivadas, dizendo que essa é uma convenção “anacrônica”. Outra recusa foi a discussão sobre o limite de permanência máxima de 15 minutos nas filas, o que obrigaria os bancos a contratarem mais bancários para melhorar o atendimento à população. Os banqueiros disseram, ainda, que não discutem com os bancários a ampliação do horário de atendimento. “É um total descaso com a categoria. Temos que intensificar a mobilização e construir a greve, única linguagem que os banqueiros entendem”, afirmou o representante do Espírito Santo no Comando Nacional dos Bancários, Idelmar Casagrande.

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B ANESTES I No dia 28, ao final da caminhada em Vitória, os bancários entregaram a pauta de reivindicações específicas ao Banestes.

BANESTES II Roberto Penedo estava em reunião e a pauta foi protocolada na Secretaria Executiva. 46,31% é o índice de reajuste.

BANDES Também no dia 28, o Sindicato entregou a pauta dos bancários do Bandes. O reajuste reivindicado é de 31,51%.

Nas ruas

Capixabas lançam Campanha Salarial

Fotos: Sérgio Cardoso

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om bastante irreverência, os bancários capixabas lançaram a Campanha Salarial 2009 em 28 de agosto, Dia do Bancário, numa caminhada pelo Centro de Vitória. Um gigante com pernas de pau levando um saco bem cheio de dinheiro representou os banqueiros. Ao seu lado, um homem baixo, com um saquinho do tamanho do salário dos bancários e a carteira vazia. Acompanhados com carro de som, cartazes e atores circenses, os trabalhadores distribuíram panfletos e conversaram com a população. Apesar da crise, lembraram os bancários, o setor financeiro continua sendo o mais lucrativo do país, o que significa que os banqueiros podem atender às reivindicações da categoria e melhorar o atendimento à população. A caminhada partiu do Banestes Palas Center e seguiu pelas avenidas Jerônimo Monteiro e Princesa Isabel, com paradas em frente às agências. Na Praça 8, em frente à agência Central do Banestes, os bancários encontraramse com os vigilantes, que estavam em greve, e fizeram um breve ato. “É preciso que os trabalhadores estejam juntos para enfren-

CONTRASTE: O TAMANHO DO LUCRO DOS BANCOS E O SALÁRIO DOS BANCÁRIOS

tar os banqueiros. Seja o banqueiro Lula, responsável pelos bancos públicos federais, seja Hartung, responsável pelo Banestes e o Bandes, ou os banqueiros privados. Todos se juntam para imprimir condições de trabalho degradantes, com grandes filas e in-

PANFLETAGEM NO BANESTES, ONDE TAMBÉM FOI FEITA A ENTREGA DA MINUTA ESPECÍFICA

segurança nas agências, com altas taxas de juros e tarifas. Exigimos que os bancários, os vigilantes, os clientes e usuários de bancos sejam tratados com mais respeito”, disse o coordenador geral do Sindicato, Carlos Pereira de Araújo (Carlão). O slogan da Campanha 2009 no Espírito Santo é “Banqueiros e governos: tirem suas máscaras. Negociação pra valer!”. O mote faz referência às propagandas dos bancos sobre um suposto compromisso com a sustentabilidade do planeta e com a responsabilidade social. Os bancários denunciam que não há responsabilidade no pagamento dos salários, sempre baixos; não há responsabilidade com a segurança de clientes e trabalhadores e não há responsabilidade na cobrança de altas taxas de juros e tarifas.

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Moacir Lopes – da Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social – afirma ao CB que o acordo feito entre o Governo Lula, a CUT e a Força Sindical sobre aposentadoria não contempla as necessidades dos trabalhadores. Ele defende a aprovação de projetos que já tramitam na Câmara Federal.

Diálogo Moacir Lopes

“ÉAcordo necessário outro mantémum arrocho modelo econômico” salarial e fator previdenciário Quais são as novas regras propostas pelo governo que serão enviadas ao Congresso Nacional? A proposta apresentada em acordo espúrio com a CUT e Força Sindical não reconhece a existência de perdas salariais e propõe reajustar os salários dos benefícios entre 2010 e 2011 considerando a inflação pelo INPC mais 50% do valor do PIB, conforme o crescimento da economia do país. Portanto, não prevê a reposição das perdas, que, segundo a COBAP (Confederação Brasileira dos Aposentados), ultrapassa os 70% considerando apenas os últimos seis anos do Governo Lula. Prevê reajuste de 3,64% mais 2,55%, que é a previsão de crescimento do PIB. Ou seja, uma proposta muito aquém da que vem sendo reivindicada pelo movimento sindical. Quais são as propostas apresentadas pelo movimento? Há propostas em tramitação na Câmara dos Deputados. Defendemos um reajuste de 16,67% retroativo a 2006. O projeto que trata disso (PL 18/2006) já passou no Senado por unanimidade, inclusive. Propomos o mesmo índice de reajuste do salário mínimo a todos os aposentados e pensionistas (PL 01/2007); reivindicamos a atualização do benefício de acordo com o número de salários mínimos da época da concessão do benefício (PL 4434/2008) e apresentamos a proposta que prevê o fim do fator previdenciário (PL 3299/2008). O movimento defende também uma auditoria nas contas para verificar qual é o orçamento real da Previdência Social hoje no país, porque

há arrecadações sobre loterias, Confins, lucros de bancos, por exemplo, que, embora sejam para Seguridade Social, nunca foram aplicados na Previdência. Somente o valor arrecadado sobre a folha de pagamento, contribuições das empresas e individuais são aplicadas na Previdência hoje. Por isso falta dinheiro para mantê-la. O governo vai retirando as fontes de financiamento, utilizando os recursos para fazer outras coisas e depois diz que não tem dinheiro. Queremos



Não podemos permitir que o governo aprove uma lei para prejudicar e penalizar ainda mais os trabalhadores



manter a Previdência Social como um direito: pública, universal, gratuita para todos os trabalhadores e garantida pelo Estado. A mudança do fator previdenciário para 85/95 contempla a reivindicação do movimento? Não. Defendemos que todos os trabalhadores se aposentem considerando o tempo de serviço (homens com 35 anos e mulher com 30) e não o tempo de contribuição e de idade . Era assim até 1997, quando FHC mudou. Essa é a defesa histórica do movimento sindical, mas agora a CUT e a Força Sindical se renderam ao governo e aceitaram a existência de um fator previdenciário, propondo que as mulheres se aposentem com a soma de 85 anos, entre tempo de contribuição e idade, e os homens com 95. So-

mos contrários porque é inconstitucional e atende somente aos interesses dos fundos privados de pensão. Intersindical, CTB, Conlutas e outras organizações sindicais são contra esse ataque. Vamos construir nas ruas mais uma luta coletiva pra derrubar essa proposta. Não podemos permitir que o governo aprove leis para prejudicar e penalizar os trabalhadores, que devem ficar atentos, porque essas mudanças vêm no sentido de privatizar a Previdência Social. Qual a diferença entre considerar o tempo de serviço e o tempo de contribuição? Antes, para você se aposentar, eram considerados os 35 anos de serviço, ou seja, era considerado todos os anos em que a pessoa trabalhou. Mesmo que ela não tivesse contribuído durante todos os 35 anos, ao completar o tempo de serviço, comprovando que no período em que não contribuiu ela estava trabalhando, conseguia se aposentar. Isso mudou em 97, quando criaram o fator previdenciário. Só se aposenta o trabalhador que tiver contribuído integralmente durante todos os meses em que trabalhou. E a inconstitucionalidade do uso da idade no fator previdenciário? Não é previsto na Constituição que a aposentadoria seja por idade. Porém, a reforma da Previdência que instituiu o fator previdenciário foi uma criação maquiavélica da equipe do FHC para conseguirem impor indiretamente o parâmetro da idade como requisito para aposentadoria. Na prática o fator impõe um limite de idade para o trabalhador se aposentar.

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SORTUDO O ganhador da TV LCD sorteada pelo Sindicato no Baile dos Bancários foi o convidado Murillo Guzzo (à dir.), de João Neiva.

“O músico tem que sofrer, sorrir e chorar com o seu povo.” Maurício de Oliveira (violonista capixaba que faleceu no dia 01.09.2009) Fotos: Sérgio Cardoso

Perfil Sérgio Cardoso

João Luiz Nogueira Queiroz

AO SOM DE PAULO WOOPS E BANDA, O BAILE FOI ATÉ A MADRUGADA DO DIA 29

Baile marca Dia do Bancário em Vitória

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s capixabas comemoraram o Dia do Bancário num baile no Clube Ítalo Brasileiro no dia 28. A festa, organizada pelo Sindicato, também marcou o lançamento da Campanha Salarial 2009 no Espírito Santo. A comemoração foi até a madrugada seguinte, com muito agito na pista de dança, ao som de Paulo Woops e Banda. O baile teve como tema “Noite dos Mascarados”. Algumas pessoas compareceram a caráter, com máscaras bastante produzidas; outras preferiram adereços mais discretos. Além de dar um toque de requinte à festa, o uso de máscaras foi uma referência à Campanha 2009.

O slogan da Campanha no Estado é: “Banqueiros e governos, tirem suas máscaras. Negociação pra valer”. Durante o baile, o coordenador geral do Sindicato, Carlos Pereira de Araújo (Carlão), convocou a categoria para uma ampla mobilização na Campanha. A diretora do Sindicato Lucimar Barbosa foi homenageada com um buquê de flores pelos dois mandatos à frente da pasta da Cultura, sempre produzindo eventos - como o Baile dos Bancários com muito carinho e dedicação. Na próxima gestão, que terá início no final de setembro, Lucimar vai assumir a pasta de Relações Sindicais.

USANDO MÁSCARAS OU NÃO, OS BANCÁRIOS E CONVIDADOS ERAM SÓ ALEGRIA

João Luiz Nogueira Queiroz, 39 anos, é bancário do Banco do Brasil (Av. Rio Branco) e, nas horas vagas, pega ondas. Como você conheceu o surfe? Quando era criança havia experimentado, mas não vingou. Há uns sete anos meu filho se interessou pelo esporte. Comprei a prancha e o levei para surfar. Na praia, encontrei um amigo do BB que me incentivou a também praticar o esporte. Meu filho abandonou a prancha pouco depois, mas eu não consegui parar. O que essa prática esportiva trouxe de bom para você? Logo no começo fiquei completamente tomado pelo esporte. Acordava às 4h30 para surfar antes de ir para o trabalho. Minha rotina se transformou, o mar me ofereceu uma alegria que ainda não havia experimentado. Foi o remédio para segurar a rotina estressante do banco. Hoje surfo nos finais de semana. Você trabalha no BB há quanto tempo? Desde os quinze anos. Entrei como menor estagiário e hoje sou gerente da agência. Transitei por vários cargos e trabalhei em muitas agências, inclusive no interior.

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Interdito proibitório fere o direito de greve Os bancários vão denunciar a prática anti-sindical dos bancos à OIT

Sérgio Cardoso

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uso do interdito proibitório pelas empresas contra as mobilizações dos trabalhadores foi considerado uma afronta ao direito constitucional de greve pelos presentes ao seminário "Interdito Proibitório x Direito de Greve", realizado pela Contraf-CUT no dia 24 de agosto, em São Paulo. Ao final do evento, os representantes sindicais dos bancários afirmaram que vão formalizar denúncia sobre o uso abusivo dos interditos proibitórios por parte dos bancos e da Justiça junto à Organização Internacional do Trabalho (OIT). O presidente da OAB Nacional, Cezar Brito, disse que o abuso do interdito proibitório por parte dos bancos e da Justiça deve-se à visão patrimonialista que ainda impera nas classes dominantes brasileiras e, por extensão, no Judiciário. "A OAB está muito preocupada com as tentativas de criminalização dos movimentos sociais no Brasil e com a visão policialesca e conservadora que ganha cada vez mais força, inclusive no Primeiro Mundo", disse Brito. Omar Afif, da Procuradoria Geral do Trabalho, ressaltou que o interdito só pode ser usado se houver ameaça à posse. "No caso do direito de greve não há receio de perda da posse. É o principal mecanismo do trabalhador de enfrentamento da força empresarial. Exercício justo e legítimo. Não há intenção de ocupação perpétua do estabelecimento". E disse mais: "Interdito é prática anti-sindical porque atenta contra a prática fundamental dos sindicatos."

POLUIÇÃO - A noite estava linda, mas a vista do horizonte ficou prejudicada. A foto acima foi feita da varanda do Clube Ítalo Brasileiro, na Ilha do Boi, em Vitória, durante o Baile dos Bancários, em 28 de agosto. Revela a poluição que vitima os ca-

pixabas, devido à emissão de poluentes industriais que comprometem a qualidade do ar da Grande Vitória. Enquanto isso, as empresas Arcelor Mittal Tubarão e Vale continuam fazendo propagandas do compromisso com o meio ambiente.

Fórum organiza III ENJUNES Para discutir os problemas cotidianos enfrentados por jovens negros no Brasil, como a violência e o racismo, o Fórum Estadual de Juventude Negra (FEJUNES) realizará no dia 12 de setembro mais uma etapa regional do III ENJUNES (Encontro da Juventude Negra). O encontro da região metropolitana será em Cariacica, na Escola Jocarly Gomes Salles, Alto Lage, a partir das 9 horas. O evento pretende reunir jovens estudantes, capoeiristas, ativistas do movimento Hip Hop e demais organizações sociais. Na programação estão previstas apresentações culturais, palestras e de-

bates. Além disso, acontecerá a exibição do vídeo "Mais um", produzido pelo FEJUNES em parceria com o Centro de Comunicação e Cultura Popular Olho da Rua, que retrata a realidade da juventude negra capixaba e que foi premiado recentemente, como melhor documentário, no Festival Visões Periféricas, ocorrido no Rio de Janeiro. Além do lançamento da Cartilha "Racismo: tô fora", também produzida pelo Fórum. A etapa estadual do ENJUNES, que pretende reunir os jovens que participaram das regionais, acontecerá nos dias 25, 26 e 27 de setembro de 2009, em Vitória.

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