Universidade Estadual de Londrina CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

ALTERAÇÕES DA COMPOSIÇÃO CORPORAL APÓS 12 SEMANAS DE TREINAMENTO COM PESOS, ANALISADAS POR DOIS DIFERENTES MÉTODOS

CLAYTON FANTIN CAVARSAN

LONDRINA 2010

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DEDICATÓRIA

A Deus, aos meus pais e amigos.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Orientador, braço amigo de todas as etapas deste trabalho. A minha família, pela confiança e motivação. Aos amigos e colegas, pela força e pela vibração em relação a esta jornada. Aos professores e colegas de Curso, pois juntos trilhamos uma etapa importante de nossas vidas. Aos profissionais entrevistados, pela concessão de informações valiosas para a realização deste estudo. A todos que, com boa intenção, colaboraram para a realização e finalização deste trabalho. Ao professor coordenador de TCC que sempre me incentivou a estudar mais para dar maior qualidade à minha monografia.

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CAVARSAN, Clayton Fantin. Alterações da Composição Corporal após 12 semanas de treinamento com pesos, analisadas por dois diferentes métodos. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em educação Física. Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2010.

RESUMO

Há diferentes instrumentos para análises de alterações na composição corporal. Cada instrumento apresenta diferentes sensibilidades na capacidade de detectar essas alterações. O objetivo do estudo foi analisar as diferenças na sensibilidade dos métodos de análise de composição corporal, relacionados ao treinamento com pesos. Para tanto a amostra foi composta por 35 voluntários do sexo masculino. O programa de treinamento teve duração de 12 semanas consecutivas, composto por 10 exercícios, com 3 séries por exercício. O número de repetições utilizadas foi de 8 a 12 RM. Para a análise dos resultados foi utilizado a ultrassonografia e

a

DEXA.

Diferenças estatisticamente

significante foram

encontradas somente com o ultrassonografia nas medidas Espessura Muscular do Bíceps (EMB) e Espessura Muscular do Quadríceps (EMQ). Para os valores da EMB, encontramos ganho de 13% no período da sexta semana (M1) em relação à medida antes de iniciar o treinamento (M0) e ganho de 7% no período da 12 a semana (M2) em relação á medida em M1. Portanto, encontramos um aumento total da EMB de 22% comparando as medidas em M2 em relação à de M0. Em EMQ encontramos um aumento significante de 5% apenas da medida em M1 em relação à de M0. Os resultados sugerem que o Treinamento com Pesos (TP) favorece o aumento da massa muscular até mesmo em períodos relativamente curtos de prática (seis semanas). Baseado nisso, a sensibilidade do método e a capacidade de detectar pequenas alterações da composição corporal são mais determinantes, do que o próprio período de treinamento, pelo menos em praticantes iniciantes.

Palavras chave: Adultos jovens, sensibilidade dos métodos, exercícios físicos.

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ABSTRACT

There are different instruments for analysis in changes of body composition. Each instrument has differences in their sensibility to detect these composition changes ,. The aim of this study was to analyze differences in the sensitivity of the analysis of body composition related to weight training. For this purpose we recruted 35 male volunteers. The training program lasted 12 weeks, consisting of 10 exercises, 3 sets per exercise. We used 8 to 12 RM repetitions. For the analysis of the results was used ultrasound and DEXA. Significant differences were found only using ultrasound in EMB and EMQ. For the values of the EMB, we found an increase of 13% in six weeks (M1) of training as compared to the time before baseline (M0) and an increase of 7% in 12 weeks (M2) as compared to values in M1. Therefore, we observed a total increase in EMB of 22% in the total 12 weeks of training as compared to M0. In EMQ we found a significant increase of 5% in values of M2 as compared to values of M0. The results suggest that WT increases muscle mass even in relatively short periods of practice (six weeks). Based on this, the sensitivity of the method and the ability to detect small changes in body composition are more decisive than the actual training period, at least in beginner's weight training program.

Keywords: Young adults, sensitivity methods, physical exercises.

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LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS DEXA

- Absortometria Radiológica de Dupla Energia

EMB

- Espessura Muscular do Bíceps

EMQ

- Espessura Muscular do Quadríceps

M0

- Momento Inicial

M1

- Após seis semanas de treinamento

M2

- Após 12 semanas de treinamento

MG

- Massa Gorda

MIGO

- Massa Isenta de Gordura e de Osso

MIGOI

- Massa Isenta de Gordura e de Osso de Membros Inferiores

MIGOS

- Massa Isenta de Gordura e de Osso de Membros Superiores

MLG

- Massa Livre de Gordura

TP

- Treinamento com Pesos

US

- Ultrassonografia

SUMÁRIO

RESUMO.................................................................................................................... iii ABSTRACT ................................................................................................................ iv LISTA DE ABREVIAÇÕES .......................................................................................... v 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... ......7 2 REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................. ......9 2.1 Avaliação da composição corporal.. .................................................................. 9 3 MÉTODOS. ............................................................................................................ 15 3.1 Sujeitos............................................................................................................ .15 3.2 Composição corporal....................................................................................... .15 3.2.1 Absortometria Radiológica de Dupla Energia – DEXA ................................. .15 3.2.2 Ultrassonografia.............................................................................................16 3.3 Programa de treinamento com pesos..............................................................17 4 TRATAMENTO ESTATÍSTICO...............................................................................18 5 RESULTADOS........................................................................................................19 6 DISCUSSÃO...........................................................................................................20 7 CONCLUSÃO......................................................................................................... 22 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ .23 ANEXOS ................................................................................................................. ..30 ANEXO 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .................................. ..31 ANEXO 2 - Parecer do Comite de Ética ............................................................... ..35

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1 - INTRODUÇÂO A prática regular sistematizada de treinamento com pesos (TP) pode proporcionar importantes adaptações neuromusculares (TAN, 1999), morfológicas (CANDOW; BURKE, 2007; SHACKELFORD et al., 2004), metabólicas (SIGAL et al., 2006) e fisiológicas (ACSM, 2004; CORNELISSEN; FAGARD, 2005). Dentre as principais modificações induzidas por esse tipo de treinamento, destacam-se o aumento da massa muscular (CANDOW; BURKE, 2007; ABE et al., 2000; AHTIAINEN et al., 2003; 2005) e da densidade mineral óssea (SHACKELFORD et al., 2004), bem como a diminuição e/ou manutenção da massa gorda (CRAIG; EVERHART; BROWN, 1989; GETTMAN, 1978; MCBRIDE; BLAAK; TRIPLETTMCBRIDE, 2003). Tais modificações podem resultar em benefícios para a saúde e qualidade de vida e, também, para o desempenho atlético em diversas modalidades. Todavia, grande parte dos resultados obtidos decorrentes dos diferentes tipos de treinos, é analisada de diferentes maneiras. Assim, a escolha correta dos instrumentos para análise dos resultados desses estudos pode fazer uma grande diferença para futuras extrapolações dos dados. Considerando que as principais modificações induzidas nos diferentes componentes da composição corporal processam-se ao longo de semanas, meses ou anos de treinamento, pesquisas sobre a sensibilidade dos métodos de análise da composição corporal devem ser encaminhadas, em particular, para a análise do efeito crônico. Vale destacar que as modificações na composição corporal ao longo do tempo podem ser influenciadas por diversos fatores (idade, sexo, maturação, doenças, fármacos, nível de treinamento, entre outros), dentre os quais se destacam os hábitos alimentares e os diferentes tipos de treinamento. Adicionalmente, a utilização de métodos de baixa sensibilidade para a avaliação das modificações dos diferentes componentes da composição corporal pode comprometer a análise da magnitude do efeito induzido, sobretudo, pelo treinamento físico e/ou alimentação. Portanto, estudos que avaliam o impacto de TP sobre os componentes da composição corporal, a partir do controle mais criterioso das variáveis destacadas anteriormente, podem proporcionar importantes informações para a prevenção e controle do sobrepeso/obesidade, sarcopenia e osteopenia, e também para

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indivíduos que buscam melhoria da estética corporal, principalmente, por meio da hipertrofia muscular. Além disso, as informações produzidas podem auxiliar a tomada de decisão de pesquisadores e profissionais da área do TP para a prescrição e orientação de programas de treinamento. Assim, o presente estudo teve como objetivo principal analisar as diferenças na sensibilidade de dois diferentes métodos de avaliação da composição corporal, após 12 semanas de treinamento com pesos.

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2 - REVISÃO DA LITERATURA

2.1 - Avaliação da composição corporal Pesquisadores e profissionais das áreas de saúde pública e do esporte, têm se preocupado com estudos sobre o fracionamento da massa corporal em diversos componentes. A partir disso, muitos métodos têm sido desenvolvidos e validados historicamente, na tentativa de fornecer informações mais corretas. Os métodos de avaliação mais tradicionais são baseados em análises bicompartimentais, a partir da determinação dos componentes: massa livre de gordura e massa gorda. Para tanto, diversos pressupostos devem ser assumidos integralmente, embora muitos desses sejam no mínimo questionáveis. O indivíduo, ao ser avaliado, difere do corpo referencial apenas na quantidade de gordura, sendo a densidade dos componentes da massa livre de gordura constante para todos os indivíduos. Muitos erros referentes ao método bicompartimental podem estar relacionados ao avaliador, ao avaliado, ao equipamento utilizado e, também, aos procedimentos metodológicos exigidos para realização das medidas, além das conhecidas limitações associadas aos pressupostos teóricos a serem assumidos (HEYWARD, 1996, 2001). Nesse sentido, nas duas últimas décadas, têm sido desenvolvidos e validados métodos sofisticados, capazes de produzir imagens para auxiliar na melhor visualização e entendimento da proporção e estruturação de cada tecido corporal. Dentre os métodos de estimativa da composição corporal, destacam-se os diretos (dissecação de cadáveres), os indiretos (pesagem hidrostática, ressonância magnética, tomografia computadorizada, absortometria radiologia de dupla energia e outros) e os duplamente indiretos (antropometria e impedância bioelétrica). (HEYWARD, 2001), sendo a tomografia computadorizada e a ressonância magnética os métodos que possibilitem análises mais válidas e mais precisas, porém, com elevado custo operacional e alta exposição à radiação tem limitado a ampla utilização desses métodos, principalmente em estudos envolvendo grande número de indivíduos. Sendo assim, profissionais que atuam na área de avaliação da composição corporal têm dado maior atenção a outros métodos, dentre os quais se

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destaca a DEXA. Esse método consiste no uso de um equipamento com um braço mecânico com scanner e com um detector de energia; uma mesa para colocação do avaliado; um tubo emissor de raio-x localizado abaixo da mesa e o software que realiza a leitura da avaliação. Inicialmente, destinado à mensuração da densidade mineral óssea e do conteúdo mineral ósseo, esse método, devido aos avanços tecnológicos, permite também a estimativa dos componentes da composição corporal tais como tecido gordo e massa livre de gordura e osso, também conhecida como tecido magro e mole, que é basicamente composto pelo tecido muscular, dando condições para uma análise total ou dos segmentos corporais (membros superiores, inferiores e tronco), possibilitando uma análise da topografia corporal, (KOHRT, 1995; MAZESS et al., 1990) . A medida da DEXA é definida como a quantidade de radiação absorvida pelo corpo ou segmento desejado, calculando a diferença entre a energia emitida pela fonte de radiação e a sensibilizada pelo detector de energia (RAGI, 1998), sendo que o processo pelo qual a DEXA diferencia os tecidos corporais se dá por meio da transposição dos fótons de energia pelos tecidos ósseos e moles de cada indivíduo, até atingir a outra extremidade, onde se localiza o detector. Tal processo baseia-se na diferente atenuação dos raios-X entre os tecidos ósseos e moles. (ADAM,1997). Dentre os equipamentos desenvolvidos para avaliação por DEXA, a Hologic, a STRATEC Biomedical System e a Lunar, são os três fabricantes que concorrem no mercado atualmente, sendo esse último o responsável pela produção de dois modelos, o DPX e o Prodigy. Desses equipamentos, o mais atraente, pela evolução tecnológica alcançada e pela segurança oferecida, é o Lunar Prodigy. Com um detector de Telluride de Cádmio Zinco o qual é um material sensível à energia e que converte diretamente os raios-X para um sinal eletrônico sem uma conversão intermediária, como as primeiras máquinas emissoras de raiosX na forma-de-leque, esse equipamento é uma nova geração de máquinas. Deste modo, tanto o avaliado quanto o avaliador são expostos a um procedimento de medida de alta precisão, sob muito baixa radiação, cerca de 10 vezes menor do que os equipamentos desenvolvidos anteriormente (MAZESS et al., 1990). Outro grande benefício deste equipamento é a angulação na qual são emitidos os raios-X. (GRIFFITHS et al., 1997) descreveram que a emissão de raios-X na forma-de-leque

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em ângulos de grande amplitude, por volta de 30º ou mais, pode acarretar em erros de medida de grande magnitude. Entretanto, no modelo Lunar Prodigy, a emissão é feita a uma angulação de 4,5º o que diminui a magnitude dos erros e aumenta sua precisão. Logo, existe uma menor suscetibilidade a erros relacionados ao posicionamento do avaliado sobre a mesa, principalmente quando existe a necessidade de realização de medidas repetidas. A partir da diferenciação de atenuação dos tecidos, é formada uma imagem dos contornos do corpo e dos tecidos. Em seguida, um software, que apresenta variações de acordo com o fabricante, quantifica e localiza os diferentes componentes corporais (DIESSEL, 2000; ALBANESE, 2003). Esta é uma das grandes discussões em relação à utilização da DEXA, pois diferentes fabricantes possuem modelos baseados em Algoritmos (modelo matemático) que se ajusta a determinados graus de atenuação para cada tipo de tecido. (TYLAVSKY et al., 2003). Os métodos mais sofisticados e atualizados possibilitam a avaliação da composição corporal, mediante a produção de imagens dos diferentes tecidos isoladamente. No entanto, estudos disponíveis na literatura têm demonstrado a validade e a reprodutibilidade da DEXA para avaliação da composição corporal (GLICKMAN, 2004; KULLBERG, 2009; SWENNEN, 2004), a partir de análises frente a outros métodos de referência, tais como: modelos multicompartimentais, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Svendsen et al., (1993) analisaram, em seis mulheres, a capacidade da DEXA em detectar alterações na composição corporal, adicionando uma quantidade extra de gordura corporal. A estimativa da DEXA conseguiu detectar boa parte da gordura adicionada, demonstrando ser um método válido para a estimativa da MG e MLG em humanos. Prior et al., (1997) comparando a medida da DEXA com o método de quatro compartimentos (4C) em 172 jovens, encontraram elevada concordância (r=094; p