UNIVERSIDADE ESTADUAL , DE LONDRINA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

COMPORTAMENTO INGESTIVO, CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E QUALIDADE DA CARNE DE BOVINOS NELORE ALIMENTADOS COM DIFERENTES HÍBRIDOS DE MILHO

BRUNA BONINI SESTARI

Londrina – PR 2012

BRUNA BONINI SESTARI

COMPORTAMENTO INGESTIVO, CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E QUALIDADE DA CARNE DE BOVINOS NELORE ALIMENTADOS COM DIFERENTES HÍBRIDOS DE MILHO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Ciência Animal, área de concentração em Produção Animal da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial para obtenção do título de mestre.

Orientadora: Profa. Dra. Ivone Y. Mizubuti Co-orientador: Prof. Dr. Marco Aurélio Alves de Freitas Barbosa

Londrina – PR 2012 ii

BRUNA BONINI SESTARI

COMPORTAMENTO INGESTIVO, CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E QUALIDADE DA CARNE DE BOVINOS NELORE ALIMENTADOS COM DIFERENTES HÍBRIDOS DE MILHO

Dissertação

apresentada

ao

Programa

de

Pós

Graduação em Ciência Animal, área de concentração em Produção Animal da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial para obtenção do título de mestre.

COMISSÃO EXAMINADORA

___________________________________________

_______________________________________

Prof. Dr. Edson Luis de Azambuja Ribeiro

Prof. Dr. Valter Harry Bumbieris Junior

Universidade Estadual de Londrina Departamento de Zootecnia

Universidade Estadual de Londrina Departamento de Zootecnia

____________________________ Prof. Dra. Ivone Yurika Mizubuti Universidade Estadual de Londrina Departamento de Zootecnia Orientadora

Londrina, 07 de dezembro de 2012 iii

BIOGRAFIA

Bruna Bonini Sestari, filha de Wanderley Vieira Sestari e Fernanda Bonini Sestari, nascida em Bela Vista do Paraíso, Estado do Paraná, no dia 24 de setembro de 1986. Em 2006 ingressou no curso de Zootecnia na Universidade Estadual de Maringá, graduandose em dezembro de 2010. Durante o curso de graduação realizou estágios na área de nutrição animal, sendo participante do programa PIC/CNPq/UEM. Ingressou no curso de Mestrado em Ciência Animal, Área de concentração em Produção Animal, da Universidade Estadual de Londrina em março de 2011, defendendo o trabalho de dissertação em 07 de dezembro de 2012.

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À minha família, que é meu bem mais precioso, e a quem eu dedico toda a minha vida.

Ao meu pai Wanderley Vieira Sestari e à minha mãe Fernanda Bonini Sestari que são meu exemplo de vida, pelo amor incondicional, incentivo, apoio nas horas difíceis e principalmente por ser meu alicerce.

À minha avó Maria Arai Vieira Sestari, e aos meus avós Elpidio, José e Ivette que apesar de não estarem mais entre nós, tenho a certeza que estão olhando por mim.

Aos meus irmãos Elpidio Sestari Neto e José Francisco Bonini Sestari pelos ensinamentos, companheirismo e amor.

Aos meus amigos, Gianne Evans Cunha e Fernando Massaro Junior, pela amizade, apoio e demonstração constante de companheirismo.

Ao Bruno meu noivo que amo tanto, por sempre estar ao meu lado e ser muito mais que meu namorado, ser companheiro, irmão e amigo.

DEDICO

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AGRADECIMENTOS À minha orientadora, professora Ivone Yurika Mizubuti, pelo apoio incondicional.

Ao Programa de Pós Graduação em Ciência Animal da Universidade Estadual de Londrina e a todos os docentes pela oportunidade, pelo auxílio e pelos ensinamentos transmitidos;

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior pela concessão da bolsa de estudo;

À Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico do Paraná pelo apoio financeiro ao projeto de Pesquisa;

Ao Grupo Matsuda pela doação do sal mineral utilizado neste estudo;

Ao professor Rodrigo da Costa Gomes pelo apoio e ajuda nas análises estatísticas;

Aos estagiários, Camila, Carla, Aretha, Maciel, Nathali, Fernanda, Helena, e os outros 20, pela ajuda na condução do experimento e pela amizade;

Aos funcionários da fazenda escola, Pedro, Erminio, Jorge, Zé, Antônio, Zilda, Leonardo, pela ajuda e amizade;

À Maria Fraga Rolim Carnaúba, pelo apoio e incentivo aos meus estudos e pelos ensinamentos e ajuda com a língua portuguesa;

À todos que direta ou indiretamente auxiliaram na realização deste trabalho.

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“Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. Aprende que nós não podemos exigir o amor de ninguém. Podemos apenas dar boas razões para que gostem de você e ter paciência, para que a vida faça o resto. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança. E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida. Que pode usar o seu charme por apenas 15 minutos, depois disso, precisa saber do que está falando. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você é na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que você mesmo pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas aonde está indo. Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados. Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se. Aprende que as palavras de amor perdem o sentido, quando usadas sem critério. Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não lhe dá o direito de ser cruel. Aprende que com a mesma severidade com que julga você será em algum momento condenado. Aprende também que pode ir além dos limites que você próprio colocou. Aprende que perdoar exige muita prática. E você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!”

(William Shakespeare) vii

Comportamento ingestivo, características de carcaça e qualidade da carne de bovinos Nelore alimentados com diferentes híbridos de milho

Resumo: O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento ingestivo, as características de carcaça, os componentes não carcaça e a qualidade da carne de bovinos da raça Nelore terminados em confinamento e alimentados com dietas contendo diferentes híbridos de milho (duro, semiduro e semidentado). Foram utilizados 27 bovinos com peso vivo médio inicial de 350 ± 24 kg e idade média de 24 meses e peso vivo médio final de 444 ± 70 kg, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, em três tratamentos (T), sendo, T1- DTMDU: Dieta total contendo milho duro, T2- DTMSDU: Dieta total contendo milho semiduro e T3- DTMSDE: Dieta total contendo milho semidentado, com nove repetições por tratamento. As dietas foram isoenergéticas e isoprotéicas, com relação de volumoso: concentrado de 30:70, utilizando-se o bagaço de cana como volumoso e ração concentrada composta de farelo de soja (8%), milho grão moído (88%), suplemento mineral e vitamínico (3%) e uréia (1%). Os animais foram confinados por um período de 95 dias, compreendendo 14 dias de adaptação e três períodos experimentais de 27 dias. A avaliação do comportamento ingestivo ocorreu no último dia de cada período experimental por meio de observação visual dos animais a cada cinco minutos, por períodos integrais de 24 horas. Foram realizadas observações em quatro turnos: manhã (06:00 as 12:00), tarde (12:00 as 18:00), noite (18:00 as 00:00) e madrugada (00:00 as 06:00) para determinar o número de bolo ruminal, tempo de mastigação, tempo de alimentação total, tempo total de ruminação em pé, tempo total de ruminação deitado, tempo total de ócio em pé e tempo total de ócio deitado. No período noturno o ambiente recebeu iluminação artificial, sendo que três dias anteriores à coleta de dados, os animais foram adaptados a essa luminosidade noturna. Ao final do experimento, os animais foram abatidos em frigorífico comercial, avaliando-se as características de carcaça e os componentes não carcaça. Foi colhida amostra da secção HH para avaliação da qualidade da carne. Animais alimentados com dieta contendo milho semidentado apresentaram maiores tempo de mastigação e maiores números de bolos ruminais, do que aqueles alimentados com milho duro, entretanto não diferiram daqueles que receberam milho semiduro na ração. O tempo de mastigação e os números de bolos ruminais variaram com os períodos de observação, sendo maior no período da manhã e decrescente no período da tarde, noite e madrugada. Verificou-se que animais alimentados com dieta contendo milho duro, apresentaram maior tempo de alimentação do que aqueles recebendo dieta com milho semiduro ou semidentado. Não houve diferença entre os tratamentos para parâmetros de características de carcaça e de componentes não carcaça. Observou-se diferença significativa entre os tratamentos apenas para pH após 24 horas do abate. Conclui-se que animais alimentados com dietas contendo milho semidentado na ração concentrada apresentam maior tempo de mastigação e número de bolos ruminais do que aqueles alimentados com milho duro. Animais alimentados com dietas contendo milho duro apresentam maior tempo de alimentação do que aqueles recebendo dieta com milho semiduro ou semidentado. O tempo de mastigação e os números de bolos ruminais são maiores no período da manhã e decrescem no período da tarde, noite e madrugada. Diferentes híbridos de milho na dieta não influenciam as características de carcaça, bem como os componentes não carcaça e as características qualitativas da carne de bovinos de corte terminados em confinamento. Palavras-chave: concentrado, ócio, rendimento, ruminação, ruminante.

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Ingestive behavior, carcass characteristics and meat quality of Nelore steers fed with different hybrids of corn

Abstract: The objective of this experiment was to evaluate the feeding behavior, the carcass characteristics, the non carcass components and meat quality of Nelore steers finished in feedlot and fed with diets containing different hybrids of corn (flint, semi flint and semi-dent). It was used twenty seven castrated steers with average initial live weight of 350 ± 24 kg and 24 months old, randomly distributed in three treatments (T), where, T1- TDFC: diet containing flint corn, T2TDSFC: diet containing semi-flint corn and T3- TDSDC: diet containing semi-dent corn, with nine replicates for treatment. The rations were isoenergetic and isoproteic and the roughage:concentrate ratio was 30:70, using sugarcane bagasse as roughage. The concentrate ration was composed by soy bean meal (8%), ground corn (88%), vitamin and mineral supplement (3%) and urea (1%). The confinement period consisted of 95 days of evaluation, including 14 days for adaptation and three experimental periods of 27 days. Feeding behavior evaluation was on the last day of each experimental period through visual observation of animals at each five minutes, for periods of 24 hours. They were observed in four turns: in the morning (06:00 to 12:00); in the afternoon (12:00 to 18:00); at night (18:00 to 00:00) and in the evening (00:00 to 06:00) to determine the number of ruminal bolus, chewing time, duration of feeding, time of stand up rumination, total time of lying rumination, total time of idle on foot and lying. At night period the local had artificial illumination. Three days before collecting the information the animals were adapted to the illumination. At the end of the experiment the steers were slaughter in a slaughterhouse and the carcass characteristics and the non carcass components were evaluated. The section HH was chosen to evaluate the meat quality. Steers fed with diet that contains corn semi-dent had higher number of ruminal bolus and chewing time than that feeding by flint corn, however did not differ from those who received semi flint corn in the ration. The chewing time and the number of ruminal bolus varied or differed with the observation periods; the period of the morning was higher and decrescent in the afternoon, night and dawning. It was verified that animals feeding diet with flint corn had more chewing time than that received diet with semi flint or semi-dent corn. The treatments did not differ for carcass characteristics and non carcass components. It was observed significant difference among different diets only for pH after 24 hours of slaughter. It can be concluded that animals fed with semi-dent corn diet on the concentrate ration had higher chewing time and number of ruminal bolus than those fed with flint corn. Animals fed with flint corn diet had more chewing time than those who received corn semi flint or semi-dent in the diet. The chewing time and the number of ruminal bolus are higher in the morning period and decrease in the afternoon, night and dawning period. Different hybrid corn in the diet did not influence the carcass characteristics, as well as, the non carcass components and the quantitative characteristics of the meat of the beef the cattle finished in feedlot system.

Key-words: concentrate, idle, rumination, ruminant, yield.

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LISTA DE TABELAS Artigo 1 - Comportamento ingestivo de bovinos Nelore terminados em confinamento e alimentados com dietas contendo diferentes híbridos de milho

Tabela 1 Tabela 2

Composição percentual das dietas experimentais............................................. Composição bromatológica do bagaço de cana de açúcar, dos concentrados e da dieta total contendo milho duro, semiduro e semidentado (em base seca)...

Tabela 3

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Médias dos tempos de mastigação e números de bolos ruminais, em função das dietas em bovinos Nelores terminados em confinamento..........................

Tabela 4

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Médias dos tempos despendidos para alimentação, ruminação e ócio (min/dia), em função das dietas, em bovinos Nelores terminados em confinamento......................................................................................................

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Artigo 2 - Características de carcaça, de componentes não carcaça e qualidade de carne de bovinos Nelore terminados em confinamento e alimentados com dietas contendo diferentes híbridos de milho

Tabela 1 Tabela 2

Composição percentual das dietas experimentais............................................. Composição bromatológica do bagaço de cana de açúcar, dos concentrados e da dieta total contendo milho duro, semiduro e semidentado (em base seca).

Tabela 3

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Média das características quantitativas de carcaça de bovinos Nelore em confinamento, alimentados com dietas contendo diferentes híbridos de milho..................................................................................................................

Tabela 4

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Médias de pesos dos componentes não carcaça (kg) de bovinos Nelore em confinamento, alimentados com dietas contendo diferentes híbridos de milho...................................................................................................................

Tabela 5

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Características qualitativas da carne de bovinos Nelore em confinamento, alimentados com diferentes híbridos de milho nas dietas..................................

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SUMÁRIO

1

Introdução.....................................................................................................

1

2

Revisão de literatura.....................................................................................

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2.1

Aspectos gerais da bovinocultura de corte....................................................

3

2.2

Diferenças entre os híbridos de milho ..........................................................

4

2.3

Avaliação do comportamento ingestivo........................................................

7

2.4

Características físicas e químicas da carcaça e qualidade da carne de bovinos..........................................................................................................

9

3

Referências bibliográficas.............................................................................

12

4

Objetivos.......................................................................................................

16

4.1

Objetivo geral...............................................................................................

16

4.2

Objetivos específicos....................................................................................

16

Artigo 1 - Comportamento ingestivo de bovinos Nelore terminados em confinamento e alimentados com dietas contendo diferentes híbridos de milho Resumo..........................................................................................................

17

Abstract.........................................................................................................

18

Introdução.....................................................................................................

19

Material e Métodos.......................................................................................

20

Resultados e Discussão................................................................................

23

Conclusões....................................................................................................

26

Referências Bibliográficas............................................................................

26

Artigo 2 - Características de carcaça, de componentes não carcaça e qualidade de carne de bovinos Nelore terminados em confinamento e alimentados com dietas contendo diferentes híbridos de milho Resumo..........................................................................................................

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Abstract.........................................................................................................

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Introdução.....................................................................................................

31

Material e Métodos.......................................................................................

32

Resultados e Discussão.................................................................................

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Conclusões....................................................................................................

42

Referências Bibliográficas............................................................................

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Considerações Finais.....................................................................................

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1. Introdução

O mercado consumidor está em constante mudança, onde cada vez mais se aumenta a demanda pela qualidade do produto adquirido estimulando a pecuária de corte a se especializar para ofertar produtos de boa qualidade. Essa necessidade exige melhor administração, redução dos custos e aumento de eficiência de produção. Assim, para melhorar o sistema de produção de gado de corte é necessário a compreensão do conjunto de tecnologias e práticas de manejo que explorem a melhor capacidade do animal para se obter maior lucratividade. Na produção animal, a alimentação representa aproximadamente de 60 a 70% do custo total de produção, sejam em animais confinados ou criados extensivamente (MARTINS et al., 2000). Os grãos são componentes essenciais nas dietas de bovinos, sendo que, o milho é um dos mais importantes grãos de cereais que compõe a dieta, representando uma fonte energética de alta qualidade (CORREA et al., 2002). O milho possui quatro principais estruturas anatômicas na sua formação, que são: endosperma, gérmen, pericarpo (casca) e ponta. No endosperma é que se encontra o amido, representando cerca de 60 a 80% da composição do grão, e essa estrutura pode ser classificada como endosperma vítreo ou farináceo, dependendo da distribuição dos grânulos de amido e da matriz de proteína. O endosperma farináceo não possui matriz protéica circundando os grânulos de amido, enquanto que o endosperma vítreo possui uma matriz protéica densa, estruturada que circunda estes grânulos. Essa estrutura confere ao grão de milho uma aparência vítrea e dura (PAES, 2006). A matriz protéica é um dos principais fatores que afetam a utilização do amido pelos animais, dificultando a ação das enzimas digestivas pois estão presentes em maiores quantidades nos grãos de milho e sorgo (SNIFFEN; ROBINSON, 1987; KOTARSKI et al., 1992). O aumento na vitreosidade do grão está associado com a diminuição na degradação do amido, portanto, a utilização de uma variedade específica de milho que atenda adequadamente as exigências dos bovinos é uma alternativa que pode reduzir os custos de produção e servir como alternativa para os pecuaristas. Contudo, a determinação das potencialidades de utilização de diferentes híbridos de milho envolve a avaliação do comportamento ingestivo dos animais e as características físicas e químicas da carcaça, sendo estes, correlacionados com a qualidade do alimento. O estudo do comportamento animal, principalmente daqueles mantidos em regime de confinamento, possibilita o entendimento das variações no consumo de alimento (DADO; ALLEN, 1994; DAMASCENO et al., 1999). No entanto, novas técnicas de alimentação modificam o comportamento, tanto alimentar como físico-metabólico, do animal (ARMENTANO; PEREIRA,

1997). Sabendo-se que a característica do alimento exerce influência sobre o comportamento alimentar, e que estes fatores afetam diretamente a produção, pode-se adequar as práticas de manejo para aumentar a produtividade dos ruminantes. O estudo do comportamento ingestivo tem como objetivo, estudar os efeitos quantitativos e qualitativos da dieta sobre o comportamento ingestivo, relacionando comportamento ingestivo e consumo voluntário para maximizar o desempenho animal. A determinação da composição física e química da carcaça também é fundamental dentro desse contexto, pois possibilita avaliar os efeitos de diferentes tratamentos sobre os animais e seus impactos na carcaça (VAZ; RESTLE, 2003), bem como estudar a proporção de músculos e deposição de gordura, conforme as exigências do mercado consumidor (VÉRAS et al., 2000; CARVALHO et al., 2003).

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2. Revisão de literatura

2.1 Aspectos gerais da bovinocultura de corte

Atualmente a busca pelo aumento da eficiência na produção de carne tem mudado o perfil da pecuária brasileira, pois a melhoria na eficiência significa maior lucratividade para o produtor. Uma das ferramentas utilizadas para melhorar esse índice é a adequada alimentação desde as primeiras fases da vida até a terminação, ajudando a reduzir a idade de abate, melhorando a taxa de desfrute dos rebanhos, e aumentando dessa forma, o giro de capital. No entanto, essa prática tem um custo maior para o produtor, pois a inserção de concentrados nas dietas é essencial para se obter resultados satisfatórios. Como a alimentação é responsável pela maior parte dos custos, estudos são essenciais para ajudar na busca de alternativas que minimizem o gasto com os concentrados utilizados na terminação dos bovinos. O Brasil, nos últimos anos, se tornou um dos maiores exportadores mundiais de carne bovina do mundo. Em face da importância da carne bovina como alimento, e do processo educacional dos consumidores, que se tornaram mais esclarecidos e exigentes, a demanda por produtos de qualidade vem aumentando de forma extraordinária. A preocupação com os aspectos relacionados à saúde e ao bem-estar das pessoas tem aumentado de forma considerável, e essa demanda acontece tanto pelos atributos intrínsecos de qualidade como maciez, sabor, quantidade de gordura, quanto pelas características voltadas para as formas de produção, utilização do meio ambiente, processamento e comercialização (LUCHIARI FILHO, 2000). As fases da pecuária de corte tornam-se mais especializadas, havendo a necessidade de melhor administração, redução dos custos e aumento de eficiência, resultando naturalmente em certo grau de especialização da atividade. A incorporação de novas tecnologias e o uso de insumos mais eficazes e em maior escala tem provocado aumento progressivo da oferta de carne bovina, compensando o crescimento da população brasileira. Com oferta maior que a demanda, o produto sofre redução no preço. Portanto, neste cenário, somente permanecerão na atividade os pecuaristas que se adequarem a esta nova ordem, produzindo em escala, a custos competitivos e oferecendo um produto com qualidade diferenciada. Entre os fatores que determinam a qualidade da carne bovina, destaca-se a alimentação dos animais, que influencia direta e indiretamente a qualidade do produto. Os efeitos diretos são 3

relacionados à composição química e às características quantitativas da carcaça, interferindo, sobretudo, na proporção do tecido adiposo em relação ao muscular, e os efeitos indiretos estão relacionados principalmente com a redução na idade de abate dos animais, que pode influenciar a composição dos tecidos e contribuir para a melhoria do produto final. A manutenção de um plano nutricional adequado permite ao animal a expressão de seu potencial genético, proporcionando elevadas taxas de ganho de peso e antecipando a idade de abate, o que é vantajoso para a maciez da carne, em virtude da maior quantidade de colágeno de maior solubilidade no tecido muscular de animais jovens, conferindo maior maciez ao produto final (PEDREIRA, 2001). Os efeitos dos sistemas de alimentação e dos níveis nutricionais sobre as características de carcaças de bovinos são bem conhecidos e fartamente documentados na literatura. Conforme Felício (1997), sempre que o nível energético da dieta excede as exigências mínimas para o desenvolvimento muscular, verificam-se acúmulos de gordura nas carcaças, o que determina, em grande parte, o grau de acabamento das mesmas. A exigência de acabamento nas carcaças comercializadas para os frigoríficos é bem conhecida pelos pecuaristas, pois carcaças que não atingem o grau de cobertura mínima exigida de 3 a 6 mm de espessura de gordura subcutânea, são desvalorizadas para a comercialização (COSTA et al., 2002). No Brasil, a comercialização de bovinos de corte é realizada por intermédio do peso vivo ou do rendimento (peso da carcaça), o que desestimula os produtores a realizarem investimentos na pecuária de corte, uma vez que não há preocupação com a qualidade e quantidade de porção comestível. Portanto, não existe diferenciação de preços por qualidade de carcaças, aumentando a margem de riscos e dificultando o retorno do capital investido (JORGE, 1993; VAZ; ROSO; VAZ, 1999). Considerando que a lucratividade na pecuária de corte poderia ser maior, os produtores têm procurado alternativas que propiciem incremento na produtividade dos rebanhos, produzindo carne de melhor qualidade. Dentro deste contexto, é necessário produzir um produto de qualidade com preço competitivo, e para tanto, o produtor tem que se especializar e buscar alternativas para reduzir os custos com alimentação, que é a parte mais dispendiosa dentro do sistema de produção.

2.2 Diferenças entre os híbridos de milho

O milho é o cereal mais produzido no mundo, sendo que nos últimos cinco anos, a produção média foi de 778,8 milhões de toneladas, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados 4

Unidos (USDA). Na safra de 2011/12, a produção mundial foi de 860,1 milhões de toneladas. Os Estados Unidos são os primeiros no ranking da produção mundial de milho, respondendo por 39% da produção mundial. Na 2ª posição vem a China com 21% e em 3º colocação está o Brasil, com uma participação média de 7% (61 milhões de toneladas) (DEMARCHI, 2011). A importância econômica do milho está na sua diversidade de utilização, desde a alimentação animal e humana, até a indústria de alta tecnologia, mas o maior destino do milho é a produção de ração para animais. Estima-se que o milho responde por 70% do volume utilizado na alimentação animal (aves, bovinos e suínos), e, portanto, cerca de 70% da produção mundial de milho é destinado à alimentação animal, e em alguns países desenvolvidos esse índice pode chegar a 85% da produção (PAES, 2006). Os grãos são componentes essenciais nas dietas de bovinos confinados, sendo que, o milho é um dos mais importantes grãos de cereais que compõe a dieta de ruminantes, representando uma fonte energética de alta qualidade (CORREA et al., 2002). Cerca de 60% a 80% da composição do milho é representada pelo amido, que é um polissacarídeo heterogêneo formado principalmente por polímeros de amilose e amilopectina unidas por pontes de hidrogênio. A amilose é uma molécula linear formada por unidades de D-glicoses unidas por ligações α1,4, que compõem de 14 a 34% dos grânulos de amido, dependendo da espécie do grão e da variedade genética dessa espécie. Já, a amilopectina é um polímero grande, ramificado, formado por cadeias lineares de resíduos de glicose (α-1,4) com ramificações α-1,6 a cada 20 unidades e compõe de 70 a 80% dos grânulos de amido do grão de milho ou sorgo (KOTARSKI et al., 1992). Durante muito tempo, acreditou-se que a degradação da proteína e do amido da dieta de ruminantes era mais eficaz quando ocorria no intestino delgado, pois acreditava-se que o processo fermentativo no rúmen consumia alta quantidade de nutrientes que os animais não podiam aproveitar. No entanto, alguns trabalhos demonstraram que embora o amido possa ser fermentado por microorganismos no rúmen, também pode ser enzimaticamente digerido no intestino delgado. Entretanto, o principal local de degradação é o rúmen (SIMAS, 1997). Segundo Rémond et al. (2004), a digestão do amido no intestino delgado depende de enzimas específicas e os ruminantes não possuem quantidade suficiente para digerir todo o amido consumido, sendo necessária a fermentação ruminal, para aumentar a eficiência de utilização desse nutriente. Os produtos finais dessa fermentação ruminal, são os ácidos graxos voláteis (acetato, propionato e butirato) que representam até 80% dos requerimentos energéticos dos animais e também, são essenciais para a nutrição protéica dos ruminantes, devido à importância da proteína microbiana para esses animais (VAN SOEST, 1994). 5

O milho possui quatro principais estruturas anatômicas na sua formação, que são: endosperma, gérmen, pericarpo (casca) e ponta. No endosperma é que se encontra o amido, e essa estrutura pode ser classificada como endosperma vítreo ou farináceo, dependendo da distribuição dos grânulos de amido e da matriz de proteína. O endosperma farináceo não possui matriz protéica circundando os grânulos de amido, enquanto que o endosperma vítreo possui uma matriz protéica densa, estruturada que circunda esses grânulos. Segundo Paes (2006), essa estrutura confere ao grão de milho uma aparência vítrea e dura. A matriz protéica é um dos principais fatores que afetam a utilização do amido pelos animais, pois dificulta a ação das enzimas digestivas e estão presentes em maiores quantidades nos grãos de milho e sorgo (SNIFFEN; ROBINSON, 1987; KOTARSKI et al., 1992). A principal diferença entre os tipos ou classes de milho é a relação entre o endosperma vítreo e farináceo. Os principais tipos de milho são: duro ou “flint” (alta quantidade de endosperma vítreo), dentado (média quantidade de endosperma vítreo) e o farináceo (baixa ou inexistente quantidade de endosperma vítreo). Essa classificação é importante, pois segundo Philippeau e Michalet-Doureau (1997), o aumento na vitreosidade do grão está associado com a diminuição na degradação do amido. Philippeau et al. (1999) estudaram as características do grão de milho e a degradação ruminal do amido, concluindo que a degradação do amido está intimamente relacionada com a textura do grão (vitreosidade), sendo que esta determina em que parte do aparelho digestivo o amido será digerido, influenciando o produto da digestão. Se o amido for degradado no rúmen ocorre produção de ácidos graxos voláteis e se for degradado no intestino delgado, produção de glicose. Pereira et al. (2004) trabalhando com textura do grão de milho e estádio de maturidade, verificaram que grãos do tipo dentado são mais degradáveis no rúmen quando comparados com grãos de textura dura e que em situações de colheita tardia (textura mais firme), a utilização de híbridos dentados melhorou a degradação do amido. O milho está presente na maioria dos confinamentos sendo alimento essencial no fornecimento de amido para fermentação ruminal. O que ocorre atualmente é que a maioria do milho utilizado é de variedade com endosperma mais vítreo (mais duro e seco) pela facilidade de cultivo a campo, já que são mais resistentes às pragas e mantém melhor qualidade no armazenamento. A vitreosidade e a granulometria do grão de milho tem grande influência na degradação do amido, sendo que quando a textura do grão é mais dura e as partículas são maiores, ocorre diminuição significativa da degradabilidade do amido. Entretanto, ainda há muito que se pesquisar 6

sobre o tema, para melhor entender o comportamento de degradação dessas partículas e determinar a melhor forma de oferecer esse alimento aos ruminantes, no intuito de maximizar a sua utilização.

2.3 Avaliação do comportamento ingestivo

Albright (1993), afirmou que o estudo do comportamento ingestivo dos ruminantes tem sido usado com os objetivos de avaliar efeitos de arraçoamento ou quantidade e qualidade nutritiva das dietas, bem como, estabelecer relação de consumo voluntário e desempenho animal. O estudo do comportamento ingestivo, pode nortear a adequação de práticas de manejo para aumentar a produtividade e garantir melhor estado sanitário aos animais (FISHER et al., 2002). As atividades diárias do animal compreendem períodos alternados de alimentação, ócio e ruminação. A duração e distribuição destas atividades podem ser influenciadas pelas características do alimento, manejo, condições climáticas e atividades dos animais em grupo (FISHER et al., 1997). Segundo Arnold (1985), citado por Van Soest (1994), os ruminantes, assim como as outras espécies, ajustam o comportamento alimentar de acordo com suas necessidades nutricionais, sobretudo de energia. Os ruminantes adaptam-se às diversas condições de alimentação, manejo e ambiente e modificam o comportamento ingestivo para alcançar e manter determinado nível de consumo, compatível com suas exigências nutricionais (HODGSON, 1990). A quantidade de alimento consumido pelo ruminante, em determinado período de tempo, depende do número de refeições nesse período, da duração e taxa de alimentação de cada refeição. Cada um desses processos é resultado da interação do metabolismo do animal e das propriedades físicas e químicas da dieta, estimulando receptores da saciedade (THIAGO et al.,1992). Além disso, o horário, a freqüência e o intervalo de tempo entre os arraçoamentos influenciam a distribuição das atividades ingestivas durante o dia (DESWYSEN et al., 1993), pois, segundo Jaster & Murphy (1983), o fornecimento de ração induz o animal a ingerir. A mastigação tem o objetivo de misturar os alimentos com a saliva de forma adequada, garantindo a lubrificação do bolo alimentar e facilitando a passagem pelo esôfago, além de contribuir com a degradação dos alimentos, fornecendo maior superfície de contato para ação dos microorganismos e sucos digestivos. O tempo despendido em ruminação também é influenciado pela característica da dieta, sendo diretamente proporcional ao teor de parede celular dos volumosos. A eficiência de ruminação ou mastigação pode ser reduzida em dietas com elevado tamanho de partícula e alto teor de fibra, 7

devido a maior dificuldade para reduzir o tamanho das partículas originadas destes materiais fibrosos (VAN SOEST, 1994). A redução do tamanho de partículas influi na taxa de passagem, que estão associadas à mastigação, salivação e motilidade ruminal, as quais, por sua vez, respondem a estimulação tátil. Este estímulo tátil é resultante da fricção da digesta contra a parede ruminal e transmitido por meio de receptores mecânicos, presentes no retículo e em algumas partes do rúmen, proporcionando informações a respeito da textura da digesta, de tal forma que, o uso de dietas moídas, peletizadas ou de concentrados tem sido associado ao menor tempo de ruminação com conseqüente redução na produção de saliva. Em bovinos estabulados, alimentados duas vezes ao dia, as refeições seguintes à distribuição do alimento são mais importantes e os períodos variam de uma hora, para alimentos ricos em energia, até seis horas, ou mais, para alimentos com baixo teor de energia (VAN SOEST, 1994). A remastigação do bolo ruminal, excita mecanorreceptores, levando à excitação das glândulas parótidas para produção de saliva. A parte sólida do bolo alimentar consiste de partículas pequenas, que provavelmente estejam em estágio mais avançado de fermentação do que as fibras flutuantes no saco dorsal ruminal. Com a remastigação, reduz ainda mais o tamanho de partícula do bolo alimentar, estabelecendo novas portas de entrada para a fermentação microbiana e aumento na densidade das partículas através da expulsão do ar atmosférico e gases da fermentação. Dessa forma, melhoram as chances das partículas ficarem em condições favoráveis para serem transferidas ao abomaso. Porém, quando o material ruminado é deglutido, ele se torna disperso novamente ao material pastoso. A mastigação do material ruminado conduz à salivação e benefícios como a motilidade ruminorreticular, que ao mesmo tempo proporciona a mistura e eructação, em alguns alimentos. Isso pode causar desvantagem no sentido do aumento da motilidade provocar maior propulsão do conteúdo através do orifício reticulo-omasal. Dessa forma, o tempo de retenção do alimento dentro do rúmen e o tempo de fermentação da digesta são reduzidos, conduzindo ao aumento na ingestão de alimentos e redução da sua digestibilidade (ALLISON et al., 1977). É importante padronizar o tamanho e a densidade das partículas das dietas para proporcionar o tempo adequado de permanência no rúmen. A ruminação é um sinal de saúde em animais ruminantes. A ausência de ruminação é um sinal de anormalidade e está presente em situações de stress, doenças ou quando o animal fica muito tempo sem se alimentar (LEEK, 1996). Essa característica que os ruminantes têm de influenciar a direção e a freqüência da digestão gástrica, 8

depende da textura e do volume da dieta.

2.4 Características físicas e químicas da carcaça e qualidade da carne de bovinos

A qualidade da carne bovina é dependente de vários fatores intrínsecos e extrínsecos aos animais. Entre os fatores intrínsecos estão a raça, a idade e o sexo (PRADO et al., 2008b,c; DUCATTI et al., 2009; ROTTA et al., 2009). Os fatores extrínsecos são aqueles ligados ao manejo, à nutrição e ao ambiente (PRADO et al.,2008 a). Estes fatores isolados ou em conjunto definem a qualidade físico-química, tecnológica e sensorial da carne. A alimentação altera as características de carcaça, a composição química e a composição em ácidos graxos dos músculos (ROTTA et al., 2009). A qualidade da carne pode ser manipulada pela variação de intervenções nutricionais, muitas delas obtidas com sucesso em confinamento, onde o controle da ingestão alimentar é mais eficiente (WEBB; O’NEIL, 2008). A elevação do nível de proteína na dieta dos animais pode incrementar a deposição de gordura intramuscular, melhorando a maciez da carne, que está associada ao grau de acabamento e ao teor de gordura intramuscular da carcaça. O grau de acabamento é importante para evitar o encurtamento das fibras musculares causada pela temperatura da câmara fria, enquanto que a gordura intramuscular garante à carne mais suculência, aroma, sabor e maciez. Segundo Luchiari Filho (2000), a carcaça bovina de boa qualidade e bom rendimento devem apresentar relação adequada entre as partes que a compõem (máximo de músculo, mínimo de ossos e quantidade adequada de gordura) para assegurar ao produto, condições mínimas de manuseio e palatabilidade. O estudo da carcaça dos animais deve ter como finalidade avaliar parâmetros mensuráveis e que estão relacionados a seus aspectos qualitativos e quantitativos (MÜLLER, 1987). Algumas características tais como peso de carcaça quente, rendimento de carcaça quente, conformação, comprimento de carcaça, comprimento de perna, espessura de coxão, espessura de gordura de cobertura, área de olho de lombo, cor, textura e marmorização são responsáveis pela qualidade da carcaça de bovinos. A conformação da carcaça é uma avaliação subjetiva que considera o desenvolvimento muscular, sendo uma medida útil para a classificação de carcaça no momento da comercialização. A espessura do coxão possibilita uma idéia clara da musculosidade da carcaça de bovinos e a espessura de gordura de cobertura determina o grau de acabamento dos bovinos. A área de olho de lombo fornece a medida de deposição de músculo na carcaça. No Brasil, exige-se que a carcaça 9

tenha entre 3 e 6 mm de gordura de cobertura, mas em outros países como USA e mercado europeu ou japonês, a espessura de gordura de cobertura deve estar acima de 6mm. A composição química da carne é comumente representada pelos teores de umidade, minerais, proteína bruta, lipídeos totais, colesterol total, vitaminas e ácidos graxos. A água é um componente abundante na carne (70-80%) e, por isso, influi na qualidade, alterando a suculência, textura, cor e sabor (ROTTA et al., 2009). Além disso, a água é o meio universal das reações biológicas e a sua presença altera diretamente as reações que ocorrem na carne durante o armazenamento e o processamento industrial. As variações na percentagem de umidade ocorrem quando há mudança na percentagem de lipídios totais no músculo Longissimus dorsi. A maior percentagem de gordura intramuscular atua na diminuição da umidade uma vez que a gordura é pobre em água (10%) (PRADO et al., 2008a). O teor de matéria mineral na carne bovina está em torno de 0,80 a 1,50 (ARICETTI et al., 2008; PRADO et al.,2008a,b,c). Os minerais atuam em importantes funções biológicas, sendo constituintes de hormônios, enzimas, entre outras moléculas (CAMPBELL,1995). A proteína é o constituinte de tecidos musculares e conjuntivos. Na carne bovina, sua disponibilidade em aminoácidos essenciais, e suas características favoráveis à digestibilidade lhe conferem elevado valor biológico (CAMPBELL, 1995). De acordo com Pardi et al., (2001), as proteínas da carne são digestíveis em 95 a 100%, enquanto que as proteínas de origem vegetal apresentam digestibilidade de 65 a 85%. Alguns pesquisadores (ARICETTI et al., 2008; KAZAMA et al., 2008; MAGGIONI et al., 2009; PRADO et al., 2008a,b,c) relataram que a percentagem de proteína bruta no músculo Longissimus dorsi em bovinos varia entre 20,0 a 25,0%. Assim, a alimentação e a condição fisiológica podem alterar a percentagem de proteína bruta no músculo Longissimus dorsi em bovinos. Os lipídeos totais ou gorduras são compostos encontrados nos organismos vivos, geralmente insolúveis em água, mas solúveis em solventes orgânicos (SOUZA; VISENTAINER, 2006). São substancias oleosas ou gordurosas e possuem duas funções: componentes principais das membranas e forma de armazenamento de energia (SOUZA; VISENTAINER, 2006). As exigências dos consumidores, cada vez maiores por produtos de qualidade, têm estimulado os produtores e as indústrias de carne a adequarem seus sistemas de produção com objetivo de oferecer aos seus clientes um produto de alta qualidade. As características de qualidade da carne bovina, que influenciam na decisão de compra do consumidor são a cor, maciez, sabor e

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suculência, sendo a maciez o fator de maior variabilidade e o atributo mais desejável pelo consumidor (PRADO et al., 2008a). Percebe-se que, nos últimos anos, têm ocorrido mudanças na comunidade científica e na indústria de carne, no sentido de produzir e oferecer à população produtos padronizados e com garantia de maciez, com características que os consumidores desejam no produto cárneo.

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3- Referencias Bibliográficas

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4- Objetivos

4.1- Objetivo geral:

Avaliar o comportamento ingestivo, as características de carcaça e a qualidade da carne de bovinos nelore terminados em confinamento e alimentados com diferentes híbridos de milho (duro, semiduro e semidentado) na dieta.

4.2- Objetivos específicos:

Avaliar o comportamento ingestivo por meio da determinação de número de bolos alimentares, tempo de mastigação por bolo ruminal, tempo de alimentação, ruminação e ócio de bovinos Nelore terminados em confinamento, alimentados com diferentes híbridos de milho.

Avaliar as características de carcaça (peso da carcaça quente, peso da carcaça fria, rendimento de carcaça quente, rendimento de carcaça fria, comprimento de carcaça, comprimento de perna, espessura de coxão, perímetro de perna, comprimento de braço, espessura de braço, perímetro de braço, peso do dianteiro, peso do traseiro e percentagem de osso, músculo e gordura) de bovinos Nelore terminados em confinamento e alimentados com diferentes híbridos de milho.

Avaliar os componentes não carcaça (peso do sangue, pés, couro, cabeça, cauda, órgãos, pelanca, trato digestório) de bovinos Nelore terminados em confinamento e alimentados com diferentes híbridos de milho.

Avaliar a qualidade de carne (espessura de gordura de cobertura, marmoreio, área de olho de lombo, grau de acabamento, perda de água, pH, cor da carne e cor da gordura, força de cisalhamento e análise centesimal da carne) de bovinos Nelore terminados em confinamento e alimentados com diferentes híbridos de milho.

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ARTIGO 1

Comportamento ingestivo de bovinos Nelore terminados em confinamento e alimentados com dietas contendo diferentes híbridos de milho

Resumo: O objetivo deste trabalho foi estudar o comportamento ingestivo de bovinos da raça Nelore terminados em confinamento e alimentados com dietas contendo diferentes híbridos de milho. Foram utilizados 27 bovinos com peso vivo médio inicial de 350 ± 24 kg e idade média de 24 meses, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, em três tratamentos (T), sendo, T1-DTMDU: Dieta total contendo milho duro, T2- DTMSDU: Dieta total contendo milho semiduro e T3-DTMSDE: Dieta total contendo milho semidentado, com nove repetições por tratamento. As dietas foram isoenergéticas e isoprotéicas, com relação de volumoso: concentrado de 30:70, utilizando-se o bagaço de cana como volumoso e ração concentrada composta de farelo de soja (8%), milho grão moído (88%), suplemento mineral e vitamínico (3%) e uréia (1%). Essas dietas foram fornecidas aos bovinos duas vezes ao dia (8 h e 16 h). Os animais foram confinados por um período de 95 dias, compreendendo 14 dias de adaptação e três períodos experimentais de 27 dias. Os bovinos foram pesados em jejum de sólidos de 16 horas no início do experimento e ao final de cada período de 27 dias. A avaliação do comportamento ingestivo ocorreu no último dia de cada período experimental por meio de observação visual dos animais a cada cinco minutos, por períodos integrais de 24 horas. Foram realizadas observações em quatro turnos: manhã (06:00 às 12:00), tarde (12:00 às 18:00), noite (18:00 às 00:00) e madrugada (00:00 às 06:00) para determinar o número de bolos ruminais, tempo de mastigação, tempo de alimentação, tempo de ruminação em pé, tempo de ruminação deitado, tempo de ócio em pé e tempo de ócio deitado. No período noturno o ambiente recebeu iluminação artificial, sendo que três dias anteriores à coleta de dados, os animais foram adaptados a essa luminosidade noturna. Houve diferença entre os tratamentos para o tempo de mastigação e para o número de bolos ruminais. Animais alimentados com a dieta contendo milho semidentado apresentaram maior tempo de mastigação e maior número de bolos ruminais, do que aqueles alimentados com dieta contendo milho duro, entretanto não diferiram daqueles que receberam milho semiduro na ração. Os tempos de mastigação e os números de bolos ruminais variaram com os períodos de observação (manhã, tarde, noite e madrugada), sendo maior no período da manhã e decrescente no período da tarde, noite e madrugada. Quanto às médias de tempo despendido para alimentação, ruminação e ócio, verificou-se que animais alimentados com ração contendo milho duro apresentaram maior tempo de alimentação do que aqueles recebendo ração com milho semiduro ou semidentado. Entre as demais variáveis (ruminação em pé, ruminação deitado, ócio em pé e ócio deitado) não houve diferença significativa entre os animais recebendo diferentes dietas. Pode-se concluir que animais alimentados com dietas contendo milho semidentado apresentam maior tempo de mastigação e maior número de bolos ruminais do que aqueles alimentados com milho duro. Animais alimentados com dietas contendo milho duro na ração concentrada apresentam maior tempo de alimentação do que aqueles recebendo dietas com milho semiduro ou semidentado. O tempo de mastigação e o número de bolos ruminais são maiores no período da manhã e decrescem no período da tarde, noite e madrugada. Palavras-chave: alimentação, concentrado, ócio, ruminação. 17

Ingestive behavior of Nellore steers in feedlot fed with diets containing different corn hybrids

Abstract: The aim of this work was to study the feeding behavior of Nellore beef cattle in feedlot fed with diets containing different corn hybrids. Twenty-seven animals averaging 350 ± 24 kg of body weight and 24 months of age, were used. The animals were distributed in a completely randomized design with three treatments (T), where, T1- TDFC: Total diet containing flint corn, T2TDSFC: Total diet containing semi-flint corn, and T3- TDSDC: Total diet containing semi-dent corn, with 9 replicates per treatment. The animals were fed ad libitum twice daily (at 8:00am and 4:00pm) with a diet isocaloric and isonitrogenous, with 30% of sugar cane bagasse and 70% concentrate (88% maize, 8% soybean meal, 3% mineral and vitamin supplement and 1% urea) for 95 days (14 days of adaptation and 3 experimental periods of 27 days each). The animals were weighed at the beginning of the experiment and after each period of 27 days, always in a fasting period of 16 hours. The evaluation of animals feeding behavior occurred at the last day of each period by visual observation every five minutes for full periods of 24 hours. Observations were made in four shifts: morning (06:00 to 12:00), afternoon (12:00 to 18:00), evening (18:00 to 00:00) and early morning (00:00 06:00) to determine the number of ruminal bolus, chewing time, total feeding time, total ruminating standing time, total ruminating lying time, total standing idle time and total lying idle time. During the night’s observations, the pens received artificial illumination to facilitate the data collection and the animals were adapted with light at night for three days prior to observations. Animals fed with diets containing semi-dent corn had longer chew time and more ruminal bolus than those fed with flint corn, but did not differ from those that received semi-flint corn in the diet. The chewing time and number of ruminal bolus varied with the observation periods, being higher in the morning and decreasing in the afternoon, night and early morning. To the time spent feeding, ruminating and idle it was found that animals fed with diets containing flint corn had higher feeding time than those fed with diets containing semi-flint corn and semi-dent corn. Among the other variables there was no significant difference between treatments. It can be concluded that animals fed diets containing semi-dent corn spent more time chewing food had more ruminal bolus than those fed flint corn in the diet. Animals fed diets containing flint corn spent more time feeding than those fed diets with semi-flint or semi-dent corn. The chewing time and number of ruminal bolus is biggest in the morning and decrease in the afternoon, night and early morning.

Keywords: feeding, concentrate, idle, rumination.

18

Introdução

Entende-se por sistema de produção de gado de corte o conjunto de tecnologias e práticas de manejo, que explorem a melhor capacidade do animal para obtenção de maior lucratividade do setor. Neste contexto, o estudo do comportamento animal, principalmente daqueles mantidos em regime de confinamento, é importante, pois possibilita o entendimento das variações no consumo de alimento (DADO; ALLEN, 1994; DAMASCENO et al., 1999). O comportamento ingestivo dos ruminantes pode ser caracterizado pela distribuição desuniforme de uma sucessão de períodos definidos e discretos de atividades, comumente classificadas como ingestão, ruminação e descanso ou ócio (PENNING et al., 1991). A ingestão de alimentos é uma das funções mais importantes dos seres vivos, inclusive dos bovinos que respondem de maneira diferente a vários tipos de alimento, alterando os níveis de produção e o comportamento alimentar (PIRES et al., 2001). Sabe-se que a característica do alimento exerce influência sobre o comportamento alimentar e que estes fatores afetam diretamente a produção. O estudo do comportamento ingestivo tem como objetivo a avaliação dos efeitos quantitativos e qualitativos da dieta sobre o comportamento ingestivo, relacionando-o ao consumo voluntário no intuito de maximizar o desempenho animal. A necessidade de entendimento do comportamento ingestivo dos ruminantes faz com que se invista em pesquisas fornecendo resultados que proporcionem aos animais um manejo nutricional adequado. Na produção animal, a alimentação representa aproximadamente de 60 a 70% do custo total de produção, sejam com animais confinados ou criados extensivamente (MARTINS et al., 2000). Os grãos são componentes essenciais nas dietas de bovinos terminados em confinamento, sendo que o milho é um dos mais importantes grãos de cereais que compõe a dieta de ruminantes, representando uma fonte energética de alta qualidade (CORREA et al., 2002). Cerca de 60% a 80% da composição do milho é representada pelo amido. O milho possui quatro principais estruturas anatômicas na sua formação, que são: endosperma, gérmen, pericarpo (casca) e ponta. No endosperma é que se encontra o amido, e essa estrutura pode ser classificada como endosperma vítreo ou farináceo, dependendo da distribuição dos grânulos de amido e da matriz de proteína. O endosperma farináceo não possui matriz protéica circundando os grânulos de amido, enquanto que o endosperma vítreo possui uma matriz protéica densa, estruturada que circunda esses grânulos. Essa estrutura confere ao grão de milho uma aparência vítrea e dura (PAES, 2006). A matriz protéica é um dos principais fatores que afetam a utilização do amido pelos animais, pois dificulta a ação das enzimas digestivas e estão presentes em 19

maiores quantidades nos grãos de milho e sorgo (SNIFFEN; ROBINSON, 1987; KOTARSKI et al., 1992). O aumento na vitreosidade do grão está associado com a diminuição na degradação do amido. Assim, faz-se necessário a avaliação do comportamento ingestivo dos animais alimentados com diferentes híbridos de milho, investigando possíveis diferenças entre os híbridos, tanto sobre o número de bolos alimentares, quanto no tempo de mastigação, alimentação, ruminação e ócio. A utilização de uma variedade específica de milho que atenda adequadamente as exigências dos bovinos é uma alternativa que pode reduzir os custos de produção e servir como alternativa para os pecuaristas. O objetivo deste trabalho foi estudar o comportamento ingestivo dos animais alimentados com diferentes híbridos de milho (duro, semiduro e semidentado), avaliando o número de bolos ruminais (NB), tempo de ruminação (TR), tempo de alimentação, ruminação e ócio.

Material e Métodos

O experimento foi realizado na Fazenda Escola da Universidade Estadual de Londrina (FAZESC), localizada no município de Londrina– Paraná. As análises laboratoriais foram realizadas no Laboratório de Analise de Alimentos e Nutrição Animal (LANA) do Departamento de Zootecnia da UEL. Foram utilizados 27 bovinos machos castrados da raça Nelore com peso vivo médio inicial de 350±24 kg e idade média de 24 meses, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado. Os animais foram alocados aleatoriamente em três tratamentos (T), sendo, T1- DTMDU: Dieta total contendo milho tipo duro, T2- DTMSDU: Dieta total contendo milho tipo semiduro e T3DTMSDE: Dieta total contendo milho tipo semidentado, e confinados por um período de 95 dias, compreendendo 14 dias de adaptação e três períodos experimentais de 27 dias. Os animais foram distribuídos de maneira que ficassem três animais por baia e três baias por tratamento. Durante todo período, os bovinos permaneceram, portanto, alojados em 9 baias coletivas parcialmente cobertas, providas de piso de concreto, comedouro para volumoso e concentrado, e bebedouro regulado por sistema de bóia automática. As dietas foram balanceadas de forma a serem isoenergéticas e isoprotéicas de maneira que cada tratamento contivesse um híbrido de milho diferente, obedecendo a relação de volumoso: concentrado de 30:70 (Tabela 1 e 2), utilizando-se o bagaço de cana como volumoso e concentrado composto de farelo de soja (8%), milho grão moído (88%), suplemento mineral e vitamínico (3%) e 20

uréia (1%). Essas dietas foram fornecidas aos bovinos duas vezes ao dia (8 h e 16 h).

Tabela 1. Composição percentual das dietas experimentais. Proporção na dieta

Alimento

Volumoso (30%)

Bagaço de cana

Concentrado (70%)

Dietas DTMDU1 (%)

DTMSDU2 (%)

DTMSDE3 (%)

30

30

30

Milho duro

61,6

----

----

Milho semiduro

----

61,6

----

Milho semidentado

----

----

61,6

Farelo de soja

5,6

5,6

5,6

Núcleo 4

2,1

2,1

2,1

Uréia

0,7

0,7

0,7

1

DTMDU: Dieta total com 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de concentrado contendo milho duro. DTMSDU: Dieta total com 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de concentrado contendo milho semiduro. 3 DTMSDE: Dieta total com 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de concentrado contendo milho semidentado. 4 Núcleo vitamínico e mineral, cujos níveis de garantia contem no mínimo: Cálcio, 120g; Cobalto, 60mg; Cobre, 650mg; Enxofre, 20g; Ferro, 1.120mg; Fósforo, 40g; Iodo, 40mg; Magnésio, 94g; Manganês, 520 mg; Selênio, 9mg; Sódio, 92g; Zinco, 1.960mg; Lasalocida, 1000mg; N.D.T. Estimado, 95g; Proteína Bruta, 50g; Vitamina A, 100.000 UI/kg; Vitamina E, 1000 UI/kg; e no máximo: Flúor, 400mg; NNP - Equiv. Proteína, 45g. Fonte: Elaboração dos autores 2

Tabela 2 – Composição bromatológica do bagaço de cana de açúcar, dos concentrados e da dieta total contendo milho duro, semiduro e semidentado (em base seca). Composição Bromatológica * MS (%) MM (%) PB (%) FDN (%) FDA (%) EE (%) NDT (%) MDU1 88,3 5,1 17,0 17,4 3,8 1,7 85,9 MSDU2 88,1 5,3 17,0 18,7 4,8 1,3 85,2 3 MSDE 86,7 5,7 17,0 14,2 4,7 1,7 85,2 Bagaço de cana 56,1 8,4 1,9 90,5 63,7 0,5 39,3 4 DTMDU 58,8 6,6 16,2 59,3 32,7 1,5 63,4 DTMSDU5 61,9 6,2 17,2 57,4 29,2 1,8 66,2 DTMSDE6 59,7 6,5 17,1 61,1 31,7 1,3 64,2 * MS- Matéria Seca; MM- Matéria Mineral; PB- Proteína Bruta; FDN- Fibra em Detergente Neutro; FDA- Fibra em Detergente Ácido; EE- Extrato Etéreo; NDT – Nutrientes Digestíveis Totais 1 MDU: Concentrado contendo milho duro. 2 MSDU: concentrado contendo milho semiduro. 3 MSDE: concentrado contendo milho semidentado. 4 DTMDU: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MDU. 5 DTMSDU: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MSDU 6 DTMSDE: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MSDE Fonte: Elaboração dos autores

21

A quantidade de volumoso e concentrado fornecido inicialmente foi calculado com base em 2,5% do peso vivo em matéria seca e ajustado diariamente para se obter 7% de sobras, possibilitando ao animal a seleção do alimento sem que sofresse restrição ou consumo forçado. As sobras foram pesadas diariamente e amostras semanais foram armazenadas para posterior analises. Nas amostras coletadas foram analisados os teores matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo, matéria mineral, FDN e FDA segundo as metodologias descritas por Mizubuti et al.(2009). Os teores de NDT foram calculados pela formula descrita por Patterson (2000): NDT= [88,9-(0,779 x FDA%)]. Durante o experimento, a avaliação do comportamento ingestivo ocorreu no último dia de cada período experimental, totalizando três observações. Para avaliar o tempo despendido em alimentação, ruminação, ócio, adotou-se a observação visual dos animais a cada cinco minutos, por períodos integrais de 24 horas. Foram realizadas observações em quatro turnos: manhã (06:00 às 12:00), tarde (12:00 às 18:00), noite (18:00 às 00:00) e madrugada (00:00 às 06:00), conforme metodologia descrita por Bürguer et al. (2000), afim de determinar o número de bolos ruminais, tempo de mastigação, tempo de alimentação, tempo de ruminação em pé , tempo de ruminação deitado, tempo de ócio em pé e tempo de ócio deitado. Utilizaram-se cronômetros digitais, manuseados por observadores treinados, que observaram os animais durante os períodos pré-determinados, para obtenção do tempo gasto em cada atividade. No período noturno o ambiente recebeu iluminação artificial, sendo que três dias anteriores à coleta de dados, os animais foram adaptados a essa luminosidade noturna. Os dados foram submetidos à análise de máxima verossimilhança restrita para medidas repetidas no tempo (períodos 1, 2 e 3), utilizando-se o procedimento Mixed do SAS (2003). O modelo utilizado foi: Yijk = µ + ti +pj + eijk Onde: Yijk = observação do animal k submetido à dieta i, no período j; µ = constante geral; ti = efeito da dieta i; i = 1; ...3; pk = efeito do período de avaliação; k = 1;...3; eijk = erro aleatório associado à cada observação Yijk, com média 0 (zero) e variância σ2. Para variável tempo de mastigação e número de bolos ruminais, foi incluído nesse modelo, o efeito de turno (manhã, tarde, noite e madrugada). Quando necessário, as médias foram comparadas pelo teste ajustado de Tukey-Kramer. O nível de significância adotado foi o de 5%. 22

Resultados e Discussão

De acordo com os resultados obtidos, observa-se que houve diferença entre os tratamentos, tanto para o tempo de mastigação quanto para o número de bolos ruminais (Tabela 3).

Tabela 3. Médias dos tempos de mastigação e números de bolos ruminais, em função das dietas em bovinos Nelores terminados em confinamento. Dietas

Período de 1

Variável

observação

DTMDU

2

DTMSDU

DTMSDE

3

Média

Madrugada

52,8

55,8

60,2

56,3b

TM

Manhã

58,6

59,7

66,2

61,5 a

(min/dia)

Tarde

51,2

52,2

62,1

55,1b

Noite

42,7

47,8

50,1

46,9c

Média

51,3b

53,9ab

59,6 a

NB

Madrugada

51,3

54,5

58,7

54,84 b

Manhã

58,2

59,8

65,8

61,3 a

Tarde

47,6

50,8

56,1

51,50 b

Noite

41,8

48,4

49,1

46,41 c

Média

49,71 b

53,38 ab

57,42 a

CV

Teste de efeitos fixos (P>F)

(%)

Milho

Turno

Interação

24,3

0,0122

F

Perda de água por pressão (%)

24,02

21,72

19,66

24,77

0,2135

Perda de água por gotejamento (%)

1,68

1,68

1,75

37,16

0,9664

pH no momento do abate

6,82

6,93

6,62

5,33

0,1760

6,19 b

6,54 a

6,16 b

5,14

0,0196

Força de cisalhamento (kgf)

5,47

5,94

6,38

26,82

0,4725

Cor da carne (L)

36,85

37,14

36,23

3,99

0,4089

Cor da carne (a)

13,93

14,18

15,35

12,15

0,8761

Cor da carne (b)

7,83

8,17

7,91

6,66

0,4176

Cor da gordura (L)

72,75

72,96

71,56

5,11

0,6955

Cor da gordura (a)

-0,03

-0,28

-0,32

-961,95

0,9522

Cor da gordura (b)

10,77

10,16

8,47

34,10

0,3038

pH-24 horas pós abate

Composição centesimal da carne Matéria seca

25,58

25,61

25,73

2,55

0,8800

Matéria mineral

1,03

1,04

1,03

4,20

0,8301

Extrato etéreo

1,45

1,65

1,38

34,70

0,5403

Proteína

21,44

21,36

21,87

2,80

0,3201

1

DTMDU: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MDU (concentrado contendo milho duro) DTMSDU: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MSDU (concentrado contendo milho semiduro) 3 DTMSDE: Dieta total contendo 30% bagaço de cana de açúcar e 70% de MSDE (concentrado contendo milho semidentado) Fonte: Elaboração dos autores 2

Segundo a Instrução Normativa nº 44 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Brasil, 2007), a comercialização de carne bovina só é permitida desde que as meias carcaças tenham passado pelo processo de maturação sanitária em temperatura acima de - 2ºC durante um período mínimo de 24 horas depois do abate, não tendo o pH alcançado valor superior a 6,0, verificado no centro do músculo Longissimus dorsi. Ao final desse processo, as meias carcaças devem atingir a temperatura ≤ 5ºC na superfície (região axilar e cervical) em até 2 cm de

41

profundidade do músculo, e 6,5ºC no interior dos cortes com maior massa muscular, em até 24 horas de resfriamento, e pH até 6,4. Neste experimento pode-se verificar que os animais alimentados com a dieta contendo milho semiduro, apresentaram carnes com pH de 6,54, que segundo a Instrução Normativa nº 44 (Brasil, 2007), não são recomendadas para comercialização. Este fato pode ser explicado pelo fato de que os animais sofreram forte estresse pré abate, o que resultou em carne DFD. Embora o pH final da carne tenha sido elevado, não houve influencia deste sobre a cor e a capacidade de retenção de água da carne nos animais recebendo as diferentes dietas. A cor é a primeira característica sensorial avaliada pelo consumidor, estando associada à qualidade e ao grau de frescor da mesma (MILLER, 2003). Em geral, esta apresenta correlação negativa com os valores de pH, sendo que, quanto maior os valores de pH da carne, menor o valor de L*, ou seja, a carne apresenta-se mais escura. A carne DFD é mais escura porque o acúmulo de água intracelular favorece a absorção da luz. A carne dos animais recebendo a dieta contendo milho semiduro apresentaram maior valor de pH, e embora não significativo, apresentaram maior valor numérico de L*. Muchenje et al. (2009) descreveram que, em bovinos, as médias de luminosidade (L*) variam entre 33,2 a 41,0; as médias de cor vermelha (a*) entre 11,1 a 23,6 e as médias de cor amarela (b*), entre 6,1 a 11,3. Neste trabalho, as médias de L* e a* mantiveram-se dentro dos valores descritos por Muchenje et al.(2009) e entre os limites de cor considerados normais para carne bovina descritos por Abularach et al. (1998). Quanto aos valores encontrados na composição centesimal da carne (matéria seca, cinzas, proteína bruta e extrato etéreo) do músculo Longissimus (Tabela 9), verificou-se que estavam de acordo com valores relatados por Kazama et al. (2008), Rotta et al.(2009) e Zawadzki (2009). De modo geral, os teores de cinzas e proteína bruta do músculo Longissimus apresentam baixa variação em função da alteração na dieta dos animais. Por outro lado, embora não significativo, observou-se que a percentagem de extrato etéreo no músculo Longissimus (5,83%) foi baixa para animais terminados em confinamento.

Conclusões

A utilização de diferentes híbridos de milho na dieta de bovinos de corte em confinamento não influencia as características de carcaça, bem como os componentes não carcaça e as características qualitativas da carne. Bovinos alimentados com dietas contendo milho semiduro e submetidos ao estresse pré42

abate pode apresentar perdas na qualidade da carne, com aumento nos valores de pH 24 horas pós abate.

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Considerações finais

Após condução do experimento e avaliação dos resultados encontrados neste trabalho, podese afirmar que os diferentes híbridos de milho estudados não influenciam significativamente as variáveis de desempenho produtivo, características de carcaça e componentes não carcaças dos animais. Porém, influenciam as variáveis de comportamento ingestivo, tais como, tempo de alimentação, tempo de mastigação e número de bolos ruminais. Sugere-se, portanto, a realização de mais estudos com diferentes híbridos de milho com o objetivo de comprovar estes resultados, bem como, conhecer melhor suas características.

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ANEXO 1: Normas editoriais para publicação na Semina: Ciências Agrárias, UEL.

Diretrizes para Autores

Categorias dos Trabalhos a) Artigos científicos: no máximo 25 páginas incluindo figuras, tabelas e referências bibliográficas; b) Comunicações científicas: no máximo 12 páginas, com referências bibliográficas limitadas a 16 citações e no máximo duas tabelas ou duas figuras ou uma tabela e uma figura; b) Relatos de casos: No máximo 10 páginas, com referências bibliográficas limitadas a 12 citações e no máximo duas tabelas ou duas figuras ou uma tabela e uma figura; c) Artigos de revisão: no máximo 35 páginas incluindo figuras, tabelas e referências bibliográficas.

Apresentação dos Trabalhos Os originais completos dos artigos, comunicações, relatos de casos e revisões podem ser escritos em português, inglês ou espanhol, no editor de texto Word for Windows, com espaçamento 1,5, em papel A4, fonte Times New Roman, tamanho 11 normal, com margens esquerda e direita de 2 cm e superior e inferior de 2 cm, respeitando-se o número de páginas, devidamente numeradas, de acordo com a categoria do trabalho. Figuras (desenhos, gráficos e fotografias) e Tabelas serão numeradas em algarismos arábicos e devem estar separadas no final do trabalho. As figuras e tabelas deverão ser apresentadas nas larguras de 8 ou 16 cm com altura máxima de 22 cm, lembrando que se houver a necessidade de dimensões maiores, no processo de editoração haverá redução para as referidas dimensões. As legendas das figuras deverão ser colocadas em folha separada obedecendo à ordem numérica de citação no texto. Fotografias devem ser identificadas no verso e desenhos e gráfico na parte frontal inferior pelos seus respectivos números do texto e nome do primeiro autor. Quando necessário deve ser indicado qual é a parte superior da figura para o seu correto posicionamento no texto.

Preparação dos manuscritos

Artigo científico: Deve relatar resultados de pesquisa original das áreas afins, com a seguinte organização dos tópicos: Título; Título em inglês; Resumo com Palavras-chave (no máximo seis palavras); Abstract com Key words (no máximo seis palavras); Introdução; Material e Métodos; Resultados e 49

Discussão com as conclusões no final ou Resultados, Discussão e Conclusões separadamente; Agradecimentos; Fornecedores, quando houver e Referências Bibliográficas. Os tópicos devem ser escritos em letras maiúsculas e minúsculas e destacados em negrito, sem numeração. Quando houver a necessidade de subitens dentro dos tópicos, os mesmos devem receber números arábicos. O trabalho submetido não pode ter sido publicado em outra revista com o mesmo conteúdo, exceto na forma de resumo de congresso, nota prévia ou formato reduzido.

A apresentação do trabalho deve obedecer à seguinte ordem: 1. Título do trabalho, acompanhado de sua tradução para o inglês. 2. Resumo e Palavras-chave: Deve ser incluído um resumo informativo com um mínimo de 150 e um máximo de 300 palavras, na mesma língua que o artigo foi escrito, acompanhado de sua tradução para o inglês (Abstract e Key words). 3. Introdução: Deverá ser concisa e conter revisão estritamente necessária à introdução do tema e suporte para a metodologia e discussão. 4. Material e Métodos: Poderá ser apresentado de forma descritiva contínua ou com subitens, de forma a permitir ao leitor a compreensão e reprodução da metodologia citada com auxílio ou não de citações bibliográficas. 5. Resultados e discussão com conclusões ou Resultados, Discussão e Conclusões: De acordo com o formato escolhido, estas partes devem ser apresentadas de forma clara, com auxílio de tabelas, gráficos e figuras, de modo a não deixar dúvidas ao leitor, quanto à autenticidade dos resultados, pontos de vistas discutidos e conclusões sugeridas. 6. Agradecimentos: As pessoas, instituições e empresas que contribuíram na realização do trabalho deverão ser mencionadas no final do texto, antes do item Referências Bibliográficas.

Observações: Quando for o caso, antes das referências, deve ser informado que o artigo foi aprovado pela comissão de bioética e foi realizado de acordo com as normas técnicas de biosegurança e ética. Notas: Notas referentes ao corpo do artigo devem ser indicadas com um símbolo sobrescrito, imediatamente depois da frase a que diz respeito, como notas de rodapé no final da página. Figuras: Quando indispensáveis figuras poderão ser aceitas e deverão ser assinaladas no texto pelo seu número de ordem em algarismos arábicos. Se as ilustrações enviadas já foram publicadas, mencionar a fonte e a permissão para reprodução. Tabelas: As tabelas deverão ser acompanhadas de cabeçalho que permita compreender o 50

significado dos dados reunidos, sem necessidade de referência ao texto. Grandezas, unidades e símbolos: Deverá obedecer às normas nacionais correspondentes (ABNT).

7. Citações dos autores no texto: Deverá seguir o sistema de chamada alfabética seguidas do ano de publicação de acordo com os seguintes exemplos: a) Os resultados de Dubey (2001) confirmam que ..... b) De acordo com Santos et al. (1999), o efeito do nitrogênio..... c) Beloti et al. (1999b) avaliaram a qualidade microbiológica..... d) [...] e inibir o teste de formação de sincício (BRUCK et. al., 1992). e) [...]comprometendo a qualidade de seus derivados (AFONSO; VIANNI, 1995).

Citações com três autores Dentro do parêntese, separar por ponto e vírgula. Ex: (RUSSO; FELIX; SOUZA, 2000). Incluídos na sentença, utilizar virgula para os dois primeiros autores e (e) para separar o segundo do terceiro. Ex: Russo, Felix e Souza (2000), apresentam estudo sobre o tema....

Citações com mais de três autores Indicar o primeiro autor seguido da expressão et al. Observação: Todos os autores devem ser citados nas Referências Bibliográficas. 8. Referências Bibliográficas: As referências bibliográficas, redigidas segundo a norma NBR 6023, ago. 2000, da ABNT, deverão ser listadas na ordem alfabética no final do artigo. Todos os autores participantes dos trabalhos deverão ser relacionados, independentemente do número de participantes (única exceção à norma – item 8.1.1.2). A exatidão e adequação das referências a trabalhos que tenham sido consultados e mencionados no texto do artigo, bem como opiniões, conceitos e afirmações são da inteira responsabilidade dos autores. As outras categorias de trabalhos (Comunicação científica, Relato de caso e Revisão) deverão seguir as mesmas normas acima citadas, porem, com as seguintes orientações adicionais para cada caso:

Comunicação científica Uma forma concisa, mas com descrição completa de uma pesquisa pontual ou em 51

andamento (nota prévia), com documentação bibliográfica e metodologia completas, como um artigo científico regular. Deverá conter os seguintes tópicos: Título (português e inglês); Resumo com Palavras-chave; Abstract com Key words; Corpo do trabalho sem divisão de tópicos, porém seguindo a seqüência – introdução, metodologia, resultados (podem ser incluídas tabelas e figuras), discussão, conclusão e referências bibliográficas.

Relato de caso Descrição sucinta de casos clínicos e patológicos, achados inéditos, descrição de novas espécies e estudos de ocorrência ou incidência de pragas, microrganismos ou parasitas de interesse agronômico, zootécnico ou veterinário. Deverá conter os seguintes tópicos: Título (português e inglês); Resumo com Palavras-chave; Abstract com Key-words; Introdução com revisão da literatura; Relato do (s) caso (s), incluindo resultados, discussão e conclusão; Referências Bibliográficas.

Artigo de revisão bibliográfica Deve envolver temas relevantes dentro do escopo da revista. O número de artigos de revisão por fascículo é limitado e os colaboradores poderão ser convidados a apresentar artigos de interesse da revista. No caso de envio espontâneo do autor (es), é necessária a inclusão de resultados relevantes próprios ou do grupo envolvido no artigo, com referências bibliográficas, demonstrando experiência e conhecimento sobre o tema. O artigo de revisão deverá conter os seguintes tópicos: Título (português e inglês); Resumo com Palavras-chave; Abstract com Key-words; Desenvolvimento do tema proposto (com subdivisões em tópicos ou não); Conclusões ou Considerações Finais; Agradecimentos (se for o caso) e Referências Bibliográficas.

Outras informações importantes 1. A publicação dos trabalhos depende de pareceres favoráveis da assessoria científica "Ad hoc" e da aprovação do Comitê Editorial da Semina: Ciências Agrárias, UEL. 2. Não serão fornecidas separatas aos autores, uma vez que os fascículos estarão disponíveis no endereço eletrônico da revista (http://www.uel.br/revistas/uel). 3. Os trabalhos não aprovados para publicação serão devolvidos ao autor. 4. Transferência de direitos autorais: Os autores concordam com a transferência dos direitos de publicação do referido artigo para a revista. A reprodução de artigos somente é permitida com a 52

citação da fonte e é proibido o uso comercial das informações. 5. As questões e problemas não previstos na presente norma serão dirimidos pelo Comitê Editorial da área para a qual foi submetido o artigo para publicação. 6. Informações devem ser dirigidas a: Universidade Estadual de Londrina Centro de Ciências Agrárias Departamento de Medicina Veterinária Preventiva Comitê Editorial da Semina Ciências Agrárias Campus Universitário - Caixa Postal 6001- 86051-990 Londrina, Paraná, Brasil. Informações: Fone: 0xx43 33714709 Fax: 0xx43 33714714 Emails: [email protected]; [email protected]

ou Universidade Estadual de Londrina Coordenadoria de Pesquisa e Pós-graduação Conselho Editorial das revistas Semina Campus Universitário - Caixa Postal 6001- 86051-990 Londrina, Paraná, Brasil. Informações: Fone: 0xx43 33714105 Fax: Fone 0xx43 3328 4320 Emails: [email protected];

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