APROVEITAMENTO HIDROELETRICO DE SAO FELIX TRATAMENTO DAS FUNDACOES ROCHOSAS DA BARRAGEM DE SERRA DA MESA

APROVEITAMENTO HIDROELETRICO DE SAO FELIX TRATAMENTO DAS FUNDACOES ROCHOSAS DA BARRAGEM DE SERRA DA MESA Carlos Antonio Reis da Silva Vladimir Moreyr...
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APROVEITAMENTO HIDROELETRICO DE SAO FELIX TRATAMENTO DAS FUNDACOES ROCHOSAS DA BARRAGEM DE SERRA DA MESA

Carlos Antonio Reis da Silva Vladimir Moreyra Duarte Furnas Cenirais Elcttricas S.A.

RESUMO Este trabalho apresenta uma breve explanacao sobre os aspectos relacionados ao tratamento do macigo rochoso de fundagao da Barragem do Serra da Mesa, com abordagem sobre os resultados obtidos na execugao do parte da cortina do vedagao localizada na regiao da fundagao do nUcleo impermeavel. De maneira geral, o trabalho descreve o modelo hidrogeotecnico estabelecido para a area da barragem, onfatizando o projeto conceitual da cortina de impermeabilizagao e a metodologia empregada nas injegoes de calda de cimento. Descreve, ainda, as procedimentos executivos para a realizagao dos servigos a faz algumas consideragoes com base na analise dos resultados obtidos no tratamento efetuado. Finalmente, o trabalho pretends tambOm demonstrar, corn base na experiencia obtida em Serra da Mesa, quo as modificagoes, por vezes radicais, propostas para alguns dos procedimentos executivos inicialmente especificados para a realizagao das injegoes do vedagao , se apresentaram satisfat6rias, atendendo a contento a objetivo final do tratamento. Assim pretende-se, em ultima analise, que a experiencia aqui relatada possa contribuir na tentativa da padronizagao de alguns dos procedimentos usualmente aplicados em injegoes de vedagao, objetivando sua utilizagao em futuras barragens.

1. INTRODUCAO

d'agua atraves do macigo, sugerindo assim um tratamento de vedagao superficial a localizado, atraves do

O local da barragem de Serra da Mesa esta situado no Planalto Central Goiano, no rio Tocantins, aproximadamente 15 km a jusante da foz do seu tributario, rio Tocantinzinho, na divisa dos municipios de Minagu e Colinas do Sul (Estado de Goias), distando, em linha reta, aproximadamente 230 km de Brasilia , na diregao NNW. A cidade mais prbxima e a de Minagu, ligada a BR-153 ( Belem - Brasilia) pelaestrada estadual GO-241, na localidade de Santa Tereza de Goias (Figura 1).

injegoes de calda de cimento. A frequencia de ocorrencia destas juntas tambem diminui, a partir da regiao

A barragem a formada por uma segao mista de terra e enrocamento , sobre uma fundagao constituida por rochas graniticas. Tais rochas apresentam-se, em geral , sas a pouco decompostas e muito consistentes, caracterizando o macigo como de excelentes propriedades geomecanicas, onde constata-se a ocorrencia predominante de juntas fechadas. Apenas ate a profundidade maxima de 15 a 18 m, ocorrem as principais juntas sub - horizontais abertas , caracterizadas como juntas de allvio de tensao , de ocorrencia restrita e, em geral , sem grande continuidade lateral . Tais juntas refletem alivios de carga por erosao , durante a esculturagao do relevo ( atual ou sub - atual), e mostram uma redugao em frequencia , conforme aumenta a profundidade. Sao elas que condicionam a percolagao

central (compreendida pelo leito do rio e parte inferior das ombreiras), no sentido da ombreira esquerda e,

especialmente, da ombreira direita. 2. SINTESE DOTRATAMENTO

De uma maneira geral, o tratamento desenvolvido na fundagao da barragem constitui-se de: • Remogao de blocos soltos, lascas rochosas e materiais provenientes de rocha decomposta;

• Limpeza mecanica e manual rigorosa, com use de jatos combinados de ar e agua; • Suavizagao de taludes ingremes ou negativos (mais ingremes que 3V:1 H) e preenchimento de cavidades corn concreto ou argamassa;

• Consolidagao de blocos de rocha instaveis , expostos apbs a limpeza da fundagao , em regioes abaladas nas proximidades dos taludes de escavagao; • Vedagao de juntas ou fraturas , atraves das injegoes de calda de cimento;

XX SeminArio National de Grandes Barragens

79

420

46°

500

38°

12°

BARRAGEM SERRA DA MESA AHE SAO FELIX

MINA9U 0

'$ALVADOR

BA I HIA

C

RIO

TOCANTwZINH

f,

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16°

BARRAGEM DE ITUMBIARA

BARRAGEM DE

EMBORCAC^ MINAS GERAIS BARRAGEM DE VOLTA GRANGE

BARRAGEM

0

BARRAGEM DE / BARRAGEM DE PORTO COLd^ / ,1AGUARI^

OE -SSE I8ARRAGEM QE 10

CAOIOORA

BARRAGEM DO GRANGE

ESTREITO

DOURADA 20°

BELO

HORIZONTE

BARRAGEM DD

ARflO ^YI'^QfZtA.

MARIMBONOD BARRAGEM PEIXOTO

BARRAGEM DE FURNAS

RIO DE SAO PAUID

U Q

RIO.DE JANEIR1

I 240 ESCALA GRpFlCA 100 0 100 200 300

FIGURA 1 - LOCALIZA(^AO DA BARRAGEM • Argamassamento da fundacao rochosa do nucleo, corn espessura media langada de 10 cm;

3. MODELO HIDROGEOTECNICO DA FUNDAcAO

• Escavacao de urn rebaixo da fundacao do nucleo, na regiao do leito do rio.

Com relacao ao tratamento em subsuperficie ( cortina de injecao de vedarao), a interessante ressaltar quo, apesar de se partir do urn mesmo modelo hidrogeotecnico , os projetos conceituais inicialmente propostos (ver item 4 , a seguir) apresentaram diferengas bastantes significativas , reafirmando a polemicaquase sempre envolvida nas discussoes sobre injecoes.

O rebaixo acima mencionado foi executado ate a profundidade de 5 m , tendo , aproximadamente, 50 m do comprimento por 30 m de largura . 0 tratamento no fundo foi executado atraves do enchimento das depressoes a irregularidades corn concreto , bern Como a colocacao de argamassa em toda Area , com uma espessura media de 10 cm. Nas paredes da escavacao aplicou- se argamassa e colocou - se concreto para a suavizacAo dos taludes . Finalmente , ao longo da periferia do rebaixo , procedeu - se a injecao de calda de cimento em furos com profundidade de, aproximadamente , 2 m abaixo da cota do fundo da escavacao, objetivando a estabilizacao dos taludes de escavacao e o enchimento das fissuras provocadas polo desmonte a Pogo.

80

XX

Os dados geollgicos preliminares ( obtidos em sondagens e mapeamentos ), corroborados pelos diversos ensaios de perda d ' agua sob pressao realizados, permitiram definir , inicialmente , tres regioes distintas, sob

o ponto de vista do tratamento sub-superficial das fundag6es rochosas : uma regiao central - correspondendo ao leito do rio a parte inferior das ombreiras -

onde se previa uma maior densidade de furos de injerao ; outra regiao - compreendida pela ombreira esquerda - onde se poderia prover e caracterizar como

Seminario Naciona / de Grandee Barragens

sendo media a densidade do tratamento e, finalmente, uma regiao muito provavelmente de baixa densidade de tratamento , localizada no ombreira direita. 0 projeto da cortina foi elaborado em fungAo do modelo hidrogeotecnico estabelecido para a Area da fundagao

do eixo da cortina e o espagamento entre as furos das

da barragem , onde definiu -se quo os furos seriam exe-

Apbs confrontarem-se diversas vezes os respectivos

cutados a injetados de acordo com os criterios descritos

argumentoc do cada grupo do astudo, chagou-so a um

adiante . Ressalta-se, contudo , que o projeto inicial foi sendo otimizado (especialmente no que diz respeito aos procedimentos executivos ), em fung&o dos resultados iniciais que iam sendo obtidos . Estas otimizagbes de certa forma numerosas , corroboram a controversia quase sempre presente na escolha dos mgtodos pare injegao dos macigos rochosos , situando o assunto, em

projeto consensual para o inici dos servigos de injeg&o, representado na Figura 4.

diferentes ordens de injegao , em cada um dos trechos pre-estabelecidos . Ressalta-se quo na previsao da metragem total perfurada , nio considerou-se a execugao de eventuais furos complementares.

Cabe aqui ressaltar que a previa definigao conceitual da cortina - basicamente em relagao ao numero e profundidade dos furos - objetivou , al6m do estabelecimento do projeto executivo inicial para o tratamento das descontinuidades presentes no macigo rochoso do fundagao da barragem , fornecer uma estimativa da metragem total a ser perfurada para a realizadoo deste

grande parte , no campo do empirismo.

tratamento, a fim de se poder prover custos e prazos,

4. PROJETO CONCEITUAL DA CORTINA DE VEDAcA0

bent como tipos e quantidades de equipamentos necessarios para a execugao dos servigos.

Conforms mencionado no item anterior , os dados geolbgicos preliminares obtidos no local do aproveitamento permitiram o estabelecimento de modelos hidrogeotgcnicos para a Area da barragem.

5. PROCEDIMENTOS EXECUTIVOS t muito dificil estabelecer - se uma regra geral a ser aplicada aos servigos de injegao . Entretanto , muitos dos procedimentos usados nestes servigos encontram-se, de certa forma , "padronizados " no nosso meio tecnico, enquanto outros tOm sido aplicados de formas radicalmente diferentes em nossas barragens . Estes ultimos s5o descritos a seguir , objetivando contribuir na

Partindo destes dados , dois grupos de estudo incumbiram -se de , separadamente , preparar o projeto da cortina de injegao . Dos estudos realizados , resultaram dois projetos distintos para a execugao das injeg6es, conforme resumido nas Figuras 2 e 3. Tais figuras apresentam , basicamente , a segao transversal ao longo

TRECHO C (20 mhos prof

TRECHO C

TRECHO 0

•nll (1"' 11 pt 4, TRBCHO B 1W

(20 mrtro. prof 1 (20m prof 1 12pmotmo prof

TRECHO A

Secao no eixo do cortina SEM ESCALA 0

29 Unho 4

Mon coil

1• Linho ds MontonN

Linh.

Control

•-1-- If Linho d. Jusont.

Legenda: Fur* Primdrio $- Furo S.cunddrio Fur* Afoio^io

Unho do Monfort.

Linho Gntrol Linho 4* Ju.onto

TRECHO C

NOTA: 1) • Perfuroco total prevista de 15.200m

DETALHES-PLAN A OEM ESCALA ( ME00AS EM METROS)

FIGURA 2 - CORTINA DE INJEcAO (PROJETO A)

XX Seminlirio Nacional de Grand.s Barragens

81

see

:0. DIREITA

460 460 440 420 400

CRISTA (EL. 464,00m.)

0 ESQUFKKA

380 360 340

320 .VIII 'Illlllll " I,

TRECHO 0 TRECHO C I TRECHO A TRECHO B (6 metros prof.) ((0 metros prof l 1 46melros pro f) (13 m e 8m prof ahernadamente(

Secao no eixo do Cortina SEM ESCALA

800 00

Trecho A - Linho do InjeCdo

boo

3.00 ;\.

Trecho B

Lmha de intecoo

. . . . . . . . . Linho do in)egdo (MEDIDAS EM METROS)

Legenda: 1600 + Trecho C e DO^

Furo prlrndrio Furo eecundorio

I^ffl.) 100

Furo Tercidrio

Linha do ) nlecdo

Notas:

DETALHES-PLANTA

i-

SEM ESCALA IMEDIDAS EM METROS)

2 - Os turns primorios no trecho D soo

Perturocoo

total prevista de 3.000m.

Furos Explorotorlos"

FIGURA 3 - CORTINA DE INJE9AO (PROJETO B)

480 460

0

DIREITA

CRISTA

464, 00 m)

(EL.

0.

ESOUERDA

440 420

400

bai ■QQ do Renda lutd0

380 340 360 320

RECHD 13 TRECHD A ((3m prof.)

m plot )

120m prof.)

Secao no eixo do Cortina SEM ESCALA

TRECHOS B,CeD

TRECHO A

Legenda: Furo Primario 4-

4

-Limo do Monronte ---Linho Centrol

Furo Secundario Furo Tercidrio

---Unto do

Jusnnte

DETA LHES-PLANTA Nota:

SEM ESCALA (MEDIOAS EM METROS I

1-

Perfuropo0 tot01 previeto do 4.000 m

FIGURA 4 - CORTINA DE INJEcAO (PROJETO FINAL)

82

XX Seminario Naciona l de Grandes Barragens

discussao sobre a meihor maneira de se aplicar estes procedimentos, tendo como base a experiencia obtida em Serra da Mesa durante a execucao das injegoes nos trechos "A" (leito do rio a parte inferior das ombreiras) e "C" (ombreira esquerda) da cortina de vedaqao.

a) Profundidade dos furos de injegao: A profundidade dos furos de primeira ordem (primarios) foi pre-estabelecida, corn base nos estudos geolbgicos realizados. JA as profundidades dos furos das demais ordens (secundarios, terciarios e adicionais), eram definidas em fungao da profundidade dos trechos onde, nos furos de ordem imediatamente inferior, obtinham-se absorgoes de cimento e/ou de agua de determinados valores,

TABELA 1 - MUDAN9A DE TRAgO E RECUSA DE CALDA DOSAGEM

(A/C)

ABSORCrAO (cimento)

DOSAGEM A SER UTILIZADA (A/C)

1 /1

300 (Kg)

0,7/1

0,7/1

500 (Kg)

0,6/1

0,6/1

500 (Kg)

-

NOTA: Absorgoes superiores a 500 kg de cimento, com

calda de fator minimo, indicam uma parafizacao temporaria da injegao do trecho, ap6s o quo so

indiam injegoes intermitentes.

conforms descrito no item (i). b) Quantidade total de furos de injegao: Era determinada pelo criterio de furos intercalados, em fungao dos limites maximos de absorgao Ygrifigada nos furos de ordem imediatamente inferior, c) Furos adicionais (ou complementares):

g) Ensaios de perda d''gua (Lugeon); Estes ensaios eram executados obrigatoriamente nos furos primarios, em subtrechos com, no maximo, 5 m de comprimento a em dois estagios de pressao, con-

few indicado a soguirr • 11 estagio: Pressao Minima, igual a 0,10 kgf/cm2

Previa-se a execugao de, no minimo, tres furos

• 24 estagio: Pressao Maxima, igual a 0,25 kgf/cm2, por metro de profundidade.

adicionais, com espagamento de 2 m entre si, nas vizinhangas de cada furo terciario que acusasse absorgao de cimento major do qua 30 kg (ate 5 m

Posteriormente, passou-se a utilizar nestes ensaios, os mesmos criterios de pressOes aplicados nas injegoes.

de profundidade) ou 40 kg (abaixo de 5 m de profundidade), por metro linear.

h) Pressoes do injegao:

d) Furos de verificagao (ou do controle): Programou-se a execugao de sondagens rotativas convencionais - corn recuperagao de testemunhos e ensajos de perda d'agua - e integrals - com adigao de corantes - objetivando-se verificar a eficiencia do preenchimento das fraturas pelas caldas de cimento a as condigaes de "permeabilidade" da fundagao injetada. Ao inves da utilizagao de criterios puramente geometricos, optou-se por definir a localizagao destas sondagens em fungao da analise dos resultados das injegoes realizadas.

As pressOes de injegao eram continuamente verificadas atraves de urn man6metro instalado junto a cada furo, a calculadas a partir da boca do furo, ate a profundidade correspondente ao mejo do trecho ensaiado, sendo seus valores maximos indicados na Tabela 2. TABELA 2 - PRESSOES DE INJE9AO

DOSAGEM DE CALDA (A/C)

e) Trago das caldas: A injegao de todos os furos iniciou-se com uma calda de fator agua/cimento igual a 1/1, em peso, passando-se esta relagao, progressivamente, para 0,7/1 a 0,6/1, em fungao das quantidades e velocidades das absorgoes verificadas. Posteriormente, passou-se a iniciar a injegao dos furos corn uma calda de fator A/C igual a 0,9/1.

f) Critdrlo do mudanga de trago a recusa de calda: Partindo-se de uma calda com fator agua/cimento igual a 1/1, previa-se um aumento progressivo da consistencia das caldas em fungao das absorgoes verificadas (Tabela 1).

PRESSAO MAXIMA DA INJEcAQ ( kg/cm2 por metro do prof.) Trechos do 1,0 a 3, 0 m de profundidade

Trechos abaixo de 3,0 m de profundidade

1/1

0,30

0,40

0,7 / 1

0,40

0,50

0,6 / 1

0,50

0,70

NOTA: De 0,0 m a 1,0 m, injegao por gravidade.

j) Crit6rios para a infegeo dos furos secundarios, terciarios a adicionais: Ap6s o termino das injegoes dos furos primarios, nos trechos onde fossem verificadas absorgoes

d'agua superiores a 3 I/min x m x kg/cm2 e/ou absorgoes acima de 20 kg de cimento por metro

Em casos com absorgoes superiores a 500 kg de cimento, com calda de fator minimo, a injegao do

linear, previa-se a execugao de furos secundarios a meia distancia de cada furo primario que

trecho sofria uma paralisagao temporaria para, entao, iniciarem-se as injegoes intermitentes con-

acusasse os mencionados valores do absorgao d'agua e/ou cimento, ate cerca de 1 m de profundidade abaixo do trecho considerado,

forme descrito no item (j)

XX Semintirio National de Grandes Barragens 83

Caso fossem verificadas absorg6es superiores a 30 kg cim/m em algum trecho de injeaao dos furos secundarios, furos terciarios eram executados a meia distancia entre os furos secundarios que

A Figura 5 apresenta os resultados de absorg6es d'agua e cimento obtidos no trecho "C" (O.E.) e, de um modo geral, pode-se afirmar quo a correlacao "Ensaios de Perda d'Agua (EPA) x Absorcoes de Cimento (AC)" esta

acusaram a abcorcao a os dois furos primaries que

compatiuel. Em poucos trechos • correspondendo a

Ihes sao adjacentes , igualmente ate cerca de 1 m

4,8% da metragem total ensaiada e injetada - de alguns furos esta correlacao nao se mostra coerente, ja que

de profundidade abaixo do trecho considerado.

Finalmente, se nos furos terciarios fosse verificada absorcao major do que 30 kg cim/m em trechos de

injeaao ate 5 m de profunidade, ou 40 kg cim/m em trechos abaixo de 5 m, previa-se a execurao de furos adicionais em uma ou mais linhas com-

plementares, distantes 3 m da linha central. Estes furos adicionais eram, tambem injetados ate cerca

do 1 m abaixo do trecho que acusasse a absor9ao elevada. j)

Nos casos que, em virtude de elevadas absorcoes,

nao se conseguisse atingir a pressao especificada

para o trecho do injeaao - apes o bombeamento do 500 kg de cimento, utilizando-se calda com o fator

minimo de egua/cimento - previa-se a suspensao temporaria do bombeamento por cerca de 1 hora, iniciando-se a partir dal as injeg6es intermitentes.

Estas injecoes consistiam em ciclos onde se in. jetavam aproximadamente 10 sacos de cimento,

em cada ciclo, com intervalo de paralisarao entre

eles em torno de 8 horas. Caso o furo nao acusasse a "nega" ap6s duas injecoes intermitentes, previase a execu^ao imediata dos furos adicionais, com a realizacao de ensaios de perda d'agua antes da

injeaao a com a recuperarao do testemunhos

rochosos, sempre que possivel. Portanto, estes furos seriam tambem. considerados como de

muito pequenas (inferiores a 20 kg cim/m). Por outro lado, em rarjssimos casos - correspondendo a 0,2% da metragem total - nao se constatou, de fato, um comportamento previsivel para a injeaao, como nos trechos em que para absorg6es d'agua muito pequenas ( inferiores

a 1 I/min x m x kg/cm2) corresponderam absorg6es de

cimento significativas (superiores a 50 kg cimlm). PorEPA x AC. Quanto aos dados sobre o consumo de cimento, verifica-se que as absorg6es ocorridas durante a execucao dos trechos "A" e "C" (O.E.) da cortina do vedacao foram, em geral, muito baixas (inferiores a 10 kg cim/m), especialmente a parlir do 5 m de profundidade. Assim, de forma generalizada, pode-se dizer que as maiores absorg6es de cimento ocorreram apenas ate esta profundidade, a partir dai, estas ocorrencias se mostraram raras e confinadas em determinadas regioes do macico rochoso. Foram perfurados e injetados 1.906,33 m (1.207,00 m no trecho "A" e 699,33 m no trecho "C" - O.E.), dos quais 86% tiveram absorg6es inferiores a 10 kg cim/m (84,2% no trecho "A" e 89,0% no trecho "C" - O.E.) e somente 3,9% do total apresentou elevadas absorcoes de cimento, superiores a 200 kg cim/m. A Tabela 3 ilustra a diminuicao do consumo de cimento

verificadao (ou de controle).

aprocontado pelos furos do ord o m inferior (principal.

k) Periodo de inJerao: Previu-se para a injeaao de qualquer trecho, um perlodo minimo de 20 minutos, independentemente das absorcoes verificadas, tendo em vista a possibilidade de retomada de calda. Desta maneira, a injeaao era concluida somente quando se obtivessem leituras de absorg6es nulas em quatro periodos consecutivos de 5 minutos cada. Entretanto, o periodo de injeaao de cada traco de calda nao excederia 40 minutos, mesmo que o consumo de cimento no trecho injetado fosse inferior aos limites minimos especificados, ou seja, a mudanga do traco da calda poderia ser efetuada , tambem, em fungao apenas do tempo de injeaao, desde que a velocidade de absorrao nao estivesse , nitidamente, caindo. 6. ANALISE GLOBAL DOS RESULTADOS

Os resultados dos ensaios de perda d'agua obtidos durante a execucao dos trechos "A" e "C" (O.E.) da cortina de vedacao, demonstram que as principais absorg6es d'agua se deram ate cerca de 10 m de profundidade, sendo mais concentradas entre 0 e 5 m, em virtude da maior ocorrencia das juntas de alivio de tensao neste trecho superficial do macico rochoso.

XX

x m x kg/cm2) corresponderam absorg6es do cimento

tanto, pode-se dizer que 95% da metragem total ensaiada a injetada apresenta excelentes correlacoes

lnjecoes intermitentes:

84

Para absorr96es d'agua elevadas (superiores a 10 I/min

mente "terciarios" e "adicionais") quando comparados com os furos "primarios", demonstrando, de certa forma, a adequagao dos procedimentos aplicados (basicamente no que diz respeito as pressoes de injeaao, viscosidade das caldas e esparamento dos furos de injeaao), tendo em vista a geologia no local da barragem. 7. CONSIDERAcOES FINAIS Paralelamente a apresentag5o dos resultados de absorcao de cimento e agua obtidos durante a execucao de parte da cortina de vedacao proposta para Serra da Mesa, este trabalho procurou tambem ressaltar a aplicacao de certas questoes conceituais clue costurnam causar duvidas e divergencias, apesar de sua utilizanao rotineira em tratamentos de "impermeabilizarao" de fundacoes rochosas. Desta forma, pode-se dizer que alem de apresentar dados de consumo de cimento a de perda d'agua obtidos durante a execucao dos servicos de injeaao, o presente trabalho pretende mostrar os resultados da aplicadoo bem sucedida de procedimentos ainda polemicos no nosso meio tecnico, objetivando desta forma, contribuir na tentativa de padronizar, na medida do possivel, parte dos procedimentos envolvidos na execucao de injeroes de vedacao.

Seminario National de Grandes Barragens

EPA(1/min x m 1 kg/cm 2) 10

98%

98%

113%

40

73%

1000/0

56% 30 -

94% 94%

60%

86% 90%

20-

90%

34%

17 %

I

1o-

1 1*:iL

0 0

4

2

3

4

IL

Li l1 l

S

6

7

e

6 Wo

9

10

11

42

Prof undidade (m)

Metragem de absorcao d'dgua por estagio ESCALAS : HORIZONTAL: 4:400

VERTICAL : 1:1000

AC (kg um/m) < 20

20 A 50

0

50 A 100

0

>100

40 76%

C

100%

rl

60 % 60%

100%

n

00%

10^96

97% 97%

97%

vM% 40

5% 9% 1 17%\ 19%

9%

N% -A

0 0

1

2

I

3

4

5

6

7

9

40

14

12

13

14

Profundidade (m)

Metragem de absorcao de cimento por est6gio HORIZONTAL: 1:400

ESCALAS :

VERTICAL 1:1000

FIGURA 5 - CORRELAqAO EPA x AC TABELA 3 - CONSUMO TOTAL DE CIMENTO POR ORDENS DE FUROS DE INJECAO CONSUMO DE CIMENTO (kg)

LOCALIZA p AO

TRECHO A

Terci9rios

Adicionais

Prim3rios

Secundgrios

Linha de jusante

9.290

3.970

2.680

Linha central

1.870

540

50

10.640

3.700

30

410

17.770

16.440

680

430

Linha de montante TRECHO C (O.E.) Linha central

2.060

-

XX Seminhrio Nacionai de Grandsa Barragens 85

I

tins Filho ( Furnas) pela assistdncia e sugestbes dadas

8. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Furnas Centrais El6tricas S.A. pela autorizacao para a divulgacao dos dados aqui contidos , aos Engenheiros Walton Pacelli de Andrade e Nelson Caproni Junior ( Furnas) pelo apoio dado a realizacao deste trabalho , ao Engenheiro Geraldo Mar-

durante a execugao dos servigos de injecao , bem como aos T6cnicos Julio Cesar Borges , Joa o Fernandes Cruz e Adailton Borges de Oliveira ( Furnas ) quo, do certa

forma , colaboraram na elaboracao final do presents trabalho.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

[1] FURNAS CENTRAIS ELETRICAS S.A. Aproveitamento Hidroel6 trico de Sao F61ix Usina de Serra da Mesa. Relat6rio de Execucao da Cortina de Impermeabilizacao na Area da Fundacao do NGcleo da Bar-

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[2] FURNAS CENTRAIS ELETRICAS S.A. Aproveitamento Hidroel6trico de Sao F61ix -

Usina de Serra da Mesa - Projeto BAsico,

[3)

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[4] AVILA, L. P.; ANJOS, M.A.V.; GRACA, N. G.; PIMENTA, M. A.; OLIVEIRA, J. C. F.; "Argamaccamento da Fundacao da Barragam de Serra da Mesa - Curitiba - 341 Reuniao do IBRACON,1992."

Vol. 1 - Texto.

86

XX Seminario Nacional de Grandes Barra ns

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