Rev. Port. O RL.
11. o
43, n. o 1, ................ , Março 2005
ARTIGO ORIGINAL A
A
URGENCIA DE ORL NOS SERVICOS DE URGENCIA , DO HOSPITAL CENTRAL DE MAPUTO. ENT EMERGENCIES IN A CENTRAL HOSPITAL OF MAPUTO. Mohomed Sidique Dodá, Yon Bichengo, Mario Vitória Neves, José Bronco Neves RESUMO: Os autores estudam os urgências de O RL no Hospital Central de Maputo durante 1 ano e comporem com o literatura disponível.
PALAVRAS-CHAVE: O RL, urgências. SUMMARY: Eor,nose ond throol emergencies seen o t our hospital in o yeor were studied. These results were compored with l he scont literolure ovoiloble.
KEY·WORDS: ENT, emergencies.
INTRODUÇÃO O Serviço de ORL e Cirurgia Cervico-Maxilo-Facial do Hospi tal Central de Maputo (HCM ) possui 5 méd icos especialistas em otorrinolaringologia e 2 médicos em pós-graduação . O Serviço é constituído por um edifício de consultas externas, bloco operatório, Sector de A udiometria e Terapia da Fala. Possui uma enfermaria com 20 ca mas. Actua lmente executa os seus actos cirúrgicos no Bloco Operatório Centra l 3 vezes por semana. As urg ênc ias OR L são atendidas no Servi ço de Urgência e Reanimação (SUR) e nas consultas externa s e por vezes na enfermaria dos outros serviços, aos doentes acamados, adaptando como critério de prioridade, a gravidade do quadro clíni co do doente. Os médicos O RL de urgência são escalados durante uma semana, para atender as urgências por chamada durante 24 horas por dia.
As urgência s são provenientes do SUR, do Serviço de Urg ênc ia da Ped iatria ou de qualquer outro Serviço do HC M . N o SUR o doente é inic ialmente observado pelo Cirurg ião Geral de Serviço que posteriormente, pede a presença do médico ORL. Se a urgência é relativa, o Cirurgião Geral indica o doente para a consulta externa de ORL. O médico de Urgência de ORL além de observar todas as urg ências faz também as consultas externa s de rotina e interconsultas dos outros Serviços. Geralmente os doentes da Urg ência de Pediatria encontram-se internad os neste serviço devendo o médico de urgência dirigir-se aquele serv1ço. As urgê ncias cirúrgica s são atendidas na Sa la de Operações do SUR pela equipe ORL. Existe um protocolo no SUR que regula a chamada do médico O RLem fun ção do critéri o de Urgência.
Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervico-Moxilo Facial
Hospital Central de Maputo Faculdade de M edicina Universidade Eduardo M ondlane . MOÇAMBIQUE.
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MAHOMED SIDIQUE DADÁ, YAN BICHENGO, MARIA VITÓRIA NEVES, JOSÉ BRANCO NEVES
OBJECTIVOS O presente trabalho tem como objectivos: 1. Descrever o perfil clínico e epidemiológico dos doentes observados nos Serviços de Urgência e Reanimação, Urgência de Pediatria e outros Serviços do Hospital Central de Maputo, com patologia ORL. 2. Descrever as patologias mais frequentes dentro de cada área de ORL. 3. Caracterizar a assistência ao doente ORL em termos de: • Patologia mais frequente • Padrão de atendimento quanto ao período do dia/semana/mês. 4. Mostrar os procedimentos efectuados. 5. Determinar o número de doentes que necessita de internamento.
MATERIAL E MÉTODOS Este estudo foi retrospectivo, baseado na análise do livro de urgência do Serviço de ORL, dos livros de reg isto da Sala de Operações do SUR e do livro de Internamentos cobrindo o período de 1 de Janeiro de 2003 a 31 de Dezembro de 2003. Foram excl uídos os doentes observados na Consulta Externa de ORL e os doentes não observados pelo medico ORL no SUR. Disto resultou uma amostra de quatrocentos e cinquenta e oito doentes que foram observados nos Serviços de Urgência e Reanimação, e Serviços de Urgência de Pediatria e outros Serviços do Hospital Central de Maputo. Os dados foram analisados usando o pacote informático SPSS.
RESULTADOS Durante todo o ano de 2003 foram observados 45 8 pacientes nos Serviços de Urgência do HCM , sendo 267 (58.3 %) do sexo mascu lino e 19 1 (41 .7%) do sexo feminino.
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300 200 100
o GRÁFICO 1: DISTRIBUIÇÃO POR SEXOS.
80 60
% 40
Idade
1• = 10anos j GRÁFICO 2: IDADE.
Cerca de 75% dos doentes atendidos tinham mais de 1O anos de idade.
Entidade nosológica por região As 1O entidades nosolog icas mais comumente encontradas foram : Epistaxis
(12.6%)
Trauma auricular
(9.3 %)
Corpo estranho no ouvido
(8.9%)
Trauma nasosinusal Corpo estranho no esófago
(8%) (6 .3%)
Infecção das partes moles do pescoço
(6 . 1%)
Infecção da farin ge
(6 . 1%)
Infecção do ouvido
(5.2%)
Traumatismo do pescoço
(4.8%)
Corpo estranho da faring e
(4. 1%)
URGÊNCIA DE ORL NOS SERVIÇOS DE URGÊNCIA DO HOSPITAL CENTRAL DE MAPUTO.
Ouvidos Partes moles Pe scoço
Traqueia Bro11quio5
• P...-tes moles pescoço C La ringe
•Face
La tinge
D Traquela -bronquios
Fari nge
• Sem patologia 00...
Nasosinuaal
GRÁFICO 3: PESO RELATIVO DAS DIFERENTES ÁREAS DE PATOLOGIA ORL.
Boca Face
0'1. • •nf•cçlo
A patologia nasosinusal é a mais encontrada (26 .9%), seguida da patologia auricular (25%) e a menos encontrada é a da árvore traqueo-bronquica ( 1 .5%). Menos de 1% dos doentes observados não apresentavam patologia de foro ORL.
• Infecção • Traumat ica • c orpo e s tranho O Su s pe ita de CE . Neoplasica
GRÁFICO 4 : TIPO DE PATOLOGIA.
As doenças mais comun s são de etiolog ia traumática (123 /457) (26. 9 %), seguida de corpo estranho (24.9%). Se forem incluídas as observações OR L por suspeita de presença de corpo estranho, esta entidade passa a constituir a causa de maior procura dos Serviços ORL. A maioria dos traumatismos do foro ORL encontram-se ao nível do ouvido (38 .2%), sobretudo do pavilhão auricular e da membrana do tímpano, seg uido de traumatismo do nariz (30. 1%), pescoço (17 .9%), face (1 3%), boca (2. 4 %) e laringe (1. 6%). A maioria dos corpos estranhos encontrados nas urgências loca lizava m-se no ouvido (35 .9%), seguido de esófago (25.4%) e faringe (1 7 .5%).
10'!..
20'1•
30tf.
40%
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60%
70%
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O Sem p,.ologta ORI.
GRÁFICO 5: MOTIVO DE ATENDIMENTO DE ACORDO COM A REGIÃO TOPOGRÁFICA ENVOLVIDA.
Os traumatismos são mais frequentes na face, sobretudo as feridas incisas. As fracturas geralmente são enviadas pelo cirurgião de urgência para o Serviço de Estomatologia . Os traumatismos da boca foram os mais frequentes nesta reg ião. Ao nível de nariz e seios perinasais, as epistaxis são as mais freq uentes, seguida de traumatismos (37/ 123 ) e corpos estranhos (1 3/ 123 ). As infecções são as mai s importantes na farin ge (28/62), seg uida de corpos estranhos (20/62 ). Os distúrbios mais freq uentes na laringe são devidos a intubação prolongada (6/20) nos doentes com traumatismo crânio-encefálico, seguido de dispneia obstrutiva alta (5/20). A presença de corpos estranhos na árvore traqueo-bronquica representaram a totalidade dos casos nesta região. A suspeita de corpos estranhos e a presença de corpos estranhos foram as entidades mais encontradas ao nível do esófago. As infecções foram as mais frequentes no pescoço (28/57) seg uida de traumatismo (22/57). Ao nível do ouvido, os traumatismos representaram 37.3% dos casos, seguido de corpos estranhos 35 .6%.
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MAHOMED SIDIQUE DADÁ, YAN BICHENGO, MARIA VITÓRIA NEVES, JOSÉ BRANCO NEVES
80
50
60
40
30
8 Novembro O Oezem bro
GRÁFICO 6: DISTRIBUIÇÃO SAZONAL DAS URGÊNCIA DE ORL Hora
Neste gráfico podemos ver que o mês de Marco foi o mês em que houve mais urgências ORL, seguido do mês de Abril e Outubro de 2003.
I• 7-14 horas • 14- 20 horas O 20-7 horas I GRÁFICO 8: HORA DA URGÊNCIA.
Existe um número grande de doentes observados no período da tarde no SUR. 120 •Domingo
100
80 60
• 2aFeira
Local de Urgência de ORL
O 3a Feira
98% das urgências realizaram-se no Serviço de Urgência e Reanimação do HCM, segu ido de 1% na Urgência de Ped iatria e 0.4% noutros Serviços do HCM.
11 4a Feira
40
• sa Feira
20
06a feira
o
• sábado Numero de doentes GRÁFICO 7: DIA DE SEMANA.
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