Tudo sobre fertilidade depois dos 30 anos

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Introdução

Diferença de engravidar aos 20 e aos 30 anos

Produtos que dificultam as chances de engravidar

Por que a fertilidade cai tanto com o passar do tempo?

Mitos e verdades sobre a fertilidade depois dos 30

Conclusão

Sobre a Dra. Cristina Carneiro

Introdução

Não é novidade que as mulheres têm cada vez mais adiado a primeira gravidez. Investir nos estudos, na carreira e a busca pela estabilidade profissional antes da chegada de um bebê estão entre os principais motivos dessa decisão. No entanto, ao chegar aos 30 anos muitas mulheres se preocupam com o relógio biológico e as consequências do adiamento da gravidez para a concepção. Neste e-book trazemos uma série de informações sobre a fertilidade feminina e quando a gravidez tardia é realmente motivo de preocupação. Você encontra, ainda, alguns mitos e verdades sobre a gestação depois dos 30 e dicas para cuidar da sua fertilidade para além das preocupações com a idade.

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Diferença de engravidar aos 20 e aos 30 anos

DIFERENÇA DE ENGRAVIDAR AOS 20 E AOS 30 ANOS

No Brasil, a maior parte das crianças ainda nasce de mães que têm entre 20 e 24 anos. Segundo dados do IBGE, em 2014 elas representavam 26,5% da fecundidade total do país. Por outro lado, o número de mulheres que decidem engravidar após os 30 anos têm aumentado.

Em 2012, as mulheres que se tornaram mães com 30 anos ou mais representavam 30,2% do total de nascidos vivos, enquanto nos anos 2000, as mães dessa faixa etária representavam apenas 22,5% das mulheres que deram à luz – um crescimento de quase 8% em 12 anos. A maior autonomia social e financeira das mulheres são os principais motivos pela escolha da maternidade mais tarde. Assim, podemos dizer que as diferenças de engravidar aos 20 ou aos 30 anos vão além de fatores biológicos. DIFERENÇAS BIOLÓGICAS Do ponto de vista biológico, engravidar aos 20 anos é mais fácil, já que esse é o período de maior fertilidade na vida de uma mulher saudável. O pico da fertilidade acontece entre os 20 e 25 anos. Além de ter mais óvulos à disposição, essas células são também mais jovens e viáveis para a fecundação. Em geral, é esperado que a gravidez aconteça naturalmente no período de um ano, considerando que o casal faça sexo a cada dois ou três dias sem o uso de camisinhas ou anticoncepcionais. A taxa de gravidez em uma mulher dos 20 aos 30 anos é de 15% a 20% por mês. Aos 40, essa taxa cai para apenas 5%. 6

DIFERENÇA DE ENGRAVIDAR AOS 20 E AOS 30 ANOS

Caso a gravidez não aconteça dentro de um ano, a recomendação é buscar a ajuda médica para avaliar se não há nenhum problema de fertilidade do casal. Para as mulheres com mais de 35 anos, a recomendação é que a procura pelo especialista aconteça após seis meses de tentativa. Isso porque, se houver algum problema de fertilidade, tratamentos como a fertilização in vitro têm mais chances de sucesso antes dos 40 anos. Com o passar dos anos, há uma queda na capacidade reprodutiva feminina, já que o organismo não repõe os óvulos perdidos ao longo da vida. Mas a diferença de fertilidade entre os 20 e os 30 anos não é tão grande para mulheres saudáveis. É o que aponta um estudo publicado pela Universidade de Durham em 2004. Nessa pesquisa, 82% das mulheres entre 35 e 39 anos conseguiram engravidar em menos de um ano. Na faixa dos 20 aos 30 anos, a probabilidade de uma gravidez no período de um ano foi de 85%. No entanto, até os 35 anos, a mulher já utilizou cerca de 90% da sua reserva de óvulos viáveis, o que pode tornar a gravidez mais difícil e aumentar o tempo previsto para engravidar. 7

Produtos que dificultam as chances de engravidar

PRODUTOS QUE DIFICULTAM AS CHANCES DE ENGRAVIDAR

Algumas substâncias podem interferir na qualidade das células reprodutoras e comprometer as chances de uma gravidez. Maus hábitos de alimentação e o consumo excessivo de substâncias como tabaco e cafeína estão entre os principais vilões da fertilidade. Veja quais são os produtos e hábitos que podem boicotar sua gravidez.

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PRODUTOS QUE DIFICULTAM AS CHANCES DE ENGRAVIDAR

CAFEÍNA

CARBOIDRATOS REFINADOS

Em excesso, a cafeína prejudica a absorção de ferro e cálcio. A falta de ferro pode impedir a ovulação ou interferir na qualidade dos óvulos disponibilizados a cada ciclo, assim como, nos homens, a falta de cálcio interfere na maturação dos espermatozoides. A recomendação é consumir no máximo 300 mg de cafeína por dia – algo em torno de três cafés expressos pequenos.

Pães, macarrão e demais produtos feitos com farinha de trigo devem ser consumidos com moderação.

SOJA

AÇÚCAR

A soja é rica em um hormônio vegetal chamado fitoesterol. Essa substância é muito benéfica para mulheres no período da menopausa, mas, como interfere na produção do hormônio feminino estrogênio, seu consumo é desaconselhado para as mulheres que desejam engravidar. O estrogênio está diretamente envolvido no processo de ovulação, de modo que um desequilíbrio desse hormônio pode prejudicar a fertilidade.

Níveis altos de insulina e açúcar no organismo causam um desarranjo hormonal que pode interromper a ovulação. Além disso, esse desequilíbrio pode fazer com que as células ovarianas responsáveis por converter o colesterol em testosterona aumentem muito a produção desse segundo hormônio. Em excesso no corpo feminino, a testosterona também inibe a ovulação.

O processo de refinamento da farinha retira desses alimentos nutrientes essenciais para a futura gestante, tais como ferro, antioxidantes e vitaminas do complexo B.

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PRODUTOS QUE DIFICULTAM AS CHANCES DE ENGRAVIDAR

CIGARRO O cigarro é altamente prejudicial para a fertilidade, tanto feminina quanto masculina. Nas mulheres, ele pode antecipar a menopausa, comprometer a qualidade dos folículos, causar alterações hormonais e de funcionalidade das trompas uterinas, interferir na formação dos óvulos e em sua fecundidade, além de dificultar a implantação do óvulo no útero. Nos homens, os danos envolvem a formação, concentração e mobilidade dos espermatozoides, além de causar o aumento de radicais livres presentes no organismo. ÁLCOOL O consumo excessivo de álcool pode afetar a produção hormonal, comprometer a ovulação e prejudicar a qualidade dos óvulos. Em mulheres que fazem tratamento para engravidar, mesmo uma quantidade muito pequena de álcool (algo em torno de três taças de vinho por semana) pode reduzir em até dois terços as chances de sucesso da fecundação. É o que apontou uma pesquisa da “Reproductive Medicine Associates” de Nova York, divulgada em 2013. O estudo avaliou o hábito de consumo de álcool três meses antes das mulheres começarem o tratamento de fertilização. As mulheres que não consumiam álcool tiveram 90% de chances de engravidar com o tratamento em até três anos. As que bebiam três taças de vinho por semana tiveram as chances de uma gravidez reduzidas para 30%. Para as que bebiam de uma a duas taças por semana – o limite recomendado pelo governo americano para mulheres que tentam engravidar – as chances de sucesso foram reduzidas em 66%. 11

PRODUTOS QUE DIFICULTAM AS CHANCES DE ENGRAVIDAR

EXCESSO DE PESO

O excesso de peso é outro fator que influencia negativamente a fertilidade, mesmo antes dos 30 anos. Isso porque mulheres obesas tendem a ter o padrão de ovulação alterado, o que faz com que tenham mais dificuldades para gerar um filho. Além disso, manter o peso adequado é essencial para evitar problemas de saúde para a mulher e o bebê durante a gestação. 12

Por que a fertilidade cai tanto com o passar do tempo?

POR QUE A FERTILIDADE CAI TANTO COM O PASSAR DO TEMPO?

As meninas já nascem com todos os óvulos que terão durante toda a vida. Essas são células que não se renovam quando morrem ou ao serem utilizadas ao longo dos períodos menstruais. E, embora uma recém-nascida tenha cerca de um milhão de óvulos, quando ela chegar à puberdade eles serão apenas cerca de 300 mil. Desses, somente 300 a 450 serão ovulados durante sua fase reprodutiva, ou seja, até que ela chegue à menopausa. Embora centenas de óvulos sejam recrutados a cada ciclo mensal, em geral, só um vai amadurecer e ficar disponível para a fecundação. Os demais serão descartados, reduzindo as reservas femininas.

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POR QUE A FERTILIDADE CAI TANTO COM O PASSAR DO TEMPO?

A chamada janela de fecundidade feminina, que é o período mensal em que há chances de uma gravidez, dura em média seis dias. E não há evidências de que essa janela sofra alterações com o passar dos anos. Assim, a redução da fertilidade está diretamente relacionada à quantidade de óvulos disponíveis em cada fase da vida da mulher e à qualidade desses óvulos que, como vimos, pode sofrer alterações devido a fatores internos e externos. ENVELHECIMENTO DOS OVÁRIOS

DOENÇAS GINECOLÓGICAS

Normalmente, espera-se que os ovários declinem suas funções reprodutivas e endócrinas entre os 45 e 50 anos – é o período conhecido como transição da menopausa. No entanto, algumas mulheres podem sofrer com um envelhecimento precoce dos ovários, o que compromete o amadurecimento dos folículos responsáveis por liberar os óvulos para a fecundação.

Doenças ginecológicas também podem afetar a fertilidade feminina e até mesmo causar a infertilidade. Algumas dessas doenças podem passar despercebidas durante os primeiros anos reprodutivos da mulher, sendo diagnosticadas apenas quando elas não conseguem engravidar. Entre as doenças ginecológicas mais comuns e que afetam a fertilidade estão a endometriose, a síndrome dos ovários micropolicísticos e os miomas uterinos. O diagnóstico e tratamento precoce dessas condições são essenciais para preservar a fertilidade.

O envelhecimento dos ovários é determinado geneticamente. No entanto, alguns fatores ambientais podem acelerar esse processo, como o fumo, o consumo de bebidas alcoólicas, estresse e doenças psicológicas – problemas que se tornaram rotineiros na vida da mulher moderna. Estima-se que cerca de 27% das mulheres podem apresentar um envelhecimento prematuro dos ovários nos seus 30 anos.

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Mitos e verdades sobre a fertilidade depois dos 30

MITOS E VERDADES SOBRE A FERTILIDADE DEPOIS DOS 30

Neste tópico, vamos falar sobre alguns mitos e verdades sobre a fertilidade feminina após os 30 anos. Confira!

A GRAVIDEZ APÓS OS 35 ANOS É MAIS DELICADA Verdade. As mulheres que engravidam com mais de 35 anos têm mais chances de terem hipertensão, pré-eclâmpsia e diabetes gestacional. Por isso, a gravidez é considerada de risco e exige mais consultas com o obstetra. Mas é possível evitar e contornar esses problemas com um acompanhamento pré-natal adequado. ENGRAVIDAR APÓS OS 30 ANOS AUMENTA OS RISCOS DE D OENÇAS CROMOSSÔMICAS Parcialmente verdade. O envelhecimento dos óvulos compromete sua qualidade e pode elevar os riscos de doenças cromossômicas, como a Síndrome de Down. Mas os riscos não são tão elevados para as mulheres com mais de 30 anos, sendo mais preocupantes a partir dos 40. Aos 20 anos, a chance de uma mulher ter um filho com alguma doença cromossômica é de uma em 500. Aos 30 anos, essa probabilidade é de uma em 400. Já aos 40 anos, a probabilidade de uma criança nascer com problema cromossômico é de um para cada 60 nascimentos. 17

MITOS E VERDADES SOBRE A FERTILIDADE DEPOIS DOS 30

O SUCESSO DA FERTILIZAÇÃO IN VITRO ANTES DOS 35 ANOS É MAIOR Verdade. A fertilização in vitro em mulheres com menos de 35 anos tem 42% de sucesso. Para as mulheres que têm entre 35 e 40 anos, essa taxa cai para 27% e chega a apenas 12% nas que têm entre 40 e 41 anos. ENGRAVIDAR APÓS OS 35 ANOS AUMENTA OS RISCOS DE ABORTO Verdade. Segundo dados do Ambulatório de Obstetrícia do Hospital das Clínicas de São Paulo, 25% das mulheres que engravidaram com mais de 35 anos tiveram um aborto espontâneo.

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MITOS E VERDADES SOBRE A FERTILIDADE DEPOIS DOS 30

UM TERÇO DAS MULHERES COM MAIS DE 35 ANOS É INFÉRTIL Mito. Uma pesquisa da Universidade de Boston com 2.820 dinamarquesas que estavam tentando engravidar revelou que 78% das que tinham entre 35 e 40 anos engravidaram em menos de um ano. Entre as que tinham entre 20 e 34 anos, 84% engravidaram no período de um ano. No Brasil, segundo o IBGE, a incidência de gravidez em mulheres entre 35 e 40 anos aumentou 26,3% entre 2003 e 2012.

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Conclusão

CONCLUSÃO

Apesar da queda da fertilidade feminina após os 30 anos, ser mãe nessa faixa etária é uma realidade cada vez mais presente. O ideal é que a gravidez aconteça antes dos 35 anos: até essa idade os riscos e dificuldades para engravidar são baixos, quando comparados ao pico da fertilidade feminina, que é entre os 20 e 25 anos.

A incidência de doenças cromossômicas também não se eleva muito e é possível ter uma gravidez tranquila. A partir dos 35 anos há uma maior preocupação com a saúde da mulher, já que a gravidez será considerada de risco devido ao aumento de chances de desenvolver doenças como a hipertensão e o diabetes gestacional. No entanto, com um acompanhamento pré-natal mais próximo, esses problemas podem ser evitados. Mas é importante lembrar que os cuidados com a fertilidade vão além da idade. Manter uma boa alimentação e cultivar hábitos saudáveis vão lhe dar ainda mais tempo para planejar sua gravidez mesmo após os 30 anos.

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A doutora Cristina Carneiro é ginecologista obstétra, formada em medicina pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), com especialização em ginecologia e obstetrícia pelo Hospital das Clínicas da FMUSP. Ela também é especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia – FEBRASGO/AMB. Em quase 30 anos de atuação, a médica já atendeu mais de 47 mil mulheres, fez mais de 1.800 partos e 1.500 cirurgias ginecológicas. Além do acompanhamento pré-natal, a médica faz ainda atendimentos ginecológicos de rotina, cirurgias, colocação de DIU e eletrocauterização. Para conhecer mais sobre a Dra. Cristina Carneiro e sua equipe, acesse o site. Acompanhe também outros artigos sobre saúde reprodutiva feminina no blog.