O ENSINO DA POESIA SOB O OLHAR DE EZRA POUND

O ENSINO DA POESIA SOB O OLHAR DE EZRA POUND SOZZA, Fátima Prof.ª Ms em Letras, docente do CTESOP, [email protected] Resumo: Este artigo tem ...
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O ENSINO DA POESIA SOB O OLHAR DE EZRA POUND SOZZA, Fátima Prof.ª Ms em Letras, docente do CTESOP, [email protected]

Resumo: Este artigo tem por objetivo discorrer sobre o ensino da poesia amparando-se no método de ensino proposto por Ezra Pound em seu livro ABC da literatura (1970). Embora haja alguns questionamentos postulados pelas pedagogias que abordam o ensino do texto poético, partindo da pergunta que se impõe: afinal, pode-se ensinar (ou aprender) poesia? O livro ABC da literatura ou Manual da didática poundiana, como também é conhecido, desafia a falácia dos sistemas aplicados ao ensino e à crítica literária ao abordar esse assunto com tamanha propriedade. O método de Ezra Pound põe a nu a carência de senso criativo ainda hoje dominante no âmbito da escola e incita o debate pedagógico. Transpor numa sequência didática tal método é o resultado desta pesquisa.

Palavras-chave: Escola. Poesia e ensino. Didática poundiana. Introdução

A poesia. Mas o que é a poesia? A poesia, no afã de alcançar o inefável, é vista nas mais variadas dimensões pelos próprios artistas. Segundo Jorge Luis Borges, a poesia é um enigma. Cecília Meireles diz que,

em poesia, as palavras

olham para si mesmas. Roman Jakobson agrega que é a mensagem voltada para a mensagem. Fernando Pessoa afirma que poesia é um fingimento deveras. Para Carlos Drummond, na poesia as palavras têm mil faces. Há muitas formas de definir a poesia. Fiquemos com esta: ―A poesia é a hesitação entre o som e o sentido‖ (VALÈRY,1991, p.15). O poema nessa definição é concebido como algo mais próximo da música e da escrita. É, sobretudo, trabalho com o som. ―A música e a poesia são quase inseparáveis‖, afirma também Pound (1970). Na verdade, a poesia foi, muitas vezes, pensada como um dos maiores exercícios com a língua e, no limite, transforma-a de forma lúcida e lúdica. No texto poético, o nosso corpo é convidado a participar, a confundir-se com o corpo do poema. Lemos em voz alta, ouvimos o poema e ouvimos também a nossa voz VI JIC – Jornada Integrada de Cursos do CTESOP 09 a 13/09/2013

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modificada na leitura do poema. Ao lermos em voz alta, atuamos como um leitor que imprime uma voz – a sua – ao texto e, diante desse texto, descobrimos outras vozes em nós, ouvimos as possibilidades de nos inventarmos outros e de sermos diversos, palavras de divertimento, que nos remetem ao fato de que, ao lermos, divertimo-nos porque somos outros, somos diversos, diferentes do que somos no cotidiano. Na leitura de um texto, podemos pensar/viver como uma mulher do século XIX, um príncipe da Dinamarca, um cavaleiro andante... Essa desautomatização da língua passa para o poema porque no corpo do poema entrelaçam-se três níveis que

Pound

(1970) definiu como fanopeia,

melopeia e logopeia. O primeiro, a fanopeia, leva-nos às imagens que são compostas/propostas, como acontece com a poesia visual. A visualidade ocupa o primeiro plano da poesia. O segundo evoca a dimensão sonora do poema, os recursos melódicos que o aproximam da música, da dança (rimas, aliterações e assonâncias). O último, a logopeia, remete-nos à construção de ideias, dos sentidos no texto. Pound (1970, p.11) refere-se a ele como ―a dança do intelecto entre as palavras.‖ Na construção do conhecimento, o desenvolvimento do gosto, da beleza, do gosto pelo ritmo, e o jogo da linguagem asseguram, assim, seu domínio e levam à consciência ao mesmo tempo libertadora e lúdica da linguagem, à descoberta de níveis de língua e do real. Segundo Pound, o professor deve estar preparado para ensinar o aluno a olhar para a poesia, pois do contrário ―nenhum homem está equipado para pensar modernamente enquanto não tiver compreendido a história de Agassiz e do peixe‖ (POUND, 1970, p. 23). O método de ensino da poesia citado aqui, amparando-se na didática poundiana, leva-nos à conclusão de que o meio certo de estudar poesia, literatura ou pintura é de fato o meio pelo qual os membros mais inteligentes estudam a pintura, que é por meio do olhar.

O texto poético e seu ensino: perspectivas teóricas de Ezra Pound

A poesia é certamente uma das mais complexas manifestações dentre todas as nossas manifestações verbais. Sua complexidade começa com o próprio fato de VI JIC – Jornada Integrada de Cursos do CTESOP 09 a 13/09/2013

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que não há resposta simples e direta à pergunta: ―O que é poesia?‖

Segundo

Borges: sabemos tão bem que não podemos defini-la em outras palavras, tal como não podemos definir o gosto do café, a cor vermelha ou amarela nem o significado da raiva, do amor, do ódio [...] essas coisas estão tão entranhadas em nós. [...], mas todos sabem onde encontrar a poesia, quando ela chega, sente-se o seu toque (BORGES, 2000, p. 26-7).

No entanto, há uma infinidade de textos que podemos classificar como poéticos, desde um pequeno haicai (poema de origem japonesa com apenas três versos) até os monumentais poemas épicos do passado, como a Ilíada e a Odisseia (compostas pelo poeta grego Homero provavelmente no início do século VIII a.C), a Divina comédia (escrita pelo poeta florentino Dante Alighieri no início do século XIV) e Os Lusíadas (texto do século XVI, de autoria daquele que é considerado um dos maiores poetas de nossa língua, Luís Vaz de Camões). O fazer poético começou muito cedo na história da humanidade. Temos, portanto, um longo tempo de produção de poesia e de reflexão sobre ela. Em cada época e em cada cultura, a poesia foi pensada e praticada de modo diferente. Basta lembrar, por exemplo, que, para muita gente no passado, a poesia devia ficar exclusivamente para tratar de assuntos sublimes. Isso não impediu, contudo, que a poesia também tratasse de assuntos do cotidiano, seja na mão de poetas satíricos, seja na mão de poetas que queriam demonstrar a dimensão poética do mais banal dos eventos da vida diária. A temática da poesia é, então, muito vasta, como lembra o autor de Esse ofício do verso, Borges: ―A poesia está logo ali, à espreita‖ (2000, p,11). A poesia fala de grandes amores, imensas paixões, dores profundas, aventuras épicas, mas também de desejos sensuais, críticas a costumes sociais, eventos do cotidiano e até mesmo obscenidades. Outro aspecto que salta aos nossos olhos quando vemos um texto poético é sua distribuição no papel. Enquanto o texto em prosa aparece em linhas plenas contínuas, os textos poéticos são escritos em linhas apenas parcialmente preenchidas e não contínuas. Há uma espécie de distribuição horizontal na prosa e vertical na poesia. Esse corte da linha poética tem um efeito interessante: ele cobra VI JIC – Jornada Integrada de Cursos do CTESOP 09 a 13/09/2013

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do leitor uma leitura mais pausada, com pequenos silêncios ao fim de cada linha. E estas pausas contribuem para o processo de construção do significado do leitor. Claro que não é apenas a forma gráfica que caracteriza a poesia. Contudo, essa apresentação do texto poético nos remete a um constituinte básico da poesia: a transformação do ritmo num elemento significativo. Mas o ritmo não é propriedade exclusiva do texto poético. Qualquer expressão verbal tem ritmo, não há fala sem ritmo, ou seja, qualquer uma das nossas emissões verbais tem uma ―melodia‖. Essa propriedade normal da língua foi, contudo, transformada, desde muito cedo na história da humanidade, em elemento expressivo. Desse modo, o ritmo, além de ser usado para marcar normalmente a cadência da fala, passou a ser usado também para gerar sentidos especiais. Por outro lado, em tempos remotos, antes da criação da escrita, os grupos humanos só dispunham da memória para guardar seu saber. Desse modo, a forma dos textos religiosos e das grandes narrativas do grupo seguia padrões rítmicos rigorosos para auxiliar o trabalho de memorização daqueles textos e sua transmissão às novas gerações. A poesia como uma manifestação literária é uma espécie de desdobramento desse uso rítmico da língua. Em sua origem, a poesia era também uma prática apenas da oralidade. E conservou esta marca quando passou a ser escrita. Nesse sentido, Pound (1970, p. 61) acrescenta que ―a música apodrece quando se afasta muito da dança. A poesia se atrofia quando se afasta muito da música‖. É tomando a poesia pela sua essência ritualística e acrescentando mais dois elementos: a imagem e o jogo de palavras, que Pound (1970) define a poesia, conquanto é exatamente esse recorte que tomamos para estudar, ou seja, a poesia como um texto condensado, isto é, ―carregada de significado até o máximo grau possível‖ (POUND, 1970, p. 40), indissociável em três modalidades, dispostas como já foram assinaladas e apresentando mais uma vez assim: 1- Projetar o objeto (fixo ou em movimento) na imagem visual. 2- Produzir correlações emocionais por intermédio do som e da fala. 3- Produzir ambos os efeitos estimulando as associações (intelectuais ou emocionais) que permaneceram na consciência do receptor em relação às palavras ou grupos de palavras efetivamente empregados (fanopeia, melopeia, logopeia) (POUND, 1970, p. 63).

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A didática poundiana para o ensino da poesia toma como um dos suportes pedagógicos a indissocialidade, sobretudo, desses três meios. Desvendar as imagens de um poema significa recriar o próprio jogo armado pelo poeta, refazer o seu percurso. Surge aí a importância de se concretizar o aspecto da poesia, a que Pound denomina seu lado ―fanopeico‖, imagético. Explorar imagens com o leitor significa abrir-lhe jogos de associações de palavras, desencadear sua imaginação e devolver-lhe o território do devaneio. Por outro lado, é repetindo versos, aliterações e sonoridades, isto é, atuando sobre o plano melopeico dos poemas, que o leitor realizará suas primeiras aproximações afetivas com a poesia. É por isso que, muitas vezes, ele será capaz de repetir e apreciar um poema, sem mesmo aprender toda a extensão de seu significado. A primeira fase de seu contato com a poesia é, portanto, a do domínio das sonoridades. Outro fator são os jogos de palavras. Os jogos em que os leitores puxam palavras, as associações, as combinações, são exercícios de imaginação, ainda que dentro dos limites da linguagem. É por isso que a poesia se faz ao mesmo tempo como um universo de liberdade e de limitações. Desdobrar esses dados do texto poético é o trabalho que propõe Pound (1970) tornando a sala de aula uma oficina poética.

Sala de aula ou oficina poética

De todas as obras de arte, a manifestação mais perfeita é a poesia, porque ela se vale, na criação, da mais abstrata função de adaptação do homem ao mundo: a expressão simbólica. Assim, a poesia, valendo-se da palavra, transforma o mundo, cria espaços, tempo, seres e dá conta ainda não só daquilo que é sonhado, mas também do que é realizado. Vista por outros recortes, e até mesmo na perspectiva da leitura, observa-se que a complexidade da poesia também se mostra problemática. A razão para isso é simples: a leitura do texto poético diante do caráter polissêmico da linguagem poética precisa superar a intensidade das significações que se baseiam,

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especialmente na poesia de caráter lírico, na capacidade de sensibilidade do leitor, o que nem sempre ocorre. Na verdade, a questão do ―ensino da poesia‖ ou a do desenvolvimento da sensibilidade para o texto poético está ligada a todo o problema do desenvolvimento da criatividade, da expressão e da compreensão da linguagem como representação da experiência humana. Dessa forma, se à poesia cabe um importante papel no crescimento da personalidade estética, de sua imaginação e criatividade, ela estabelece uma ponte entre o leitor e o mundo. Em outra forma de comunicação, ela exerce ainda outros papéis formadores. A antiga crença de que para aproximar o leitor da poesia (e da literatura em geral) bastava apresentar-lhe textos de qualidade, é em parte desfeita pela certeza de que é preciso somar outros elementos a esta aproximação, entre os quais em primeiro lugar o próprio entusiasmo do professor. Assim, destaca Averbuck: É preciso, antes de mais nada, que o professor seja ele mesmo sensível ao texto poético, permeável à comunicação do artista, para que se torne um porta-voz desta comunicação. A descarga emocional provocada pela sensibilização a um texto poético tem seu circuito interrompido antes de chegar ao aluno, se ele passa por um professor indiferente e fechado ao apelo da arte (1986, p. 69).

O ensino da literatura, tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio, é realizado, geralmente, de forma empírica. O desconhecimento dos processos literários e, muitas vezes, dos próprios textos que poderiam mais facilmente chegar aos alunos – das primeiras às últimas séries – se torna mais evidente quando se trata de poesia, gênero esse pouco cultivado entre os leitores (e até professores) brasileiros. As dificuldades encontradas pelos professores em atingirem as crianças e os adolescentes, conduzindo-os ao gosto pela literatura, e pela leitura, se torna, no caso da poesia, altamente crítica. Em seus livros, ABC da literatura e A arte da poesia: ensaios de Ezra Pound, respectivamente de (1970 e 1976) Pound explicita algumas práticas que podem deixar o trabalho do professor mais organizado e dinâmico quanto o ensino de literatura e, por extensão, o ensino da poesia. Vale a pena fazer uma sistematização do assunto em seu próprio nome.

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Primeiramente, Pound (1976) retoma em diversos pontos de seus volumes a antiga crença da qual já falamos e aconselha:

Em poesia, há procedimentos simples e descobertas conhecidas. Em cada era, um ou dois homens de gênio descobrem alguma coisa e a expressam. Talvez em apenas uma ou duas linhas, ou numa qualidade qualquer de uma cadência e daí por diante, duas dúzias ou duas centenas, dois milheiros, ou mesmo mais seguidores a repetem, a diluem e a modificam. E se o professor selecionasse seus espécimens em obras que contenham essas descobertas, tomando como base exclusivamente a descoberta – que pode estar na dimensão de profundidade e não apenas em alguma novidade da superfície — estaria ajudando muito mais os seus alunos do que se apresentasse seus autores ao acaso (POUND, 1976, p. 30).

Em segundo lugar, o crítico relembra o professor do trabalho com a linguagem. Ele diz: ―A grande literatura é simplesmente linguagem carregada de sentido, no mais alto grau‖ (POUND, 1976, p. 35). E no trabalho com a linguagem, vale dizer que há três modalidades na poesia: a fanopeia, que é uma atribuição de imagem à imagem visual; a melopeia, na qual as palavras estão carregadas, acima e além de seu significado comum, de alguma qualidade musical que dirige o propósito ou tendência desse significado; por último, a logopeia, ―a dança do intelecto entre as palavras,‖ isto é, o emprego das palavras não apenas por seu significado direto, levando em conta, de maneira especial, os hábitos de uso, contexto e os jogos de ironia. A terceira questão tratada por Pound (1976) são as deficiências do ensino e do professor. Essas questões são mais bem resolvidas por cada homem individualmente; seu primeiro ato deve ser um exame de consciência, o segundo dirigir sua vontade para a luz. O primeiro sintoma que há de encontrar será, muito provavelmente, a falta de interesse mental, a falta de curiosidade, o desejo de não ser incomodado. Isto não é de maneira alguma incompatível com o hábito de estar muito ocupado, segundo padrões habituais. É preciso que o professor venha sentir o desejo de conhecer todos os fatos, e de separar as raízes dos galhos, os galhos dos ramos, e de captar a estrutura principal de sua matéria, ou seja, precisa conhecer o cerne de sua matéria, saber o que é fundamental e relevante dentre os saberes de sua disciplina. E depois de tudo VI JIC – Jornada Integrada de Cursos do CTESOP 09 a 13/09/2013

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isso, acrescenta Pound (1976, p. 81): ‖O professor deveria fazer uma campanha declarada contra o rebotalho humano que ainda se agarra ao sistema. Exigência de que cesse a sabotagem ou de que sejam afastados os sabotadores.‖ Por fim, trataremos do método utilizado por Pound (1970). O crítico diz que ―tudo é imperdoável depois da era de Agassiz e o peixe‖ — com o que pretende dizer que a educação geral está em condições de tirar proveito dos paralelos do estudo biológico baseado no exame da comparação de espécimes particulares. Todo ensino de literatura deveria ser efetuado pela apresentação e justaposição de espécimes de escrita e não pela discussão da opinião de uma outra pessoa qualquer a respeito do relevo de poeta ou autor, ou seja, o ensino do texto poético deve ser a partir do próprio texto poético. Qualquer professor de biologia diria a você que o conhecimento não pode ser transmitido por via de uma formulação geral, sem conhecimento de particularidades. Quando Pound recorre aos biologistas e nos lembra a história de Agassiz, ele nos quer dizer o mesmo que Agassiz disse ao estudante do peixe: ―se queres fazer um estudo do peixe é preciso olhar para ele‖ isto é, não para o que dizem dele. Assim é o ensino da poesia e da literatura em geral, é preciso olhar para a poesia, fazer um exame cuidadoso, direto e crítico da matéria como se a poesia estivesse numa lâmina tal qual procede o método dos biólogos. E acrescenta: ―O método adequado para o estudo da poesia e da literatura é o método dos biologistas contemporâneos, a saber, um exame cuidadoso e direto na matéria e contínua comparação de uma lâmina ou espécime com outra‖ (1970, p. 23). Em seguida, Pound refere-se à existência de uma lista. Uma lista de escritores elaborada pelo professor ou pelo professor e aluno que esteja à disposição do aluno, e que vai trabalhar certos quesitos básicos em literatura. Embora admita que haja certos questionamentos em falar em lista, ele diz: ―vocês podem pensar que não há nenhum risco em publicar essa lista ou isso seria a última coisa sobre o qual o leitor poderia se equivocar. Mas parece não haver limite para os equívocos que as pessoas podem fazer quando não dão o melhor de seus esforços.‖ A lista de escritores é uma forma também de condensar os estudos sobre a poesia. O crítico Pound pondera que não é necessário ter todos os livros sobre a VI JIC – Jornada Integrada de Cursos do CTESOP 09 a 13/09/2013

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mesa, mas ter alguns que volta e meia se tenha a coragem para lê-los em todos os tempos. Ele afirma: ―estou convicto de que se pode aprender mais sobre a poesia conhecendo e examinando realmente alguns dos melhores poemas do que ficar borboleteando em torno de um grande número deles‖ (1970, p. 45). A partir desses pressupostos, assegura Pound (1970) que é possível ver um método para ensinar poesia com vista à uma educação literária, aliás, sobre a educação, conclui Pound (1970): ―a verdadeira educação deve limitar-se, exclusivamente, aos homens que insistem em conhecer, o resto é pastoreio de ovelhas.‖

Considerações finais

Esse artigo, que fala sobre o ensino de poesia na escola à luz de dois principais livros de Ezra Pound, o ABC da literatura (1970) e A arte da poesia: ensaios de Ezra Pound (1976), nasceu primeiramente de forma tímida por abordar uma bibliografia que existe há um longo tempo. Todavia, ao embrenharmos em sua leitura percebemos o quanto o assunto é pertinente aos dias de hoje e o quanto as metodologias discutidas aqui ainda não chegaram às salas de aula e, sobretudo, de quanta valia tem esse trabalho metodológico traçado aqui no sentido de auxiliar o professor. De forma concisa e consciente, esse trabalho mostra ao professor que é possível fazer um recorte do ensino da poesia destacando três pontos: a linguagem como construção de sentido, isto é, a fanopeia, a melopeia e a logopeia, a postura do professor diante de sua matéria e seu método, o método do olhar, do comparar, do condensar. Quando fala em lista, Pound admite desafios: ―Minhas listas são um ponto de partida e um desafio. Este desafio foi lançado já há um certo número de anos ‖ (1970, p. 45). Ainda assim, não desejamos que o professor leve a mal falarmos em lista, porém que entenda que falamos em um norte que é desafiador. Nos poemas folclóricos, nos poemas da literatura brasileira, sobretudo a partir do modernismo, podemos encontrar um vasto material com o qual é possível até formar uma antologia para ser explorada com o aluno. Lembrando também que, segundo Pound

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(1970), não é sensato avaliar determinado autor ou período sem examinar, pelo menos, uma obra do período imediatamente anterior. Em suma, mostramos que por meio do pensamento de Ezra Pound é possível traçar uma metodologia para o ensino da poesia na escola. Acreditamos que com essa metodologia é possível se fazer um bom trabalho, entretanto está fora do alcance do professor o ensino a quem não quer aprender e, sobretudo, o domínio de qualquer arte é trabalho para uma vida inteira. Referências

AVERBUCK, Ligia Morrone. A poesia e a escola. In ZILBERMAN, Regina (org). Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. 7 ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986. BORGES, Jorge Luis. Esse ofício do verso (Trad. José Carlos Macedo). São Paulo: Cia das Letras, 2000. POUND, Ezra. ABC da literatura. São Paulo: Cultrix, 1970. ___________, A arte da poesia: ensaios escolhidos por Ezra Pound (Trad. Heloysa de Lima Dantas e José Paulo Paes). São Paulo: Cultrix, 1976. VALÈRY, Paul. Variedades. São Paulo: Iluminuras, 1998.

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