ANPOVINOS. Conselho Deliberativo: Presidente: Abram Szajman (FECOMERCIO)

SEBRAE - SP ANPOVINOS Conselho Deliberativo: Diretoria: Presidente: Abram Szajman (FECOMERCIO) ACSP – Associação Comercial de São Paulo ANPEI – As...
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SEBRAE - SP

ANPOVINOS

Conselho Deliberativo:

Diretoria:

Presidente: Abram Szajman (FECOMERCIO) ACSP – Associação Comercial de São Paulo ANPEI – Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras Banco Nossa Caixa S. A. FAESP – Federação da Agricultura do Estado de São Paulo FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo FECOMERCIO – Federação do Comércio do Estado de São Paulo ParqTec – Fundação Parque Alta Tecnologia de São Carlos IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas Secretaria de Estado de Desenvolvimento SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SINDIBANCOS – Sindicato dos Bancos do Estado de São Paulo CEF – Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal BB – Superintendência Estadual do Banco do Brasil

Diretor - superintendente Ricardo Luiz Tortorella

Diretores Operacionais José Milton Dallari Soares Paulo Eduardo Stabile de Arruda

Gerentes Executivos Alessandro Paes dos Reis Pedro Rocha Barreiros Regina Maria Borges Bartolomei Shigueo Oda

Presidente – Marcos Lourenço Santin Vice-Presidente – Alexandre Pinto Cesar

Diretor Tesoureiro José de Nazareth Duran Hernandes

Conselho Fiscal Antônio Carlos Mei / Eda Isabel de Oliveira Lucchese

Corpo Técnico LEONARDO JUNIO MARQUES Médico veterinário, RENDCORTE Consultoria em Agronegócios DÉBORA ASSIS BARBOSA Médica veterinária, ANPOVINOS MARCELO CONDELI Médico Veterinário, ANPOVINOS ANDRÉ GOMIERI RIGO Médico Veterinário CAMILA RAINERI Zootecnista, FMVZ-USP, Pirassununga FERNANDO MARINO SOUZA Gestor do Projeto, TREO Consultoria e Treinamento CLÁUDIO EDUARDO SILVA NADALETTO Engenheiro Agrônomo, UFSCAR, Araras SAMIRA RODRIGUES BALDIN Zootecnista, UNESP, Botucatu WAGNER JACOMETI Gestor do Projeto, SEBRAE SP ALEXANDRE PINTO CÉSAR Responsável Técnico do Projeto, ANPOVINOS CECÍLIA JOSÉ VERÍSSIMO Médica Veterinária, Instituto de Zootecnia, Nova Odessa BRUNO NUNES Zootecnista, FMVZ-USP Pirassununga ANNELIESE DE SOUZA TRALDI Médica Veterinária, FMVZ-SP, Pirassununga MARCIO ARMANDO GOMES DE OLIVEIRA Zootecnista, ASPACO

             

 

GISELA PINSDORF VITAL LINS Médica Veterinária, Núcleo de Criadores de Ovinos, Itu GUILHERME JOSÉ VITAL LINS Médico Veterinário, Núcleo de Criadores de Ovinos, Itu DJALMA DE FREITAS Zootecnista, Plangespec planejamento e gestão pecuária VIVIANE KARINA GIANLORENÇO Zootecnista, Instituto Biossistêmico SILVIA CRISTINA VIEIRA Médica Veterinária TÂNIA BARBETA BOVO Estagiária ANPOVINOS, Pirassununga Fotografia Leonardo Junio Marques Débora Assis Barbosa Camila Raineri Marcelo Condeli

graduando

zootecnia,

FZEA-USP,

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APRESENTAÇÃO A diversidade das ações, investimentos em pesquisa para melhoria das técnicas de manejo e modernização da ovinocultura além do número crescente de feiras e exposições, demonstram o crescimento e importância da ovinocultura no Estado de São Paulo. Um setor que tem um número considerável de produtores rurais, especialmente pequenos produtores, desponta como uma das atividades dotadas de suficiente potencial para proporcionar significativas contribuições ao desenvolvimento socioeconômico do Estado. O SEBRAE SP - Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas é um agente fundamental para se alcançar o desenvolvimento sustentável do Estado. O conjunto de programas disponibilizados para o desenvolvimento da agropecuária, a capacidade de articulação para o trabalho coletivo dos agentes e lideranças locais e regionais, a estrutura e experiência na área de treinamento e o conhecimento regional, tornam o SEBRAE-SP uma entidade indispensável no desenvolvimento da atividade. Em parceria com a ANPOVINOS - Associação Noroeste Paulista de Ovinocultores e apoio da ASPACO - Associação Paulista de Criadores de Ovinos, entidades do Estado e instituições públicas e privadas de ensino e pesquisa, iniciou-se, em 2007, o projeto de desenvolvimento da ovinocultura do noroeste paulista buscando superar as dificuldades encontradas, atender as demandas dos mercados mais exigentes e agregar valor aos produtos. Dessa parceria de sucesso surgiu o primeiro MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA OVINOS DE CORTE do Estado de São Paulo.

CORPO TÉCNICO

INTRODUÇÃO  A ovinocultura está se direcionando para a produção de carne e conquistando assim, grandes mercados consumidores. No Brasil, assim como em outros países do mundo existe uma demanda crescente por alimentos de melhor qualidade, onde o critério de escolha entre um ou outro alimento são as características que o produto apresenta como sabor, cor, suculência, padrão, garantia de origem, respeito ao meio ambiente, entre outras. O preço tem menor relevância para esse perfil de consumidor. Essa questão enfatiza a importância de se desenvolver produtos de acordo com os desejos dos consumidores. Nesse processo de busca pela melhoria da qualidade há duas questões que o empresário rural não deve ignorar. O primeiro é “como produzir?” e segundo “como atender os desejos e necessidades do consumidor?”. “Como produzir”, refere-se ao cumprimento das especificações estabelecidas a partir de critérios técnicos, por exemplo, as questões higiênico-sanitárias na propriedade. O cumprimento das especificações é importante, porém, o consumidor entende que as regras básicas que visam proteger a saúde pública são de responsabilidade do governo, de quem produz e de quem fornece o alimento e o seu cumprimento não é mais que uma obrigação. “Como atender aos desejos e necessidades do consumidor?”. Se o empresário rural pretende agregar valor a sua produção precisa conhecer o mercado e começar a ouvir o consumidor, buscar alternativas viáveis e realizar ações concretas na conquista desses mercados. O MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA OVINOS DE CORTE surge como ferramenta básica para o desenvolvimento da ovinocultura. Com a adoção das técnicas é possível obter melhores resultados economicos, produzindo cordeiros saudáveis, em harmonia como o meio ambiente, conquistando a confiança e a satisfação dos consumidores.

DIAGNÓSTICO SIMPLIFICADO O quadro abaixo mostra de forma organizada as ações a serem adotadas para melhoria da gestão da propriedade. Possibilita a visualização dos setores mais deficientes e que precisam de maior atenção. SETORES

Gerenciamento

Nutrição

AÇÕES Planejamento estratégico anual Calendário zoosanitário (programação anual) Controle financeiro e levantamento de custos Escrituração zootécnica Limpeza e organização da propriedade Ações de prevenção contra acidentes de trabalho Ações de prevenção contra contaminação dos alimentos Suplementação mineral adequada Fornecimento de ração balanceada Ações de prevenção contra a escassez de pastagem

Pastagens

Formação (capim adequado e análise de solo para correção) Recuperação de áreas degradadas Manejo e conservação da pastagem Controle de pragas e plantas invasoras

Sanidade

Higiene e desinfecção de instalações Isolamento de animais doentes Quarentena para animais recém adquiridos Medidas de prevenção e controle de doenças Descarte correto de lixo, resíduos e carcaças Controle de moscas e roedores

Reprodução e genética

Instalações

SIM / NÃO

Seleção e descarte de animais Reprodutores de genética comprovada Exame andrológico Diagnóstico de gestação Estação de monta Centro de manejo (apartação e procedimentos sanitários) Pedilúvio Cercas, cochos e bebedouros adequados ao tipo de criação Separação de lotes de manejo Abrigo contra chuva, frio e calor

Bem Estar Animal

Manejo com calma, sem violência Sombreamento Densidade adequada dentro das instalações Instalações livres de projeções pontiagudas

Gestão ambiental

Preservação da vida selvagem Adoção das técnicas de conservação de solo Preservação de nascentes e cursos d’água Conservação e melhoria do meio ambiente

Após o preenchimento do quadro, é possível incluir no planejamento anual as ações que ainda não estão sendo conduzidas na propriedade.

VISÃO EMPRESARIAL

Comece certo Antes de dar início a uma criação de ovinos é preciso obter informações e conhecer melhor essa atividade, visto que a falta de conhecimento, da atividade e do mercado, é responsável por muitas falências em qualquer tipo de empreendimento. A seguir destacam-se algumas das questões a serem consideradas na tomada de decisão. • • • • • • • • •

Minha propriedade é adequada a produção de ovinos? Qual o sistema de produção a ser utilizado? Se produzir cordeiros para corte, onde serão abatidos? Se pretender abater na propriedade, tem consciência que é um procedimento ilegal? Existem frigoríficos, que abatem ovinos, na região? Qual a distância até a propriedade? Como será comercializada a produção (animais vivos, carcaças, cortes especiais)? Quem fará a comercialização da produção? Quais as dificuldades encontradas pelos produtores da região? Há algum grupo, associação ou entidade que possa auxiliar no processo como um todo?

Além disso, o produtor deve buscar orientação técnica a fim de projetar a atividade, definindo metas e estimando os custos.

A possibilidade de um negócio dar certo depende muito do envolvimento e interesse do empreendedor.  

Organização da cadeia produtiva Algumas regiões do Estado de São Paulo já estão caminhando para relações mais estáveis entre os segmentos produtivo, industrial e comercial, mediante parcerias comerciais, terminação de animais jovens, assistência técnica, padronização de carcaças, diversificação da oferta de produtos, marketing da carne e outras ações que levam a melhor organização do setor. Iniciativas como a integração de ovinos com a agricultura, parcerias com redes varejistas, certificação de produtos, associativismo, turismo rural, produtos consolidados e qualidade superior, são alternativas a serem consideradas para que haja o retorno esperado. Por outro lado a adoção de modelos de produção ultrapassados e insustentáveis ainda é predominante em várias regiões do Estado, onde o abate dos animais na propriedade, a baixa qualidade das carcaças e o amadorismo na condução do negócio são fatores determinantes que impedem o desenvolvimento do setor. Nessa situação o empresário permanece na ilegalidade, não tem retorno com a atividade e ainda gera insatisfação e desconfiança nos consumidores.

A ovinocultura precisa caminhar para relações mais estáveis entre os segmentos produtivo, industrial e comercial.  

Modelo da Cadeia Produtiva de Ovinos para Corte

Comercialização Vários são os fatores a serem considerados para o fortalecimento desse elo da cadeia produtiva. Abaixo, estão descritas algumas recomendações para melhorar o acesso aos mercados e valorizar a carne de cordeiro. O cumprimento de cada um dos fatores requer uma tomada de decisão por parte do empresário rural. Acesso aos mercados: Fatores

Tomada de decisão

Volume e freqüência de fornecimento

Associativismo e cooperativismo entre produtores

Padronização das carcaças

Sistema de produção visando abater cordeiros entre 35 e 40 kg de peso vivo, até os 150 dias de idade

Confiança do consumidor

Garantia de origem, ética na produção animal, boas práticas de manejo, certificação, controle de qualidade, produtos com inspeção sanitária

Satisfação do consumidor

Exigências do mercado consumidor quanto aos atributos de qualidade da carne de ovinos

Preço pago ao produtor: Fatores

Tomada de decisão

Organização do setor

Ações de cooperativismo e associativismo, profissionalização do produtor rural, capacitação da mão de obra, parcerias comerciais

Garantia de fornecimento

Associativismo e cooperativismo entre produtores

Negociação

Grau de argumentação, vantagens oferecidas, conhecimento e relacionamento, variedade de clientes

Concorrência

Mercado informal e produtos importados devem ser superados pela qualidade e vantagens oferecidas, diferencial de mercado

Produto com valor agregado

Cortes especiais, garantia de origem, certificação da produção, qualidades organolépticas (cor, sabor, textura), produtos elaborados, variedade de cortes

Transporte Uma preocupação importante na manutenção da qualidade é o transporte adequado dos animais até o estabelecimento de abate, pois o stress possui estreito vínculo com a qualidade da carne ovina. • O embarque deve ser feito com calma, em dias ou horários mais frescos. Nunca transportar os animais por muitas horas ou dias sem oferecer água limpa. Não cortar capim em beira de estradas movimentadas, totalmente contaminados de poluição, fumaça e gazes de escapamentos.

Aquisição do rebanho Para quem está iniciando na atividade o primeiro passo é definir os objetivos da criação, o sistema de produção a ser utilizado e ter clareza de como será o ambiente oferecido aos animais. • • • •

Os ovinos serão mantidos em pasto ou confinados? A região é muito quente? Muito fria? Muito úmida devido a chuvas ou alagados? Com que tipo de pastagem os ovinos conviverão? A disponibilidade de alimento será um problema em alguma época do ano?

Estas são algumas questões a serem respondidas para escolha do genótipo animal mais adequado para cada caso. Isso é muito importante para evitar problemas de adaptação que, além de trazerem transtornos a animais que simplesmente não foram criados e não estão adaptados àquelas condições, também custam muito caro para o produtor. As conseqüências de tentar lutar contra a natureza, ou seja, escolher a raça errada, nestes casos, pode ocasionar a baixa rentabilidade devido à falta de resposta dos animais, além do enorme prejuízo devido a mortes e problemas reprodutivos e sanitários. Animais de raças puras (independente da raça) são mais exigentes em termos alimentares e sanitários que os cruzados (comuns). Caso o ambiente represente um desafio e a idéia seja produzir carne, a melhor alternativa pode ser trabalhar com carneiros de raças especializadas sobre matrizes comuns, pequenas (média de 50-60 kg) e menos exigentes. Escolha da raça Observar o potencial para ganho de peso, adaptabilidade ao ambiente e ao meio de produção e principalmente qual a preferência dos frigoríficos e clientes da região, já que não adianta produzir bem e não ter para quem vender. É indicado procurar um criatório na região que seja reconhecido pela qualidade e boa adaptação de seus animais, porém a melhor raça é a que apresenta o melhor comércio. Época de compra No caso de animais lanados, a melhor época para comprar é logo após a tosquia (novembro ou dezembro), quando os animais estão mais leves e são vendidos por preços menores. Também é melhor para observar a formação do animal e principalmente o seu estado de saúde. Não há época específica para compra de animais deslanados. Histórico do rebanho É importante conhecer o rebanho que se pretende adquirir, bem como seu histórico. Durante a seleção, cuidado para não escolher fêmeas inférteis ou subférteis, como aquelas com 2 anos ou mais de idade e que nunca pariram. Evitar a aquisição de machos reprodutores muito jovens e de fertilidade contestável.

Avaliação dos animais A avaliação é individual, animal por animal. Após a contenção, todas as partes do corpo devem ser analisadas:

• Cabeça: as fêmeas, em grande parte, devem ser desprovidas de chifres. Sua mucosa ocular e de boca devem estar corada (vermelhas), onde, ao contrário, indica anemia e sinal de grande infestação parasitária. As narinas devem ser largas para permitir boa capacidade respiratória e o aspecto vivo e alerta, demonstrando bom estado de saúde. Evitar animais que apresentam secreções purulentas nas narinas e olhos.

Exemplar da raça Santa Inês

Avaliação da conjuntiva

• Corpo: o tórax deve ser amplo, arqueado e profundo. Os animais devem apresentar boa cobertura muscular e pele solta com pêlos brilhantes, principalmente nas raças deslanadas. Em animais lanados, a lã não deve se desprender do corpo com facilidade. Isto indica um problema de saúde. Cicatrizes de abscessos recém drenados ou não drenados, também, devem ser evitadas. Quanto ao estado nutricional, magreza ou com acúmulo excessivo de gordura, a melhor opção são os animais que se encontram em estado intermediário.

Boa massa muscular

Comprimento e profundidade

• Aprumos: verificar os aprumos e palpar as articulações para detectar possíveis dores.

• Cascos: devem estar livres de ferimentos, serem simétricos e ter aspecto limpo. Claudicação (manqueira) pode ser um sinal de problemas podais como a podridão dos cascos.

Casco firme e sem ferimentos

Vista lateral do casco

• Úbere: nas fêmeas, observar no úbere se os tetos não são excessivamente grossos ou pequenos. Palpar e verificar a presença de nódulos. Evitar adquirir fêmeas com peitos perdidos e/ ou que produzam pouco ou nenhum leite.

Úbere saudável e bem inserido

Úbere acometido por mastite

• Órgão reprodutor do macho: observar a conformação dos testículos que devem ser bem desenvolvidos, simétricos, soltos, sem ferimentos e sem cortes na bolsa escrotal. Verificar na exposição do pênis a presença do apêndice vermiforme (figura abaixo), caso não tenha é indicativo que já teve cálculo urinário. Também deve ser observado o desenvolvimento corporal e integridade dos epidídimos que não podem apresentar granulomas. Exigir o exame andrológico de qualquer reprodutor na compra, tendo a garantia que ele é fértil.

Palpação da bolsa escrotal

Exposição do apêndice vermiforme

GESTÃO DA PROPRIEDADE RURAL É o gerenciamento dos recursos físicos, financeiros e humanos, sendo elemento básico para o desenvolvimento da empresa rural.

Gestão financeira A ovinocultura paulista passa por um momento de consolidação da cadeia produtiva, fase em que fica mais acirrada a competição. Essa condição exige do produtor uma mudança de atitude, deixando de se comportar como antigamente, com medo de tecnologia e de gerenciar seu negócio, passando a ter um comportamento de empresário rural, tratando a ovinocultura com visão empresarial.

Por esse motivo, recomenda-se simplificar ao máximo a coleta de dados a ser realizada pelo produtor. Contudo, ao transformar esses dados em informação, essas terão aplicação imediata na propriedade. Parte-se da premissa que “o ideal é inimigo mortal do feito”, ou seja, é melhor uma boa coleta de dados referente a receitas e despesas (fluxo de caixa), dentro de uma metodologia única, e que permita ações pontuais e efetivas, do que implantar uma metodologia completa de custos, sem, contudo, obter sucesso nessa empreitada. A planilha modelo para coleta de dados no campo recomendada traz apenas três informações: a data, o que gerou a receita ou despesa e o valor. Anotar o sinal negativo ( - ) para despesas.

Modelo de planilha de controle financeiro para coleta de dados (anexo I)

Com a coleta de informações, será possível conhecer as principais fontes de receitas e despesas, orientar ações e verificar se os recursos estão sendo utilizados de forma eficiente. Exemplo:

O gráfico acima mostra que 47 % das despesas estão diretamente relacionadas ao processo produtivo (alimentação animal, medicamentos, vacinas, vermífugos e insumos agropecuários). Isso pode significar eficiência produtiva. Contudo, os gastos com alimentação animal, neste caso, ração para ovelhas, representam 78 % deles, o que mostra que pode estar havendo mau uso do dinheiro, já que essa categoria animal, não é a que melhor responde ao uso desse insumo. Nesse caso, sempre é necessário que haja uma avaliação técnica realizada por um especialista. A Gestão financeira tem como função integrar todos os setores, envolvidos direta e indiretamente ao sistema de produção, que interferem na geração de resultados.

Maiores detalhamentos, sobre a gestão financeira, podem ser encontrados no Manual da Gestão Financeira para Ovinos de Corte, desenvolvido pelo SEBRAE-SP.

Planejamento estratégico É a programação das atividades da propriedade. Tem como função simplificar as operações com uma previsão tão exata quanto possível. • Com o auxílio de um técnico definir todas as atividades para o ano seguinte, exemplo, casqueamento das fêmeas, análise de solo, estação de monta, reforma dos pastos, plantio do milho para silagem, compra de reprodutores, compra de ração e insumos em geral, entre outros. • É uma programação do trabalho, porém deve ser flexível para se amoldar a novas situações que apareçam sem terem sido previstas. • Fazer a previsão das atividades (dia/ mês) e definir os responsáveis.

Planejamento estratégico formato painel

Planejamento estratégico formato planilha (anexo II)

Procedimentos operacionais É a distribuição das atividades do planejamento estratégico. Descrever, resumidamente, como será implementada cada atividade, porque, os responsáveis, data específica, as metas e os custos envolvidos.

Procedimentos operacionais formato planilha (anexo III)

Previsão de receitas e despesas • Na criação de ovinos as receitas provêm basicamente da venda de cordeiros e animais excedentes ou descartes. Com a definição das épocas de cobertura (estação de monta) será possível prever quando haverá animais disponíveis para a venda e obtenção de receita. • As despesas maiores e os investimentos com ampliação de rebanho, infra-estrutura e outros devem ser programadas sempre nas épocas de obtenção de receita.

Escrituração zootécnica É o sistema de registro de todas as informações do rebanho, essenciais na elaboração dos índices zootécnicos e avaliação dos resultados obtidos durante o ano. O sistema deve estabelecer a manutenção de um histórico das informações e contemplar todos os itens importantes para gerenciamento da propriedade. Os funcionários devem passar por um treinamento básico para coleta das informações a campo. Durante a realização de um determinado manejo, por exemplo, desmame de cordeiros, o funcionário responsável deve anotar no caderno ou planilha de campo as informações solicitadas. Essas anotações não devem ser encaradas como um trabalho a mais na propriedade, pois é parte integrante da rotina do funcionário. É inadmissível uma atividade comercial produtiva não ter parâmetros para avaliar seus resultados.

Anotações de campo

Planilhas de computador

Tradicionalmente essas anotações são feitas de forma desorganizada e descontínua na propriedade, muitas vezes incompletas e de pouca utilidade para o gerenciamento. Em função desses antecedentes o SEBRAE-SP desenvolveu o Caderno do Produtor. É uma ferramenta de uso diário nas propriedades. Contêm planilhas de coleta de dados, dicas de manejo, cronograma mensal de atividades diárias, espaço para rascunhos e recomendações técnicas. Algumas das vantagens: • • • •

Agilidade na coleta de dados Informações mais confiáveis Conteúdo para elaboração de índices zootécnicos Organização das anotações de campo e das atividades diárias.

Índices zootécnicos São obtidos a partir das informações coletadas a campo (escrituração zootécnica). É a demonstração em números dos resultados alcançados durante o ano com o rebanho. É altamente recomendável que o empresário rural solicite o auxílio de um técnico na elaboração desses índices.

Identificação do rebanho A identificação individual e permanente de todos os animais é requisito básico para a escrituração zootécnica e controle do rebanho. É preciso definir um sistema de identificação que garanta o histórico dos animais manejados. • Os animais podem ser identificados logo após o nascimento. • O colar pode ser de arame revestido e placa de metal ou plástico.

Colar tipo corrente para reprodutores

Colar com placa de plástico

• A tatuagem auxilia na identificação, principalmente quando o animal perde o brinco ou colar. • Recomenda-se adotar um número igual ao da mãe para os cordeiros e um número seqüencial do rebanho nas borregas.

Brinco para identificação

Alicate para fixação

• O local correto para fixar o brinco é o meio da orelha, entre as duas nervuras inferiores, não deve ficar muito próxima a ponta da orelha.

Diferentes métodos para identificação: colar, tatuagem e brinco

Direção Refere-se às obrigações e responsabilidades do administrador. Em pequenas e médias propriedades o papel do administrador com freqüência é exercido pelo próprio empresário rural. São responsabilidades do administrador: • • • • • • • • •

Cumprir com as obrigações fiscais e atender todas as exigências legais da atividade agropecuária. Estabelecer responsáveis por cada atividade exercida na propriedade. Promover recompensas e cobrar resultados. Planejar as atividades da propriedade. Realizar controle financeiro e analisar os custos de produção. Manter a escrituração zootécnica do rebanho. Capacitar o funcionário de acordo com sua atividade. Selecionar pessoal tranqüilo e de boa índole para o manejo. Expor o cronograma mensal das atividades diárias em um local visível (anexo lV).

Cronograma atividades diárias (Anexo IV)

Painel para recados, cronogramas, etc

Informações sobre cursos, treinamentos e dias de campo que podem ser obtidas nas secretarias de agricultura municipais, sindicatos, SEBRAE, SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), ASPACO, outras informações sobre ovinos podem ser obtidas nos sites dessas instituições.

• • • •

Providenciar instalações adequadas ao sistema de produção. Abrigo sem lama, que proteja os animais contra excesso de umidade e que ofereça conforto térmico. Dispor de alimento de qualidade e em quantidade para o tamanho do rebanho. Não adquirir animais sem dispor de alimento suficiente (pastagem, silagem, feno, ração, etc).

Condições de trabalho • • • • • • •

Providenciar informações básicas de higiene aos empregados. Assinar carteira de trabalho, recolher encargos, pagar férias e 13º salário. Fornecer moradias habitáveis com água de boa qualidade. Garantir o bem estar dos trabalhadores e de suas famílias. O trabalho infantil ou escravo são inadmissíveis. Incentivar as crianças no estudo. Respeitar jornadas de trabalho estabelecidas por lei. Observar as normas de segurança do trabalho, disponibilizar aos empregados todos os uniformes e equipamentos necessários a sua segurança de acordo com a função exercida.

Segurança alimentar • A carne de ovinos deve ser livre de contaminantes e resíduos de substâncias químicas que possam causar prejuízos a saúde pública. • Observar o término do período de carência dos medicamentos antes de enviar animais para o abate. • Administrar apenas substâncias aprovadas pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. • Defensivos agrícolas devem ser aplicados, mediante extrema necessidade e com critério, sob recomendação de um engenheiro agrônomo. Meio ambiente • • •

Utilizar racionalmente os recursos naturais. Manejar adequadamente os resíduos poluentes preservando o meio ambiente. Atender as disposições da lei quanto ao uso dos recursos hídricos, reserva legal, área de preservação permanente e licenciamento ambiental.

PREVENÇÃO DE ACIDENTES NO TRABALHO Diariamente o trabalhador rural é exposto a diversos riscos contra sua própria saúde. É preciso se prevenir não apenas contra problemas imediatos como fratura, corte, choque, entre outros, mais também problemas invisíveis como intoxicações por produtos químicos em longo prazo, onde o trabalhador muitas vezes não percebe que está se prejudicando.

Equipamento de Proteção Individual (EPI) EPI é todo dispositivo de uso individual destinado a proteger a integridade física do trabalhador. O empregador é obrigado a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento.

Equipamento de Proteção Individual (EPI)

Sinalização eletricidade e uso do EPI

São obrigações do empregador: • • • • • •

Adquirir o tipo de equipamento adequado à atividade do empregado. Fornecer somente EPI aprovado pelo Ministério do Trabalho. Treinar o trabalhador para o uso adequado. Tornar obrigatório o uso do EPI. Substituí-lo imediatamente quando danificado. Responsabilizar-se pela sua higienização e manutenção periódica.

São obrigações do empregado: • Usar o EPI apenas para a finalidade a que se destina. • Responsabilizar-se por sua guarda e conservação. • Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso. Alguns cuidados devem ser tomados para melhorar a eficiência dos EPIs, dentre eles, destacam-se: • As calças devem cobrir os canos das botas para evitar a entrada do produto. • Usar o EPI durante o preparo da calda e sua aplicação, e em situações em que haja risco de contato com o produto. • Nunca manipular defensivos agrícolas com as mãos desprotegidas. As luvas de nitrila, que são impermeáveis, são as adequadas para esta finalidade.

Para a limpeza do EPI, deve-se: • • • •

Começar lavando as luvas contaminadas antes de retirá-las. Lave o material separado da roupa da família. Tomar banho com bastante água e sabão. Em caso de contaminação contatar imediatamente o médico, levando rótulo e bula do produto.

Informações em caso de acidente

Proteção correta na aplicação de defensivos

Manipulação de produtos químicos A manipulação de produtos químicos como defensivos agrícolas deve receber atenção especial, pela sua toxicidade e riscos que acarretam a saúde. A seguir algumas recomendações: • Defensivos agrícolas são produtos tóxicos e trazem grandes prejuízos ao meio ambiente, sua aplicação deve ser restrita a situações extremas. • Adquirir somente mediante receituário agronômico. • Guardar as fichas técnicas dos produtos, nela contém todas as informações de uso e instruções em caso de acidentes. • Armazenar em local próprio. Armazenamento • • • •

Local deve ser de alvenaria, trancado, ventilado, coberto e com piso impermeável. Identificar com os dizeres: cuidado veneno. Não armazenar dentro de residências, com alimentos ou ração animal. Manter um extintor e um saco com terra ou serragem no local, para usar como material absorvente em caso de rompimento da embalagem.

Aplicação • • • •

Ler as instruções do rótulo antes de manusear e aplicar os produtos. Verificar a calibragem do equipamento aplicador usando apenas água. Verificar se o equipamento aplicador possui vazamentos. Fazer a tríplice lavagem das embalagens vazias.

• Nunca misturar o produto diretamente com as mãos. • Não comer, beber ou fumar durante a aplicação. • Escolher as horas mais frescas do dia para realizar a pulverização. Não aplicar o produto na presença de ventos fortes, evitando a deriva. • A sobra de calda deve ser diluída em água e aplicada nas bordaduras e nos carreadores. Embalagens vazias • Armazenar as embalagens vazias em local seguro, coberto ao abrigo de chuva e ventilado, até o descarte final. • Devolver as embalagens no posto de recebimento mais próximo. • Para descarte de produtos vencidos, consultar o Instituto Nacional de Processamento de embalagens vazias (INPEV) e os órgãos estaduais de defesa sanitária e ambiental. • Não reutilizar este tipo de embalagem. • Guardar as embalagens flexíveis vazias dentro de uma embalagem de resgate (adquirida no revendedor) devidamente fechada e identificada.

ORGANIZAÇÃO E AMBIENTE DE TRABALHO Refere-se a condições de motivação, colaboração e cooperação dentro da empresa rural. Limpeza e organização • Manter a propriedade limpa, livre de lixo e entulhos. Ambiente sujo é desestimulante.

Desorganização: ambiente desestimulante

• Disponibilizar lixeiras nos locais de maior produção.

Ambiente organizado

Lixeira identificada

Local incorreto para descarte de lixo

• Separar e organizar todos os materiais por tipo, conforme seu estado e utilidade. • Manter o que é usado com maior freqüência o mais próximo possível do local de trabalho e o que for desnecessário deve ser reformado, vendido ou eliminado.

Materiais armazenados de forma incorreta

Oficina organizada

• Definir um lugar para cada material, facilitando o acesso. • Sinalizar todos os locais de forma bem visível, com etiquetas, placas, desenhos ou cores. A sinalização auxilia na conscientização dos funcionários e organização do ambiente de trabalho.

Modelo de placa

Modelo de placa

Controle de moscas e roedores Excesso de moscas é sinal de manejo inadequado. A causa pode ser esterco amontoado sem cobrir ou ainda resíduo de cultura e de animais. Deve-se: • Limpar as instalações de criação com maior freqüência.

• Colocar isca granulada para controle a 10 metros das instalações. A isca é um atrativo para a mosca, e deve ficar do lado de fora das instalações. O controle de roedores deve levar consideração hábitos e diferenças comportamentais entre eles: • Ratazana: vive em tocas, é grande e normalmente faz as tocas em baixo das instalações dos animais ou dos paióis que guardam o milho. Veneno em pó é mais eficaz. • Camundongo: vive dentro de casa, é pequeno, roe tudo que encontra pela frente e é bem curioso. O veneno tem que ser granulado e espalhado em vários pontos da casa. • Rato de telhado: pode viver dentro de casa ou nas outras instalações, ele é grande, só anda no alto e é bastante desconfiado. O veneno deve ser colocado onde ele passa. Além disso, é preciso constante limpeza e organização. • Não deixar comida a vontade dentro das instalações ou após o preparo da ração. Sobra de comida no cocho também é uma fonte de alimento abundante, propiciando a proliferação destes animais. • É importante lembrar que se deve evitar o contato dos animais de produção com todos os tipos de iscas.

MANEJO DE RESÍDUOS E POLUENTES

Saneamento da propriedade • É comum em propriedades rurais o uso de fossas rudimentares (fossa "negra", poço, buraco), que contaminam águas subterrâneas e os poços de água, os conhecidos poços ”caipiras”, acarretando em contaminação de pessoas, por doenças veiculadas pela urina, fezes e água. • Uma alternativa viável para esse problema é a substituição da fossa “negra”, por uma Fossa Séptica Biodigestora (tecnologia desenvolvida pela Embrapa). É de baixo custo, evita a contaminação do lençol freático e ainda produz um adubo líquido que pode ser utilizado em hortas e pomares.

Fossa séptica em propriedade rural

Modelo ilustrativo da Embrapa

• Mesmo para quem tem uma Fossa Biodigestora na propriedade, é provável que os lençóis freáticos que alimentam o poço da propriedade estejam contaminados. Para prevenir contra os riscos de se desenvolver uma doença por causa da água contaminada que vem de um poço ou

de uma mina, pode-se implantar um Clorador de Água (tecnologia desenvolvida pela Embrapa). É de baixo custo, pode ser montado na propriedade e elimina todo e qualquer tipo de bactéria.

Modelo Clorador d’água – Embrapa instrumentação agropecuária

Descarte correto de lixo, resíduos e carcaças • Não é prática correta queimar ou enterrar resíduos na propriedade. Deve-se criar o hábito na propriedade de separar os materiais recicláveis (papel, vidro, plástico e alumínio) do lixo comum (não reciclável). O material reciclável poderá ser comercializado. Caso a coleta de lixo não chegue até a propriedade, será necessário levar o lixo até o aterro sanitário do município.

Descarte incorreto de lixo na propriedade

Manejo incorreto do lixo

• Alguns materiais não devem ser descartados no aterro sanitário. Reservar um caixa resistente para descarte de agulhas e outros objetos perfuro-cortantes (agulhas, bisturis). Luvas sujas, faixas, seringas e papéis utilizados em procedimentos veterinários podem ser armazenados em sacos plásticos. Estes materiais devem ser destinados a empresa responsável pelo lixo do município para serem incinerados.

Caixa para descarte de agulhas usadas



Modelo comum disponível no mercado

Destinar o lixo corretamente separando o resíduo reciclável dos rejeitos.

Carreta de lixo após limpeza na propriedade

Modelo de coleta seletiva na propriedade rural

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• Guardar medicamentos vencidos e embalagens vazias em local seguro e isolado até o descarte final. Os medicamentos vencidos podem ser devolvidos nas lojas veterinárias em que foram comprados. • Recomenda-se o aproveitamento de restos de alimentos, folhas, sobras de silagem e de cocho, além de carcaças de animais mortos e restos placentários no processo de compostagem para transformação em adubo para pastagens e outras culturas.

Vista frontal da composteira

Disposição dos resíduo na composteira

• Caso não haja a opção pela compostagem, as carcaças de animais mortos e os restos placentários devem ser queimados ou enterrados em local apropriado e cercado. Nunca enterrar as carcaças em baixadas ou próximo de nascentes.

Restos de ossada ao alcance dos animais

PASTAGENS Refere-se à forma mais econômica na alimentação de ovinos, porém necessitam dos mesmos cuidados que as lavouras. Outro aspecto a ser considerado é a manutenção de um reduzido nível de contaminação por ovos e larvas de helmintos.

Formação A formação de pastagens para ovinos deve levar em consideração vários aspectos relacionados com seu comportamento. Aquisição de sementes • Adquirir sementes fiscalizadas, de boa procedência, livre de impurezas, com um bom poder de germinação. Observar a taxa de semeadura recomendada para cada tipo de capim. Escolha da espécie forrageira • Levar em consideração o tipo de terreno (inclinados, planos, úmidos, secos, férteis), hábito de pastejo dos ovinos (rente ao solo), meio de propagação (semente ou muda), longevidade (resistência da planta a situações adversas), método de pastejo (continuo ou rotacionado). • Evitar pastagens de porte mais alto (acima de 1,0 m), onde os animais exploram mais intensivamente as áreas marginais, resultando em subpastejo das áreas centrais, prejudicando a ingestão e aumentando as perdas por pisoteio, devido à movimentação excessiva.

Pasto bem formado

Forrageira de porte baixo

• Prefira os capins mais produtivos e de elevado valor nutritivo, resistentes ao clima e a pragas, com alta aceitação pelos ovinos e de boa digestibilidade. • Os ovinos têm pastejo bastante seletivo e rente ao solo, sendo as forrageiras mais indicadas aquelas de porte baixo e que suportem o manejo baixo. Evitar pastagens de Braquiária decumbens, devido a maior incidência de fotossensibilização neste tipo de pastagem. • Usar mais de uma espécie forrageira na propriedade, pois a diversificação garante maior segurança quanto a problemas climáticos e fitossanitários (pragas e doenças).

Manejo • O uso de várias espécies forrageiras na propriedade é benéfico, porém, nunca deixar duas espécies forrageiras no mesmo piquete, isso acarretará pastejo desuniforme, devido à maior preferência dos animais por uma ou outra espécie. • O rebaixamento excessivo da forragem acarretará em degradação do pasto e aparecimento de ervas daninhas, é preciso respeitar a altura de corte que é diferente para cada espécie. • O que determina a entrada e a saída dos animais do piquete é sempre a altura do capim. • Evitar períodos de ocupação superiores a 5 - 7 dias, com objetivo minimizar a exposição dos animais às larvas de vermes no mesmo ciclo de pastejo (auto-infestação). • No sistema de pastejo rotacionado, o rebaixamento da forragem expõe os vermes a radiação solar e ventilação. Conservação da pastagem • Torna-se necessária a reposição de nutrientes do solo devido à redução da fertilidade, em função da contínua remoção promovida pelo pastejo e ainda pela lixiviação. Dar preferência a adubação orgânica. • A integração da lavoura-pecuária é uma alternativa para reverter o problema da degradação dos pastos. • Fertilizar as pastagens com adubos orgânicos, feitos com esterco e capim. • Providenciar a análise de solo da área, antes da adubação. • Realizar fertilização e correção da acidez do solo de acordo com recomendação técnica. • Adotar técnicas de controle de erosão, como curva de nível e terraceamento, evitando lixiviação de nutrientes e assoreamento de córregos. • Em pastos degradados preferir sempre a recuperação quando for possível, adubando e controlando plantas invasoras.

Pastejo uniforme

Controle de pragas e plantas invasoras • Promover o controle de pragas, cupins e plantas invasoras, respeitando o período de carência de cada produto para a entrada dos animais nos piquetes.

NUTRIÇÃO Refere-se ao controle de qualidade dos ingredientes da ração e o potencial de contaminação da carne pela ingestão de alimentos. É fundamental estabelecer um controle para garantir que os suplementos alimentares estejam de acordo com padrões de qualidade.

Prevenção contra contaminação dos alimentos A qualidade da matéria prima das rações e de outros alimentos oferecidos aos ovinos é de extrema importância no processo de produção, tanto por interferir no desempenho do animal como na qualidade do produto final. Alimento mal armazenado, deteriorado ou ainda estragado pode causar sérios problemas sanitários e de saúde pública. Aquisição de alimentos • Estabelecer uma rotina para recebimento, avaliação, estocagem e fornecimento de alimentos ao rebanho. Considerar as seguintes características no recebimento dos alimentos: • • • • • • •

Cor típica e uniforme. Odor característico para o material. Ingrediente sem agregar-se e sem “bolas” úmidas. Sem evidência de superaquecimento. Textura uniforme e aceitável. Sem presença de materiais estranhos. Sem contaminação com animais ou insetos.

Alimento mofado

Grão moído de excelente qualidade

• Adquirir produtos de fornecedores selecionados e empresas especializadas. A composição do produto deve aparecer no rótulo da embalagem ou na nota fiscal do produto, juntamente com o selo do Ministério da Agricultura, pecuária e abastecimento (MAPA).

Composição do produto e prazo de validade

Produtos sem rótulo, sem garantia de qualidade

Armazenamento • O armazenamento dos suplementos alimentares (ração, farelo, milho, sal, etc) deve ser apropriado de modo a evitar a deterioração dos produtos, bem como reduzir as possibilidades de contaminação.

Armazenamento incorreto

Alimento bem armazenado e protegido

• O local deve ser coberto, seco, ventilado e protegido de umidade e do contato com animais. • Manter a sacaria sobre estrados e afastadas da parede a uma distância que possibilite limpeza. • Proteger as aberturas existentes para evitar a entrada de pássaros e outros animais no interior do depósito. Proteger contra umidade proveniente das paredes, portas, janelas e telhado.

Contaminação do bagaço de cana

Umidade em paiol de milho

• Manter o local limpo e organizado. • Os gatos devem permanecer do lado de fora da instalação. • Não deixar fertilizantes ou pesticidas nesses locais evitando contaminações acidentais.

Risco de contaminação dos alimentos por defensivos agrícolas

• Certifique-se de que todos os alimentos ensacados estão devidamente identificados com nome, categoria animal e data de vencimento. • Primeiro produto a chegar deve ser o primeiro a sair. • Manter os alimentos protegidos de umidade, roedores e outras pragas. Equipamentos • Realizar uma limpeza nos equipamentos de transporte (vagão forrageiro, carroça, carreta, carriola, etc) antes de cada carregamento. Utilizar vassoura ou água quando necessário. Atenção especial quando utilizar o mesmo veículo para transportar esterco.

Equipamento limpo após o uso

Distribuição de alimento volumoso

• Manter o triturador e o misturador de ração sempre limpos e protegidos. Qualidade da água •

Fazer o monitoramento da água de descedentação dos animais com alguma periodicidade (dois em dois anos). Mandar uma amostra para análise em laboratório. O resultado deve ser avaliado por um técnico.

Manejo da dieta • Realizar uma limpeza do cocho retirando restos de alimentos, pois estes alimentos estão sujeitos a fermentação e deterioração, podendo contaminar o alimento fresco que será fornecido. • Verificar o estado de conservação da ração antes de fornecer aos animais, observando alterações como mudança de cor, odor, esfacelamento, grumos, compactação e mofo. Descartar produtos com essas características.

Silagem estragada deve ser descartada

Volumoso de boa qualidade

• Realizar a adaptação dos animais a dieta, realizando mudanças na dieta de forma gradual para que sejam evitadas desordens digestivas. • Fornecer dieta balanceada adequadas a cada categoria animal. Procurar sempre a assistência de um profissional para consultoria nas formulações. • Alimentar separadamente as fêmeas adultas, pois, estas possuem necessidades diferentes. Isso evita, dominância, contribuindo para melhorar o consumo de alimento. • É recomendável durante a fase de cria o uso do creep feeding (fornecimento de alimento em comedouro seletivo para cordeiros até o desmame). O sistema de creep feeding possibilita: • Desmame precoce reduzindo a idade de abate. • Rápida recuperação das ovelhas. • Diminuição da contaminação dos cordeiros com parasitos provenientes das ovelhas. • Transferência dos cordeiros para outros sistemas de terminação de carcaça.

Comedouro seletivo para cordeiros até o desmame

Desmame precoce

Suplementação mineral • A suplementação mineral adequada é essencial para manutenção das funções fisiológicas dos ovinos, caso contrário o animal não se desenvolverá. • O cocho de suplemento mineral deve ficar sempre próximo ao bebedouro. Dar preferência a cochos cobertos. • Usar sal mineral específico para ovinos. Não fornecer sal mineral de bovinos, a quantidade de cobre existente neste tipo de sal é tóxica para ovinos.

SANIDADE Trata da prevenção e controle de doenças no rebanho. Os ovinos são sensíveis a várias doenças, é preciso um conjunto de ações no combate efetivo.

Recomendações gerais Com a orientação de um médico veterinário estabelecer um calendário de vacinação respeitando o estado fisiológico do animal, a legislação vigente e a ocorrência de enfermidades na região. • • • •

Elaborar um programa sanitário específico para a propriedade. Treinar os funcionários para reconhecerem as enfermidades de maior ocorrência. Realizar inspeções diárias no rebanho com vistas à detecção precoce de enfermidades. Registrar o tratamento conduzido em planilha própria, anotando número do animal, tratamento, motivo, data.

A vacinação deve seguir a recomendação oficial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e/ou de acordo com a necessidade. Atualmente a vacina de raiva é obrigatória somente em regiões endêmicas. • • • •

O trânsito de animais deve ser acompanhado da Guia de Transito Animal (GTA). Comunicar a ocorrência de surtos ou suspeita de doenças transmissíveis ao órgão competente. Tratar e cuidar dos ferimentos, pois constituem via de entrada para microorganismos. Registrar e manter atualizados os registros de controle sanitário.

Eliminar possíveis focos infecciosos na propriedade, como: animais doentes (isolamento), carcaças de animais, restos de aborto ou de intervenções médicas (seringas e agulhas, frascos vazios de remédio, etc). Quarentena • Todo animal recém adquirido deve passar por um período de quarentena (isolamento), antes de ser introduzido no rebanho. • Reservar um piquete isolado do criatório (aproximadamente 100 metros). • Observar durante alguns dias se não apresenta sinais de doenças. • Nesse período, fazer vermifugação, vacinação e pedilúvio dos recém-chegados. Isolamento de animais doentes • Reservar um local na propriedade de fácil acesso destinado a isolar animais doentes do rebanho, para observação e eventuais tratamentos. • No caso de suspeita de doença contagiosa, manter separado até o diagnóstico.

Limpeza e desinfecção das instalações de criação • Para a limpeza pode-se varrer ou raspar as fezes diariamente. Caso a opção seja pelo uso de cama (maravalha, bagaço de cana, etc) a freqüência é menor, porém deve-se tomar o cuidado de evitar o excesso de umidade.

Funcionário removendo o esterco

Excesso de umidade no abrigo

• O local para armazenamento do esterco deve ficar cercado e afastado no mínimo 50 metros da criação e 200 metros de residências. O esterco deve “curtir” por 30 dias antes de ser lançado nas pastagens, evitando à contaminação por vermes e plantas daninhas. • Eliminar qualquer ponto de contaminação, como, por exemplo, locais úmidos. • Não deixar entulho, sacos plásticos, embalagens vazias e outros resíduos espalhados.

Lixo e entulho espalhados pela propriedade

• Limpar os cochos e lavar diariamente os bebedouros, mantendo livre de algas (Lodo), posicionado de forma que impeça os animais de defecarem ou urinarem dentro.

Bebedouro sujo: diminuição da ingestão de água

Limpeza diária dos bebedouros

• Realizar uma desinfecção nas instalações no mínimo a cada 30 dias com varredura de cal (pó) ou com outros produtos encontrados no mercado para essa finalidade, e quando possível, usar lança-chamas.

• Nunca deixar poças d’água, formadas nas pastagens. Pequenos reservatórios de água contaminada são veículos de doenças.

Cocho sujo com água parada da chuva

Produtos veterinários O uso de produtos veterinários na criação de ovinos visa o controle e a proteção do rebanho contra diversas doenças, podendo reduzir drasticamente mortalidade de recém nascidos e aparecimento de doenças. Recomendações gerais • Adquirir somente produtos aprovados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. • Verificar o prazo de validade e se o frasco do produto não foi violado. Nunca utilizar produtos com o prazo de validade vencido. • Seguir sempre as orientações do médico veterinário e ler atentamente as instruções do rótulo e da bula dos produtos. • Manter um registro dos produtos veterinários utilizados, com informações sobre o nome do produto, a quantidade utilizada (dose), a doença, a data de administração, os animais tratados e o período de carência do produto, quando houver. • Não misturar produtos, essa prática pode causar reações no animal além de ineficiência do produto. Aplicar em local correto.

Subcutânea no pescoço

Subcutânea

Intramuscular no pescoço

Intramuscular na anca

Administração via oral

Administração via oral

Intramuscular no pescoço

Intramuscular na anca

Administração via oral

Administração via oral

Vacinas • • •

Transportar as vacinas em caixas isotérmicas ou de isopor com gelo e bem vedadas. A temperatura deve variar entre 2 e 8ºC, nunca congelar. Não guarde restos de vacinas. A introdução da agulha para retirada da vacina causa contaminação do o que pode inativar o produto ou ainda causar abscessos nos animais. Não vacinar animais doentes ou debilitados.

Medicamentos

• • •

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Devem ser utilizados com critério e responsabilidade. Dosagens acima do recomendado podem causar intoxicações e subdosagens podem causar resistência ao produto reduzindo a sua eficácia. Produtos como antimicrobianos e antiparasitários requerem atenção especial quanto ao período de carência. Seguir as orientações dos produtos e verificar o período de carência na bula. Usar apenas produtos indicados para ovinos. Armazenar os medicamentos corretamente, em local fechado, limpo, protegido dos raios solares e da umidade.

Farmácia na propriedade

Armário para armazenamento de medicamentos

Equipamento de aplicação • •

Esterilizar todo o material (seringa, agulhas, dosador, etc) com água fervendo, sem o uso de desinfetantes que podem inativar o produto. Substituir agulhas e outros componentes quando estiverem danificados.

Modelo de serigna

Material sem condições de uso

Cuidados com o recém nascido • Identificar através de brinco, marcação na lã ou tatuagem ao nascimento, permitindo melhor controle do rebanho. • Realizar o corte e desinfecção do cordão umbilical com solução de iodo a 10%. • Garantir que mamem o colostro. É indispensável a administração nas primeiras 8 horas de vida. • Quando da amamentação artificial, lavar a mamadeira com escova, água e sabão após cada mamada.

• Para fêmeas e machos de raças lanadas destinados à reprodução, o corte do rabo (descola ou caudectomia) deve ser feito até 20 dias do nascimento. Para cordeiros destinados a produção de carne não há necessidade da caudectomia. • Caso a mãe morar ou não cuide de seus cordeiros, retirar o mecônio aderido ao ânus para que não obstrua a saída das fezes (usar água para amolecer as fezes aderidas). • Não deixar recém nascido presos sem as mães durante o dia, por longo período, isso poderá atrasar o crescimento e causar diarréias devido à grande quantidade de leite ingerido no período em que tiver o próximo contato com a mãe. • Proteger as crias de locais úmidos ou com excesso de vento durante a noite, principalmente quando da criação em piso ripado. Banco de colostro • Manter um banco de colostro para crias que perderam suas mães. Ordenhar as ovelhas que produzem grande quantidade de colostro, congelar em pequenas porções, não mais que 500ml, podendo ser em frascos ou sacos plásticos.

Ingestão de colostro: primeiras 8 horas de vida

• Um cordeiro mama 10% de seu peso vivo nas primeiras 24 horas após o nascimento, sempre em pequenas quantidades, portanto no caso da morte da mãe, ou da necessidade de retirada de um ou mais cordeiros de mães fracas ou prolíficas, o colostro deverá ser dado em pequenas quantidades, em cinco mamadas no primeiro dia de vida, em volume não superior a 150ml por mamada, aumentando gradativamente a quantidade nos dias subsequentes. Sempre é interessante manter um estoque de colostro de vaca (livre de tuberculose e brucelose) ou cabra, devido a dificuldade de ordenhar as ovelhas, o que muitas vezes impossibilita a manutenção de colostro da mesma espécie. Nunca ferver o colostro, apenas descongela-lo e mante-lo aquecido à temperatura de 38°C.

Aleitamento artificial

Prevenção e controle de doenças Verminose • Realizar exames de fezes periódicos (tipo OPG) em 10% dos animais de cada categoria (exemplo: 10% de fêmeas paridas, 10% de fêmeas solteiras, etc). • Adotar o sistema de vermifugação estratégica, que consiste no controle pela aplicação do vermífugo somente em determinadas categorias (matrizes no terço final da gestação, logo após o parto e nas matrizes e cria no desmame) e nos animais que apresentem sintomas de verminose (mucosa rosa-pálida, pálida ou branca), diarréia, magreza, pelos sem brilho e eriçados, ou lã solta. • Independente do sistema de manejo, vermifugar os animais na primeira semana pós-parto, estratégia fundamental para combate às larvas de vermes altamente sugadores, como o Haemonchus contortus (principal inimigo dos ovinos), que durante a gestação entram em estágio de latência, conhecido por hipobiose, graças aos hormônios produzidos pela placenta. • Após o parto eles retornam desse estado de dormência e voltam a sugar e, se não controlados, causam anemia profunda, diminuição drástica na produção de leite, e morte da ovelha, e muitas vezes morte de sua cria ou descarte por subdesenvolvimento.

Vermifugação estratégica

Avaliação da mucosa ocular

• Em rebanhos confinados ou semi-confinados, uma dupla vermifugação, com intervalo de 21 dias, pode reduzir drasticamente a população de parasitas. Para tanto recomenda-se o uso de princípios ativos como ivermectina, closantel ou levamizole por volta do quinto dia pós-parto, para o combate principalmente dos vermes redondos, como o Haemonchus, repetindo 21 dias depois com albendazole, potente no combate tanto desses vermes quanto da Moniezia, a principal tênia dos pequenos ruminantes. Obviamente, a escolha do produto depende da resistência do rebanho a um ou outro princípio ativo, avaliado através da OPG e do controle de tonalidade de mucosas do rebanho, e de seu estado geral. • Descartar animais que apresentam, com freqüência, sintomatologia de verminose: anemia, edema submandibular (papeira), e caquexia. • Evitar pastos em baixadas e terrenos alagadiços. • Nunca deixar poças d’água formadas nas pastagens. Pequenos reservatórios de água contaminada são veículos de doenças. Cercar as cacimbas. • Quando possível, utilizar o pastejo rotacionado com bovinos ou eqüinos que ingerem as larvas dos vermes na pastagem, auxiliando no controle biológico dos endoparasitas. • Trocar o princípio ativo do vermífugo somente quando este não estiver mais dando resultado.

Linfadenite caseosa (mal do caroço) • A contaminação se dá pelo contato com pus de animais doentes, alimento, água ou instalações contaminados. O abscesso deve ser drenado após a queda dos pêlos, em local afastado do rebanho. Após proteger o local com folhas de jornal ou papel, pressionar o abscesso com o uso de luva e limpar internamente com algodão enrolado em uma pinça. Lavar em seguida com bastante água e sabão, e secar com algodão, promovendo a entrada de água no orifício, sob pressão, para que saia todo o conteúdo. Aplicar solução de iodo a 10% internamente, durante três dias, com higiene pré\via para retirada do material que drena diariamente do corte. . Queimar e enterrar o jornal/papel com o material purulento. Lavar bem e desinfetar os instrumentos utilizados com álcool iodado e continuar o curativo diariamente, com pomadas cicatrizantes ou sprays com antibiótico, usando repelentes exclusivamente na pele, nunca dentro da ferida, pois atrasa a cicatrização. Clostridioses • A prevenção é feita com a vacinação dos animais a partir dos 30 dias de vida, com vacina específica para ovinos. Os animais vacinados pela primeira vez receberão uma dose reforço quatro semanas após a primeira dose. Revacinar todo o rebanho anualmente. Vacinar as matrizes entre 4 a 6 semanas antes da parição e os cordeiros 15 dias antes do desmame com reforço 15 dias após o desmame. • O Clostridium perfringens, causador da enterotoxemia, prolifera e elimina toxinas no intestino delgado mediante situações de stress como o desmame, longas viagens sem condições adequadas de alimentação ou fornecimento de água, além da mudança brusca de alimentação ou até da marca de concentrado. Portanto, toda e qualquer mudança deve ser feita de maneira gradual, e nunca permitir que os animais passem fome ou sede, ou mesmo mudança de pastagem seca para alimento abundante ou forragens conservadas, sem uma adaptação prévia, lenta e gradual, durante pelo menos uma semana. Ceratoconjuntivite infecciosa • A vacinação deve ser conduzida em animais acima de 4 meses e o reforço com 20 a 30 dias. Revacinar anualmente. A prevenção consiste no controle de moscas, diminuição da poeira em estábulos, isolamento e tratamento de animais doentes, sombreamento, evitando ambientes excessivamente fechados e pastos altos. Vacinar apenas em propriedades com alta incidência anual. Coccidiose (Eimeriose) • Enfermidade comum em sistemas intensivos pode causar diarréia por volta dos dois meses de idade, perda de peso, crescimento retardado e morte. Falta de higiene, água contaminada com fezes, ambiente úmido e superlotação predispõe ao aparecimento da doença. A prevenção se faz através de vassoura de fogo, ou seja, de lança chama, que deverá ser passado em toda a instalação, do piso ao teto, cochos, bebedouros, dentro e fora das baias e do curral de manejo, previamente a estação de parição, e quantas vezes for necessário durante o ano. O fogo mata as eimerias que estão esporuladas no ar e em todos os cantos das instalações. Como medida complementar, isolar e tratar os animais doentes com coccidiostáticos, mantendo as crias separadas dos adultos, fazendo a limpeza diária das instalações, direcionando as fezes para esterqueiras longe das instalações e pasto, e evitando a umidade.

Ectima contagioso • Conhecida como boqueira, acomete principalmente animais jovens, em um ciclo de 20 dias. Bastante doloroso, as feridas impedem os cordeiros de se amamentarem corretamente. O controle se faz identificando e isolando os animais doentes precocemente. O tratamento pode ser feito com iodo glicerinado, procurando arrancar as crostas das feridas com mão enluvada, passando em seguida o iodo. As crostas devem ser enterradas profundamente e queimadas, pois estão repletas do vírus e podem contaminar animais sadios em anos subseqüentes, se ficarem aderidas em cantos da baia, principalmente no período do inverno. A vacina é aplicada por escarificação na parte interna da cocha dos cordeiros, antes do desmame. Pododermatite (podridão dos cascos, foot-rot) • É mais freqüente no período chuvoso devido à umidade excessiva no solo. A prevenção consiste no casqueamento (apara dos cascos), revisão periódica dos cascos dos animais e uso de pedilúvio. Passar todo o rebanho 1 vez ao mês no pedilúvio, no início da época de chuvas. Recomenda-se solução de Sulfato de Zinco (10%). A utilização de sulfato de cobre na solução tem limitações de uso devido à suscetibilidade dos animais para intoxicação com este elemento e a de formol devido a contaminação ambiental e acidentes de trabalho. Pastos em baixadas úmidas favorecem o aparecimento. Isolar os animais afetados para evitar contaminação dos sadios, sadios, casquea-los e trata-los com antibióticos de amplo espectro e, em casos graves, com perda das unhas e sofrimento do animal, sacrifício e descarte.

Pododermatite ou Podridão do s cascos

Limpeza e tratamento de casco

Calculo renal ou Urolitiase • Causado pelo desequilíbrio cálcio/fósforo da dieta. Embora acometa tanto machos quanto fêmeas, nos machos a uretra peniana é estreita e termina no apêndice vermiforme, extremamente delgado, que não permite a eliminação das centenas de cálculos que passam da bexiga para o pênis. O animal não consegue urinar, manifesta dor, em sifose, arqueando o dorso, e finalmente explode a bexiga por retenção total da urina. Como preventivo, deve ser mantida a proporção de 2 ou 1,5 de cácio e 1,0 de fósforo (2 Ca: 1 P) na dieta, principalmente de borregos em confinamento e de reprodutores. Febre Aftosa • É proibida a vacinação de ovinos contra a febre aftosa conforme normas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Raiva • Seguir as exigências de acordo com o programa nacional de controle da raiva dos herbívoros (PNCRH). A vacina deve ser utilizada em animais a partir dos quatro meses de idade e repetida anualmente em áreas endêmicas e onde houver a presença de morcegos hematófagos. Toxemia da gestação • Acomete fêmeas nutridas com dieta pobre em carbohidratos, caracterizado como a "Toxemia da fêmea magra", podendo também ocorrer em fêmeas alimentadas com dieta excessivamente rica em carbohidratos, denominado de "Toxemia da fêmea gorda". Em geral, acomete ovelhas prolíficas, com 2 ou mais fetos. • Fêmeas gordas apresentam edema dos boletos, que tende a se agravar quando de total confinamento, impossibilitando o animal de caminhar ou se alimentar no cocho; em fêmeas magras: magreza nítida, vazio do flanco excessivamente fundo, acentuado volume do abdômen; em ambas, perda da acuidade visual (aparente cegueira por bater em obstáculos), devido ao quadro toxêmico; andar cadenciado; posição de “mirar as estrelas”; degeneração gordurosa do fígado (esteatose hepática); lentamente diminui e finalmente cessa a ingestão de alimentos; hipotermia (desce de 38.5°C a 35°C); prostração e morte. • Por ser de um dos maiores problemas de rebanhos confinados, onde a dieta é exclusivamente silagem de milho e concentrados altamente energéticos, bem como de animais pouco ou mal alimentados nos períodos de carência de pastagens, deverão ser observadas como medidas de prevenção:dieta adequadamente balanceada em proteína e energia no terço final da gestação, segundo o grau de produção leiteira, porte e categoria animal; não utilizar a silagem como fonte única de volumoso na alimentação do rebanho, nem soja extrusada na formulação do concentrado; suplementação com melaço ou milho, adicionados aos volumosos, quando de dieta pobre em energia, ou volumosos de má qualidade. • O tratamento por muitas vezes é iniciado tardiamente, e os animais vem a óbito. Recomenda-se o uso de glicerol ou propilenoglicol como fonte energética, além de indução do parto e cesariana para retirada dos fetos e preservação da matriz.

Mastite ou mamite •

Inflamação da glândula mamária, provocada, freqüentemente, por bactéria do gênero Staphylococcus, muito contagiosa e patogênica. Existe uma vacina indicada para bovinos contra mastite estafilocócica, que pode ser utilizada em ovinos (3mL), com reforço após 30 dias. Como prevenção, recomenda-se não adquirir animais com peitos perdidos ou histórico de mastite. Verificar a saúde da glândula mamária no dia do parto, observando a consistência do úbere, que não deverá ser dura, e o colostro: se há produção, se o colostro está mais engrossado do que o normal ou mais ralo do que o normal, com grumos, ou presença de sangue, que podem ser sintomas indicativos de mastite. Ao ser detectada a doença, o animal deverá ser conveniente e imediatamente tratado, e o(s) cordeiro(s) amamentado(s) artificialmente com leite de vaca integral, caso seja necessário, para evitar prejuízo ainda maior, como a morte do(s) cordeiro(s). O exame CMT que detecta mastite subclínica em vacas pode ser utilizado nas ovelhas como forma de diagnosticar as portadoras de mastite subclínica no rebanho, visando o seu descarte. Animais que apresentem mastite clínica devem, de preferência, ficar separados do resto do rebanho, e, após o desmame, serem descartados.

REPRODUÇÃO Refere-se às ações de manejo voltadas a melhoria dos índices reprodutivos, aumento da fertilidade geral do rebanho e manutenção de animais geneticamente superior. • Manter no rebanho, apenas fêmeas boas parideiras, de boa habilidade materna, animais férteis, precoces sexualmente e com alta velocidade de ganho de peso. As borregas saudáveis devem ser mantidas para substituir as ovelhas velhas, descartes e aquelas que morrerem. As fêmeas devem entrar em reprodução quando atingirem 70% do peso adulto médio do rebanho. Uma boa taxa de reposição é de 20% do número de matrizes do plantel, isto é, manter no rebanho ao menos 20% das borregas. • Dois meses antes da monta, realizar a seleção do lote que entrará em monta, bem como identificar e suplementar as ovelhas que estiverem com condição corporal baixa (magras).

Suplementação de fêmeas antes do período de monta

Ótima habilidade materna

Manejo do reprodutor • Naturalmente, os animais destinados à reprodução devem ser bem selecionados, pois deles vai depender o melhoramento do rebanho e o seu valor econômico. • Adquirir reprodutores de genética apurada, que sejam superiores ao rebanho atual. Se um reprodutor de genética comprovada imprimir ao rebanho 20g a mais de ganho de peso por dia, com 600 cordeiros gerados em 6 anos de vida reprodutiva o acréscimo seria de 1440 kg de carne. Outra vantagem seria a redução da idade de abate.

Seleção de jovens reprodutores

• Atenção especial aos reprodutores, pois é na época que antecede a monta (30 a 60 dias antes do início do encarneiramento) que deve se iniciar a suplementação visando à melhoria da qualidade do sêmen, ou seja, o flushing alimentar.. • Um bom reprodutor deve apresentar habilidade para a monta, libido e resistência ao clima da região.

• Realizar uma avaliação dos reprodutores 60 dias antes da estação de monta. Avaliar os testículos, providenciar exame andrológico, OPG e verificar a presença de miíase (bicheira). Fazer o casqueamento e promover uma suplementação alimentar quando não estiver em boa condição corporal. O exame andrológico torna-se um critério fundamental na avaliação do macho, já que um reprodutor subfértil ou infértil diminui os índices de fertilidade do rebanho, trazendo prejuízos irreparáveis na estação de monta, além de muitas vezes transmitir essas características indesejadas a sua progênie. • Alimentos ricos em fósforo podem levar ao aparecimento de cálculos urinários nos reprodutores, portanto é fundamental balancear a dieta na proporção de 1,5 a 2,0 de Cálcio: 1 de Fósforo. • Colocar um colete marcador ou pintar o peito dos rufiões ou reprodutor, com uma mistura de pó xadrez e graxa, trocando a cor a cada 14 dias. Com isso, aquelas fêmeas de ciclo mais curto que os 17 dias característicos da espécie, e que acasaladas ou inseminadas não emprenhem, possam ser identificadas e novamente acasaladas. O colete marcador é um cinto de couro com giz, apropriado para ovinos.

Suplementação de reprodutores

Tinta no peito para identificação de fêmeas cobertas

Estação de Monta • A estação de monta consiste em deixar o reprodutor acasalar as fêmeas por um determinado período de tempo do ano. O período ideal para fixar a estação de monta deve ser estratégico, por exemplo, as épocas de maior demanda por carne de ovinos que tanto aqui, quanto em boa parte dos países consumidores de carne ovina, ocorre na Páscoa e festas de final de ano. • Na região sudeste, fêmeas deslanadas apresentam cio o ano todo, desde que adequadamente suplementadas durante o inverno, estação de baixa disponibilidade de pastagens. É importante estabelecer uma estação de monta, assim terá lotes maiores e mais homogêneos para venda, concentrando as atividades da propriedade em determinadas épocas, otimizando a mão de obra.

Lote de matrizes em monta

• Todo o calendário zoosanitário depende do período de estação de monta. Assim é preciso definir início e fim do período de acasalamento.

• O período ideal é de 45 a 60 dias de estação de monta, para formar lotes mais homogêneos de cordeiros e para direcionar mão de obra qualificada para acompanhamento dos partos e manejo dos recém nascidos em períodos específicos do ano. • O manejo da estação de monta começa na identificação e preparação dos animais aptos a reprodução, conforme visto acima. • Saber quando as ovelhas foram cobertas e quantas coberturas foram necessárias para gerar uma prenhez são fundamentais para antecipar os descartes e planejar os nascimentos, evitando a mortalidade neonatal. Todo o calendário de manejo depende de quando as ovelhas são acasaladas.

Identificação de cio com tinta

• As fêmeas ovinas apresentam estro (cio) a cada 17 dias em média. A introdução de rufiões no plantel, na proporção de 1:35 fêmeas, 20 dias antes do início do encarneiramento com os reprodutores, antecipa o aparecimento do cio em animais estacionais, (que demonstram cio em uma época específica do ano, ou seja, final de verão, outono e início do inverno). O efeito é mais intenso quando as ovelhas estiverem afastadas dos machos por no mínimo duas semanas (sem contato, físico, auditivo, olfativo e visual). Daí para frente os estros se manifestam em cadeia, devido à interação macho-fêmea / fêmea-fêmea em estro / fêmea-macho, que estimula a libido e ovulações e acasalamentos férteis.

Fêmea no cio

Cobertura noturna

• Em média a relação macho:fêmea adulta é de um reprodutor para 35 a 50 fêmeas. No caso de borregas, reduzir a taxa para 25 a 30 borregas/ macho. O ideal é formar um lote só de borregas, para não haver competição com as adultas. • Os ovinos devem ser separados por sexo no máximo aos cinco meses de idade, antes da puberdade. Os machos podem iniciar a vida reprodutiva aos 12 meses, cobrindo um número menor de matrizes (30 ovelhas/ reprodutor jovem).

Gestação • O período de gestação de uma fêmea ovina é de 150 dias em média. O diagnóstico de gestação pode ser feito por ultra-sonografia, pelo desaparecimento dos cios e, no final da gestação, pelo enchimento do úbere e movimentação do feto. • O objetivo do diagnóstico precoce de gestação, através da ultra-sonografia, é identificar as ovelhas vazias com a intenção de separá-las para engorda e descarte, otimizando as pastagens e instalações e reduzindo custos com alimentação. • Nas fêmeas lanadas, realizar o cascarreio (corte da lã dos olhos, ao redor da vulva e períneo, e do úbere, 15 dias antes do parto).

Apartação de ovelhas gestantes

Piquete para separação de fêmeas gestantes

• Separar as gestantes das outras fêmeas no terço final de gestação, isto é, 50 dias antes do parto. O piquete-maternidade deve ser uma área pequena, próxima das instalações e às vistas do tratador. Apresentar pastos limpos, livre de plantas tóxicas ou espinhentas, rebaixados, sombreados e de boa qualidade. Possuir cochos para sal mineral e água limpa (limpeza diária). • Evitar longas caminhadas, transportes rodoviários e correrias desnecessárias. • As principais causas de abortamento são: • Mecânicas: pancadas, golpes, pedradas, correrias e choques. • Nutritivas: má alimentação, fome, ração deficiente e insuficiente. • Patológicas: febre, infecções e brucelose. • Intoxicações: ingestão de plantas tóxicas abortivas.

Parição • Os principais sinais que a ovelha demonstra quando vai parir são: cauda e as ancas afundadas, úbere brilhante, respiração difícil, olhar assustado, inquietude, raspam o chão como procurando um lugar tranqüilo para parir,, bali muito e fica mais dócil com o tratador. O parto é mais freqüente no período da manhã, principalmente no final da madrugada, porém pode ocorre a qualquer hora. • Acompanhar o parto de longe e só intervir, quando decorrida uma hora de contrações e nenhum feto tenha nascido. A fase de expulsão dura de 1 a 2 horas com intervalo de 30 minutos entre cordeiros. • Atenção para o possível nascimento do segundo, ou ainda um terceiro filhote, visto que a matriz estará ocupada em limpar o primeiro, não dispensando atenção necessária aos últimos, que poderão morrer asfixiados pelas membranas fetais. Evitar excesso de contato com o cordeiro, fazendo exclusivamente o necessário para salva-lo, do contrário a mãe poderá rejeitá-lo, por



• • •

apresentar um odor estranho àquele dos líquidos fetais, que fazem com que ela o reconheça como seu filho. Em um parto normal a(s) placenta(s) é(são) eliminada dentro de duas horas. Caso não ocorra até 4 horas após parto, será considerada placenta retida. Chamar o médico veterinário. Nunca tracioná-la, pois poderá ocorrer hemorragia e dificuldade de regeneração do útero. Nunca aplicar ocitocina comercial sem ter certeza de que não existem outros fetos que ainda não foram expulsos. Eles podem ser demasiadamente grandes ou estarem em posição que impede sua passagem pela cervix, como flexão de membros e pescoço. A ocitocina forçará contrações uterinas que podem resultar em seu rompimento, hemorragia e morte da mãe e fetos. Após um parto normal, a simples mamada estimula a liberação orgânica de ocitocina, que resulta na ejeção do colostro e em suaves contrações do útero, que resultam na eliminação natural da placenta. Como prática de manejo, adote como medida preventiva a ordenha pós-parto de ovelhas que tenham tido partos demorados ou cujo feto tenha morrido após o parto. Manter as matrizes de 15 a 30 dias pós-parto no piquete-maternidade, quando as crias já poderão acompanhar a matriz em outros pastos. Pesar as crias ao nascimento, ao desmame e ao abate. Acompanhar desempenho individual e de lote, ganho de peso diário e rendimento de carcaça.

Modelo de balança

Pesagem dos animais

MELHORAMENTO GENÉTICO Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o melhoramento genético pode e deve ser feito também nos rebanhos comerciais, e não apenas nos de elite. O fato do ciclo de produção ovina ser rápido em comparação a outras espécies, como bovinos, por exemplo, permite que o produtor perceba em poucas gerações os ganhos com a seleção. O objetivo principal de um programa de seleção é reproduzir os melhores animais e descartar os menos produtivos, de forma a melhorar o nível geral do rebanho. Este procedimento é importante para aumentar os índices produtivos do rebanho, e deve ser conduzido de duas formas. Por um lado, um processo de melhoramento genético do rebanho e por outro, um processo de eliminação. A ênfase da seleção deve ser colocada nos animais jovens que serão incorporados ao rebanho, além do monitoramento para eliminar aqueles animais que apresentam problemas que afetam sua produção.

A prática mais utilizada é a de selecionar os animais pelo seu desempenho (ganho de peso, eficiência reprodutiva, entre outros) e então, anualmente, descartar aqueles que apresentam defeitos marcados na sua produção. Portanto, a meta do criador deve ser selecionar aqueles animais mais eficientes e assim, gradualmente, desaparecem os menos produtivos. Para se produzirem cordeiros carneiros e ovelhas que sejam aquisição de reprodutores de produção e que possuam consangüinidade).

cada vez melhores que as gerações anteriores, deve-se introduzir geneticamente superiores que os de seu rebanho. Recomenda-se a criadores que selecionam seus animais com base em dados de linhagens diferentes, de forma a evitar a endogamia (ou

Seleção genética para ganho de peso

Habilidade materna e eficiência reprodutiva

Programa de seleção O primeiro passo para se implantar um programa de seleção na propriedade é estabelecer os objetivos a serem alcançados. Estes objetivos, e consequentemente os critérios adotados para atingi-los, podem variar de acordo com as dificuldades encontradas em cada propriedade, com a finalidade da criação (carne, lã, pele, leite...) e com várias características específicas de cada sistema de produção e manejo.

Objetivo de seleção: produção de cordeiros para corte

Podemos citar o exemplo de duas propriedades que criem cordeiros para abate, uma mantendo os animais confinados, e a outra a pasto. Com certeza as necessidades relativas a resistência a verminoses e problemas de cascos serão diferentes de uma para a outra. Por outro lado, algumas características são indesejáveis em qualquer sistema por acarretar prejuízos sérios ou desvalorizar os animais. As principais, cujos animais portadores devem ser descartados de forma a tentar eliminar o problema da propriedade, estão citadas abaixo:

• Tetos perdidos: ovelhas de tetos perdidos desmamam cordeiros mais leves por produzir menos leite, disseminam o problema para outros animais e ainda podem criar a necessidade de aleitamento artificial de seus cordeiros com mamadeira. • Prognatismo/Retrognatismo: são os casos de “queixo comprido” ou “queixo curto”. Os animais com estas características acentuadas podem ter a apreensão do alimento prejudicada. É um problema genético e altamente herdável, portanto não se deve utilizar reprodutores prognatas ou retrognatas.

Animal prognata

Animal retrognata (boca aberta)

Animal retrognata (boca fechada)

• Anormalidades dos testículos: carneiros com testículos pequenos devem ser descartados por apresentarem menor libido, pior qualidade de sêmen e possuírem assim menor capacidade reprodutiva; além disso, pode se tratar de um grave problema genético, a hipoplasia testicular, que será transmitido às suas filhas e filhos, que serão subférteis ou estéreis. Quando uma assimetria testicular for decorrente de traumatismo, que resultou em orquite e degeneração da gônada afetada, o animal deverá ser avaliado através de espermiograma para avaliar sua real possibilidade de voltar a ser utilizado como reprodutor.

            Carneiro de perímetro escrotal pequeno  •

Infertilidade: ovelhas que não emprenham mesmo estando submetidas a manejo adequado, e acasaladas com machos comprovadamente férteis, devem ser descartadas. A função de uma ovelha na criação é emprenhar e desmamar cordeiros fortes. 

• Sensibilidade excessiva a doenças: animais mais sensíveis que o resto do rebanho às condições em que vivem devem ser eliminados por causarem mais prejuízos que benefícios. Um exemplo claro seria a resistência natural à verminose de alguns animais, e a fragilidade de outros. É importante lembrar que para identificar animais mais fracos, as condições sanitárias e nutricionais devem ser adequadas, a fim de evitar o risco de descartar bons animais por erros de manejo. • Defeitos de aprumos: qualquer animal com problemas de aprumos que prejudiquem sua função devem ser descartados. Um carneiro com conformação que impeça ou dificulte a monta não serve para nada além de dar prejuízo ao seu proprietário, assim como ovelhas com dificuldades para buscar alimento ou suportar o peso extra durante a gestação.

Carneiro com defeito grave de aprumo

De forma geral, para a produção eficiente de cordeiros para abate dois aspectos devem receber atenção na seleção dos animais: o ganho de peso/conformação frigorífica e a reprodução. É com base no primeiro que o produtor será remunerado, mas é o segundo que regula a disponibilidade do produto final (o cordeiro). O que se espera das fêmeas a serem mantidas no rebanho é que sejam de manutenção barata (boa saúde, resistentes a doenças), que emprenhem facilmente (que não fiquem vazias após expostas ao macho), que sejam prolíficas (produzam preferencialmente gêmeos) e criem bem seus cordeiros (que sejam boas mães, produzam leite em quantidade apropriada e desmamem cordeiros pesados). Dos reprodutores, espera-se que produzam cordeiros de boa conformação (compridos, profundos e de posterior e musculatura desenvolvidos) e rápido desenvolvimento e ganho de peso. Caso o reprodutor seja escolhido a partir dos cordeiros nascidos na propriedade, deve-se optar por um animal de boa conformação, de bom ganho de peso e filho de um carneiro que efetivamente transmita um bom ganho de peso a sua progênie, e uma boa ovelha, de excelente habilidade materna (afinal, parte de suas filhas provavelmente serão utilizadas para reprodução). Algumas características e índices que podem auxiliar o produtor a encontrar os animais mais produtivos de seus rebanhos são: Características físicas ligadas à produção • Conformação geral: dar preferência a animais de boa conformação, de aprumos corretos, compridos, profundos e largos. Estas características permitem maior produção de carne, melhor aproveitamento do alimento (devido à maior capacidade digestiva), melhor desenvolvimento dos cordeiros no ventre da mãe e maior facilidade de parto. • Pesos ao nascer, ao desmame e ao abate: além das pesagens serem importantes para controlar o desenvolvimento dos animais, são importantes na seleção dos reprodutores. Deve-se descartar gradualmente as fêmeas cujos filhos não apresentam bom desempenho, e substituí-las por filhas das melhores mães. As pesagens até a desmama demonstram a habilidade da mãe. As pesagens após o desmame traduzem a capacidade do próprio animal. Características maternais • Kg de cordeiros desmamados por ovelha e por ano: cada ovelha deve desmamar, no mínimo, metade do seu peso por ano. Para raças não estacionais, isto é, que podem reproduzir durante todo o ano, este valor deve ser maior. Quanto menor o intervalo entre os partos e maior o número de cordeiros nascidos e o peso ao desmame, melhor o índice. Há criadores que conseguem,

após alguns anos de seleção e aperfeiçoamento do manejo, desmamar anualmente o peso da ovelha em cordeiros.

Ovelha com dois cordeiros pesados, ainda mamando.

• Habilidade materna e comportamento maternal: as ovelhas não devem abandonar seus cordeiros, devem ser zelosas, protegê-los e produzir leite suficiente para criá-los bem. Características reprodutivas • Perímetro escrotal: os carneiros utilizados como reprodutores devem apresentar circunferência escrotal adequada ao padrão de sua raça, libido e excelente qualidade espermática. • Fertilidade: as matrizes devem emprenhar com facilidade quando expostas aos machos e não devem apresentar abortamentos recorrentes. • Prolificidade: deve-se dar preferência às ovelhas que parem, criam e desmamam gêmeos. É importante lembrar que estas fêmeas possuem maior exigência nutricional durante o final da gestação e lactação, por serem responsáveis pelo desenvolvimento de mais de um cordeiro. Podem também ser selecionados animais com menor sensibilidade a doenças, como podridão de cascos e verminoses. Isto se faz registrando cada vez que um animal recebe o tratamento, e descartando-se os animais com maior quantidade de tratamentos ao longo da vida. Selecionar animais de temperamento mais calmo também auxilia na redução de abandono de crias e na melhora do ganho de peso. Diversos países, como a Austrália, já adotam este critério de seleção que facilita o manejo como um todo. O importante é estabelecer as características a serem selecionadas com base nas necessidades de cada produtor e com a exigência do mercado (por exemplo, cordeiros que acumulem mais ou menos gordura, maiores ou menores, etc.).

INSTALAÇÕES Refere-se à criação de condições ambientais adequadas ao sistema de produção de ovinos para o corte. As instalações devem ser de fácil limpeza e desinfecção, funcionais e seguras para os animais e os trabalhadores. Recomendações gerais • As instalações não precisam ser sofisticadas, porém devem ser feitas com base no conhecimento do comportamento dos ovinos, respeitando seus hábitos e necessidades básicas. • Aproveitar ao máximo a capacidade de adaptação das instalações às mais diversas condições. Antigos galpões de frangos, baias de suínos, estábulos leiteiros e até cocheiras de cavalos podem ser transformados em apriscos e confinamentos. • A manutenção preventiva, limpeza, desinfecção, lubrificação de tramelas, porteiras e troncos, conserto de tábuas ou mourão de porteiras quebradas, devem fazer parte da rotina da propriedade. Centro de manejo • Corresponde à instalação provida de áreas de apartação, seringa (funil de entrada no brete) e brete (corredor onde é realizado o manejo) sendo fundamental no manejo de apartação, seleção, desmame, vacinações, tratamento contra enfermidades parasitárias e infecciosas, entre outros. • Deve ser coberto, permitir a realização, com eficiência, segurança e conforto de todas as práticas necessárias ao trato dos ovinos.

Brete com laterais fechadas

Brete adaptado em curral de bovinos

• O piso pode ser de terra batida ou cimento.

Seringa e Brete desmontáveis

• Localizado em terreno elevado, firme e seco.

Corredor em curva: facilidade no manejo

Pedilúvio • Tem como finalidade a desinfecção e o controle de problemas de casco. • Dever ser construído próximo ao centro de manejo ou dentro do brete.

Pedilúvio na saída do brete

Pedilúvio dentro do brete

• O formato deve forçar o animal a permanecer ao menos 1 minuto na solução. • Profundidade de 15 cm é suficiente para cobrir o casco. • Deve haver um ralo para escoamento da solução. Cercas • Pode ser de tela, arame liso ou cerca elétrica. Devem possuir aproximadamente 1,2 a 1,4 m de altura, mourões a cada 6 metros com dois balancins a cada 2 metros. Evitar o uso de arame farpado.

Cerca de tela

Cerca de tela

• Realizar rotineiramente a manutenção das cercas, mantendo-as sempre conservada, não permitindo arame arrebentado ou bambo. • Para cercas convencionais manter sempre em estoque lascas e mancos para fazer reparos. • Providenciar o acero anual das cercas. Para cercas eletrificadas conforme a necessidade. • É importante que os corredores de acesso sejam adequados. Bebedouro • Dar preferência a bebedouros artificiais que possam ser higienizados e constantemente vistoriados, para oferecer água de boa qualidade.

Bebedouro adaptado: difícil limpeza

Bebedouro adaptado: fácil limpeza

• Localizar estrategicamente os bebedouros e dimensioná-los em função do número de animais a serem atendidos, considerando o consumo de 5 litros/ animal adulto/ dia.

Difícil limpeza

Modelo de bebedouro comercial

• Evitar o uso de açudes e cacimbas, pois a água parada é fonte de contaminação. • Os bebedouros devem ter alta vazão de água (bebedouros automáticos com bóia protegida). • Deve ficar próximo à área de descanso dos animais e da sombra, evitando estresse e gasto de energia, devido ao deslocamento e a radiação solar. • Atenção especial deve ser dada ao calçamento da área em volta do bebedouro comunitário, mantendo-se uma declividade apropriada, para facilitar o escoamento e a drenagem da água. Cochos • Dar preferência a cochos cobertos quando posicionados na pastagem, de forma a permitir a visita diária dos animais.

Galão adaptado para cocho de sal

Modelo de cocho para suplementação mineral

• Utilizar modelos que evitem a entrada dos animais nos cochos.

Modelo de cocho para ovinos

Modelo de cocho de lona

• Podem ser construídos de diferentes materiais, tais como madeira serrada, concreto pré-moldado ou tambores de plástico, cortados longitudinalmente.

Cocho adaptado para suplementação de borregas

Modelo ineficiente

Número grande de animais confinados exige um sistema mais eficiente de alimentação como, por exemplo, fornecimento da dieta direto no cocho com auxílio do vagão forrageiro ou carreta. Nesse sistema instalação deve permitir a passagem do transporte do alimento. As figuras abaixo mostram uma situação onde a dieta é fornecida pelo lado de fora da instalação e outra onde o transporte passa por dentro do confinamento.

Carreta para transporte de alimento

Fornecimento pela parte externa do barracão Dieta fornecida pelo centro do confinamento

• Os cochos para suplementação de volumosos e concentrados devem ser mais largos do que os de minerais. No caso de suplementação em pasto, é recomendável que eles sejam leves para facilitar as mudanças de locais. • Devem ter espaço suficiente para que todos os animais tenham acesso livre e sem competição.

Tabela 01. Medidas mínimas de linha de cocho. CATEGORIA

cm/animal

Animais adultos

30-40 cm

Ovelhas com cordeiros

41-50 cm

Cordeiros (creep feeding)

5,0 cm

Cordeiros confinados

23-30 cm

Fonte: Sá e Sá (2001). Aprisco Servem principalmente como área de suplementação alimentar e abrigo. O piso pode ser de cimento ou ainda terra batida. O piso ripado não é recomendável, pelo alto custo, pouca durabilidade e problemas de aprumos que acometem os animais, principalmente os jovens em crescimento. Para reduzir a umidade do local, pode ser utilizado material absorvente (maravalha, pó de serra, etc).

Cama de maravalha (pó de serra)

Instalação adaptada com tela

• Para a construção do aprisco, deve-se utilizar na medida do possível material da própria fazenda, durável e resistente como: madeiras, varas, palhas para cobertura, pedras toscas, sem maiores sofisticações, visando diminuir os custos. Tabela 02. Tamanho das áreas cobertas e descobertas (área de exercício) de um aprisco em cab/m2. Área (m2) Coberta

Descoberta

Matrizes

1,0

>2,0

Animais jovens

0,8

>1,5

Crias

0,5

>1,0

Reprodutores

3,0

>6,0

Fonte: Embrapa Caprinos

OBS: Estas mesmas medidas são recomendadas também para Centro de Manejo e Currais de Engorda. • Ë importante observar os pontos cardeais, tendo em vista a predominância de chuvas e ventos, e a redução máxima dos seus efeitos sobre os animais. • Deve ser construído em terreno elevado, bem drenado, ventilado, longe de estradas e próximo da casa do manejador.

Abrigos • Devem preferencialmente ser dispostos no sentido leste-oeste e possuir a face sul protegida dos ventos mais frios, especialmente quando destinados a cordeiros. Não podem acumular água ou lama, e precisam ser limpos freqüentemente para não se transformarem em foco de doenças.

Modelo de abrigo

Barracão adaptado como abrigo

• A área do abrigo necessita ser suficiente para todos os animais do lote. Os melhores locais para estas instalações são aqueles em que os animais se reúnem naturalmente. Cocho seletivo para cria (creep feeding) • Refere-se a um sistema de alimentação para suplementação alimentar que permite o acesso somente das crias, tendo como principal objetivo desmamar cordeiros mais pesados. Esse sistema ainda possibilita desmame precoce reduzindo a idade de abate, rápida recuperação das ovelhas, diminuição da contaminação dos cordeiros, com parasitos provenientes das ovelhas, transferência dos cordeiros para outros sistemas de alimentação, para terminação de carcaça.

Modelo de Creep Feeding

Modelo de Creep Feeding

• A área de suplementação deve estar localizada junto das áreas de descanso das ovelhas, dos bebedouros ou nas proximidades do cocho de sal, em local limpo e seguro.

Modelo de Creep Feeding

Modelo de Creep Feeding

• O comedouro deve ser instalado dentro de uma gaiola (de madeira, tela de arame, grades de ferro etc), de uma baia ou de um piquete da pastagem, provido de dispositivo de abertura com dimensões em torno de 25 a 30 cm de altura e 15 a 17 cm de largura, sendo ajustado à idade e ao tamanho dos cordeiros, de modo que somente as crias tenham acesso à ração, ou seja, a estrutura (cerca, grade, parede, etc.) na qual foi montado o dispositivo de passagem deve impedir a passagem das ovelhas.

BEM-ESTAR ANIMAL Refere-se a medidas e estratégias de manejo visando reduzir o estresse e as alterações comportamentais. Quando o animal passa por um período de estresse, a sua resistência a doenças e parasitoses é afetada, além de ocorrer atraso do crescimento, prejuízo reprodutivo, abortamento, diminuindo a produção e até mesmo morte. Aspectos nutricionais • É indispensável garantir alimentação em quantidade e qualidade adequadas para os animais. A melhor forma de se certificar que isto acontece é observar o estado geral dos animais. Eles devem estar em uma condição corporal intermediária, nem muito gordos, nem muito magros. Ambos os extremos predispões a toxemia da gestação e morte da mãe e de suas crias. • Ovelhas em lactação e no terço final da gestação, bem como carneiros em monta necessitam de nutrição reforçada.

Garantia de alimento durante o ano todo

Mãe e cria em boas condições corporais

• Obesidade não é sinal de saúde, o peso excessivo causa danos às articulações, torna mais difícil os processos reprodutivos e o parto e predispõe a toxemia da gestação, principalmente nos casos de gestação gemelar ou múltipla. Por outro lado, é obrigação não permitir que os animais passem fome, mesmo em períodos de estiagem.

• O manejo nutricional deve visar, sempre, o bem estar animal, ou seja, alimento em qualidade e quantidade de acordo com a exigência do cordeiro do nascimento ao desmame, e deste à puberdade, para que as borregas atinjam por volta dos 10 meses o peso ideal para o primeiro acasalamento, ou seja, 70% do peso adulto da raça. • No caso das matrizes mal alimentadas, gestantes de 2 ou mais fetos, igualmente poderão desenvolver um quadro de toxemia, de difícil resolução, que resultará em abortamento ou morte dela e de suas crias. Saúde • Para estarem bem, os animais precisam primeiramente estar saudáveis. Observa-se isto através da atitude e condição corporal. • Animais afastados do rebanho, apáticos, magros ou com pêlos opacos, eriçados, com queda de lã ou que estão sempre no final da fila quando o lote passa, devem ser examinados com cuidado. • O aparecimento de alguns problemas é inevitável, porém o criador deve estar atento aos primeiros sinais de doenças, para evitar prejuízos maiores e que os animais sofram desnecessariamente. O tratamento deve ser rápido e, quando necessário, a eutanásia dos animais deve ocorrer de forma rápida e indolor. • Como os ovinos são animais sensíveis e relativamente difíceis de curar após problemas mais sérios, o foco deve ser na prevenção. • Alguns dos problemas de maior impacto sobre a qualidade de vida dos ovinos, e que devem receber atenção especial são as parasitoses internas (verminoses) e externas (berne, moscas, piolhos, bicheiras, sarna etc) e os problemas de cascos. Estes fatores não devem jamais ser negligenciados, pois causam intenso sofrimento e debilitação aos animais. Imagine o que significa, para uma ovelha que precisa andar para se alimentar, ter seus cascos afetados pela podridão. Além da dor e do desconforto, o animal passa fome e sede.

Estagio avançado: tratamento tardio

Animal apresentando magreza

Instalações • As instalações devem, acima de tudo, ser funcionais. É muito importante que sejam fáceis de limpar e desinfetar e que a construção seja segura para os animais e pessoas, estando livres de tábuas soltas e quebradas, cantos vivos, pregos, parafusos e pontas de arame aparentes. Tudo isso é um perigo potencial, pois os animais podem furar os olhos e se cortarem na hora do manejo. Mesmo que o ferimento não seja sério, é uma porta de entrada para bicheiras e infecções, como o Tétano, além de causar dor e desconforto. • A ventilação deve ser adequada dentro das instalações para evitar acúmulo de gases tóxicos, como a amônia, que irrita os olhos e o sistema respiratório dos animais. Deve haver uma cama seca e limpa, principalmente para fêmeas próximas ao parto, na qual pode ser utilizado bagaço de cana, maravalha, capim seco, palha de arroz, casca de café e outros subprodutos e palhadas de diferentes lavouras regionais. A escolha depende da disponibilidade e custo em cada região,

Baias com cama de maravalha

Modelo de instalação de confinamento

• Quanto à temperatura, o ideal é que a instalação mantenha entre 24-26,5ºC, com um local mais protegido e quente para os cordeiros. • As porteiras devem ser largas e sem cantos vivos, para evitar que os animais se machuquem quando o rebanho passa. • Deve haver espaço suficiente para que os animais se movimentem dentro dos galpões. A superlotação traz problemas como a ocorrência de brigas, o pisoteamento e abandono de cordeiros, além da limitação de acesso à comida para os animais de posição mais baixa na hierarquia do lote. • No caso de animais criados em pasto, é muito importante que haja abrigos nos piquetes. Estes abrigos podem ser naturais, como árvores enfileiradas de forma a sombrear e atuar como quebra-ventos (especialmente importante em piquetes maternidade) ou artificiais, como coberturas dos mais diversos materiais. Um dos mais baratos são as telas plásticas para sombreamento.

Sombreamento artificial

Sombreamento natural

• É nítida a necessidade que estes animais têm de procurar abrigos nestas situações. Basta observar seu comportamento, e perceber que isto ocorre mesmo nas raças mais adaptadas a climas quentes, que pastejam principalmente no início da manhã e final da tarde, ruminando nas horas mais quentes do dia, ao abrigo de uma sombra.

Animais buscando sombra

Sombreamento ineficiente

Manejo • Ovinos são animais bastante reativos. Além disto, possuem uma tendência natural muito forte para permanecerem juntos. O ideal é utilizar o comportamento natural dos animais como ferramenta para minimizar o estresse e facilitar o serviço. Por exemplo, se o rebanho tende a se espalhar durante o manejo, algo está errado. É preciso identificar o fator que está assustando os animais, como barulho excessivo, presença de cães errantes, desconhecimento do manejo por parte de pessoal mal treinado para lidar com a espécie, ou instalações inadequadas, com intermitência entre áreas sombreadas e claras, por exemplo, já que os ovinos tendem a evitar áreas assim. • É sempre mais difícil manejar ovinos isolados. Se possível, manter alguns “companheiros” inclusive para animais separados do rebanho (por motivos não infecciosos) ou em recuperação. Seu desempenho tende a melhorar bastante.

Manejo com calma e em grupo

• Evitar procedimentos traumáticos desnecessários. Por exemplo, o corte da cauda não é necessário em animais deslanados, a castração não precisa ser realizada em cordeiros destinados a abate antes dos 5 meses de idade, e a descorna é muito mais simples quando feita em animais bastante jovens. • Podemos perceber que a idéia é facilitar a vida de animais, tratadores e proprietários, e que boas doses de bom senso costumam ser o melhor remédio.

GESTÃO AMBIENTAL Consiste na melhor forma de integrar a produção agropecuária com o manejo dos recursos naturais, solo, água, fauna e flora, retirando apenas o que pode ser reposto sem comprometimento das bases de produção. O manejo adequado permite assegurar a produção em níveis adequados com a manutenção e a preservação da biodiversidade, obtendo continuamente benefícios sociais, econômicos e ambientais. Conciliação entre produção agropecuária e conservação dos recursos naturais

• Respeitar a vocação natural da terra, manejando-a para manter seu potencial produtivo no longo prazo, ou seja, sem comprometer a produtividade futura em favor da alta produtividade no presente.

Área cercada visando à regeneração natural

• Evitar, prioritariamente, a degradação dos solos, através do uso de técnicas de manejo e conservação do solo na prática agropecuária: manter sempre a cobertura vegetal sobre os solos; evitar ao máximo o uso do fogo; preparar e cultivar o solo em nível, implantando terraços onde necessário; adotar técnicas de adubação verde; dar preferência ao cultivo mínimo e ao plantio direto em detrimento do cultivo convencional; utilizar adubos orgânicos de origem animal (esterco bovino, cama de frango, etc) a fim de melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo; controlar todo e qualquer foco inicial de erosão. • Praticar a rotação de culturas e pastagens para melhorar o solo; o plantio de árvores, especialmente as leguminosas, em meio aos pastos, também deve ser encorajado, pois fornecem nutrientes ao rebanho, incorporam nitrogênio ao solo e propiciam sombra aos animais. • Evitar desmatamentos a menos que seja estritamente necessário.

Área de reflorestamento

• Realizar análise de solo, corrigir a acidez com calcário se for necessário e adubar adequadamente, inclusive dando preferência aos fertilizantes naturais em técnicas como a rochagem, que são mais baratas e ecologicamente sustentáveis; combater pragas e doenças com produtos ecológicos alternativos, também mais baratos e menos impactantes; utilizar agrotóxicos somente em último caso e conforme recomendação agronômica. • Áreas em estágio inicial de degradação podem ser recuperadas por meio da regeneração natural da vegetação ou através do plantio de uma nova cultura observando-se as técnicas de conservação do solo.

Assoreamento de córrego

• Áreas em estágio muito avançado de degradação só podem ser recuperadas com a intervenção do acesso à área pelos animais e posterior reflorestamento associado à implantação de pastagens, de acordo com as técnicas de manejo e conservação do solo. • Adotar sistema de manejo com base no plantio de árvores destinadas à produção, ao corte e ao pastoreio (no caso de leguminosas arbóreas) em consórcio com lavouras e criação de animais. A propriedade torna-se mais saudável para se morar, aumenta a renda da área, protege e enriquece o solo, melhora a quantidade e a qualidade das águas, mantém o equilíbrio do meio ambiente. • A água residuária das operações de lavagem de maquinário não deve ser enviada diretamente para rios e córregos, acompanhada dos produtos de limpeza utilizados. Dar preferência a produtos sanitários biodegradáveis e, quando possível, tratar os resíduos de esgoto antes de liberá-los na natureza.

Contaminação da água por resíduos de lavagem de maquinário

• Reduzir o uso de agrotóxicos e outros produtos que liberem substâncias tóxicas no solo, atmosfera, água superficial ou subterrânea, dando preferência ao manejo integrado na prevenção e controle de pragas e doenças incluindo o uso de alternativas ecológicas – caldas, biofertilizantes, defensivos naturais, fitoterapia e homeopatia animal. • Evitar, sempre que possível, o acesso dos animais às margens dos cursos d’água. • Queimadas devem ser evitadas, pois o fogo elimina toda forma de vida do solo, prejudicando sua fertilidade. Além disso, comprometem a qualidade do ar e podem causar prejuízos econômicos, tais como queima de cercas, construções e de rede de energia elétrica. • Obter água apenas de fontes sustentáveis e usá-la de maneira que satisfaça as necessidades humanas e de produção e permita a recarga dos depósitos aquíferos. • Não ignorar a relevância dos impactos que a atividade agropecuária pode causar ao meio ambiente. • Buscar alternativas reais para melhoria do meio ambiente, seja a preservação e recomposição da fertilidade dos solos, a manutenção da longevidade dos rios e açudes, a utilização eficaz da energia, a substituição dos insumos externos pela ciclagem de nutrientes e a conservação da diversidade biológica tanto nas áreas naturais ou silvestres como nas paisagens domesticadas. • Elaborar projetos de recuperação de áreas degradadas junto ao órgão ambiental responsável (no Estado de São Paulo, DEPRN).

Área de Preservação Permanente São intocáveis e protegidas pelo código florestal brasileiro. A supressão da sua vegetação dependerá de autorização do órgão ambiental competente. Devem-se preservar as áreas situadas: Em faixa marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção horizontal, com largura mínima, de: 30 metros: para o curso d’água com menos de 10 metros de largura. 50 metros, para o curso d’água com 10 a 50 metros de largura. 100 metros, para o curso d’água com 50 a 200 metros de largura. 200 metros, para o curso d’água com 200 a 600 metros de largura. 500 metros, para o curso d’água com mais de 600 metros de largura. • • • • •

Ao redor de nascente ou olho d’água, ainda que intermitente, com raio mínimo de, 50 metros. Ao redor de lagos, lagoas naturais e reservatórios. No topo de morros e montanhas. Em encosta ou parte desta, com declividade superior a 100% ou 45º graus na linha de maior declive. Nas escarpas e nas bordas dos tabuleiros e chapadas, a partir da linha de ruptura em faixa nunca inferior a cem metros em projeção horizontal no sentido do reverso da escarpa. • Nas restingas em qualquer localização ou extensão quando recoberta por vegetação com função fixadora de dunas ou estabilizadora de mangues. • Em altitude superior a 1800 metros. • Áreas inclinadas entre 25 e 45 graus também são protegidas pelo código florestal.

Matas ciliares • Estão inseridas dentro das áreas de preservação permanente sendo representadas por faixas estreitas de vegetação nativa, que se debruçam sobre as águas protegendo o ambiente por elas coberto.

Mata ciliar ao longo do curso d’água

• A presença da mata ciliar evita a erosão e o empobrecimento do solo, impede o carreamento de terra e outros detritos trazidos pela enxurrada, evitando o assoreamento dos rios e lagos e a conseqüente diminuição da oferta de água. Reserva legal • É uma área localizada no interior da propriedade, protegida por lei, que deve ser mantida com a sua cobertura vegetal nativa. • Para as propriedades rurais localizadas no estado de São Paulo o percentual de reserva legal é de 20% do total da propriedade, segundo a legislação vigente.

Área de preservação permanente

• Não fazem parte da área de reserva legal as áreas de preservação permanente. • Pequenas propriedades (menos de 30 ha de área total) podem computar plantios de árvores frutíferas ornamentais ou industriais como reserva legal. A área deve ser escolhida pelo proprietário e aprovada pelo órgão ambiental. • A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente. • A averbação da reserva legal da pequena propriedade é gratuita, devendo o Poder Público prestar apoio técnico e jurídico, quando necessário. O proprietário que possuir extensão inferior aos 20% mínimos estabelecidos pela legislação vigente pode recompor a reserva legal, com auxílio e orientação do órgão ambiental, mediante o plantio de espécies florestais nativas e exóticas, conduzir a regeneração natural ou compensá-la por outra área.

LITERATURA CONSULTADA ANDEF. Manual de uso correto e seguro de produtos fitossanitários / agrotóxicos. [on line] Disponível em: www.andef.com.br/uso_seguro BÔAS, et al. Idade à Desmama e Manejo Alimentar na Produção de Cordeiros Superprecoces. R. Bras. Zootec., v.32, n.6, p.1969-1980, 2003. BROOM, D.M., MOLENTO, C.F.M. Bem-Estar Animal: conceito e questões relacionadas – revisão. Archives of Veterinary Science v. 9, n. 2, p. 1-11, 2004 Capacitação rural: saiba como obter sucesso no campo / Manual do participante / Coordenação nacional: Enio Duarte Pinto e Maria Del Carmen Sepanenko – Brasília: Sebrae, 2004. (2ª edição Sebrae SP, 2006) 44p. (Módulo Administração Rural) CARDOSO, E. G.; SILVA, J. M. da. Silos, silagem e ensilagem. Campo Grande: EMBRAPA-CNPGC, 1995. 6 p. (EMBRAPA-CNPGC. CNPGC Divulga, 2). CARVALHO, P. C. O programa 5S e a qualidade total. Ed. Alínea, 1ª edição, 2000, 120 pág. CHAVES, J. B. P. Controle de qualidade para indústrias de alimentos. Viçosa: UFV, 1998. 94p. EMBRAPA CNPSA. Emprego da compostagem para a distribuição final de suínos mortos e restos de parição. ISSN 0102-3713, Concórdia SC, agosto de 2001. EMBRAPA CAPRINOS. Instalações para caprinos e ovinos. [on line] Disponível em: www.cnpc.embrapa.br. FMRP/USP. Programa de Gestão Ambiental na Pecuária (GAP). [on line] Disponível em: http://www.gen.fmrp.usp.br/gemac/pmgrn/manual2001/gestao_ambiental.html. GIOVA, A.T. APPC na qualidade microbiológica de alimentos. Rio de Janeiro: Varela, 1997. 377p. GLOBALGAP. Pontos de controle e critérios de cumprimento garantia integrada da fazenda (IFA) - base animal, base fazenda e bovinos e ovinos, versão 3.0 março 2007. [on line] Disponível em: http://www.globalgap.org. RASLAN, L.S.A. 2007. Mecanismo do estresse. [on line] Disponível em: www.farmpoint.com.br. RASLAN, L.S.A, TEODORO, S.M. 2007. Estresse. [on line] Disponível em: www.farmpoint.com.br. RASLAN, L.S.A. 2007. Fases do estresse. [on line] Disponível em: www.farmpoint.com.br. SÃO PAULO. 2006. Decreto Estadual N° 50.889, de 16 de Junho de 2006. Disponível em: http://www.cetesb.sp.gov.br/licenciamentoo/legislacao/estadual/decretos/2006_Dec_Est_50889.pdf. Acesso em 15 jan. 2008. SUSIN, I. Confinamento de cordeiros. In: MATTOS, W. R. S. et al.(Ed.). A produção animal na visão dos brasileiros. Piracicaba: FEALQ, 2001, p.454-460. TRALDI, A. S. Enfermidade dos Ovinos e Caprinos. IN: III FEINCO – FEIRA INTERNACIONAL DE CAPRINOS E OVINOS, São Paulo, 2006. Disponível em: http://www.agrocentro.com.br/feinco/2006/admin/edicoes/2006/pt/congresso/download/20060814084251.pdf acesso em 15 de agosto de 2006. WORLD, Organisation for Animal Health, OIE. Science-based assessment of animal welfare: farm animals. Rev. Sci. Tech. Off. Int. Epiz., 2005, 24 (2):483-492, Scientific and Technical Review, 24(2), Agosto 2005 [on line] Disponível em: http://www.oie.int/eng/publicat/rt/A_RT24_2.htm.

ANEXOS I. MODELO DE PLANILHA PARA CONTROLE FINANCEIRO

Planilha para registro de entrada (recebido) e saída (gastos) DATA

ITEM

VALOR (R$)

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