VOLUME IV Cartas Regionais de Competitividade

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FICHA TÉCNICA

Coordenação Científica Professor Doutor José Veiga Simão Execução: Dr. José Félix Ribeiro e Mestre Joana Chorincas

NOTA: As Cartas Regionais de Competitividade que agora se apresentam foram elaboradas durante os anos 2008 e 2009, tendo a informação estatística sido actualizadas em 2011. A informação sobre Empresas e Centros de Investigação deverá ser periodicamente actualizada dada a dinâmica do mundo empresarial e a evolução das actividades de I&D no País.

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CARTA REGIONAL DE COMPETITIVIDADE

LEZÍRIA DO TEJO/ /MÉDIO TEJO

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1.TERRITÓRIO 1.1. O Vale do Tejo A área geográfica do Vale do Tejo é marcada em termos territoriais pela presença de duas sub regiões: a Lezíria do Tejo, que ocupa a faixa territorial do baixo Tejo; o Médio Tejo, que abrange o território do médio e alto Tejo, com uma incursão, a Norte, na mancha florestal do Pinhal Interior. Na Lezíria do Tejo a paisagem é caracterizada por fracos declives, inferiores a 200 m., modelados na sua morfologia pela presença do rio Tejo, principal factor promotor do desenvolvimento da subregião. São as especificidades morfológicas e climáticas criadas pelo rio Tejo, e toda a sua Bacia Hidrográfica, e as diferenças de facilidade de circulação que este recurso natural provoca, que explicam a diversidade das características do Vale do Tejo. Nas margens do Tejo predomina a Lezíria, com solos de excelente fertilidade, onde se desenvolvem culturas hortícolas e frutícolas de cariz industrial, bem como riquíssimos prados naturais que proporcionam a criação de gado taurino e cavalar. O território da Lezíria do Tejo tem constituído factor de ancoragem de importantes unidades industriais agro-alimentares, em paralelo com um processo de afirmação e de consolidação de uma rede de pequenos e médios centros urbanos, que tem contribuído como força motriz de um vector de transformação matricial e de coesão territorial. FIGURA 1 - LEZÍRIA DO TEJO

Por seu turno, o Médio Tejo, de relevo mais acentuado, é caracterizado pela enorme diversidade dos seus solos. Possui bons recursos hidrográficos, em virtude da presença dos rios Tejo, Nabão e Zêzere, contando também com a Barragem de Castelo do Bode, importante reserva hidroeléctrica que abastece o parque habitacional da Área Metropolitana de Lisboa. Caracterizada por uma diversificada topografia, com destaque para o Parque Natural das Serras de

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Aire e Candeeiros, esta sub-região possuiu uma reconhecida beleza paisagista. Aliás, grande parte da região do Vale do Tejo apresenta um conjunto muito significativo de espaços naturais de grande valor patrimonial, como parques e reservas naturais, barragens e açudes. Combina uma vocação natural agro-florestal, com uma tradição industrial de expressão regional e nacional. De facto, se por um lado o Médio Tejo se assume como o prolongamento das extensas áreas florestais da região central do País, por outro, tem em Alcanena, Abrantes, Torres Novas, Tomar e Ourém um conjunto de municípios com uma significativa tradição industrial, integrando mesmo pólos de especialização industrial de relevância nacional. FIGURA 2 - MÉDIO TEJO

O Vale do Tejo corresponde a um elemento-base histórico do modelo territorial do Centro e Sul Litoral, condicionando mobilidades, acessibilidades e bases económicas. Ao longo do Vale do Tejo ocorrem pequenas constelações locais que atingem quantitativos demográficos superiores a 50 mil habitantes e que constituem claros pólos organizadores de sub-regiões distintas, correspondentes a duas coroas relativamente a Lisboa: Santarém/Cartaxo/ Almeirim, na Lezíria do Tejo (primeira coroa); eixo Torres Novas/Entroncamento/Vila Nova da Barquinha complementado por Tomar e Abrantes, no Médio Tejo (segunda coroa). A proximidade da Lezíria do Tejo e do Médio Tejo à capital do País, associada às novas condições de acessibilidade e de transporte, tem sido fulcral na dinâmica territorial sobretudo da Lezíria do Tejo, levando à imbricação de um número crescente de centros urbanos na dinâmica polarizadora da Área Metropolitana de Lisboa. No que respeita ao sistema urbano, o território da Lezíria do Tejo é dominado por Santarém, existindo, contudo, em seu redor, um conjunto de pequenas mas dinâmicas cidades que a complementam funcionalmente. Por sua vez, no Médio Tejo o sistema urbano é muito polinucleado, sendo principalmente estruturado a partir do triângulo Torres Novas-Tomar-Abrantes. Todavia, a recente dinâmica territorial destes centros urbanos não tem sido uniforme. Beneficiando de uma privilegiada centralidade em relação às principais acessibilidades, Torres Novas forma com o Entroncamento uma importante conurbação urbana com cerca de 40 mil habitantes.

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FIGURA 3 - O VALE DO TEJO NO CONTEXTO DAS INTERDEPENDÊNCIAS URBANAS NA REGIÃO CENTRO

Fonte: Plano Regional de Ordenamento do Território do Oeste e Vale do Tejo (2008).

O Plano Regional de Ordenamento do Território (PROT) do Oeste e Vale do Tejo identifica as seguintes unidades territoriais no Vale do Tejo: Eixo Ribeirinho Azambuja/Santarém: neste eixo, os padrões agrícolas e florestais são minoritários e afectos sobretudo a pequenas áreas residuais de floresta e de policultura. Tem grandes áreas afectas a edificação dispersa, fragmentada ou concentrada, às quais estão associados pólos industriais de grandes dimensões. Na faixa territorial entre o Carregado e Santarém, ocorrem actividades que implicam grande consumo de espaço: logística, indústria e grandes infra-estruturas de acessibilidades rodo-ferroviária. A A1, e sobretudo a linha do Norte, tiveram grande influência na organização deste território. O sistema urbano é polarizado por Azambuja, Cartaxo e Santarém, sendo que em matéria de dinâmica empresarial e logística, Aveiras e Carregado assumem um papel importante na estruturação da unidade. Colinas do Tejo: unidade territorial que se estende entre os municípios de Rio Maior, Santarém, Torres Novas, Alcanena, Entroncamento e Tomar. Caracteriza-se por um relevo ondulado suave, coberto por pomares, vinhas e grande extensão de olivais, registandose também forte ocorrência de explorações intensivas de bovinos. O carácter da paisagem é marcadamente rural, apesar de algumas áreas afectas a indústrias, comércio, armazenagem ou logística, associadas aos principais centros urbanos. O sistema urbano é polarizado por Alcanena, Torres Novas, Entroncamento e Tomar, sendo que a parte Sul desta unidade territorial mantém relações funcionais intensas com Santarém. Em termos morfo-estruturais, esta unidade territorial e a anterior - Eixo Ribeirinho Azambuja/Santarém

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-, assumem importância como área de contacto com a unidade Lezíria do Tejo, sobretudo do ponto de vista paisagístico. Lezíria do Tejo: unidade territorial composta pelas zonas limítrofes do rio Tejo pertencentes aos municípios de Almeirim, Alpiarça, Azambuja, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Golegã, Salvaterra de Magos, Santarém, Rio Maior e Coruche. Engloba a totalidade da área de baixa aluvionar do rio Tejo, cujos solos têm grande fertilidade e aptidão para a agricultura intensiva de regadio (aluviões do Tejo). Não obstante se considerar toda a unidade da Lezíria do Tejo como paisagem especial, destaca-se o Paul do Boquilobo, pelo facto de albergar um conjunto de animais e plantas em extinção. Abrange também a Reserva Natural do Estuário do Tejo. Médio Tejo Florestal: unidade territorial que se inicia a Sul no eixo Ribeirinho Barquinha/ Abrantes e se estende até à região Centro, sendo que a Serra de Sicó/Alvaiázere a separa em duas sub-unidades. O padrão dominante é o povoamento florestal, composto sobretudo por pinheiros e eucaliptos. As suas duas sub-unidades são: o Médio Tejo Florestal Norte: compreende parte do município de Ourém, dominada por povoamentos florestais de pinheiro bravo sobre relevo ondulado ou nas encostas mais declivosas. Verifica-se também a presença de algumas áreas de olival em abandono e agricultura em baixa aluvionar ao longo dos vales. É polarizada por Ourém, que concentra a população e as áreas edificadas, embora mantenha relações funcionais importantes com Fátima, Tomar e com Batalha e Leiria, já na região Centro. o Médio Tejo Florestal Sul: compreende parte dos municípios de Tomar, Ferreira do Zêzere, Sardoal e Abrantes, cujo padrão dominante é caracterizado por povoamentos florestais de pinheiro bravo e eucalipto, intercalado com algumas zonas de matos, olival e áreas agrícolas de policulturas. Ferreira do Zêzere e Tomar polarizam esta sub-unidade territorial, mantendo relações fortes com Abrantes, Sardoal e mesmo Vila de Rei, já na região Centro. Eixo Ribeirinho Barquinha/Abrantes: compreende parte dos municípios de Vila Nova da Barquinha, Constância, Sardoal e Abrantes, designadamente as áreas marginais do rio Tejo. Caracteriza-se por aluviões do Tejo com agricultura de hortofrutícolas e vinhas, áreas associadas a sistemas de policultura, olival e alguns resquícios de montado de sobro. O sistema urbano estrutura-se em torno de Vila Nova da Barquinha, Constância, Sardoal e sobretudo Abrantes. Todavia, mantém fortes relações externas com Entroncamento e Torres Novas. Este território constitui uma área com potencialidades para o lazer e recreio, através de actividades ligadas à pesca e desportos náuticos. Destacam-se ainda algumas infraestruturas estratégicas como as Instalações Militares de Tancos e a Central Termoeléctrica do Pego. Charneca Ribatejana: compreende a parte com predomínio agro-florestal dos municípios de Abrantes, Constância, Chamusca, Alpiarça, Almeirim, Salvaterra de Magos, Benavente e Coruche. O padrão dominante é o florestal, caracterizado por montado de sobro alternado com povoamentos de outras espécies florestais (pinheiro e produção extensiva de gado). Divide-se em duas subunidades territoriais, pelo facto de ser atravessada pelo Vale do Sorraia: o Charneca Ribatejana Norte: abrange parte dos municípios de Abrantes, Constância, Chamusca, Alpiarça, Almeirim, Salvaterra de Magos e Coruche. É caracterizada por um relevo ondulado suave dominado por montado de sobro alternado com povoamentos florestais, pelo que a paisagem apresenta um carácter agro-florestal.

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Charneca Ribatejana Sul: apresenta características muito semelhantes à subunidade anterior, abrangendo parte dos municípios de Coruche e Benavente. Apresenta maior dispersão de áreas classificadas como indústria, armazenagem, comércio e logística, assim como maiores áreas de agricultura sobretudo na sua metade Oeste. A Reserva Natural do Estuário do Tejo abrande parte desta subunidade. Eixo Ribeirinho Alpiarça/Almeirim/Benavente: unidade territorial caracterizada pela presença de grandes áreas de edificado disperso e fragmentado em áreas marginais ao vale do rio Tejo. Divide-se em duas sub-unidades territoriais por ser atravessada pelo Vale do Sorraia e também por cada uma delas apresentar padrões agrícolas e florestais muito distintos: o Eixo Ribeirinho Alpiarça/Salvaterra de Magos: compreendido entre os municípios de Almeirim e Salvaterra de Magos, caracteriza-se pela existência de grandes áreas de edificado disperso e fragmentado ao longo do rio Tejo. A ocupação agrícola está associada à policultura e ao regadio em baixa aluvionar. O sistema urbano interno é polarizado por Alpiarça, Almeirim e Salvaterra de Magos, existindo também relações fortes com centros urbanos do exterior, como Santarém e Benavente. o Eixo Ribeirinho Benavente: engloba uma parte do município de Benavente junto às margens dos rios Tejo e Sorraia. O sistema urbano é polarizado por Benavente. A agricultura está associada aos vales aluvionares e a restante ocupação do território é agro-florestal, sobretudo associada à exploração do montado de sobro. A Ponte da Lezíria (Carregado-Benavente) implica novas dinâmicas locativas desta subunidade. Vale do Sorraia: engloba a totalidade da área da baixa aluvionar do rio Sorraia nos municípios de Coruche e Benavente. O padrão dominante é a agricultura intensiva de regadio, surgindo no seu interior áreas de edificação dispersa e pontualmente concentrada. Estão ainda presentes áreas afectas à indústria, comércio, armazenagem e logística, sobretudo relacionadas com actividades agrícolas, em especial com o descasque do arroz. O sistema urbano é polarizado por Coruche, cuja influência se estende pela Charneca Ribatejana. Na parte Poente da unidade, junto ao rio Tejo, ocorrem fortes relações com Benavente. o

Em termos de acessibilidades, o território do Vale do Tejo é atravessado longitudinalmente no sentido Norte/Sul pela A1 e transversalmente pelo IP6-A15 que liga a região do litoral atlântico ao interior raiano e futuramente a Espanha. A Sul do Tejo, a conclusão do IC3 permitirá ligar o Norte e o Sul do Vale do Tejo, através da margem esquerda do rio; o IC11 projectará o Vale do Tejo pelo Alentejo e toda a região Sul do País. Em matéria de transporte ferroviário, encontra-se bem localizado no seu centro geográfico um dos principais entrepostos ferroviários nacionais - Entroncamento -, importante ponto de cruzamento das linhas do Norte com as da Beira Baixa com destino à Europa.

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2. DEMOGRAFIA 2.1. LEZÍRIA DO TEJO Em 2009 residiam na Lezíria do Tejo cerca de 250 mil indivíduos, registando-se as maiores concentrações de população nos municípios de Santarém (25% da população total da sub-região), Benavente (12%), Cartaxo (10%), Almeirim, Azambuja, Rio Maior e Salvaterra de Magos (cada um com 9%). FIGURA 4 - POPULAÇÃO RESIDENTE – 2009

Fonte: INE.

O crescimento efectivo (crescimento natural + saldo migratório) da sub-região é muito ténue (0.12%, em 2009), sendo negativo nos municípios de Chamusca, Coruche, Golegã e mesmo no município de Santarém (-0,31%). O município com maior dinâmica demográfica é Benavente, que registou um acréscimo de população de cerca de 43% nos últimos 20 anos, em grande parte consequência da sua proximidade geográfica à AML. Por outro lado, num processo inverso, encontram-se Coruche e Chamusca, que têm vindo a perder população de forma progressiva (-15,6% e -12,5%, respectivamente). O município da Golegã iniciou a sua regressão na última década (-6%). Na Lezíria do Tejo regista-se uma clara tendência de envelhecimento demográfico – em 2009, o índice de envelhecimento da população residente atinge já os 148.7 idosos por cada 100 jovens. Chamusca e Coruche são os municípios mais envelhecidos de todo o Vale do Tejo, com um índice de envelhecimento demográfico de 235.3 e 232.9, respectivamente. Alguns municípios destacamse pela muito elevada percentagem de população com mais de 65 anos: Coruche, Alpiarça e Chamusca (respectivamente, 27%, 25% e 24% da população residente).

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FIGURA 5 - TAXA DE CRESCIMENTO EFECTIVO DA POPULAÇÃO – 2009

Fonte: INE.

2.2. Médio Tejo O Médio Tejo contava, em 2009, com uma população residente de cerca de 231 mil habitantes, o equivalente a cerca de 10% do total de população da região Centro. As maiores concentrações populacionais da sub-região registam-se nos municípios de Ourém (22% da população total), Tomar (18%), Abrantes (17%) e Torres Novas (16%). O crescimento efectivo da população residente tem sido muito ténue – de cerca de -0.12%, em 2009. O município do Entroncamento destaca-se pelo aumento excepcional de população (cerca de 53%, nas últimas três décadas), em contraste com a fraca dinâmica dos restantes municípios, sobretudo os mais setentrionais, encostados ao Pinhal Litoral, que demonstram uma progressiva perda de dinâmica demográfica. Em cerca de duas décadas, os municípios de Abrantes, Ferreira do Zêzere e Sardoal perderam mais de 13% da sua população.

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FIGURA 6 - POPULAÇÃO RESIDENTE - 2009

FIGURA 7 - TAXA DE CRESCIMENTO EFECTIVO DA POPULAÇÃO - 2009

Fonte: INE.

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O índice de envelhecimento demográfico do Médio Tejo atinge os 162.9 idosos por cada 100 jovens, apresentando valores mais elevados nos municípios de Sardoal (229.3), Ferreira do Zêzere (220.2), Abrantes (192.3) e Vila Nova da Barquinha (187.4). Em termos médios, a proporção da população idosa no total de população residente é de 22%. O peso da população idosa, aliado aos elevados índices de envelhecimento em alguns municípios, demonstra a perda de dinâmica e atracção demográfica da maioria dos municípios do Médio Tejo.

3. ACTIVIDADES ECONÓMICAS, POLOS INDUSTRIAIS E CLUSTERS 3.1. Lezíria do Tejo Em 2009, o Produto Interno Bruto (PIB) a preços correntes da sub-região rondava os 3.5 mil milhões de euros (o equivalente a apenas 2.1% do total nacional e a 31.5% do total da região Alentejo). Em termos de Valor Acrescentado Bruto (VAB), a relevância nacional e regional da sub-região rondava os mesmos valores. Em 2009, a Lezíria do Tejo registava um PIB per capita a preços correntes de 14 milhares de euros, valor inferior ao valor médio nacional (de 15.8 milhares de euros) e da região Alentejo (14.7 milhares de euros). O índice de disparidade do PIB per capita da sub-região, em relação à média nacional, permite aferir que a Lezíria do Tejo tem registado, desde 1997, valores sempre próximos aos verificados, em média, para Portugal. Efectivamente, o PIB per capita regional situava-se, em 1995, 14% abaixo da média nacional e apenas 4% em 2000. Em 2003 superou, pela primeira vez, a média nacional (em 8%). Entre 1995 e 2008, esta variável registou um crescimento médio anual de 7.7%, reflexo do dinamismo que a economia da sub-região tem evidenciado nos últimos anos. O sector mais representativo na sub-região em termos de VAB é o da Agricultura e Produção Animal, responsável por cerca de 14% do VAB sub-regional. Entre os restantes sectores mais importantes em termos de VAB, destacam-se a Indústria Agro-Alimentar (com um peso relativo ordem dos 15%), o Comércio por Grosso e a Retalho e a Administração Pública (cada um representando cerca de 10% do VAB), além das Actividades Imobiliárias e Serviços Prestados às Empresas (8%) e da Construção Civil, Transportes, Armazenagem e Comunicações, Educação, Saúde e Acção social (6%). A Fabricação de Material de Transporte corresponde a 5% do VAB da sub-região. Apesar de representar, em 2010, apenas cerca de 1.6% dos fluxos do comércio internacional em Portugal. Em 2009, a taxa de cobertura das entradas pelas saídas na sub-região foi de 52% (muito abaixo da média regional de 101% e da média nacional de 62%). Em 2009, cerca de 60 mil indivíduos desenvolviam a sua actividade económica na Lezíria do Tejo, o equivalente a 1.6% do emprego total do país.Entre as actividades mais representativas na subregião em termos de emprego, destaque para a Agricultura e Produção Animal (com cerca de 15% do emprego regional), a Administração Pública (11%), as Indústrias Agro-Alimentares e o Comércio por Grosso e a Retalho (ambas com 10%), além das Actividades Imobiliárias e de Serviços às Empresas (8%), dos Transportes, Armazenagem e Comunicações (7%) e das actividades de Construção, Educação e Acção Social (cada uma com cerca de 6% do emprego sub-regional). Merece também referência a actividade de fabricação de material de transporte, com cerca de 5% do emprego total da Lezíria do Tejo. Em 2009, cerca de 21 mil empresas tinham sede nos municípios da sub-região (30% das quais

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em Santarém, seguindo-se Benavente, Cartaxo, Almeirim, Rio Maior, e Coruche, cada um destes municípios com cerca de 10% das empresas com sede na sub-região). Os sectores de actividade económica mais representativos em termos empresariais são, por ordem decrescente de importância, o comércio a retalho, a construção civil, o alojamento e restauração e a agricultura e produção animal. No seu conjunto, estes sectores representam cerca de 51% das empresas da sub-região. No contexto das actividades industriais, os sectores com maior número de empresas são: Indústria Agro-Alimentar, Fabricação de Produtos Metálicos e Metalomecânica, Indústria de Madeira e Cortiça e Fabricação de Minerais Não Metálicos. Em 2008, a taxa de natalidade de empresas da Lezíria do Tejo posicionava-se ligeiramente abaixo da média nacional (14.1% contra 14.2%). A taxa de mortalidade de empresas era, em 2007, inferior à média nacional (15.7% contra 16.1%). No que respeita à estrutura dimensional das empresas, a Lezíria do Tejo é marcada pela forte dualidade: por um lado, empresas de pequena e média dimensão ligadas às actividades terciárias ou a determinados sectores industriais (mais tradicionais, como a metalomecânica, a produção de minerais não metálicos ou mesmo o agro-alimentar); por outro lado, empresas de grande dimensão, algumas de capital estrangeiro, pertencentes a sectores de fortes economias de escala (fabricação de material de transporte) ou também ao agro-alimentar. A análise da distribuição dos Trabalhadores por Conta de Outrem (TOC) por empresas com menos de 10 trabalhadores ou com mais de 250 trabalhadores, permite ilustrar esta dualidade empresarial da Lezíria do Tejo. Com efeito, cerca de 28% dos TOC da sub-região desenvolvem a sua actividade em empresas com menos de 10 trabalhadores (destacando-se os municípios da Chamusca, Almeirim, Salvaterra de Magos, Coruche e Golegã). Cerca de 22% dos TOC estão empregados em empresas com mais de 250 trabalhadores, com destaque para os municípios da Azambuja (cerca de metade dos trabalhadores do município), Coruche, Santarém, Benavente, Cartaxo e Rio Maior. FIGURA 8 - TAXA DE TCO EM EMPRESAS COM MENOS DE 10 TRABALHADORES – 2008

Fonte: INE.

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FIGURA 9 - TAXA DE TCO EM EMPRESAS COM MAIS DE 250 TRABALHADORES - 2008

Fonte: INE.

As empresas da Lezíria do Tejo atingiram, em 2009, um volume de negócios na ordem dos 3.6 mil milhões de euros. Os sectores mais representativos em termos de volume de negócios foram, por ordem decrescente de importância: comércio por grosso, excepto de veículos automóveis e motociclos (26% do volume de negócios total); comércio, manutenção e reparação, de veículos automóveis e motociclos (25%); comércio a retalho, excepto de veículos automóveis e motociclos (17%); promoção imobiliária (desenvolvimento de projectos de edifícios) e construção de edifícios (5%); actividades especializadas de construção (5%).

Os Principais Clusters na Sub-Região A Lezíria do Tejo caracteriza-se no essencial por um forte peso do emprego agrícola e nas indústrias agroalimentares, por um terciário orientado para as necessidades básicas das populações e actividades económicas – Administração Pública e Acção Social, Actividades Associativas e Serviços às Famílias, Educação, Saúde, Comércio, Turismo e Restauração e Transportes – e por uma indústria dispersa em que sobressai a indústria automóvel (que tem sofrido problemas de deslocalização) e metalomecânica. Em termos de clusters o que especifica esta sub-região são as seguintes características: A importância das actividades de componentes para a indústria automóvel, das quais se destaca a João de Deus e Filhos, fabricante de radiadores, controlada pela japonesa Denso (vd. Caixa 6) e a Incompol – Indústria de Componentes (vd. Caixa 8). Existia no município da Azambuja uma OEM – a OPEL – que fabricava nas suas instalações um veículo comercial ligeiro de que era a única produtora no grupo General Motors. A forte expressão das actividades integradas no macro-cluster agroindústrias, nelas se

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incluindo as que exploram o potencial da policultura de regadio (culturas arvenses e hortoindustriais), da vinha, da pecuária semi-intensiva, da silvo-pastorícia, da fruticultura e da horticultura; como empresas exportadoras destacam-se as Indústrias de Alimentação a SUGAL/IDAL (vd. Caixa 3); a COMPAL – Companhia Produtora de Conservas Alimentares (vd. Caixa 1), a TOUL, Sociedade Portuguesa de Desidratação ou a DAI – Sociedade de Desenvolvimento Agro-Industrial (pertencente ao Grupo SFIR, esta empresa tem como actividade principal o fabrico e comercialização de açúcar, bem como de sub-produtos derivados da beterraba sacarina, polpas e melaço). A presença de indústrias de produtos metálicos e máquinas e também das indústrias químicas ligeiras (vd. higiene e limpeza), com unidades fabris que abastecem a AML.

3.2. Médio Tejo Em 2009, o Produto Interno Bruto (PIB) a preços correntes da sub-região rondava os 2.9 mil milhões de euros (o equivalente a apenas 1.8% do total nacional e a 9.5% do total da região Centro). Em termos de Valor Acrescentado Bruto (VAB), a relevância nacional e regional da sub-região rondava os mesmos valores. Naquele ano, o PIB per capita a preços correntes da sub-região era de 12.9 milhares de euros, valor inferior aos registados a nível nacional (de 15.8 milhares de euros) e na região Centro (13.2 milhares de euros). O sector mais representativo na sub-região em termos de VAB é o da Administração Pública (responsável por cerca de 11% do VAB sub-regional), seguindo-se os sectores da Educação e das Actividades Imobiliárias (cada um representando 8%), da Construção (7%) e do Comércio a Retalho (5%). O VAB industrial representa apenas 16% do VAB total do Médio Tejo. As actividades industriais mais representativas em termos de VAB são a Fabricação de Pasta e Papel (19%), a Indústria AgroAlimentar (14%), a Fabricação de Minerais Não Metálicos (10%) e a Indústria de Madeira e Cortiça (9%). O Médio Tejo tem assim as suas actividades divididas essencialmente entre aquelas cuja competitividade se baseia nos recursos naturais, nomeadamente florestais e de minerais não metálicos, e aquelas que se baseiam na escala de produção. Numa aferição à intensidade exportadora da sub-região, verifica-se que as exportações do Médio Tejo representam cerca de 20% do PIB sub-regional, valor ligeiramente abaixo da média nacional (22%). A sub-região representava, em 2010, apenas cerca de 1.4% dos fluxos do comércio internacional em Portugal. Em 2009, a taxa de cobertura das entradas pelas saídas na sub-região foi de 69% (muito abaixo da média regional de 121% mas acima da média nacional de 62%). Em 2009, cerca de 55 mil indivíduos desenvolviam a sua actividade económica no Médio Tejo, o equivalente a 1.5% do emprego total do país. Entre as actividades mais representativas na subregião em termos de emprego, destaque para a Agricultura e Produção Animal (com cerca de 16% do emprego regional), a Construção (12%), o Comércio a Retalho (8%), a Administração Pública (7%) e o Alojamento e Restauração (6%). As actividades industriais representam cerca de 17% do emprego do Médio Tejo, salientando-se a Indústria Agro-Alimentar (14% do emprego industrial da sub-região), as Indústrias da Madeira e da Cortiça (12%), a Fabricação de Minerais Não Metálicos (10%) e a Fabricação de Pasta e Papel (7%).

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Em 2009, cerca de 20 mil empresas tinham sede nos municípios do Médio Tejo, destacando-se os municípios de Ourém (26% do total de empresas sedeadas na sub-região), Tomar (19%) e Torres Novas (16%) e Abrantes (14%). Os sectores de actividade económica mais representativos em termos empresariais são, por ordem decrescente de importância, o Comércio por Grosso e a Retalho (35% do total de empresas), a Construção (18%), o Alojamento e Restauração (11%) e a Indústria Transformadora (10%). No contexto das actividades industriais, destacam-se as Indústrias Metalúrgicas de Base (23% do total de empresas industriais sedeadas na sub-região), as Indústrias Agro-Alimentares (16%) e a Indústria Têxtil (11%). A taxa de natalidade de empresas no Médio Tejo estava, em 2008, abaixo da média nacional (12.3% contra 14.2%). Por seu turno, a taxa de mortalidade de empresas foi, em 2007, de 13.5% (inferior ao registado a nível nacional – 16.1%). O Médio Tejo caracteriza-se pela maior presença de empresas de grande dimensão, ainda que também sejam representativas as empresas de pequena e média dimensão. Cerca de 29% dos Trabalhadores por Conta de Outrém (TCO) desenvolviam, em 2008, a sua actividade em empresas com menos de 10 trabalhadores (valor superior à média nacional de 25%), enquanto que 18% dos TOC se inserem em empresas com mais de 250 trabalhadores (aquém do valor nacional de 24%). A representatividade das empresas de menor dimensão é superior nos municípios Sardoal (onde cerca de 40% dos TOC pertencem a empresas com menos de 10 trabalhadores), Vila Nova da Barquinha (37%), Ferreira do Zêzere (33%), %) e Ourém (32%). Por seu turno, a presença de TOC em empresas com mais de 250 trabalhadores é superior nos municípios Entroncamento (40% do total de TOC), Constância (30%), Torres Novas (27%) e Abrantes (25%).

FIGURA 10 - TAXA DE TCO EM EMPRESAS COM MENOS DE 10 TRABALHADORES - 2008

Fonte: INE.

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FIGURA 11 - TAXA DE TCO EM EMPRESAS COM MAIS DE 250 TRABALHADORES - 2008

Fonte: INE .

As empresas do Médio Tejo atingiram, em 2009, um volume de negócios de 5.2 mil milhões de euros. Os sectores mais representativos em termos de volume de negócios foram, por ordem decrescente de importância: comércio por grosso, excepto de veículos automóveis e motociclos (36% do volume de negócios total); comércio a retalho, excepto de veículos automóveis e motociclos (12%); promoção imobiliária (desenvolvimento de projectos de edifícios) e construção de edifícios (8%); electricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio (5%); indústrias alimentares (4%).

Os Principais Clusters na Sub-Região Em termos de clusters o que especifica a sub-região do Médio Tejo são as seguintes características: Cluster Agro-Industrial: muito centrado nas indústrias de abate de animais, preparação e conservação de carne e fabricação de produtos alimentares, em Rio Maior. Neste município localiza-se uma das maiores empresas de transformação de carnes de porco e produção de salsicharia (a Nobre, vd. Caixa 4). Cluster Madeira/Papel: o coberto florestal desta sub-região suporta actividades de serração e carpintaria e fabrico de aglomerados de madeira (como a IFM – Indústria de Fibras de Madeira) e de fabrico de pasta de papel. Nesta última actividade destacam-se a Celulose do Caima, a Renova – Companhia do Papel do Almonda (vd. Caixa 5), e a Companhia do Papel do Prado. No município de Ourém, sobretudo na freguesia Vilar de Prazeres, verifica-se uma concentração de empresas do sector do mobiliário de madeira. Cluster Automóvel: nesta sub-região localiza-se uma OEM do sector automóvel – a Mitsubishi Trucks Europe (vd. Caixa 7) – e um fabricante de componentes de grande

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dimensão – Robert Bosch – travões, em Abrantes; a tradição em actividades de fundição e de tratamento de metais constitui um suporte a este pólo industrial (exemplo da produção de aços, com a presença da Thyssenkrupp Portugal). Cluster Couro: nesta sub-região localiza-se o principal centro de curtumes do país, em Alcanena, em torno do qual se desenvolvem algumas actividades de fabrico de artigos de couro (não incluindo o calçado). Este município constitui-se como o maior produtor nacional de curtumes (cerca de 80% da produção nacional), sendo que, segundo a Associação Portuguesa da Indústria de Curtumes (APIC), cerca de 75% das empresas associadas estão sedeadas no município. Além da presença de empresas produtoras de peles e solas para o calçado, existem outras empresas que se dedicam à produção de máquinas para a indústria de curtumes (exemplo da Tecnopele – Máquinas e Matérias-Primas para a Indústria de Curtumes). Cluster Cerâmica: nesta sub-região localizam-se os fabricantes de equipamento para cerâmica, como a empresa Maquiceram (em Torres Novas), além de várias unidades de cerâmica de barro vermelho. Refira-se, por último, que, considerados em conjunto, os municípios de Abrantes no Médio Tejo e Ponte de Sôr no Alentejo Norte constituem actualmente o mais importante eixo industrial do interior do País em torno das indústrias da fundição, automóvel e mais recentemente aeronáutica. O recente interesse do Governo construir uma nova ponte sobre o Tejo junto ao Tramagal, infraestrutura que permitirá a ligação do IC9 entre Abrantes e Ponte de Sôr e apoiará as exportações da Mitsubishi, é um importante projecto para o reforço da competitividade do Médio Tejo, em especial em torno da indústria automóvel.

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4. EMPRESAS LÍDER E GRUPOS EMPRESARIAIS NO VALE DO TEJO As caixas seguintes apresentam alguns exemplos de empresas que desenvolvem a sua actividade em sectores de especialização do Vale do Tejo e que se posicionam entre as líderes nas suas áreas de negócio. CAIXA 1 - COMPAL Nascida em 1952, no Entroncamento, a Compal – Companhia de Conservas Alimentares, SA começou por concentrar a sua actividade na indústria do tomate, tendo evoluído posteriormente para novas áreas de negócio. Circunstâncias de mercado e de conjuntura, conjugadas com a falta de recursos para o seu desenvolvimento, exigiram o reforço de capitais, procurando-se para o efeito sinergias mais vastas com um grande grupo empresarial, verificando-se, em 1963 a integração da Compal, no maior grupo económico português da época, a CUF. Este factor permitiu de imediato o reforço de capitais da empresa, o recurso ao crédito e a construção de uma unidade fabril em Almeirim, onde gradualmente se concentrou toda a actividade produtiva. Com o 25 de Abril de 1974, a Compal passou por um processo de nacionalização, caracterizado pela instabilidade laboral e financeira própria de operações daquela natureza. A situação da Compal tendeu a normalizar-se à medida que o IPE – Instituto de Participações do Estado – se preocupou com a recuperação das empresas nacionalizadas, injectando algum capital na esperança da sua viabilização, para posterior devolução ao capital privado. Apesar do contexto, a Compal conseguiu manter os padrões de qualidade dos néctares e sumos, do concentrado de tomate e das conservas de produtos hortícolas, defendendo o verdadeiro conteúdo e riqueza da empresa – a marca Compal. Em 1986, a Compal é relançada no mercado, sob gestão da administração conjunta IPE / Tabaqueira. Neste contexto, a empresa avança com a apresentação de um programa de desenvolvimento, com reforço do capital, com maior capacidade de investimento e de produção. Em 1993 a Compal regressou à gestão privada, com a aquisição, por parte de Jorge de Mello, de uma participação de 51% da Nutrinveste ao IPE. A Compal passa a pertencer ao Grupo Jorge de Mello, que reorganiza as suas áreas de negócio em torno da Nutrinveste, sendo que em 1997 são adquiridos por Jorge de Mello os restantes 49% do capital da Nutrinveste. Em 2002, no ano do seu 50º aniversário, a Compal lança uma nova embalagem, a Tetra Prisma Aseptic Square de 1 Litro, tornando-se na primeira marca no sector dos sumos a comercializar esta embalagem na Península Ibérica, a segunda na Europa e a terceira no Mundo. Como estratégia para abrir caminho ao crescimento da Compal, SA no segmento das bebidas de valor acrescentado e conquistar novos consumidores junto de públicos alvo infantis e juvenis, juntam-se ao portfolio marcas como B! e Um Bongo, duas referências que vieram reforçar a presença no mercado dos refrigerantes sem gás. A explosão de crescimento da Frize no mercado, marca adquirida em 1999 à empresa Águas de Bem Saúde, fica a dever-se ao alargamento da gama que, além da Frize original, passa a incluir originais bebidas refrescantes de extractos vegetais com água mineral natural gasosa Frize. Volvidos mais de 50 anos sobre a sua actividade, a Compal é hoje responsável por produzir e comercializar sumos de fruta e néctares, conservas de hortofrutícolas, derivados de tomate e água gasocarbónica natural. A Compal, SA concentra em Almeirim toda a sua produção industrial nestes sectores. Esta unidade fabril foi alvo de um profundo processo de reorganização e modernização, iniciado em 1998 e concluído em 2003. Com uma área coberta total de 40 mil m2 e uma capacidade de produção anual que passou de 75 milhões para 150 milhões de litros/ano, a unidade fabril de Almeirim está preparada para produzir um total de 250 milhões de litros/ano. As novas instalações têm 10 linhas de enchimento das quais quatro se destinam ao enchimento de embalagens de cartão asséptico, com capacidade para produzir 21 mil unidades/hora, e três ao enchimento de garrafas de vidro. Em 2004, a Compal, SA concluiu a instalação de uma nova linha para o enchimento de sumos e refrigerantes em PET asséptico; um investimento que fez da Compal, SA a primeira empresa do sector na Península Ibérica a dispor desta inovadora tecnologia. Em 2005 a Compal foi adquirida pelo agrupamento constituído maioritariamente pela Caixa Desenvolvimento SGPS, SA. Em Junho de 2006 concretizou-se este processo de fusão iniciado no final de 2005. A Compal - Companhia Produtora de Conservas Alimentares, S.A. (“COMPAL”) passa a ser detida pela sua Accionista única, a sociedade “Inbepor Industria de Bebidas e Conservas Portugal, S.A” (“INBEPOR”).do grupo SUMOLIS A empresa tem em curso um projecto de expansão da marca através do projecto de internacionalização para o seu core business actual – os sumos e os néctares. Sobre este último ponto, a empresa tem concentrado esforços no desenvolvimento da presença em Espanha, registando nos dois últimos exercícios crescimentos superiores a 100%, sendo já a 4ª marca no segmento de néctares de qualidade em Espanha. De referir que a Compal integra o Cluster Ago-Industrial do Ribatejo, reconhecido formalmente como Estratégia de Eficiência Colectiva em Julho de 2009. Fontes: Compal; Imprensa.

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CAIXA 2 - COMPANHIA DAS LEZÍRIAS A Companhia das Lezírias é a maior exploração agro-pecuária e florestal existente em Portugal, compreendendo a Lezíria de Vila Franca de Xira, a Charneca do Infantado, o Catapereiro e os Pauis (Belmonte e Lavouras). A Lezíria está compreendida entre os rios Tejo e Sorraia e é sub-dividida pela Recta do Cabo (E.N. 10 entre Vila Franca de Xira e Porto Alto) em Lezíria Norte e Lezíria Sul. A Lezíria Norte é constituída por cerca de 1.300 hectares explorados indirectamente (rendeiros). A Lezíria Sul é constituída por cerca de 5.000 hectares, dos quais 3.000 ha são explorados indirectamente (rendeiros) e 2.000 ha estão afectos a pastagens e/ou à produção de forragens. A seguir à área de pastagens/forragens, a cultura predominante é a do arroz num total de 650 hectares, seguida de 140 hectares de milho. Nos Pauis de Belmonte e Lavouras, num total de 460 hectares, cultiva-se arroz. A Companhia das Lezírias produz carne de bovino que, pela sua vinculação restrita a uma área geográfica delimitada e, pelas suas condições específicas de produção, se diferencia de outros produtos similares existentes no mercado. A Companhia das Lezírias passou por muitas vicissitudes, sendo nacionalizada em 1975 e tendo passado, em 1989, a Sociedade Anónima de capitais maioritariamente públicos. Desde 1997, a Companhia das Lezírias vem consolidando a sua situação, quer sob o ponto de vista tecnológico, quer financeiro, baseada numa filosofia de desenvolvimento sustentado. Actualmente, a Companhia das Lezírias é a maior empresa agro-pecuária de Portugal, com 20 000 ha, em que, para além de extensas áreas agrícolas e florestais, possui ainda várias barragens. Com cerca de 8.500 hectares, a área florestal da Companhia das Lezírias, S.A. apresenta povoamentos de quatro das principais espécies da floresta portuguesa, distribuídas da seguinte forma: 6.100 hectares de sobreiro; 1.400 hectares de pinheiro bravo; 300 hectares de pinheiro manso; 700 hectares de eucalipto. Apesar dessa diversidade, verifica-se um predomínio do sobreiro, o que justifica que, para além dos produtos florestais como a cortiça, a madeira para serração e rolaria, as lenhas e as pinhas, seja possível dar-lhe um uso múltiplo através de actividades como a silvopastorícia, a caça, a apicultura e diversas actividades de lazer. Por esta diversidade de actividades, essencialmente relacionadas com o montado de sobro, grande parte da área florestal da Companhia das Lezírias, S.A. foi classificada como “Mata Modelo” pelo Plano Regional de Ordenamento Florestal do Ribatejo. É esta floresta que dá suporte aos habitats e a muitas das espécies, nomeadamente de aves, que justificam que uma parte importante da “Companhia” esteja incluída na Zona de Protecção Especial e no Sítio que integra a Rede Natura 2000. Toda a área de Charneca da Companhia das Lezírias, S.A. está, desde 1989, totalmente ordenada do ponto de vista cinegético, existindo três zonas de caça, duas associativas e uma turística, esta última, ZCT de Roubão, Braço de Prata e Outras (Proc. 66 da DGRF) gerida directamente pela empresa. A Zona de Caça Turística, com 8.425 ha, abrange toda a área central da Charneca do Infantado, o Roubão e o Catapereiro. Preside à sua gestão, como aliás de todas as actividades da “Companhia”, o princípio da sustentabilidade, a que acrescem cuidados particulares tendo em conta que a ZCT está integrada parcialmente na Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo. O início da actividade vitícola da Companhia das Lezírias remonta ao ano de 1881, ano em que se instalou a vinha na charneca de Catapereiro. Essa área foi crescendo até 1934, ano em que a vinha atingiu o seu máximo expoente cerca de 400 ha. As castas dominantes eram o Periquita (Castelão) e o Bastardo.Com o passar dos anos, a vinha foi sendo reestruturada, tendo a Companhia das Lezírias actualmente cerca de 120 ha de vinha, dos quais 65% da área é composta por castas tintas e os restantes 35% por castas brancas. O Azeite da Companhia das Lezírias é uma nova área de negócio. A Companhia possui, neste momento, cerca de 30 ha de olival e prepara-se para instalar mais 16 ha. Produz variedades de azeitona como a Galega e a Cobrançosa, ambas nacionais, e a Arbequina, espanhola. São utilizados os sistemas de cultura Intensivo e Super-Intensivo. A Coudelaria da Companhia das Lezírias dedica-se actualmente, em exclusivo, à criação do cavalo Puro-Sangue Lusitano, cujos produtos macho recria e aos três anos desbasta e comercializa, no mercado interno e externo. Recentemente, a Companhia das Lezírias decidiu desenvolver e alargar as suas actividades turísticas. A Companhia das Lezírias possui um aldeamento turístico com 12 Bungalows em madeira e piscina, devidamente integrados no espaço envolvente, onde poderá desfrutar de um ambiente único e de um leque variado de actividades ao ar livre. Fontes: Companhia das Lezírias; Imprensa.

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CAIXA 3 - SUGAL / IDAL A Sugal foi criada em 1957, pelos empresários Luís Ortigão Costa e Teodoro Prudêncio, da Casa Prudêncio e Filhos, aquando do aparecimento das primeiras indústrias de transformação de tomate em Portugal. Integra o grupo Sogepoc, detido pela Sociedade Agrícola Fonte do Pinheiro, com sede na Azambuja, e que pertence ao empresário Ortigão Costa. A empresa está entre as dez grandes empresas nacionais de tomate e produz cerca de 3500 toneladas diárias de tomate. Em 2007, através da sociedade Tomgal, liderada pela Sogepoc e pelo empresário Pedro Maria Sousa Macedo, a Sugal adquiriu a Idal, fábrica de concentrado de tomate localizada no município de Benavente, que havia sido comprada em 1965 pela Heinz, empresa norte-americana internacionalmente conhecida pelo seu Ketchup. A Guloso é a mais famosa marca da Idal, mas a fábrica de Benavente produz também maioneses e outros molhos, sendo ainda o distribuidor exclusivo de sementes de tomate da marca Heinz Seeds para os países da Bacia Mediterrânica. A Idal empregava cerca de 230 trabalhadores e, segundo dados oficiais da Heinz, processava cerca de 210 mil toneladas de tomate por ano. Com a aquisição da Idal, a produção de concentrados de tomate ficou em exclusivo em mãos portuguesas. A Sugal tornou-se no maior produtor privado europeu de derivados de tomate, passando a produzir 450 mil toneladas. Na fábrica Sugal em Azambuja foram feitos avultados investimentos na renovação do equipamento que lhe permitiu reduzir o tempo de espera entre a colheita e a transformação do tomate e aumentar a produtividade. A Sugal tem uma capacidade de processamento de 3500 toneladas de tomate por dia. De referir que a Sugal integra o Cluster Ago-Industrial do Ribatejo, reconhecido formalmente como Estratégia de Eficiência Colectiva em Julho de 2009. Fontes: Sugal; Imprensa.

CAIXA 4 - SALSICHAS NOBRE A marca Nobre tem origem num nome de família – a família Nobre -, quando em 1918 Marcolino Pereira Nobre abriu o primeiro talho em Rio Maior. Depois de vários anos de actividade, Marcolino Nobre decidiu alargar o negócio, inspirado na existência em França de matadouros de iniciativa privada, com métodos que poderiam potenciar a actividade. Em Abril de 1957, foi inaugurado o Primeiro Matadouro Regional de Portugal, em Rio Maior, com tecnologia avançada e processos modernizados. Em Maio de 1962, foi constituída a sociedade “Indústrias de Carnes Nobre, Lda”, com novos planos de expansão da actividade e grandes investimentos. Os seus sócios eram os filhos do fundador, Marcolino e Manuel Nobre, e o colaborador da empresa, Cândido Pires. Nos anos 70, o sucesso e crescimento da empresa determinaram um novo passo: a construção de uma fábrica modernizada, equipada com tecnologia europeia, e uma frota de distribuição organizada. Em 1987, a expansão da Nobre é confirmada pelo aumento do capital social e pela abertura do capital da empresa ao público, com a cotação na Bolsa de Valores de Lisboa. Neste ano, a Nobre já liderava o mercado na área de charcutaria, quer no mercado nacional, quer na exportação: no ranking das 1000 maiores empresas em Portugal, a Nobre ocupava a 108º posição. Desde o final da década de 80 até 1993, integrado num processo de internacionalização, a Nobre passou a fazer parte da divisão alimentar da BP, tendo sido adquirida, nesta data, pela empresa Sara Lee Corporation. A marca Nobre está presente em cerca de 30 países, mas o mercado externo representa apenas 5% do seu negócio. Em 2006 a Nobre foi adquirida pelo Groupe Smithfield, uma joint venture entre a Smithfield Foods e a Oak Tree. A Smithfield Foods, com sede nos EUA, é o maior grupo mundial do sector, que detém subsidiárias em França, Polónia, Roménia, , Reino Unido, Bélgica, Holanda, Alemanha, Itália, México e China. Foi assim possível à Nobre aceder a novas oportunidades ao nível tecnológico, de inovação e desenvolvimento de produto, bem como no acompanhamento das tendências globais de mercado. Em 2008 a Smithfields, visando objectivos estratégicos e comerciais, anunciou a intenção de se fundir com a Campofrío, que ao concretizar-se criaou a empresa líder europeia na categoria e uma das 5 maiores do mundo. Fontes: Nobre; Imprensa.

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CAIXA 5 - RENOVA – FÁBRICA DE PAPEL DO ALMONDA A Renova é uma empresa portuguesa de capital privado (detida a 100% pelo Grupo Almonda SGPS) constituída em 1939, com sede em Renova, município de Torres Novas. Desenvolve a sua actividade na produção e comercialização de produtos de consumo com base em papel tissue, para uso doméstico e sanitário, bem como de papéis para impressão e escrita. Possui duas unidades industriais, uma situada na nascente do rio Almonda (Fábrica 1), e a outra a dois quilómetros de distância deste local (Fábrica 2). A razão da sua localização está intimamente ligada a toda a sua história, já que a sua actividade utiliza a nascente do rio Almonda como fonte de água necessária às operações que a produção de papel requer. A empresa tem a sua origem em 1818, quando David Ardisson escolheu como marca de água da primeira folha de papel manufacturada nas margens do Almonda, a marca Renova. Até ao final dos anos 30 do século XX o papel era produzido artesanalmente e seco ao ar. Só a partir de 1939 é feita a instalação de uma pequena unidade alimentada pela energia produzida numa turbina hidroeléctrica e pela água da nascente do rio Almonda. Nesta altura, o papel é ainda produzido recorrendo a trapos e papel velho, ao invés de pasta de papel. A Renova começou a produzir, em 1958, papel higiénico, entrando assim numa área que viria a condicionar todo o seu futuro: os produtos de papel de uso doméstico e sanitário. O processo produtivo da empresa encontra-se repartido por quatro divisões: Divisão de Reciclagem (DIRE) - produz fibras recicladas para a fabricação de papel a partir de papéis velhos seleccionados. Com uma capacidade de 35.000 ton/ano, a DIRE é responsável pela produção de cerca de 50% da matéria-prima fibrosa utilizada na Renova para a produção de papel. Esta Divisão ocupa-se ainda da gestão do tratamento de efluentes da Fábrica 2 (ETAR 2) e da gestão do Aterro Controlado de Resíduos Industriais (ACR). Divisão de Fabricação (DIFA) - utiliza como matérias-primas principais a pasta reciclada (fornecida pela DIRE) e a pasta virgem (adquirida no exterior) e tem como função a produção de papel Renova. Esta Divisão é composta por Áreas, que agrupam as várias linhas de produção: a Área 1 encontra-se especializada na produção de papéis de impressão, escrita e embalagem; as Áreas 4, 5 e 6 estão especializadas na produção de papel tissue. A gestão do tratamento de efluentes da Fábrica 1 (ETAR 1) é da responsabilidade desta Divisão. Divisão de Transformação (DITA) - utiliza como matéria-prima principal o papel produzido pela DIFA. Tem como função a produção de produtos transformados, principalmente produtos fabricados com base em papel tissue (Papel Higiénico, Rolos de Cozinha, Guardanapos, Lenços de Bolso, Lenços Faciais e Produtos Industriais). Divisão de Produtos Sanitários (DISA) - encontra-se localizada na Fábrica 1 e produz protecções sanitárias femininas. Para além do mercado nacional, onde detém uma quota de mercado de 40%, concentra atenções no mercado espanhol, desde 1990, e no mercado francês, desde 2002, onde tem promovido fortes campanhas publicitárias, geradoras de apreciável crescimento em ambos os mercados. A empresa tem cerca de 800 funcionários e factura mais de 150 milhões de euros por ano. Metade da facturação é obtida nos mercados externos, com destaque para Espanha. A empresa tem presença comercial em Espanha, França, Luxemburgo e Bélgica. Fontes: Renova; Imprensa.

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CAIXA 6 - JOÃO DE DEUS E FILHOS A João de Deus e Filhos foi fundada em 1914 por João de Deus que abriu uma pequena loja de reparação de radiadores em Lisboa. Mais tarde dedicou-se também à produção e, em 1991, muda-se para Samora Correia. Em 1993 reforça a presença em Espanha com a abertura de uma sucursal e, em 2001, entra no grupo Denso. O alargamento das instalações em Samora Correia tem sido um dos problemas e há pouco tempo temeu-se que a empresa pudesse deslocalizar-se para outro país. Só uma suspensão especial do PDM de Benavente permitiu à empresa construir novas instalações numa zona contígua que estava em reserva agrícola. Apesar de pertencer à multinacional japonesa Denso Corporation, a empresa continua a comercializar produtos em nome próprio. A empresa é líder mundial de produção de radiadores para automóveis e está a entrar em força na produção de intercoolers (aparelhos de refrigeração que aumentam a eficácia dos motores). A grande aposta vai ser no reforço da exportação, uma área-chave na empresa que está presente em quase toda a Europa, com 50 clientes, também na América (5 clientes), na Ásia (5 clientes) em África (3 clientes) e Austrália (2 clientes). Produz componentes de refrigeração para as principais marcas automóveis: Toyota, Fiat, Volkswagen, Audi, Seat, Mitsubishi, Porsche, Iveco e Opel. A sua gama de produtos é composta por: Sistemas de climatização e aquecimento para viaturas particulares, veículos utilitários e comboios; Elementos de controlo eléctricos e electrónicos (incluindo velas); Sistemas de gestão de combustível; Radiadores; Contadores; Filtros; Escovas; Diversos; Sistemas de telecomunicações; Outros produtos não destinados ao automóvel. Refira-se que a casa mãe, a Denso é uma marca de origem japonesa, pertencente à Denso Corporation, um fabricante líder no mundo das peças para automóveis e outros veículos a motor, fornecendo os principais construtores de veículos e mercado de substituição independente. Possui 67 unidades de produção em 22 países e emprega aproximadamente 106 mil pessoas em 32 países, incluindo o Japão. As vendas globais consolidadas em 2006 totalizaram 27.3 biliões de dólares. A Denso é líder de mercado no fornecimento directo de motores de arranque e alternadores. Muitos dos principais construtores de automóveis usam os motores de arranque e alternadores Denso como peças standard. Desde a tomada da Marelli Rotating Division em 1999, os motores de arranque e alternadores Denso estão também directamente disponíveis no aftermarket independente, onde o consumidor pode escolher entre unidades novas e reconstruídas. As unidades novas são produzidas em Itália, Polónia e Japão, enquanto que as unidades reconstruídas vêm directamente das fábricas no Reino Unido. Fontes: Denso; João de Deus e Filhos; Imprensa.

CAIXA 7 - MITSUBISHI FUSO TRUCKS AND BUS CORPORATION Aproveitando infra-estruturas onde, há três décadas, se produziam veículos militares para o exército português, numa parceria com a francesa Berliet, a Mitsubishi Fuso Trucks tornou-se, desde 1980, um importante centro de exportação do modelo Canter para toda a Europa. Em Outubro de 2008 a empresa assinalou a produção de 150.000 unidades do modelo Fuso Canter na unidade do Tramagal. Com elevados níveis de exportação que rondam os 90%, esta fábrica do grupo é actualmente a única a montar a Canter, para 33 países da Europa, desde 1996. Os seus principais mercados são o francês, italiano, inglês e alemão. Em 2008, a empresa começou a marcar presença nos mercados do Leste da Europa - pela primeira vez, o modelo Canter começou a ser vendido na Hungria, Bulgária, Eslovénia, Croácia, Bósnia, Sérvia e Montenegro. A empresa deu início ao maior ensaio europeu com camiões híbridos a nível de frotas, entregando, em 2007,10 Fuso Canter Eco Hybrid, de 7,5 toneladas, a 8 clientes no Reino Unido. Para este projecto, a Mitsubishi Fuso Trucks and Bus Corporation, com o suporte da Daimler Trucks (o maior produtor mundial de camiões, que controla 85% da empresa japonesa) investiu 20 milhões de euros em Portugal e duplicará o número de colaboradores para cerca de mil. De referir que a Mitsubishi Fuso Trucks integra o Pólo de Competitividade e Tecnologia Automóvel e Mobilidade, reconhecido formalmente como Estratégia de Eficiência Colectiva em Julho de 2009. Fontes: Mitsubishi Trucks; Imprensa.

CAIXA 8 - INCOMPOL – INDÚSTRIA DE COMPONENTES A Incompol, localizada em Samora Correia, foi fundada em 1987 e é uma das principais empresas de componentes metálicos para a indústria automóvel e aeronáutica, a par da produção de aplicações metálicas para a indústria eléctrica e electrónica, estampagem, tornearia e maquinação de série, montagem e soldadura. Em termos de equipamentos, desenvolve prensas hidráulicas e mecânicas de 10 a 800 toneladas, soldadura robotizada, tornearia automática. Os seus mercados principais são o automóvel, electrodomésticos e electrónica. Como principais clientes, destacam-se a Delphi, Faurecia, Eugster & Firsmag, Tenneco, Visteon, Volkswagen e Bosch. Fontes: Incompol; Imprensa.

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CAIXA 9 - CORTICEIRA AMORIM - AMORIM NATURAL CORK A Corticeira Amorim SGPS é a maior empresa mundial de produtos de cortiça e uma das mais internacionais de todas as empresas portuguesas do sector, com operações em todo o mundo. Gera um volume de negócios superior a 450 milhões de euros em 103 países. Há mais de um século que está presente neste sector de actividade, tendo contribuído decisivamente para a divulgação mundial da cortiça. Actualmente, as aplicações de cortiça incluem não apenas produtos tradicionais de alto valor acrescentado, como é o caso da rolha, mas também produtos que incorporam avançada tecnologia de fabrico e elevados padrões de I&D. A empresa disponibiliza portanto um vasto portfolio de produtos de elevada qualidade, para incorporação em indústrias diversificadas e exigentes como a indústria aeronáutica, de construção, ou a indústria vinícola. Em 2006 adquiriu, através da sua participada Amorim & Irmãos, 50% do capital social da empresa Equipar – Participações Integradas, SGPS, localizada em Coruche (antes denominada CSG - Equipar, SGPS), passando assim a deter 100% desta sociedade. Esta aquisição permitiu ao Grupo Amorim controlar integralmente as duas sociedades industriais detidas pela Equipar: a Equipar – Rolha Natural e a Equipar – Indústria de Cortiça. Este investimento inseriu-se no objectivo estratégico do Grupo - consolidar a qualidade da oferta da indústria da rolha de cortiça, permitindo aos clientes aceder a produtos de qualidade com elevada performance técnica e sensorial. Tornou-se assim possível a produção de um milhão de rolhas de cortiça por dia (estima-se que venha a atingir os 3 milhões) e a criação de mais 170 postos de trabalho. A empresa produz nesta unidade de Coruche discos para as rolhas de champanhe, comercializadas sob a marca Spark®. De referir que a Corticeira Amorim integra o Pólo de Competitividade e Tecnologia Indústrias de Base Florestal, reconhecido formalmente como Estratégia de Eficiência Colectiva em Julho de 2009. Fontes: Grupo Amorim; Imprensa.

CAIXA 10 - TEJO ENERGIA A Central Termoeléctrica do Pego, detida pela Tejo Energia, foi construída entre 1988 e 1995, vindo reforçar o sistema electro-produtor nacional em resposta ao crescimento do consumo na década de 90 e à necessária diversificação das fontes energéticas. A compra da Central em 1993 por um consórcio internacional representou um enorme avanço, introduzindo o sector privado numa parte significativa da produção eléctrica nacional. Desde então, a Tejo Energia tornou-se num projecto inovador que se mantém como referência nos mercados eléctricos a nível mundial. A Central do Pego significou também o primeiro grande Project Finance no Sul da Europa, envolvendo os accionistas bem como bancos portugueses e internacionais. A empresa Tejo Energia é uma das maiores companhias privadas em Portugal em termos de activos, o que permite assegurar as melhores condições para a empresa levar a cabo o seu objectivo: transformar carvão em electricidade. A actual estrutura accionista da Tejo Energia é a seguinte: International Power (50%); Endesa Generación (38.9%); EDP Participações SGPS (11.1%). A Central Termoeléctrica do Pego possui dois grupos produtores de energia eléctrica, equipados cada um deles com um gerador de vapor, um grupo turbina-alternador e um transformador principal. Os grupos são idênticos, com uma potência unitária de 314 MW. Em condições de utilização plena dos dois grupos com uma disponibilidade média de 99%, a Central garante uma produção anual de 5 milhões de MWh. Esta capacidade de produção anual representa cerca de 11% da energia eléctrica consumida em Portugal. Integram a Central do Pego duas outras empresas: - PEGOP - Energia Eléctrica, S.A.: assegura a exploração (manutenção e operação) da Central Termoeléctrica do Pego. Esta empresa foi criada especificamente para operar e manter a Central do Pego e trabalha em exclusivo para o seu cliente Tejo Energia. Totalmente baseada no Pego – Abrantes, emprega a maioria dos trabalhadores do projecto e, para além de assegurar o funcionamento directo da central, gere um conjunto alargado de contratos com outras empresas que operam partes da instalação ou que mantêm determinados equipamentos. - CarboPego: é o “fuel supplier”, isto é, a empresa responsável pelo fornecimento de combustível à Central Termoeléctrica do Pego, localizada no município de Abrantes. A central do Pego utiliza o carvão para produzir electricidade. A central tem 2 grupos de 314 MW e um consumo anual de cerca de 1.500.000 toneladas de carvão. A CarboPego é responsável pela compra do carvão no mercado internacional e pela logística até à entrega na central. O carvão é descarregado no terminal de carvão do porto de Sines (TMS), seguindo depois por caminho-de-ferro até à central a cerca de 290 km do porto. Fontes: Tejo Energia; Imprensa.

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5. RECURSOS HUMANOS - EDUCAÇÃO BÁSICA E SECUNDÁRIA O nível de qualificação da população activa do Vale do Tejo é relativamente baixo, comparativamente à média nacional, apesar da melhoria verificada nos últimos anos. As sub-regiões do Médio Tejo e Lezíria do Tejo revelam uma distribuição semelhante do nível de ensino pela população, sendo apenas de sublinhar que o Médio Tejo revela um número ligeiramente maior de residentes que possuem o 1º Ciclo, enquanto que na Lezíria do Tejo o nível de literacia é consideravelmente mais baixo. Os activos com um nível de instrução inferior ou igual ao 3º Ciclo (9º ano de escolaridade) representam cerca de 58% da população activa do Vale do Tejo. A estrutura de qualificações da população com actividade económica é assim muito pouco favorável, com um peso significativo dos efectivos semi ou não qualificados. Apenas cerca de 10% da população activa daquele território atingiu o Ensino Superior. O Vale do Tejo apresenta uma elevada percentagem de população sem instrução ou apenas com o 1º ciclo do ensino básico: valores de 31.4% e 36.9% no Médio Tejo e Lezíria do Tejo, respectivamente. Em municípios como Alpiarça, Chamusca e Coruche, a percentagem de população com o 1º Ciclo do ensino básico ultrapassa os 41%. Os maiores níveis de qualificação encontram-se no município de Santarém, onde cerca de 18% dos activos concluiu o ensino superior, valor próximo dos resultados da coroa periférica da AML Norte e superior à maioria dos municípios da Península de Setúbal, o que traduz uma ideia de polarização dos recursos humanos qualificados da capital do Distrito de Santarém. O nível de qualificação da população activa do Médio Tejo regista uma clara assimetria territorial, podendo mesmo dizer-se que existe uma oposição entre os municípios setentrionais e rurais versus municípios meridionais e mais urbanizados. É efectivamente no Norte desta sub-região que se verifica uma maior percentagem de população menos instruída. A percentagem de activos que apenas possui o 1º ciclo do ensino básico é superior a 33% em Ferreira do Zêzere, Ourém, Sardoal e Alcanena. Ao nível do ensino superior, destaque para o município do Entroncamento, que aparece, no contexto desta sub-região, como um enclave. Este município, com cerca de 23.5% de população activa com ensino superior, regista um valor muito próximo da média da região de Lisboa (23.4%). Esta situação resulta da combinação de dois factores: por um lado, da exiguidade territorial do município, constituído apenas por uma freguesia totalmente urbana; por outro, pela condição de charneira que permite absorver grande parte da mão-de-obra qualificada dos municípios adjacentes. Localizam-se no Vale do Tejo várias escolas de ensino profissional. Localizada em Santarém, a Escola Profissional do Vale do Tejo iniciou a sua actividade em 2001 e está sedeada na cidade de Santarém. É a única escola profissional do País com uma estrutura accionista constituída por mais de 30 entidades, da qual fazem parte as maiores empresas do Distrito de Santarém, a Associação Empresarial do Distrito de Santarém (a NERSANT), associações culturais, instituições de solidariedade social e duas instituições de ensino superior. Os cursos profissionais que lecciona são: apoio psicossocial; construção civil/condução de obra; comércio; curso técnico de contabilidade; curso técnico de electrónica; curso técnico de informática de gestão; curso técnico de turismo; técnico de comunicação, relações públicas, marketing e publicidade. Os seus cursos de educação e formação 9º ano e 12º ano são: técnicas comerciais; práticas técnico-comerciais. A Escola Profissional de Salvaterra de Magos começou por exercer a sua influência geográfica

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nos municípios de Salvaterra de Magos, Benavente e Coruche, mas rapidamente alargou a sua área de influência a municípios limítrofes como Vila Franca de Xira, Santarém, Almeirim, Alpiarça e Cartaxo. No ano lectivo 1994/95 criou um pólo em Lisboa, direccionado para o sector do turismo e hotelaria. Em 1999 foi constituído o Instituto de Educação e Formação do Sorraia, entidade proprietária das duas escolas referidas, que abarcou todos os direitos até então reservados à Escola Profissional de Salvaterra de Magos. O pólo de Lisboa passou então a designar-se por Escola Profissional de Hotelaria e Turismo de Lisboa. A Escola Profissional de Salvaterra de Magos é hoje uma referência no território em que está inserida, tendo-se tornado um parceiro do tecido empresarial do Vale do Tejo. Actualmente, oferece os seguintes cursos profissionais: informática de gestão; contabilidade; restauração – cozinha e pastelaria; restauração – restaurante/bar; comunicação, marketing, relações públicas e publicidade; construção civil; electrónica. Os cursos de educação e formação 9º ano e 12º ano são: práticas administrativas; electricidade de instalação; serviço de mesa; técnicas comerciais. Esta Escola Profissional é gerida pelo Instituto de Educação e Formação do Sorraia, à semelhança da Escola Profissional de Hotelaria e Turismo de Lisboa. A Escola Profissional de Coruche é uma instituição privada equiparada a pessoa colectiva de entidade pública, que funciona sob a tutela do Ministério da Educação. Iniciou as suas actividades lectivas em 2001 e lecciona os seguintes cursos de Nível III: processamento e controlo de qualidade ambiental; manutenção industrial/electromecânica; electrotecnia; gestão de sistemas informáticos; gestão; animador social/psicossocial. A Escola lecciona ainda Cursos de Qualificação Inicial e cursos de formação à medida para as empresas, nas áreas da electricidade e edificações, climatização e sistemas de informação. Além das referidas Escolas, no Vale do Tejo existem também a Escola Profissional de Ourém, a Escola Profissional de Rio Maior, a Escola Profissional de Tomar e a Escola Profissional de Torres Novas. No ano lectivo 2008/2009 cerca de 500 alunos do Vale do Tejo frequentavam Cursos Tecnológicos, com destaque para os cursos nas áreas da informática, administração, desporto e acção social. FIGURA 12 - ALUNOS INSCRITOS EM CURSOS TECNOLÓGICOS POR ÁREA CIENTÍFICA (% TOTAL INSCRITOS NESTE TIPO DE CURSOS) ANO LECTIVO 2008/2009

Desporto 16,5%

Electrotecnia e Electrónica 3,6% Informática 32,0%

Acção Social 16,0%

Multimédia 3,6% Administração 28,4%

Fonte: Ministério da Educação.

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Marketing 0,0%

As instituições de ensino superior do Vale do Tejo estão a apostar na oferta de Cursos de Especialização Tecnológica (CET), alguns direccionados para actividades de especialização deste território (ligados à agro-indústria ou à mecânica industrial), outros direccionados para actividades emergentes (como a multimédia, sistemas de informação, automação e robótica).

QUADRO 1 - CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO TECNOLÓGICA – ANO LECTIVO 2009/2010 Instituição Promotora Instituto Politécnico de Tomar

Estabelecimento

Designação do CET

Escola Superior de Gestão de Tomar

Aplicações Informáticas de Gestão

Escola Superior de Tecnologia de Abrantes

Desenvolvimento de Produtos Multimédia Fabricação Automática Instalação e Manutenção de Redes e Sistemas Informáticos Projecto de Construções Mecânicas Tecnologias e Programação de Sistemas de Informação

Escola Superior de Tecnologia de Tomar

Automação, Robótica e Controlo Industrial Condução de Obra Desenvolvimento de Produtos Multimédia Instalações Eléctricas e Automação Industrial Sistemas de Informação Geográfica Tecnologias e Programação de Sistemas de Informação

Instituto Politécnico de Santarém

Escola Superior Agrária de Santarém

Cadastro e Avaliação de Propriedades Higiene e Segurança Alimentar Sistemas de Informação Geográfica Tecnologias de Produção Integrada e Hortícolas

Fonte: Direcção Geral do Ensino Superior.

6. RECURSOS HUMANOS - ENSINO SUPERIOR E INVESTIGAÇÃO 6.1. Diplomados do ensino superior Em todo o Vale do Tejo, o ensino superior é ministrado em 11 estabelecimentos, localizados em 4 municípios do Médio Tejo e em 2 da Lezíria do Tejo, ganhando aqui preponderância quantitativa a situação da capitalidade de Santarém. Constituído por cinco estabelecimentos, quatro localizados na cidade de Santarém (Escolas Superiores de Educação, Gestão, Agrária e de Enfermagem) e um localizado na cidade de Rio Maior (Escola Superior de Desporto), o Instituto Politécnico de Santarém (IPS) conta com mais de 4.500 alunos. Apesar de ter apresentado um forte crescimento durante a última década, o IPS tem vindo a mostrar uma estagnação na sua procura, fruto do decréscimo da procura do ensino em virtude da quebra dos níveis de fecundidade e da menor diversificação da oferta de cursos existentes, denotando-se carências na vertente tecnológica e um excesso de oferta em áreas cada vez menos procuradas (educação e agricultura). Neste contexto, o IPS tem procurado diversificar os seus domínios de actuação através da oferta de

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cursos de pós-graduações, de cursos de especialização tecnológica, da crescente articulação com o tecido empresarial e da prestação de serviços à comunidade. Na cidade de Santarém existe ainda uma instituição privada do ensino superior (o Instituto Superior de Línguas e Administração) cuja oferta está actualmente circunscrita ao turismo e à gestão de empresas. Criado há 25 anos, o Instituto Politécnico de Tomar (IPT) oferece cerca de duas dezenas de cursos de licenciatura, além de pós-graduações e cursos de especialização tecnológica. O IPT possui um campus em Tomar que acolhe a Escola Superior de Tecnologia de Tomar e a Escola Superior de Gestão de Tomar e, em Abrantes, a Escola Superior de Tecnologia de Abrantes. No conjunto dos diplomados pelas instituições de ensino superior do Vale do Tejo, destacam-se as áreas científicas ciências de engenharia (cerca de 22% do total de diplomados), economia e gestão (22%), seguidas das artes (13%) e desporto (11%). FIGURA 13 - DIPLOMADOS POR ÁREA CIENTÍFICA (% TOTAL) – ANO LECTIVO 2008/2009

Artes 13%

Humanidades e Direito 7%

Ciências Engenharia 22%

Turismo e Lazer 4%

Economia e Gestão 22%

Desporto 11% Saúde - Cuidados Pessoais 9%

Educação 9% Serviços Sociais 3%

Fonte: Direcção-Geral do Ensino Superior.

6.2. Investigação Em 2008, cerca de 780 indivíduos desenvolviam actividades de I&D no Vale do Tejo, sobretudo em contexto empresarial. As despesas em I&D atingiam os 27.3 mil milhares de euros. No Vale do Tejo existem duas importantes instituições públicas de investigação (vd. Caixas): o Centro Tecnológico da Indústria do Couro (CTIC), infra-estrutura tecnológica de apoio à indústria de curtumes concentrada em Alcanena, e a Estação Zootécnica Nacional (EZN), que também constitui uma relevante infra-estrutura de apoio a uma outra actividade de especialização do território em estudo: a exploração pecuária.

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CAIXA 11 - CTIC – CENTRO TECNOLÓGICO DA INDÚSTRIA DO COURO Na década de 80 do século XX, a indústria de curtumes passou por uma fase de crescimento considerável, correspondendo a fortes estímulos da procura, essencialmente da indústria de calçado, que absorve cerca de 90% da produção. Após importantes investimentos efectuados na modernização da produção e preservação ambiental, foi necessário criar uma estrutura de investigação que apoiasse a competitividade desta indústria, em torno dos desafios de valorização ambiental, novas tecnologias e processos, investigação e desenvolvimento, racionalização de processos, redução de custos, ganhos de produtividade, diversificação e segmentação de mercados alternativos aos actuais. Neste contexto, foi inaugurado, em 1994, em Alcanena, o CTIC – Centro Tecnológico das Indústria de Couro, infraestrutura tecnológica, promotora e catalisadora da valorização e inovação tecnológica da indústria de curtumes nacional, visando a competitividade do sector, através de: (1) apoio técnico e tecnológico às empresas do sector ou de sectores afins ou complementares; (2) realização e promoção de investigação aplicada e desenvolvimento experimental, que possa contribuir para a solução dos problemas do sector e promover a sua transferência para as empresas industriais directa ou indirectamente associadas; (3) promoção da melhoria da qualidade, actuando sobre os factores que a condicionam, tais como sistemas de gestão da qualidade das empresas, a normalização, a metrologia e a certificação; (4) apoio e promoção da formação técnica e tecnológica especializada do pessoal das empresas; (5) recolha, tratamento e divulgação de informação técnica e tecnológica; (6) realização de trabalhos de desenvolvimento que conduzam à redução da poluição através de medidas preventivas e ou optimização dos processos de tratamento de efluentes; (7) contribuição para o fortalecimento das ligações entre as universidades, os organismos de investigação e a indústria. O número total de associados do CTIC é de 95, dos quais 65 são empresas de curtumes que representam cerca de 90% da produção nacional. O CTIC integra os seguintes Departamentos: DEPP – Departamento de Estudos e Projectos; DAMB – Departamento de Ambiente; DEC – Departamento de Certificação; DESA – Departamento de Segurança Alimentar; DEHST – Departamento de Higiene e Segurança no Trabalho; DEFI – Departamento de Formação e Informação. Integrados nestes Departamentos, o CTIC conta com os seguintes Laboratórios: - EFM - Laboratório de Ensaios Físico-Mecânicos: executa ensaios e testes físicos a peles em todas as fases do processo de fabrico e no produto acabado. Dá ainda apoio às actividades de desenvolvimento e investigação realizadas pelo CTIC. - Laboratório de Análises Químicas: executa ensaios de caracterização química qualitativa e quantitativa em peles, produtos químicos, águas, efluentes, resíduos sólidos, lamas ETAR, solos e alimentos. - Núcleo de Tecnologias Ambientais: está vocacionado para efectuar a recolha e análise de águas (consumo, piscinas, rega, residuais industriais e domésticas), solos, resíduos sólidos e lamas ETAR. Realiza estudo de optimização de sistemas de tratamento de águas residuais à escala laboratorial. Está também habilitado para efectuar a recolha e análise de gases em chaminés industriais. - Laboratório de Microbiologia: está vocacionado para a recolha, análise e ensaios a águas destinadas para consumo humano. No entanto, o seu campo de actividade abrange também as águas residuais e recreativas, cosméticos, peles, microbiologia alimentar e diagnóstico de hortofrutícolas, para além de dar igualmente apoio à área de Investigação e Desenvolvimento do CTIC. - Unidade de Processos Tecnológicos: é uma fábrica piloto que permite simular os tratamentos e processos mais comuns da indústria de curtumes. Tem como objectivo geral realizar estudos de I&D, optimizar e desenvolver novos produtos, processos e tecnologias, à escala laboratorial e semi-industrial. - Núcleo de Acústica e Ruído: foi criado como consequência da habilitação do CTIC para medição, caracterização e avaliação de ruído industrial e ambiental. O CTIC foi um dos fundadores do CENTI - Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes, um Instituto de Novas Tecnologias (sem fins lucrativos) fundado em parceria com o CITEVE – Centro Tecnológico da Indústria Têxtil e Vestuário, a Universidade do Minho, a Universidade do Porto e a Universidade de Aveiro. Localizado em Vila Nova de Famalicão, é um Centro vocacionado para a geração de conhecimento e integração tecnológica no domínio das micro/nano tecnologias orientadas para os materiais de aplicação relevantes nas Indústrias Têxtil, Vestuário e Couro. Desenvolve investigação em nanosensores químicos e biológicos, nanosistemas avançados para libertação de substâncias, nanopartículas self-cleaning, nanotubos de carbono para reforço de materiais e várias outras. Ou seja, conjugando a I&D em nanotecnologia com um grande avanço na área dos materiais. Desta forma, o CENTI aposta nos têxteis e vestuário multifuncional e inteligente que percepcionam o ambiente exterior e que permitem uma maior autonomia e desempenho humano. Fonte: CTIC.

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CAIXA 12 - ESTAÇÃO ZOOTÉCNICA NACIONAL A Estação Zootécnica Nacional (EZN) é um serviço operativo do Instituto Nacional de Investigação Agrária, que promove e realiza actividades de I&D e formação, com destaque para a promoção da ciência e criação de tecnologia em produção animal. A EZN colabora no ensino de graduação e pós graduação em produção animal, faculta facilidades para a realização de estágios curriculares e profissionais e promove apoio técnico directo à comunidade, designadamente associações de agricultores. À EZN incumbe promover e realizar actividades de investigação e desenvolvimento, com destaque para a promoção da ciência e desenvolvimento da tecnologia em produção animal e as actividades de formação, de modo a assegurar o apoio técnico à comunidade, designadamente através das associações de produtores. Esta instituição desenvolve actividades nas seguintes áreas científicas: nutrição e alimentação animal; reprodução, genética e melhoramento animal; sistemas e técnicas de produção animal. Localizada em Santarém, constitui um campus científico multidisciplinar e plurivocacional em produção animal. É composta pelos seguintes Departamentos: - Departamento de Genética e Melhoramento Animal: apresenta três áreas de trabalho principais - recursos genéticos animais (caracterização, conservação e utilização sustentável); melhoramento genético animal; genética molecular. - Departamento de Nutrição e Alimentação Animal: tem como principais objectivos a avaliação da dieta animal considerando o nível de segurança dos diferentes nutrientes (limiares de carência/toxicidade); a optimização da eficiência digestiva dos alimentos, tendo em vista a redução dos custos de produção e a protecção do meio ambiente; a manipulação da qualidade e segurança do produto (carne/leite) mantendo o seu valor nutricional e promovendo a saúde do consumidor. Encontra-se organizado em 4 Núcleos: Química Analítica; Recursos Alimentares; Digestão; Metabolismo. - Departamento de Reprodução Animal: tem como objectivos - estudar os mecanismos e factores que condicionam a reprodução das espécies pecuárias; inovar, implementar e transferir as tecnologias da reprodução; contribuir para melhorar o rendimento reprodutivo, preservar a biodiversidade e potencializar os esquemas de selecção e progresso genético. - Departamento de Sistemas e Técnicas de Produção Animal: unidade que desenvolve actividades de I&D nos domínios da racionalização, segurança e qualidade dos sistemas de produção, do controlo biológico da produção animal e da alimentação animal. Com cerca de 180 colaboradores, a EZN conta com 18 investigadores nos seus domínios centrais de actividade. Fonte: EZN.

7. A INOVAÇÃO EMPRESARIAL NA REGIÃO 7.1. A inovação nas principais empresas da região De seguida apresentam-se alguns exemplos de empresas que se destacam pela intensidade de actividades de inovação que desenvolvem e que se ancoram em sectores emergentes no Vale do Tejo.

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CAIXA 13 - COURO AZUL A Couro Azul teve a sua origem em 1939 quando o empresário António Nunes de Carvalho lançou a sua própria empresa de curtumes. Na década de 50, quando o vestuário de couro ainda era pouco frequente, este empresário desenvolveu um produto inovador, curtindo pele de ovino para vestuário. Este espírito de inovação permitiu aos seus clientes comercializarem novos produtos com as características únicas e inconfundíveis do couro. A segunda geração da família desenvolveu o negócio durante a década de 60 do século XX e um produto inovador é posto à disposição dos clientes pela primeira vez em Portugal: pele de caprino para calçado de senhora. Neste período, a família Carvalhos adquire participação numa empresa especializada em curtumes de bovino – a Fábrica de Curtumes do Lys. Nos anos 80, o Grupo Carvalhos investiu numa nova fábrica – a Couro Azul -, construída de raiz para a produção de peles de bovinos, destinada a calçado, mobiliário e sector automóvel. Actualmente, a terceira geração da família Carvalhos gere duas unidades industriais – a António Nunes de Carvalho SA e a Couro Azul SA. Fundada em 1989, a Couro Azul é das mais modernas unidades industriaisde curtumes em Portugal. Concretizando a estratégia de diversificação do Grupo Carvalhos, a empresa está vocacionada sobretudo para os sectores automóvel e aeronáutico. A principal produção da Couro Azul – peles de bovinos – destina-se ao sector automóvel e aeronáutico. Oferece uma completa gama de produtos para estes sectores: volantes, assentos, goles, painéis, etc. Foi uma das primeiras empresas a nível mundial a desenvolver couro ecológico (sem crómio), de acordo com as especificidades técnicas das mais exigentes construtoras automóveis. Os seus produtos equipam automóveis da VW, Seat, Skoda, Ford, Volvo, Renault, MG Rover, Nissan e Saab. Fontes Couro Azul; Imprensa.

CAIXA 14 - STI – SISTEMAS E TÉCNICAS INDUSTRIAIS A STI é uma empresa que se assume como líder, em Portugal, no fornecimento de equipamentos e serviços às indústrias de tomate, pimento e na separação sólido/líquido de águas e tratamento de lamas em ETAR’s. A actividade da empresa desenvolve-se em duas áreas complementares: - Concepção, fabricação, assistência e montagem de equipamentos e linhas para a indústria agro-alimentar; - Projecto, comercialização, montagem e assistência de equipamentos para o tratamento de águas (potáveis, residuais urbanas e industriais) na vertente de separação sólido-líquido. A STI possui relações de parceria permanente com empresas dos mesmos sectores em França, Itália, Espanha e Áustria. No sector Ambiente, a STI desenvolve a sua actividade em ETAR’s municipais e industriais para águas potáveis e residuais, nos domínios da: separação sólido/líquido; transporte e arejamento. No sector Agro-Alimentar, a STI apresenta soluções em equipamentos e linhas e/ou fábricas, para processamento de frutos e vegetais. Presente no mercado nacional desde 1978, a sua unidade industrial em Abrantes iniciou actividade em 1994, tendo sido modernizada e ampliada em 2006. A empresa foi responsável, entre outros projectos, pela montagem da linha de sumos da Compal, além da montagem da fábrica de tomate da Heinz, em Espanha. De referir que a STI integra o Cluster Ago-Industrial do Ribatejo, reconhecido formalmente como Estratégia de Eficiência Colectiva em Julho de 2009. Fontes: STI; Imprensa.

8. OS NOVOS PROJECTOS – INFRAESTRUTURAS E ACTIVIDADES 8.1 - Novas actividades Ambiente e Energia Uma das fileiras emergentes na Lezíria do Tejo é a do Ambiente e Energia, através do desenvolvimento do EcoParque do Relvão, no município da Chamusca. Neste município estão instalados dois CIRVER (centros integrados de recuperação, valorização e eliminação de resíduos

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perigosos), inaugurados em Junho de 2008, que têm ancorado a localização de várias empresas da fileira ambiental (sobretudo empresas que irão aproveitar como matéria-prima os produtos resultantes dos CIRVER). Estas infra-estruturas, construídas pelos consórcios Sisav e Ecodeal, permitem tratar e recuperar no município cerca 200 mil toneladas de resíduos, além de potenciarem os benefícios da sua reciclagem e evitarem o pagamento dos custos de transporte de resíduos para outros países. Estimase que, em conjunto, os dois CIRVER poderão atingir uma capacidade instalada de tratamento e recuperação de 465 mil toneladas de lixos perigosos provenientes de todo o País. O desenvolvimento do EcoParque do Relvão assenta sobre o conceito das Redes de Simbioses Industriais (SI), em que os desperdícios ou resíduos gerados por uma empresa são utilizados como matéria-prima por outra(s) empresa(s). Este conceito implica um grande esforço de coordenação e colaboração entre os diversos parceiros (o Município da Chamusca, a Universidade, empresas e outros organismos do poder local e regional) na partilha de conhecimento e competências, especialmente ao nível das infra-estruturas e gestão da rede. Desta forma, no EcoParque estão a localizar-se empresas de biomassa, de reciclagem de plásticos agrícolas e de materiais provenientes da construção civil, de metais ferrosos (ex-sucateiros) e de triagem de medicamentos perigosos, entre outras. Entre estas empresas refiram-se os exemplos da Cobin, para produção de biocombustível e cuja justificação da escolha de localização no EcoParque reside na existência de matérias-primas, nomeadamente milho, em quantidades suficientes, além da biomassa indispensável ao funcionamento da unidade industrial e da proximidade da estação de caminho-deferro, indispensável para o transporte do bio-combustível para a refinaria de Sines. Ainda no contexto da fileira do Ambiente e Energia, de referir o projecto ECO LivingLab@ Chamusca, promovido pela Câmara Municipal da Chamusca, em parceria com a Comunidade Urbana da Lezíria do Tejo (CULT), o Instituto Superior Técnico (IST), a NERSANT e os dois referidos consórcios responsáveis pelos CIRVER. Os objectivos deste “Laboratório Vivo” são: (1) aumentar a competitividade do território do Vale do Tejo e das empresas de forma sustentável; (2) reduzir o impacto ambiental dos processos industriais já existentes, bem como dos que venham a existir; (3) aumentar a eficiência da utilização de materiais, energia e serviços; (4) reduzir a quantidade de resíduos depositados em aterro; (5) criar e comercializar produtos e métodos inovadores. No seguimento desta iniciativa, o EcoParque é um dos novos membros da Rede Europeia de Living Labs (ENoLL). De referir ainda que o Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH) projectou a construção na Chamusca, de uma Unidade de Tratamento, Valorização e Eliminação de Resíduos Hospitalares (um investimento que ronda os 15 milhões de euros). Esta empresa pretende deslocalizar para o EcoParque a incineradora de resíduos hospitalares que possui em Lisboa, junto ao hospital Júlio de Matos. Algumas actividades de especialização do Vale do Tejo, em particular a indústria dos curtumes em Alcanena, justificam e reforçam a necessidade de aposta numa fileira ambiental que permita ultrapassar alguns problemas próprios deste tipo de actividades. Têm sido desenvolvidos alguns projectos de valorização energética de resíduos derivados da indústria de curtumes – exemplo do projecto “Verica: Valorização Energética dos Resíduos da Indústria de Curtumes”, promovido pelo CTIC - Centro Tecnológico das Indústrias do Couro, em parceria com o INETI - Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação, o INAG – Instituto Nacional da Água, as empresas ANOX, Luságua e a AUSTRA - Associação de Utilizadores do Sistema de Tratamento de Águas Residuais de Alcanena. Os resíduos alvo de tratamento no âmbito deste projecto são as raspas verdes e as lamas biológicas da ETAR de Alcanena.

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CAIXA 15- PROJECTOS ENERGÉTICOS NO PEGO (ABRANTES) No Pego (município de Abrantes) localiza-se uma central termo eléctrica funcionando a carvão - a maior deste tipo existente em Portugal - pertencente à empresa TEJO Energia de que são principais accionistas a International Power (50%), a Endesa (39%) e a Energias de Portugal (EDP) (11%). A Central Termoeléctrica do Pego foi construída entre 1988 e 1995, vindo reforçar o sistema electro produtor nacional em resposta ao crescimento do consumo na década de 90 e à necessária diversificação das fontes energéticas. A central foi comprada em 1993 por um consórcio internacional e representou também o primeiro grande Project Finance no Sul da Europa, envolvendo os Accionistas bem como os bancos portugueses e internacionais. A Central utiliza o carvão para produzir electricidade, sendo o carvão descarregado no terminal do porto de Sines (TMS), seguindo depois por caminho-de-ferro até à central a cerca de 290 km do porto. Para o Pego (Abrantes) estão previstos um conjunto de investimentos e um projecto de I%D muito significativos. Assim: • A TEJO Energia, através de uma nova empresa - a ElecGas -, está a construir uma central termo eléctrica de ciclo combinado, com capacidade de 800 MW, funcionando a gás natural (e com uma eficiência energética superior a 58%) envolvendo um investimento de 580 milhões de euros. Quando estiverem a funcionar as duas centrais, a capacidade instalada atingirá os 1400 MW, tornando-se no maior centro produtor de electricidade do País. Refira-se que a International Power tem uma participação de 50% na Tejo Energia (Central do Pego - 600 MW a carvão), de 60% na Turbogas (Central da Tapada do Outeiro - 990MW a gás natural) e uma participação de 50% na ElecGas (gás). • A TEJO Energia vai avançar com um projecto pioneiro em Portugal de avaliação da possibilidade de instalação de uma unidade de CCS – Captação e Sequestração do Carbono na Central Termoeléctrica do Pego - o projecto KTEJO – que será desenvolvido conjuntamente pela Universidade de Évora, Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), TEJO ENERGIA e PEGOP (operadores da Central) e que procurará esclarecer as seguintes questões: como capturar o CO2 na Central Termoeléctrica do Pego ?Qual a melhor forma de transportar o CO2? Existem formações geológicas que permitam o armazenamento? Questão central dada a inexistência de reservatórios de hidrocarbonetos explorados em Portugal, reduzindo-se as possibilidades de armazenamento geológico de elevados volumes de CO2 no território nacional a reservatórios profundos saturados com água de elevada salinidade, os aquíferos salinos. • Uma nova empresa - a RPP Solar - projecta construir, em fases, um empreendimento combinando a produção de painéis foto voltaicos (com cinco linhas de montagem, uma delas completamente robotizada) e de equipamento para o aproveitamento da energia eólica, começando pelo fabrico de torres. Se se concretizar este projecto, poderá vir a criar, quando completadas as suas várias fases, cerca de 1900 empregos. Fontes:Tejo Energia;Imprensa

Actividades económicas ligadas aos novos desafios da Fileira Automóvel No Vale do Tejo existem várias empresas que desenvolvem a sua actividade na fileira da indústria automóvel, no que respeita quer à produção de componentes e sistemas quer à integração e montagem de veículos automóveis, além de outras empresas que não trabalham em exclusividade para a indústria automóvel (como são exemplo as empresas de metalomecânica, produtos químicos de base, tintas, sistemas eléctricos, entre outras). É interessante referir o caso de uma pequena empresa estar a apostar em Santarém num novo segmento da indústria automóvel - concepção, montagem e distribuição de carros de Fórmula 1 de série única -, através de um negócio de base tecnológica, com características inovadoras e que tem vindo a demonstrar capacidade de exportação. Face à deslocalização da unidade de integração e montagem de veículos automóveis da Lezíria do Tejo (a Opel/General Motors da Azambuja), a fileira automóvel enfrenta graves problemas de sobrevivência e são projectos inovadores como o referido, além da aposta em novos segmentos de mercado, que poderão fazer a diferença. Por outro lado, são vários os factores justificativos da aposta na permanência e desenvolvimento de actividades ligadas ao automóvel: a presença de unidades de montagem na região (como a Mitsubishi em Abrantes) ou próximo dela (a AutoEuropa na Península de Setúbal) e as vastas potencialidades de ascensão na cadeia de valor - a passagem da simples integração e montagem de veículos automóveis para a I&D e produção de pequenas séries, apostando em áreas como os novos materiais, a segurança, testes e ensaios, o desenvolvimento do design automóvel e prototipagem.

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Turismo O Plano Estratégico da Região de Lisboa, Oeste e Vale do Tejo (2000-2010), que valorizava significativamente vantagens comparativas do Vale do Tejo, no contexto nacional e mesmo internacional, formulou quatro fontes de potencial de desenvolvimento para este território: (1) potencial produtivo assente no aproveitamento de recursos endógenos; (2) potencial conservacionista decorrente da diversidade de ecossistemas existentes e de experiências bem sucedidas de gestão de Áreas Protegidas; (3) potencial de património cultural e histórico, veículo de identidades e memórias em domínios como o artesanato, a gastronomia ou a arquitectura; e (4) potencial turístico e de lazer. No seguimento deste Documento de Estratégia e no quadro de estruturação do Programa Operacional da Região de Lisboa e Vale do Tejo (PDR/QCA III), foi concebida a Estratégia Acção Integrada VALTEJO (iniciada no ano 2000), tendo por base um Programa Estratégico e Operacional do Vale do Tejo. Estas iniciativas permitiram o desenvolvimento de um forte potencial turístico de todo o Vale do Tejo, que num futuro próximo permitirá reforçar a competitividade deste território em toda a fileira turística e num contexto de valorização ambiental e territorial, um dos desígnios do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN). Parte substantiva da competitividade e sustentabilidade ambiental e turística do Vale do Tejo reside na continuidade de iniciativas de valorização das frentes ribeirinhas do Tejo, numa linha de reforço do valor acrescentado de iniciativas já desenvolvidas, sobretudo no âmbito do Valtejo. Entre estes projectos, de destacar a valorização económica de um dos projectos mais paradigmáticos neste contexto – o Aquapolis, Parque Urbano Ribeirinho de Abrantes. Este projecto consiste na reabilitação das duas margens do rio Tejo, junto à encosta Sul da cidade de Abrantes, através de infra-estruturas para a prática de desportos ao ar livre (remo, pesca desportiva, voleibol de praia, canoagem, ténis, etc.) e de actividades lúdicas e espaços para a realização de espectáculos (animação cultural), tirando o maior partido possível das suas potencialidades turísticas e desportivas. A iniciativa permitiu à cidade de Abrantes reconciliar-se com o rio Tejo, elemento geográfico que tem desempenhado um papel fundamental em todo o processo de desenvolvimento daquela cidade. Centrado no Tejo, e no denominado “Mar de Abrantes” - tornado possível através do espelho de água criado pelo Açude Insuflável -, este projecto requalificou ambiental e urbanisticamente as suas frentes ribeirinhas da cidade, impulsionando um novo pólo de atractividade regional e de desenvolvimento. Além da inovação em termos de engenharia que marca o ex-libris do Aquapolis – o Açude, única obra de engenharia hidráulica em todo o País que recorre a comportas insufláveis -, o projecto permitiu a criação de importantes infra-estruturas lúdicas e desportivas, essenciais para a (re)aproximação das populações com o Tejo e para o reforço da competitividade de Abrantes no domínio do Turismo Desportivo (de lazer e de competição, nas modalidades de canoagem, remo, basebol, râguebi, ciclismo e atletismo, entre outras).Abrantes tem acolhido um número crescente de provas nacionais e internacionais de canoagem, estando o Executivo Municipal a negociar com federações e clubes nacionais e europeus desta modalidade que se mostram interessados em inscrever o “Mar de Abrantes” nos seus roteiros de treinos e provas durante o Inverno. Com a conclusão de todos os equipamentos previstos, Abrantes poderá tornar-se um importante centro de desporto náutico e de estágio de Inverno, de nível internacional naquelas modalidades náuticas. Todo o território do Vale do Tejo detém portanto fortes potencialidades de desenvolvimento turístico, ancorado na sua riqueza cultural e paisagística e, em particular, da valorização das frentes ribeirinhas do Tejo que, além de permitirem a valorização ambiental deste território, potenciam as suas valências em determinados produtos turísticos (exemplos do turismo náutico, do turismo

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desportivo e do próprio turismo equestre, em torno de uma outra fileira com forte potencial no Vale do Tejo – a fileira do Cavalo). Em suma, a proximidade do Vale do Tejo a Lisboa e Espanha (grandes mercados emissores para short-breaks, turismo de curta duração), a riqueza natural, paisagística, cultural e patrimonial e a presença de reconhecidos “produtos” regionais (o Tejo, o cavalo, aos quais se juntam o touro, a gastronomia e os vinhos) são importantes factores de competitividade turística deste território que urge valorizar. Refira-se ainda neste contexto o Projecto Almourol, que teve a sua origem no âmbito do Programa Valtejo. Este projecto resultou de uma parceria público-privada entre a NERSANT e três autarquias (Constância, Vila Nova da Barquinha e Chamusca), com o objectivo de transformar 12 km de margem do Tejo no principal parque de aventura e turismo activo do País. Como iniciativas futuras, destacam-se as conducentes à promoção da iniciativa privada nas áreas requalificadas (em torno de actividades como a restauração, o turismo, o arranjo de espaços verdes, etc). A fileira do Cavalo O Vale do Tejo, em particular na Lezíria do Tejo (municípios como a Golegã, Cartaxo, Benavente e Alpiarça), apresenta uma forte especialização nas actividades ligadas ao Cavalo (com destaque para os Puro Sangue Lusitano e Sorraia). Merecem referência as actividades ligadas à produção/criação equina, à produção e comercialização de produtos e equipamentos ligados ao cavalo, além das actividades ligadas ao desporto (provas de competição - corridas de cavalos, participação em campeonatos de diversas modalidades e disciplinas do desporto equestre) e ao lazer (equitação, eventos etnográficos e culturais, feiras e exposições, turismo rural e equestre). De referir também a presença na região de importantes instituições ligadas à produção equina, ensino e I&D - a Escola Superior Agrária de Santarém (com a Escola de Equitação e curso de equinicultura), a Estação Zootécnica Nacional, a Companhia das Lezírias, a Coudelaria Nacional –, além da presença de infra-estruturas diversas, seja para o acolhimento de cavalos a penso seja para a prática de desportos equestres (centros hípicos, coudelarias, picadeiros, associações equestres). Existem fortes potencialidades de desenvolvimento da fileira do Cavalo no Vale do Tejo, através de esforços concertados de I&D em áreas estratégicas (como o melhoramento genético, o apuramento da raça ou o desenvolvimento de produtos farmacêuticos) e de articulação dos vários actores e actividades existentes e/ou potenciais na região. Vários são os sectores/fileiras que poderão ser potenciados com a aposta na ascensão na cadeia de valor da fileira do Cavalo: a Saúde/Ciências da Vida (ligada à saúde animal, à zootécnica avançada, à indústria farmacêutica animal e à saúde humana – caso da equitação terapêutica ou hipoterapia), o Desporto (desporto equestre de alto rendimento, com ligações interessantes à saúde, por via da medicina desportiva) e o Turismo (turismo rural, equestre e de charme). De referir que no Vale do Tejo têm sido desenvolvidas várias iniciativas de promoção da fileira do cavalo, no seguimento de estudos encomendados pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional. De acordo com estes estudos, a fileira do cavalo reveste-se de extrema importância para o território em virtude dos fortes impactos sobre toda a economia do Vale do Tejo. Uma das iniciativas mais recentes é o desenvolvimento das corridas de cavalos, actividade promotora de vários impactos. Num contexto de abertura às apostas mútuas hípicas urbanas (possibilidade de apostar dentro e fora dos recintos das provas), este tipo de iniciativas permite: no plano económico, a criação de cavalos de raças pouco difundidas em Portugal e em quantidade elevada, a produção de alimentos para animais em estabulação permanente e a dinamização da oferta turística; no plano social, a criação de empregos directos e indirectos, a par de necessidades

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de formação para funções de execução, manutenção e gestão; no plano regional, a estruturação de actividades relacionadas e de suporte ao funcionamento do hipódromo e dos campos de treino e ao acompanhamento das corridas, criando a possibilidade de inúmeras actividades, que assumem actualmente carácter informal, evoluírem para o sector estruturado da economia regional. FIGURA 14 - AS POTENCIALIDADES DE DESENVOLVIMENTO DA FILEIRA DO CAVALO Produção/criação animal

Meio Natural -Ambiente natural e recursos da terra; - Pastagens e organização das explorações.

Potencialidades de desenvolvimento da Fileira Cavalo no Vale do Tejo

Criação de equinos

Actividades de suporte

Reprodução

Produção de artigos complementares ao cavalo

Apuramento e melhoramento genético de raças

Produtos de manutenção (cascos, etc) Química farmacêutica

Produção de alimentos Produtos de higiene

-Aposta na I&D e experimentação (reprodução animal e apuramento genético de raças); - Desenvolvimento de produtos farmacêuticos; -Desenvolvimento da zootécnica avançada; - Desenvolvimento do desporto equestre de alto rendimento; -Exibições e Feiras; - Cooperação regiões do mundo especializadas na fileira do cavalo; -Aposta na ligação Cavalo-Saúde Humana: aposta na hipoterapia; - Turismo equestre.

Rações Base endógena de recursos

Medicamentos Suplementos vitamínicos

Sectores com Articulação Formação

Minerais Informação/Divulgação Produtos alimentares específicos por espécie equina

Saúde/Ciências da Vida

Desporto

Turismo

Comercialização

8.2 – Novos projectos Iremos seguidamente referir um conjunto de projectos que têm sido anunciados para o território do Vale do Tejo, a maioria deles potenciais candidatos a financiamento ao abrigo do QREN: Infra-Estruturas para Apoio à Inovação No contexto do reforço da competitividade económica do Vale do Tejo, e em particular nas referidas fileiras de actividade, merecem destaque os seguintes projectos: Tagusvalley - Tecnopólo do Vale do Tejo: trata-se de um projecto desenvolvido pela Câmara Municipal de Abrantes, em parceria com a NERSANT, que se destina à criação de um dispositivo de apoio às empresas do Vale do Tejo e ao desenvolvimento e implementação de uma estratégia de inovação para todo o território. É um projecto associado da rede nacional de Parques Tecnológicos (TECPARQUES), que ocupa um espaço de cerca de 150 hectares, estando a ser recuperados alguns edifícios para este Centro Tecnológico, na antiga fábrica da Quimigal (CUF). O Tecnopólo está vocacionado para acolhimento e instalação de empresas e projectos qualificantes para a economia do Médio Tejo e do País, projectado com grandes áreas para expansão futura tanto na vertente de acolhimento de serviços, como de indústrias inovadoras de tecnologia intensiva. Ao nível da Administração Central, definiu-se que a vocação estratégica do Tecnopólo reside no sector agro-alimentar (com destaque para os produtos pimento, marmelo, azeite e enchidos). Com três associados fundadores – a Câmara Municipal, a NERSANT e o Instituto Politécnico de Tomar -, a que se juntou a empresa Tejo Energia, foi constituída uma entidade gestora do Tecnopólo (a TagusValley). De referir que o TagusValley integra o Cluster Ago-Industrial do Ribatejo.

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Parque Tecnológico da Lezíria do Tejo – também um projecto da associação empresarial, destinado à criação de um espaço de instalação exclusiva de entidades de investigação, pólos de universidades, empresas de telecomunicações, de informática, de serviços avançados às empresas e de TIC. Centro de Inovação e Competitividade Empresarial (Chamusca) – este projecto apresenta fortes sinergias com o Ecoparque do Relvão. Oferece, simultaneamente, valências de incubação e de acolhimento de empresas em fase de instalação que criem postos de trabalho adicionais, designadamente, empresas que queiram ter a sua sede no município. Esta Área de Acolhimento Empresarial tem sido muito solicitada, mesmo antes do seu arranque formal e efectivo. A gestão deste equipamento é feita numa perspectiva puramente empresarial, pretendendo-se deste modo assegurar a sustentabilidade do mesmo. Centro de Competências para os Recursos Florestais – a NERSANT pretende, no âmbito do QREN, desenvolver em Ferreira do Zêzere um centro que reúna competências e conhecimentos para apoiar os proprietários florestais e as empresas da fileira florestal. Centro Tecnológico de Materiais de Construção – outro projecto da NERSANT, a desenvolver em Fátima em parceria com o Departamento de Materiais de Construção do Instituto Superior Técnico. Centro Tecnológico Agro-Alimentar – também da NERSANT, pretende-se que este projecto seja desenvolvido em Almeirim e vocacionado para os produtos frescos. Centro de Design do Móvel – um outro projecto apresentado pela referida associação empresarial, destinado à criação de um centro de apoio à actividade do mobiliário muito concentrada em Ourém, nas áreas da prestação de serviços de I&D e apoio técnico em domínios em que as empresas ainda apresentam debilidades, como sejam o design e a industrialização do produto. Inov.Linea - Centro de Transferência de Tecnologia Alimentar: este projecto enquadrase na política de desenvolvimento do Tecnopólo do Vale do Tejo e tem como promotores o Município de Abrantes; a NERSANT; a ESTA – Escola Superior de Tecnologia de Abrantes; o A.Logos; a empresa STI e outras empresas do agro-alimentar. Tem como objectivos tornar-se o principal pólo de suporte de desenvolvimento da indústria agro-alimentar do País, focando-se sobretudo na transferência de tecnologia entre empresas que utilizem métodos produtivos e matérias-primas específicas do território do Vale do Tejo ou do País. Está muito associado ao desenvolvimento da Rede de Inovação do Vale do Tejo. Infra-Estruturas de Acolhimento Empresarial e outras Iniciativas dirigidas às Empresas A NERSANT propôs para o período 2007-2013, a criação dos Parques de Negócios do Vale do Tejo (áreas de localização empresarial nos municípios de Rio Maior, Santarém, Torres Novas, Ourém/Fátima e Cartaxo), a criação de duas Escolas Tecnológicas e da Escola de Negócios do Cartaxo. A complementaridade entre projectos deverá ser assegurada, assim como a clara definição das valências prioritárias (actividades a privilegiar) nas várias infra-estruturas identificadas como futuros projectos para o Vale do Tejo. Projectos de Cooperação Empresarial Ainda num contexto de reforço da competitividade do Vale do Tejo, merecem destaque os seguintes projectos: • Cluster Ago-Industrial do Ribatejo: reconhecido formalmente como Estratégia de Eficiência Colectiva em Julho de 2009, é liderado pela Animaforum – Associação para o Desenvolvimento da Agro-Indústria. Tem como principal enfoque quatro subsectores: transformação de carnes,

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com especial destaque para carnes frescas de aves e enchidos/fumados; transformação de frutos e produtos hortícolas, salientando-se os concentrados de pimento e de tomate e a produção de arroz; a produção de bebidas, sobretudo de sumos; e a produção de gorduras e óleos, com especial destaque para o azeite. Este cluster integra diversos actores, de entre os quais a NERSANT, o TagusValley, a Escola Superior Agrária de Santarém, a Bonduelle, a DAI, a Comtemp (Companhia dos Temperos), a STI, a Compal, a Sugalidal ou a Toul, entre outros. Observatório do Sobro e da Cortiça (Coruche) - projecto integrado na iniciativa Montado de Sobro e Cortiça (Programa de Valorização dos Recursos Endógenos – PROVERE) e que beneficia de protocolo com a Associação Portuguesa de Cortiça (APCOR). Os responsáveis não pretendem a criação de um “Observatório de Coruche” mas um Observatório de nível nacional e internacional na fileira da cortiça (integra actualmente uma Rede Europeia de Observatórios), aberto à comunidade local. Como se pretende que as populações “vivam” o montado, vastas áreas de montado serão destinadas a visitas, observação, investigação e experimentação. De referir que só no município de Coruche existem cerca de 50.900 hectares de montado de sobro e uma produção média anual de 8.400 toneladas de cortiça (cerca de 3 milhões de rolhas por dia, em virtude da já referida presença no município de uma unidade industrial da Corticeira Amorim). Escola de Negócios do Vale do Tejo – este projecto resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal do Cartaxo e a Cooperativa de Ensino Universitário, CRL, entidade instituidora da Universidade Autónoma de Lisboa, destinando-se a fomentar a oferta de um leque de oportunidades educativas mais alargado e de maior qualidade, ao nível do ensino profissional e superior (pós-graduado).

Infra-Estruturas de Transportes Como projecto complementar ao reforço da competitividade económica do Vale do Tejo destaca-se a construção de uma nova ponte sobre o Tejo junto ao Tramagal, infra-estrutura que permitirá a ligação do IC9 entre Abrantes e Ponte de Sor. O futuro troço do IC9, que fará a ligação entre a A23 e Ponte de Sor, terá o perfil de auto-estrada, com quatro faixas de rodagem (duas em cada sentido) entre a auto-estrada da Beira Interior e a Estrada Nacional 118, até à localidade de Tramagal. Este projecto é uma das contrapartidas dadas pelo Governo à Mitsubishi Fuso Trucks Europe na sequência do investimento anunciado de 20 milhões de euros na fábrica de Tramagal – esta era uma velha aspiração da administração desta unidade industrial, detida maioritariamente pelo Grupo Daimler, que há muito reclamava por melhores acessibilidades para a exportação dos seus produtos. Prevê-se que esta ligação do IC9 entre Abrantes e Ponte de Sor irá permitir um melhor escoamento da produção da fábrica da Mitsubishi (90% destinada à exportação), em virtude da sua ligação à A23. De referir que a deslocalização do novo aeroporto de Lisboa, da Ota (Alenquer) para o campo de tiro de Alcochete (Benavente) conduziu à atribuição por parte do Governo de compensações financeiras na ordem dos 2,1 mil milhões de euros, destinadas a investimentos a concretizar até 2017 em 4 municípios da Lezíria do Tejo (Azambuja, Cartaxo, Rio Maior e Santarém, além de 12 municípios no Oeste). Entre os projectos mais emblemáticos estão a construção de uma estação de TGV em Asseiceira (Rio Maior), a ligação ferroviária entre a Linha do Norte em Santarém e a Linha do Oeste nas Caldas da Rainha, a variante ferroviária em Santarém, o estudo de viabilidade da variante rodoviária à EN3 entre Vila Nova da Rainha (Azambuja) e Santarém e a requalificação urbana de Santarém.

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CAIXA 16- PROVERE LOCALIZADOS NA LEZÍRIA DO TEJO/MÉDIO TEJO O PROVERE (Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos) é uma tipologia de Estratégias de Eficiência Colectiva (EEC), previstas pelo QREN, destinada a estimular as iniciativas dos agentes económicos orientados para a melhoria da competitividade territorial das áreas de baixa densidade, com o objectivo de acrescentar valor económico aos recursos endógenos. Os projectos integrados em EEC beneficiam de majorações previstas nos diversos sistemas de incentivo e outros programas de apoio ao investimento no âmbito do QREN. Entre Outubro de 2008 e Julho de 2009 realizou-se o processo de reconhecimento de candidaturas apresentadas no primeiro concurso de reconhecimento formal de EEC-PROVERE. São os seguintes os PROVERE reconhecidos que têm incidência na Lezíria do Tejo/Médio Tejo: - Mercados do Tejo, Rede para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia do Tejo – tem como objectivo a valorização económica do Vale do Tejo, através dos seguintes “mercados” estratégicos – portos ribeirinhos; turismo activo; património; sustentabilidade e promoção ambiental; artes e conhecimento; sabores; alojamento turístico. - A Cultura Avieira a Património Nacional - tem por finalidade afirmar a cultura e as aldeias avieiras a Património Nacional, promovendo a biodiversidade e valorizando o turismo, os ecossistemas ribeirinhos e a antropologia cultural. - Montado de Sobro e Cortiça – esta iniciativa tem o objectivo de valorizar o montado de sobro e cortiça através de novas aplicações para a utilização da cortiça, valorizando-a enquanto produto natural, com valor biológico e com um balanço positivo na economia de carbono. Pretende a busca de novas soluções ao nível silvícola tendo em vista a preservação das espécies e novas utilizações da cortiça, de forma a encontrar/criar novos mercados. - AMBINOV, Soluções, Inovadoras em Ambiente, Resíduos e Energias Renováveis – este projecto visa o tratamento e valorização de resíduos e energias renováveis, enquanto motores de negócio e salvaguarda do equilíbrio ecológico, visando a consolidação e densificação da fileira ambiental e de tratamento de resíduos já existente na Chamusca.

9. DESAFIOS, RISCOS E OPORTUNIDADES NO MÉDIO PRAZO O Vale do Tejo caracteriza-se por uma elevada riqueza e diversidade territorial, de recursos naturais e paisagísticos e de base económica, elementos cruciais na competitividade das sub-regiões que o constituem – a Lezíria do Tejo e o Médio Tejo. Na sua parte meridional, e fazendo fronteira com a Área Metropolitana de Lisboa, destaca-se o território dos solos férteis da Lezíria do Tejo, um dos maiores patrimónios agrícolas nacionais, em virtude das propícias condições naturais a uma agricultura de excelência, com vastos campos aluvionares envolventes e dispondo de muito boas acessibilidades e proximidade ao principal mercado consumidor do País. A par desta actividade agrícola de elevado rendimento e competitividade, o território da Lezíria do Tejo tem firmado a ancoragem de importantes unidades industriais agro-alimentares (e de outros sectores económicos como o automóvel, a energia e o ambiente) em paralelo com um processo de afirmação e de consolidação de uma rede de pequenos e médios centros urbanos. Por seu turno, a sub-região do Médio Tejo constitui um autêntico território de intermediação e de múltipla charneira entre regiões. Como se fez referência, trata-se de um território que combina uma vocação natural agro-florestal, com uma tradição industrial de expressão regional e nacional: ao prolongamento das extensas áreas florestais da região Centro, juntam-se alguns pólos de especialização industrial de relevância nacional. A produção de curtumes, mobiliário, papel e metalomecânica adquirem neste território reconhecida expressividade no panorama industrial do País. Um importante desafio que o Vale do Tejo enfrenta para o futuro é a capacidade de preservação das referidas diversidades, num contexto de crescente pressão sobre os recursos naturais (que poderá colocar em risco a sustentabilidade das extensas áreas protegidas presentes neste território) e de dificuldades sentidas por alguns sectores de actividade de especialização regional, em que se destaca a crise internacional no sector do automóvel. Saliente-se que já se verificou no Vale do Tejo o encerramento de uma importante unidade de montagem automóvel – a General Motors, na Azambuja – pelo que, apesar da existência de outras empresas ligadas à montagem e componentes automóveis, são de registar os riscos de destruição

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de emprego nesta actividade. É assim fundamental desenvolver novas actividades no domínio da fileira automóvel (como os testes e ensaios, a segurança automóvel e actividades ligadas à mobilidade sustentável e à aeronáutica). Também o sector agro-alimentar enfrenta desafios interessantes para a competitividade do Vale do Tejo. Centrada fundamentalmente nos produtos frescos (como a horticultura e a fruticultura) e na produção de arroz, vinho e carne bovina, a agro-indústria do Vale do Tejo enfrenta as exigências decorrentes do abastecimento ao mais sofisticado mercado de consumo do País (a Área Metropolitana de Lisboa) e da relevância cada vez mais atribuída à qualidade e certificação dos produtos. Existem no território importantes empresas que têm conseguido adaptar-se a estas novas exigências e tornarem-se líderes nos seus sectores de actividade. Um outro desafio para o Vale do Tejo, e do qual depende a competitividade das actividades económicas e a atractividade do território para a captação de projectos e investimentos, é a capacidade de contrariar a tendência para a perda de dinamismo demográfico que se tem verificado nas últimas décadas. Salvo excepções de alguns territórios que beneficiam da sua posição de charneira interterritorial ou que se inserem nos eixos urbanos da Lezíria do Tejo e do Médio Tejo (destaque para os exemplos do Entroncamento, Ourém e Benavente), o Vale do Tejo enfrenta o risco de forte tendência para o envelhecimento demográfico e perda de população residente. Todavia, a aposta na competitividade dos sectores económicos de especialização territorial e em actividades emergentes, a par da concretização dos projectos previstos para este território, poderão incrementar a atracção do Vale do Tejo para a localização de novos investimentos empresariais, em particular daqueles que poderão beneficiar da proximidade a Lisboa e das competências existentes na Lezíria do Tejo e do Médio Tejo em torno de determinadas actividades. Está previsto um conjunto alargado de projectos futuros para o Vale do Tejo, sendo imprescindível uma correcta definição de projectos estruturantes para o território, sua priorização estratégica, complementaridade e envolvimento de actores. Os vários projectos elencados no ponto 8 do presente documento constituem uma oportunidade para este território ultrapassar debilidades inerentes às actividades mais tradicionais (perda de competitividade e dificuldades na inovação de produtos e processos) e sobretudo alavancar novas actividades, como sejam as referidas fileiras do ambiente e energia, novos segmentos da fileira agroindustrial e da fileira automóvel, a zootécnica avançada aliada a produtos regionais como o touro e o cavalo ou o turismo e valorização territorial (como a requalificação das frentes ribeirinhas). São vários os exemplos que comprovam as reais oportunidades de desenvolvimento destas actividades. Refiram-se as competências existentes em torno da Estação Zootécnica Nacional e das instituições de ensino superior, o êxito da aposta do município da Chamusca no desenvolvimento do Ecoparque do Relvão (que já é uma referência nacional ao nível da valorização de resíduos e da atracção de empresas inovadoras no domínio do ambiente, reciclagem e energia) ou as iniciativas de valorização das margens do Tejo (que lançou Abrantes como um dos melhores exemplos de requalificação de frentes ribeirinhas). Também ao nível do reforço das acessibilidades e da consolidação da integração do Vale do Tejo nas dinâmicas da Área Metropolitana de Lisboa as oportunidades são evidentes, sendo vários os projectos que poderão concretizar num futuro próximo estas potencialidades.

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CARTA REGIONAL DE COMPETITIVIDADE

GRANDE LISBOA

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1. TERRITÓRIO A sub-região NUT III Grande Lisboa tem como limites territoriais, a Norte a sub-região Oeste, a Sul as margens do rio Tejo, a Este a Lezíria do Tejo e a Oeste o Oceano Atlântico, onde desagua o rio Tejo. É constituída por um conjunto de 9 municípios. FIGURA 1 - SUB-REGIÃO GRANDE LISBOA

O PROT-AML identifica as seguintes Unidades Territoriais para a Grande Lisboa: Estuário do Tejo: é uma área de importância estratégica ao nível metropolitano e nacional, em virtude da riqueza dos seus valores naturais. Constitui o espaço central da Área Metropolitana de Lisboa (AML), ao longo de cujas margens se iniciou o desenvolvimento do sistema urbano e que permite as ligações entre a margem norte e a margem sul da área urbana mais densa da AML. Apresenta condições para o desenvolvimento de actividades económicas e de recreio e lazer importantes para a evolução da AML; Lisboa Centro Metropolitano: corresponde sensivelmente ao município de Lisboa, com excepção da área a Noroeste do aeroporto, e constitui o centro da AML. A maioria do território desta unidade territorial está classificada como “urbano consolidado”, apresentando portanto as maiores densidades de ocupação da AML, a grande maioria dos equipamentos e serviços de nível superior e a convergência das principais infra-estruturas de transporte e grandes fluxos de população e bens. Os limites desta unidade são difusos, apresentando uma forte continuidade espacial e funcional com as unidades envolventes, em particular nas áreas de fronteira com os grandes eixos urbanos que dela irradiam: Cascais; Sintra; Loures e Vila Franca de Xira; Espaço Metropolitano Poente: é uma unidade territorial adjacente a Lisboa – Centro Metropolitano, formando com esta um contínuo urbano suportado pelos dois grandes eixos de transporte rodo e ferroviário que ligam Lisboa a Cascais e a Sintra. Individualizam-se 3 sub-unidades territoriais distintas: o Eixo Algés-Cascais: eixo consolidado que se desenvolveu ao longo da linha de caminho de ferro e da Estrada Marginal, com urbanização de qualidade e de baixa densidade;

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Eixo Amadora-Sintra: eixo consolidado de crescimento em torno da linha de caminho de ferro, com fraca estruturação da urbanização e baixos índices de qualidade da construção e do espaço público; o Interior do Espaço Metropolitano Poente: área intersticial entre os dois eixos, que apresenta uma matriz de ocupação do solo marcada pela profusão e simultaneidade de usos, com incipiente ou nula estruturação territorial, fenómenos de construção de génese ilegal e de urbanização/localização de actividades avulsas e não planeadas. Eixo Sacavém-Vila Franca de Xira: eixo urbano-industrial de ligação da cidade de Lisboa para Nordeste, que se desenvolveu ao longo do caminho-de-ferro (linha do Norte) e da A1. Caracteriza-se por elevadas densidades de ocupação habitacional e industrial. Prolongase para além de Vila Franca de Xira, acompanhando as vias de localização ao longo do Vale do Tejo e com fortes ligações com o interior dos municípios de Loures e de Vila Franca de Xira. Alverca constitui um importante pólo deste eixo; Arco Urbano envolvente Norte: esta unidade territorial situa-se na fronteira da área mais densamente povoada da Grande Lisboa, incluindo a zona industrial de Pêro Pinheiro/ Montelavar; Serra da Carregueira; Belas; Caneças/Odivelas/Loures; zona envolvente Norte do aeroporto; costeiras e várzea de Loures; áreas de ocupação extensiva e pouco consolidadas do município de Vila Franca de Xira e do município de Arruda dos Vinhos; Serra de Sintra: unidade territorial classificada como Parque Natural, que apresenta grande diversidade paisagística e uma paisagem única da AML, com elevado valor geológico, geomorfológico, florístico e faunístico. Inclui a Sintra Velha, com elevado valor patrimonial e histórico-cultural; Litoral Atlântico Norte: corresponde à parte atlântica da área agrícola norte, que se estende desde a Serra de Sintra ao limite do município de Mafra, prolongando-se para o Oeste. Como sistemas urbanos ligados ao turismo, recreio e lazer, identificam-se Colares/Magoito e Ericeira/Mafra. o

Apesar de não estarem integradas na Grande Lisboa, mas nos seus territórios contíguos, devem ser referidas duas outras unidades territoriais: Interior Norte Agrícola: extenso espaço agrícola, com continuidade na sub-região Oeste. Destaca-se o pólo urbano da Malveira, com um papel importante no apoio à área agrícola envolvente e na sua articulação com o núcleo central da AML e na articulação da AML com Torres Vedras. Carregado/Ota/Azambuja: unidade territorial de forte articulação com o Vale do Tejo, que se destaca pela presença, na metade Sul, de áreas de grande dinamismo em termos de localização industrial, de armazenagem e logística. Alenquer, Azambuja e Carregado são os três pólos urbanos desta unidade. Na metade Norte, destaca-se uma área sobretudo florestal.

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FIGURA 2 - PRINCIPAIS UNIDADES TERRITORIAIS DA GRANDE LISBOA

Adaptado de: PROT-AML.

O Programa Nacional de Políticas de Ordenamento do Território (PNPOT) afirma a importância da Grande Lisboa no contexto das regiões europeias e na estruturação regional do País, considerando que o seu modelo de povoamento e de urbanização é fortemente influenciado pela estruturação da AML. Reconhece que o seu papel estruturante extravasa os limites administrativos e se prolonga por espaços adjacentes, polarizando funcionalmente um vasto território que vai de Leiria a Évora e a Sines. A melhoria das condições de acessibilidade proporcionada pela expansão e pela modernização das infra-estruturas de transportes tem constituído um dos principais factores indutores da reconfiguração da Grande Lisboa, do seu alargamento e da sua área de influência. Nesta nova dimensão territorial, a sub-região tende a passar de uma estrutura centrada e quase exclusivamente dependente de Lisboa, a um sistema territorial complexo no qual a periferia metropolitana desempenha, cada vez mais, funções de articulação inter-regional e um papel importante na organização e equilíbrio da região metropolitana. A metrópole de Lisboa gera e potencia novas dinâmicas territoriais alargadas que originam 7 tipos de espaços, assim definidos pelo Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa (PROT-AML): 1) Espaços motores: são espaços que se destacam no actual processo de especialização funcional da AML, através da capacidade de atraírem e fixarem novas actividades e funções

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de nível superior, e/ou de renovação e requalificação urbanas através da valorização do espaço público, estruturação da rede viária principal, elevação do nível de serviços urbanos e melhoria da qualidade da oferta habitacional. Na Grande Lisboa, estes espaços com impactos positivos na AML integram a Coroa de Transição da Cidade de Lisboa e o eixo Oeiras-Cascais; Espaços problema: abrangem as áreas periféricas fragmentadas e não estruturadas com tendência para a desqualificação urbana e ambiental e que apresentam dificuldades, pela sua localização e dimensão territorial. Também abrangem as áreas centrais dos aglomerados urbanos da AML que se encontram em perda de população residente e de actividades, denotando um acentuado declínio urbano e fortes processos de degradação. Estes espaços correspondem a extensas áreas a reordenar e a revitalizar, onde será difícil inverter tendências a curto prazo, e integram, na Grande Lisboa, a área central de Lisboa, os espaços intersticiais entre os eixos Oeiras-Cascais e Amadora-Sintra, o arco BelasBucelas; Espaços emergentes: correspondem a áreas com potencialidades para protagonizarem transformações positivas na AML, no que respeita ao desenvolvimento de funções especializadas e novos usos e à reestruturação e qualificação urbana e ambiental de sectores importantes da estrutura metropolitana. Integram-se nesta categoria, na Grande Lisboa, os espaços ribeirinhos do Estuário do Tejo, a Orla Costeira Norte, o espaço OdivelasLoures, o eixo Cascais-Sintra e Belas; Áreas dinâmicas periféricas: são áreas localizadas fora do contínuo urbano metropolitano, que apresentam capacidades de atracção de actividades e residência e que constituem núcleos com alguma autonomia funcional em relação à Área Metropolitana Central. São exemplos as áreas de Malveira-Mafra, Carregado-Azambuja e Samora CorreiaBenavente; Espaços naturais protegidos: são as áreas classificadas, integradas em Parques ou Reservas Naturais, a Rede Natura 2000 e as áreas definidas em legislação específica de âmbito natural, defendidas das dinâmicas urbanas metropolitanas; Áreas com potencialidades de reconversão/inovação: são áreas marcadas por ocupações obsoletas ou em desactivação que tendem a ser reconvertidas ou renovadas e que permitem criar novas centralidades metropolitanas com a instalação de actividades dinâmicas e inovadoras. Na Grande Lisboa, insere-se nesta categoria a Zona Oriental de Lisboa, em particular as novas áreas envolventes da Parque-Expo; Áreas críticas urbanas: são áreas especialmente desqualificadas urbanística e socialmente, carenciadas de infra-estruturas e equipamentos, caracterizadas por uma forte concentração residencial e altas densidades populacionais. Exigem importantes investimentos orientados para a reestruturação e requalificação urbanas, com vista a inverter tendências a médiolongo prazo. Integram o centro histórico de Lisboa, os eixos de Algueirão-Cacém-Amadora e Sacavém-Vila Franca de Xira, ligados por Loures.

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FIGURA 3 - DINÂMICAS TERRITORIAIS DA GRANDE LISBOA

Adaptado de: PROT-AML.

A AML condiciona o território de toda a sub-região através de três aspectos principais – polarização, rede viária radiocêntrica e crescimento extensivo –, traduzindo o predomínio de um modelo de desenvolvimento territorial de tipo tradicional, centralizado. A polarização da AML estende-se ao longo do Vale do Tejo, do Litoral Centro e do Alentejo, muito além dos seus limites administrativo, dando origem a uma “Região Metropolitana”, que se estrutura fundamentalmente em torno dos principais eixos de transporte nacional e inter-regional, e que deve ser entendida na interdependência de 3 dimensões territoriais: o Área Metropolitana Central, constituída pelos contínuos urbanos que envolvem as duas margens do Tejo e pelos espaços mais directamente dependentes e articulados com o núcleo central metropolitano, a cidade de Lisboa; o Periferia Metropolitana, que integra uma estrutura urbana polinucleada, descontínua, fortemente interdependente, com uma estreita relação entre espaços urbanos e espaços rurais, na qual se destaca um conjunto de centros pela dimensão demográfica, dinâmica económica e relativa autonomia funcional em relação à Área Metropolitana Central; o Região de Polarização Metropolitana, que abrange um vasto espaço do território nacional onde se desenvolvem relações económicas, sociais e culturais em grande parte induzidas e polarizadas pela Área Metropolitana Central. De salientar o papel de charneira que a sub-região pode desempenhar na articulação da AML com o Alentejo, a Estremadura Espanhola e o Algarve, em particular através da logística e do turismo.

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Por outro lado, destaca-se, igualmente, a função da logística metropolitana (Carregado/Azambuja) que, assumindo dimensão e relevância aos níveis regional, nacional e ibérico, pode funcionar como eixo de coesão territorial. A sub-região apresenta condições naturais e ambientais singulares (Estuário do Tejo; extensão e qualidade da orla costeira, etc.), bem como qualidade e diversidade paisagística. Dispõe de um conjunto de equipamentos culturais e de património histórico e cultural que aumentam a sua atractividade como local de residência. No entanto, o crescimento extensivo e acelerado da suburbanização ameaça parte do potencial paisagístico. FIGURA 4 - ESTUÁRIO DO TEJO

Fonte: Universidade Nova de Lisboa.

O Estuário do Tejo é uma referência fundamental na paisagem da Grande Lisboa e um importante meio de promoção territorial e de desenvolvimento de actividades ligadas ao rio. Integra a Reserva Natural do Estuário do Tejo, criada em 1976, situa-se a Norte de Alcochete, ocupando uma superfície de 14.560 hectares, abrangendo uma extensa área de águas estuarinas, zonas de lamas e sapal, salinas, mouchões (da Póvoa, Alhandra e Lombo do Tejo) e terrenos agrícolas. Considerada uma das reservas naturais mais importantes da Europa, é a zona húmida mais extensa do País, com uma grande biodiversidade e variedade de habitats e uma das maiores extensões contínuas de sapal. Um dos factores que mais contribuem para o valor e importância desta reserva é a presença da avifauna aquática migradora, que totaliza cerca de 194 espécies de ocorrência regular. Em virtude da sua localização estratégica e do facto de incluir a capital do país, a Grande Lisboa é dotada de acessibilidades privilegiadas, que se consubstanciam numa rede de infra-estruturas

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rodoviárias, ferroviárias, portuárias e aeroportuárias interligadas às principais cidades portuguesas e europeias. A melhoria das infra-estruturas de transportes, na última década, tem vindo a reforçar novas centralidades metropolitanas e novas dinâmicas territoriais na Grande Lisboa e territórios adjacentes. A Grande Lisboa dispõe de diversas e eficientes infra-estruturas de transporte, nos seus diferentes modos: a posição geográfica e as condições naturais do porto de Lisboa tiveram uma importância decisiva no desenvolvimento da cidade e Lisboa e na afirmação da sub-região como a mais dinâmica do País e como a principal área metropolitana do Oeste Peninsular; a sub-região conta no seu território com vários aeródromos (militares e civis) e com um único aeroporto utilizado pelas companhias aéreas comerciais – Aeroporto da Portela; a mobilidade internacional da sub-região em modo ferroviário é assegurada pela linha do Norte em articulação com as linhas da Beira Alta (para França e Norte de Espanha), do Minho (para Vigo) e do Leste e Ramal de Cáceres (para Madrid). Estão previstos importantes projectos ao nível das infra-estruturas de transporte e acessibilidades da Grande Lisboa (vd. ponto 7.1).

2. DEMOGRAFIA Em 2009 viviam na Grande Lisboa cerca de 2 milhões de habitantes, o equivalente a 20% dos residentes de Portugal Continental, numa área que ocupa apenas pouco mais de 2% do território nacional. A sub-região detém 2 dos 4 municípios portugueses com uma população residente superior a 200 mil habitantes – Lisboa e Sintra (a par de Vila Nova de Gaia e Porto). No seu conjunto, estes dois municípios representam 46% da população residente da Grande Lisboa. Detém também o município mais densamente povoado do Pais - a Amadora -, com mais de 7 mil habitantes por km2 (a média nacional era de 115,4 habitantes por km2 em 2009). Entre 2001 e 2009, o crescimento da população da Grande Lisboa foi de 3,6%, concentrado sobretudo na AML que captou, durante este período, mais de 100 mil novos habitantes. Embora a maior parte dos municípios tenham observado um acréscimo de população na última década, verificam-se diferenças acentuadas entre alguns deles. O crescimento populacional foi mais acentuado nos municípios que constituem uma segunda coroa exterior a Lisboa (sobretudo Sintra, Mafra, Sobral de Monte Agraço e Alenquer). A primeira coroa exterior de Lisboa manifesta uma tendência para a estagnação ou mesmo perda da população, com particular destaque para a cidade capital. De facto, a cidade de Lisboa continua a perder população (cerca de 2% ao ano), a par dos municípios de Loures e Amadora. Muitos factores têm contribuído para que a população residente da Grande Lisboa tenha tendência para sair da coroa urbana imediatamente a seguir a Lisboa: um maior índice de motorização e a melhoria das acessibilidades que permitem viver mais longe do local de trabalho; a pressão construtiva e a especulação imobiliária que contribui para que os preços da habitação na cidade de Lisboa e seus arredores sejam muito elevados; a vontade de sair da cidade. Alguns destes factores estão também na origem de um crescimento da população residente em municípios tradicionalmente menos urbanizados, como Mafra, que acabam por levar a urbanização para espaços áreas fora do perímetro urbano.

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FIGURA 5 - POPULAÇÃO RESIDENTE - 2009

Fonte: INE.

FIGURA 6 - TAXA DE CRESCIMENTO EFECTIVO DA POPULAÇÃO - 2009

Fonte: INE.

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A Grande Lisboa ainda dispõe de uma população relativamente jovem quando comparada com Portugal Continental, apresentando valores menos significativos da percentagem de idosos e do índice de dependência de idosos, bem como os valores mais elevados da percentagem de população em idade activa. Em 2009, o índice de envelhecimento demográfico da Grande Lisboa era de 111.6 (valor inferior à média nacional de 117.6). É a referida capacidade de atracção de população da AML, principalmente de activos jovens, que tem amortecido a tendência de envelhecimento demográfico. Lisboa é o município mais envelhecido da sub-região, com um índice de envelhecimento demográfico de 180.8. Cerca de ¼ da sua população (24.2%) tem 65 e mais anos e apenas 13.4% tem menos de 14 anos. Deste modo, contrasta com o município mais jovem (Sintra), onde a população com menos de 14 anos constitui 18.3% dos residentes e os que têm 65 e mais anos constituem 12.8% da população residente. Neste município o índice de envelhecimento demográfico é de 70.3. Entre 2001 e 2009, a população estrangeira residente na Grande Lisboa aumentou cerca de 85%, destacando-se os municípios de Mafra (143%), Lisboa (134%) e Cascais (112%). O crescimento efectivo (crescimento natural + saldo migratório) da sub-região é muito ténue (0.2%, em 2009). Na última década, e à semelhança das décadas anteriores, foi o saldo migratório o principal responsável pelo crescimento demográfico da Grande Lisboa.

3. ACTIVIDADES ECONÓMICAS, POLOS INDUSTRIAIS E CLUSTERS Em 2009, o Produto Interno Bruto (PIB) a preços correntes da Grande Lisboa rondava os 52.4 mil milhões de euros (o equivalente a 31% do total nacional e a 85% do total da região Lisboa). Em termos de Valor Acrescentado Bruto (VAB), a relevância nacional e regional da sub-região rondava os mesmos valores. Naquele ano, o PIB per capita a preços correntes da sub-região era de 25.7 milhares de euros, valor muito superior aos registados a nível nacional (de 15.8 milhares de euros) e na região Lisboa (21.7 milhares de euros). O índice de disparidade do PIB per capita em relação à média nacional permite aferir que a sub-região apresenta um PIB per capita cerca de 63% acima do valor médio nacional. Constituindo um importante pólo de emprego para a população residente nas sub-regiões circundantes, sobretudo na Península de Setúbal, os valores elevados do PIB resultam, não apenas de maiores níveis de riqueza média gerada pela população da Grande Lisboa, mas também do facto de uma parte importante da riqueza gerada na Grande Lisboa ser proveniente do trabalho de populações residentes noutros territórios. A Grande Lisboa assume um papel particularmente relevante na criação de riqueza a nível da região de Lisboa: 85.7% do VAB gerado na região. O ramo de actividade que surge com maior peso no conjunto do VAB da sub-região é o das actividades financeiras, imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas. Dos dados do VAB referentes ao sector secundário é de destacar o peso da indústria transformadora, cujo contributo para a riqueza da região de Lisboa (10.2%) é inferior ao peso que esta tem no conjunto da riqueza gerada no País (15.7%). Representava, em 2010, cerca de 23% dos fluxos do comércio internacional em Portugal. Em 2009, a taxa de cobertura das entradas pelas saídas na sub-região foi de 25% (abaixo da média regional de 32% e da média nacional de 62%). Em 2009, cerca de 1.1 milhões de indivíduos desenvolviam a sua actividade económica na Grande Lisboa, o equivalente a 31% do emprego total do país. As actividades económicas mais representativas em termos de emprego são: administração pública (11.2%); serviços às empresas (9.7%); comércio a retalho (8.8%); construção civil (8.7%); comércio por grosso (8.6%).

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A importância do emprego nas actividades secundárias observa-se nalgumas (poucas) áreas dos municípios de Lisboa e Amadora, ganhando maior expressão para Norte (no eixo industrial tradicional de Loures/Vila Franca de Xira/Azambuja), para Oeste (na mancha industrial mais recente do município de Sintra) e para Noroeste (graças ao padrão de distribuição difuso de pequenas e médias unidades fabris, especialmente visível no município de Mafra). A sub-região apresenta a mais elevada concentração de actividades de serviços que irradiam para todo o espaço nacional (serviços financeiros, serviços às empresas, serviços de telecomunicações, software, actividades audiovisuais, serviços de grande distribuição, etc.), mas que estão ainda fracamente internacionalizadas. O eixo Lisboa-Oeiras-Cascais é o mais terciarizado no contexto regional (acima dos 80% de activos neste sector). Num segundo nível, os municípios de Amadora, Loures, Odivelas, Sintra e Vila Franca de Xira obtêm valores acima dos 70%. Quatro tipos de actividades terciárias especificam a sub-região: 1) As actividades Financeiras e de Serviços às Empresas, com destaque, neste último caso, para as que são exercidas por filais de empresas multinacionais e as empresas de sectores infra-estruturais – electricidade, gás e água; 2) As actividades de Ensino Superior e I&D; 3) As actividades de Transportes e Logística; 4) As actividades da Administração Pública e Acção Social. Em 2009, cerca de 253 mil empresas tinham sede na Grande Lisboa, destacando-se os municípios de Lisboa (38% do total de empresas sedeadas na região), Sintra (15%), Cascais (10%), Oeiras (9%) e Loures (8%). No que respeita aos sectores de actividade económica mais representativos, são de referir: o comércio por grosso e a retalho (32% do total de empresas da região), as actividades imobiliárias (18%), a construção civil (16%) e o alojamento e restauração (9%). Os sectores industriais representam apenas cerca de 7% do total de empresas com sede nos municípios da Grande Lisboa. Destacam-se os seguintes sectores industriais: indústrias metalúrgicas de base e de produtos metálicos (18% do total de empresas industriais com sede na sub-região); indústria de pasta e papel (17%); indústria têxtil (12%) e indústrias alimentares e das bebidas (9%). É no município de Lisboa que se concentra a maioria das empresas industriais com sede na subregião (28% do total), seguindo-se o município de Sintra (22%) e, a longa distância, os municípios de Loures (10%) e Cascais (9%). Em 2008, a taxa de natalidade de empresas na Grande Lisboa foi de 15.4%, valor superior à média nacional (de 14.2%). Em 2007, a taxa de mortalidade de empresas na sub-região foi de 18.2%, valor igualmente superior ao registado a nível nacional (16.3%). No que respeita à estrutura dimensional das empresas, a Grande Lisboa é caracterizada pela presença de empresas de grande dimensão: cerca de 35% dos Trabalhadores por Conta de Outrem (TCO) da sub-região desenvolvem a sua actividade em empresas com mais de 250 trabalhadores. Nos municípios de Lisboa e Oeiras esta proporção ronda os 40%. Por seu turno, cerca de 19% dos TOC desenvolvem a sua actividade em empresas com menos de 10 trabalhadores. Odivelas, Mafra e Sintra são os municípios onde esta proporção é mais elevada. No seu conjunto, as empresas da Grande Lisboa atingiram, em 2009, um volume de negócios na ordem dos 133.3 mil milhões de euros. Os sectores de actividade económica mais representativos da sub-região em termos de volume de negócios foram, por ordem decrescente de importância: comércio por grosso, excepto de veículos automóveis e motociclos (22% do volume de negócios total); comércio a retalho, excepto de veículos automóveis e motociclos (13%); electricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio (10%); comércio, manutenção e reparação, de veículos automóveis e motociclos (5%); telecomunicações (5%).

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FIGURA 7 - TAXA DE TCO EM EMPRESAS COM MENOS DE 10 TRABALHADORES - 2008

Fonte: INE.

FIGURA 8 - TAXA DE TCO EM EMPRESAS COM MAIS DE 250 TRABALHADORES - 2008

Fonte: INE.

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O quadro e figura seguintes sistematizam as actividades económicas mais importantes da Grande Lisboa, em termos de representatividade do emprego e nível de especialização e de acordo com a sua orientação para a economia metropolitana, nacional ou internacional. É possível identificar uma predominância de actividades orientadas para o mercado da AML e do País, o que evidencia a já referida polarização da Grande Lisboa num conjunto de actividades e funções de produção de bens e serviços (com destaque para a administração pública, serviços às empresas e às famílias, comércio, residência, educação e logística e acessibilidades). Algumas actividades orientaram-se, numa fase inicial da sua evolução, para o mercado doméstico mas têm vindo a conquistar uma projecção europeia e internacional (é o caso da logística e acessibilidades, da construção e da inovação e conhecimento). Todavia, as actividades da Grande Lisboa que mais rapidamente se orientaram para o mercado europeu e internacional são o turismo e lazer e a cultura. QUADRO 1 - EMPREGO E ESPECIALIZAÇÃO DAS PRINCIPAIS ACTIVIDADES DA GRANDE LISBOA Peso no Emprego (%)

Nível de Emprego e Especialização das Actividade

Actividades

Actividades Muito Empregadoras e Muito Especializadas

Actividades Informáticas Indústrias Criativas e Act. Recreativas Serviços Financeiros e Act. Imobiliárias Telecomunicações e Correios Serviços Prestados às Empresas Ensino Superior e I&D Transportes e Logística Actividades Associativas e Serv. Famílias Serviços de Saúde Administração Pública Turismo

1,1 4,7 5,0 2,5 8 1,6 4,2 5,1 5,0 11,6 6,9

2,5 2,1 2,0 1,9 1,8 1,7 1,5 1,3 1,3 1,2 1,2

Actividades Muito Empregadoras e Pouco Especializadas

Comércio Construção e Obras Públicas Produtos Metálicos e Máquinas Alimentação, Bebidas e Tabaco Têxtil, Vestuário e Calçado

17,4 9,1 2,2 1,5 1,1

-

Actividades Pouco Empregadoras e Muito Especializadas

Material de Precisão Indústrias Químicas Ligeiras Indústrias Químicas Pesadas Electricidade, Água e Saneamento

-

1,6 1,5 1,3 1,1

Adaptado de: Departamento de Prospectiva e Planeamento.

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Quociente de Localização

FIGURA 9 - ORIENTAÇÃO DAS PRINCIPAIS ACTIVIDADES EMPREGADORAS DA GRANDE LISBOA

S erviç os às Empresas S erviç os F inanceiros & A c tividades Imobiliárias

P rodutos Metálicos

C o n s truç ão & & Máquinas Obras P úblicas

E lec tric idade, Agua & S aneamento Telecomunicaç ões

S erviç os às En F amílias

T rans p o rtes & L og ís tic a

C omérc io

Turis m o

A c tividades Informáticas

Indús trias C riativas A c tividades R e c reativas A limenta ç ão, Bebidas & Tabaco

S erviç os de S aúde E ns ino S uperior e I&D

Adminis traç ão P úblic a L E G E NDA A c tividades exportadoras A c tividades que servem o País e s e concentram na G rande L isboa A c tividades que servem sobretudo populaç ão e empres as da Grande L isboa

Nota: o tamanho da letra representa a importância da actividade económica em termos de emprego. Nos casos em que a actividade está localizada na fronteira entre círculos, significa que esta actividade está orientada para vários “mercados”. Por exemplo, a actividade Construção & Obras Públicas serve sobretudo o País e a própria Grande Lisboa, mas, em simultâneo, está a servir cada vez mais o exterior.

O Sector Financeiro e de Serviços às Empresas Na Grande Lisboa está concentrada a actividade financeira do País através das sedes de bancos, companhias de seguros, fundos de pensões e fundos de investimento. O mesmo acontece com as empresas de auditoria, consultadoria, serviços jurídicos de entre as quais as filiais das operadoras multinacionais dos respectivos sectores, etc. Este conjunto de actividades serve a totalidade do País, tendo vindo a centralizar-se na Grande Lisboa, nomeadamente em detrimento do Grande Porto onde chegou a localizar-se um pólo relevante de serviços financeiros com as sedes de bancos que entretanto ou foram adquiridos por outros ou acabaram por deslocar para Lisboa o seu centro de operações. Mais recentemente a Grande Lisboa atraiu a localização de um conjunto de empresas de serviços à distância conforme se ilustra na “caixa” seguinte.

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CAIXA 1 - A ACTIVIDADE DE CONTACT/CALL CENTER Estima-se que em Portugal existissem cerca de 600 Contact/Call Centers, com mais de 11 mil posições de atendimento. Este sector tem crescido nos últimos anos, na Europa e em Portugal, a um ritmo de 8% ao ano. De acordo com um estudo elaborado pela Associação Portuguesa de Call Centers, estima-se que em Portugal este sector produza directamente mais de 1.300 milhões de euros, o correspondente a cerca de 1% do PIB. Mais de metade dos Contact/Call Centers está localizada no Distrito de Lisboa – a capital é o local preferencial para localização de empresas de prestação de serviços, e os Contact/Call Center seguem esta tendência. O Distrito do Porto ocupa o segundo lugar, concentrando mais de 10% da actividade. Pelas características do mercado português, a maioria dos Contact/Call Centers é de reduzida dimensão, isto é, até 30 posições. De seguida apresentam-se alguns exemplos de empresas estrangeiras que escolheram a Grande Lisboa para a localização das suas actividades de call center a nível europeu. CISCO: A Cisco é uma empresa multinacional sedeada em San Jose-Califórnia, tem a sua. actividade principal no desenvolvimento de soluções para redes e comunicações, ao nível da fabricação e venda (destacando-se fortemente no mercado de Routers e Switches) e da prestação de serviços através das suas subsidiárias Linksys, WebEx, IronPort e Scientific Atlanta. No início da sua actividade, a Cisco fabricava apenas roteadores de grande porte para empresas, mas gradualmente diversificou o seu negócio passando a atender também ao consumidor final com tecnologias como o Voip. A Cisco tem como alvo: ser o maior fornecedor de plataformas de software de comunicação-gestão que potenciam as tecnologias de voz e dados para criar soluções para o negócio que facilitam a interacção geográfica e independente dos meios de comunicação. A solução Cisco IP Contact Center (IPCC) combina as capacidades do conjunto de produtos ICM (Intelligent Contact Management) integrados através do JTAPI (um interface CTI standard da indústria) com o Cisco CallManager. É proporcionada aos agentes a função de Contact Center através de software CTI desktop que fornece controlo de chamadas para um telefone IP da Cisco. O IP Contact Center tem uma função de ICM que permite o encaminhamento de chamadas de acordo com as capacidades dos agentes, para assegurar que os clientes são atendidos pelo agente certo logo na primeira vez. Em Portugal, a Cisco conta entre os seus clientes com o Ministério da Educação, a Portugal Telecom, a Sonaecom, a Caixa Geral de Depósitos, o Grupo Pestana e o Hotel Altis, entre outras entidades e empresas. Colabora com os Ministérios da Educação e do Trabalho, sendo um dos seus objectivos operacionais até 2011 a criação de 250 novas academias em centros de formação, escolas, universidades, institutos politécnicos . Em Portugal, entre as referências da Cisco, destacam-se as soluções de financiamento para investimentos tecnológicos e destinados especialmente às PME, tendo para tal a subsidiária Cisco Capital, fundada em 2007. A Cisco instalou em Portugal, em 2007, o seu centro de suporte a processos de negócio das suas operações na Europa, através de um projecto denominado Hércules: Contact Center de serviços partilhados, com várias equipas de suporte, sendo cada uma delas capaz de lidar com necessidades de vários países. Este Contact Center conta já com 70 colaboradores. Em 2008 a Cisco instalou o “Liberty Centre”, que integra a Organização de Serviços Europeia da Cisco, dando suporte às equipas de vendas de serviços. Este novo investimento da Cisco consolidará Lisboa como um centro fulcral de suporte às operações europeias da empresa. MICROSOFT PORTUGAL: A Microsoft Corporation é uma empresa americana multinacional de software, que emprega cerca de 79 mil pessoas em mais de 100 países. Foi fundada em Abril de 1975 por Bill Gates e Paul Allen, com o objectivo de desenvolver e comercializar interpretadores da linguagem BASIC. Tornou-se líder mundial na produção de software e a empresa de tecnologia que mais investe em I&D. Produz uma grande variedade de programas, incluindo sistemas operacionais, programas de escritório, ambientes de desenvolvimento de programas, navegadores de Internet, sistemas de comunicação instantânea e servidores. Também actua no mercado de serviços online, formação e equipamentos informáticos. Conta ainda com um departamento dedicado ao desenvolvimento de jogos. A Microsoft possui em Portugal uma estrutura de aproximadamente 300 pessoas, distribuídas pelas áreas técnicas, comerciais e de marketing, além de um centro europeu de suporte telefónico (call center europeu) com cerca de 80 colaboradores e um centro de investigação e desenvolvimento na área da linguagem, que desenvolve tecnologias no domínio do reconhecimento de fala, com 17 colaboradores. A estes juntaram-se em Junho de 2008 os cerca de 40 colaboradores da Mobicomp, cujo processo de aquisição foi concluído com sucesso. De referir que o centro de suporte europeu GTSC {Global Technical Support Center) começou, em 2005, por providenciar serviço a apenas 3 países mas actualmente conta com mais de 20 países e competências em 8 idiomas. Este centro já se encontra ao nível dos cinco melhores centros de suporte da Microsoft à escala global. A Microsoft Portugal foi a primeira subsidiária a ser distinguida consecutivamente, em 2007 e 2008, como melhor subsidiária mundial da empresa, na sua categoria. Em 2005 a empresa tinha sido distinguida como melhor subsidiária na região EMEA (Europa, Médio Oriente e África).Em 2006 a Microsoft assinou um Memorando de Entendimento com o

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Governo Português, que visa a promoção e criação de Academias TIC, onde se privilegia a formação profissionalizante em TIC, incluindo a integração de iniciativas das Microsoft IT Academies em Portugal. Com este protocolo, a Microsoft Portugal compromete-se a conceder, a título gratuito, formação orientada para o Plano de Actividades de cada Microsoft IT Academy, contribuir para que as instituições do ensino superior interessadas se possam tornar Centros Certificadores de competências e apoiar a comunicação das Academias TIC. Existem em Portugal várias Microsoft IT Academies, referindo-se os seguintes exemplos: Escola Superior de Tecnologia de Castelo Branco; Instituto Politécnico de Leiria; Instituto Politécnico de Tomar; Instituto Superior de Engenharia do Porto; Fundação Minerva, na Universidade Lusíada de Lisboa; ATEC – Escola Profissional do Porto; Coptécnica Gustav Eiffel, na Amadora; FORINO – Escola Profissional, Lisboa. Em Julho de 2008 a Microsoft assinou um acordo com o Ministério da Defesa destinado à criação de um Centro de Inovação e Desenvolvimento de Software para a Defesa. SOLVAY A Solvay é um Grupo belga que opera nos sectores farmacêutico, químicos e plásticos, tendo realizado em 2006 cerca de 9.4 mil milhões de euros em vendas, através das suas mais de 400 empresas dispersas por mais de 50 países (mais de 95% do seu volume de negócios é realizado fora da Bélgica). Os produtos essenciais do Grupo (carbonato de sódio, peróxido de hidrogénio, soda cáustica, PVC, etc.) têm enfrentado com sucesso o desafio da liderança nos seus respectivos mercados. Em Portugal o grupo conta com as seguintes empresas: - SOLVAY PORTUGAL - Produtos Químicos, S.A.: fabricação e/ou comercialização de produtos químicos de base carbonato de sódio (denso e leve), bicarbonato de sódio, silicato de sódio, soda cáustica, clorato de sódio, ácido clorídrico, hipoclorito de sódio, cloreto de cálcio, solventes clorados, glicerina e derivados, derivados do bário. - SOLVAY INTEROX - Produtos Peroxidados, S.A: fabricação e/ou comercialização de produtos peroxidados - peróxido de hidrogénio, clorato de sódio, ácido peracético, perborato de sódio, percarbonato de sódio, peróxido de cálcio, peróxido de magnésio, caprolactonas. - SOLVAYFARMA, Lda - comercialização de especialidades farmacêuticas nas áreas terapêuticas Cardiometabólica, Imunologia, Sistema Nervoso Central, Gastroenterologia e Saúde da Mulher. - 3S SOLVAY SHARED SERVICES - Sociedade de Serviços Partilhados, Lda - prestação de serviços de gestão e administração de empresas, consultoria, serviços financeiros e de recursos humanos. Os interesses do Grupo em Portugal estão ainda representados pela PIPELIFE PORTUGAL - Sistemas de Tubagens, Unipessoal, Lda, que fabrica e comercializa tubos e acessórios em matérias plásticas. O Grupo seleccionou Portugal para instalar um Centro de Serviços Partilhados para a gestão das áreas de recursos humanos e operações financeiras. Este Centro, localizado em Carnaxide, emprega 300 trabalhadores qualificados que servem as operações da multinacional a nível europeu. A capital portuguesa foi seleccionada entre 90 cidades candidatas, tendo batido Barcelona na fase final de selecção. TELEPERFORMANCE A Teleperformance Portugal é uma subsidiária do Grupo francês Teleperformance, líder mundial na prestação de actividades de Contact Center. Com mais de 75 mil posições de operação em 281 Contact Centers, presentes em 45 países, a Teleperformance presta serviços a mais de mil clientes dos mais variados sectores de actividade. O Grupo iniciou as suas operações em Portugal em Fevereiro de 2000, através da aquisição da Plurimarketing, já então empresa de referência do sector a nível nacional. Conta com 1070 posições de operação activas, sendo uma das maiores empresas de outsourcing de CRM e Contact Center em Portugal, bem como uma das mais dinâmicas do sector. Desenvolve projectos para as maiores empresas portuguesas nas áreas financeira, telecomunicações, publicações, utilities e administração pública. Tem em Portugal (Lisboa e Setúbal) 1780 colaboradores, dos quais cerca de 9% (150) trabalham para clientes estrangeiros em Espanha, Áustria, Grécia e Suíça.Em 2007 foi considerada a melhor empresa de Call Center de Portugal. Fontes: Associação Portuguesa de Call Centers; Cisco Portugal; Microsoft; Solvay; Teleperformance; Imprensa.



Macro Cluster Energia - Na Grande Lisboa têm a sua sede e os serviços centrais as grandes empresas dos sectores da energia – petróleo e gás, electricidade e redes energéticas, que se tornaram nos motores do investimento no exterior por parte do sector empresarial português. A GALP actuando nos sectores do petróleo e gás natural e electricidade; a EDP no sector de electricidade e distribuição de gás natural; a REN Redes Energéticas Nacionais nas áreas das redes de transporte de electricidade e gás natural e a PARTEX Oil and Gas na exploração de petróleo no exterior. Quer a GALP quer a EDP tornaram-se igualmente líderes do investimento do País na energia eólica para produção de electricidade, dispondo das maiores capacidades instaladas.

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CAIXA 2 - GALP ENERGIA A GALP foi fundada em 1977, a partir da nacionalização dos negócios de gás e petróleo em Portugal (Gazcidla, Sacor, Minigás, Sonap e Lusogás). A 22 de Abril de 1999, foi constituída a GALP Energia, SGPS, S.A., sob a denominação GALP – Petróleos e Gás de Portugal, SGPS, S.A., em resultado da reestruturação do sector energético em Portugal, para operar no sector petrolífero e do gás natural. Aquando da sua criação, a GALP Energia agrupou a Petrogal, a única empresa refinadora e principal distribuidora de produtos petrolíferos em Portugal e a GDP, sociedade responsável pela importação, transporte e distribuição de gás natural em Portugal. Actualmente, a GALP Energia é a principal empresa integrada de produtos petrolíferos e gás natural do País, com uma presença crescente em Espanha e uma actividade em desenvolvimento no sector da produção e de fornecimento de energia eléctrica. Entre a data da sua constituição e o presente, esta empresa atravessou um conturbado processo de reestruturação interna, mudanças ad-hoc derivadas de orientações de ciclos político-partidários com opções diferentes para a liberalização e reestruturação do sector energético em Portugal, em que a GALP Energia é, sem dúvida, uma peça central. No ano seguinte à sua criação, teve lugar o processo de selecção de parceiros estratégicos internacionais que recaiu na escolha da italiana ENI e da espanhola (basca) IBERDROLA. Em 2001, teve lugar a substituição do Gás de Cidade por Gás Natural em Lisboa, e a construção de uma caverna de armazenamento de gás propano, em Sines. No ano a seguir, a GALP Energia adquiriu 5% da CLH – Compañia Logística de Hidrocarboros, S.A. (CLH) que facilitou o desenvolvimento de uma estratégia de logística no mercado espanhol. Em 2003, foi aprovada a 3ª fase do processo de privatização da GALP Energia, atribuindo à REN, por venda directa, 18% do capital. Em 2004, a PARPÚBLICA adquiriu ao Estado 5.774.401 acções da GALP Energia, passando a deter 4,3%. No ano seguinte, celebrou-se um acordo entre o Estado e Américo Amorim, passando este a deter no capital 18%, com um posterior aumento para 33,34%. Em 2006, teve lugar a 4ª e última fase de privatização da GALP. Assim os accionistas da GALP eram os seguintes :ENI S.p.A. - 33,34%, Amorim Energia, B.V.- 33,34%, PARPÚBLICA - Participações Públicas (SGPS), S.A. - 7%, Caixa Geral de Depósitos, S.A. - 1%, restantes accionistas - 25,32%. A Participação Qualificada do Banco BPI foi alterada no dia 31 de Janeiro de 2008 para 3,995% e a IBERDROLA vendeu a totalidade da sua participação a 30 de Janeiro desse ano A GALP Energia tem vindo a desenvolver quatro vectores de expansão: • Presença nos sectores de petróleo e gás natural - a presença neste último sector tem vindo a reforçar-se através da presença de associadas suas na distribuição de gás, mas também na diversificação futura dos abastecimentos (actualmente centrados na Argélia e Nigéria) - com a presença em dois projectos de liquefacção de gás natural – na Guiné Equatorial e em Angola - que tornarão o futuro abastecimento de gás natural de Portugal centrado no Atlântico Sul • Diversificação para a produção de electricidade - após integrar os sectores de petróleo e gás natural, conforme se referiu, a GALP entrou no sector da produção de electricidade, quer na Produção Ordinária, através da autorização para construir uma central de ciclo combinado a gás natural em Sines , quer na Produção em Regime Especial pela entrada na produção eólica de electricidade, graças á liderança no consórcio VENTINVESTE (em parceria com a MARTIFER, REPOWER e EFACEC). A empresa fornece ainda energia eléctrica e térmica a grandes clientes industriais, tais como a Solvay, a Renoeste (Quimigal/Grupo CUF) e a Sociedade Central de Cervejas, por via de três centrais de co-geração funcionando a gás natural. • Expansão internacional no downstream – nomeadamente por aquisição sucessiva de redes de distribuição a outras empresas petrolíferas, quer em Espanha, quer mais recentemente em África, com destaque para Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e, mais recentemente, Gâmbia e Suazilândia (aquisições à Esso e à Shell) • Presença crescente no upstream - por via de integração em consórcios que obtiveram concessões de prospecção e exploração de hidrocarbonetos, em Angola, onde a GALP Energia detém participações em 4 Blocos (parcerias com a SONANGOL) e no Brasil, em que está presente em 54 blocos dos quais 30 resultaram da 7ª rodada, fechada durante o ano de 2005, todos em parceria com a empresa brasileira PETROBRAS; actualmente a GALP produz ou irá produzir petróleo no curto prazo no Brasil (campo Tupi, na primeira produção de petróleo no pré – sal da bacia de Santos) e em Angola (campo Tômbua - Lândana); para além destes a GALP participa em projectos de exploração e produção em Timor – Leste (cinco projectos com a ENI), em Moçambique (um projecto de exploração e produção de petróleo também em parceria com a ENI), e em projectos de exploração e produção na Venezuela (a GALP assinou com a PDVSA um Memorando de Entendimento para o estudo de projectos conjuntos no sector energético incluindo o desenvolvimento de actividades de exploração de produção e de abastecimento de petróleo e gás natural venezuelano (nomeadamente, o envolvimento nos projectos Magna Carta e Mariscal Sucre, que abarcam estudos preliminares respeitantes às reservas de petróleo e gás natural, incluindo liquefacção, situadas em distintas áreas do offshore deste país) e no Uruguai (num projecto de exploração e produção na plataforma continental, em consórcio com a PETROBRAS e a YPF); a GALP participa igualmente na prospecção de petróleo e gás natural no

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Deep Offshore de Portugal (concessão de 3 blocos ao largo da costa alentejana - Lavagante, Santola, Gamba - (com 50%), em parceria com a a PETROBRAS ficando esta como operadora do consórcio (com 50%), depois da saída da TULLOW Oil e da PARTEX; 4 blocos na bacia Lusitaniana - Camarão, Amêijoa, Mexilhão e Ostra - (com 30%) em parceria com a PETROBRÁS (operador do consórcio, com 50%) e a PARTEX (com 20%). • Entrada na produção e exportação de biocombustíveis (biodiesel) em parceria com a PETROBRAS, envolvendo a instalação de uma biorefinaria em Sines e a exploração de matéria-prima em Moçambique e no Brasil . Em relação ao segmento de negócio de Refinação e Distribuição de Produtos Petrolíferos (“Refinação e Distribuição”), a Galp Energia detém as duas únicas refinarias existentes em Portugal. Em 2007, a importação de crudes teve origem essencialmente na África Ocidental, no Norte de África e no Médio Oriente, regiões que representaram 72% do total. Entre os 14 países que forneceram crude à Galp Energia em 2007, o principal foi a Líbia, com 14,2% do total, o que demonstra a reduzida dependência de um só fornecedor de crude. A colocação de produtos refinados passa não só pelo abastecimento do mercado português, mas também pela exportação, com particular incidência nos EUA. Há ainda que referir, que estão em curso os volumosos investimentos visando a modernização das duas unidades de Matosinhos e de Sines, o que irá permitir alargar a capacidade instalada, melhorar os níveis de rendimento de conversão da matéria-prima e reduzir ou eliminar a dependência externa em refinados designadamente, em gasóleo. GALP INOVAÇÃO A GALP Energia criou nos últimos anos um sector de I&D e Inovação que inclui uma abordagem original de criação de uma rede de colaborações quer na monitorização da evolução tecnológica quer no desenvolvimento de novos produtos e na formação de quadros técnicos altamente qualificados para as novas actividades. Fonte: Relatórios da Empresa.

CAIXA 3 – EDP-ENERGIAS DE PORTUGAL A EDP – Electricidade de Portugal, S.A., antecessora da EDP Energias de Portugal foi constituída em 1976, resultando da nacionalização e fusão das principiais empresas do sector eléctrico de Portugal. O Grupo EDP surgiu em 1994, na sequência do plano de reestruturação definido pelos Decretos-Lei n.º 7/91 e n.º 131/94, após a cisão que deu origem a um conjunto de empresas participadas, directa ou indirectamente, a 100% pela EDP - Electricidade de Portugal, S.A. Sendo inicialmente uma Empresa Pública, a EDP viu o seu estatuto ser transformado primeiramente para sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos e, seguidamente, para sociedade anónima de capitais maioritariamente públicos, sendo actualmente uma sociedade anónima com participação minoritária do capital do Estado e outros Entes Públicos. Este Grupo encontra-se entre os grandes operadores europeus do sector da energia, sendo o terceiro maior operador energético da Península Ibérica e o maior grupo industrial português. A EDP é o único grupo empresarial do sector da energia da Península Ibérica com actividades de produção, distribuição e comercialização em Portugal e em Espanha - onde detém o controle do quarto maior operador eléctrico espanhol, a HC Energia. Além do sector eléctrico, a EDP também tem uma presença relevante no sector do gás da Península Ibérica, através da NATURGAS em Espanha, o segundo operador de mercado, e através da EDP Gás em Portugal, a segunda empresa de distribuição. Em termos internacionais, para além da Península Ibérica, o Grupo EDP tem uma forte presença no sector da electricidade no Brasil, onde actua nas actividades de produção, distribuição e comercialização de electricidade através da Energias do Brasil. A 09 de Abril de 2010, a estrutura accionista da EDP era a seguinte: Estado português - através da PARPÚBLICA (20,05%) e da CGD (5,66%); IBERDROLA (Espanha) – 6,79 %; Caja de Ahorros de Asturias (CajAstur) (Espanha) - 5,01%; José de Mello - Soc. Gestora de Participações Sociais, S.A. – 4,82%; IPIC Senfora SARL (4,06%); BlackRock Inc (3,83%); BCP e Fundo de Pensões do BCP - 3,36%; - 2,86%; Banco Espírito Santo – 3,04 %; SONATRACH - 2,23%; IPIC - International Petroleum Investment Company – 2,00%; EDP (acções próprias) - 0,94%; Restantes accionistas - 40,20%. Em Portugal, o Grupo EDP desenvolve a sua actividade principal no Sistema Eléctrico Nacional (SEN), o qual assenta na coexistência de um Sistema Eléctrico de Serviço Público (SEP) com um Sistema Eléctrico Independente (SEI). Este último é composto pelo Sistema Eléctrico não Vinculado (SENV) e por um conjunto de produtores em regime especial (energias renováveis e cogeradores), que efectuam entregas de energia eléctrica às redes do SEP ao abrigo de legislação específica. O SEP é constituído pela Rede Nacional de Transporte (RNT), pertencente à REN – Rede Eléctrica Nacional, S.A., pelos Produtores Vinculados (ligados à RNT por contratos de longo prazo de fornecimento exclusivo) e pelos Distribuidores Vinculados que assumem a obrigatoriedade de fornecimento aos seus Clientes, segundo as tarifas e condições fixadas, nos termos da lei, pela ERSE. Em Novembro de 2000 (um mês após a quarta privatização da EDP), verificou-se a saída da REN do Grupo EDP, na sequência da liberalização do mercado energético. Em Dezembro desse mesmo ano a REN autonomizou-se da EDP, permanecendo esta última com 30%. Em finais de Dezembro de 2001, a Caixa Geral de Depósitos adquiriu ao accionista Estado 19,99% do capital da REN. Actualmente, apenas detém 5%. Em termos de evolução do Grupo EDP destacam-se os seguintes vectores fundamentais:

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Consolidação como principal operador do Sistema Eléctrico nacional – num contexto de recentragem das actividades na produção e na distribuição de electricidade (e saída do transporte, em favor da REN); e de liberalização, em que se afirmaram novos produtores ou distribuidores; tal implicou manter-se como o produtor dominante a nível termoeléctrico e hidroeléctrico (a EDP explora hoje um dos portfolios de geração mais equilibrados da Península Ibérica considerando o peso significativo da geração hídrica, a eficiência operacional das suas centrais a carvão e a crescente capacidade em centrais de ciclo combinado). e mais recentemente na Produção em Regime Especial onde se afirmou como o maior operador de electricidade eólica; consolidou-se igualmente como o principal distribuidor de electricidade mesmo no quadro da liberalização do sector; e é também o maior comercializador não regulado em Portugal, e está entre as 5 primeiras comercializadoras em Espanha. Além da actividade de comercialização vinculada, o Grupo EDP tem uma forte presença na comercialização de electricidade no regime liberalizado na Península Ibérica. Expansão internacional na área da Electricidade, centrada inicialmente em Espanha com produção e distribuição (aquisição da HC - HIDRO CANTÀBRICO à EDF - Electricité de France (que a detinha através de uma associada alemã) sendo que a presença em Espanha através da HC Energia, torna a EDP na primeira empresa a deter activos significativos de produção de electricidade em Portugal e Espanha, os dois países constituintes do MIBEL. No Brasil a EDP está presente através da Energias do Brasil quer na produção (centrais hidroeléctricas do Lajeado, de Peixe Angelical e de Santa Fé, central a carvão de Pecém - esta em parceria com a brasileira MPX Mineração e Energia) quer na actividade de trading e comercialização desempenhadas pela Enertrade no mercado livre, através do fornecimento de energia a grandes clientes industriais; quer ainda na distribuição de electricidade em que se incluem as redes da Bandeirantes e da Escelsa Transformação num dos operadores mundiais na área da electricidade eólica com uma aposta destacada nos EUA (aquisição da HORIZON) e na Europa (através da NEO Energia) e no Brasil, sendo esta actividade desde 2007 organizada na EDP Renováveis Afirmação como operador energético diversificado - presente nos sectores da electricidade e do gás natural, nomeadamente ao nível da distribuição com a EDP Gás (ex PORTGAS) em Portugal - onde no entanto de depara com a presença dominante da GALP - e em Espanha através da NATURGAS (empresa de transporte distribuição) onde a sua presença é mais significativa, com destaque no País Basco e Astúrias.

EDP INOVAÇÃO O grupo EDP criou um sector de I&D e Inovação através da autonomização da EDP Inovação a qual tem por vocação a promoção da inovação dentro do Grupo, tendo sido criada a partir da Labelec, onde se concentra o “know-how” existente no Grupo na gestão técnica de activos do Sector Eléctrico. A EDP Inovação integrará, além da Labelec, três novas fileiras de actuação: • Desenvolvimento tecnológico, ou “Tecnology Ventures”, linha de acção que terá por missão garantir que o Grupo EDP não perderá oportunidades em novas tecnologias que venham a estar disponíveis. Neste contexto tomam especial relevância, as energias renováveis e a geração distribuída. Aspectos importantes são a vigilância tecnológica, a definição das estruturas de financiamento em projectos de risco elevado e a própria gestão desses projectos • Inovação em Produtos, Organização e Processos, fileira que se apelidou de IPOP, corresponderá à promoção no Grupo de uma cultura de inovação promovendo a geração e implementação de novas ideias e a modernização dos processos do Grupo. Subjacente está a criação do modelo de Empresa em rede, modelo em que são os sistemas que asseguram a disseminação da informação independentemente da localização geográfica dos seus utilizadores. • Apoio Transversal a ID+i assegurando a coordenação ao nível das diversas empresas do Grupo, de forma a se conseguir que as iniciativas desenvolvidas ao nível de cada uma delas sejam as que mais interessam ao Grupo como um todo, possibilitando igualmente a sua utilização por todas as empresas do Grupo. Fontes: Sites das empresas; Imprensa.

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CAIXA 4- PARTEX OIL AND GAS A PARTEX herdou todas as participações na indústria petrolífera que Calouste Gulbenkian deixou. No presente, a Partex está organizada basicamente por áreas geográficas e detém interesses em concessões e joint ventures cujas actividades estão concentradas no upstream da indústria do petróleo e do gás, nomeadamente na exploração, desenvolvimento, produção e vendas. O grupo está estruturado em companhias sub-holdings, unidades de gestão, companhias de concessões e companhias de serviços que fornecem o apoio financeiro, técnico, de gestão e recursos humanos necessário, de acordo com as estratégias e as linhas gerais decididas pela holding.Para além das empresas Partex Oil & Gas, o Grupo detém participações em joint ventures e em companhias operadoras no Omã, Abu Dhabi, Casaquistão, Angola (com a Sonangol e Total) e Brasil e mais recentemente Argélia (com as Sonatrach; Repsol e Woodside). Participa com a GALP e a PETROBRAS na prospecção de concessões no deep offshore de Portugal. Fonte: Relatórios da PARTEX

O Macro Cluster Construção/Urbanismo: tem forte expressão na sub-região, quer na vertente industrial (graças à presença de fábricas de cimentos e de artigos dele derivados, de extrusão de alumínio ou de fabrico de tintas), quer através de grandes empresas de obras públicas. A sub-região tem a maior concentração de grandes e médias empresas de construção civil e obras públicas, como por exemplo a Teixeira Duarte – Engenharia e Construções; a Somague; a MSF – Moniz da Maia, Serra e Fortunato Empreiteiros; a OPWAY; a Edifer – Construções Pires Coelho e Fernandes; a Alves Ribeiro, a Bento Pedroso; a Tecnovia; a Zagope, etc. Algumas destas empresas estão envolvidas num processo de diversificação para as concessões de auto-estradas e para entrada no sector das águas e tratamento de resíduos. Este Macro cluster engloba as maiores empresas de projecto e engenharia como a COBA ou a HIDROPROJECTO, as empresas de consultadoria em engenharia civil, urbanismo e transportes, os gabinetes de arquitectura; e nela se localizam alguns dos principais centros de ensino superior e de I&D ligados à engenharia civil e à arquitectura e urbanismo, desde o maior Laboratório de Estado do País - o LNEC- Laboratório Nacional de Engenharia Civil aos departamentos universitários de Engenharia Civil do IST - Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa e da FCT – Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa bem como as Faculdades de Arquitectura. Numa fase inicial, era um Macro Cluster virado para o mercado doméstico (apenas se exceptuando a actuação internacional da maior empresa de obras públicas e da principal empresa de cimento – a CIMPOR e as exportações de cerâmicas), mas tornou-se uma actividade fortemente internacionalizada em virtude das suas principais empresas se terem vindo a posicionar nas grandes obras de construção em países como a Espanha, Marrocos, Angola ou Leste Europeu, entre outros.

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CAIXA 5 – TEIXEIRA DUARTE A Teixeira Duarte é a segunda maior empresa de construção e obras públicas com capitais nacionais. Com uma longa presença no sector, primeiro como empresa especializada em fundações e progressivamente como generalista no sector tem vindo diversificar a sua carteira de actividades e participações no País e iniciado uma expansão para o exterior quer ganhando concessões quer entrando em sectores novos. A Teixeira Duarte, tem o seu core business na área de Construção em que, para além da sua participação como construtor generalista de grandes obras públicas no País e no exterior - através da Teixeira Duarte Engenharia e Construções - está organizada num conjunto de centros de exploração em áreas em que esta empresa e empresas associadas, detidas maioritariamente por ela, ocupam em vários casos uma posição de liderança tecnológica e de mercado no País, como são os casos da Geotecnia e Fundações; das Cofragens e Pré-esforço, da construção de túneis e outras obras subterrâneas através da E.P.O.S; da construção e manutenção de infra-estruturas ferroviárias através da SOMAFEL e de infra-estruturas marítimas e ferroviárias através da OFM; da reabilitação de estruturas com a BEL . A Teixeira Duarte expandiu-se para a área das Concessões e Serviços quer participando nas concessionárias de auto estradas e pontes (AE do Douro Litoral e LUSOPONTE), em empresas de recolha de resíduos e limpeza pública através da INVICTA AMBIENTE e da RECOLTE, e na gestão de edifícios, incluindo na área hospitalar (no novo Hospital de Cascais) e em transportes urbanos com o SATU em Oeiras. A empresa é um importante promotor imobiliário está presente em urbanizações residenciais e em parques de escritórios na Área Metropolitana de Lisboa (Lagoas Parque e TAGUSPARK) e parques logísticos (ex: Lezíria Park e Abrunheira Park). Tem vindo a entrar também no sector da hotelaria e turismo. A Teixeira Duarte fez parte do “núcleo duro” de accionistas nacionais da CIMPOR com 22,17% dos votos no final de 2009 mas recentemente vendeu parte da sua participação, quando dois accionistas do Brasil tomaram uma posição dominante naquela empresa (Grupos Camargo Correia e Votorantim). Mantém uma presença na área dos betões e outros produtos associados do cimento quer em Portugal quer no exterior (Espanha, Angola, Namíbia, Rússia e Ucrânia). Fez também parte do núcleo duro de accionistas do Banco Comercial Português até à mudança da administração e de accionistas ocorrida em 2009. Tem uma forte presença no exterior, queR em obras quer, mais recentemente, em concessões em Angola. Tmbém está presente noutros países de África Subsaariana como Moçambique, Namíbia e S. Tomé Príncipe, estando igualmente presente no Norte de África (Argélia, Marrocos, Líbia e Tunísia); bem como no Brasil onde está presente no sector imobiliário, de concessões e de serviços e, mais recentemente, na Venezuela. No Brasil, a TD entrou no sector da extracção e comercialização de petróleos através da ALVORADA Petróleo que explora já três campos no onshore e é titular da concessão de vários blocos. O Grupo tem vindo desnvolver uma área de negócios na Hotelaria com unidades em Portugal, Angola e Moçambique Fonte: Relatórios da Empresa.

CAIXA 6 - CIMPOR A CIMPOR (Cimentos de Portugal) é uma empresa que se dedica sobretudo à produção de cimento e ao marketing do cimento e produção de cal hidráulica, argamassas secas, betão e agregados. É o maior grupo cimenteiro de Portugal as suas fábricas encontram-se em Coimbra (Souselas), Vila Franca de Xira (Alhandra), Loulé e Figueira da Foz (Cabo Mondego) e o 10º em termos mundiais, sendo hoje a maior multinacional com sede em Portugal, operando em 12 países para além de Portugal (dispostos pela ordem do volume de produção de cimento): Brasil (seis fábricas de cimento, 6,4 milhões de ton/ano); China (três fábricas de cimento, 6,0 milhões de ton /ano); Egipto (uma fábrica de cimento, 3,9 milhões ton/ano); Espanha (quatro fábricas de cimento, 3,2 milhões de ton/ano); Turquia (quatro centros de produção de cimento, 3,0 milhões ton/ano); África do Sul (uma fábrica de cimento, 1,6 milhões ton/ano ); Tunísia (uma fábrica de produção de cimento, 1,6 milhões ton/ano); Marrocos (uma fábrica de cimento, 1,3 milhões de ton/ano); Índia (um centro de produção de cimento, 1,2 milhões de ton/ano); Moçambique (uma fábrica de cimento, produção de 0,7 milhões ton/ ano); Cabo verde (centrais de betão). CIMPOR INOVAÇÃO A CIMPOR tem um interesse crescente pela área de Inovação, tendo celebrado um acordo com o MIT para compreender a estrutura do cimento hidratado ao nível nano e, a partir desta “descodificação”, conceber materiais que apresentem propriedades mecânicas e características de durabilidade, aplicabilidade e custo semelhantes ao cimento mas que possam ser fabricados através de uma tecnologia com uma drástica redução de CO2. Fontes: Relatórios e newsletters da empresa.

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CAIXA 7- BRISA A BRISA AUTO-ESTRADAS DE PORTUGAL foi fundada em 1972. A principal área de negócio desenvolvida pela Brisa é a construção e a exploração de auto-estradas com portagem, quer através de investimentos directos em Portugal, quer através das suas participadas nacionais e internacionais. Os restantes negócios explorados pela empresa complementam a sua área principal e consistem na prestação de serviços associados à segurança ou à comodidade da circulação rodoviária, em auto-estrada e em circuito urbano. Em cerca de 4 décadas, transformou-se na maior empresa de infraestruturas de transporte em Portugal, na segunda maior empresa europeia de auto-estradas e numa das operadoras de auto-estradas com portagens presente em vários países do Mundo. Em 2001, adquiriu 20% da CCR - Companhia de Concessões Rodoviárias, a maior concessionária de auto-estradas do Brasil, com uma rede de concessões de 1276 km e co-participada por duas das maiores empresas de construção e obras públicas do Brasil – a André Gutierrez, participação que acabou por vnder em 2010 Em 2005/2006, a BRISA integrou um consórcio com a concessionária francesa APRR e a empresa austríaca Kapsch (KTS), para concurso de introdução de sistemas electrónicos de cobrança de portagem na República Checa de que foi declarado vencedor. Em 2007 integrou o consórcio com a construtora alemã Bilfinger, o fundo australiano Macquaire, a construtora portuguesa MSF e o banco BCP Millennium, para participação em concursos de concessão de auto-estradas com portagem na Polónia. Em 2008 ganhou uma concessão rodoviária nos EUA - Northwest Parkway - e constituiu na Holanda uma empresa para a cobrança electrónica de portagens naquele Pais – a Movenience. Em termos nacionais, a BRISA alargou o seu campo de actividade a outras infra-estruturas de transporte, através da constituição da Brisa Engenharia e Gestão (BEG) cuja área principal de actividade deverá ser a gestão de infra-estruturas de transporte, essencialmente rodoviárias e ferroviárias. Esta será a sua área principal de actividade, sobretudo nas vertentes de coordenação de projectos, de gestão de processos expropriativos, de supervisão e gestão de obra e de coordenação de segurança, sendo os seus principais clientes actuais a Brisa Auto-estradas de Portugal, a Brisal, Autoestradas do Litoral, a EP- Estradas de Portugal e a REFER. A BEG já integrou os consórcios para a construção de troços da linha de TGV Lisboa/Madrid e para a Construção do NAL- Novo Aeroporto de Lisboa. A BRISA faz parte do universo empresarial da JOSÈ de MELLO SGPS, onde se integram igualmente na área da química a CUF Química Industrial, as Anilinas de Portugal e a Adubos de Portugal; na electromecânica, a EFACEC e, na área da saúde, com a participação em vários Hospitais e Casas de Saúde e Centros de Diagnóstico. BRISA INOVAÇÃO E TECNOLOGIA Em 2010 foi criada a Brisa Inovação e Tecnologia, empresa que resulta da integração da Direcção de Inovação e Tecnologia com a Brisa Access Electrónica Rodoviária. Esta última dedicava-se ao fornecimento, instalação e manutenção de sistemas electrónicos e de telemática em infra-estruturas de transporte e foi responsável pela concepção e implementação da VIA VERDE. A Brisa Inovação e Tecnologia pretende constituir um centro de competência de vanguarda tecnológica, na área das infra-estruturas de transportes, que passará a assegurar as actividades de investigação, concepção, produção, instalação e manutenção de todos os sistemas inteligentes de transporte (ITS). De acordo com os relatórios da empresamãe, a inovação tem potenciado a criação de valor para a empresa, calculado em 186 milhões de euros, entre 2003 e 2009. É de referir que, de acordo com o “Business Innovation Survey Report 2009”, relativo a Portugal, desenvolvido pela Strategos em colaboração com a COTEC, a Brisa é referenciada como a segunda empresa nacional mais inovadora. A busca por uma maior eficiência para o seu próprio negócio levou a Brisa não só a criar centros de I&D e inovação no interior da empresa como a criar todas as condições para o aparecimento de novas empresas portuguesas com produtos inovadores e em novos sectores de mercado. É no âmbito destas start ups que a Brisa destaca a criação de cinco empresas, que hoje são um exemplo de sucesso no mercado nacional: a LTu – Luís Trigo Unipessoal Lda, a G3P, a Living Data, a MakeWise a Armis e a Daily Works. A criação destas empresas gerou mais de meia centena de postos de trabalho qualificado em diversas áreas como desenvolvimento de software, gestão de projectos, tecnologias, entre outras. Apesar de contarem com a Brisa como forte parceiro, estas start ups já desenvolveram a sua própria carteira de clientes, estando cada vez mais consolidadas nas suas respectivas áreas de trabalho. Ainda no âmbito da sua rede de parceiros, mais concretamente através das universidades e institutos politécnicos, a Brisa conta com cerca de 60 investigadores a colaborar nos seus projectos. Fontes: Relatórios e newsletters da empresa.

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O Cluster Informação/Comunicações: a Grande Lisboa apresenta a maior concentração nacional deste cluster, em virtude da disponibilidade de recursos humanos qualificados e altamente qualificados nas seguintes actividades: o Serviços de telecomunicações, internet e multimédia – é na Grande Lisboa que estão instaladas as sedes e serviços centrais dos principais operadores de telecomunicações do País: PORTUGAL TELECOM e VODAFONE (embora os serviços de I&D da PT se

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localizem noutra região). E é aqui que se localizam os principais ISP (Internet Service Providers) e a ZON Multimedia. Serviços informáticos e de software – maior concentração de empresas, competências e recursos humanos neste sector cada vez mais crucial para a competitividade das empresas e do tecido empresarial, com destaque para as consultoras internacionais (vd. Accenture, Cap Gemini & Ernst & Young); as empresas multinacionais que produzem packages de software e prestam serviços de consultadoria (vd. SAP, IBM, ORACLE, MICROSOFT, etc.) e as consultoras nacionais (vd. NOVABASE, CASE/EDINFOR (que entretanto tomou a designação de LOGICA), SOL-SUNI, LINK Consulting; WHATEVERNET Consulting, etc.); em termos de produção de software a Grande Lisboa tem algumas das software houses mais dinâmicas do País, quer as que trabalham na área do software empresarial (vd. EASYSOFT – Software e Sistemas; SISCOG – Sistemas Cognitivos), quer as que se dedicam ao desenvolvimento de software para telecomunicações e telemática (vd. SIBS – Sociedade Interbancária de Serviços; QUADRIGA – Telemática e Comunicações; sectores muito exigentes (vd. SKYSOFT, CHIRON, etc.); refira-se ainda a multiplicação de empresas na área da multimédia e dos conteúdos interactivos (vd. MEGAMÈDIA; NEWVISION – Sistemas Inteligentes para Soluções de Atendimento; NEOSIS – Sistemas e Tecnologias de Informação; IDEIAS DO FUTURO – Projectos e Empreendimentos, etc.); ou a empresa PRIBERAM, especialista em software para áreas diversas como a linguística, a informação jurídica e a saúde. Os serviços à distância para as empresas – actividades de back office em que se incluem actividades simples como as dos contact/call centres, serviços de processamento de dados, e outras altamente sofisticadas, de assistência técnica à distância e para sistemas complexos. Em termos futuros, e no âmbito dos serviços às empresas, também se poderia considerar a atracção de actividades mais sofisticadas como as de formação, incluindo a atracção de centros de formação e “universidades de empresa”. As indústrias do equipamento de telecomunicações – aqui se destacando uma multinacional – a SIEMENS – que localizou na sub-região um dos seus laboratórios para comunicações ópticas; A microelectrónica - destaque para a CHIPIDEA – Microelectrónica e para a TECMIC – Tecnologias da Microelectrónica.

Os municípios Lisboa, Oeiras, Amadora e Loures concentram cerca de 78% do volume de negócios do sector de software e serviços informáticos em Portugal (dados apresentados no estudo de João Matoso, realizado em 2008 para o Departamento de Prospectiva e Planeamento). As empresas de software e serviços informáticos estão fortemente concentradas nos municípios de Lisboa e Oeiras (onde se produz mais de 60 % do total nacional de volume de negócios do sector). Este cluster conta com as escolas de engenharia existentes na Grande Lisboa e com alguns centros de I&D, como por exemplo o IT – Instituto de Telecomunicações, o INESC-ID ou alguns departamentos do INETI.

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CAIXA 8 - PORTUGAL TELECOM A PORTUGAL TELECOM é uma operadora global de telecomunicações liderando a nível nacional todos os sectores em que actua - comunicações na rede fixa, comunicações móveis (através da TMN), Multimédia (através da MEO), soluções empresariais e serviços na internet (SAPO). Assume-se como a entidade portuguesa com maior projecção internacional – nomeadamente no Brasil , onde após venda da sua posição na VIVO - a maior operadora móvel do pais e da América do Sul - à Telefónica chegou a um acordo para vir a entrar no capital da TELEMAR/ÓI uma empresa de capitais privados e públicos brasileiros presentes nas telecomunicações fixas e móveis e em que a PT irá deter cerca de 25% do capital, A PT também está presente em África - Cabo Verde, Moçambique, Angola, Quénia, São Tomé e Príncipe e Namíbia - e também em Timor e China. No mercado brasileiro a presença estende-se para a Dedic, que foi criada no final do ano de 2002, com o objectivo de fortalecer os negócios de contact center do Grupo. A empresa rapidamente se tornou referência no segmento e, actualmente, está posicionada entre as cinco primeiras do ranking brasileiro. A PT tem parcerias tecnológicas com vários fabricantes americanos e asiáticos de equipamentos para telecomunicações. Os exemplos mais recentes são as parcerias com as empresas norte-americanas CORNING, no âmbito do projecto de fibra, e CISCO, no domínio dos equipamentos e serviços empresariais e residenciais, e com empresas asiáticas, a LG e SAMSUNG, centradas nos equipamentos terminais para as redes fixa e móvel, e as chinesas HUAWEI e a ZTE, centradas nos equipamentos de rede. Em termos estratégicos, a PT está empenhada numa disciplina operacional, financeira, estratégica e de custos, com o objectivo de enfocar o desenvolvimento dos recursos nos negócios core e nas principais regiões - Portugal, Brasil e África Subsaariana. A PT estabeleceu cinco objectivos ambiciosos para o triénio 2009-2011: (1) crescimento da base de clientes para 100 milhões de clientes; (2) aumentar a exposição nos negócios internacionais até dois terços das receitas; (3) reforçar a liderança em todos os segmentos no mercado doméstico; (4) alcançar um desempenho no quartil superior em termos de remuneração accionista e resultados; e (5) tornar-se uma referência em termos de sustentabilidade. Estes objectivos determinaram um conjunto de opções: • Reforçar a liderança em todos os segmentos de mercado nacional onde está presente - com o negócio de payTV, (através da MEO), a PT está a inverter a tendência no negócio doméstico residencial, a partir de uma posição de ataque, ao mesmo tempo que alavanca a sua posição de operador integrado, visando uma ampla oferta de produtos e serviços convergentes. Num mundo em convergência, no qual os utilizadores necessitam cada vez mais de contactar, comunicar e consumir serviços de dados em qualquer equipamento terminal - no seu local de trabalho, em casa ou na rua - a PT aposta nos serviços integrados em que considera deter uma vantagem competitiva em Portugal. • Maximizar o valor estratégico dos seus activos internacionais, reforçando o foco no Brasil e na África Subsaariana - dada a sua dimensão, perspectivas de crescimento e posição de partida da PT, o mercado brasileiro continua a ser uma prioridade. África continuará a ser um importante vector de crescimento, onde a PT irá prosseguir a aposta no reforço de parcerias e na procura de oportunidades de investimento. • Ser um operador especialista - a PT pretende ser um operador competitivo na área da inovação, assegurando assim o seu espaço próprio no sector global. Assim sendo, a PT está a concentrar a sua operação em torno das suas capacidades distintivas, eliminando actividades e operações onde a organização não tem este factor diferenciador. Tendo isso em atenção, a PT está a estabelecer parcerias estratégicas abertas com os seus fornecedores chave e também a alavancar o seu programa de inovação – OPEN – para construir uma cultura de inovação e um portfólio de investimento ponderado no tempo (projectos estruturais de longo prazo, desenvolvimento de negócios de médio prazo e optimização de negócio de curto prazo). PT INOVAÇÃO A PT dispõe de uma empresa específica para as actividades de I&D e Inovação – a PT Inovação (ver Carta Regional de Competitividade do Baixo Vouga) e participa no INESC IN. Fontes: Relatórios da empresa e Imprensa.

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CAIXA 9 - ZON MULTIMEDIA Em 1994 foi criada a TV Cabo Portugal, SA, principal operador português na sub-área da TV por cabo, integrada no universo Portugal Telecom. Em 1996, com a reorganização do grupo Portugal Telecom nas áreas rede fixa de telefones, rede de telefones móveis, televisão por cabo e multimédia, empresas, internacional, inovação e sistemas de informação, criou-se a PT Multimédia, Serviços de Telecomunicações e Multimédia, SGPS, SA, uma holding do grupo Portugal Telecom, cujos objectivos eram centralizar as actividades de Internet e Multimédia. Em 1999, a PT Multimédia é colocada em bolsa, ficando a Portugal Telecom com 58% do capital. O grupo Lusomundo, com uma presença dominante na distribuição cinematográfica em Portugal, fora entretanto adquirido e incluído na nova empresa. Em 2005, é vendida a sub-holding Lusomundo Serviços (da Lusomundo) à Controliveste, que incluía a Lusomundo Media - proprietária das publicações Diário de Notícias, Jornal de Notícias, O Jogo, Tal & Qual e Volta ao Mundo - e TSF Rádio Notícias - que incluía a rádio TSF. Em 2006, é lançada uma OPA pela Sonaecom ao capital da Portugal Telecom e da PT Multimédia, sendo que aí começa a cisão (spin-off) entre a PT Comunicações e a PT Multimédia. Em Setembro/Outubro de 2007, concluiu-se o processo de cisão entre a Portugal Telecom e a PT Multimédia (apesar de a data oficial de cisão ser dia 6 de Novembro do mesmo ano), sendo que a TV Cabo Portugal e a PT Comunicações ficaram operadores concorrentes. Em 2008, adoptou o seu novo nome, ZON Multimédia, integrando-se na estratégia de separação total e completa da Portugal Telecom. A ZON TVCabo é actualmente o maior operador nacional de triple play (televisão, internet e telefone). É líder no mercado de Pay TV em Portugal e um dos maiores operadores na Europa, ultrapassando os 1,6 milhões de clientes. Com mais de 100 canais de televisão (distribuídos em vários pacotes base e canais Premium), a empresa aposta no alargamento da sua grelha digital, nas plataformas de cabo e de satélite, na alta definição e na tecnologia 3D. Na área da Internet de banda larga, a ZON tem mais de 600 mil clientes, sendo líder em velocidade e experiência de navegação. Colocou Portugal entre os países mais avançados do mundo ao lançar os pacotes ZON Fibra com 200 megas e 1 giga de velocidade, produtos inéditos a nível europeu. A oferta da ZON foi complementada com o serviço telefónico, passando a competir directamente com a PORTUGAL TELECOM. Com o lançamento do serviço móvel (MVNO - operador móvel virtual), já no quarto trimestre de 2008, o serviço triple play foi transformado em quadruple play. A ZON Conteúdos é a empresa que desenvolve a actividade de Wholesale de conteúdos, assegurando a sua negociação, aquisição, agregação e revenda. Assegura também a gestão das participações da ZON em empresas proprietárias de canais de TV por subscrição (50% da Sport TV). A ZON Conteúdos é responsável pelos investimentos na área de produção de canais de televisão em português e pela distribuição de conteúdos Premium, comercialização de canais, gestão de programação e publicidade no serviço de conteúdos. Fontes: Sites das empresas; Imprensa.

Outros Clusters na Grande Lisboa Cluster Indústrias Criativas: a combinação das actividades dos media e da publicidade, com a edição e as artes e espectáculos fazem da Grande Lisboa o principal centro deste tipo de actividades no País, quase todas elas ainda orientadas para a satisfação do mercado interno. Numa Área Metropolitana como a de Lisboa, a pujança das indústrias criativas é um factor de atractividade para o turismo. O Cluster Turismo: apresenta uma expressão crescente na sub-região pois beneficia de vantagens naturais (clima, orla litoral, espaços fluviais) e edificadas (como o património arquitectónico e artístico), além de infra-estruturas específicas como a capacidade hoteleira, a existência de múltiplos campos de golfe ou de centros de congressos. A sub-região tem vindo a atrair segmentos específicos do mercado turístico como os congressos e eventos e os short breaks, para além do turismo de negócios. A cidade de Lisboa é a marca turística mais conhecida internacionalmente e tem uma representatividade bem expressa no facto de gerar cerca de 73% das receitas de hotelaria da região de Lisboa. Estoril, outra marca turística internacional da sub-região, tem forte representatividade a nível nacional (é a 4ª marca turística, em termos económicos, do País); Sintra também apresenta potencialidades relevantes em alguns segmentos. No segmento city breaks, a cidade de Lisboa representava 33% das receitas turísticas e tem um peso de 97% no conjunto nacional; no segmento turismo de negócios representa 44% das

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receitas turísticas da região de Lisboa e 88% do conjunto nacional; no segmento de turismo de cruzeiros a importância da cidade de Lisboa tem sido crescente. Cluster Saúde: a combinação do sector público hospitalar, com um tecido de clínicas privadas e sobretudo de centros de diagnóstico por imagiologia ou análises clínicas, bem como de numerosas PME e filiais de multinacionais na indústria farmacêutica, fazem da Grande Lisboa a maior implantação deste Cluster a nível nacional. Este Cluster integra cinco componentes distintas: o as unidades hospitalares onde se incluem os Hospitais públicos e alguns hospitais privados de maior dimensão como o British Hospital, o Hospital da CUF e das Descobertas; o Hospital da Cruz Vermelha, etc., bem como uma multiplicidade de clínicas privadas prestando serviços de cirurgia; o a prestação de cuidados de saúde ambulatórios, quer os assegurados pelo Serviço Nacional de Saúde, quer pela medicina privada; o os laboratórios de análises clínicas e os centros de diagnóstico por imagem, onde Lisboa detém a maior concentração de entidades activas; o as multinacionais que vendem aparelhagem de imagiologia e outro equipamento médicocirúrgico e que têm em Portugal instalações de assistência técnica – General Electric, Siemens, Boehringer Ingelheim, Gambro II – Produtos de Hemodiálise, etc.; o as empresas farmacêuticas que permanecem em Portugal a embalar ou a fabricar produtos farmacêuticos, quer de prescrição quer de venda livre. Em relação a estas empresas podem distinguir-se três tipos distintos: 1) as empresas portuguesas que produzem medicamentos ou matérias-primas para a indústria farmacêutica, algumas das quais exportam parte significativa da sua produção: Hovione Farmaciência; CIPAN – Companhia Industrial Produtora de Antibióticos; Laboratórios Medinfar, etc; 2) as empresas multinacionais com instalações industriais na sub-região, na maior parte dos casos restritas às últimas fases do processo de fabrico: Aventis Pharma; Cilag Internacional; Hikma Farmacêutica; Rothafarm (Laboratório Delta), etc.; 3) as empresas portuguesas que, podendo produzir algumas especialidades farmacêuticas próprias, podem trabalhar a feitio para as empresas multinacionais sem instalações industriais em Portugal: exemplo do grupo TECNIMEDE que se posiciona como uma empresa farmacêutica de genéricos.

Entre o conjunto de empresas exportadoras da indústria farmacêutica destacam-se – HOVIONE, CIPAN, CILAG, JASSEN, MEDIPHARMA, UNILFARMA, José Casanova – e de equipamento médico como a CODAM Portugal – Instrumentos Médicos.

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CAIXA 10 - PRINCIPAIS GRUPOS PRIVADOS DO CLUSTER SAÚDE A oferta de cuidados de saúde privados em Portugal tem registado nos últimos anos um aumento considerável quer ao nível da oferta, quer da facturação. De acordo com um estudo elaborado pela consultora espanhola DBK, as empresas gestoras do sector privado na área da saúde em Portugal registaram um crescimento de cerca de 8% em 2007, com uma facturação de cerca de 690 milhões de euros. A nível da oferta, este crescimento representa um aumento do número de camas para internamentos, com a Grande Lisboa a liderar na capacidade de oferta, chegando a concentrar mais de 16 centros privados de maior dimensão e com um número superior a 1300 vagas disponíveis num total de 2200. Para a continuação do crescimento da saúde privada em Portugal também contribuíram os acordos assinados com o sector público, no sentido de reduzir as listas de espera para cirurgia no caso da oftalmologia e prestar apoio a nível de cuidados de saúde oral a grávidas e idosos. A Grande Lisboa é a região que concentra mais oferta de serviços privados de saúde, sendo também na capital que se concentram os maiores hospitais. Os 5 principais operadores (José de Mello Saúde, Grupo Espírito Santo Saúde, HPP – Hospitais Privados de Portugal, Grupo Português de Saúde e Clisa) reuniam, naquele ano, uma quota de mercado a rondar os 80%. O Grupo Mello está na prestação privada de saúde desde 1945 com o Hospital CUF, contando com mais de 1000 camas distribuídas pelos hospitais Amadora Sintra (parceria público-privada), CUF Infante Santo e CUF Descobertas, além de 3 clínicas privadas concentradas na Grande Lisboa (e uma outra em Torres Vedras). O Grupo gere ainda dois hospitais em Espanha (em Barcelona e Madrid), através de uma parceria com o Grupo Quirón (aquisição de 38% do capital), um dos maiores actores no mercado espanhol. Em 2008 o Grupo iniciou a gestão do Hospital de Braga; e vai gerir a unidade de Vila Franca de Xira tendo abandonado a participação na gestão do Hospital Amadora-Sintra.Em 2011 inaugurou o novo Hospital de Braga O Grupo Espírito Santo Saúde começou por dispor na Grande Lisboa do Hospital da Luz e do Hospital Residencial do Mar (em Loures), além de unidades de apoio a idosos (casa de repouso e residências sénior) e de uma clínica em Oeiras, estando actualmente presente no Grande Porto, Setúbal e Évora Uma das apostas do Grupo tem sido a qualidade dos equipamentos e tecnologias hospitalares de ponta, como um dos factores de diferenciação da oferta (o Hospital da Luz é apontado como um dos maiores investimentos em tecnologias de informação e comunicação aplicadas à saúde).Vai igualmente gerir o Hospital de Loures O Grupo conta com uma parceria com a Siemens neste domínio. Grupo HPP (da Caixa Geral de Depósitos) foi fundado em 1998 e conta na Grande Lisboa com o Hospital dos Lusíadas e o Hospital de Cascais (em regime de parceria público-privada). No total, tem mais de 40 unidades de saúde e conta com cerca de 5 mil profissionais. A sua abordagem de mercado é ibérica, beneficiando de uma parceria estratégica com o Grupo espanhol USP Hospitales. O Grupo Português de Saúde foi criado em 2004 no seguimento da reestruturação estratégica da Gália, empresa do seu accionista Grupo SLN. O Grupo é responsável pela gestão de cerca de 2 dezenas de unidades. Actua nas áreas dos cuidados hospitalares, cuidados ambulatórios e gestão de redes e serviços de saúde. A rede de clínicas privadas Unimed é uma das principais bandeiras do Grupo. Actualmente atravessa um período de indefinição de estratégia, em virtude das alterações em curso no grupo financeiro a que pertence (Banco Português de Negócios), estando a ser ponderada a venda desta área de negócio a um outro operador privado. Na Grande Lisboa existe ainda um outro grupo privado de saúde – o Grupo Clisa – Clínica de Santo António (na Amadora, Sacavém e Odivelas). Fontes: Jornal de Negócios; Sites de cada um dos Grupos privados de saúde.

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CAIXA 11 - MALÓ CLINIC Fundada em 1995, e com sede em Lisboa, a MALO CLINIC é actualmente o maior centro de Implantologia e Reabilitação Oral Fixa do mundo, bem como um pólo internacional de excelência na formação avançada de profissionais da Saúde Oral – MALO CLINIC Education. Reúne uma vasta equipa de cerca de 400 colaboradores, e em apenas 13 anos, a MALO CLINIC adoptou um conceito clínico empresarial de sucesso que levou à expansão internacional, criando centros próprios nos cinco continentes do globo. Líder na aplicação de implantes imediatos e próteses dentárias, foi a equipa de investigação da MALO CLINIC que desenvolveu a técnica cirúrgica All-on-4 e a prótese fixa MALO CLINIC Bridge, ambas mundialmente reconhecidas como extraordinários avanços em Reabilitação Oral para desdentados totais, garantindo os melhores cuidados aos pacientes e obedecendo a elevados padrões de qualidade com os mais avançados meios tecnológicos. Até hoje, já foram tratados na MALO CLINIC mais de 40 mil pacientes, sendo que 60% dos casos complexos vêm do estrangeiro. Integra a MALO CLINIC Ceramics, que reúne uma equipa de mais de 150 técnicos em exclusividade, sendo um laboratório especializado em próteses fixas sobre implantes e sobre dentes naturais, criado com o objectivo prioritário de produzir e exportar a MALO CLINIC Bridge para qualquer parte do mundo. Esta prótese é o culminar da engenharia biomédica com a tecnologia Procera CAD/CAM, que permite oferecer aos pacientes desdentados totais uma solução fixa. Utiliza materiais de elevada biocompatibilidade, como é o caso do titânio e da cerâmica, permitindo não só reabilitar os dentes ausentes de uma forma individualizada (recebendo coroas cerâmicas individuais), como também os tecidos moles (gengiva), simulando com rigor a dentição natural. Fontes: site da empresa.

o

O Macro Cluster Agroindústrias também tem uma forte presença: destacam-se as filiais de empresas multinacionais que, vendendo para o mercado doméstico, são igualmente exportadoras; tais são os casos da PHILIP MORRIS, controlando a TABAQUEIRA, da UNILEVER com a KNORRBESTFOODS, com a FIMA VG e com a IGLO; da PEPSI COLA com a Fritolay; da NESTLÉ, da DAN CAKE, e da SCOTTISH &NEWCASTLE com a SCC – Sociedade Central de Cervejas; para além destas, outras empresas exportadoras de capitais nacionais têm aqui a sua base industrial como acontece com o grupo SUMOL. A sub-região tem tradicionalmente uma presença significativa em indústrias alimentares mais viradas para o mercado interno como as moagens e derivados dos cereais, a refinação de açúcar ou a torrefacção de café.

Para além destes Clusters são de referir outras actividades e empresas exportadoras de que são exemplos: o um conjunto de empresas multinacionais que exportam produtos de higiene e/ou limpeza como as Indústrias LEVER ou a COLGATE PALMOLIVE; o a Hydro Aluminium do grupo norueguês Norsk Hydro, responsável pelas exportações de produtos em alumínio; o as OGMA- Oficinas Gerais de Material Aeronáutico são, por sua vez responsáveis pelas exportações de “Construção e Reparação de Outro Material de Transporte”.

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CAIXA 12 - AERONÁUTICA O sector da construção aeronáutica, embora com empresas a funcionar desde 1918 (OGMA) tem um peso insignificante em termos de valor acrescentado, emprego e exportações. Em 2005 representava cerca de 0,04% do VAB e do emprego gerado e 0,6% do total das exportações. Não obstante, os diversos investimentos em curso ou projectados a curto e médio prazo, deixam antever um potencial de crescimento significativo, que reforçará a evolução do sector e do cluster da aeronáutica em geral. O Sector Aeronáutico, sendo no essencial um sector maduro, é um sector gerador de múltiplos efeitos de arrastamento nas estruturas económicas em que se consolida, quer por via da variedade dos fornecimentos de subsistemas e componentes que exige e podem provir de variados sectores de actividade; quer pela exigência de qualidade e competência tecnológica que supõe quer ainda pela criação de empregos qualificados que proporciona. Este sector, com o fim da guerra fria e a intensa competição nos fornecimentos às companhias aéreas, tem vindo a consolidar-se à escala mundial, levando à liquidação de dezenas de milhares de postos de trabalho e libertando milhares de engenheiros e outros especialistas. Actualmente o sector aeronáutico em Portugal é claramente dominado pelas operações de manutenção realizadas nas OGMA e na TAP. Nas OGMA (que após a privatização passaram para o controlo da brasileira EMBRAER) existe para além disso capacidade de fabricação parcial de aviões – é o caso do PILATUS fabricado por encomenda do construtor suíço. Esteve para ser o caso do DORNIER 780, que não se concretizou devido à falência daquela empresa germano - americana. Existe ainda competência para o fabrico de peças e subconjuntos, nomeadamente em materiais compósitos. 1) OGMA, com soluções de manutenção, revisão e modernização de aeronaves, motores e componentes, fabricação e montagem de estruturas e cujos objectivos são a consolidação da empresa como suporte de manutenção da Força de Aérea de Portugal, o aumento da base de clientes activos na área da defesa, a obtenção de novos contratos de “Gestão Total de Frota” e a consolidação da OGMA como a empresa de manutenção dos produtos Embraer na Europa, África e Médio Oriente, expansão do uso das capacidades na área de fabricos e aumento de forma significativo da participação no mercado de manutenção de aviões civis em particular nas famílias “narrow body” da Boeing e Airbus; 2) TAP MANUTENÇÃO e ENGENHARIA, responsável pela manutenção da frota desde 1945, a partir de 1974 desenvolveu actividade de manutenção de frotas de terceiros. Com instalações no Aeroporto de Lisboa, emprega 1900 pessoas qualificadas nos serviços de manutenção e engenharia para aviões, motores e componentes. Os serviços de manutenção compreendem a manutenção integrada necessária durante a vida de operação prevista do avião; a manutenção de linha, o que inclui as inspecções, reparações estruturais, programas de corrosão, renovação de cabines, decapagem e pintura, às famílias de aviões da Airbus, Boeing e Lockheed Martin. Para além disso, dispõe de serviços de consultoria, laboratórios de ensaios diversos. Ao longo destes dois últimos anos, a TAP MANUTENÇÃO e ENGENHARIA tem estabelecido diversos acordos de cooperação para prestação de serviços com a SNECMA SERVICES, do Grupo SAFRAN, com a Ibéria Manutenção para intercâmbio de serviços de manutenção, e de serviços de manutenção dos motores dos aviões da companhia charter búlgara BH Air e da Transaero (empresa privada russa). O reconhecimento da qualidade dos serviços prestados por esta empresa é visível pela atribuição do prémio da NATO de Melhor Empresa de Manutenção de Base para Reactores e Aviões em 2006 e nesse mesmo ano adquiriu uma posição dominante na VEMVarig Engenharia e manutenção, empresa de serviços de manutenção brasileira. O Exemplo do Agrupamento PEMA A PEMA: é um agrupamento de pequenas e médias empresas interessadas nas oportunidades que se podem abrir no sector aeronáutico . Esta rede de empresas tem como objectivos: a integração de projectos aeroespaciais nacionais e internacionais e a participação na definição de políticas públicas para o sector aeronáutico nacional. As competências da PEMAS evidenciam-se em dez áreas: 1) avião comercial, soluções para o design de interiores das aeronaves; 2) aviação em geral; 3) sistemas aviónicos (de navegação a bordo); 4) experimentação táctica de veículos UAV; 5) Sistemas de propulsão; 6) materiais e estruturas; 7) máquinas-ferramentas; 8) formação e consultoria em I&D; 9) consultoria ao nível do mercado aeroespacial e 10) soluções em electrónica, software e TIC’s. De referir que a PEMA lidera o consórcio Portuguese Aerospace Industrial Consortium (PAIC), em parceria com a Lockheed Martin, que tem como objectivo desenvolver sistemas de avião não tripulados, nomeadamente aeronaves, sensores (payload) e estações de controlo de missão. Refira-se ainda a Associação Portuguesa de Aeronáutica e Espaço, fundada em 1997 por um grupo de estudantes de licenciatura de engenharia aeroespacial do Instituto Superior Técnico e faz parte da Associação Europeia dos mesmos estudantes (EUROAVIA), a qual tem como objectivo partilha de experiências e troca de informações no sector aeronáutico. Fontes:PEMA

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4. RECURSOS HUMANOS - EDUCAÇÃO BÁSICA E SECUNDÁRIA A Grande Lisboa apresenta os mais elevados níveis de qualificação dos recursos humanos do País: apesar de cerca de 48% da população deter apenas o ensino básico, é nesta sub-região que se concentra a maior proporção de indivíduos com o ensino superior (16% do total da população) e com o ensino secundário (21%). A sub-região revela o número médio de anos de escolaridade mais favorável da região de Lisboa e do País, o que é justificado pelo efeito capitalidade de Lisboa, pela maior oferta de serviços e infra-estruturas de ensino, pela presença de actividades económicas mais exigentes em recursos humanos qualificados e, por conseguinte, pela maior capacidade de atracção de residentes e activos com maiores habilitações. A taxa de retenção e desistência no ensino básico foi, no ano lectivo 2008/2009, de 9.3%, superior à média nacional de 7.8%. Cerca de 68 mil estudantes da Grande Lisboa frequentavam o Ensino Secundário, 9% dos quais estavam inscritos em cursos profissionais de Nível 3. No que se refere ao ensino tecnológico, no mesmo ano lectivo, cerca de 3 mil alunos frequentavam cursos tecnológicos. Destacaram-se os cursos tecnológicos na área da informática, da administração, da acção social, do desporto e da multimédia. FIGURA 10 - ALUNOS INSCRITOS EM CURSOS TECNOLÓGICOS POR ÁREA CIENTÍFICA (% TOTAL INSCRITOS NESTE TIPO DE CURSOS) ANO LECTIVO 2008/2009

Const. Civil eEdif icações 1,1% Electr otecniaeElectr ónica 6,8% Inf or mática 20,5%

Despor to 13,3% Acção Social 17,6%

Administr ação 19,5%

Mar keting 6,1%

Fonte: Ministério da Educação.

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Or denamento do Ter r itór io eAmbiente 1,9% DesigndeEquipamento 5,0% Multimédia 8,1%

QUADRO 2 - CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO TECNOLÓGICA – ANO LECTIVO 2009/2010 Instituição Promotora CEU - Cooperativa de Ensino Universitária, C.R.L.

Estabelecimento Universidade Autónoma de Lisboa

Designação do CET Arqueologia Desenvolvimento de Produtos Multimédia Especialista de Bases de Dados Instalação e Manutenção de Redes e Sistemas Informáticos Tecnologias e Programação de Sistemas de Informação

COFAC - Cooperativa de Formação e Animação Cultural, C.R.L.

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Sistemas de Informação Geográfica

Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril

Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril

Recepção e Alojamento Hoteleiro Animação em Turismo de Natureza e Aventura Gastronomia e Artes Culinárias Segurança e Higiene Alimentar Técnicas de Restauração

Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva

Escola Superior de Artes Decorativas

Conservação e Restauro de Estuques Decorativos Conservação e Restauro de Madeira e Mobiliário Conservação e Restauro de Pintura Mural Conservação e Restauro de Pintura sobre Madeira

Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa Forino

Relações Laborais Desenvolvimento de Produtos Multimédia

Forino

Desenvolvimento de Software e Administração de Sistemas Energia e Automação Industrial Organização e Gestão Industrial Tecnologias e Programação de Sistemas de Informação Telecomunicações e Redes

Fonte: Direcção Geral do Ensino Superior.

É na Grande Lisboa que se concentra a maioria dos estabelecimentos de ensino do País, com uma importante concentração de escolas de ensino profissional. Entre as instituições de ensino profissional orientadas para as áreas das telecomunicações, informática e electrónica (sectores importantes no perfil de especialização da Grande Lisboa), destaca-se a Forino – Associação para a Escola de Novas Tecnologias, sedeada no Lispolis, no Paço do Lumiar. Criada há cerca de duas décadas, é uma infra-estrutura tecnológica dirigida à prestação de serviços às empresas, com uma oferta diversificada nas áreas de telecomunicações e redes, sistemas de informação, energia e automação e organização e gestão Industrial.

5. RECURSOS HUMANOS - ENSINO SUPERIOR E INVESTIGAÇÃO 5.1. Diplomados do ensino superior É na Grande Lisboa, em especial no eixo Lisboa-Oeiras-Cascais, que a percentagem de população com o ensino superior é a mais elevada (16%, contra 11% registados no País e 13% registados na região de Lisboa). Os municípios que revelam maior importância relativa da população activa com ensino superior são Oeiras, Lisboa e Cascais, o que se deve à forte presença de empresas intensiva em tecnologia e de infra-estruturas de apoio à actividade empresarial (como o Taguspark). Estes municípios apresentam um peso da população activa com habilitações ao nível do ensino superior na ordem dos 15%.

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De acordo com dados fornecidos pela Direcção Geral de Ensino Superior, no ano lectivo 2008/2009 diplomaram-se nas instituições de ensino superior da Grande Lisboa cerca de 25 mil indivíduos. Estes dados integram os 3 Ciclos do ensino superior, isto é, licenciaturas, mestrados e doutoramentos. É nesta sub-região que se concentra o maior número de instituições de ensino superior, público e privado. O Instituto Superior Técnico assume-se como a instituição com o maior número de diplomados naquele ano lectivo, representando cerca de 7% do total de diplomados da subregião. As áreas científicas mais representativas da sub-região em termos de número de diplomados são as humanidades e direito, a economia e gestão e as ciências de engenharia. FIGURA 11- DIPLOMADOS POR ÁREA CIENTÍFICA (% TOTAL) – ANO LECTIVO 2008/2009 Serviços Sociais 1% Saúde - Cuidados Pessoais 7% Economia e Gestão 21%

Ciências da Vida 4%

Ciências Exactas e Computação 5%

Ciências Engenharia 16%

Turismo e Lazer 2% Artes 8%

Humanidades e Direito 28%

Recursos Naturais e Ambiente 1% Educação 7%

Fonte: Direcção Geral de Ensino Superior.

5.2. Investigação Em 2008, cerca de 20 mil indivíduos desenvolviam actividades de I&D na Grande Lisboa. As despesas em I&D atingiam os 1287 mil milhares de euros. A Grande Lisboa apresenta a concentração mais elevada do País de infra-estruturas e recursos humanos dedicados ao ensino superior e às actividades de I&D. De facto, os recursos científicos e tecnológicos concentrados na Grande Lisboa representam mais de metade do potencial nacional, aqui se localizando algumas das principais instituições de I&D do País. De entre as áreas de I&D com maior número de investigadores salientam-se os grupos seguintes: o Ciências da Saúde, Ciências Biológicas, Biotecnologia e Química Fina, Ciências Agrárias; o Ciências da Computação, Tecnologias da Informação e Comunicações; o Engenharia Mecânica, Tecnologias da Produção; Automação e Robótica.

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FIGURA 12 - GRANDE LISBOA − CENTROS DE I&D E ÁREAS TEMÁTICAS DE INVESTIGAÇÃO EM CIÊNCIAS DA COMPUTAÇÃO, TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E TELECOMUNICAÇÕES, AUTOMAÇÃO E ROBÓTICA, CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS DOS MATERIAIS

43 INESC – MN Lisboa

Nano Materiais

20 Centro Física da Matéria Condensada FC/UL

45

Compu tação Gráfica

58

CEFITEC Centro de Física e Investigação Materiais para tecnológica FC /U Lisboa Electrónica

CENIMAT Centro Investigação em Materiais FCT/UN Lisboa

CITI Centro de Informática E Tecnologias de Informação FCT /UN Lisboa

INESC

Componentes Comunicações Electrónicos Ópticas & Opto electrónicos

IT Instituto de Telecomunicações Lisboa

Instituto de engenharia de Sistemas e Computadores Processa

mento de Sinal e Redes Neuronais

Lisboa

Redes e Comunicações Multimédia

Engº Bio médica

Inteligência Artificial

Robótica Móvel e Autónoma

124

Instituto de Sistemas e Robótica Lisboa

LIP Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas Lisboa

39

CENTRIA Centro de Inteligência Artificial FCT /UN Lisboa

Visão p/ Comput ador

ISR

Comunicações Wireless e Microondas

58

LASIGE Laboratório Sistemas Informáticos de Grande Escala FC U Lisboa

Linguagens e Modelos Programação/ Engª Software

Process amento Fala

136

e Opto electrónica

Intera cção H/M

Computação Paralela e Distribuída

70

216 IDMEC Instituto de Engª Mecânica IST

Controlo & Automação Industrial

Instru mentação

Nota: Os números incluídos nos círculos de cada instituição de I&D indicam o número de investigadores de cada uma Fonte: FCT – Avaliações de Unidades – Financiamento Plurianual 2002

FIGURA 13 - GRANDE LISBOA − CENTROS DE I&D E ÁREAS TEMÁTICAS DE INVESTIGAÇÃO EM BIOLOGIA, CIÊNCIAS BIOMÉDICAS, FARMÁCIA, QUÍMICA FINA, BIOTECNOLOGIA E ENGENHARIA BIOMÉDICA 85 62 Centro Patogénese Molecular FF/U Lisboa

Centro Malária e Doenças Tropicais

Imunologia e Doenças Virologia & Infecciosas Microbio IGC logia Instituto

Neuro ciências

Gulbenkian Ciência

165

IMM

Instituto

44 CEF

Oncobiologia

Humana

Centro Bio medicina Molecular e Estrutural U Algarve

58

ITB Instituto de Tecnologia Biomédica

151 Genómica

Cardiologia 46 Centro Cardiologia FM/ U lisboa

Biochips

IBQF

Instituto de Biotecnologia e Química Fina IST

Bio tratamento Efluentes

Tecnologias de Reacção e Separação Foto química em Química Fina Química CQFB 341 Produtos centro Química Fina e Naturais Biotecnologia FCT/UN Lisboa

Engª Biomédica 25

Farma cologia

Centro Estudos Ciências Farmacêuticas

Biologia Desenvolvi mento

71 Centro Biologia e Imunologia Investigação em Genética Moleculares Molecular e

Patologia Doenças e Imunologia Cérebro Moleculares 21 Vasculares Genómica Instituto Biofísica e Engª Biomédica

Doenças Genéticas

Biologia Molecular e Celular 309

Síntese Química Orgânica Biotecnologia ITQB Vegetal

Instituto de Ciência e Tecnologia Engª Química e Biológica Proteínas Bio Bio Bio Catálise sensores reactores e & Bio Engª Separações Enzimática

Nota: Os números incluídos nos círculos de cada instituição de I&D indicam o número de investigadores de cada uma Fonte: FCT – Avaliações de Unidades – Financiamento Plurianual 2002

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Das Figuras apresentadas ressalta um conjunto de áreas temáticas que constituem pólos de concentração de competências de I&D no Norte e Centro Litoral que podem ser encaradas como outras tantas bases de apoio à diversificação e actividades, em direcção a actividades com maior valor acrescentado, procura internacional mais dinâmica e menor concorrência das economias emergentes. INSTITUIÇÕES-ÂNCORA NA GRANDE LISBOA A Grande Lisboa beneficia da concentração no seu território das principais instituições nacionais de I&D e de apoio à actividade empresarial. O investimento em novas infra-estruturas de ciência e tecnologia, bem como o reforço das existentes, é fundamental para tornar a Grande Lisboa um território competitivo em termos internacionais, no que respeita a actividades baseadas em conhecimento. As principais áreas de localização deste tipo de infra-estruturas incluem “zonas tradicionais” da cidade de Lisboa, com maior aglomeração de investigadores: a zona entre a Alameda e Cidade Universitária (incluindo as zonas da ex-Feira Popular e do INETI/Lispolis), e a zona da Baixa; “zonas emergentes”, como as zonas Oriental de Lisboa/Chelas, do Alto da Ajuda, do Alto do Lumiar, de Alcântara e Pedrouços; o município de Oeiras e zonas dos municípios de Cascais e Sintra. De destacar a presença no município de Lisboa (no Paço do Lumiar) do Pólo Tecnológico de Lisboa (LISPOLIS - Associação para o Pólo Tecnológico de Lisboa), adjacente ao Campus do Laboratório do Estado INETI – Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação. Estão instaladas no campus do Pólo Tecnológico de Lisboa cerca de 50 empresas e entidades, distribuídas pelas seguintes áreas: consultoria de gestão; consultoria estratégica; desenvolvimento de plataformas e-business; desenvolvimento de soluções informáticas; electrónica e electricidade; metalurgia e electromecânica; multimédia; produção cinematográfica e audiovisual; reciclagem e valorização de resíduos. Também em Oeiras se localiza uma importante concentração de instituições de I&D (vd. ponto 6.2).

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As caixas seguintes apresentam uma breve descrição das actividades de um conjunto de outras instituições-âncora da Grande Lisboa. CAIXA 13 - INESC- INSTITUTO DE ENGENHARIA DE SISTEMAS E COMPUTADORES Criado em 1980, o INESC é uma associação privada sem fins lucrativos, de utilidade pública, dedicada à educação, incubação, investigação científica e consultoria tecnológica. Tem como associados o Instituto Superior Técnico (IST), a Portugal Telecom SGPS, SA (PT), a Universidade do Porto (UP), a PT Comunicações, SA (PTC), a Universidade de Aveiro (UA), a Universidade Técnica de Lisboa (UTL), a Universidade de Coimbra (UC) e os Correios de Portugal, SA (CTT). Apresenta uma estrutura tipo “holding”, com associadas dedicadas a actividade na área científica e tecnológica e um conjunto de outras participações onde se enquadram actividades empresariais. Com sede em Lisboa, é constituído pelas seguintes instituições: INESC ID – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Investigação e Desenvolvimento em Lisboa (investigação na área da Computação GRID, nomeadamente em autenticação, segurança, escalonamento, métodos para paralelização e distribuição de carga e aplicações, em particular para processamento de fala, processamento de imagem e biologia computacional); INESC INOVAÇÃO - Instituto de Novas Tecnologias (infra-estrutura tecnológica do domínio das tecnologias de informação, electrónica e comunicações); INESC MN – Microsistemas & Nanotecnologias (desenvolve novas tecnologias e protótipos nas seguintes áreas: magnetismo, filmes finos, MEMS, “Biochips” e simulações de materiais); INESC Porto (Laboratório Associado); INESC Coimbra; INESC Macau. O INESC desenvolveu as suas competências nos seguintes domínios: engenharia organizacional; gestão da complexidade; ambientes virtuais cooperativos; sistemas de produção; processamento de sinal; comunicações; monitorização, navegação e controlo; microsistemas e nanotecnologia; sistemas de energia; optoelectrónica; redes de computadores; língua falada; multimédia; tecnologias de informação.

FIGURA 14 - UNIVERSO INESC

De referir que o INESC está envolvido nos seguintes Pólos de Competitividade e Tecnologia (PCT), reconhecidos formalmente como Estratégias de Eficiência Colectiva em Julho de 2009: PCT Health Cluster Portugal (INESC Porto); PCT da Moda (INESC Porto); PCT Produtech – Tecnologias de Produção (INESC Porto); PCT TICE.PT (INESC Porto e INESC ID). Integra ainda (INESC Porto) o Cluster do Mar também reconhecido formalmente como Estratégia de Eficiência Colectiva. Fonte: INESC.

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CAIXA 14 - INSTITUTO DE TELECOMUNICAÇÕES O Instituto de Telecomunicações é uma instituição privada sem fins lucrativos, de interesse público, que resultou da parceria entre 5 instituições de referência no domínio da I&D aplicada às telecomunicações: o Instituto Superior Técnico (IST); a Universidade de Aveiro (UA); a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC); a Portugal Telecom Inovação, S.A. (PTIn); e a Nokia Siemens Networks. É, desde 2001, um Laboratório Associado. Tem como missão criar e divulgar novos conhecimentos e apoiar a formação avançada no domínio das telecomunicações Resultou da associação, em 1991, de uma empresa (então o Centro de Estudos de Telecomunicações dos CTT, hoje a PT Inovação) com grupos universitários (da Universidade de Aveiro, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e do Instituto Superior Técnico) para concorrer ao Programa CIÊNCIA, do qual resultou o financiamento inicial de 7.5 milhões de euros. Aos associados iniciais juntou-se, em finais de 2004, a Siemens Networks (hoje Siemens Nokia Networks). O IT mantém uma colaboração estreita com muitas outras universidades e politécnicos entre os quais se destacam a Universidade da Beira Interior, a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, o Instituto de Ciências do Trabalho e da Empresa e os Institutos Politécnicos de Leiria, Setúbal, Tomar, Coimbra e Lisboa. Vocacionado sobretudo para a investigação científica pré-competitiva, este instituto reúne mais de 400 colaboradores, dos quais mais de 170 doutorados, que trabalham em quatro grandes áreas: Comunicações Móveis; Comunicações Ópticas; Redes e Comunicações Multimédia; Ciências Básicas e Tecnologias de Suporte das Telecomunicações. Tem instalações em Lisboa, Aveiro e Coimbra. É uma instituição de carácter nacional, com instalações próprias nos campus das Universidades de Aveiro, de Coimbra (Pólo II) e do Instituto Superior Técnico em Lisboa, um Laboratório Externo na Universidade da Beira Interior (Covilhã) e delegações no Instituto Politécnico de Leiria e no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (Lisboa) que ultrapassa as fronteiras universitárias. Uma parte dos colaboradores do IT é especialista de telecomunicações da PT Inovação, empresa do grupo PT, que tem por objectivos a investigação e desenvolvimento e a formação profissional. O IT tem também um papel relevante na formação de pessoal altamente qualificado em todos os domínios das telecomunicações. Para além dos cursos de curta duração, de iniciativa própria ou resultantes de solicitações dos operadores, duas centenas de estudantes de licenciatura e uma centena e meia de estudantes de mestrado e doutoramento das instituições de ensino superior associadas ou com as quais existem acordos de colaboração encontram no IT, meios laboratoriais modernos, orientação científica e um ambiente de elevada produtividade e exigência de onde resulta que anualmente sejam aqui concluídas três a quatro dezenas de teses de mestrado e uma a duas dezenas de teses de doutoramento. De referir que o Instituto de Telecomunicações está envolvido no Pólo de Competitividade e Tecnologia TICE.PT, reconhecido formalmente como Estratégia de Eficiência Colectiva em Julho de 2009. Fonte: Instituto de Telecomunicações

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CAIXA 15 - INSTITUTO DE SISTEMAS E ROBÓTICA O Instituto de Sistemas e Robótica é um instituto de I&D de base universitária (do Instituto Superior Técnico - IST) onde são desenvolvidas actividades de investigação multidisciplinar avançada nas áreas da robótica e processamento de informação (sistemas e teoria do controlo, processamento de sinal, visão por computador, optimização sistemas inteligentes, engenharia biomédica), com aplicações nos domínios da robótica submarina autónoma, busca e salvamento, comunicações móveis, multimédia, formação de satélites e auxiliares robóticos. É, desde Novembro de 2001, um Laboratório Associado, em conjunto com outras três instituições de investigação (o IN+, Center for Innovation, Technology and Policy Research; o Instituto do Mar - Açores e o CREMINER - Centro de Recursos Minerais, Mineralogia e Cristalografia). O ISR participa no Programa CMU-Portugal, uma plataforma de colaboração entre um conjunto alargado de universidades e instituições de I&D nacionais, a CMU (Carnegie Mellon University) e empresas activas no sector das TIC, com o objectivo de disponibilizar acções educativas e de investigação ao melhor nível mundial. Esta participação baseia-se num programa de doutoramento duplo integrando investigação e educação em engenharia electrotécnica e de computadores, especialmente focado em redes de sensores, comunicação e sistemas de decisão com aplicações na área de infra-estruturas críticas e análise de risco. No pólo de Lisboa do ISR (ISR-Lisboa), localizado na Torre Norte do IST, desenvolvem-se actividades de investigação e desenvolvimento nas áreas de manipulação robótica e robótica móvel autónoma (terrestre, submarina e aérea), automação e controlo, sistemas dinâmicos, processamento de sinal e imagem, comunicações, visão por computador, engenharia biomédica, sistemas evolutivos, inteligência artificial, sistemas de produção e aeronáutica. É constituído pelos seguintes Grupos de Trabalho: Visão por Computador e Robótica; Sistemas Dinâmicos e Robótica Oceânica; Sistemas Evolutivos e Engenharia Biomédica; Sistemas Inteligentes; Robótica Móvel; Processamento de Sinal e Imagem; Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento; Geologia Oceânica; Biologia Marinha. O ISR-Lisboa atribui uma especial atenção à cooperação científica internacional e à formação avançada através do apoio aos programas de mestrado, doutoramento e pós-doutoramento do IST. Além disso, promove iniciativas de iniciação à investigação e de divulgação científica, em colaboração com instituições não universitárias (escolas do ensino secundário, técnico-profissional, etc.). Conta com a colaboração de cerca de 350 investigadores, 86 dos quais doutorados. Para além do pólo de Lisboa, o ISR tem outros dois pólos localizados em Coimbra e no Porto. Fonte: Instituto de Sistemas e Robótica.

CAIXA 16 - INSTITUTO DE ENGENHARIA MECÂNICA O Instituto de Engenharia Mecânica integra o Instituto Superior Técnico e constitui uma unidade de investigação das áreas científicas da engenharia mecânica, engenharia aeroespacial, engenharia de transportes, energia e ambiente, mecatrónica, informática, gestão industrial e outras áreas afins. Está vocacionado para a criação e a transferência de ciência e de tecnologia, promovendo e realizando actividades de investigação fundamental e aplicada, de desenvolvimento experimental, de formação e divulgação científica e tecnológica e de prestação de serviços no âmbito das áreas científicas e tecnológicas em que exerce a sua actividade. Trabalha sobretudo no domínio da engenharia mecânica, destacando-se entre os seus principais objectivos a promoção de acções de I&D, o desenvolvimento de planos de formação avançada, a promoção de transferência tecnológica, a avaliação e a auditoria de novos processos nas empresas, o desenvolvimento de programas de gestão integrados nas áreas energéticas, logísticas e tecnológicas. Está organizado em 4 centros: Centro de Projecto Mecânico; Centro de Sistemas Inteligentes; Centro de Tecnologia Mecânica e Gestão Industrial; Centro de Tecnologias de Energia. Em 2006 deu origem ao Laboratório Associado de Energia, Transportes e Aeronáutica (LAETA), através de uma parceria com o Centro de Ciências e Tecnologias Aeronáuticas e Espaciais (CCTAE), a Unidade de Concepção e Validação Experimental (IDMEC/FEUP), a Unidade de Integração de Sistemas e Processos Automatizados (IDMEC/ FEUP), a Unidade de Estudos Avançados de Energia no Ambiente Construído (IDMEC/FEUP), a Unidade de Mecânica Experimental e Novos Materiais (INEGI), a Unidade de Novas Tecnologias e Processos Avançados de Produção (INEGI) e o Laboratório de Aerodinâmica Industrial. Fonte: Instituto de Engenharia Mecânica.

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CAIXA 17 - INSTITUTO DE SOLDADURA E QUALIDADE (ISQ) O ISQ é uma entidade privada e independente, constituída em 1965, oferecendo serviços nas áreas de inspecção, formação e consultoria técnica apoiados em actividades de investigação e desenvolvimento e laboratórios acreditados. O ISQ presta ao Estado, Autarquias e às Empresas colaboração ao nível da Transferência e Desenvolvimento de Tecnologia, Inovação de Produtos e Processos, Estruturação de Processos de Gestão e Controlo da Qualidade, Higiene e Segurança, Controlo Energético e Ambiental, e Valorização Sistemática dos Recursos Humanos. É actualmente a maior organização portuguesa de inspecções técnicas e ensaios. A estratégia do seu crescimento tem passado por uma presença cada vez mais importante no mundo, detendo escritórios, delegações e empresas associadas em Angola, Argélia, Brasil, China, Cuba, Espanha, Guiana Francesa, Irão, México, Moçambique, Noruega e Turquia. Desde a década de 80 do século XX que o ISQ tem investido em novos negócios e empresas que, em alguns casos, representam spin-offs da sua actividade, e noutros, apenas a sequência de novas oportunidades ou do benchmarking de actividades próprias. Em muitas dessas empresas, o ISQ mantém participação no capital: • ISQ Engenharia, Lda - presta serviços nas áreas de: engenharia de manutenção, especialmente na vertente de cálculo; consultoria de projectos de engenharia e de consultoria para desenvolvimento de software de engenharia; manutenção de equipamentos industriais de grande altura, nomeadamente os que envolvam meios de acesso especiais. •

NTM - Engenharia e Tecnologia em Manutenção, Lda - é uma empresa de serviços, fundada em 1996, e especializada em manutenção preditiva e controlo de qualidade, nomeadamente na medição e análise de vibrações, equilibragens dinâmicas, alinhamentos, inspecções de controlo de qualidade em reparações a equipamentos dinâmicos, organização e gestão da manutenção de instalações fabris e de equipamentos. Desenvolve acções de formação inter e intra-empresas, nas áreas da medição e análise de vibrações e em alinhamento de veios e procedimentos de montagem de equipamentos dinâmicos.



NT - Integridade - Serviços de Manutenção e Integridade Estrutural, Lda - é uma empresa fundada em 1996 e desenvolve actividades nas áreas de manutenção industrial, reparação e fabricação de componentes metálicos e equipamento. Entre os clientes mais importantes encontram-se a indústria petroquímica, a de pasta de papel e a indústria naval.



Lasindústria Tecnologia Laser, SA - criada em 1989 foi a primeira laser job-shop portuguesa e presta serviços de corte, soldadura e tratamento de superfícies de materiais, utilizando diferentes tipos de equipamentos laser, jacto de água e plasma.



TESTWISE - Automação, Teste e Controlo Industrial, Lda - empresa especializada no desenvolvimento, produção e comercialização de sistemas de automação e controlo industrial. Presta serviços de consultoria e assistência técnica.



SQS Portugal, Lda - é o resultado de uma joint venture entre a SQS alemã e o ISQ. Criada no início de 2002, é uma empresa vocacionada para o sector das tecnologias de informação e presta serviços de teste e controlo da qualidade do software. O grupo SQS é líder europeu nas áreas de teste e qualidade do software.



ISQ - Centro de Incubação de Empresas, Lda e ISQ - Sociedade Capital de Risco, SA - o Fundo ISQ Capital tem como objectivo investir no capital de PMEs de base tecnológica, com sede em Portugal, preferencialmente em fase de constituição ou nos primeiros estágios de financiamento.

Fonte: site do ISQ.

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CAIXA 18 - INSTITUTO DE MEDICINA MOLECULAR Criado em Novembro de 2001, o Instituto de Medicina Molecular (IMM) resulta do agrupamento de 5 centros de investigação que desenvolvem há vários anos a sua investigação na Faculdade de Medicina de Lisboa: o Centro de Biologia e Patologia Molecular (CEBIP); o Centro de Neurociências de Lisboa (CNL); o Centro de Microcirculação e Biopatologia Vascular (CMBV); o Centro de Gastrenterologia (CG); o Centro de Nutrição e Metabolismo (CNB). A constituição do IMM representou o culminar de um processo que teve como objectivo dotar a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa dos meios instrumentais e recursos humanos capazes de introduzir, aplicar e desenvolver as modernas técnicas de biologia celular e molecular e promover a sua utilização na investigação biomédica. Em 2003, associou-se ao IMM o Centro de Investigação de Patobiologia Molecular (CIPM) do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil. O IMM dedica-se à investigação do genoma humano com o objectivo de contribuir para melhor compreender os mecanismos de doença, gerar novos testes preditivos, melhorar os meios de diagnóstico e desenvolver novas abordagens terapêuticas. Entre as patologias alvo da investigação no IMM destacam-se as doenças causadas por isquémia (nomeadamente as tromboses cerebrais) e degenerescência neuronal (caso da doença de Alzheimer e doença de Parkinson). Estão em curso projectos que visam o desenvolvimento de novas formas de tratamento de base celular e farmacológica para situações em que ocorre lesão neuronal e de melhores métodos de indução de novos vasos em situações de isquémia. Em paralelo, o IMM investiga o papel da dieta e o valor preditivo de mutações em genes candidatos a factores de risco/susceptibilidade para as doenças cardio e cerebro-vasculares. As equipas do IMM focam ainda a sua atenção no desenvolvimento de terapêuticas experimentais contra o cancro e as doenças infecciosas (nomeadamente SIDA, herpes e Hepatite C) e investigam os mecanismos que conduzem à resistência contra fármacos anti-virais e anti-bacterianos. São os seguintes os Programas de I&D do IMM: - O Programa Biologia Celular e do Desenvolvimento: composto por 14 unidades de investigação, os projectos de investigação em curso neste Programa focam o estudo dos mecanismos celulares e moleculares envolvidos na organização do genoma, regulação da expressão genética e biogénese do ARN mensageiro, diferenciação de células estaminais, vias de trandução do sinal, angiogénese e biologia das células do sangue. - O Programa Imunologia e Doenças Infecciosas: é composto por 9 Unidades de Investigação e é maioritariamente dedicado à medicina de translação na área do VIH/SIDA, hepatite crónica viral e doenças autoimunes. É também conduzida investigação no domínio das reacções adversas a medicamentos, biologia de populações bacterianas, resistência a antibióticos, imunopatogénese do vírus herpes, e interacções hospedeiro-parasita na malária. - Programa Neurociências: é composto por 5 grandes unidades de investigação e visa contribuir para o conhecimento do sistema nervoso, tanto na presença como na ausência de doença. Uma das áreas fundamentais de interessa foca a neurobiologia das purinas (adenosina e ATP) e outros moduladores finos do funcionamento neuronal. Outras áreas de actividade incluem estudos da fisiologia e fisiopatologia do sistema nervoso autónomo, assim como a investigação do sistema nervoso periférico, perturbações do sono e epilepsia. Na área de neurologia clínica, o principal objectivo do Programa é estudar a epidemiologia de doenças que afectam o sistema nervoso central e a farmacologia clínica de intervenções terapêuticas que têm por objectivo o tratamento dessas doenças (com especial interesse na demência, acidente vascular cerebral e doença de Parkinson). Para além das actividades de investigação científica, o IMM conta com uma equipa de médicos que colaboram activamente com o Hospital de Santa Maria e outros centros de saúde nas áreas da Imunologia e Doenças Infecciosas, Neurociências e Oncologia. Os investigadores do IMM prestam também serviços ao exterior nas áreas do diagnóstico especializado, peritagem, controlo de qualidade e colaboração em comissões e organizações nacionais e internacionais no domínio das ciências da saúde e da saúde pública. Fonte: Instituto de Medicina Molecular.

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CAIXA 19 - INSTITUTO DE BIOLOGIA EXPERIMENTAL E TECNOLÓGICA (IBET)/ INSTITUTO DE TECNOLOGIA QUÍMICA E BIOLÓGICA (ITQB) O Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (IBET) foi criado em 1989 como instituição de actividades de I&D industrialmente orientadas e de interface com o tecido industrial, servindo como suporte à difusão do conhecimento gerado autonomamente ou por um conjunto de unidades de investigação das quais se destaca o Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB, da Universidade Nova de Lisboa), que iniciou também nesse ano as suas actividades funcionando como instituição de estreita e permanente complementaridade. Em Novembro de 2000, foi assinado um acordo com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, do Ministério da Ciência e Tecnologia que atribuiu ao ITQB o Estatuto de Laboratório Associado. A concretização da missão do Laboratório Associado e execução deste contrato envolve a participação conjunta do ITQB, do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) e do IBET. As suas principais áreas de actividade são: Nutracêuticos e Libertação Controlada; Tecnologia de Células Animais; Genómica – Unidade Biotecnologia; Proteómica – Estrutura de Proteínas; Unidade de Boas Práticas de Laboratório; Unidade Piloto; Interface. O ITQB, localizado no campus da Estação Agronómica Nacional em Oeiras, tem como principal objectivo fornecer formação avançada, num ambiente interdisciplinar, integrada em actividades de investigação de elevada qualidade, nas áreas da química, da biologia, bioquímica, engenharia química e outras áreas de conhecimento associadas. A investigação no ITQB está organizada em diferentes divisões: Divisão de Química Biológica: estudos estruturais e funcionais de proteínas usando uma aproximação interdisciplinar, envolvendo técnicas de Biologia Celular, Molecular, Bioquímica e Biofísica; Divisão de Ciências Vegetais: estudos sobre o desenvolvimento e resposta ao stress em plantas, em particular envolvendo espécies de interesse comercial e industrial em Portugal; Divisão de Tecnologia: engenharia química e bioquímica com o âmbito de desenvolver produtos e os seus processos de produção em áreas como a alimentação, farmacêutica e ambiente; Divisão de Biologia: estudos sobre a genética, epidemiologia, fisiologia e glicobiologia; Divisão de Química: inclui investigação em química analítica, síntese química, fotofísica, fotobiologia e catálise; O IBET é a maior organização sem fins lucrativos de investigação biotecnológica em Portugal. Tem como seus sócios e colaboradores instituições públicas (42% de capital público) e empresas privadas agro-industriais, farmacêuticas, agro-florestais e do sector do papel (58%). Refiram-se os seguintes exemplos de instituições e empresas sócias: ITQB; Associação Nacional de Farmácias; Escola Superior de Biotecnologia; Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa; Fundação para a Ciência e Tecnologia; Instituto Nacional dos Recursos Biológicos; Instituto de Apoio a Pequenas e Médias Empresas; Bial; Cipan; Compal; José Mello Saúde; José Maria da Fonseca; Laboratórios Azevedo; Medinfar; Portucel/Soporcel; Rar; Tecnimede, entre outras. Entre as suas principais actividades, de salientar a Investigação Fundamental, a Investigação Aplicada e Espaço Laboratorial, a Transferência de Tecnologia e Processos para a Indústria em Escala de Unidade Piloto que, no seu conjunto, constituem uma importante ferramenta de apoio a actividades de I&D à indústria agro-alimentar, entre outros. De referir que o IBET está envolvido nos seguintes Pólos de Competitividade e Tecnologia (PCT) reconhecidos formalmente como Estratégias de Eficiência Colectiva em Julho de 2009: PCT Indústrias de Base Florestal; PCT Health Cluster Portugal; e PCT Agro-Industrial. Fontes: IBET; ITQB.

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CAIXA 20 - INSTITUTO GULBENKIAN DA CIÊNCIA O Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) foi fundado em 1960 pela Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) com o objectivo de desenvolver investigação biomédica e actividades relacionadas com o ensino. Actualmente o IGC funciona como host-institution, oferecendo excelentes instalações e serviços a grupos de investigação portugueses e estrangeiros e também a investigadores, em particular a jovens pós-doutorados que podem desenvolver os seus projectos e formar os seus grupos autonomamente no contexto do IGC. Os interesses científicos do Instituto estão orientados para áreas biomédicas definidas, nomeadamente, a biologia do desenvolvimento de sistemas complexos. O IGC está situado no campus de Oeiras, que inclui outras instituições de investigação científica nas áreas da biologia, biotecnologia e química. As suas áreas principais de investigação são:

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Genética de Doenças Complexas: identificar e caracterizar os genes que conferem maior susceptibilidade e/ou resistência a doenças genéticas complexas (como a diabetes tipo I, o autismo e os acidentes vasculares cerebrais) e a doenças infecciosas (como a malária). - Imunologia e Inflamação: investigação sobre as interacções entre as células do sistema imune, de modo a compreender a sua formação e funcionamento, em situações normais e patológicas (incluindo infecção, inflamação) e quando surgem doenças auto-imunes. - Interacções Patogénio-Hospedeiro: estudo dos mecanismos desenvolvidos pelos agentes infecciosos para interagir, sobreviver e reproduzir nos hospedeiros (estudo dos vírus, bactérias e parasitas como o da malária e a ténia). - Biologia do Desenvolvimento: estudo dos mecanismos moleculares e celulares subjacentes ao desenvolvimento de embriões de animais e de plantas que levam à formação de organismos complexos. - Biologia Evolutiva: compreender as bases genéticas da adaptação dos seres vivos, da relação entre o desenvolvimento embrionário e a evolução, e da evolução das bactérias. - Neurociências: compreender os mecanismos moleculares do comportamento e os processos de desenvolvimento do cérebro, procurando elucidar o papel da microglia (um tipo de células do sistema nervoso) nas doenças neurodegenerativas. - Stress Celular: investigação das bases moleculares e genéticas da resposta das células ao stress, que afecta o esqueleto celular e as decisões de sobrevivência da célula. - Comunicação e Envolvimento em Ciência: actividades de comunicação dirigidas e adaptadas a estudantes e professores, jornalistas, cientistas e o público em geral. - Biologia Computacional: criação e aplicação de modelos matemáticos e computacionais que explicam os fenómenos biológicos e permitem fazer previsões, a partir de informação genética, dados laboratoriais e epidemiológicos. - Bioinformática: colectar, analisar e integrar a informação proveniente da sequenciação de genomas, de modo a melhor compreender os sistemas biológicos complexos, como o Homem. - Mitose, Neoangiogénese e Cancro: desenvolvimento de novas formas de diagnóstico e acompanhamento para o cancro recorrendo aos “chips” de ADN e investigação de mecanismos genéticos relacionados com a formação de tumores e processos relacionados com o estímulo e resposta à formação de novos vasos sanguíneos em tumores. - Comunicação e Cooperação Intercelular: estudo das moléculas e os mecanismos que as células usam para transmitir informação entre si, quer sejam bactérias da mesma espécie numa população ou de espécies diferentes, células do sistema imunitário ou células envolvidas na reprodução sexuada de plantas. - “Chips” de ADN: determinar todos os genes que estão activados numa amostra biológica, num determinado instante, ou as variações na sequência de ADN dessa amostra; identificar os genes e/ou as variações implicadas em determinada patologia, por exemplo, um cancro. - Microscopia de Fluorescência: utilização de moléculas fluorescentes para marcar e visualizar moléculas e estruturas das células e tecidos, e seguir processos biológicos, em tempo real (in vivo), por exemplo, células em movimento ou o desenvolvimento de um embrião. De referir que o Instituto Gulbenkian da Ciência integra o Pólo de Competitividade Health Cluster Portugal, reconhecido formalmente como Estratégia de Eficiência Colectiva em Julho de 2009. Fonte: Instituto Gulbenkian da Ciência.

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CAIXA 21 - FUNDAÇÃO CHAMPALIMAUD/CENTRO DE INVESTIGAÇÃO PARA O DESCONHECIDO A Fundação Champalimaud apoia a investigação de ponta no domínio das ciências médicas e o seu objectivo ficou concretizado com a inauguração, em Outubro de 2010, de um centro de investigação científica multidisciplinar, translacional e de referência no campo da biomedicina: o Centro de Investigação Champalimaud (conhecido como Centro de Investigação para o Desconhecido), um projecto privado de investigação médica de cerca de 100 milhões de euros, da autoria do arquitecto Charles Correa. Este Centro de Investigação permite a aliança entre investigação básica, investigação clínica, ensino e prestação de cuidados de saúde. Integra o Centro do Cancro e uma área dedicada às neurociências e tem como missão aplicar os resultados da investigação aos doentes que ali são também acompanhados. Prevê-se o atendimento de 300 doentes por dia, nos 50 gabinetes médicos e nas 33 boxes de quimioterapia. O foco deste Centro de Investigação é a investigação nas áreas do cancro da mama, do urológico, do reprodutivo, do pulmão e da pele, com especial ênfase na investigação no domínio das metástases. Implantado num terreno de 60 mil m2, assume-se como centro de investigação científica de referência no campo da biomedicina e como centro de referência internacional para investigadores e académicos nacionais e estrangeiros desenvolverem projectos de excelência com aplicação clínica (prevenção, diagnóstico e tratamento), nas áreas das neurociências e da oncologia. O Centro de Investigação inclui 3 edifícios: 1) Edifício A, que se desenvolve em volta de um jardim tropical e que inclui as áreas de diagnóstico e de tratamento nos pisos inferiores, e os laboratórios de investigação nos pisos superiores. A área de tratamento abre-se para um outro jardim mais reservado, para utilização dos doentes. A transparência do edifício e a comunicação entre os pisos promovem o desejado encontro entre os cientistas, os clínicos e os utentes. 2) Edifício B, que inclui no piso térreo o Auditório, o Centro de Exposições e o Restaurante, com um terraço virado para o rio. No piso superior estão os escritórios da Fundação, que comunicam com o Edifício A através de uma ponte de vidro. 3) Anfiteatro ao ar livre com vista para o rio. A Fundação Champalimaud foi considerada a Personalidade do Ano de 2010 para a Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal pela relevância “para a projecção de Portugal” no mundo. Além do seu Centro de Investigação, cujo projecto é considerado mundialmente inovador na forma como alia a investigação e a prática, a Fundação também se destaca pelos prémios anuais na área da visão, os mais importantes nesta área da medicina. O Prémio António Champalimaud de Visão tem por objectivo o reconhecimento de realizações científicas excepcionais que impliquem transformações na compreensão, diagnóstico, tratamento e/ou prevenção de doenças e distúrbios da visão. A sua atribuição alterna entre a valorização de descobertas científicas no campo da visão, num ano e, no ano seguinte, o reconhecimento de contribuições significativas para minimizar os efeitos das perturbações e perda de visão, especialmente nos países em desenvolvimento. De destacar também o Programa de Neurociência da Fundação Champalimaud, que tem por objectivo investigar as bases neurais do comportamento. Coordenado pelo Doutor Zachary Mainen, o programa contou, em 2010, com 7 grupos de investigação e com um total de 70 investigadores. Investigador do Programa de Neurociência da Fundação Champalimaud no Instituto Gulbenkian de Ciência, Zachary Mainen obteve uma bolsa de 2,3 milhões de euros promovida pelo European Research Council, a maior bolsa europeia para investigação. Fontes: Fundação Champalimaud; imprensa.

6. A INOVAÇÃO EMPRESARIAL NA REGIÃO 6.1. A inovação nas principais empresas da região de seguida apresentam-se alguns exemplos de empresas inovadoras da Grande Lisboa, em três domínios de inovação: tecnologias de informação e telecomunicações; biotecnologia e farmacêutica; energia.

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TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E TELECOMUNICAÇÕES CAIXA 22 - SIEMENS PORTUGAL A Siemens tem actualmente 500 centros de produção em 50 países e presença em 190 países, contando com cerca de 398 mil colaboradores (32.500 investigadores). Em Portugal, a empresa teve a sua origem em 1905, como Companhia Portuguesa de Electricidade Siemens Schuckertwerke, com actividade em Lisboa e no Porto. A relação da Siemens com Portugal iniciou-se, contudo, em 1876, com o fornecimento dos primeiros fornos contínuos na Marinha Grande, essencial para o desenvolvimento e projecção mundial da indústria vidreira. Com um total de cerca de 4 mil colaboradores, dispõe de duas unidades fabris em Portugal, centros de investigação e desenvolvimento de software (Lisboa e Porto), quatro centros de competência internacional/inovação (com cerca de 1500 engenheiros) e presença em todo o país, através dos seus parceiros e das suas instalações. A empresa detém centros de inovação em Alfragide e Corroios, dedicados às comunicações ópticas, comunicações multimédia, soluções domésticas de entretenimento e gestão de redes de telecomunicações. Em 2005, a Siemens Portugal exportou 127 milhões de euros, 22.6% de um volume de negócios global de 563 milhões de euros em Portugal. Além das telecomunicações, a energia e os transportes são outras áreas onde a empresa quer apostar em Portugal, aproveitando os concursos lançados para atribuição de potência eólica e de biomassa. A competência na área aeroportuária conduziu a um dos melhores exemplos de exportação da Siemens Portugal: a construção do Asian Games Terminal do Aeroporto Internacional de Doha, no Qatar. Destaque também para o facto de a Siemens Portugal ter sido escolhida para organizar e operacionalizar um Shared Accounting Service Center (SASC), entidade responsável pelo suporte administrativo e contabilístico às operações do Grupo em Itália, França, Espanha, Luxemburgo, Bélgica e naturalmente Portugal. Na área da energia, a empresa desenvolveu um inovador sistema de comando e protecção para subestações eléctricas que faz gestão remota e optimizada do fornecimento de energia. A empresa fez uma parceria com a Nokia na área dos serviços de comunicações, dando origem à Nokia Siemens Networks, líder no mercado global de serviços de comunicação. A empresa, detida em partes iguais pela Siemens e Nokia, opera em cerca de 150 países e está sedeada em Espoo, na Finlândia. Combina o grupo Nokia Networks Business e os negócios de fornecimento da Siemens Communications. Em 2007 inaugurou em Aveiro um centro de inovação dedicado à área de gestão de redes de telecomunicações. Ao adoptar o modelo de “Centros de Inovação”, competindo mundialmente e permitindo a continuação do crescimento dos seus negócios, a Siemens tem trazido para Portugal projectos com forte componente tecnológica como a Epcos, os laboratórios de Redes Ópticas e Multimédia ou o Pólo de Inovação de Aveiro da Nokia Siemens Networks.

FIGURA 15 – PRINCIPAIS COLABORAÇÕES DA SIEMENS PORTUGAL

Univ ersid ades

Idite Minho INESC Porto Universidade do Minho Universidade de Aveiro Universidade de Coimbra Instituto Superior Técnico Universidade Independente Instituto Politécnico de Leiria IT-Instituto Telecomunicações Fundação Ciência e Tecnologia

as es pr Em

Siemens Portugal

PT inovação Univ ersid Multiwave Photonics ade s Critical Software Ydreams Link Cambridge University Munich Technical University University of Stuttgart University of Essex Eindhoven University of Technology University of Bristol University of Koblenz University of Zürich

Fontes: Siemens; Imprensa.

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h Cluster high tec

tos titu Ins

Fraunhofer Institute for Telecommunications Institute of Microelectronics in Gothenburg Cork Institute of Technology Heinrich-Hertz Institute Avanex Corporation CoreOptics GmbH Intel Research

CAIXA 23 - CHIPIDEA – MICROELECTRÓNICA A CHIPIDEA - Microelectrónica, S.A. é uma sociedade anónima, que iniciou a sua actividade em Fevereiro de 1997, dedicando-se ao projecto, produção e comercialização de circuitos integrados de sinal misto, analógico e digital, para o mercado mundial de semicondutores, em particular nos segmentos dos produtos de comunicações, multimédia e electrónica de consumo. Desenvolve toda a sua actividade no domínio da engenharia microelectrónica, com recurso a tecnologias avançadas de semicondutores (nomeadamente CMOS). Comercializa macrocélulas para serem “integrados” em sistemas VLSI para o mercado das comunicações móveis e multimédia. O seu mercado é exclusivamente mundial (100% exportação), tendo como principais clientes a Toshiba, a Microsoft, a ESA, a Philips e a Motorola. A empresa licencia Intelectual Property para produtos electrónicos de grande consumo (telecomunicações, wireless, vídeo e audio) que só estarão no mercado dentro de 2 a 3 anos. Está sedeada no Taguspark e conta já com filiais nos Estados Unidos, Bélgica, França, Polónia e Macau. Em 2007 foi adquirida pela empresa norte-americana MIPS Technologies, cotada no mercado norte-americano Nasdaq. A MIPS manteve a sede da Chipidea em Portugal, tendo-a transformado numa unidade de negócio dedicada ao analógico. Em Maio de 2009, a Synopsys adquiru a Chipidea como Analog Business Group Fontes: Chipidea; Imprensa.

CAIXA 24 - NOVABASE/OCTAL A Novabase Sistemas de Informação (primeira empresa da Novabase) foi criada em Maio de 1989. Os seus fundadores foram um conjunto de investigadores na área de engenharia de sistemas e computadores (do INESC), que tinham como objectivo o desenvolvimento à medida de sistemas de média/grande dimensão. Durante os primeiros anos de actividade, a empresa criou referências sólidas, consubstanciadas em projectos de sucesso, nomeadamente na área da Administração Pública (Agricultura, Segurança Social, Educação, Saúde, Justiça, etc.), tendo ainda criado os seus primeiros produtos próprios (GEMEO para a medicina ocupacional, GPLO para o licenciamento de obras e NOVAMAIL para o registo de correspondência). Estabeleceu uma sólida actividade de formação nas suas áreas tecnológicas de base e conseguiu os primeiros contratos em domínios fora da Administração Pública. Participou ainda como parceiro, e como chefe-de-consórcio, em projectos de I&D internacionais. Por exemplo, em 1991, a empresa deu início ao COSTAIM, projecto embrião dos produtos para sistemas de informação hospitalar, que correspondeu à primeira de várias iniciativas de I&D bem sucedidas. Numa segunda fase do seu desenvolvimento empresarial, expandiu-se para novos mercados, nomeadamente o financeiro, verificando-se também uma mudança de posicionamento, de forma a apresentar-se ao mercado como fornecedor de soluções informáticas globais. Desenvolveu novos domínios tecnológicos como o da gestão dos fluxos de trabalho (“Workflow”), o do Suporte à Decisão/ DataWarehousing, o do Comércio Electrónico e criou uma estrutura organizacional mais horizontal que lhe permitiu lançar novos líderes e potenciar o seu crescimento sustentado. Em 1997, deu-se a criação dos primeiros spin-offs (Novabase Suporte à Decisão e Novabase Porto), verificando-se nos dois anos seguintes a constituição de duas novas empresas especializadas (Nbo, Recursos em TI e Cfocus). Mais tarde foram criadas duas novas empresas - Mentor.IT e Novabase Serviços - e efectuados os primeiros projectos no Brasil e em Cabo Verde. Esteve presente no lançamento mundial da Televisão Digital Interactiva, com a set-top box produzida pela Octal, empresa subsidiária que trabalha com a Microsoft desde 2001, no quadro de um acordo de cooperação tecnológica para o desenvolvimento de um protótipo de sistema avançado de «set-top-box» destinado aos mercados europeu e norteamericano. Em Julho de 2000, a Novabase foi admitida à cotação na Bolsa de Valores de Lisboa e Porto. Em 2001 a empresa lançou-se no Brasil nas áreas de Business Inteligence, Customer Relationship Management e Enterprise Resources Planning. Com o objectivo de consolidar a sua actividade no mercado espanhol, em 2002 a Novabase Consulting alargou o seu negócio a Espanha, abrindo sedes em Madrid e Barcelona, onde aposta nas áreas de CRM, Data Quality e Business Intelligence e na prestação de serviços de consultoria multidisciplinar em áreas como o Outsourcing, eBusiness e Middleware. Refira-se que no 1º semestre de 2010 foi constituída a NOVABASE Digital TV EURL , sediada em Caen em França empresa dedeicada à I&D em tecnologias para a área digital TV; nesse mesmo período FOI constituída a NBASIT – Sistemas de informação e Telecomunicações SA em Angola com intuito de reforçar presneça do grupo nesa geografia. As suas actuais limnhas de negócio são Business Solutions, Infrastructure & Managed Service, Digital TV e Venture Capital De referir que a Novabase integra o Pólo de Competitividade e Tecnologia TICE.PT, reconhecido formalmente como Estratégia de Eficiência Colectiva em Julho de 2009. Fonte: Novabase; Imprensa.

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CAIXA 25 - SKYSOFT - SOFTWARE E TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO Fundada em 1998, a Skysoft é uma empresa de engenharia que desenvolve e integra software e sistemas críticos de elevada disponibilidade. Iniciou a sua actividade no sector aeronáutico, mas tem vindo a alargar o seu espectro de actividade às áreas do espaço, defesa e sistemas de transporte inteligentes para os sectores rodoviário, marítimo e aeronáutico. A empresa fornece serviços e produtos de âmbito tecnológico nas seguintes áreas: software para sistemas aeronaúticos e respectivas ferramentas de teste e simulação; software para o segmento terrestre de missões espaciais; tecnologias de comunicação e navegação via satélite; sistemas telemáticos e aplicações de posicionamento; sistemas empresariais. A empresa tem trabalhado com algumas das principais empresas europeias do sector aeroespacial, tais como a Thales, Airbus, BAE Systems, Alcatel-Alenia ou EADS Astrium. É reconhecida como uma PME europeia de referência na liderança de projectos para a Agência Espacial Europeia e para a Galileo Joint Undertaking (CE), em áreas como o desenvolvimento de elementos críticos do Sistema Galileo, a especificação, desenho e integração de sistemas de comando e controlo para gestão de infra-estruturas rodoviárias e marítimas. Para além dos vários sistemas desenvolvidos à medida, os principais produtos comercializados pela Skysoft são o GSRLab (Software Signal Receiver Simulator for GPS and Galileo signals), o AVT (APEX API/OS Verification Tool), o ARMAS (Road User Charging solutions using GNSS, Cellular Comunications and DSRC) e o RITA (Traffic Management and Billing for Open Road Tolling). Alguns exemplos representativos de desenvolvimentos (ou projectos) nos quais a Skysoft Portugal tem estado envolvida são: Telemática – ARMAS (Active Road Management Assisted by Satellite): é um projecto financiado pela Agência Espacial Europeia liderado pela Skysoft Portugal e que visa utilizar as novas capacidades da navegação via satélite disponibilizadas pelo sistema EGNOS – e no futuro também pelo sistema GALILEO – para melhorar a segurança e eficiência das auto-estradas e, numa fase posterior, outras infraestruturas de estradas. A cidade de Lisboa (e os seus arredores) está a ser utilizada como “Case Study”; Navegação via Satélite – GSRLab (Navigation User Receiver and Signal Simulation Software): a empresa desenvolveu uma ferramenta de simulação por software para apoiar o desenho de receptores GPS e GALILEO. O conjunto de aplicações da ferramenta desenvolvido com base no MATLAB®, simula os sinais de satélite GPS e GALILEO e executa também as principais funções de processamento de um receptor de navegação; Aviónica para Aeronaves – VICTORIA: projecto financiado pela Comissão Europeia, que tem apoiado activamente a indústria europeia da aeronáutica (na vertente electrónica) a preparar uma nova geração de sistemas electrónicos que incluem componentes modulares, reutilizáveis e reconfiguráveis integrando, em recursos comuns, várias funções. Fontes: Skysoft; Imprensa.

CAIXA 26 - DEIMOS ENGENHARIA, SA Com sede em Lisboa, a Deimos Engenharia é uma empresa portuguesa de engenharia aeroespacial que, desde 2002, concebe e desenvolve sistemas espaciais avançados. Com base numa equipa inicial de engenheiros e num conjunto de parcerias com as mais relevantes universidades e empresas nacionais, a empresa deu arranque aos seus primeiros projectos com a European Space Agency (ESA) em 2003, um dos quais daria origem à presença, durante 3 anos, no desenvolvimento do sistema de controlo e no lançamento da missão Venus Express no ESOC (ESA - Alemanha). A experiência da Deimos tem vindo a consolidar-se nas áreas de análise de missão, engenharia de sistemas espaciais e sistemas de segmento de terra. As suas áreas de negócio estendem-se desde o design de sistemas de engenharia (como sejam a definição de algoritmos, modelação matemática, simulação e prototipagem de sistemas) até ao desenvolvimento e/ou validação de sistemas operacionais de software. A empresa é um dos membros do grupo DEIMOS, o braço tecnológico da empresa espanhola ELECNOR. Este grupo é constituído por empresas internacionais que actuam nas áreas do espaço, aeronáutica, automação e controlo, sistemas de informação, redes e telecomunicações, segurança e infra-estruturas tecnológicas. Em conjunto, estas empresas constituem um sólido parceiro tecnológico no espaço e em sectores adjacentes, como as telecomunicações, ambiente, logística e transportes, agregando competências que vão desde actividades de I&D em engenharia até ao desenvolvimento de produtos para o mercado comercial, incluindo por exemplo serviços e aplicações de detecção remota com base no satélite de Observação da Terra da própria Deimos - um exemplo singular entre as empresas europeias. A empresa é fundadora da Proespaço (Associação Portuguesa das Indústrias do Espaço), é membro da Rede PME Inovação da COTEC e é empresa afiliada do Programa MIT-Portugal. De referir que, em 2009, o satélite DEIMOS-1 foi lançado com sucesso a partir do cosmódromo de Baikonour, no Cazaquistão. Fontes: Site da empresa; imprensa; Cotec.

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CAIXA 27 - MOVENSIS – SERVIÇOS DE APOIO A COMUNICAÇÕES, SA Com sede em Porto Salvo, a empresa Movensis foi criada em Setembro de 2000 e, desde o seu início, encontra-se muito bem posicionada no mercado de desenvolvimento de soluções informáticas empresariais com recurso à mobilidade. Tendo como base as comunicações móveis, especializou-se na inovação de produtos e plataformas SMS, MMS, Java, WAP e UMTS, tendo hoje um vasto portfólio de soluções implementadas em diversos sectores. Desenvolveu um conjunto alargado de competências, desde desenvolvimento tecnológico, teste e implementação de aplicações, consultoria de negócio à optimização de processos produtivos, com recurso a soluções móveis. A Movensis tem sido reconhecida por operadores nacionais e internacionais, sendo parceira da Vodafone e da TMN, no desenvolvimento de soluções que permitam, interligadas com aplicações ERP, CRM, e-mail, etc., potenciar novas formas de comunicação eficazes e eficientes. A empresa possui um vasto leque de clientes nacionais (Barclays, Millennium BCP, Auchan, Fujitsu, Zon, DGITA) e internacionais (UNITEL – Angola, SERPRO – Brasil, BAI – Angola, BMCE – Marrocos). Conta ainda com parceiros como a Ericsson, Microsoft, Siemens, IBM, entre outros. Um dos principais sucessos da Movensis tem sido as soluções dedicadas ao sector financeiro, cujo impacto no negócio tem alcançado sucessos significativos e cuja procura internacional a tem reconhecido como um dos principais especialistas no segmento. A empresa já apresentou os seus projectos e soluções de Mobile Banking para Iphone e Android, complementando com sistemas de Mobile Payments através das inovadoras tecnologias NFC (Near Field Communications) e Códigos de Barras 2D. Com uma estratégia focada na internacionalização, a Movensis encontra-se presente no Brasil, em Angola, em Marrocos e em Espanha, estando em negociações com parceiros na Suécia, na Dinamarca, no México e em Inglaterra. Fontes: Ste da empresa; imprensa; Cotec.

CAIXA 28 – BLUE EDGE A BLUE EDGE nasceu no ambiente de inovação do laboratório de Sistemas Dinâmicos e Robótica Oceânica, do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) em Lisboa em resposta à constante necessidade da aplicação do know-how aí adquirido. Enquanto membros do ISR, a equipa que agora compõe a Blue Edge adquiriu uma vasta experiência com a participação em diferentes projectos europeus de investigação e desenvolvimento. Entre esses projectos conta-se o MARIUS (o primeiro veículo submarino autónomo não-militar Europeu) e o SIRENE (um vai-vém submarino autónomo desenvolvido em parceria com instituições Alemãs e Francesas entre as quais o IFREMER). Outros três projectos nacionais, em parceria com outras instituições conduziram ao desenvolvimento de veículos robóticos autónomos inovadores destinados a servir de plataformas de teste e inspecção para cientistas ou outras entidades interessadas. O “Infante”, o “Delfim” e o “Caravela” são reconhecidos pela comunidade científica internacional. No início de 2003 a Blue Edge iniciou formalmente a sua actividade começando por oferecer serviços nas áreas da aquisição de dados e consultoria em engenharia. Desde então estiveram envolvidos em projectos com o Centro de Energia da Ondas (WEC), sendo um deles o Archimedes Wave Swing para o qual a Blue Edge contribuiu com o estudo da dinâmica da plataforma para análise temporal. No final de 2004, a Blue Edge estabeleceu uma cooperação com a Oceanscan (Aberdeen, Escócia) com o objectivo de chegar ao mercado global através da rede mundial de vendas e marketing com produtos inovadores desenvolvidos de raiz. Numa segunda fase tornou-se claro que a Blue Edge se encontrava numa posição previlegiada para ser o representante comercial dos serviços de aluguer e vendas da Oceanscan para Portugal e Espanha. Esta segunda parceria reforçou mais os laços entre as duas companhias. Desde o início da sua actividade que uma das principais apostas da Blue Edge foram os serviços de levantamentos batimétricos. Com tecnologia própria e uma equipa experiente em operações de campo, a Blue Edge oferece dados de elevada qualidade apenas possíveis graças ao conhecimento profundo de todo o processo desde os sensores ao pósprocessamento dos dados. As cooperações estabelecidas com peritos nas áreas da topografia permitem, ainda oferecer serviços integrados de levantamentos topo-hidrográficos. Fontes: Blue Edge ; Imprensa.

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CAIXA 29 – QUADRIGA Criada em 1996, e no seguimento de um breve contrato de representação de uma software house holandesa, a Quadriga tornou-se uma empresa especializada em software para comunicações móveis ao apostar no desenvolvimento de uma solução própria. A empresa ficou conhecida pelas aplicações desenvolvidas para a Nokia, empresa para a qual continua a trabalhar com projectos na linha Communicator e no software de gestão de frotas para telemóveis. No início de 1997 concretizaram-se as primeiras vendas para a TMN e esta empresa sugere que a Quadriga faça uma joint-venture para desenvolver aplicações para o modelo de telemóvel Nokia 9000. Durante algum tempo foi a única empresa do Sul da Europa a desenvolver software para o Communicator. Desenvolveu o FrotCom, um sistema que foi integrado no Nokia Communicator e que permite estabelecer a comunicação entre a central telefónica de uma empresa de transportes e os veículos da sua frota, possibilitando a troca de mensagens escritas e a localização dos veículos. A Quadriga apresenta uma grande variedade de produtos para operadores de GSM, dirigida a clientes interessados em serviços WAP, GPRS e UMTS. O aumento do uso dos serviços e aplicações SMS sentiu-se um pouco por todo o mundo e a Quadriga, que investiu cedo nesta tecnologia, tem-se fortalecido nesta área, não só em Portugal, onde trabalha com os três operadores móveis, mas também a nível internacional. O smsreferendum.com, um sistema de recolha de opiniões através de SMS e o mobilemembers.com, uma plataforma de criação e gestão de comunidades virtuais sobre ambientes Web, WAP e SMS, são alguns exemplos de sucesso da empresa. Outra área onde a Quadriga tem investido prende-se com as aplicações de negócios. A empresa desenvolveu algumas soluções móveis a pedido dos seus clientes, como por exemplo: uma aplicação para a Império/Bonança, que utiliza o Nokia 9210, e que permite aos agentes de seguros efectuar simulações usando uma ligação por SMS ao servidor da empresa; um projecto desenvolvido para a NetSaúde com o objectivo de dotar várias centenas de médicos de um telefone Nokia 9210 com uma aplicação que permite aceder a ficheiros de pacientes e a uma base de dados permanente; e uma aplicação desenvolvida para a Eurotax, líder europeia no mercado de carros em segunda mão, que permite aos vendedores determinar o valor de um veículo através de uma mensagem SMS. Recentemente, a “holding” Bes.com entrou no capital da Quadriga, detendo 27% da empresa. Fontes: Quadriga; Imprensa.

CAIXA 30 - NEWVISION - SISTEMAS INTELIGENTES PARA SOLUÇÕES DE ATENDIMENTO A NEWVISION – Sistemas Inteligentes para Soluções de Atendimento, Lda. é uma empresa de base tecnológica focalizada na concepção, desenvolvimento e implementação de soluções inovadoras para a área dos sistemas de atendimento. A empresa dispõe de uma linha de soluções próprias para as áreas do atendimento presencial e de self-service. Na área do atendimento presencial, a Solução INLINE para gestão de filas de espera constitui uma referência no mercado nacional, com instalações em diferentes sectores de actividade como a banca, telecomunicações, utilities, saúde, distribuição e administração pública. No atendimento self-service, a NEWVISION disponibiliza diversas soluções, entre as quais se destacam: ePOST – solução dirigida à área postal, que se destina a dispensar de forma automática selos, envelopes e outros produtos postais; ePAY - solução para o pagamento de facturas; eREST - solução para a restauração, de venda automática de senhas de refeição; eCHARGE - solução para carregamento de cartões; SIRIG – software para gestão remota de redes de equipamentos. A inovação, a qualidade e a competitividade dos produtos da NEWVISION permitem à empresa abordar não só o mercado nacional mas também o mercado internacional: no segundo semestre de 2003, a empresa celebrou um acordo de colaboração com a multinacional Wincor-Nixdorf para a comercialização das suas soluções em 35 países. A empresa tem, actualmente, mais de 2 mil soluções instaladas em mais de 300 clientes, localizados na Europa, África, Médio-Oriente e América Latina. Os seus produtos estão presentes nas mais diversas áreas de actividade como Correios, Governo Central, Autarquias, Educação, Saúde, Telecomunicações, Transportes, Utilities e Lazer. A NEWVISION tem escritórios em Lisboa, Porto e Madrid. Fontes: Newvision; Imprensa.

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CAIXA 31 - OUTSYSTEMS A OutSystems foi criada em Março de 2001, quando obteve um investimento de 1 milhão de euros da empresa de capital de risco holandesa, Nesbic CTe Fund (grupo Fortis). Desenvolveu ainda nesse ano a plataforma OutSystems Hub Edition, sustentada no conceito de que as aplicações têm que ser rapidamente criadas e facilmente alteradas, durante qualquer fase da sua vida útil. Esta plataforma permite às empresas criar, modificar e manter aplicações empresariais que podem ser facilmente alteradas, em qualquer fase do seu ciclo de vida, para garantir a satisfação constante das necessidades do negócio e dos utilizadores. O posicionamento inicial, direccionado para as empresas de telecomunicações, e a qualidade da referida plataforma garantiu que em 2002 a Optimus se tornasse o primeiro cliente da Outsystems. Em pouco tempo a empresa espanhola de telecomunicações Telefonica Móviles e a empresa de serviços móveis líder na Holanda Golden Bytes, juntaram-se à lista de clientes. O ano de 2003 representou um marco de viragem da empresa: após um reposicionamento estratégico no início do ano, a OutSystems deixou de apostar somente no mercado das telecomunicações, passando a dirigir-se a um grupo mais abrangente de médias e grandes empresas noutros mercados, tendo obtido um sucesso imediato junto de empresas como a Brisa, Ana Aeroportos, EDP e Transgás. Em Fevereiro de 2005, a PME Investimentos tornou-se o segundo investidor da OutSystems, com a injecção de 2.2 milhões de Euros. Actualemnte a estrutura accionista conta com a prticpação daES Venture (27%) e da nNovcapital As aplicações da plataforma OutSystems Hub Edition podem ser integradas com os sistemas centrais já existentes nas empresas, através de Web Services ou de conectores criados com a própria plataforma. Os utilizadores têm acesso às aplicações através dos canais mais adequados, incluindo Web, Email e canais móveis. A OutSystems conta com mais de 160 soluções distintas, em empresas das mais variadas indústrias e territórios. No final de 2003 a revista americana Fortune identificou a OutSystems como sendo uma das 6 start-ups mais promissoras a nível mundial. Em 2006, o Butler Group considerou que a OutSystems apresenta uma abordagem inovadora baseada numa plataforma que melhora significativamente o time-to-market e a qualidade das aplicações empresariais. Ainda nesse ano, a Gartner identificou a empresa como um dos 18 principais players mundiais de Integrated Service Environments (ISE). Actualmente 50% das vendas são já realizadas no exterior, com presença nãos EUA, Holanda e Brasil Fontes: Outsystems; Imprensa.

CAIXA 32 – TIM W.E. A TIM.w.e. é uma empresa multinacional de origem portuguesa que opera nas áreas do entretenimento digital, do marketing e das vendas interactivas. Foi criada em 2002 e emprega actualmente mais de 300 pessoas no mundo, operando em cerca de 85 países, através de 26 escritórios locais espalhados pelos quatro continentes.Conseguiu crescer internacionalmente graças sobretudo a uma forte aposta nos mercados emergentes da América Latina. No que toca ao negócio do entretenimento digital, a TIM w.e. aplica os seus conhecimentos em marketing interactivo para adquirir clientes (directamente ou através das operadoras móveis como “marca branca”) para um portfólio completo de conteúdos personalizados para os seus telemóveis. No negócio do marketing móvel, a TIM w.e. oferece soluções integradas para campanhas de marketing móvel, sendo um player global. Em 2010, a TIM w.e. fez o lançamento mundial da App Republic, uma aplicação que tem pretensões de revolucionar o mercado dos telemóveis fazendo chegar a uma grande variedade de aparelhos pequenas aplicações que se tornaram populares com o iPhone, mas que estavam limitadas a telefones topo de gama. O lançamento foi feito em 60 países em que a empresa opera e, numa fase inicial, a App Republic disponibilizará mais de 100 aplicações entre as quais se incluem aplicações de acesso a redes sociais, jogos e aplicações de entretenimento. Fontes: Site empresa e imprensa.

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CAIXA 33 - REVERSE ENGINEERING A Reverse Engineering, Sistemas de Metrologia e Multimedia, Lda é uma empresa portuguesa que produz soluções de digitalização e metrologia 3D, engenharia inversa, controlo de qualidade e multimédia, baseadas em tecnologias de visão por computador. Iniciou a sua actividade em 2000, tendo desenvolvido a sua própria tecnologia (em curso de processo de patente) e um sistema óptico de digitalização tridimensional, em resultado da pesquisa e desenvolvimento efectuados por dois dos sócios, no Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) do Instituto Superior Técnico (IST). A empresa diversificou o seu portfólio passando a oferecer sistemas de controlo de qualidade na linha de montagem para controlo dimensional e controlo de cor, ferramentas para análise de deformação, sistemas de digitalização para a indústria das solas para sapatos (alinhamento de moldes, engenharia inversa), sistemas de digitalização para aplicações médicas e de biometria, serviços de digitalização e sistemas user friendly para multimédia 3D. A equipa multidisciplinar da empresa inclui peritos com know-how em áreas como o processamento de imagem e algoritmos, software, hardware e electro-óptica, bem como uma rede de consultores externos de várias Universidades nacionais e internacionais. A empresa esteve envolvida num projecto em consórcio, no âmbito do Programa Operacional Ciência, Tecnologia, Inovação (POCTI) e do Programa Operacional Sociedade de Informação (POSI) – o VirtualScan, que visava o desenvolvimento e validação de metodologias para automatizar a criação de conteúdos gráficos tridimensionais de grande realismo. A concretização do projecto possibilita a construção de um bem de produção inovador que permite optimizar o processo de criação de conteúdos gráficos para um suporte multimédia – web, CD-ROM, quiosques multimédia e TV interactiva. A empresa também participa, com uma empresa alemã, no projecto EUREKA–EUROSTARS Tou AREG na área da Augmented Reality para a construção de cenários. Fontes Site da empresa e site Eurostars.

BIOTECNOLOGIA, FARMACÊUTICA

CAIXA 34 - HOVIONE A Hovione é uma empresa portuguesa, especializada na área da ciência da saúde. Há mais de 50 anos que investiga, desenvolve e fabrica produtos farmacêuticos de base de última geração, i.e., as substâncias activas que constituem os medicamentos, desenvolvendo igualmente formulações. Tornou-se uma das mais bem sucedidas empresas farmacêuticas a nível nacional e uma das mais prestigiadas no âmbito internacional, exportando 100% da sua produção para mercados como os EUA, Japão, União Europeia e Austrália. Com quatro fábricas aprovadas pelo FDA, e pelas agências de saúde europeias e japonesas, a Empresa é o fornecedor líder de corticosteróides, antibióticos semi-sintéticos e meios de contraste. A Hovione estabelece a ponte entre a química e o desenvolvimento de produtos farmacêuticos ao oferecer substâncias activas para inalação, inaladores de pó seco, engenharia de partículas e formulações para inalação. Dedicamo-nos a inovar e manter uma posição de vanguarda a nível internacional na área da química farmacêutica. É o maior investidor em I&D na indústria farmacêutica portuguesa, detendo mais de 400 patentes no mundo inteiro. A Hovione foi fundada em 1959 por Ivan Villax, investigador químico, empenhado no desenvolvimento de tetraciclinas e corticoesteroídes anti-inflamatórios. O sucesso da investigação, financiada pelo recurso das multinacionais às suas patentes e pela produção e exportação à escala piloto, permitiu à Hovione construir em 1969, nos arredores de Lisboa, em Loures, a primeira fábrica. As novas capacidades abriram caminho à Empresa para aumentar e garantir um lugar de primeiro plano no mercado mundial dos princípios activos farmacêuticos. A aposta constante na investigação apelou e garantiu um mercado especializado e de requisitos particulares. Nos anos 60 e 70, a Hovione assistiu ao início do seu sucesso comercial com a venda da betametasona e derivados para o Japão, seu principal comprador. Em 1982, a unidade fabril de Loures foi inspeccionada e aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) e a Hovione lançou o antibiótico semi-sintético, a doxiciclina, no mercado americano, quando a patente do produto foi generalizada. Também nos anos 80, foi lançado no Japão o dipropionato de dexametasona investigado e patenteado pela Hovione, que rapidamente alcançou o primeiro lugar na classe terapêutica dos antiinflamatórios tópicos. A sua expansão continuou e em 1987 inaugurou uma segunda fábrica em Macau que, tal como a de Loures, foi inspeccionada e aprovada pela FDA. Em 1994, aumentou a sua especificidade tecnológica, desenvolvendo e produzindo APIs injectáveis em instalações validadas e com uma capacidade de produção dos 50 aos 1,250 kg. Em 2002, inaugurou o Centro de Transferência de Tecnologia construído de raiz pela Hovione em New Jersey, sendo este o maior investimento português nos EUA e que é constituído por laboratórios de investigação e produção à escala piloto. Em 2008, adquiriu 75% de uma empresa produtora de APIs injectáveis – mais especificamente de meios de contraste

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– na China. Em 2009 a Hovione adquiriu à Pfizer, uma fábrica em Cork, na Irlanda. Esta fábrica aumentou em 50% a capacidade de produção da Hovione e oferece tudo o que os nossos clientes desejam: produção em grande escala, os melhores padrões de qualidade e uma localização geográfica ideal. A Hovione é assim uma multinacional com presença e actividade a nível mundial com sede em Loures- e centros de investigação em Portugal, EUA, e unidades produtivas à escala industrial em Loures, Cork, Irlanda, na Taipa-Macau e na China, e escritórios em Hong Kong, Suiça e India. A nível de grupo emprega 1100 profissionais, de mais de 15 nacionalidades diferentes. Fontes: Hovione; Imprensa.

CAIXA 36 - BIOALVO Localizada no campus da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (no Campo Grande), a BIOALVO é uma empresa com uma forte vertente de investigação proteómica e de aplicação de técnicas de bioinformática, tendo-se tornado na primeira empresa nacional a actuar nas fases mais iniciais de descoberta de novos fármacos. Concebe e desenvolve plataformas tecnológicas para descoberta de novos fármacos, o que permite identificar novos compostos farmacológicos eficientes e com potencial terapêutico para aplicação em doenças neurodegenerativas e do sistema nervoso central (nomeadamente, Alzheimer, amiloidoses ou doença dos pezinhos, Parkinson, Hungtinton ou o cancro). Através destas plataformas inovadoras, a descoberta de novos fármacos pode ser acelerada via HTS (high-throughput screening), aumentando a taxa de eficiência desta etapa determinante para o sucesso das biofarmacêuticas. O modelo de negócio da Bioalvo baseia-se na exploração das suas soluções tecnológicas e no estabelecimento de parcerias e alianças com outras empresas biofarmacêuticas e de biotecnologia, visando a realização de testes clínicos e codesenvolvimento/licenciamento dos seus produtos para colocação no mercado. Em Junho de 2008 a empresa tornou-se o primeiro membro portuguê s da BIO – Biotechnology Industry Organization. Em 2009 A BIOALVO anunciou a assinatura de um acordo de biotecnologia com a empresa Marinomed (Áustria). No âmbito deste acordo a BIOALVO concede o acesso e fornece o material correspondente aos extractos naturais da sua biblioteca PharmaBUG à Marinomed. A Marinomed tem os direitos exclusivos para estudar e testar estes extractos visando a identificação de novos compostos com indicações terapêuticas para doenças imunológicas e infecciosas. A biblioteca PharmaBUG é uma colecção de extractos naturais única e exclusiva da BIOALVO a partir da qual foram já identificados extractos com actividade farmacológica. O acordo alcançado surgiu no âmbito da estratégia da BIOALVO de procurar parceiros para explorar a riqueza desta biblioteca em áreas de competências diferentes das suas. A BIOALVO identificou a Marinomed como um parceiro que reúne as competências complementares na investigação biotecnológica para identificação de novas terapias a partir de organismos marinhos potenciando assim as sinergias entre as duas empresas. Este acordo constitui a chave para colaboração entre as empresas no que diz respeito à exploração da PharmaBUG para identificação de novos e promissores medicamentos. Fonte : BIOALVO

CAIXA 37 - GENIBET BIOPHARMACEUTICALS Com instalações no IBET e beneficiando das capacidades de I&D e de recursos humanos altamente qualificados (cultura de células, fermentação microbial, tecnologia de células animais, GLP assay development, processos downstream, etc) e dos equipamentos de produção nele existente, a GENIBET foi fundada em 2006 e começou por funcionar como uma empresa de contract manufacturing, oferecendo serviços de produção de ingredientes biológicos activos non sterile para ensaios clínicos, e dispondo de uma carteira de competências diversificada para apoio ao desenvolvimento de processos associados a sistemas de expressão (microbial, vírus etc), teste, certificação, produção e controlo de qualidade. Em 2010 inaugurou o primeiro laboratório ibérico que vai produzir princípios activos para novos biofármacos, sendo a produção de vacinas contra febre tifóide e para a tifóide dois dos projectos de arranque da nova instalação. A GENIBET tem como sócios o IBET e PME`s portuguesas do sector farmacêutico. Fonte: GENIBET.

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CAIXA 39 - TECHNOPHAGE A TECHNOPHAGE S.A é uma empresa de I&D multiplataforma que funciona junto do Instituto de Medicina Molecular (IMM), em Lisboa, e que tem como objectivo o desenvolvimento de novas moléculas para actuação clínica em várias áreas terapêuticas. Está organizada em três unidades: • Uma unidade de I&D orientada para a identificação de novos produtos baseados nas propriedades únicas dos micro organismos bacteriófagos aplicáveis no tratamento, diagnóstico e prevenção de infecções bacteriológicas, incluindo a eliminação de bactérias resistentes a antibióticos. • Uma unidade de I&D orientada para o desenvolvimento de fragmentos de anticorpos sdAbs (single domain antibody) contra alvos específicos em várias doenças (doenças oncológicas, tromboses, doenças inflamatórias etc). • Uma unidade de negócio orientada para abordagens inovadoras na descoberta de novos fármacos utilizando o modelo zebrafish como um sistema de modelização in vivo como ferramenta a utilizar na fase de testes pré clínicos; esta unidade participa com o Erasmus University Medica Center, o IMM e a FEUP num projecto EUREKA–EUROSTARS designado por PARK e destinado a identificar novas moléculas que possam ser usadas para tratar a doença de Parkinson, usando um novo modelo zebrafish. Fontes: Ssite da empresa e site Eurostars.

CAIXA 40 – OUTRAS EMPRESAS DE BIOTECNOLOGIA COM PROJECTOS APROVADOS NO ÂMBITO DO PROGRAMA OPERACIONAL DE LISBOA Biopremier: É uma empresa especializada em Biologia Molecular aplicada às áreas da Taxonomia, Diversidade Genética e Diagnóstico. A empresa foi constituída em finais de 2003, apesar de apenas no ano seguinte ter iniciado as suas actividades de investigação e de prestação de serviços. Em 2006 obteve a homologação Nest (Novas Empresas de Suporte Tecnológico) por parte da Agência de Inovação e o estatuto IAPMEI Inovação (IAPMEI), reconhecimento do seu cariz inovador e tecnológico. Nesse mesmo ano, a Biopremier viu reforçada a sua estrutura accionista, através da entrada da PME Capital – Sociedade Portuguesa de Capital de Risco, S.A. e da Biocant Ventures, Lda. Está localizada no campus da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e é constituída pela Biopremier Agroalimentar, que desenvolve métodos de detecção para: microrganismos contaminantes alimentares, certificação de alimentos e identificações de espécies de carnes/peixes; e pela Biopremier Clínica, que desenvolve métodos de detecção para microrganismos patogénicos (sector clínico e veterinário). EcBio: É uma empresa privada de consultadoria, fundada em Dezembro de 1999, e que estabeleceu o seu próprio laboratório de investigação em 2002, para as áreas de biociência e biotecnologia. As suas instalações localizam-se junto a uma diversidade de instituições de investigação que abarcam várias áreas de estudo, como sejam o ITQB (Instituto de Tecnologia e Química), o IBET (Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica) e o IGC (Instituto Gulbenkian de Ciência), permitindo assim unir esforços e sinergias. O objectivo da EcBio é desenvolver métodos altamente eficazes, que permitam diminuir o tempo entre a descoberta e a comercialização de novas soluções terapêuticas, nomeadamente com células estaminais. A empresa trabalha intensamente no desenvolvimento de processos de cultura de células, criando linhagens celulares estáveis específicas e optimizando processos de cultura e preservação de células; desenvolve ensaios toxicológicos e produz proteínas recombinantes. Fontes: Bioalvo; Biopremier; EcBio; Imprensa.

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ENERGIA

CAIXA 41 - WS ENERGIA A WS Energia foi criada em 2006, contando com o apoio da Agência de Inovação (AdI) através do programa NEOTEC, e tem a sua sede no TAGUSPARK, na Grande Lisboa. Desenvolve, desenha e fabrica seguidores solares, ópticas para concentradores solares e controladores robóticos para seguidores solares, de modo a disponibilizar produtos controlados remotamente e tecnologicamente avançados, para o mercado fotovoltaico global. Oferece serviços que se dividem nas seguintes categorias: ligação à rede; sistemas isolados; consultoria técnica. A empresa conta com especialistas em óptica, mecânica, robótica, engenharia nuclear e células solares, aos quais se juntam designers industriais, técnicos de logística e stock. A empresa está actualmente direccionada para o mercado mediterrâneo e em particular para Espanha e Itália - mercados de topo para esta tecnologia devido ao impulso dado pelos governos destes países às energias solares – e para o mercado norte-americano, onde lançou a Joint Venture Sunny Tracking Inc. (Nevada), de forma a fabricar os seus produtos directamente nos EUA. Lançou recentemente os novos painéis HSUN da WS Energia, uma tecnologia revolucionária desenvolvida pela equipa de Investigação e Desenvolvimento da WS Energia que optimiza as células solares usando espelhos de elevada reflectividade. Estes painéis foram lançados durante o Portugal Tecnológico, que decorreu em Setembro de 2010 na FIL. Cerca de 50 mil unidades dos novos painéis solares HSUN da WS Energia vão ser instalados na Auto-Europa com vista a melhorar a eficiência energética desta unidade industrial. Fontes: Site da empresa e imprensa.

6.2. As infra-estruturas de apoio à inovação empresarial: o polo de oeiras No município de Oeiras destaca-se a presença do Parque de Ciência & Tecnologia Taguspark, que tem funcionado sobretudo como uma localização para PME e microempresas na área da consultadoria e de outros serviços às empresas e como localização de backoffices de instituições financeiras.

CAIXA 42 - TAGUSPARK O Taguspark é o maior e mais desenvolvido Parque de Ciência e Tecnologia nacional e o único parque gerido por uma entidade privada com fins lucrativos, o que lhe confere uma gestão de tipo empresarial. Na sua estrutura accionista estão desde sempre envolvidos órgãos do poder local e do poder central, bem como universidades, instituições de investigação e desenvolvimento e grandes empresas públicas e privadas, algumas das quais adquiriram direitos sobre terrenos e se instalaram em regime permanente no perímetro do Parque. O sector privado dispõe de 49% do capital, cabendo 34% a entidades dependentes do poder central e 17% a órgãos do poder local. As acções encontram-se divididas entre o sector financeiro (31%), entidades do poder local e central preocupadas com a tecnologia e o planeamento regional (24%), empresas industriais e de serviços que aplicam as tecnologias (17%), bem como Universidades e instituições de I&D, com 26% do capital, o que lhes confere um considerável poder de intervenção em todo o projecto. Os principais accionistas do Taguspark são a Câmara Municipal de Oeiras (16,09%), o Instituto Superior Técnico (12,64%), o Banco BPI (11,03%), a Caixa Geral de Depósitos (10%), o Banco Comercial Português (10%), o INESC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (8,44%), a Portugal Telecom (5,98%), a EDP (5,06%), a SIBS – Sociedade Interbancária de Serviços (4,89%), a UTL - Universidade Técnica de Lisboa (4,21%) e a Fundação para a Ciência e Tecnologia (3.45%). A Câmara Municipal de Oeiras desenvolveu um Plano Integrado do Parque de Ciência e Tecnologia, com um índice total de construção de 30% e óptimas condições ambientais. Abrange uma área de 360 hectares e toma o Taguspark como pivot, mas inclui três outros empreendimentos: o Oeiras Parque, o Cabanas Golf e a antiga Fábrica da Pólvora de Barcarena. Isto permitiu que o Taguspark, na sua área específica, não tivesse que considerar nem zonas habitacionais, nem instalações desportivas ou de lazer, que são contempladas pelos outros empreendimentos. A área territorial do Taguspark está afectada a quatro sectores: o núcleo central; o sector empresarial, no qual se podem

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instalar pequenas e médias empresas, empresas de consultoria e serviços técnicos e operações ou sedes de grandes empresas, estas naturalmente em número limitado; o sector de I&D e o sector de ensino/formação, que se destinam à instalação de utentes que desenvolvem actividades significativas de investigação e desenvolvimento, ensino superior e formação profissional. O Taguspark funciona como infra-estrutura para o acolhimento das seguintes actividades: investigação e desenvolvimento tecnológico; ensino e formação de recursos humanos; concepção, projecto e produção com base em conhecimento avançado; consultoria e serviços de engenharia e gestão; difusão e utilização de tecnologias avançadas; divulgação das actividades científico-tecnológicas; outras actividades de apoio de natureza comercial e cultural. O parque integra uma Incubadora de empresas de base tecnológica e uma área para pequenas e médias empresas. Estão instaladas no Taguspark mais de 120 empresas com um total de 1700 postos de trabalho, operando sobretudo nas áreas das tecnologias da informação (44%), electrónica (19%) e telecomunicações (18%). No total do parque, estima-se que trabalhem mais de 6500 pessoas. O Taguspark é também uma alavanca para a internacionalização das entidades sedeadas no seu espaço, a partir das redes de ligações europeias e internacionais em que está inserido. O parque apresenta as seguintes filiações internacionais: IASP - International Association of Science Parks; T2A - Tecnopólos do Arco Atlântico; TII - European Association for the Transfer of Technologies Innovation and Industrial Information. Fontes: Taguspark; Augusto Mateus & Associados.

Além do Taguspark, localizam-se no município de Oeiras outros parques empresariais onde se instalaram importantes empresas da Grande Lisboa: o Arquiparque, em Miraflores; o Lagoaspark, em Porto Salvo; a Quinta da Fonte, em Paço de Arcos; o Smart Park de Carnaxide. Por outro lado, o município beneficia do desenvolvimento de um importante pólo de instituições de I&D. Oeiras apresenta uma tradição científica e tecnológica devido à instalação, desde há muitas décadas, das seguintes estruturas de investigação: Estação Agronómica Nacional, Estação Florestal Nacional e Instituto Gulbenkian de Ciência. Mais recentemente, instituições como o IBET (Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica) e o ITQB (Instituto de Tecnologia Química e Biológica) instalaram-se na área da Estação Agronómica Nacional e o INA (Instituto Nacional de Administração), no Palácio Marquês de Pombal. Além destas instituições de I&D, no Taguspark, instalaram-se as seguintes instituições: INESC (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores); ISQ (Instituto de Soldadura e Qualidade); LEMe (Laboratório de Excelência e Mobilidade, do Instituto Superior Técnico); PT Inovação – Investigação e Desenvolvimento; PT SI – Sistemas de Informação; TagusLip (Laboratório do Projecto PET Mamografia, que visa o desenvolvimento de tecnologia Positron Emission Tomography aplicada à detecção precoce do cancro da mama). Nos terrenos do Taguspark instalaram-se pólos de instituições públicas universitárias – o Instituto Superior Técnico, o Instituto Superior de Economia e Gestão e a Faculdade de Motricidade Humana. Em 1996 a Universidade Atlântica iniciou as suas actividades na antiga Fábrica da Pólvora de Barcarena, tratando-se um dos empreendimentos previstos no referido Plano Integrado do Parque de Ciência e Tecnologia. A presença de Universidades no Taguspark e zonas limítrofes, além de dinamizar a vertente ensino, arrasta diversas pequenas estruturas de investigação ligadas aos docentes e alunos, que poderão alavancar a própria actividade empresarial no município. O município de Oeiras poderá ainda vir a reforçar o seu posicionamento no domínio da investigação e inovação com o desenvolvimento do projecto Hospital de Oeiras - Lisbon Medical Park, promovido pelo grupo irlandês Sheehan Medical Corporation e com um investimento previsto de 100 milhões de euros. O projecto foi aprovado pela Câmara Municipal de Oeiras em Junho de 2007. A construção deste hospital de excelência está prevista para o Smart Park de Carnaxide. Prevêse que este projecto venha a criar cerca de 1250 empregos directos, uma parte dos quais se destinarão a actividade de I&D no âmbito de projectos associados à futura Fundação de Assistência e Pesquisa em Auto-Imunidade.

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7. OS NOVOS PROJECTOS – INFRAESTRUTURAS E ACTIVIDADES 7.1 - Novas actividades e projectos A Grande Lisboa tem assistido a uma evolução do tipo de actividades que lhe conferem uma identidade própria: através de um processo de desindustrialização, passou de sub-região industrial a sub-região comercial, financeira e, finalmente, de serviços cada vez mais especializados. Realçam-se as actividades de apoio às empresas, sobretudo as relacionadas com as telecomunicações, informática e backoffice, em parte consequência da presença na sub-região de importantes empresas multinacionais que escolheram a cidade de Lisboa para aí estabelecerem os seus centros mundiais de contact/call center. Neste contexto, destaca-se a instalação em larga escala de empresas de serviços partilhados, de web services e de serviços de assistência técnica e monitorização à distância e de outros tele-serviços, transformando Lisboa numa das capitais do back office na Europa; Algumas actividades, muito intensivas em competências, inovação e conhecimento, têm vindo a reforçar a sua presença na Grande Lisboa. É o caso dos conteúdos media/entretenimento/multimédia, actividades já com concentrações interessantes nos municípios de Oeiras e Sintra, mas que poderão ser incrementadas por exemplo na zona Oriental de Lisboa. É também o caso das ciências da saúde e biotecnologias associadas à saúde que beneficiam da presença de importantes infra-estruturas e instituições de I&D referência nestes domínios (veja-se o caso do referido pólo de Oeiras, mas outras localizações poderão dar origem à concentração deste tipo de actividades: por exemplo, junto ao Instituto de Medicina Molecular, na proximidade do Hospital de Santa Maria; ou na zona Oriental de Lisboa, nas imediações do Hospital das Descobertas; ou ainda na zona entre a Alameda e Cidade Universitária, o Alto do Lumiar e Alcântara). De salientar que as principais instituições de I&D no domínio da saúde localizadas na sub-região (com destaque para o IBET) integram o Pólo de Competitividade e Tecnologia Health Cluster Portugal, reconhecido como Estratégia de Eficiência Colectiva em Julho de 2009. De referir também o dinamismo observado noutras actividades económicas, como a aeronáutica, o automóvel e a logística, as duas primeiras associadas à presença na sub-região dos seus principais actores empresarias ou de novos actores com forte potencial de desenvolvimento, a terceira associada às oportunidades de concretização de importantes investimentos previstos em infraestruturas de logística, acessibilidades e mobilidade. Por outro lado, a Grande Lisboa afirma-se cada vez mais como um dos territórios mais competitivos para o turismo, competitividade que assenta no enorme manancial de recursos de que dispõe, destacando-se neste domínio a oferta de alguns dos “produtos” que sofreram maior aumento da procura internacional, city-breaks, ligadas ao turismo cultural, o turismo de congressos e mesmo o turismo de cruzeiros. Todas as novas actividades mencionadas poderão contribuir para a projecção da Grande Lisboa “para fora”, isto é, para a Europa e para o Mundo.

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CAIXA 43 – PROJECTO DA EMPRESA INNOV XXI A Innov XXI é uma empresa portuguesa de engenharia automóvel, de consultadoria e desenvolvimento, localizada em Cascais, e que opera no mercado global. Possui competências que abrangem todas as áreas essenciais ao Desenvolvimento Automóvel Integrado, procurando garantir uma prestação de serviço multi-disciplinar que inclui construção e manutenção automóvel, design Industrial, webdesign e consultoria de gestão. A empresa foi concebida e projectada em 2009 por um grupo selecto de empreendedores portugueses e ingleses e está apoiada numa ligação permanente ao Reino Unido, onde se localiza o maior cluster mundial de engenharia automóvel. O seu projecto de arranque é o ASTERIO Roadster, um veículo desportivo com uma diversidade de motorizações possível (gasolina, diesel e eléctrica), destinado a competir com modelos semelhantes de marcas consagradas no mercado. O ‘rolling chassis’ do Asterio Roadster foi já apresentado após testes, tendo o seu comportamento em pista sido considerado satisfatório, Todavia, não está ainda anunciado quando estará pronta a primeira unidade do Asterio. Fonte: Ste da empresa.

Infra estruturas de Transportes Entre os principais projectos propostos para a Grande Lisboa, destacam-se: 1) Projecto nacional da Rede Ferroviária de Alta Velocidade: este projecto está incluído, desde 2003, nos 30 projectos prioritários da Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T). A futura rede, toda em bitola europeia, irá ligar os principais centros de mobilidade de pessoas e bens da Península Ibérica. É composta essencialmente por um Corredor Litoral entre a Galiza e Lisboa que se articula com as restantes ligações: uma, a Norte, em direcção a Salamanca-Bordéus; outra, a Sul, em direcção a Évora, Elvas/Badajoz-Madrid-Barcelona-Marselha, tendo ainda prevista a ligação, a partir de Évora, a Faro/Huelva. O Governo definiu como eixos prioritários e respectiva calendarização as linhas Lisboa-Madrid, na parte portuguesa (2013), Porto-Vigo (2013) e Lisboa-Porto (2015). Este projecto é fundamental para a integração de Portugal na rede ferroviária europeia, criando condições para aumentar a competitividade das regiões portuguesas de maior densidade populacional e geradoras de maior riqueza no espaço ibérico e europeu, em particular da Grande Lisboa. 2)Nova Travessia do Tejo Chelas/Barreiro: o novo impulso dado pelo Governo à Terceira Travessia do Tejo (TTT) assenta no desenvolvimento da Rede de Alta Velocidade Ferroviária, na medida em que esta infra-estrutura é importante para o cumprimento do objectivo traçado para o tempo de percurso da ligação Lisboa-Madrid (tempo máximo de percurso de 2 horas e 45 minutos). Esta será uma travessia rodo e ferroviária (alta velocidade e convencional), que servirá o TGV Lisboa/Madrid e que fará a ligação ao futuro aeroporto de Alcochete. O investimento total da TTT será de cerca de 1,7 mil milhões de euros. Esta infra-estrutura permitirá integrar numa só estrutura o transporte terrestre de pessoas, o transporte ferroviário sub-urbano e regional de pessoas, o transporte ferroviário de longo-curso de pessoas, o transporte rodo-ferroviário de mercadorias, com uma ligação integrada e harmoniosa às estruturas portuárias e às plataformas logísticas da região de Setúbal e Sines. Assegurará, na margem norte da AML, ligações ferroviárias convencionais à linha de cintura e, na margem sul, à linha do Alentejo, permitindo dar resposta aos tráfegos suburbanos (Setúbal, Pinhal Novo, Barreiro/Lavradio) e de longo curso (para Évora, Beja e Algarve). Assegurará portanto o fecho do anel ferroviário da Grande Área Metropolitana de Lisboa.

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FIGURA 16- FECHO DO ANEL FERROVIÁRIO DA ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA

Fonte: Secretaria de Estado dos Transportes.

FIGURA 17 – ARTICULAÇÃO COM O SISTEMA FERROVIÁRIO E SISTEMA LOGÍSTICO

Fonte: Secretaria de Estado dos Transportes.

3) Projectos para o Porto de Lisboa: O Governo tem no sector marítimo-portuário uma forte aposta da sua política de transportes, traduzida nas Orientações Estratégicas para o Sector Marítimo-Portuário. Neste documento é consagrada uma visão estratégica para o sector, assente no reforço da centralidade Euro-Atlântica de Portugal, no forte aumento da competitividade do sistema portuário nacional e do transporte marítimo; e na disponibilização ao sector produtivo nacional de cadeias de transporte competitivas e sustentáveis. O Porto de Lisboa assume um papel de destaque no contexto desta visão estratégica, estando previstas as seguintes medidas: 1) A aposta na vertente multi-funcional do porto; 2) A consolidação da sua posição na carga geral, em particular na carga contentorizada, através de uma aposta na optimização e modernização das infra-estruturas; 3) A promoção de uma melhor integração na área urbana envolvente; e 4) O reforço da posição de primeiro porto de cruzeiros do Continente, tornando-o uma referência nas rotas turísticas internacionais.

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O Porto de Lisboa dispõe de um canal de acesso com 15.5 metros de profundidade e mais de 1500 metros de cais acostáveis, com fundos entre os -8 e os -10 m, o que propicia excelentes condições para o abrigo a navios de cruzeiro. Este porto recebe todo o tipo de navios de cruzeiro, desde o mais pequeno até ao maior do mundo, que trazem anualmente à cidade cerca de 400 mil passageiros (o que o torna o 1º porto de passageiros do Continente e o 2º nos portos do Atlântico Norte e Oeste). O projecto “Reabilitação e Reforço do Cais entre Santa Apolónia e o Jardim do Tabaco”, permitirá a reorganização espacial do porto de Lisboa, disponibilizando a área dos actuais terminais de Alcântara e Rocha do Conde d’Óbidos para a operação de contentores e a dinamização/qualificação da actividade de cruzeiros, com um novo terminal em Santa Apolónia (capacidade para receber cinco navios em simultâneo) que deverá estar concluído em 2013. 4) Reabilitação da Frente Ribeirinha de Lisboa: este projecto prevê intervenções urbanísticas na área compreendida entre o Cais do Sodré, Ribeira das Naus e Santa Apolónia, incluindo a reocupação parcial de edifícios da Praça do Comércio e a reabilitação dos quarteirões da Avenida do Infante D. Henrique, situados entre o Campo das Cebolas e Santa Apolónia (integrando a concretização do referido projecto do novo terminal de cruzeiros em Santa Apolónia). Prevê também intervenções no espaço público Ajuda-Belém, compreendendo a construção de um novo edifício para o Museu dos Coches e o remate do Palácio Nacional da Ajuda, além da saída do Terreiro do Paço dos ministérios da Justiça e da Administração Interna, de modo a que ali possam ser instalados dois hotéis de charme, comércio e escritórios. Com a requalificação e reabilitação da frente ribeirinha de Lisboa o governo pretende “dar uma resposta às necessidades de ordenamento daquele espaço urbano, permitindo recuperar a sua centralidade em função dos novos usos que lhe vão ser dados, das infra-estruturas a implantar, bem como das actividades culturais e de lazer que aí vão ser dinamizadas”. A intervenção na Frente Ribeirinha da Baixa Pombalina é muito importante para o futuro da cidade de Lisboa e respectiva Área Metropolitana, ao incidir em áreas estratégicas como a valorização do património edificado, recuperação do espaço público, espaços verdes, centralidades económicas e culturais, infra-estruturas de acessibilidades e mobilidade. Existem ainda outros projectos, que apesar de não se localizarem na Grande Lisboa mas em territórios adjacentes, contribuirão para reforçar a competitividade da região. Entre estes projectos destacam-se: Novo Aeroporto Internacional de Lisboa: a localizar no Campo de Tiro de Alcochete, será uma infra-estrutura crucial para a competitividade e internacionalização de toda a região de Lisboa, integrada na rede ferroviária da Área Metropolitana de Lisboa, na rede ferroviária nacional e no eixo fundamental de alta velocidade. Plataforma do Poceirão: trata-se de uma plataforma urbana logística nacional, no âmbito da Área Metropolitana de Lisboa, de importância fundamental para toda a região em virtude da sua localização estratégica em relação aos principais portos atlânticos do sul – Lisboa, Setúbal e Sines – potenciando a sua atractividade, e em relação às redes de transportes rodo e ferroviária. Permite a articulação de fluxos logísticos internacionais, nacionais e regionais de toda a região de Lisboa e o alargamento do hinterland dos referidos portos por oferta de actividades logísticas complementares às portuárias. A plataforma beneficiará dos acessos rodoviários e ferroviários de ligação às linhas do Sul e do Alentejo e à futura linha de Alta Velocidade Lisboa-Madrid;

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Planos de desenvolvimento dos portos de Setúbal e Sines, que permitem a optimização das infra-estruturas existentes, as ligações rodo-ferroviárias e a integração com as plataformas logísticas inter-modais, nomeadamente a do Poceirão e a de Sines. Modernização da linha de caminho de ferro entre Sines e Elvas, principal eixo ferroviário com ligação a Espanha para o transporte de mercadorias dos portos de Sines, Lisboa e Setúbal, e que beneficiará da articulação com a rede de Alta Velocidade e com a plataforma logística do Poceirão. SERVIÇOS DE AVIAÇÃO CIVIL NA GRANDE LISBOA : O POLO DE TIRES

O AERÓDROMO MUNICIPAL DE CASCAIS, também conhecido como Aeródromo de Tires, é situado em Tires, na freguesia de São Domingos de Rana, concelho de Cascais. Possui pista com 1700m x 30m, a 17/35, e situa-se a uma altitude de 99 m. Serve Cascais/Estoril/Oeiras/Grande Lisboa. A sua Pista possui ainda sinalização luminosa, luzes de aproximação e sistema Apapis. Tem também uma Aerogare, com capacidade para 300 passageiros/hora, que está preparada para receber tráfego internacional (passageiros de países do Acordo de Schengen). Esta infra-estrutura possui ainda, Serviços de Controlo de Tráfego Aéreo, Movimento e Operações Aeroportuárias, Segurança, Despacho, Meteorologia, Socorros e Incêndios, Placa, Abastecimento de Combustível, Assistência e Manutenção de Aeronaves, No Aeródromo de Tires encontram-se instaladas duas dezenas de empresas com mais de 500 trabalhadores, onde funcionam as principais escolas de aviação do país, como a Gestair Flying Academy, a Leavia ou a OMNI dando formação a pilotos, hospedeiras e comissários de bordo para as principais companhias aéreas portuguesas. Para além de empresas de aviação desportiva e de prestação de serviços de helicópteros também opera neste aeródromo a NETJETS Portugal NETJETS Portugal - filial portuguesa da maior empresa mundial de aluguer de jactos privados com sede nos EUA . Fundada em 1996, a NETJETS Europe foi pioneira na venda fraccionada de aviões executivos, tendo escolhido Portugal para implantar a sua base operacional, porque a legislação favorecia a venda de aeronaves em regime de co-propriedade. A empresa opera, hoje, uma frota de 165 aviões, de 11 tipos diferentes, voando para 43 aeroportos na Europa (onde emprega mais de 1.600 pessoas) e para mais de 5.000 em todo o Mundo. O grupo NETJETS é detido pela Berkshire Hathaway, sociedade de investimentos do milionário Warren Buffet. É a partir de Oeiras (sede em Paço de Arcos) que são geridas todas as operações de agendamento, logística, manutenção, compras, autorizações e apoio aos 1600 clientes europeus da NetJets. Uma tarefa controlada para todos os voos - são mais de 200 por dia - com equipas de várias nacionalidades. No centro de contacto são recebidos 25 mil pedidos de apoio por mês. “ e no conjunto do centro de operações trabalham 470 pessoas, ANETJET está também implantada no Aeródromo de Tires Em 2011 a NETJETS investiu em Portugal num centro deformação para formar anualmente os mais de mil pilotos e tripulantes de cabine que fazem parte dos quadros da companhia. FONTE:C M Cascais; Imprensa

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8. DESAFIOS, RISCOS E OPORTUNIDADES NO MÉDIO PRAZO A sub-região Grande Lisboa desempenha um papel central na vida económica, social, política e institucional do País ao integrar uma área metropolitana com cerca de 3 milhões de habitantes, ao polarizar as principais actividades administrativas, empresariais, comerciais, logísticas do País e ao concentrar as principais infra-estruturas de apoio à actividade económica, ao ensino e à I&D. Além de concentrar os principais centros de decisão pública e empresarial, polariza as principais centrais, equipamentos e infra-estruturas associadas às utilities (energia, gás, água, saneamento), além da localização dos principais mercados abastecedores da Grande Área Metropolitana e mesmo de Portugal. É um dos mais importantes centros da cultura, turismo e lazer do País, ao beneficiar da presença dos mais relevantes marcos patrimoniais, equipamentos e infra-estruturas de oferta cultural. Todos estes factores têm conduzido à atracção de população para a sub-região, muito em particular de população estrangeira, parte dela com consideráveis níveis de qualificação, o que lhe permite deter as maiores proporções de população activa, jovem, do País. Trata-se portanto de uma sub-região polarizadora de população, habitação, educação, transporte, produção, distribuição e consumo, que enfrenta como um dos principais desafios a necessidade de atenuar os fortes desequilíbrios que ainda persistem na sua estrutura interna. A sub-região Grande Lisboa enfrenta assim importantes desafios: o de conseguir manter o seu papel polarizador de emprego e actividades, num contexto de crescente concorrência entre territórios e de necessidade de projecção internacional das suas actividades, de forma a manter ou mesmo diminuir o seu papel “para dentro” (polarização ao nível da Grande Área Metropolitana e do País), mas sobretudo de forma a dinamizar a sua projecção “para fora”, afirmando-se no contexto ibérico, europeu e mundial em termos de integração nas grandes redes internacionais de produção e distribuição; o de se afirmar como uma cidade de serviços, após a transformação sofrida no seguimento da perda da sua identidade de cidade industrial, primeiro, e depois comercial e financeira – neste âmbito reveste-se de importância a criação de riqueza ancorada no conhecimento, na tecnologia, na comunicação/informação e na competitividade não-custo. Associada a estes desafios de competitividade económica, está a necessidade de captação de recursos humanos altamente qualificados, de atracção de empresas inovadoras e a penetração nas principais redes mundiais de criação e difusão de conhecimento. Estes factores conduzem ao desafio de equilíbrio entre funções urbanas, sobretudo entre a função residencial e empresarial, criando as condições para, por um lado, acolher residentes e visitantes, permitir a integração de comunidades imigrantes, através de mecanismos indutores da capacidade de acolhimento da diversidade social e cultural; requalificar áreas residenciais dos centros históricos ou dos subúrbios; e, por outro lado, criar as condições necessárias ao acolhimento de actividades económicas intensivas em conhecimento e I&D, muito exigentes do ponto de vista de infra-estruturas disponíveis e actividades complementares (de ensino, formação, incubação, transferência de tecnologia, etc.), o que implica a reconversão de espaços industriais, com esvaziamento de funções e necessidade de requalificação; e a prestação de serviços às empresas globais, explorando as oportunidades abertas pelo ciberespaço (por exemplo, contact/call center e outras actividades de back office). Em síntese, e como surge referido no documento “Estratégia Regional: Lisboa 2020”, a Grande Lisboa enfrenta grandes desafios internos, associados à renovação do modelo competitivo e que dizem respeito à viabilização e catalisação de um vasto conjunto de ajustamentos de natureza estrutural onde a qualificação, diferenciação, diversificação e inovação da produção de serviços

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(no quadro de fileiras produtivas e de cadeias de valor mais alargadas e geradoras de valor acrescentado) assumem um papel privilegiado. Ao mesmo tempo, enfrenta grandes desafios externos, associados a uma posição concorrencial melhorada e a uma presença mais directa e activa nos mercados europeu e mundial, e que dizem respeito, essencialmente, à intensificação das iniciativas de internacionalização. Os riscos que a Grande Lisboa encara são evidentes: a manutenção de um crescimento urbano extensivo, realizado sobretudo fora do município de Lisboa, muito consumidor de espaço e gerador de fortes movimentos pendulares de população entre Lisboa e os municípios vizinhos, envolvendo cada vez mais o transporte individual, com os consequentes problemas de mobilidade; a incapacidade de integração das comunidades de imigrantes, com os consequentes riscos de conflitos sociais; a desqualificação territorial sobretudo nos subúrbios da cidade de Lisboa; a incapacidade de ancorar o seu desenvolvimento na captação de actividades inovadoras e indutoras da integração da sub-região nos principais sistemas de inovação tecnológica, competências e competitividade empresarial. Na sub-região existem territórios que enfrentam a diminuição rápida de população residente, outros que têm crescido significativamente, e ainda outros em que a população tem caminhado para a estagnação. Este aumento desigual da população tem sido simultaneamente uma consequência e fonte de desigualdades económicas e sociais existentes no interior da sub-região. Um dos riscos importantes de referir é a incapacidade de ultrapassar este modelo de crescimento desigual, que tem conduzido ao crescimento do município de Lisboa fundamentalmente à custa do crescimento desequilibrado dos municípios que o rodeiam, do aumento da dependência da economia dos outros municípios em relação ao município de Lisboa. Ou seja, o risco de manutenção de um modelo de crescimento que tem provocado também a degradação da qualidade de vida das populações dos municípios que integram a Grande Lisboa, incluindo a do próprio município de Lisboa, aumentando as desigualdades, pobreza e a exclusão social. A sub-região Grande Lisboa tem beneficiado de um conjunto de investimentos que lhe têm permitido alicerçar a sua relevância a nível regional e nacional, no que respeita à dinamização da sua estrutura produtiva, à captação de empresas, ao desenvolvimento de infra-estruturas de apoio à actividade empresarial e à melhoria das condições de acessibilidades, mobilidade e logística. Muitos destes investimentos são relativos à logística e aos transportes, são projectos estruturantes, que traduzem uma oportunidade fundamental no sentido do fomento da competitividade económica e da internacionalização da Grande Lisboa (vejam-se os projectos do novo aeroporto internacional, da alta velocidade, da criação de um sistema logístico nacional integrado e de articulação de todo o sistema portuário, no seio do qual assumem relevância os esforços de estratégia comum de expansão dos portos de Lisboa e Setúbal). Estes projectos permitirão apoiar a concretização de um conjunto de oportunidades para o futuro da Grande Lisboa. Entre estas oportunidades destacam-se: a aposta no desenvolvimento e sucesso de novas actividades centradas na inovação, nas competências e na diferenciação (sejam as telecomunicações e informática, a saúde e biotecnologia aplicada à saúde, a aeronáutica, a logística, o turismo e lazer); o aproveitamento da excepcional combinação de amenidades, património e cultura que apontam para um potencial por desenvolver na área das actividades de acolhimento e turismo; a aposta na projecção internacional da Grande Lisboa no que respeita à cultura, património e eventos; a inserção das empresas locais, das universidades e dos centros de investigação em redes mundiais sólidas, favorecendo a atracção de investimentos, empreendedores e talentos vindos do exterior.

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CARTA REGIONAL DE COMPETITIVIDADE

PENÍNSULA DE SETÚBAL/ /ALENTEJO LITORAL

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1. TERRITÓRIO 1.1. Península de Setúbal A proximidade à cidade de Lisboa, associada às novas condições de acessibilidade e de transporte da sub-região, tem sido um elemento fulcral nas dinâmicas territoriais da Península de Setúbal, conduzindo a que um número crescente de centros urbanos estejam cada vez mais imbricados na dinâmica polarizadora da Área Metropolitana de Lisboa (AML), actualmente com mais de 2,6 milhões de habitantes. O desenvolvimento da Península de Setúbal processou-se fundamentalmente centrado em Lisboa e sustentado pela acessibilidade fluvial e rodoviária (Ponte 25 de Abril), o que originou uma extensa consolidação urbana que se desenvolve na margem esquerda do rio Tejo, de Almada ao Montijo/ Alcochete, e em Setúbal/Palmela, este como único eixo urbano que sempre conservou uma centralidade própria e uma relativa independência funcional. A sub-região apresenta portanto um perfil territorial híbrido: partilha com o espaço metropolitano algumas das suas características e, ao mesmo tempo, revela uma capacidade própria, quer de polarização de uma área considerável que ultrapassa os próprios limites da região de Lisboa, quer de articulação directa com o exterior através do seu porto. As transformações recentes do sistema territorial e urbano da Península de Setúbal têm favorecido a emergência de dois tipos de dinamismos. Por um lado, os processos de concentração inter e intraconcelhios têm despoletado um crescente protagonismo territorial de centros urbanos de pequena e média dimensão. Por outro, têm vindo a consolidar-se subsistemas territoriais e urbanos, sob a forma de eixos e conurbações, sustentada pelas principais vias de comunicação existentes. FIGURA 1 - PENÍNSULA DE SETUBAL

O pólo urbano principal é Setúbal, que constitui um centro de nível Subregional, com equipamentos mais especializados. Num segundo nível, destacam-se os centros de Almada, Seixal, Barreiro, Moita e Montijo, muito dependentes funcionalmente de Lisboa e com grandes desequilíbrios entre população e funções, essencialmente de nível hierárquico superior. Sesimbra e Alcochete

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constituem os pólos de nível inferior, pouco especializados e com grandes dependências funcionais dos centros urbanos mais próximos. As dinâmicas territoriais da sub-região decalcam as alterações estruturais recentes da AML, associadas às novas acessibilidades e à relocalização de actividades e funções anteriormente concentradas na cidade de Lisboa. Deste dinamismo territorial resultaram diferentes tipos de “espaços”, presentes em toda a AML e muito importantes para a compreensão da dinâmica territorial da Península de Setúbal. O Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa (PROT-AML), publicado em 2002, identifica sete tipos de espaços: Os Espaços Motores, com capacidade para atraírem e fixarem novas actividades e funções de nível superior, integram a Coroa de Transição da cidade de Lisboa. São exemplos os eixos Almada-Seixal, Setúbal-Palmela e a Zona Industrial e de Serviços de Coina; Os Espaços Emergentes, que correspondem a áreas com potencialidades para protagonizarem transformações positivas na AML, tanto em novos usos e funções especializadas como na reestruturação e qualificação urbana. Integram esta classificação os espaços ribeirinhos dos Estuários do Tejo e do Sado e os municípios de Alcochete e Montijo; As Áreas Dinâmicas Periféricas, que se caracterizam por possuir uma boa capacidade de atracção de actividades e de residência, constituindo núcleos com alguma autonomia funcional em relação ao espaço central da AML. Estão neste caso as áreas de MaratecaPegões e Sesimbra-Santana; Os Espaços Naturais Protegidos, são as áreas classificadas e integradas em Parques ou Reservas Naturais, a Rede Natura e as áreas definidas em legislação específica de âmbito nacional, que se procuram proteger das dinâmicas urbanas metropolitanas. Estão sujeitos a forte pressão urbanística e turística, em particular na Península de Setúbal. Refiram-se os exemplos do Parque Natural da Serra da Arrábida, o Cabo Espichel, as Matas de Sesimbra e as praias da Costa da Caparica, para além da área estruturante de ligação ambiental entre o Estuário do Tejo e do Sado; Os Espaços Problema, correspondem a áreas periféricas, fragmentadas e desestruturadas com tendência para a desqualificação urbana e ambiental, e a áreas centrais da AML que registam um declínio urbano e fortes processos de degradação. Integram esta classificação as áreas do interior da Península de Setúbal com loteamentos clandestinos. As Áreas com Potencialidades de Reconversão/Renovação, concentram ocupações obsoletas ou em desactivação, essencialmente associadas a antigas ocupações industriais – Margueira (Almada), Quimiparque (Barreiro) e Siderurgia (Seixal). Estes espaços apresentam um bom potencial de utilização que decorre de dois factores essenciais – grande disponibilidade de terreno e qualidade paisagística, dada a contiguidade com o Estuário do Tejo. As Áreas Críticas Urbanas, caracterizadas por apresentarem uma elevada desqualificação urbanística e social, registam ainda carências em infra-estruturas e equipamentos, e uma elevada concentração residencial. Estas áreas distribuem-se pelos bairros problemáticos de Setúbal e pelo eixo Lavradio-Baixa da Banheira-Vale da Amoreira.

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FIGURA 2 - “ESPAÇOS” DA PENÍNSULA DE SETÚBAL

Adaptado de: PROT-AML.

A presença de “áreas com potencialidades de reconversão/renovação” conduz à importância da requalificação territorial na Península de Setúbal, em particular as intervenções ligadas ao conceito de brownfields, desenvolvido nos EUA e em vários países da Europa para áreas que já acolheram outro tipo de actividades (industriais, portuárias, mineiras, entre outras) mas que, em resultado de alterações estruturais, entraram em declínio e libertaram extensas superfícies1. Neste tipo de intervenções, a expansão urbana é direccionada para os brownfields, opção que permite conter a expansão em mancha. Um dos exemplos mais recentes é o Millenium Greenwich em Londres, projecto desenvolvido junto ao Millenium Dome. A Península de Setúbal apresenta alguns espaços que se enquadram nesta tipologia (Margueira, em Almada, Siderurgia, no Seixal, e a Quimiparque, no Barreiro) e que desfrutam de localizações privilegiadas junto ao Estuário do Tejo. Numa análise territorial mais detalhada da Península de Setúbal é possível identificar as seguintes unidades territoriais homogéneas (também identificadas no PROT-AML e retomadas no Plano Estratégico de Desenvolvimento da Península de Setúbal, PEDEPES): Arco Ribeirinho Sul - constitui a grande coroa urbana da margem sul e identificam-se no seu interior várias sub-unidades: o espaço urbano consolidado de Almada/Montijo; o interior dos municípios de Almada e Seixal; a faixa litoral das praias urbanas e naturais da Costa da Caparica até à Fonte da Telha; as áreas ribeirinhas do município de Almada. O desenvolvimento urbano desta unidade foi inicialmente suportado pela acessibilidade fluvial a Lisboa, tendo a construção da Ponte 25 de Abril intensificado o fenómeno da suburbanização aqui evidente, fundamentalmente no troço Almada-Fogueteiro. Outra característica desta área é a forte presença industrial que apresenta sintomas de abandono devido à obsolescência e decadência de muitas unidades industriais. 1 De acordo com a lei dos EUA intitulada Small Business Liability Relief and Brownfields Revitalization Act (2002), o conceito brownfields significa instalações industriais ou comerciais abandonadas e/ou subutilizadas cuja reconversão é dificultada pela contaminação real ou percebida, mas que detêm um potencial activo para novas actividades ou utilizações.

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Arrábida/Espichel/Matas de Sesimbra, unidade que integra 5 sub-unidades autónomas: Serra da Arrábida, Cabo Espichel, matas de Sesimbra, área agrícola de Azeitão e eixo urbano Sesimbra/Santana/Lagoa de Albufeira. Planície Interior Sul, unidade que constitui o território central da Península de Setúbal. É uma área que resultou de um crescimento desorganizado e não planeado, o que levou à ocupação por construção de áreas não vocacionadas para a urbanização, com a consequente desqualificação ambiental e paisagística. Estuário do Sado, unidade integrada numa Reserva Natural que apresenta fortes relações, tanto a nível físico como a nível funcional, com o eixo Setúbal-palmela e com a península de Tróia que, embora exterior à Península de Setúbal e à AML, requer o seu equacionarmento no contexto da AML. Espaço de transição nascente, que se assume como um território de transição entre as unidades atrás referidas e o extenso espaço rural da Lezíria do Tejo e do Alentejo. É uma área muito vasta, que se desenvolve desde Alcochete para sul, pelo Pinhal Novo, até Palmela. Setúbal/Palmela, unidade constituída por duas sub-unidades: o pólo urbano e industrial de Setúbal, associado a Palmela por razões históricas, de complementaridade funcional e pela existência da área agrícola a norte de Setúbal. O eixo Setúbal/Palmela representa uma centralidade de nível subregional dentro da AML e supra-regional com o Alentejo. Nascente agroflorestal, território vasto para nascente da linha Alcochete/Montijo, Pinhal Novo, Setúbal/Palmela, que delimita as unidades mais urbanas da Península de Setúbal e que se estende desde o Estuário do Sado até Benavente/Samora Correia, estando parcialmente incluída no Estuário do Tejo. FIGURA 3 - UNIDADES TERRITORIAIS DA PENÍNSULA DE SETÚBAL

Adaptado de: PROT-AML.

A Península de Setúbal beneficia de uma localização geográfica privilegiada, o que lhe confere boa acessibilidade quer no contexto nacional, quer internacional, ao desfrutar das vias aéreas (em Lisboa), de importantes vias terrestres (auto-estradas e sistema ferroviário), complementadas por

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vias marítimas (em Setúbal). Por outro lado, a Península de Setúbal encontra-se próxima, não só dos principais mercados de abastecimento, como dos grandes pólos de consumo. No futuro, prevêem-se importantes melhorias do sistema de acessibilidades e mobilidade da subregião com intervenções como: fecho do Anel Rodoviário Interno da AML, formado por ambas as circulares internas regionais (CRIPS/IC32 e CRIL/IC17); fecho do Anel Ferroviário da AML, nas suas componentes de ferrovia pesada (CP e Fertagus) e ligeira (Metro Sul do Tejo e na sua ligação com a circular de eléctricos da AML Norte); a acessibilidade às novas polaridades criadas pelo Novo Aeroporto de Lisboa e pela Plataforma do Poceirão nas componentes rodo e ferroviária; o reforço das ligações internas ao Arco Ribeirinho em toda a sua extensão.

1.2. Alentejo Litoral A sub-região Litoral Alentejano apresenta uma localização de proximidade e de charneira entre a AML e o Algarve, beneficiando da presença e atravessamentos de infra-estruturas internacionais de acessibilidades e transportes, indutoras de relevantes dinâmicas económicas e territoriais. FIGURA 4 - ALENTEJO LITORAL

De acordo com o Programa Regional de Ordenamento do Território (PROT) do Alentejo (2008) é possível distinguir no Alentejo Litoral as seguintes unidades territoriais: Estuário do Vale do Sado: directamente associada à presença do rio Sado, destacam-se nesta unidade como particularidades a restinga de Tróia onde se localizam o porto palafítico da Carrasqueira e importantes investimentos turísticos (frente atlântica está integrada nas

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áreas definidas como de vocação turística de importância nacional, daí a integração em vários Projectos de Interesse Nacional no domínio do turismo). Uma parte da unidade está classificada como Reserva Natural do Estuário do Sado, associada a uma zona húmida de importância internacional. O aglomerado urbano mais importante é Alcácer do Sal; Transição litoral/interior: com início na planície arenosa do Vale do Sado e estendendose até às Serras de Grândola/Cercal e Colinas de Odemira, é a unidade de transição para a planície Alentejana e para as Serras do Sul. Os dois principais centros urbanos são as sedes de município Grândola e Santiago do Cacém; Planície litoral arenosa: constitui a faixa de continuidade da pressão urbana e turística da frente atlântica da Península de Tróia, estendendo-se pela área costeira dos municípios de Grândola e Santiago do Cacém. É portanto marcada por grandes projectos turísticos para a frente marítima, além da presença do complexo industrial e portuário de Sines e da consolidação do triângulo urbano Sines/Santo André/Santiago do Cacém. Como elementos particulares destacam-se os sistemas lagunares presentes nesta costa – Melides, Santo André e Sancha – no extenso areal de praias e dunas adjacentes; Litoral Alentejano/Vale do Mira: é uma unidade territorial com elevada identidade e singularidade - integra a planície litoral cortada pelo vale do Mira e respectivo sistema estuarino e corresponde à faixa litoral mais bem conservada do País, com um significativo conjunto de valores naturais (o que explica a sua inclusão no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, no Sítio da Rede Natura 2000 e na Zona de Protecção Especial para as aves selvagens da Costa Sudoeste). É marcada pela presença de um povoamento concentrado em aglomerados de pequena dimensão; Charnecas do Tejo e do Sado: Engloba duas sub unidades – Terras de Nisa e Tejo Superior Internacional e Vale do Sorraia. Corresponde a uma utilização dominante de sistemas agro silvo pastoris e florestais de folhosas e eucaliptais. Esta unidade territorial tem ajuste directo com a confinante do PROT Oeste e Vale do Tejo “Montado Benavente/Coruche”, a qual é igualmente atravessada pela do Vale do Sorraia. Montados (da Bacia do Sado): Corresponde a uma planície suavemente ondulada com densidades variáveis de montados associados a usos extensivos, traduzindo um padrão de uso do solo que combina actividades agrícolas, silvícolas e pecuárias. A utilização dominante é de sistemas agro-silvo-pastoris e florestais e sistemas arvenses de sequeiro. Como aspectos particulares identifica-se a presença de um conjunto de albufeiras de dimensão relevante como Pego do Altar, Vale de Gaio e Odivelas na Bacia do Sado. Terras Agrícolas (regadio do Alqueva): Corresponde a uma planície suavemente ondulada com montado aberto a norte com utilização dominante a sul de sistemas arvenses de sequeiro, em grande propriedade, com solos de elevada fertilidade. As infra-estruturas do regadio de Alqueva conferem a este território uma nova centralidade na especialização agroindustrial, determinante quando asseguradas as ligações rodo ferroviárias que permitam o transporte de mercadorias de e para o Porto de Sines, beneficiando da proximidade da frente marítima ao interior da Península Ibérica. Serras do Sul: embora esta unidade territorial se estenda sobretudo pela região do Algarve, também caracteriza uma parte do território do Alentejo Litoral. Destaca-se como elemento particular a Albufeira de Santa Clara, no município de Odemira, com um plano de água de dimensão significativa.

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FIGURA 5 - UNIDADES TERRITORIAIS DO ALENTEJO LITORAL

Adaptado de: PROT Alentejo.

No que respeita à estruturação do sistema urbano, o referido triângulo Sines/Santiago do Cacém/ Santo André constitui a centralidade fundamental do Alentejo Litoral. O complexo industrial e portuário de Sines projecta internacionalmente este triângulo urbano, que ainda necessita de aprofundar e valorizar alguns projectos e complementaridades funcionais. Ancorado a esta centralidade urbana, desenvolveu-se o “sub-sistema urbano do litoral” que se estende entre Grândola e Odemira. A parte norte do sistema urbano do Alentejo Litoral desenvolve espaços de relacionamento com Setúbal e mesmo com Lisboa no domínio do comércio e serviços, ao passo que o sul do mesmo sistema evidencia a influência e atractividade do Algarve. É também importante a crescente potencialidade de articulação com Évora e Beja.

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FIGURA 6 - SISTEMA TERRITORIAL DO ALENTEJO LITORAL

Adaptado de: PROT Alentejo.

O tipo de ocupação urbana da sub-região é frequentemente linear ao longo das vias, na maioria dos casos completada por uma malha ortogonal. Do ponto de vista urbano, o IP1 constitui um elemento fortemente estruturante de todo o território. Este foi um dos factores de expansão urbana e funcional de Grândola, município que se encontra a meia distância do itinerário Lisboa-Algarve, no local de cruzamento de dois itinerários viários principais (IP1 e lP8) e de confluência de uma rede viária radial. Um conjunto de pequenos aglomerados periféricos da sede do município têm vindo a consolidar-se seguindo uma forma linear ao longo do IP1. Além daqueles dois eixos viários principais, e de uma terceira via fundamental para o reforço das

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acessibilidades do Alentejo Litoral, é também fundamental o IC33, de ligação com o IP7/A6 e com a fronteira espanhola, com passagem por Évora. Falta o reforço/qualificação do corredor rodoviário do Litoral Alentejano (Tróia-Lagos), dando continuidade ao IC4 (Sines-Odemira-Lagos), que assegurará a ligação ao Algarve através do litoral, além de concluir a ligação do IP8 Sines-Beja-Espanha e do IC33 Sines-Évora-Espanha. A concretização do IC33 e do IP8, são cruciais para a afirmação europeia do porto de Sines e da plataforma logística, industrial e energética que lhe está associada. O grande trunfo da sub-região em termos de infra-estruturas de transportes é o porto de Sines, que beneficia de uma localização privilegiada (boas condições climatéricas, águas profundas). Dotado de cinco terminais (petroleiro, petroquímico, multipurpose, gás natural liquefeito e contentores) e dois portos interiores (um de pesca e outro para embarcações de recreio), este porto assume-se actualmente como uma infraestrutura portuária multifacetada, moderna e capaz de acolher qualquer tipo de navios. FIGURA 7 - PORTO DE SINES

Fonte: Administração do Porto de Sines.

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FIGURA 8 - IMAGEM AÉREA DO PORTO DE SINES

Fonte: Google Earth

Para além das suas vantagens naturais e locacionais, o porto de Sines apresenta as seguintes vantagens competitivas, quando comparado com outros portos nacionais e estrangeiros: Um porto artificial, não localizado na embocadura de um rio, e portanto sem custos de dragagem e com capacidade de expansão; Uma multiplicidade de valências, que permite que um investidor possa importar matériasprimas por um dos terminais e exportar produtos acabados por outro dos terminais; Uma extensa zona logística e de implantação industrial em torno do porto, já infra-estruturada, sem limitações de espaço e rodeado de centros urbanos de pequenas dimensões que, se devidamente enquadrados na sua expansão, não “cercarão” o porto (como acontece em Lisboa ou Leixões); Um regime de trabalho único nos portos portugueses que permite uma operação 24 h sobre 24 h todos os dias do ano, por turnos e com elevados níveis de produtividade; Um terminal moderno, com despacho totalmente computorizado e actividade intensa de manobras computorizadas. O enorme potencial do porto de Sines, tanto à escala nacional como na sua articulação com a economia regional, é decisivo para a consolidação económica do Alentejo Litoral e para a viabilização das suas comunicações com a AML, com o Algarve, bem como com o interior do Alentejo e com a Estremadura e Andaluzia. O corredor rodoviário Sines-Beja-Vila Verde Ficalho pode vir a constituir um potencial de desenvolvimento regional, ancorado não só na plataforma logístico-industrial de Sines como também no aeroporto de Beja. Os investimentos no sector industrial e de produção de energia em curso, a par dos que se perspectivam na plataforma portuário-industrial de Sines, bem como os investimentos no sector turístico faixa litoral, dão forma a importantes transformações económicas e territoriais, que, como se retomará adiante, conduzirão a um reforço da posição do Alentejo Litoral, e em particular dos seus eixos mais dinâmicos, no conjunto da economia regional e nacional. Por outro lado, a linha de costa, marcada por um valor natural ímpar no contexto nacional e europeu, apresenta-se como uma das componentes estruturantes/emergentes da organização territorial da sub-região.

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2. DEMOGRAFIA 2.1. Península de Setúbal A Península de Setúbal tem apresentado nos últimos anos um significativo dinamismo demográfico, destacando-se no contexto da Área Metropolitana de Lisboa e do País como um dos territórios com maior crescimento da população residente (que nas duas últimas décadas cresceu cerca de 30%). Em 2009 residiam na sub-região cerca de 797 mil habitantes, o equivalente a cerca de 30% da população da AML. Almada e Seixal concentram cerca de 43% da população da sub-região. Esta proporção sobe para os 60% se se considerar o município de Setúbal. FIGURA 9 - POPULAÇÃO RESIDENTE - 2009

Fonte: INE.

Entre 2001 e 2009, o crescimento demográfico da Península de Setúbal foi de 10% (contra os 3,8% na AML). Em 2009, a taxa de crescimento efectivo2 foi de 0.9%, superior aos valores médios da AML (0,52%) e de Portugal (0,10%). Alguns municípios destacam-se pelos valores elevados de crescimento efectivo da população: Sesimbra (4,03%), Alcochete (3,65%) e Palmela (1,64%). Apenas o Barreiro apresenta uma tendência de perda demográfica, com um decréscimo populacional de 0,47%.

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Contabilização dos indivíduos que nascem e que morrem, que entram e que saem num dado país ou região num determinado período de tempo. Consiste no somatório do crescimento natural e do saldo migratório.

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FIGURA 10 -TAXA DE CRESCIMENTO EFECTIVO DA POPULAÇÃO - 2009

Fonte: INE.

Conclui-se que a positiva dinâmica demográfica da sub-região é consequência dos movimentos migratórios, se se considerar que o saldo natural tem acompanhado a tendência nacional de decréscimo (em 2009 foi de 0,26%, valor muito superior à média nacional de 0,03% e próxima da média metropolitana, de 0,23%). A percentagem de indivíduos estrangeiros que solicitaram a residência na região rondou naquele ano os 0,75%, valor superior aos registados na AML (0,57%) e no País (0,56%). Destaque para os municípios de Setúbal e Montijo, ambos com taxas superiores a 1% nesta variável. Um outro aspecto a salientar é a fraca tendência de envelhecimento demográfico observada na Península de Setúbal: em 2009, o índice de envelhecimento3 foi de 103.9 idosos por cada 100 jovens, ano em este indicador já atingia os 108,4 na AML e os 117,6 em Portugal. Os saldos migratórios4 positivos têm justificado as importantes proporções de população jovem na sub-região.

2.2. Alentejo Litoral Ao contrário da Península de Setúbal, nas últimas décadas o Alentejo Litoral tem registado uma dinâmica demográfica negativa. Desde 1960, a sub-região perdeu mais de 35000 habitantes, metade dos quais só no município de Odemira. Em 2009 residiam no Alentejo Litoral cerca de 95 mil habitantes, isto é, 12.6% da população do Alentejo. Mais de 45% da população da sub-região reside no eixo Santiago do Cacém-Sines. Sines é o município com maior dinamismo demográfico da sub-região, registando uma taxa de variação positiva da população de -1.2%, entre 1991 e 2009 (Sines é o único município com uma positiva taxa de crescimento efectivo da população, de 0,21%). O dinamismo demográfico 3

Relação existente entre o número de idosos e a população jovem. É expresso em número de residentes com 65 ou mais anos por 100 residentes com menos de 15 anos. 4 Diferença entre o número de entradas e saídas por migração, internacional ou interna, para um determinado país ou região, num dado período de tempo.

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e a proximidade daqueles dois aglomerados urbanos com Santo André (distância inferir a 15 km) determinam que o já referido triângulo Sines-Santiago do Cacém-Vila Nova de Santo André possua uma dimensão demográfica das mais significativas do Alentejo. FIGURA 11 - POPULAÇÃO RESIDENTE (2009)

FIGURA 12 - TAXA DE CRESCIMENTO EFECTIVO DA POPULAÇÃO (2009)

Fonte: INE.

A sub-região enfrenta uma forte tendência para o duplo envelhecimento da população residente: o envelhecimento pela base, marcado pela diminuição do número de jovens; o envelhecimento pelo topo, em virtude do forte crescimento do número de idosos (em 2009, cerca de 24% da população residente tinha mais de 65 anos).

3. ACTIVIDADES ECONÓMICAS, POLOS INDUSTRIAIS E CLUSTERS 3.1. Península de Setúbal Em 2009, o Produto Interno Bruto (PIB) a preços correntes da Península de Setúbal rondava os 9.1 mil milhões de euros (o equivalente a 5.4% do total nacional e a 15% do total da região Lisboa). Em

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termos de Valor Acrescentado Bruto (VAB), a relevância nacional e regional da sub-região rondava os mesmos valores. Naquele ano, o PIB per capita a preços correntes da sub-região era de 11.4 milhares de euros, valor inferior aos registados a nível nacional (de 15.8 milhares de euros) e na região Lisboa (21.7 milhares de euros). O índice de disparidade do PIB per capita da sub-região em relação à média nacional, permite aferir que a Península de Setúbal apresenta ainda um PIB per capita cerca de 28% abaixo do valor médio nacional. As actividades industriais representam cerca de 15% do total do VAB da sub-região (correspondendo a 6% do VAB industrial do País). Apesar de representar apenas cerca de 9% dos fluxos do comércio internacional em Portugal. Em 2009, a taxa de cobertura das entradas pelas saídas na sub-região foi de 101% (muito acima da média regional de 32% e da média nacional de 62%). Numa aferição à intensidade exportadora da sub-região, conclui-se que as exportações representam cerca de 40% do PIB regional. Em 2009, cerca de 185 mil indivíduos desenvolviam a sua actividade económica na Península de Setúbal, o equivalente a 5% do emprego total do país. As actividades económicas mais representativas em termos de emprego são: construção civil (12% do emprego total da sub-região), comércio a retalho (11%), administração pública (10%) e educação (8%). As actividades industriais representam cerca de 15% do emprego total da Península de Setúbal. Destacam-se as seguintes actividades industriais: indústrias alimentares e das bebidas (16% do emprego industrial), fabricação de produtos metálicos (14%), fabricação de veículos automóveis (13%), construção e reparação naval (10%) e indústria da madeira e da cortiça (10%). Em 2009, cerca de 72 mil empresas tinham sede nos municípios da sub-região (25% das quais em Almada, seguindo-se os municípios do Seixal e Setúbal, com valores respectivos de 20% e 17%). Os sectores de actividade económica mais representativos em termos empresariais são, por ordem decrescente de importância, o comércio por grosso e a retalho (33% do total de empresas), a construção civil (20%), o alojamento e restauração (11%) e as actividades imobiliárias e os serviços de apoio às empresas (10%). As actividades industriais representam apenas cerca de 5% do total de empresas com sede nos municípios da Península de Setúbal. No contexto das actividades industriais, os sectores com maior número de empresas com sede na sub-região são: as indústrias metalúrgicas de base e de produtos metálicos (26% das empresas industriais), a indústria têxtil (13%), as indústrias alimentares, das bebidas e do tabaco (12%), as indústrias de pasta e de papel (10%), as indústrias da madeira e da cortiça (8%) e a fabricação e material de transporte (5%). Os municípios de Almada e Seixal concentram cerca de 44% das empresas industriais da subregião, destacando-se na presença de empresas que desenvolvem as suas actividades no domínio das indústrias metalúrgicas e das indústrias alimentares. Em 2008, a taxa de natalidade de empresas na sub-região ultrapassou a média nacional (17.0% contra 14.2%). A taxa de mortalidade de empresas foi, em 2007, de 19.3% (também superior ao valor registado a nível nacional – 16.1%). No que respeita à estrutura dimensional das empresas, a Península de Setúbal é marcada pela forte dualidade: de um lado, empresas de pequena e média dimensão ligadas às actividades terciárias ou a determinados sectores industriais (mais tradicionais, como a metalomecânica, a produção de minerais não metálicos, as indústrias têxteis ou mesmo o agro-alimentar); do outro, empresas de grande dimensão, algumas de capital estrangeiro, pertencentes a sectores de fortes economias de escala (fabricação de material de transporte) ou ao sector da metalomecânica e reparação naval.

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A análise da distribuição dos trabalhadores por conta de outrem por empresas com menos de 10 trabalhadores ou com mais de 250 trabalhadores, permite ilustrar esta dualidade empresarial da sub-região. Cerca de 25% dos Trabalhadores por Conta de Outrem (TCO) da Península de Setúbal desenvolvem a sua actividade em empresas com menos de 10 trabalhadores (destacando-se os municípios da Moita, com 38%, de Sesimbra, com 36%, e Almada, com 31%). A nível nacional, a proporção de TCO em empresas daquela dimensão foi de 25%. Por seu turno, cerca de 28% dos TOC estão empregados em empresas com mais de 250 trabalhadores, com destaque para os municípios de Palmela (37%) e Setúbal (32%). A nível nacional esta proporção não ultrapassou os 24%. FIGURA 13 - TAXA DE TCO EM EMPRESAS COM MENOS DE 10 TRABALHADORES - 2008

Fonte: INE.

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FIGURA 14 - TAXA DE TCO EM EMPRESAS COM MAIS DE 250 TRABALHADORES - 2008

Fonte: INE.

Em 2009, as empresas da sub-região atingiram um volume de negócio de 15.2 mil milhões de euros. Os sectores mais representativos em termos de volume de negócios foram, por ordem decrescente de importância: comércio por grosso, excepto de veículos automóveis e motociclos (18% do volume de negócios total); fabricação de veículos automóveis, reboques, semi-reboques e componentes para veículos automóveis (12%); comércio a retalho, excepto de veículos automóveis e motociclos (11%); promoção imobiliária (desenvolvimento de projectos de edifícios) e construção de edifícios (5%); comércio, manutenção e reparação, de veículos automóveis e motociclos (4%). Antes de se abordar mais detalhadamente o perfil de especialização produtiva da Península de Setúbal, e ainda dentro da análise da importância do sector industrial da sub-região, é importante referir que o padrão industrial deste território tem nos últimos anos evidenciado uma significativa mudança: o predomínio das actividades secundárias parece estar definitivamente arredado do arco ribeirinho da Península de Setúbal. Perdeu a importância que já teve nos municípios de Almada, Seixal e Barreiro e surge, essencialmente, nas áreas imediatamente recuadas destes municípios e para o interior da sub-região, no alinhamento Montijo/Setúbal. Especialização da base produtiva O sector mais representativo na Península de Setúbal em termos de VAB é o da Administração Pública, responsável por 12% do VAB da sub-região, seguido das Actividades Imobiliárias, Alugueres e Serviços Prestados às Empresas (12%), do Comércio por Grosso e a Retalho (10%), da Educação (9%), da Construção (8%) e dos Transportes, Armazenagem e Comunicações (7%).

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A sub-região tem portanto uma forte presença do sector terciário: quer daquele que responde a necessidades básicas da população e das actividades económicas (Administração Pública e Acção Social, Educação, Saúde, Actividades Associativas e Serviços às Famílias, Comércio, Turismo e Restauração, Electricidade, Gás e Água); quer do terciário baseado em actividades mais intensivas em conhecimento, gestão da informação ou tecnologia (como os Serviços Prestados às Empresas, as Telecomunicações e Correios, as Actividades Informáticas, os Serviços Financeiros e Actividades Imobiliárias e as Indústrias Criativas). No entanto, a forte dependência funcional em relação a Lisboa tem limitado o crescimento das actividades terciárias e sobretudo das que são mais exigentes em conhecimento e tecnologia, não obstante o impacto pontual que a presença da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa tem tido no surgimento de pequenas empresas na área dos serviços informáticos e software. Um dos traços mais interessantes da evolução das actividades terciárias na Península de Setúbal é o desenvolvimento do Cluster Comunicação/Informação, com a multiplicação de pequenas empresas na área do “software” (como a CHIRON, a que não é estranha a presença daquela instituição universitária, ou a VIATECLA). Apesar da importância das actividades terciárias, o que continua a especificar a Península de Setúbal são em larga medida as actividades industriais. Em termos de peso no VAB, destacam-se: a Fabricação de Material de Transporte (que representa 6% do VAB e que integra não só a Indústria Automóvel como a Construção e Reparação Naval), as Indústrias Alimentares, das Bebidas e do Tabaco (4%) e a Fabricação de Equipamento Eléctrico e de Óptica (2%). Todavia, outros sectores industriais ainda fazem a diferença, como são exemplos o Material Electrónico, a Indústria Química Pesada, a Siderurgia e Metalurgia, a Indústria de Pasta e Papel e a Indústria Química Ligeira. Em termos de clusters industriais, o que especifica esta sub-região são as seguintes características: As suas actividades estão centradas no Cluster Automóvel, já desde a instalação do projecto Renault nos anos 80. Actualmente, e depois da saída da Renault, as actividades do cluster estão organizadas em torno de um construtor – a Volkswagen (VW) na AutoEuropa (AE) – e do seu grupo de fornecedores dedicados, localizados na maioria no parque industrial anexo às instalações fabris da AE. Para além da AE e dos seus fornecedores mais directos. Conta ainda com dois importantes fabricantes de autorádios – a Visteon do grupo Ford, que também se dedica à produção de equipamento de ar condicionado e a Pioneer. De referir que o cluster automóvel tem sido um forte indutor de investimento na economia da Península de Setúbal, em particular do município de Palmela, seja com origem em empresas estrangeiras, seja motivado pelo crescimento das empresas de base nacional. Com um peso de cerca de 0.7% no PIB nacional, a indústria automóvel da Península de Setúbal contribui para 12% da riqueza gerada neste território. Representa cerca de 16% do emprego industrial e 5% das exportações da sub-região.A produção da VW-Autoeuropa representa entre metade e ¾ do total de veículos produzidos em Portugal, constituindo-se como o maior gerador de emprego na montagem automóvel, com cerca de 3 mil empregos directos e um impacto total em termos de emprego na ordem dos 8 mil indivíduos. A indústria de componentes concentrada em torno de Palmela tem um volume significativo face ao total nacional. O sector de componentes em Portugal é composto por cerca de

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2 centenas de empresas, com áreas de actividade que vão desde a produção de peças para motor até ao fabrico de moldes e ferramentas. Em Palmela predominam as empresas de componentes de capital estrangeiro, consequência do fornecimento directo à VWAutoeuropa, sobretudo de módulos e sistemas de elevada complexidade em regime de proximidade. A sub-região poderá ser muito seriamente afectada em termos de desemprego futuro por deslocalização e encerramento de empresas na área da construção automóvel, dos componentes para a indústria automóvel e da electrónica automóvel. FIGURA 15 - PARQUE INDUSTRIAL DA AUTOEUROPA

FIGURA 16 - EXEMPLOS DE FORNECEDORES DA AUTOEUROPA

Analisando os principais fornecedores da Autoeuropa instalados no Parque Industrial, é possível distinguir três situações: As empresas estrangeiras que são fornecedores e ao mesmo tempo exportam directamente: exemplos da CONTINENTAL TEVES, da FAURECIA e da VANPRO (refira-se que esta empresa tem como sócios a JOHNSON CONTROLS e a FAURECIA e, além de produzir

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os assentos para todos os monovolumes produzidos na fábrica da AUTOEUROPA, fornece peças de substituição à Ford, Seat e Volkswagen); As empresas estrangeiras que são fornecedores dedicados: WEBASTO, TENNECO, BENTELER; As empresas nacionais que são fornecedores dedicados: o caso da INAPAL. Nos Clusters Madeira/Papel e Cortiça, a produção de pasta de papel e papel é uma tradição da sub-região, estando nela implantadas unidades fabris da Portucel e da Inapa. A transformação da cortiça, é outra actividade tradicional em que se integram empresas como a Interchampagne - Fabricante de Rolhas de Champagne, a Manuel Joaquim Orvalho, e que foi enriquecida com a implantação da AIS – Amorim Industrial Solutions, orientada para o desenvolvimento e fabrico de novos produtos com base na cortiça; No que respeita ao Macro Cluster Agro-indústrias, a sub-região partilha com a Lezíria do Tejo actividades de agricultura de regadio que suportam a transformação de produtos hortícolas e com o Oeste a transformação de carnes nomeadamente de suíno, apesar da diminuição registada nos últimos anos nesta actividade; de referir que chegaram a existir na Península de Setúbal, sobretudo no município do Montijo, cerca de 3 dezenas de empresas pertencentes a esta actividade industrial (os animais depois de transportados de comboio do Alentejo para este município, eram aí abatidos e enviados em peças para Lisboa). Actualmente, restam apenas 3 empresas, com destaque para a Carmonti, que resultou da fusão de 7 empresas de pequena e média dimensão. Esta empresa, localizada no Montijo, transforma carne fresca de suíno e produz salsicharia, exportando para países como Luxemburgo, Holanda, França e Cabo Verde, bem como para a RAPORAL . A sub-região tem ainda uma forte tradição nos vinhos de qualidade – J. M. Fonseca ou Bacalhoa Vinhos. No Cluster Equipamentos/Naval sobreviveram a Lisnave/Setenave, na reparação naval, e a Alstom, no fabrico de caldeiras para centrais termoeléctricas.

As plataformas de produção de bens intermédios das indústrias pesadas químicas e metalúrgicas que existiam na região – Seixal, em torno da Siderurgia Nacional (SN) e Barreiro/Lavradio, em torno do grupo CUF – foram profundamente transformadas durante a década de 90, nomeadamente após o processo de privatizações. No domínio da siderurgia, destacam-se algumas entidades que foram resultado do processo de privatização da SN: A Siderurgia Nacional - Empresa de Produtos Longos –, especializada no fio-máquina e no varão para construção civil; faz parte do grupo Atlansider, controlado pela Megasa – Metalúrgica Galaica. As suas duas unidades dispõem de fornos eléctricos com capacidade de 1 milhão de toneladas no Seixal e de 800 mil toneladas na Maia e, exportam para Espanha; A Lusosider - Aços Planos, especializada na produção de chapa de aço galvanizada e de folha de flandres. Depois de ter estado integrada sucessivamente nos grupos europeus Acelor e Corus, o seu controlo passou para a maior empresa brasileira do sector – a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Para além destas empresas está instalada no mesmo pólo a Gonvarri – Produtos siderúrgicos, especializada em serviços na área siderúrgica. E na metalurgia podem ainda referir-se a AMAL e a Metalurgica Central de Alhos Vedros

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No que respeita às unidades químicas do Grupo CUF, pode afirmar-se que no essencial o complexo do Barreiro foi desmantelado e que hoje apenas sobrevive como empresa exportadora a Fisipe - Fibras Sintéticas. Na Construção Civil/Obras Públicas destaca-se a ETERMAR As actividades ligadas à Agricultura, Produção Animal e Silvicultura representam cerca de 2% do VAB da sub-região. A par de uma agricultura minifundiária ribeirinha, ainda permanece na Península de Setúbal uma agricultura caracterizada por explorações de média e grande dimensão com uma orientação predominantemente agro-silvo-pastoril. O futuro desenvolvimento da Península de Setúbal poderá ser encarado sob três ângulos: industrial, turístico e de serviços. No que respeita à vocação Industrial, Setúbal poderá consolidar-se como o segundo pólo da indústria automóvel da fachada atlântica da Península Ibérica, em paralelo com Vigo, evitando dispersar ao longo do litoral português os investimentos internacionais na área-chave das funções de integração do Cluster Automóvel (montagem e fabrico de viaturas automóveis) e atrair para a região empresas de concepção e design automóvel que possam recrutar engenheiros nas Universidades da Área Metropolitana de Lisboa. Por outro lado, poderá desenvolver as actividades industriais do referido Cluster Comunicação/Informação, possivelmente centradas nos equipamentos de telecomunicações e nas comunicações/audiovisual para o automóvel. Empresas inovadoras como a EID ou multinacionais como a NEC, a Visteon e a Pioneer estão já presentes nestas actividades. Por outro lado, observando o crescimento da bacia energética da África Ocidental, será conveniente avaliar das oportunidades que pode abrir ao Cluster Naval para as actividades da exploração offshore. A vocação Turística apresenta fortes possibilidades de desenvolvimento, se se considerarem os grandes projectos previstos para Tróia e para o “eixo contínuo” Península de Setúbal/Alentejo Litoral, evitando a todo o custo o turismo de massa, e privilegiando as classes média/alta da Europa, desenvolvendo nichos como os de apoio ao desporto de alto rendimento. A macro-centralidade Setúbal/Tróia tem um enorme potencial de desenvolvimento nas vertentes de resort integrado, associadas ao Golfe, ao Turismo Residencial e Sol & Mar, dispondo já de uma oferta considerável e de inúmeros projectos em curso.O desenvolvimento de actividades agrícolas orientadas para as especialidades – vinhos, frutos e flores – pode, por sua vez, reforçar a imagem turística deste território. Quanto à vocação nos Serviços, verifica-se que em termos de Serviços Intensivos em Conhecimento, a presença da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova e do Madan Parque poderão constituir uma oportunidade para desenvolver um pólo de software e conteúdos multimédia. Por outro lado, poderá coordenar-se com as regiões da Grande Lisboa e Alentejo para o desenvolvimento das actividades de I&D, concepção e design para as indústrias Automóvel e Aeronáutica.

3.2. Alentejo Litoral Em 2009, a sub-região Alentejo Litoral contribui para pouco mais de 1% do PIB a preços correntes do País, com um valor de 1.7 mil milhões de euros. Em termos de PIB per capita a preços correntes, apresentou um valor de cerca de 18.5 mil euros, superior à média nacional de 15.8 milhares de euros, valor notoriamente empolado pelo caso de Sines. Este município, a par da Grande Lisboa e do Grande Porto, forma o conjunto restrito de territórios com um PIB per capita superior à média

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nacional, que, efectivamente, se deve à existência do pólo urbano-industrial de Sines, com uma especialização na fileira da petroquímica. A relevância nacional da sub-região é também reduzida quando aferida em termos de VAB, correspondendo a cerca de 1% do total nacional. Apesar de representar, em 2010, apenas cerca de 2% dos fluxos do comércio internacional em Portugal. Em 2009, a taxa de cobertura das entradas pelas saídas na sub-região foi de 132% (muito acima da média regional de 101% e da média nacional de 62%). As exportações representam cerca de 41% do PIB sub-regional. No que respeita ao emprego, em 2009, cerca de 20 mil indivíduos desempenhavam a sua actividade económica no Alentejo Litoral, representando apenas 0.5% do emprego nacional. As actividades agrícolas e pecuárias representam cerca de 13% do emprego, seguindo-se as actividades de alojamento e restauração (11%), da construção civil (10%), da Administração pública (9%) e do comércio a retalho (8%). O emprego industrial representa cerca de 10% do emprego total da sub-região, destacando-se as indústrias alimentares e de bebidas (23% do emprego industrial), a fabricação de gases industriais (18%), a fabricação de produtos metálicos (15%) e a indústria da madeira e da cortiça (10%). Em 2009, cerca de 9 mil empresas tinham sede nos municípios do Alentejo Litoral, destacando-se os municípios Santiago do Cacém (com cerca de 30% das empresas com sede na sub-região), de Odemira (26%) e de Grândola e Sines (cada um com cerca de 16%). Quanto aos sectores de actividade económica mais representativos em termos empresariais destacam-se por ordem decrescente de importância os seguintes: agricultura, produção animal e pesca (30% do total de empresas com sede na sub-região), comércio por grosso e a retalho (25%), construção (13%) e alojamento e restauração (12%). As actividades industriais representam apenas cerca de 5% do total de empresas com sede nos municípios do Alentejo Litoral. No contexto destas actividades industriais, destacam-se: as indústrias alimentares, das bebidas e do tabaco (28% das empresas industriais), as indústrias metalúrgicas de base e de produtos metálicos (25%) e as indústrias da madeira e da cortiça (20%), seguindo-se a longa distância a indústria têxtil (5%) e a fabricação de minerais não metálicos (4%). Os municípios de Santiago do Cacém e Odemira concentram cerca de 55% das empresas industriais com sede no Alentejo Litoral, evidenciando-se na presença de empresas que desenvolvem as suas actividades no domínio das indústrias alimentares e das indústrias metalúrgicas. A taxa de natalidade de empresas na sub-região foi, em 2008, superior à média nacional e regional (14.3% contra 14.2% e 13.6%, respectivamente). Por seu turno, em 2007, a taxa de mortalidade de empresas foi superior às referidas médias (16.4% contra 16.1% e 15.9%, respectivamente).

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FIGURA 17 - TAXA DE TCO EM EMPRESAS COM MENOS DE 10 TRABALHADORES - 2008

FIGURA 18 - TAXA DE TCO EM EMPRESAS COM MAIS DE 250 TRABALHADORES - 2008

Fonte: INE.

Em termos de estrutura dimensional das empresas, o Alentejo Litoral apresenta uma predominância de empresas de pequena e média dimensão – cerca de 28% dos Trabalhadores por Conta de outrem (TCO) desempenham a sua actividade económica em empresas com menos de 10 trabalhadores (valor superior à média nacional de 25%). Esta proporção ultrapassa os 40% em alguns municípios, como são exemplo Grândola (43%) e Odemira (41%), territórios marcados pela forte presença de actividades económicas ligadas à produção e transformação de produtos alimentares. Apenas 19% dos TCO integram empresas com mais de 250 trabalhadores (valor abaixo da média nacional de 24%). É em Sines que se verifica a maior proporção de trabalhadores em empresas desta dimensão, o que se explica pela presença neste município de grandes unidades industriais ligadas a sectores de fortes economia de escala e mais intensivos em mão-de-obra. Em 2009, as empresas do Alentejo Litoral alcançaram cerca de 985 milhões de euros de volume de negócios. Os sectores mais representativos em termos de volume de negócios foram, por ordem decrescente de importância: comércio a retalho, excepto de veículos automóveis e motociclos (33% do volume de negócios total); comércio por grosso (inclui agentes), excepto de veículos automóveis e motociclos (19%); armazenagem e actividades auxiliares dos transportes (12%); promoção imobiliária (desenvolvimento de projectos de edifícios) e construção de edifícios (9%); actividades imobiliárias (8%).

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Especialização da base produtiva O VAB industrial representou, em 2007, cerca de 19% do VAB total do Alentejo Litoral (apesar de representar apenas cerca de 1% do VAB industrial nacional), destacando-se as actividades de fabricação de coque, produtos petrolíferos e combustível nuclear (67% do VAB industrial da subregião), de fabricação de produtos químicos (20%, que, a par da actividade anterior, evidencia o papel decisivo do complexo industrial de Sines) e as indústrias alimentares e de bebidas (6%). Refira-se que a agricultura, silvicultura e produção animal ainda representam cerca de 10% do VAB do Alentejo Litoral, equivalendo a 5% do VAB nacional desta actividade produtiva. A sub-região tem as suas principais actividades distribuídas pela agricultura, pecuária, silvicultura; pelo terciário de apoio básico às populações e às actividades económicas (Administração Pública e Acção Social, Actividades Associativas e Serviços às Famílias, Educação, Saúde, Comércio, Turismo e Restauração e Transportes) e pela Construção. Na indústria destaca-se a Indústria Química Pesada. Em termos de actividades exportadoras o que especifica esta sub-região são as seguintes características: A existência do Complexo Portuário e Industrial de Sines (CPIS), construído em torno de um porto de águas profundas inicialmente vocacionado para funções na área energética (movimentação de recursos energéticos como o carvão, o petróleo e seus derivados). Nele se localizam: a maior refinaria de petróleo da Petrogal; um complexo petroquímico de olefinas e poliolefinas (polietileno e polipropileno) da Borealis Polímeros; uma unidade de produção negra de fumo da Carbogal, participada pelo grupo químico e metalúrgico alemão Degussa (actualmente detido pela Evonik Industries AG); uma unidade de produção de formaldeído da Euroresina, do grupo SONAE. A expansão, naquela Plataforma, de um importante pólo energético que integra dois parques eólicos, uma central termoeléctrica da EDP e o terminal de desliquefação de gás natural, de abastecimento do País. Com a criação deste novo terminal de gás natural liquefeito abriram-se novas oportunidades para a produção energética através de centrais de ciclo combinado. Estão previstas duas grandes centrais de co-geração, no complexo da Refinaria da GALP Energia e na petroquímica da REPSOL YPF. A presença de empresas ligadas à Metalomecânica, como a Metalsines, que apostaram na internacionalização concorrendo a obras de construção e manutenção industrial de complexo petroquímicos e de plataformas petrolíferas localizadas em toda a faixa atlântica. Esta actividade poderá vir a ser incrementada com a expansão do pólo industrial de Sines - com os grandes investimentos anunciados (antes da eclosão da crise financeira internacional) por empresas como a Galp Energia ou a Repsol YPF, com as centrais de ciclo combinado, com a expansão do porto de contentores e da própria Zona de Actividades Logísticas. A presença do Macro-Cluster Agroindústrias através da produção e exportação de legumes frescos e preparados, nomeadamente da responsabilidade da Iberian Salads (marca Vitacress), de pequenos frutos (exemplo da Lusomorango) e de flores (exemplo da Europrotea). Não é de mais referir que o Alentejo Litoral apresenta uma elevada especialização num conjunto reduzido de actividades, com destaque para as indústrias pesadas ligadas ao CPIS e para a agricultura de especialidade concentrada sobretudo nos municípios de Odemira, Alcácer do Sal e Grândola (reveste-se de elevada importância todo o perímetro de rega do Mira, em Odemira). A par de uma agricultura tradicional, familiar e de subsistência, emerge uma actividade altamente competitiva, com a produção de horticultura, fruticultura e floricultura em unidades de produção muito

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modernas (estufas), algumas delas detidas por importantes grupos estrangeiros. No município de Odemira existe já cerca de uma dezena de empresas ligadas à hortofrutícola e floricultura, que geram um volume de negócios superior a 100 milhões de euros. Muitas destas empresas estão a apostar no aumento de produção e, consequentemente, no aumento do emprego nestas actividades. No seu conjunto, e nos períodos de maior produção, as empresas chegam a empregar cerca de 2500 pessoas, a maioria das quais provenientes dos países de Leste. A produção total daquelas actividades na sub-região estende-se por 1500 hectares, mas poderá vir a duplicar nos próximos anos. Empresas como a Sudoberry SA, FRUPOR, a Iberian Salads ou a Camposol, pretendem alargar a sua produção. Prevê-se que até 2013 mais de 8 mil postos de trabalho possam vir a ser criados no município de Odemira, com a expansão das áreas de cultivo de morangos, framboesas e legumes. A Lusomorango (Organização de Produtores de Pequenos Frutos), que agrupa empresas de capitais americanos do grupo Driscol (como a BerryPort, LusoBerries, LusoFarms) e a empresa portuguesa Casa Prudêncio. No que respeita à floricultura, a procura de Odemira para a localização das principais empresas ligadas a esta actividade deve-se às propícias condições edafo-climáticas do município. Uma das empresas, a Europrotea, investiu na criação de proteas, flor originária da África do Sul, e de outras espécies, algumas delas raras. A produção da Europrotea foi iniciada em finais da década de 90 numa vasta área entre a Zambujeira do Mar e o Cabo Sardão. Dos 80 hectares da herdade, 20 estão preenchidos com flores, 6 com cultivo de batata-doce, 1,5 com agricultura biológica e 5 com floresta. Cerca de 2 hectares estão reservados a actividades de I&D. Além da Europrotea, existem no município de Odemira duas empresas estrangeiras de produção de flores e uma outra empresa, portuguesa, junto ao cabo Sardão. A referida Camposol, situada junto a Almograve e gerida por um inglês radicado na região há mais de duas décadas, dedica-se ao cultivo de relva, tendo já instalado “tapetes verdes” em muitos estádios de futebol na Europa.

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FIGURA 19 - PENÍNSULA DE SETÚBAL E ALENTEJO LITORAL PRINCIPAIS ACTIVIDADES E EMPRESAS Embalagens CORTIÇAS Amcor Amorim Industrial Sol. Crown Cork Manuel Joaquim Orvalho

Reparação Naval

Lisnave Hempel Tintas Euronavy

Pasta/Papel

Continental Teves Rieter Elo Vanpro Assentos Faurecia Tenneco

Turismo Comporta

Agricultura especialidade

Sapec Agro

Fisipe

Tróia Resort

Iberian Salads Lusomorango Europrotea Camposol

Gás natural, carvão e electricidade

Indesit

Fabricação Automóvel Autoeuropa

Refinação de Petroquímica Comp. Petroquímica Galp Energia Petróleos do Barreiro Repsol Polimeros

Electrónica Comunicações Ydreams Electrónica Alcoa Fujikura

PENÍNSULA SETÚBAL

Biocombustíveis Necton – Companhia Portuguesa Culturas Marinhas

Alstom Fabrico Carbogal Electrodomésticos

Componentes p/ Automóvel

Defesa/Aeronáutica Empordef Edisoft Lauak

ALIMENTAÇÃO

Fibras Maurifermentos Sintéticas Bunge Ibérica

Siderurgia Nacional Cimentos Secil Lusosider Gonvarri Feragueda Codimetal Prenso Metal

Costa Terra Pinheirinho

VINHOS

José Maria da Fonseca

Portucel Baluarte

Siderurgia

ALENTEJO LITORAL

Euroresinas Neste Oil

Automóvel

Visteon Lear Corporation

FIGURA 20 - PENÍNSULA DE SETÚBAL E ALENTEJO LITORAL LOCALIZAÇÃO DAS ACTIVIDADES INDUSTRIAIS MAIS REPRESENTATIVAS EM VOLUME DE NEGÓCIOS

Seixal

ALENTEJO LITORAL Moita Montijo

Indústrias metalúrgicas e produtos metálicos

Sesimbra

Odemira

Grândola

Indústrias alimentares Indústrias alimentares

Alcochete

Palmela

Fabricação material transporte

Barreiro Setúbal Fabricação de coque, produtos petrolíferos e produtos químicos

PENÍNSULA SETÚBAL

Santiago Cacém

Madeiras e cortiça Indústrias metalúrgicas e produtos metálicos

Sines

Almada Construção/reparação naval Fabricação de pasta e papel

Fabricação de coque, produtos petrolíferos e produtos químicos

De seguida apresentam-se algumas empresas que se destacam em sectores de actividades de especialização da Península de Setúbal, com relevância não só ao nível da sub-região como também da economia nacional

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CAIXA 1 - AUTOEUROPA A Autoeuropa constitui o maior projecto de investimento directo estrangeiro em Portugal. A fábrica foi inaugurada a 26 de Abril de 1995 e produz actualmente monovolumes para a Volkswagen (VW) e Seat, a Sharan e a Alhambra, respectivamente, e também o descapotável VW Eos. Em pré-produção tem o desportivo Volkswagen Scirocco, que deverá chegar ao mercado em meados de 2008. Em Dezembro de 2006 alcançou com uma produção média de 215 MPVs (Multi Purpose Vehicle) VW Sharan e 230 VW Eos por dia e um volume de vendas de 1.412 milhões de euros. Conta com cerca de 2850 colaboradores e 670 fornecedores (dos quais 11% são portugueses). Naquele ano, a empresa comprou 617 milhões de euros aos fornecedores portugueses. Do total, 452 milhões corresponderam a materiais de produção. Os modelos produzidos em Palmela apresentam uma incorporação média da indústria nacional da ordem dos 50%. Alguns fabricantes de componentes estabeleceram-se em Portugal com o intuito principal de abastecer a Auto-Europa. Localizados, vários deles, no parque industrial anexo às instalações da AE; estes fornecedores “dedicados” exportam directamente pouco; como exemplos destacam-se: Donnelly – Indústria de Componentes Automóveis, Lda (espelhos retrovisores); Edscha Portugal & Comandita (dobradiças, pedais e conjuntos pedaleiros, tampões de gasolina, travão de mão); Tenneco Automotive Portugal, Lda (sistemas de escapes). Outros produtores de componentes, num conjunto restrito, localizaram-se em Portugal para fornecer as suas casa mãe localizadas na Europa e não apenas a AE. É o caso da Delphi e mais recentemente os japoneses da Denso (grupo Toyota) tomaram uma posição no principal fabricante e exportador português de radiadores João de Deus e Filhos SA. Apenas cerca de 1,5 % da produção da Autoeuropa tem como destino o mercado português. Em 2007 a fábrica investiu 88,1 milhões de euros, destinados à preparação da produção do Scirocco, o novo modelo apresentado em Genebra em Março de 2008. A percentagem média de incorporação nacional foi naquele ano de 51%, abaixo dos 54% que se verifica nos MPV. A VW passou a produzir em Portugal, além do desportivo Scirocco, os sucessores dos monovolume Sharan e SEAT Alhambra. A Autoeuropa, juntamente com a Siemens, Bosch e Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã, é promotora da ATEC - Academia de Formação, a funcionar no parque industrial anexo à fábrica. A ATEC tem como objectivo formar e aperfeiçoar as competências dos colaboradores dos seus promotores, jovens e empresas suas clientes em profissões de elevada procura pelo mercado de trabalho. Desta forma, procura preparar os seus formandos para o mercado de trabalho através de uma forte componente prática e assente num processo de aprendizagem contínua, tendo em conta a necessidade permanente de adaptação à procura das empresas. A ATEC intervém essencialmente nas seguintes áreas: automóvel, maquinação, mecanotecnia, soldadura, condução de veículos industriais, automação, domótica, electrónica e electrotecnia. De referir que a Autoeuropa integra o Pólo de Competitividade e Tecnologia Automóvel e Mobilidade, reconhecido formalmente como Estratégia de Eficiência Colectiva em Julho de 2009. Fontes: Autoeuropa, API e imprensa.

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CAIXA 2 - VISTEON A Visteon detém três modernas unidades industriais em Portugal, as quais produzem componentes electrónicos, controlos climáticos e plásticos. Esta empresa tem desempenhado um papel importante no município de Palmela desde que, em 1991, investiu numa unidade de 82.100 metros quadrados. Na sequência do sucesso alcançado, a Visteon realizou, em 1998, um investimento adicional de 110 milhões de euro, numa nova unidade de compressores. Em Junho de 2003, foi assinado um contrato de investimento no montante de 49 milhões de euros, designado para a implementação, em Palmela, de um Centro de Engenharia e um Centro de Integração de Produção e Design, beneficiando assim da vantagem de esta ser a única unidade produtiva da Visteon a produzir componentes áudio em toda a Europa. Cerca de quatro milhões de unidades, divididos por auto-rádios, compressores e sistemas de ar condicionado para automóveis, são produzidos anualmente, fornecendo marcas como a Fiat, a Ford, a Nissan, a Jaguar, a VW e a MercedesBenz. Actualmente, o investimento realizado pela Visteon em Portugal ascende a 289 milhões de euros, em três unidades fabris: Fábrica de componentes electrónicas: Esta unidade produz auto-rádios, amplificadores, sistemas de CD’s, módulos de controlo activados por voz, sistemas de temperatura electrónicos, módulos de controlo de válvulas de aquecimento e clusters de instrumentos. Aproximadamente 2 milhões de unidades são produzidos anualmente para grandes montadores, incluindo empresas como a FIAT, o Grupo Ford (Aston Martin, Ford, Jaguar e Mazda), a Mecedes-Benz, a Renault, a Nissan e o Grupo VW. Fábrica de compressores: Esta unidade apresenta-se como uma das mais avançadas do mundo da sua classe, ao produzir compressores, o “coração” dos sistemas de ar condicionado para automóveis, destinados a motores de fraca e média potência, com claras vantagens quando comparados com os sistemas de pistão típicos. Os principais benefícios encontram-se, sobretudo, no desempenho, mais suave e silencioso, na durabilidade e na minoração do consumo de combustível. Unidade de produção de plásticos - esta unidade, iniciou as suas operações em 1997 e representou um investimento de 5,8 milhões de dólares. Detém três instrumentos para a produção de moldes de plástico por injecção com capacidade para 1.000 toneladas e quatro aparelhos com capacidade para 300 toneladas, permitindo assim, fornecer todas as componentes de distribuição de ar para a VW Sharan, a Ford Galaxy e o SEAT Alhambra, todos produzidos na VW AutoEuropa. A implementação de um Centro de Integração de Produção e Design, em Junho de 2003, representou um investimento estratégico tanto para a Visteon Portugal como para a indústria automóvel nacional. Fontes: Visteon, API.

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CAIXA 3 - PORTUCEL /SOPORCEL O Grupo Portucel Soporcel é uma das mais fortes marcas de Portugal no mundo, com posição de grande relevo no mercado internacional de pasta e papel. Está entre os cinco maiores produtores de papéis finos não revestidos (UWF – Uncoated Woodfree) da Europa e é também o maior produtor europeu, e um dos maiores a nível mundial, de pasta branca de eucalipto (BEKP – Bleached Eucalyptus Kraft Pulp). A sua marca Navigator lidera as vendas à escala mundial no segmento premium de papéis de escritório. É líder de mercado no fornecimento de pasta branca de eucalipto para o segmento de papéis especiais, que representa mais de 50% das vendas, e para o segmento de papéis de impressão e escrita não revestidos de elevada qualidade. A aquisição da Soporcel pela Portucel, concretizada em 2001, representou um importante passo no sentido da reestruturação da indústria papeleira em Portugal, tendo em vista a criação de um grupo nacional forte no sector da pasta e papel. O Grupo dispunha no final da última década de uma capacidade produtiva de 1 milhão de toneladas de papel e de 1,3 milhões de toneladas de pasta (das quais cerca de 700 000 integradas em papel), além de ser responsável pela gestão de mais de 130 mil hectares de floresta. Exporta mais de 90% das suas v endas totais. É também o maior produtor nacional de energias renováveis a partir de biomassa (produz quase 70% da energia eléctrica a partir da valorização deste recurso). Tendo como principal destino dos seus produtos a Europa, o Grupo dispõe de uma rede de vendas própria, com estruturas de apoio nas principais cidades europeias, além dos EUA. No domínio da I&D, é de destacar a actividade da RAIZ – Instituto da Investigação da Floresta e Papel, empresa onde o Grupo detém uma participação de 94%, nomeadamente na área do melhoramento genético do eucalipto, matéria prima de excelência para o fabrico de papéis de elevada qualidade, e na melhoria das práticas de gestão florestal. A estrutura produtiva do Grupo, que conta com aproximadamente 2 mil colaboradores, corresponde a três complexos industriais, localizados em Setúbal, Figueira da Foz e Cacia. O Complexo Industrial de Setúbal, localizado na Mitrena, é composto por duas unidades industriais que funcionam de forma integrada: a fábrica de pasta de eucalipto branqueada que fornece cerca de 40% da sua produção à fábrica de papel de impressão e escrita, cujas capacidades de produção são de 340 mil toneladas/ano e de 270 mil toneladas/ano, respectivamente. Com cerca de 800 colaboradores, a fábrica de pasta de Setúbal é uma das mais importantes do Sul da Europa, tanto em dimensão como em tecnologia. Entre as suas vantagens competitivas, destacam-se o excelente desempenho energético e a sua ecoeficiência (autosuficiente na produção de energia, através da queima de biomassa, a fábrica gera excedentes que vende à rede eléctrica nacional). Tendo como matéria-prima o eucalipto «globulus», proveniente da floresta portuguesa, esta fábrica recorre ao processo «kraft» na produção de pasta branca para o fabrico de papéis de impressão e escrita de elevada qualidade. O papel produzido é transformado em formatos reduzidos (cerca de 50%), formatos gráficos (30%) e bobines (20%) e destina-se aos mercados local e europeu de escritório, offset, préimpressão e envelopes, onde se distingue pela qualidade e comportamento na aplicação. De referir que o Grupo Portucel/Soporcel integra o Pólo de Competitividade e Tecnologia Indústrias de base Florestal, reconhecido formalmente como Estratégia de Eficiência Colectiva em Julho de 2009. Fontes: Grupo Portucel Soporcel/Secill.

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CAIXA 4 - SECIL O mesmo grupo empresarial que controla a PORTUCEL/SOPORCEL, é também detentor do controle da segunda cimenteira nacional – a SECIL, fundada em 1930. Com uma produção anual na ordem de 4 milhões de toneladas de cimento, assegura mais de 35% das necessidades de cimento em Portugal. Embora o núcleo central da sua actividade seja a produção de cimento, a Secil integra um conjunto de cerca de 40 empresas, operando em áreas complementares como a produção de betão, prefabricados de betão, cal hidráulica, rebocos, revestimentos, fibrocimentos, etc., ou ainda a exploração de pedreiras. A Secil assegura a sua produção destinada ao mercado português através das suas fábricas Secil-Outão (Setúbal), Maceira-Liz (Leiria) e Cibra-Pataias (Alcobaça). A nível internacional, está presente na Tunísia, onde detém maioritariamente uma fábrica de cimento - a Société des Ciments de Gabès. Está também presente em Angola, com uma participação de 51% na TecnoSecil, empresa que explora a fábrica de cimento no Lobito, Angola. Adquiriu igualmente uma importante participação financeira na empresa Ciment de Sibline, s.a.l., localizada a sul de Beirute no Líbano. Os principais accionistas da Secil são a Semapa (SGPS), SA e a CRH plc com participações no capital social, respectivamente, de 51% e 49%. A Semapa é uma holding cotada na EuroNext Lisboa, tendo como accionista maioritário a família Queiroz Pereira, com fortes tradições nas actividades industrial e financeira portuguesas. Com sede na Irlanda, a CRH plc é um grupo internacional de materiais para a construção, presente em 23 países. O complexo fabril do Outão integra uma das maiores fábricas de cimento existentes em Portugal. Já por volta de 1970, dispunha de 6 fornos em laboração, com uma produção diária de 1.000 toneladas de cimento Portland. Actualmente, com uma produção anual superior a 2 milhões de toneladas dos vários tipos de cimento cinzento, todo o processo de fabrico no Outão é feito por via seca, o que, aliado à possibilidade das suas linhas de fabrico poderem queimar carvão, fuelóleo, gás e “pet-coke”, lhe dá grande flexibilidade, permitindo a optimização do consumo energético e a obtenção de excelentes índices de consumo de combustíveis por tonelada de cimento produzida. No domínio da embalagem, dispõe de modernos sistemas de ensacamento e de empacotamento plastificado (no que foi pioneira em Portugal), estando equipada para efectuar a paletização automática e o posterior carregamento para camião ou navio. Fonte: SECIL.

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CAIXA 5 - LISNAVE A LISNAVE é o corolário de uma evolução empresarial começada em finais do século XIX, a partir da fusão (em 1898) de duas pequenas empresas químicas (para fabrico de sabão, sabonetes, velas, óleos e tabaco) - a Companhia União Fabril e a Companhia Aliança Fabril. Também os adubos eram uma área central de actividades que foi sofrendo importantes evoluções, com a aposta em adubos mais complexos (superfosfatos). A necessidade de embalar estes fertilizantes conduziu ao desenvolvimento de uma indústria de sacaria e, portanto, a uma diversificação para o ramo têxtil. Por outro lado, a necessidade de os transportar levou à construção no Barreiro de um cais de embarque e de uma pequena metalomecânica para construções e reparações diversas. Esta expansão da empresa levou à vontade de ter acesso a fontes de financiamento por si directamente controladas, daqui resultando o controle, através de uma parcela significativa do seu capital, da Casa Bancária José Henriques Totta, em 1921. A atenção dada aos transportes levou a interesses da CUF nas colónias, permitindo o desenvolvimento do ramo dos óleos alimentares tropicais. É também em resultado do interesse nos transportes que, a partir dos anos 30 do século XX, a exploração do Estaleiro Naval da Rocha do Conde de Óbidos é concedida ao grupo CUF pela Administração-Geral do Porto de Lisboa. Foi a partir da experiência daqui resultante que, 30 anos depois, o grupo se lançou num dos seus mais importantes projectos: a criação da LISNAVE (em 1961), empresa de construção e reparação naval, e a construção do estaleiro Sul, na Margueira, Almada (inaugurado em 1967). A LISNAVE tornara-se então num dos maiores estaleiros de reparação naval do mundo, beneficiando do trânsito dos grandes petroleiros pela Rota do Cabo, ganhando competências nas grandes transformações de navios, como o “jumboizing”. O grupo CUF, que através desta empresa estava associado a estaleiros suecos e holandeses, decidiu portanto lançar-se na construção e reparação naval, com a construção de estaleiros de reparação noutros pontos do mundo, como no Bahrein, em Jedah, e Curaçao. Com a instalação de um novo estaleiro em Setúbal – a SETENAVE, Estaleiros Navais de Setúbal (em 1973) –, capaz de construir os maiores petroleiros então existentes, ao mesmo tempo que tomava o controlo dos Estaleiros Navais de Viana de Castelo, vocacionando-os para a construção de navios graneleiros e para transporte de produtos químicos. No presente, a estrutura accionista da Lisnave é: Navivessel SA (72,8%), ThyssenKrupp Marine Systems (20%); Estado Português (2,97%) e outros accionistas (4,23%). A actividade de reparação naval, concentrou-se fundamentalmente nos segmentos de mercado tradicionais da empresa – navios transportadores de granéis, líquidos e sólidos – constituindo estes segmentos de mercado cerca de 76% dos navios reparados. É de assinalar a continuidade da actividade em outros segmentos de mercado, entre os quais, para além dos navios transportadores de produtos refrigerados e navios de carga geral, importa referir os navios de transporte de contentores, os navios de passageiros e os navios transportadores de gás liquefeito (LNG e LPG). A Lisnave, hoje fora do Grupo CUF, e com uma taxa de exportação da sua actividade na ordem dos 98%, tem apostado em actividades de I&D, destacando-se a participação em projectos europeus como o CAS (Cost effective inspection and structural maintenance for ship safety and environmental protection throughout its life cycle), o Safe Offload (Safe Offloading from Floating LNG Platforms), o Marvin (Maritime Virtual Enterprise Network), Themes (Thematic Network for Safety Assessment of Waterborne transport), o Wondermar II (Wide Open Network for Development and Research in Maritime Industries), o Manatee (Maritime Advanced Network for Anticipating Information Technology Needs for E-Work Environment in Safety at Sea) e o Intermar (Intelligent Supply Chain Management for the Extended Maritime Enterprise), entre outros. Entre uma panóplia de armadores de todo o mundo, fiéis clientes da Lisnave, destaque para a AET Eagle Shipmanagment de Singapura, para a Bergesen Worldwide Ltd, proprietária e operadora da maior frota mundial de navios de Gás Natural Liquefeito (LNG). e para a Maersk A.P. Moller. Este grupo representa cerca de 20% do PIB dinamarquês, detém estaleiros navais, uma rede de supermercados, uma companhia aérea e plataformas no Mar do Norte, além de várias subsidiárias como a Svitzer Wijsmuller (maior empresa de rebocadores do mundo, presente no porto de Lisboa). Fonte: Lisnave.

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CAIXA 6 - REPSOL YPF A Repsol YPF S.A é uma empresa espanhola no domínio do petróleo e gás natural, formada a partir da compra da empresa estatal argentina YPF pela empresa espanhola Repsol. É uma das dez maiores empresas petrolíferas do mundo, com mais de 37 mil empregados e presente em cerca de 3 dezenas de países, sendo a maior empresa privada energética na América Latina (em termos de activos). Desenvolve a sua actividade nos seguintes sectores: - Refinação de petróleo: é a maior empresa de refinação de petróleo em Espanha e na Argentina, estando também presente no Brasil e Peru. Detém nove refinarias, com uma capacidade de refinação de mais de 1,2 milhões de barris de petróleo por dia. Comercializa os seus produtos petrolíferos em 12 países da Europa e América Latina, através de uma ampla rede de mais de 6.800 pontos de venda – é mesmo o operador líder na Argentina e em Espanha e um dos principais no Peru e Equador. No que respeita ao Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), atinge vendas anuais superiores a 3 milhões de toneladas, sendo a terceira maior empresa mundial neste sector. - Petroquímica – a empresa desenvolve este sector sobretudo em Espanha, Argentina e Portugal. Os mercados mais importantes são a Europa e os países do Mercosul. - Gás e electricidade – a Repsol YPF distribui gás natural, directamente ou através das suas filiais, a mais de 9 milhões de clientes em Espanha e sobretudo na América Latina. As vendas totais de gás natural ascendem a mais de 36 mil milhões de metros cúbicos (bcm). O projecto de crescimento previsto pela empresa para o complexo petroquímico de Sines contemplava (antes da eclosão da crise financeira) a construção de duas novas fábricas de produtos plásticos (polietileno linear e polipropileno), de 300 toneladas/ano de de uma unidade de cogeração para a produção de energia eléctrica. Este projecto permitiria ampliar a capacidade do cracker (fábrica de petroquímica básica que produz matérias primas básicas a partir de matérias primas da refinaria) em mais de 40%, atingindo as 570 mil toneladas/ano e criando 370 postos de trabalho. Fonte: Repsol YPF.

4. RECURSOS HUMANOS - EDUCAÇÃO BÁSICA E SECUNDÁRIA 4.1. Península de Setúbal Cerca de 67% da população activa empregada da Península de Setúbal concluiu no máximo o 3º Ciclo do ensino básico e 23% frequentou e concluiu o ensino secundário. Apenas 10% detém o ensino superior. A taxa de retenção e desistência no ensino básico foi no ano lectivo 2008/2009 de 10.2%, superior à média nacional de 7.8%. É nos municípios da Moita, Montijo e Setúbal que esta taxa de retenção e desistência assume os valores mais elevados. As taxas de insucesso escolar aumentam, em função do ciclo de ensino e a sub-região apresenta mesmo valores de insucesso - em todos os ciclos - superiores às médias nacionais. É ao nível do 3º Ciclo do ensino básico que a retenção e desistência é mais gravosa: 23% (acima da média nacional de 14%) e que atinge os cerca de 28% nos municípios de Montijo e Moita. Desde o ano lectivo 2000/2001 que se verificam perdas anuais de alunos inscritos neste nível de ensino superiores a 2%. Apenas cerca de 11% dos estudantes residentes na Península de Setúbal frequentam o ensino superior (a média nacional é de 16,9%). A percentagem de alunos do ensino secundário inscritos na vertente profissional é reduzida. No ano lectivo 2008/2009, apenas cerca de 22% dos alunos do ensino secundário estavam inscritos em cursos profissionais de Nível 35 (o equivalente a cerca de 2400 alunos). Em termos nacionais esta proporção atingia os 30%. 5

Ensino profissional - ensino secundário com um referencial temporal de três anos lectivos, vocacionado para a qualificação inicial dos jovens, privilegiando a sua inserção no mundo do trabalho e permitindo o prosseguimento de estudos. Confere diploma de conclusão do ensino secundário e certificado de qualificação profissional de nível 3.

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Existem na sub-região 8 Escolas Profissionais, distribuídas pelos municípios de Almada (E. P. de Almada, E. P. de Educação para o Desenvolvimento, E. P. de Música), Barreiro (E. P. Bento de Jesus Caraça), Montijo (E. P. do Montijo) e Setúbal (E. P. António Sérgio, E. P. Bento de Jesus Caraça e E. P. de Setúbal). No que se refere ao ensino tecnológico6, no ano lectivo 2008/2009 cerca de 930 alunos frequentavam cursos tecnológicos (o equivalente a apenas 6% dos alunos inscritos a nível nacional neste tipo de cursos). Destacaram-se os cursos tecnológicos na área da informática, da administração, da acção social, da multimédia e do desporto. FIGURA 21 - ALUNOS INSCRITOS EM CURSOS TECNOLÓGICOS POR ÁREA CIENTÍFICA – PENÍNSULA DE SETÚBAL (% TOTAL INSCRITOS NESTE TIPO DE CURSOS) ANO LECTIVO 2008/2009 Const. Civil e Edificaçõ es 0%

Electrotecnia e Electrónica 5%

Desporto 13% Informática 29%

Acção Social 16%

A dministração 17%

Ordenamento do Território e Ambiente 0% M arketing 8%

Design de Equipamento 2% M ultimédia 10%

Fonte: Ministério da Educação.

A Escola Superior de Tecnologia de Setúbal e a Escola Superior de Tecnologia do Barreiro estão a lançar na sub-região vários Cursos de Especialização Tecnológica7 em áreas relevantes para o tecido industrial e empresarial e com notória intensidade tecnológica. QUADRO 1 - CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO TECNOLÓGICA NA PENÍNSULA DE SETÚBAL – ANO LECTIVO 2009/2010 Instituição Promotora Escola Superior de Tecnologia de Setúbal

Designação do CET Automação e Instrumentação Industrial Desenho e Projecto de Construções Mecânicas Electromedicina Estudo e Projecto de Sistemas de Refrigeração e Climatização Gestão de Oficinas Automóvel Instalações Eléctricas, Manutenção e Automação Qualidade Alimentar Qualidade Ambiental Sistemas Electrónicos e Computadores Tecnologias e Programação de Sistemas de Informação Telecomunicações e Redes

Escola Superior de Tecnologia do Barreiro

Construção e Obras Públicas

Fonte: Direcção Geral do Ensino Superior.

6 Ensino tecnológico ensino secundário com a duração de três anos lectivos - 10. º, 11.º e 12.º anos de escolaridade que se sestina preferencialmente aos jovens que desejam ingressar no mundo do trabalho após o 12.º ano de escolaridade tendo, no entanto, a possibilidade de ingresso no ensino superior. Confere um diploma de estudos secundários e um certificado de qualificação profissional de nível 3. 7 Cursos de Especialização Tecnológica - cursos pós-secundários não superiores, que conferem uma qualificação profissional de nível 4, que visam suprir as necessidades verificadas, no tecido empresarial, ao nível de quadros intermédios, capazes de responder aos desafios colocados pelo mercado de trabalho.

-

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4.2. Alentejo Litoral Mais de 75% da população activa empregada do Alentejo Litoral detém, no máximo, o 3º Ciclo do ensino básico (30% não ultrapassou o 1º Ciclo do ensino básico). Cerca de 20% concluiu o ensino secundário e apenas uma reduzida parte (3%) frequentou e concluiu o ensino superior. A taxa de retenção e desistência no ensino básico foi no ano lectivo 2008/2009 de 10.1% (ultrapassando a média nacional de 7.8%). Ao nível do 3º Ciclo de ensino básico aquela taxa atinge os 18.4% na sub-região. Sines destaca-se com o valor mais elevado de retenção e desistência (14.3% para o conjunto do ensino básico e 26.8% para o 3º Ciclo do ensino básico). Apenas cerca de 8% dos estudantes residentes no Alentejo Litoral frequentam o ensino superior (a média nacional é de 16,9%). Em termos da rede de infra-estruturas formativas, a sub-região dispõe de três escolas profissionais: a E. P. Bento Jesus Caraça (Sines), a Escola Tecnológica de Sines (ETS) e a E. P. Agrícola de Grândola (EPA). De destacar a ETS, que resultou da antiga escola da empresa Borealis e agrega a Administração do Porto de Sines, a própria Borealis, a Câmara Municipal e a empresa PGS S.A. Ministra cursos em áreas com elevada procura por parte das empresas localizadas no município de Sines (informática/gestão, electrónica/instrumentação, química tecnológica). De referir ainda a importância da Fundação Odemira, que ministra cursos profissionais no domínio da hotelaria. No que respeita ao ensino tecnológico, apenas uma centena de alunos estava naquele ano lectivo a frequentar aquele tipo de ensino. Assumem maior relevância os cursos tecnológicos nas áreas da informática, administração e design de equipamento. FIGURA 22 - ALUNOS INSCRITOS EM CURSOS TECNOLÓGICOS POR ÁREA CIENTÍFICA – ALENTEJO LITORAL (% TOTAL INSCRITOS NESTE TIPO DE CURSOS) ANO LECTIVO 2008/2009

Const. Civil e Edificações 0%

Acção Social 17%

Electrotecnia e Electró nica 8%

Desporto 6%

Info rmática 25%

Ordenamento do Território e Ambiente 0%

A dministração 24%

Design de Equipamento 20%

M arketing 0% M ultimédia 0%

Fonte: Ministério da Educação.

Relativamente aos Cursos de Especialização Tecnológica, no Alentejo Litoral apenas existe um curso deste tipo: técnicas e gestão de hotelaria, promovido pelo Instituto Superior de Estudos Interculturais e Transdisciplinares de Santo André.

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5. RECURSOS HUMANOS - ENSINO SUPERIOR E INVESTIGAÇÃO A principal instituição de ensino superior da Península de Setúbal e Alentejo Litoral é a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. Criada em 1977, está vocacionada para o ensino e investigação nas áreas das ciências exactas, ciências biológicas, tecnologias e engenharias. É também importante a presença do Instituto Politécnico de Setúbal, que integra a Escola Superior de Educação (em Setúbal), a Escola Superior de Ciências Empresariais (Setúbal), a Escola Superior de Saúde (Setúbal) e a Escola Superior de Tecnologia (em Setúbal e no Barreiro). De referir também a presença de instituições de ensino superior particular e cooperativo: a Dinensino (Setúbal) e o Instituto Jean Piaget (que integra a Escola Superior de Educação de Almada e o Instituto Superior de Estudos Interculturais e Transdisciplinares, em Almada e Santo André). Refira-se o projecto de desenvolvimento do INESLA – Instituto Superior de Estudos do Litoral Alentejano, uma parceria entre o Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) e a Câmara Municipal e Grândola. Este projecto corporizou a ambição de criar um pólo universitário em Grândola, muito embora esteja desactivado no momento presente.

5.1. Diplomados do ensino superior De acordo com dados fornecidos pela Direcção Geral de Ensino Superior, no ano lectivo 2008/2009 diplomaram-se nas instituições de ensino superior da Península de Setúbal cerca de 2 mil indivíduos, o equivalente a 87% do total de diplomados Estes dados integram os 3 Ciclos do ensino superior, isto é, licenciaturas, mestrados e doutoramentos. Como seria de esperar, as licenciaturas foram o nível de ensino que produziu o maior número de diplomados. No Alentejo Litoral, diplomaram-se apenas 4 indivíduos (licenciatura em Motricidade Humana/ Desporto do Instituto Superior de Estudos Interculturais e Transdisciplinares de Santo André). A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa destaca-se com o maior número de diplomados do total de instituições de ensino superior: 573 licenciados (29% do total), 75 mestres (100%), 50 doutores (100%) e 78 diplomados de cursos de especialização pós-licenciatura (70%). No conjunto dos diplomas obtidos, dominam as ciências de engenharia (30% do total de diplomados), seguindo-se a Educação e a Economia e Gestão (ambas com 15%) e a Saúde/Cuidados Pessoais (13%). Cerca de 75% dos diplomados em ciências de engenharia concluíram os seus estudos na Faculdade de Ciências e Tecnologia, destacando-se os cursos de engenharia informática, engenharia civil, engenharia do ambiente e engenharia electrotécnica e de computadores.

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FIGURA 23 - DIPLOMADOS POR ÁREA CIENTÍFICA (% TOTAL) – ANO LECTIVO 2008/2009

Turismo , Despo rto e Lazer 3%

Humanidades e Direito 6%

Recursos Naturais e Ambiente 2% Ciências Vida A rtes 2% 1%

Serviços Sociais 5%

Ciências Engenharia 30%

Ciências Exactas e Computação 8%

Saúde - Cuidados Pessoais 13% Eco nomia e Gestão 15%

Educação 15%

Fonte: Direcção-Geral do Ensino Superior.

5.2. Investigação Em 2008, cerca de 2.6 milhares de indivíduos desenvolviam actividades de I&D na Península de Setúbal, repartidos pelo meio empresarial e pelas instituições de ensino superior. As despesas em I&D atingiam os 150.5 mil milhares de euros. A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova tem um conjunto de Centros e Institutos de I&D (indicando entre parênteses o nº de investigadores) com forte expressão nacional em três áreas de C&T: Biotecnologia e Química Fina - onde detém a maior concentração de investigadores do País, através do CQFB - Centro de Química Fina e Biotecnologia (429), do ITQB - Instituto de Tecnologia Química e Biológica (327) e do CREM – Centro de Recursos Microbiológicos (25); Ciências da Computação e Tecnologias da Informação - graças a quatro Centros: o CITI - Centro de Informática e Tecnologias da Informação (86), o CENTRIA -Centro de Inteligência Artificial (52), o CRI – Centro de Robótica Inteligente (73) e o CMA – Centro de Matemática e Aplicações (58); Ciências e Tecnologias dos Materiais, graças ao CENIMAT - Centro de Investigação em Materiais (71) e ao CEFITEC –Centro de Física e Investigação Tecnológica (50). Para além destes, existem ainda outros centros de I&D em áreas de Ciências e Tecnologias: o CEG - Centro de Estudos Geológicos (19); o CIGA -Centro de Investigação em Geociências Aplicadas (26); o CIEC - Centro de Investigação em Estruturas e Construção (30); a UNIDEMI – Unidade de investigação e Desenvolvimento em Engenharia Mecânica e Industrial (16); a UBA - Unidade de Biotecnologia Ambiental(25). Três destes Centros estão incorporados em Redes Nacionais organizadas nalguns casos sob a forma de Laboratórios Associados. Assim: O CQFB está integrado no REQUIMTE - Laboratório Associado de Química Verde, Tecnologias e Processos Limpos, em parceria com o Centro de Química da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto; O CENIMAT está integrado no I3N - Instituto de Nano estruturas, Nano modelização e Nano fabricação, em parceria com o Instituto de Polímeros e Compósitos da Universidade do Minho e com o Centro de Física dos Semicondutores, Optoelectrónica e Sistemas Desordenados da Universidade de Aveiro;

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O ITQB está associado ao IBET – Instituto de Biologia Experimental e Tecnologia e ao IGC – Instituto Gulbenkian de Ciência. As actividades de I&D da FCT /UNL distribuem-se por dois Pólos Pólo OEIRAS – onde estão localizados o ITQB, o instituto associado IBET, e onde se estruturaram parcerias com instituições de I&D localizadas no mesmo Pólo como o IGC Instituto Gulbenkian de Ciência; Pólo TRAFARIA – junto das instalações da Faculdade de Ciência e Tecnologia, onde estão localizados os outros centros de I&D referenciados e onde se localiza o parque de C&T Madan Parque.

FIGURA 24 – FACULDADE DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA UNL – PRINCIPAIS CENTROS DE I&D

CENIMAT

IGC

CEFITEC

TRAFARIA

REQUIMTE/ CQFB

OEIRAS

CREM

CITI

ITQB

UBA

IBET

CMA

EAN/

CENTRIA

CRI

De salientar que a FCT/UNL integra o Pólo de Competitividade e Tecnologia TICE.PT, reconhecido formalmente como Estratégia de Eficiência Colectiva em Julho de 2009.

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Seguidamente são referidas mais em detalhe as actividades dos Centros do Pólo da Trafaria nas três áreas atrás referidas:

CAIXA 7 - BIOTECNOLOGIA E QUÍMICA FINA Considerando o conjunto constituído pelos dois centros referidos atrás - CQFB e o CREM – as principais áreas em que decorre a investigação em Biotecnologia e Química Fina no pólo da Trafaria são as seguintes: Química Fina - envolvendo nomeadamente as áreas de síntese selectiva e química estrutural; Screening e Síntese de Compostos Naturais; Fotoquímica e química supra molecular, química orgânica física e química radicalar (CQFB); Engenharia Química - em que se destacam as áreas de engenharia das reacções químicas; termodinâmica e processos de separação; engenharia bioquímica e de processos biocatálise em solventes não aquosos e não tóxicos (CQFB); Bioquímica – em que se destacam as áreas de bioinorgânica e engenharia das proteínas, bioquímica física de proteínas; cristalografia de proteínas (CQFB); Biologia Molecular e micro biologia – em que se destacam as áreas de Biologia Molecular dos Fermentos e Biologia Molecular de Bactérias e Fungos Patogénicos (CREM). Na Figura seguinte indicam-se exemplos de projectos de I&D financiados pela FCT no concurso de 2004 e que envolveram o CQFB: FIGURA 25 – CQFB

CQFB Novos cofactores de molibdénio e cobre em proteínas de bactérias redutoras de sulfato Redução enzimática de (per) lorato

Controlo ambiental& bio remediação

Tecnologias “limpas” & processos de produção Espectroscopia de proteínas orientadas em polímeros condutores

Interacções proteína/proteína-soft docking,RMN e outras restrições

Desenvolvimento de biosensores enzimáticos para controlo e monitorização de amostras ambientais

Cobalto no metabolismo de redutoras de sulfato, incluindo nova proteína de cobaltocorrinóide Caracterização bioquímica de proteínas bacterianas com actividade bioremediativa

Fotocromismo de compostos de flavílio em sistemas bifásicos água/líquidos iónicos

Produtos naturais_ screening e preparação

Catalisadores, Solventes &compostos não tóxicos

Caracterização estrutural e funcional de nitrato reductases e formato desidrogenases Estudos cinéticos e mecanísticos da redução de superóxido

Novos dispositivos supramoleculares:nov os métodos de síntese e aplicações multifuncionais

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CAIXA 8 - CIÊNCIAS DA COMPUTAÇÃO E TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Considerando no seu conjunto os três centros referidos - CITI, CENTRIA e CRI - as principais áreas em que decorre a investigação em Ciências da Computação e Tecnologias da Informação no pólo da Trafaria da FCT/UNL são: Engenharia de Software – incluindo bases teóricas, ferramentas e técnicas para especificação, programação e verificação bem como processos de desenvolvimento de software, incluindo as Linguagens de Programação e Modelos; a investigação teórica sobre fundamentos da computação global, em aspectos como computação distribuída e móvel (CITI); Processamento Paralelo e Distribuído e Computação Distribuída- incluindo linguagens distribuídas e modelos de execução; ferramentas para o desenvolvimento de aplicações paralelas e distribuídas e estudo de ambientes orientados para aplicações paralelas heterogéneas e distribuídas (CITI); um dos temas em investigação em computação distribuída diz respeito à computação móvel; Computação Gráfica, Multimedia e Interacções Homem – Máquina - incluindo computação gráfica, processamento em linguagem natural e processamento em Media, Visualização e Interacção havendo múltiplas actividades envolvendo sistemas de informação geográfica (CITI); Tecnologias de Linguagem Humana, centrando-se em web e text mining, sistemas de processamento adaptativo em linguagem natural; busca e obtenção de informação em linguagem transparente, etc. (CITI); Representação do Conhecimento – em que se pretende desenvolver o trabalho anterior em programação lógica e concretizar a sua aplicação à representação do conhecimento e ao raciocínio, incluindo os agentes de lógica racional computacional (CENTRIA); Sistemas de Informação inteligentes – incluindo a definição da semântica para a web, a integração de bases de dados heterogéneas graças à semântica web, o desenvolvimento de agentes inteligentes para a classificação automática de documentos; os sistemas de diálogo em linguagem natural para a busca de informação, em sistemas inteligentes de informação; Computação Soft - em que uma das preocupações é o desenvolvimento de aplicações de inteligência artificial à medicina, nomeadamente em bio informática (CENTRIA e CRI); Microelectrónica e ferramentas CAD para a síntese automática e Processamento de Sinal (CRI); Integração de Sistemas e Interoperabilidade (CRI); Robótica e Integração de Fabrico (CRI); Computação soft e agentes autónomos (CRI); Sistemas Embebidos e Reconfiguráveis (CRI).

CAIXA 9 - CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS DOS MATERIAIS Considerando no seu conjunto os dois centros referidos – CENIMAT e CEFITEC - as principais áreas em que decorre a investigação em Ciências e Tecnologias dos Materiais no pólo da Trafaria da FCT/UNL são Materiais para electrónica e opto electrónica e nano fabricação - desenvolve actividade em tecnologias de filmes finos (semicondutores, óxidos condutores e materiais isoladores); processos de micro electrónica (incluindo as tecnologias de fabrico de circuitos integrados) e conversão energética (células e sistemas de energia solar) destacando-se a I&D em silício amorfo e em sensores de posição em silício (CENIMAT); Materiais Poliméricos e Mesomorfos, destacando-se a I&D em cristais líquidos (CENIMAT); Materiais Estruturais- desenvolve actividades em processamento e caracterização de ligas com memória de forma, compósitos metal-matrix, química dos cristais , vidros e cerâmicos(CENIMAT); Estruturas e Materiais Dieléctricos- desenvolve actividades em preparação e caracterização de electetes poliméricos, polímeros piezo e piro eléctricos, cerâmicos e compósitos, compósitos polímero/cerâmicos electro activos, sensores “inteligentes” ,estruturas adaptativas, biosensores e materiais biodieléctricos (vd. cortiça)(CENIMAT); Física das Superfícies e Interfaces - incluindo o estudo de iões, electrões e átomos emitidos pelas superfícies, na sequência de colisões com outros iões e fotões; bem como desenvolvimento de tecnologias da criogenia aplicados á obtenção de superfícies muito frias e de tecnologia e metrologia de vácuo (CEFITEC); Foto ionização e espectrometria de massa (CEFITEC); Feixes moleculares e plasmas, incluindo concepção de equipamento e processos para revestimentos e filmes finos (CEFITEC); Óptica e Imagem (CEFITEC). O CENIMAT tem registado várias patentes e construído protótipos nomeadamente na área da opto electrónica, tendo larga experiência de colaboração empresarial com multinacionais – algumas presentes em Portugal – como a SIEMENS, EPCOS, AUTOEUROPA, AKZO NOBEL. O CENIMAT integrou em 2006 uma Rede Nacional, concretizada no 13N Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelização e Nanofabricação, em conjunto com o Instituto de Polímeros e Compósitos da Universidade do Minho e do Grupo de Física dos Semicondutores, Opto electrónica e Sistemas Desordenados da Universidade de Aveiro

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Refira-se que o Departamento de Ciências dos Materiais da FCT/UNL anima o CEMOP - um Centro Tecnológico vocacionado para a I&D nas áreas da micro electrónica, opto electrónica e tecnologias afins, participando em vários projectos de investigação nacionais e internacionais dispondo de uma câmara limpa e tecnologias de processos e caracterização que lhe permitem apoiar formação avançada e desenvolvimento de protótipos nem tecnologias de películas finas; tecnologias de dispositivos da micro electrónica e opto electrónica (sensores ópticos, sensores de imagem e de gases, células solares, circuitos integrados etc); concepção e produção de novos materiais e dispositivos; revestimentos tribológicos para aplicações industriais; caracterização eléctrica e óptica. Na Figura seguinte indicam-se os projectos de I&D financiados pela FCT no concurso de 2004 e que envolveram o CENIMAT

FIGURA 26 – CENIMAT

CENIMAT Novos Elastómeros com propriedades ajustáveis para a nano e micro litografia

Transistores transparentes de filme fino baseados em óxidos de zinco, para utilização em mostradores flexíveis

Transistores com base em óxidos de zinco para mostradores flexíveis Materiais p /electrónica e opto electrónica

Materiais Poliméricos e Mesomorfos

Desenvolvimento de óxidos semicondutores (óxidos de zinco ) transparentes e condutores

Técnicas de sol-gel para fabrico de electrólitos para dispositivos electrocrómicos

Estabilidade, escoamento e propriedades viscoelásticas dos polímeros líquidos cristalinos

Fundição centrífuga longitudinal de compósitos de matriz de alumínio de propriedades reforçadas por microesferas ocas

Dispositivos em silício amorfo, incluindo sensores de posição Materiais Estruturais

Materiais Dieléctricos &Estruturas

(metais, cerâmicos & compósitos)

FIGURA 27 - ÁREAS DE INVESTIGAÇÃO DOS CENTROS DE I&D Screening & Síntese de Compostos Naturais Processos de Produção “limpos” em Química fina e Biotecnologia Controlo Ambiental & Bioremediação Catálise, Solventes & Compostos n/Tóxicos

Biologia Molecular dos Fermentos

Materiais Polimé ricos & Mesomorfos

Biologia Molecular de Bactérias e Fungos Patogénicos

Materiais p/Electró nica & Optoelectró nica

Tecnologia de Películas Finas CEMOPCentro Tecnolgico

Materiais Dielé ctricos e Estruturas

CREM

REQUIMTE/ CQFB

Departº Ciência Materiais

Materiais Estruturais

Nanofabricaçã o

Depart º Física CEFITEC

Processamento Paralelo & Distribuído, Computaçã o Distribuída

Tecnologias de Linguagem Humana

Representaçã o do Conhecº , Raciocínio e Prograrmaçã o em Lógica Sistemas Inteligentes de Informaçã o

Micro electró nica & Processamento de Sinal Robó tica & Fabrico

CITI

CMA

CENTRIA

CRI

Computaçã o Soft & Fuzzy Optimization

Ó

Sistemas Embebidos & Reconfigurá veis Telecomunicaçõ es

Integradoo Soft & Computaçã Agentes Autó nomos

Ciência & Tecnologia Superfícies Foto ionizaçã o Feixes Moleculares, & Plasmas

Integraçã o Sistemas & Interoperabilidade

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Revestimentos triboló gicos p/aplicaçõ es industriais

CENIMAT

Software Engineering _ Linguagens de Programaçã o & Modelos

Computaçã o Grá fica, Processamento media , Visualizaçã o e Interacçã o

Tecnologias de dispositivos médicos

Óptica & Imagem

CAIXA 10 - O CENIMAT E A ELECTRÓNICA EM PAPEL A equipa de cientistas do CENIMAT – Centro de Investigação em Materiais, liderada por Rodrigo Martins e Elvira Fortunato (Cenimat/I3N) da FCT/UNL conseguiu pela primeira vez em Julho de 2008 tornar o papel parte integrante de um transístor, usando-o como isolante em vez do tradicional silício. Este novo dispositivo rivaliza em performance com as mais avançadas tecnologias de filme fino (TFT, thin film transistor) e apresenta um custo de produção reduzido, uma vez que a celulose, da qual deriva o papel, é o biopolímero mais abundante na Terra. Como se pode ler na página da Agência Ciência Viva, um transístor é um dispositivo com três terminais, fonte, dreno e porta. Esta equipa desenvolveu transístores de efeito de campo (FET, field effect transistor) em que a corrente eléctrica que passa entre a fonte e o dreno é controlada pela tensão aplicada ao terceiro terminal, a porta. Para que o dispositivo funcione, é necessário que a porta esteja electricamente isolada da fonte e do dreno, papel desempenhado pelo referido isolante eléctrico, ou dieléctrico. Mais ainda, estes cientistas fabricaram FET’s utilizando os dois lados de uma folha de papel. Numa das faces depositaram o material que opera como porta e na outra construíram a estrutura correspondente aos restantes terminais. Desta forma, o papel actua simultaneamente como isolante eléctrico e como suporte do próprio dispositivo. Entre as explorações possíveis desta tecnologia de baixo custo contam-se aplicações no campo da electrónica descartável, nomeadamente ecrãs, etiquetas e pacotes inteligentes, chips de identificação ou aplicações médicas na área dos biosensores, especialmente para diagnósticos. Alguns meses depois, esta mesma equipa anunciou ter conseguido pela primeira vez no mundo armazenar informação em fibras de papel. Estas memórias retêm informação durante 14 mil horas (um ano e meio) e são descartáveis, podendo ser usadas e deitadas fora ou recicladas. Os chips baseados em fibras de papel serão muito mais baratos do que os actuais e terão um grande potencial de aplicação em áreas tão diversas como etiquetas de identificação por radiofrequência para os produtos dos supermercados ou bagagens nos aeroportos, notas (dinheiro) com dispositivos electrónicos de segurança, selos de correio lidos por máquinas inteligentes, etc. Em Abril de 2009, patentearam o transístor electrocrómico, que muda a cor a qualquer superfície contínua onde é implantado. Os transístores poderão ser aplicados em superfícies de papel, vidro, cerâmica (azulejo), metal ou qualquer polímero (plástico, borracha, poliuretano, poliestireno, etc.), tendo um grande potencial de aplicação em todo o tipo de ecrãs – computador, TV, telemóvel, PDA – bem como nos suportes de publicidade estática. Com os transístores electrocrómicos, a equipa da UNL consegue uma significativa redução de custos nos processos, já que podem ser produzidos por jacto de tinta através de uma vulgar impressora cujos tinteiros foram cheios com uma solução de cor amarelada que contém nanopartículas electrocrómicas - material que, por aplicação de uma tensão eléctrica, muda de estado de oxidação, isto é, muda de cor. Actualmente, os mostradores ou ecrãs electrónicos funcionam com transístores vulgares e pixéis (os elementos de informação mais pequenos numa imagem digital) feitos de cristais líquidos (LCD) ou baseados na tecnologia OLED (díodos emissores de luz). A inovação dos cientistas portugueses “é uma solução dois em um”: o pixel é o próprio transístor, o que reduz custos no processo de fabrico. A Samsung lançou já no mercado mundial um novo ecrã de TV com tecnologia de óxidos semicondutores criada na Universidade Nova de Lisboa, que permitiu ganhos de 300% na funcionalidade dos dispositivos. A multinacional francesa Saint-Gobain e o grupo brasileiro Suzano, uma das maiores produtoras integradas de celulose e papel da América Latina, assinaram já parcerias com esta equipa de investigadores. As patentes dos transístores e da memória electrónica em papel foram registadas sob a marca Paper-e. Fonte: Ciência Viva.

6. A INOVAÇÃO EMPRESARIAL NA REGIÃO De seguida apresenta-se uma análise mais detalhada da inovação empresarial, de acordo com duas componentes: por um lado a inovação empresarial mais directamente ligada à Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova e ao Madan Parque e, por outro, as actividades de inovação em empresas estabelecidas na região.

6.1.- O Madan Parque e a criação de empresas com base na universidade Associado à FCT/UNL, destaca-se o parque de ciência e tecnologia Madan Parque. Localizado no campus da Faculdade, é um centro de interface que tem como objectivo constituir um pólo tecnológico de empresas e gerir projectos de inovação e transferência tecnológica.

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O Madan Parque encontra-se em fase de instalação definitiva, depois de ultrapassadas as etapas de constituição jurídica e de construção dos primeiros Centros de Inovação, actualmente em pleno funcionamento - o Centro de Excelência para o Ambiente, o Centro de Robótica Inteligente, o Centro de Microelectrónica e Optoelectrónica de Processos e o Centro de Diversificação Curricular. Os agentes promotores desta instituição de interface são a Câmara Municipal de Almada, a Câmara Municipal do Seixal, a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, o UNINOVA – Instituto de Desenvolvimento de Novas Tecnologias e a Reitoria da Universidade Nova de Lisboa. Desenvolve um conjunto de actividades que incluem: o A incubação de empresas de base tecnológica; o A promoção e divulgação das ciências e tecnologias; o A promoção da propriedade industrial no ambiente académico em que se insere; o A disseminação de informação estratégica para as empresas. Promove fóruns de debate entre os vários actores industriais, incluindo a OGMA, universidades e centros tecnológicos e de investigação e os responsáveis dos investimentos militares aeronáuticos, que permitem o estabelecimento de canais facilitadores de eventuais parcerias e a detecção de oportunidades de negócio. O Madan Parque conta com 18 empresas instaladas, das quais 75% são iniciativas intra-campus. Os sectores de actividade privilegiados são: tecnologia de informação (80%), materiais, tecnologia química, física, química, ambiente, energia e biotecnologia. FIGURA 28 - EMPRESAS INSTALADAS NO MADAN PARQUE

Fonte: Madan Parque.

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Das actividades de I&D da FCT/UNL e do próprio Madan Parque resultaram bons exemplos de empresas inovadoras e spin offs:

CAIXA 11 - YDREAMS A YDreams é uma empresa de soluções tecnológicas, fundada em Junho de 2000 por um grupo de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, especialistas em tecnologias de informação, telecomunicações, processamento de imagem, sistemas de geo-informação e engenharia do ambiente. Desenvolve tecnologia pioneira em áreas como espacial, meios de comunicação interactivos, realidade aumentada e jogos para dispositivos móveis, entre outros. Disponibiliza produtos, soluções personalizadas e serviços para quatro áreas diferentes, através de unidades de negócio independentes: (i) Advertising; (ii) Entertainment; (iii) Educação & Cultura; (iv) Ambiente & Qualidade de Vida. Estabeleceu-se como uma empresa reputada no uso criativo da tecnologia, em Portugal e noutros mercados onde opera, que incluem a Holanda, Espanha, Reino Unido, Alemanha, China, Estados Unidos e Brasil. Entre as tecnologias concebidas pela YDreams estão: aplicações em sistema de informação geográfica, interfaces baseadas em sensores de movimento, biometria, processamento de imagem e soluções em realidade aumentada. Entre os projectos desenvolvidos, destacam-se: Cubo Vodafone - A YDreams desenvolveu a tecnologia que permite utilizar um telemóvel para jogar e aceder a conteúdos remotos num ecrã gigante incorporado nesta instalação de 4 x 4 metros. O Cubo encontra-se na sede da Vodafone em Lisboa e foi desenvolvido em parceria com a IDEO e a BCA Britain, tendo sido distinguido com um prémio pela revista Business Week; Adidas Eye Ball – a empresa desenvolveu toda a componente tecnológica desta instalação de seis metros de altura que promoveu a Adidas no Campeonato do Mundo de Futebol de 2006 em várias capitais europeias; MUPI Interactivo Nokia N90 – concepção e instalação de um MUPI (Mobiliário Urbano Para Informação) equipado com sensores de movimento e uma câmara fotográfica para promover um telemóvel da Nokia, em parceria com a JCDecaux; Virtual Sightseeing – Miradouro virtual para explorar paisagens através de uma câmara que recolhe imagens em tempo real. Instalado no Castelo de Pinhel e no Pão de Açúcar no Rio de Janeiro, Brasil. Uma área de grande visibilidade da empresa é o desenvolvimento de jogos para telemóvel. Também integra a iniciativa Reality Computing, onde colaboram também o Departamento de Ciência dos Materiais (CENIMAT) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova e o laboratório de química REQUIMTE/CQFB. A iniciativa pretende desenvolver produtos para o mercado global, utilizando computação não-digital para criar interactividade em suportes como o papel ou tecidos. A empresa está sedeada no campus da Universidade Nova de Lisboa no Monte da Caparica, possuindo também escritórios em Lisboa, Xangai, Barcelona, Rio de Janeiro e representação no mercado dos Estados Unidos. No início de 2006, o Banco Espírito Santo - Espírito Santo Tech Ventures - e a empresa americana Herrick Partners entraram como accionistas na YDreams, através de um investimento que totalizou os 8,5 milhões de Euros. De referir que a YDreams integra o Pólo de Competitividade e Tecnologia TICE.PT, reconhecido formalmente como Estratégia de Eficiência Colectiva em Julho de 2009. Fontes: Ydreams e imprensa.

CAIXA 12 - ACACIA SEMICONDUTORS A Acacia Semiconductor foi fundada no final de 2003 como um spin-off do grupo de Microelectrónica e Processamento de Sinais do CRI-UNINOVA, uma unidade de I&D associada à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. Tem desenvolvido um portfolio inovador de produtos IP (de Propriedade Intelectual) de elevado desempenho para conversão de dados, visando aplicações em comunicações com e sem fios, vídeo digital, processamento de imagem e sensores, imagiologia e equipamentos biomédicos, através de técnicas de design analógico inovadoras e de um software proprietário de design e optimização de circuitos. Em Outubro de 2007, foi adquirida pela multinacional Silicon & Software Systems (S3), líder no fornecimento de soluções de design em semicondutores (ou produtos IP) para sinais mistos analógicos e digitais em aplicações de electrónica de consumo, TV digital, TV móvel e sistemas avançados de cuidados de saúde. Fundada em 1986 e sedeada na Irlanda, a S3 tem Centros de Design na Irlanda (Dublin e Cork), na Europa Central (Polónia e República Checa) e irá contar com um novo Centro de Design em Portugal. Fontes: Acacia Semiconductor e Silicon & Software Systems.

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CAIXA 13 - OS SPIN OFFS DA FCT/UNL TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO DECLARATIVA O Centro de I&D da Declarativa no Madan Parque foca-se no desenvolvimento de ferramentas de software, tendo em vista cooperação com o Centro de Inteligência Artificial e com o Departamento de Informática, através de projectos conjuntos ao nível de tese de mestrado e superior; evoluirá para incluir também uma função de suporte técnico a clientes na região de Lisboa. PH INFORMÁTICA A Administração Pública Local é o principal cliente da PH Informática. A oferta da empresa tem como principal objectivo dotar as Autarquias de meios para a participação activa dos cidadãos. VORTAL – LABORATÓRIO DE I&D A Vortal (Connecting Business) é uma empresa portuguesa de tecnologias de informação, líder em plataformas electrónicas de negócio para empresas sobre Internet, com destaque para o mercado electrónico econstroi e vortalGOV. Presente em Portugal e Espanha, a empresa conta actualmente com 1900 milhões de euros de transacções efectuadas através das suas plataformas. ITCODE A Itcode, tecnologias de informação, desenvolve aplicações desktop e internet, e serviços complementares. As soluções são completas e integradas, desde a análise de requisitos à posterior assistência pós-projecto, passando pelo hardware de suporte, dimensionamento de recursos, e ainda formação do cliente. Especializou-se em plataformas web, de variada complexidade, e migração de aplicações desktop para internet. Conta com uma framework, desenvolvida in-house, que possibilita o desenvolvimento rápido de aplicações. WEBEFFECT A Webeffect é uma empresa constituída por elementos com vasta experiência em desenvolvimento de aplicações triplenet (internet, extranet, intranet) e mobile (telemóveis, pdas). Vocacionada para o sucesso de negócios online, dispõe de soluções integradas de tecnologia, conhecimento e marketing. WEBWARE MOBILE A equipa que constitui a Webware Mobile desenvolve projectos online desde 1997 e é responsável pelo desenvolvimento e gestão de diversas comunidades virtuais. Esta organização desenvolveu um dos primeiros portais WAP portugueses e é ainda pioneira na criação de plataforma de mobile marketing. HOLOS A HOLOS tem como objectivo criar soluções que respondam às necessidades dos seus clientes, entender as solicitações e as mudanças a nível tecnológico e antecipar a resposta aos crescentes desafios de gestão e utilização da Informação. A HOLOS oferece aos seus clientes benefícios estratégicos através das mais avançadas tecnologias em Sistemas de Informação. IN4TOOLS A In4tools tem como missão o aconselhamento e o fornecimento de soluções globais na área das tecnologias de informação, desenvolvendo produtos e serviços inovadores que criem valor para os clientes. JAVALI A JAVALI é um empresa especializada na segurança, implementação e desenvolvimento de sistemas informáticos, recorrendo sempre que possível a sistemas e ferramentas de código aberto (Open Source). SIMBIOSE A SIMBIOSE oferece soluções interactivas baseadas nas mais modernas tecnologias, para as áreas da Internet, Intranet, comércio electrónico e multimédia, dedicando-se à investigação e à aplicação das novas tecnologias da informação. Tem como principal área de intervenção a Internet, contando com especialistas em desenvolvimento de sistemas informáticos, comunicação empresarial e design gráfico. MEDIGRAY A MediGray é uma empresa de I&D e prestação de serviços na área da física médica. Visa aproveitar as sinergias

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resultantes da proximidade com o meio universitário e de outras empresas de base tecnológica para participar em projectos de investigação, desenvolvimento tecnológico e informática aplicada às áreas médicas.

QUALITAS INSTRUMENTS A Qualitas Instruments é uma empresa de engenharia que fornece soluções inovadoras de monitorização remota, aquisição e processamento de dados, juntamente com serviços associados à operação, manutenção e ferramentas de auxílio à toma de decisões em tempo real, no âmbito da monitorização oceânica, hidrológica e da protecção ambiental. QUÍMICA FINA E BIOTECNOLOGIA BIOCOLOUR A BioColour é uma empresa dedicada à produção de antocianinas com elevado grau de pureza e de extractos corantes obtidos a partir de matéria-prima vegetal que se destinam aos domínios alimentar, farmacêutico, cosmético e de investigação científica. A empresa proporciona também consultoria técnica em áreas de autentificação de produtos alimentares (vinhos, lacticínios, etc.) e de estabilização de corantes naturais. Fontes: FCT/Madan Parque

6.2. A inovação nas principais empresas da região Começamos por referir o grupo EMPORDEF que integra a EDISOFT e a EID e que vai concentrar as suas actividades no Madan Parque, passando a constituir uma presença empresarial muito mais forte e orientada para as Indústrias da Defesa:

CAIXA 14 - EDISOFT Localizada na Charneca da Caparica, a EDISOFT é uma empresa de engenharia de software especializado que oferece soluções tecnologicamente avançadas e qualificadas na concepção, desenvolvimento e integração de sistemas críticos de comando, controlo, comunicações, computadores e informação (C4I), sendo uma referência na indústria de defesa nacional. Apresenta também domínio técnico e tecnológico na integração de sistemas estratégicos de segurança colectiva, aplicados à protecção civil. Detém um conhecimento profundo na implementação de soluções de negócio integradas para os serviços públicos, as telecomunicações e a logística, e de soluções de location intelligence, bem como uma vasta experiência em projectos internacionais de I&D no âmbito especializado do Espaço. É detida pelos seguintes accionistas: Empordef (30%); NAV Portugal (30%); Thales Nederland (30%); outros accionistas portugueses (10%). Em 2007 alcançou um volume de negócios da ordem dos 8,1 milhões de Euros, contando com 112 colaboradores, com uma exportação de 52% e com investimento em I&D de 12%. Sendo a primeira Empresa Portuguesa certificada em CMM 2 (nível 2 do CMM - Capability Maturity Model, certificação de qualidade aplicável a empresas que desenvolvem software), a Edisoft possui um abrangente portfólio de produtos e serviços: Sistemas de Comando e Controlo; Sistemas de Interoperabilidade Sistemas de Combate e outro Software Operacional; Sistemas Espaciais; Sistemas Integradores de Informação; Sistemas Estratégicos de Segurança Colectiva; Sistemas Integrados de Logística; Sistemas de Gestão de Tráfego; Sistemas de Apoio à Decisão baseados em Informação Geográfica. É altamente especializada nos segmentos Navegação por satélite e Observação da Terra. Quanto ao primeiro segmento: É a única empresa portuguesa que fará a engenharia e integração da infra-estrutura de formação de todos os operadores do GALILEO e que trabalha ao nível da engenharia do sistema, suportando directamente um “prime contractor”. Foi a primeira empresa portuguesa a desenvolver trabalho para o Programa Galileo, desde o início deste programa, tendo participado activamente na definição da arquitectura e especificações do sistema. Por outro lado, é a única empresa

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portuguesa que controla toda a cadeia de valor de uma das fileiras daquele Programa - o SAR (Search and Rescue) -, não estando, portanto, dependente de sub-contratações pontuais. Detém contratos relacionados com a integração do EGNOS no Galileo, o que a coloca na linha da frente para o desenvolvimento das infra-estruturas e aplicações do GALILEO. No que se refere à Observação da Terra: A Edisoft foi a primeira empresa portuguesa a participar de um consórcio internacional que desenvolveu e instalou uma infra-estrutura espacial (Centro de Satélites). Concebeu, desenhou, desenvolveu, implementou e suporta um Sistema completo de recepção, tratamento e processamento de dados de satélites meteorológicos, transformando Portugal de consumidor em fornecedor da comunidade mundial de dados e produtos meteorológicos. Investe na instalação de uma Estação de Recepção de dados de Satélite destinada à Monitorização e Vigilância do Oceano Atlântico Norte, e estabeleceu parcerias para a associação desta estação a uma rede de estações de dois grandes players internacionais, neste domínio. Finalmente, a Edisoft é a única empresa portuguesa que capitalizou know-how nas áreas dos Sistemas Espaciais e dos Sistemas de Defesa, no desenvolvimento de soluções que cada vez se mostram mais importantes para a segurança dos países, na área que designamos por “Sistemas Estratégicos de Segurança Colectiva”. Vai desenvolver a Plataforma Europeia de Informação e Comunicação Florestais (EFICP), depois de ter ganho este contrato no valor de um milhão de euros, adjudicado pela Comissão Europeia em concurso público internacional, através do Joint Research Centre (JRC), Institute for Enviroment and Sustainability. No caso particular do combate aos fogos florestais em Portugal, esta nova plataforma irá ser uma ferramenta muito importante pois dará suporte, pela recolha e distribuição de dados sobre a situação das florestas, a uma mais eficaz monitorização permanente. Além disso, permitirá a integração de vários serviços e sistemas da Comissão Europeia: serviços da EUROSTAT, CORINE e o EFFIS (Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais). Nesta perspectiva, a EFICP vai providenciar, a partir de um ponto de serviço comum, acesso a informação para os mais diversos fins de gestão florestal. Deste modo, ficarão interligadas as mais diversas fontes e bases de dados florestais dos Estados-Membros e das Instituições Europeias, permitindo a pesquisa e visualização de dados geográficos, estatísticos e descritivos. A Edisoft detém representações em Singapura, Tailândia, Malásia e Índia, em parceria com a Rolls Royce. A empresa inglesa, que nos últimos anos se especializou no desenvolvimento de tecnologia náutica e aeronáutica, desenvolve os equipamentos de hardware e a electrónica e a Edisoft concebe e desenvolve o software de sistemas integrados de informação. Também os mercados da América do Sul estão a ser analisados pela Edisoft e elaboradas propostas de negócio. É membro da Rede de Empresas Inovadoras da COTEC e exporta, já há vários anos, mais de metade da sua produção para dezenas de países de todos os continentes. Tem reforçado o seu núcleo de I&D, através de parcerias com a Universidade de Évora e outras instituições universitárias e centros de I&D. Entre os seus mais recentes investimentos, destacam-se a aquisição de participação de 50% da Visionware (empresa especializada em segurança de informação e computação em rede) e a instalação de Estação de Satélites em Santa Maria (Açores) para estabelecer o Centro Nacional de Monitorização e Vigilância Marítima. Fontes: Edisoft, API e imprensa.

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CAIXA 15 - EID – EMPRESA DE INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA ELECTRÓNICA A EID - Empresa de Investigação e Desenvolvimento de Electrónica, SA (fundada em 1983), com sede no Lazarim, Charneca da Caparica, dedica-se à concepção, fabricação e fornecimento de produtos e sistemas de comunicações, à escala mundial, com especial ênfase no mercado de defesa. Das áreas de negócio da empresa destacam-se as comunicações para navios de guerra, os equipamentos e redes de comunicações tácticas e de campanha, os sistemas de comunicações para veículos blindados, as mensagens militares e a engenharia de integração de sistemas. Os principais accionistas da empresa são a EMPORDEF, SGPS, SA (38,6%), holding das indústrias de defesa portuguesas, a Rohde & Schwarz (29,7%), empresa alemã líder no mercado das rádio-comunicações e instrumentação e a EFACEC (27,2%), o maior grupo português nas áreas da energia e transportes. Os Sistemas Integrados de Controlo de Comunicações (SICC) são o produto da EID com maior sucesso no mercado internacional: mais de 75 navios equipados com o SICC cruzam hoje os mares, desempenhando eficientemente as suas missões. Também na área das rádio-comunicações a empresa está na linha da frente, contando-se entre as primeiras empresas, a nível mundial, a colocar no mercado sofisticados rádios multi-banda e multi-função. Centenas destes equipamentos estão já em operação no exército português. Os novos sistemas de comunicações para viaturas blindadas equipam as viaturas PANDUR das nossas forças armadas, tendo sido também escolhidos por outros países. A EID foi recentemente contratada pelo Ministério da Defesa Nacional para levar a cabo a modernização das estações rádionavais do continente e ilhas. Este programa, designado por BRASS, é co-financiado pela NATO. A empresa tem conquistado novos mercados, o que faz com que a exportação represente uma percentagem significativa do volume de negócios (50% em 2010). De entre os principais clientes da EID contam-se: as Forças Armadas portuguesas; o Ministério dos Negócios Estrangeiros; as administrações dos portos de Lisboa, Setúbal e Leixões; as marinhas espanhola, brasileira, inglesa, holandesa, australiana, indonésia e dos Emirados Árabes Unidos; os exércitos da Malásia, Egipto, Bangladesh e Paquistão. Fontes: Empordef; EID; COTEC.

Seguidamente apresentam-se exemplos de empresas estabelecidas na região e que se destacam pela sua actividade de inovação tecnológica:

CAIXA 16 - FISIPE A FISIPE é um produtor europeu de fibras acrílicas com fábrica no Lavradio desde 1976. A empresa foi constituída em 1973, fruto de um joint-venture entre a CUF e o grupo japonês Mitsubishi, com o intuito de fornecer fibra destinada à indústria têxtil portuguesa. Em 2005 a CUF, holding do Grupo José de Mello para o sector químico, vendeu a empresa Negofor, que controlava 86,04% do capital da Fisipe, a três quadros da empresa através de uma operação de management-buy-out (MBO). Com cerca de 290 trabalhadores, é actualmente uma unidade virada para a fabricação de fibras especiais. Produz fibra acrílica com tecnologia “wet spun” (via húmida) de origem Japonesa (tecnologia Monsanto), caracterizada por grande estabilidade nos parâmetros de qualidade, grande flexibilidade e bom desempenho em termos energéticos e ambientais. Produziu durante muitos anos fibras comuns para a indústria têxtil, mas viu-se obrigada a modernizar-se, apostando na produção de fibras especiais para pequenos nichos de mercado. Actualmente, 50% da produção é de fibras especiais. Produz fibras tintas, um produto de grande importância para países com maior controlo ambiental, isto porque quando a fibra é tingida durante o processo de fabrico, a absorção do corante é quase total, não há efluentes, além de que se poupa energia. Na área das fibras tintas, com uma produção de 24 mil toneladas por ano, o maior mercado é o dos EUA. Produz também fibras que procuram imitar o pêlo dos animais e fibras de alta tenacidade, que podem ser misturadas com o cimento ou alcatrão de forma a evitar as fissuras, e também fibras de alta resistência para as embraiagens dos carros. Em 2007 lançou uma nova fibra com características técnicas de alta resistência ao sol e às intempéries, utilizada para toldos e capotas dos automóveis. Dispõe de uma instalação piloto onde são investigados todos os novos produtos e de um departamento de I&D que conta com 26 colaboradores. Cerca de 97 % da produção destina-se à exportação, ao contrário do que se passava há duas décadas, quando 80% da produção se destinava à indústria têxtil portuguesa. Fontes: Fisipe, API e Setúbal na Rede.

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CAIXA 17 - AMORIM INDUSTRIAL SOLUTIONS Integrada no Grupo Amorim, líder mundial na transformação e distribuição de produtos de cortiça, a Amorim Industrial Solutions é uma empresa líder na área do desenvolvimento, produção e distribuição de cortiça com borracha (CorkRubber). Este material combina as propriedades da cortiça – caracterizadas pela compressibilidade e capacidade de recuperação – com a flexibilidade e a durabilidade da borracha, para obter um excelente produto de vedação, além de outras aplicações em vários sectores industriais: Juntas e materiais para a indústria automóvel e aplicações de alta resistência; Controlo vibratório e do ruído em carris ferroviários, máquinas industriais e engenharia civil, bem como controlo acústico em painéis-sanduíche; Juntas e materiais para transformadores eléctricos, nomeadamente para as empresas: ABB, Areva, Efacec, Pawels, entre outras; Juntas e materiais para aparelhos de gás natural, tais como medidores de gás e esquentadores; Isolamento térmico dos motores dos vaivéns espaciais. Para responder às exigências do mercado e às tendências da Indústria, a Amorim Industrial Solutions conta com um Centro de Desenvolvimento de Novos Produtos – DNP, que é um dos mais modernos e avançados centros do seu género. Localizada em Corroios, detém empresas na Europa (Bélgica, Reino Unido e Rússia), EUA e Brasil. Fonte: Grupo Amorim.

CAIXA 18 - LUSOMORANGO A LUSOMORANGO é uma organização de produtores de pequenos frutos com sede em São Teotónio, Odemira. Constituída em 2005, dois dos seus sócios são os principais produtores nacionais de morangos – a Casa Prudêncio, empresa situada em Almeirim e com um historial de produção de morango de 30 anos e a empresa Sérgio Nicolau, produtora de morango e framboesa há mais de uma década em São Teotónio. Os restantes sócios são empresas do grupo norte-americano Driscoll´s, líder mundial do sector dos pequenos frutos: a BerryPort, a LusoBerries e a Luso Farms, situadas na Zambujeira do Mar e em São Teotónio (tendo, esta última, 50% de capital espanhol da empresa Alconeras). A empresa garantiu, desde o início da sua actividade, o sucesso internacional: produz morangos e framboesas todas as semanas do ano, contrariamente aos seus concorrentes directos de Huelva que concentram a rodução entre os meses de Fevereiro e Abril. Por outro lado, a aposta nas variedades Driscoll’s, das quais detém o exclusivo em Portugal, tem permitido uma importante diferenciação face à concorrência. Os mercados internacionais absorvem 65% da produção de morango, exportada sobretudo para a Noruega, Rússia, Suíça, Reino Unido, Bélgica, Holanda e França. O sucesso da comercialização internacional resulta da parceria com a Berry Gardens, que detém a exclusividade da exportação da Lusomorango. Esta empresa, líder europeia do sector, é uma aliança entre a Driscoll’s, a KG Fruits e a Alconeras. Em 2007, a LusoMorango detinha já uma área de produção de 80 ha de morango e 29 ha de framboesa (pretende alcançar em 2013 uma área de 400 ha para ambos os produtos), com uma produção de cerca de 2500 toneladas de morango (das quais 64% se destinaram à exportação) e de cerca de 600 toneladas de framboesa (94% para exportação), o equivalente a 11,8 milhões de euros de vendas (que em 2013 se pretende que atinjam os 36 milhões de euros). No caso da framboesa, todas as variedades produzidas são variedades Driscoll´s e, no caso do morango, estas variedades representam 88%, sendo as restantes variedades de origem californiana e espanhola. As variedades são seleccionadas especificamente para as condições edafo-climáticas do Alentejo Litoral, o que constitui uma vantagem em relação às restantes variedades existentes no mercado, maioritariamente seleccionadas para as condições da Califórnia e da Florida. O sucesso da empresa reside não apenas no aproveitamento das excelentes condições naturais da região como também na aposta em inovação. A Driscoll’s European Genetics (DEG), sucursal europeia da Driscoll’s Strawberry Associates para a investigação, produção e fornecimento de plantas e extensão técnica aos agricultores e grupos associados, instalou um campo de experimentação e demonstração na Zambujeira do Mar, onde é testada a adaptação das novas selecções às condições edafo-climáticas desse território, os sistemas de produção mais eficazes para a obtenção de produções elevadas nas épocas mais rentáveis, a resistência a pragas e doenças, as necessidades de fertilização, etc. Em fase experimental encontram-se cerca de 700 selecções de morango. Fontes: Lusomorango; Casa Prudêncio.

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7. OS NOVOS PROJECTOS – INFRAESTRUTURAS E ACTIVIDADES 7.1. Infra-estruturas: a região do pais mais bem conectada internacionalmente Conectividade Internacional e Acessibilidades 1.O Novo Aeroporto de Lisboa (NAL) em Alcochete A concretização do NAL no Campo de Tiro de Alcochete constitui a oportunidade estratégica para reordenar racionalmente o território da AML, regenerando e requalificando os espaços expectantes pós-industriais localizados no Barreiro, Seixal, Almada e Setúbal (Mitrena) e permitindo potenciar a Plataforma Logística do Poceirão e o Porto de Setúbal. Prevê-se um forte acréscimo populacional na Península de Setúbal (a manterem-se os actuais ritmos de crescimento, a população residente poderá ultrapassar o milhão de habitantes – recordese que actualmente vivem na sub-região cerca de 766 mil indivíduos). Se não existir um efectivo e correcto ordenamento do território, o desenvolvimento do NAL, em articulação com a nova travessia do Tejo e com os recentes serviços de mobilidade (comboio na Ponte 25 de Abril e metropolitano na margem sul) poderá conduzir ao problema da congestão urbana na margem sul da AML, prolongando-a para sul, em direcção a um dos territórios de maior sensibilidade ambiental do País – o Alentejo Litoral.

2.A expansão do porto de Sines – contentores e gás natural Já foi referido o trunfo para o Alentejo Litoral que decorre da presença na sub-região do Porto de Sines. Nos últimos anos, assistiu-se ao desenvolvimento de importantes projectos de expansão desta infra-estrutura portuária. Obras como o terminal de gás natural, o Terminal XXI, o armazenamento de gás propano e o alargamento dos cais para carga geral, são alguns dos investimentos. Por outro lado, foi feita a concessão de dois espaços destinados à construção de armazéns especiais para o cimento (o que possibilita a movimentação de cimento na ordem das 800 mil toneladas por ano). Destacam-se dois grandes projectos: O Terminal de Contentores XXI: a transformação do porto de Sines num entreposto de nível internacional no transhipment de contentores, nas principais linhas do Atlântico, teve início em 1981. Com o funcionamento deste terminal, Sines passou a desempenhar um papel importante no mercado de contentores. A construção de um terminal de contentores para navios de grande calado abre possibilidades de localização futura de novas actividades não ligadas à indústria química (exemplo da movimentação de carga, logística e distribuição, entre outras). A sua construção está a decorrer de forma faseada, pela PSA Corporation de Singapura, um dos principais portos e operadores logísticos internacionais e empresa concessionária do Terminal XXI. A Fase de Instalação dos Agentes está concluída e o terminal possui capacidade para a movimentação de 250 mil TEU (unidade correspondente a um contentor marítimo de 20 pés). Com as fases seguintes, o Terminal de Contentores de Sines igualará os principais terminais de contentores a nível mundial, com uma capacidade anual de 1,4 milhões de TEU. O Terminal de GNL (gás natural liquefeito): foi considerado um dos grandes projectos estratégicos nacionais, ao permitir quebrar a dependência do gás natural vindo da Argélia, através do gasoduto do Magreb. O início de operação verificou-se em Outubro de 2003, sendo

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que até ao final desse ano funcionou apenas com operações de testes. A actividade comercial iniciou-se em Janeiro de 2004. De acordo com dados disponibilizados pelo Porto de Sines, este terminal é constituído por um posto de acostagem marítimo orientado para a descarga de navios até 165 mil m3 e por uma estação de regaseificação que permite a armazenagem de 210 mil m3 de gás em dois tanques (comportando cada um 105 mil m3), para além de contar ainda com espaço para um outro tanque com a mesma capacidade. A sua capacidade de armazenagem atinge os 240 mil m3 de gás natural liquefeito, em dois reservatórios, cada um com de 120 mil m3. A capacidade de emissão, quando o terminal estiver em pleno funcionamento, será de 300 mil m3 por hora, podendo atingir, no pico, os 450 metros m3 por hora. Após o horizonte 2015, um conjunto de novas expansões poderão ainda reforçar a competitividade do Porto de Sines: expansão do terminal petrolífero, do terminal petroquímico, do terminal de gás natural e um novo terminal de contentores (Terminal Vasco da Gama), que poderá elevar a capacidade do porto para 4 a 5 milhões de TEU. De referir que o Porto de Sines integra o Pólo de Competitividade e Tecnologia das Indústrias de Refinação, Petroquímica e Química Industrial e o Cluster do Mar, reconhecidos formalmente como Estratégias de Eficiência Colectiva em Julho de 2009. 3.A ligação ferroviária Sines /Badajoz Até 2012 pretende-se concretizar a ligação ferroviária Sines-Badajoz, vocacionada para o transporte de mercadorias, através dos troços Sines/Casa Branca, Casa Branca/Évora e Évora/Elvas. Este projecto envolve um investimento total na ordem dos 750 milhões de euros e insere-se no plano estratégico da frente portuária portuguesa, nomeadamente o tráfego de mercadorias . Todavia, o projecto nos moldes actuais não cumpre um dos principais objectivos subjacentes à ideia da sua criação: unir os 3 portos do Sul (Lisboa, Setúbal e Sines) a Badajoz em bitola europeia. A par da ligação Sines/Badajoz, pretende-se a construção da variante à linha ferroviária do Sul em Alcácer do Sal. Com a concretização destes investimentos na ferrovia o Porto de Sines ficará dotado de acessibilidades impares que permitirão cumprir o desígnio de constituir um hub de referência à escala ibérica, europeia e mundial. Merece também referência o desenvolvimento da Zona de Actividades Logísticas (ZAL) Portuária de Sines, multimodal (marítima, rodo e ferroviária). Com um investimento de cerca de 65 milhões de euros, o Governo considera serem dois os grandes objectivos desta ZAL: desenvolver o Porto de Sines, aumentando o seu hinterland no corredor logístico de Madrid; dinamizar industrialmente o Alentejo Litoral, através da prestação de serviços de logística às empresas utilizadoras do porto e a empresas industriais localizadas no seu perímetro. 4.A Terceira Travessia do Tejo Localizada no corredor Chelas-Barreiro, a Terceira Travessia do Tejo (TTT) integra as valências ferroviária (alta velocidade e convencional) e rodoviária. Considera-se que a TTT constitui uma infra-estrutura indispensável para o cumprimento do objectivo traçado em termos de tempo de percurso para a ligação ferroviária Lisboa-Madrid em alta velocidade. No contexto da rodovia, a importância da TTT prende-se com o facto de o corredor Lisboa/Barreiro ser o único que ainda não está servido por uma acessibilidade rodoviária directa, tornando-se incontornável em virtude da localização do NAL na margem esquerda do Tejo. 5.A Plataforma Logística do Poceirão O desenvolvimento do sistema logístico da Península de Setúbal-Alentejo Litoral assenta na

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referida plataforma logística de Sines e Poceirão, as quais se deverão articular com os portos de Sines, Setúbal e Lisboa e com a plataforma de Tunes. Inserida na Rede Nacional de Plataformas Logísticas, apresentada no Plano Portugal Logístico, a plataforma do Poceirão será a maior do País, com uma extensão de 420 hectares. Está classificada como “plataforma urbana nacional”, cujos principais objectivos são a dinamização da actividade económica do País, através da criação de grandes centros de distribuição, e o reordenamento logístico e dos fluxos de transporte (a outra plataforma que cai nesta tipologia é a de Trofa/Maia).Tem subjacente o conceito de multimodalidade (rodo e ferroviária) e será vocacionada para apoiar as necessidades logísticas e de transporte da AML, designadamente das mercadorias que utilizam os portos de Lisboa, Setúbal e Sines. Esta Plataforma, com um investimento total estimado em 307 milhões de euros, dos quais 17 milhões em acessibilidades, usufrui de bons acessos rodoviários e, a nível ferroviário, tem ligação às linhas do Sul e do Alentejo e futuramente à linha de Alta Velocidade Lisboa-Madrid prevista para tráfego misto. FIGURA 29 - TIPOLOGIAS DAS PLATAFORMAS LOGÍSTICAS

Fonte: Portugal Logístico

42°N

Valença

IP2

IP9

Chaves

Viana do Braga Vila Castelo Maia/Trofa Real Leixões IP9 IP4 Porto

Bragança

IP4 IP2

IP4

IP3

Aveiro - Cacia

Viseu

IP5

IP5

Aveiro Aveiro IP3

Guarda

IP3

IP1

Coimbra Castelo Branco

Leiria IP1 IP6

Portalegre

Plataforma Portuária Plataforma Regional

Elvas/Caia

Lisboa Poceirão IP7

Setúbal

40°N

IP2 IP6

Santarém

Castanheira do Ribatejo Plataforma Logística

IP5

Guarda

IP2

IP7

IP7

Évora IP2

Plataforma Transfronteiriça Sines IP8 (Pólo A e B)

Plataforma Urbana

Beja IP2

38°N

IP8

Itinerário Principal

Norte Tunes Faro

0

50 km

9°W

7°W

Fonte: Portugal Logístico/Plano Estratégico dos Transportes.

6.Um possível novo terminal de contentores do Porto de Lisboa na Trafaria, ligado ao Poceirão A deslocalização do terminal de contentores de Lisboa para o da Trafaria, em Almada, e a consequente construção de um ramal ferroviário de ligação à rede nacional (Trafaria/Pragal) e à plataforma do Poceirão - inscrita no Plano Estratégico de Desenvolvimento do Porto de Lisboa ainda não está definida, De acordo com o Diagnóstico Prospectivo e Opções de Desenvolvimento daquele Plano Estratégico, prevê-se o aumento da movimentação do terminal da Trafaria de 1,2 milhões para 6 milhões de toneladas/ano de granéis, a disponibilização de uma área com 63 hectares para parqueamento

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de contentores e a construção de um ramal ferroviário. Para o suporte deste futuro terminal de contentores da margem sul, seria também importante a construção de um túnel rodoviário que ligue Algés à Trafaria, obra que se pretende concretizar há mais de uma década. Este túnel situarse-á a ponte da torre VST do porto de Lisboa, indo sair também a poente dos silos de cereais da Trafaria, com uma saída para o Terminal e uma ligação à Cintura Rodoviária Interna da Península de Setúbal (CRIPS). Projectos de urbanismo e territoriais O projecto do Arco Ribeirinho Sul - Este projecto visa a requalificação urbanística de importantes áreas da margem sul do Estuário do Tejo, contribuindo para a valorização e competitividade da AML. É considerado um projecto prioritário e de elevada relevância nacional, que permitirá desenvolver, de forma integrada, um vasto território, designadamente cerca de 55 hectares na Margueira (Almada), cerca de 536 hectares na Siderurgia Nacional (Seixal) e cerca de 290 hectares nos terrenos da Quimiparque (Barreiro).Este projecto pretende valorizar a relação com o rio Tejo, afirmando-o como elemento de referência principal do Arco Ribeirinho Sul, reconverter os usos dominantes, mantendo uma componente de actividade industrial e de logística de nova geração (reduzindo o carácter portuário pesado e reforçando os usos de habitação, comércio, serviços e equipamentos), e criar estruturas e espaços urbanos com forte qualidade física e funcional e, nessa medida, com elevado potencial de polarização em relação aos territórios envolventes.

1.2 - NOVAS ACTIVIDADES 1.O novo mundo do Turismo residencial A existência de uma faixa litoral preservada e de grande singularidade, associada à presença de importantes áreas estuarinas e águas interiores, surgem como principais potencialidades de desenvolvimento do território Península de Setúbal-Alentejo Litoral, permitindo um aumento significativo da actividade e oferta turísticas. O Plano Estratégico Nacional de Turismo (PENT) apresenta o Alentejo Litoral como um dos seis novos pólos de desenvolvimento turístico. Aponta a necessidade de requalificar o produto Sol & Mar, apostando em actividades complementares que reforcem a proposta de valor para o turista (sejam os complexos turísticos - resorts integrados -, o golfe ou circuitos turísticos/touring ligados à natureza). As principais Zonas Turísticas de Interesse da sub-região são: Bacia do Sado/Litoral Alentejano Norte: integra a “zona” norte da frente atlântica, associada sobretudo às áreas de vocação turística de importância nacional (PIN) da Península de Tróia. Uma parte desta área está classificada como Reserva Natural do Estuário do Sado, daí a exigência de um compromisso entre a utilização turística e a sustentabilidade ambiental e sócio-cultural. Integra também o aproveitamento turístico e de investigação científica (Centro Ciência Viva) associado às antigas Minas do Lousal, em Grândola. Litoral Alentejano Sul: constitui uma faixa litoral muito conservada, com um significativo conjunto de valores naturais com forte potencial para o turismo de natureza. Integra o Parque Natural do Sudoeste Europeu e Costa Vicentina, além do Sítio da Rede Natura 2000. Uma das orientações é o aproveitamento adequado do potencial de recreio e turismo no vale do Mira. Um dos aspectos mais marcantes da tendência de desenvolvimento turístico do Alentejo Litoral é a presença de avultados projectos de investimento (ligados a grandes grupos económicos) em turismo residencial. Esta tendência vai ao encontro da preocupação do Governo de reestruturar/

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qualificar o mercado de segundas residências, em torno de um novo produto turístico – os Resorts Integrados -, uma das apostas do PENT e factor de qualificação do produto turístico estratégico Turismo Residencial em várias das regiões portuguesas. QUADRO 2 - PROJECTOS TURÍSTICOS PREVISTOS

Troia Resort (Troia) (PIN)

7.430 camas das quais 4.191 camas turísticas 350 milhões de Euros de investimento 4000 Empregos Directos 1 Campo de Golf 1 Marina 1 Casino 1 Centro de Congressos

Herdade do Pinheirinho (Melides) (PIN)

1 Hotel (150 quartos) 1 Hotel (180 quartos) 3 Apart-Hotéis 3 Aldeamentos Turísticos (400 – 500 quartos) 800 quartos no total 1 Campo de Golf 167 milhões de Euros de Investimento 450 Empregos Directos 1.350 Empregos Indirectos

Herdade da Costa Terra (Melides - Aberta Nova) (PIN)

200ha 3 Hotéis 5 Apart-Hotéis 4 Aldeamentos Turísticos (400 – 500 quartos) 204 Moradias 1 Campo de Golf de 18 buracos 510 milhões de Euros de Investimento 1.260 Empregos Directos 3000 Empregos Indirectos

Herdade da Comporta (Carvalhal) – Conjunto Turístico (PIN)

ADT 2/ UNOR da Comporta 2 Hotéis 2 Hotéis Apartamentos (Total 1750 camas) 3 Aldeamentos Turísticos – 1750 camas 250 Moradias – 1500 camas 2 Campos de Golfe de 18 buracos 1 Escola/Clube de Golfe 1 Clube de Ténis Aldeamento Turístico Terras de Caminha 1 Hotel Apartamento – 96 camas 56 Moradias – 1004 camas Capacidade total: 1.100 camas Investimento: 56 milhões de euros

Herdade da Lançada (Freg. Santa Maria do Castelo)

Rio Mourinho Resort – Herdade de Rio Mourinho ( Freg. Stª Susana)

1 Hotel – 82 camas 61 Apartamentos Turísticos - 704 camas 44 Moradias – 264 camas Capacidade total: 1050 camas

Empreendimento Turístico da Herdade da Alápega (Freg. Stª Susana)

2 Aldeamentos Turísticos – 220 unidades (1308 camas) 1 Aldeamento Turístico (Barragem Pego do Altar) – 40 unidades (200 camas) Capacidade total: 1.508 camas

Herdade de Albergaria - Aldeamento Turístico de Lazer e Desporto (Freg. Stª Maria do Castelo)

50 Moradias Turísticas – 100 camas

Vila Formosa (Odemira)

O projecto prevê um investimento de 150 milhões de euros estendendo-se numa área de 500 hectares. Empreendimento turístico de luxo com 1600 camas e um Spa.

Algoceira – Montinho da Ribeira (Odemira)

O empreendimento prevê um investimento de 130 milhões de euros ocupando uma área de 200 hectares. 1000 camas distribuídas entre um hotel e moradias, servidas por infra-estruturas como são o caso de piscina, picadeiro, além da possibilidade da prática de golfe. Fontes: Turismo de Portugal; Câmaras Municipais; Imprensa.

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2.A expansão da petroquímica e da electricidade Sines é o principal centro energético do País e um dos principais centros de elevada especialização no sector petroquímico nacional. Esta situação deve-se à presença da maior refinaria nacional (Galp Energia) e de uma petroquímica que é uma das maiores do seu género em Portugal (a Repsol YPF). De referir também a presença em Sines da Carbogal – Carbonos de Portugal, única empresa que produz “negro de fumo”, matéria-prima para a fabricação de pneus, detida pelo grupo alemão Degussa, líder mundial em especialidade químicas que, a partir de Setembro de 2007, passou a integrar o Evonik Industries AG (grupo industrial criativo da Alemanha que actua em três segmentos - química, energia e negócios imobiliários). No sector da petroquímica estão previstos grandes investimentos em Sines, o que se irá traduzir num crescimento do pólo industrial e no reforço da sua importância no contexto nacional e ibérico daquele sector. De referir o investimento da Repsol YPF que permitirá ao complexo de Sines aumentar a sua capacidade de produção de oleofinas e poleolefinas para 1 milhão de toneladas, deixando de ser um mero exportador de matérias-primas. De destacar também a construção da maior fábrica europeia de PTA (ácido tereftálico purificado, matéria-prima para todas as formas de poliéster), propriedade do grupo espanhol La Seda. No domínio da electricidade, é de destacar a Central de Ciclo Combinado da Galp Power a localizar em Sines (Vale Marim), em terreno propriedade da Administração do Porto de Sines (APS) e adjacente ao Terminal de Gás Natural Liquefeito. FIGURA 30 - CENTRAL DE CICLO COMBINADO

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A Central de Ciclo Combinado de Sines utilizará como combustível o Gás Natural (alimentado a partir de Gasoduto), para a produção de energia eléctrica de forma altamente eficiente, ao combinar um ciclo de turbina a gás com um ciclo de vapor. Refira-se que as centrais de ciclo combinado com turbina a gás convertem 55% a 60% da energia do combustível em energia eléctrica, enquanto que as centrais convencionais (a fuel ou carvão) convertem apenas cerca de 35% da energia do combustível. Esta Central será constituída por dois grupos com uma potência unitária de 400 MW. Os grupos a instalar irão integrar a Turbina a Gás de última geração, de grande potência e elevado rendimento eléctrico. A energia contida nos gases de exaustão será recuperada num ciclo de vapor formado por uma Caldeira de Recuperação e uma Turbina a Vapor. De acordo com a REN, para a Central de Ciclo Combinado prevêem-se 8 grupos de 400 MW até 2010 e uma central de carvão com sequestro de carbono (4 grupos de 450 MW, em 2013 e 2014).

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3.Um pólo de produção de biocombustíveis Com a entrada em funcionamento em pleno do terminal de contentores do Porto de Sines, desenvolve-se a oportunidade para um nicho de actividades em franca expansão: as energias renováveis. Apesar de já existir em Sines a produção de energia renovável (sobretudo eólica), esta podia ainda ser mais expressiva. Sines tem capacidade para atrair empresas de equipamentos para as energias renováveis (aerogeradores, painéis solares, células de hidrogénio, entre outros) e para exportá-los através do porto de contentores para o resto do mundo. O quadro seguinte apresenta os principais projectos de biocombustíveis que ao longo dos últimos aNos apresentaram propostas de investimento em biocombustíveois com localização em Sines: Empresa

Actividade Refinação e Biodiesel

Emprego Directo 150

Emprego Indirecto 150

Petrogal – Petróleos de Portugal Greencyber Lusofuel Enerfuel (Grupo Enersis) BET – Biodiesel Energy Trading Gondwana – Bioenergia e Biocombustíveis

Total 300

Biodiesel Bioetanol Biodiesel Biodiesel

60 60 15 75

n.d. n.d. n.d. n.d.

60 60 15 75

Biodiesel

n.d.

n.d.

n.d.

Fonte: AICEP.

Merece destaque o projecto da Enerfuel, do Grupo Enersis, que tem apostado no desenvolvimento de uma fileira agro-energética no Alentejo, através de culturas tradicionais (girassol) e da introdução de novas culturas (como a colza). De referir que em 2005 a Semapa vendeu os 89,92% que detinha da empresa Enersis ao grupo australiano Babcock & Brown. O objectivo deste projecto é a criação de uma fábrica de biocombustíveis, uma biorefinaria com uma capacidade de processamento de 25 mil toneladas/ano para a produção de biodiesel EN 14214, a partir de óleos alimentares recuperados (6 mil toneladas/ano), gorduras animais (8,5 mil toneladas/ano) e cultura energética de colza (10 mil toneladas/ano). Um outro projecto – o projecto PIN Greencyber, de empresários portugueses – pretende investir 80 milhões de euros numa biorefinaria em Sines, numa primeira fase com cerca de 14 ha. Este projecto pretende alcançar uma produção de 250 mil toneladas/ano de biodiesel, destinado ao mercado nacional, produzido a partir de soja, palma, colza e girassol (com cerca de 80% da matéria-prima importada do Brasil, Angola e Moçambique e os 20% restantes de produção nacional, sobretudo colza). Por outro lado, este projecto apostaria numa experiência piloto de produção de biodiesel a partir de microalgas, contando com a experiência de investigação da Algafuel, empresa de biotecnologia criada no seio da Necton que produz no Algarve micro-algas para as indústrias alimentar, farmacêutica e cosmética. O mercado da Greencyber conta com a Galp Energia e com a exportação para países como a Alemanha, o Reino Unido e a França. Também a Petrogal pretende produzir nas suas refinarias (Matosinhos e Sines) biodiesel de segunda geração, através da utilização de matérias-primas não utilizadas na produção de bens alimentares (exemplo de mamona do Brasil, Angola e Moçambique) e certificadas ambiental e socialmente e através da promoção de projectos agrícolas em áreas não cultivadas e privilegiando solos com menor potencial agrícola e culturas não alimentares. Este projecto prevê a produção de 600 mil toneladas/ano de biocombustíveis não poluentes, metade destinada ao mercado português com o objectivo de satisfazer a meta de 10% de biocombustíveis nos combustíveis rodoviários, a atingir em 2010. De destacar ainda o projecto de construção de uma fábrica da Lusofuel (liderado pela Fomentinvest),

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que prevê produzir em Sines entre 100 a 120.000 toneladas de bioetanol por ano (o equivalente a 125 - 150 milhões de litros). Esta utilizará preferencialmente matéria-prima nacional (milho e trigo) e recorrerá à cogeração. 4.Uma nova presença na Aeronáutica em conjunto com o Alentejo Central Existe na Península de Setúbal uma PME francesa de aeronáutica – a LAUAK, especializada na produção de todo o tipo de peças com aplicação a naquela indústria e na construção dos painéis em alumínio que constituem o escudo de protecção do “Node2” da Estação Espacial Internacional (ISS). Esta empresa, inicialmente localizada em Palmela, irá localizar-se no Sodia Parque, em Setúbal. . Haverá portanto a possibilidade de desenvolvimento da aeronáutica na sub-região, além de sinergias com importantes projectos já em curso no Alentejo, em particular nos municípios de Évora (construção de duas fábricas da Embraer, uma de materiais compósitos e outra de estruturas metálicas), Beja (reconversão da base área de Beja), Ponte de Sôr (base aérea para helicópteros e aviões de combate a incêndios e presença de PME como a Motóravia) e Alandroal (intenção de fabrico de motores para a Piaggio). 5.A prospecção de petróleo no offshore – Uma wildcard? Na sequência do levantamento sísmico e gravimétrico no deep-offshore português realizado pela TGS-NOPEC entre 1999 e 2002, foi lançado, em 2002, o “Concurso Público para Atribuição de Direitos de Prospecção, Pesquisa, Desenvolvimento e Produção de Petróleo no Deep-Offshore”. O consórcio formado pelas empresas Repsol-YPF (Espanha) e RWE-Dea (Alemanha) candidatou-se aos blocos 13 e 14, no Algarve, que foram adjudicados em 2005. No final de 2006, apenas uma empresa operava em Portugal - a Mohave Oil & Gas Corporation -, detentora de 2 concessões no onshore da bacia Lusitânica. Em 2007 houve um significativo incremento na prospecção e pesquisa de petróleo em Portugal, com a assinatura de 12 novos contratos de concessão: 3 contratos de concessão com as empresas Hardman Resources Ltd (australiana), Petróleos de Portugal - Petrogal S.A. e Partex Oil and Gas Corporation (holding da Gulbenkian que reúne os interesses petrolíferos da Fundação), no deep-offshore da bacia do Alentejo; 4 contratos de concessão com a empresa brasileira Petrobras International Braspetro B.V., a Petróleos de Portugal - Petrogal S.A. e a Partex Oil and Gas Corporation, no deep-offshore da bacia de Peniche; 5 contratos de concessão com a empresa Mohave Oil & Gas Corporation, para as áreas Cabo Mondego-2, S. Pedro de Muel-2, Aljubarrota-3, Rio Maior-2 e Torres Vedras-3, no onshore e offshore da bacia Lusitânica.

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FIGURA 31 - OFFSHORE PORTUGUÊS

Fonte: Direcção Geral de Energia e Geologia.

CAIXA 19 - INICIATIVAS PROVERE LOCALIZADAS NO ALENTEJO LITORAL O PROVERE (Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos) é uma tipologia de Estratégias de Eficiência Colectiva (EEC), previstas pelo QREN, destinada a estimular as iniciativas dos agentes económicos orientados para a melhoria da competitividade territorial das áreas de baixa densidade, com o objectivo de acrescentar valor económico aos recursos endógenos. Os projectos integrados em EEC beneficiam de majorações previstas nos diversos sistemas de incentivo e outros programas de apoio ao investimento no âmbito do QREN. Entre Outubro de 2008 e Julho de 2009 realizou-se o processo de reconhecimento de candidaturas apresentadas no primeiro concurso de reconhecimento formal de EEC-PROVERE. Uma das candidaturas aprovadas e reconhecidas como EEC (num total de 30 candidaturas apresentadas e de 25 candidaturas aprovadas) tem incidência no território do Alentejo Litoral: - Reinventar e Descobrir, da Natureza à Cultura - tem por finalidade afirmar o Alentejo Litoral e a Costa Vicentina como um destino de turismo e lazer em que se interligam e complementam as características naturais e de biodiversidade e iniciativas de animação e valorização para fruição deste território. Os recursos endógenos a valorizar são o património natural e ambiental e o património cultural, histórico e arqueológico.

8. DESAFIOS, RISCOS E OPORTUNIDADES NO MÉDIO PRAZO O território constituído pela Península de Setúbal e pelo Alentejo Litoral enfrenta num futuro próximo um conjunto de desafios muito importantes e com impactes significativos no seu posicionamento no contexto da AML e do País. Os projectos previstos ao nível das acessibilidades, em especial o Novo Aeroporto de Lisboa e a nova travessia do Tejo, permitirão, por um lado, a projecção internacional da região e, por outro, o

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maior entrosamento com as principais vias de comunicação nacionais. Os próprios investimentos previstos no domínio da logística, com a construção da plataforma logística do Poceirão, permitirão a articulação entre as principais infra-estruturas de apoio às actividades económicas e portuárias – o Porto de Setúbal, o Porto de Sines, o previsto novo terminal de contentores do porto de Lisboa bem como as ligações rodoviárias e ferroviárias aos principais eixos de articulação com Espanha, em especial a Badajoz. As oportunidades de projecção e competitividade económica da região são portanto evidentes, mas dependem da capacidade de articulação e complementaridade entre todos os projectos previstos e da minimização de riscos que são muito elevados (como sejam a construção de infra-estruturas, associadas a avultados investimentos, que poderão ficar aquém da sua capacidade de utilização se a maior projecção económica da região não for a desejada; os riscos de congestionamento e desordenamento territorial na margem Sul do Tejo, e seu prolongamento para o Alentejo Litoral, se a prevista melhoria de acessibilidades e mobilidade da população não for acompanhada por correctas políticas sectoriais como as de transportes, desenvolvimento urbano e de habitação, entre outras). Os desafios no domínio das actividades económicas são elevados: a capacidade de projecção e internacionalização da economia da região permitirá dinamizar as actividades já implantadas e atrair potenciais investidores que poderiam contribuir para o desenvolvimento de novas actividades geradoras de emprego. Como se fez referência, a Península de Setúbal caracterizase pela presença de sectores industriais ligados à escala de produção e às “indústrias pesadas”, como a indústria automóvel, a reparação e construção naval e a indústria química e petroquímica do complexo industrial de Sines. Estas actividades enfrentam importantes desafios ao nível da sua competitividade, sendo elevados os riscos associados à deslocalização de investimentos (repetidamente falada por exemplo ao nível do sector automóvel, com riscos para uma das maiores empresas estrangeiras presentes na região – a Autoeuropa) e à própria concorrência internacional (veja-se o exemplo da crescente concorrência de países do Extremo Oriente em actividades de reparação e construção naval, com os riscos de quebra de encomendas para uma das principais grandes empresas da região – a Lisnave). Todavia, se os riscos para determinado tipo de actividades são evidentes, as oportunidades económicas da região são muito fortes. Existem já actividades inovadoras que nos últimos anos têm atraído o interesse de investidores nacionais e estrangeiros, algumas delas permitindo mesmo a ascensão de valor de actividades há muito presentes na região. O potencial de desenvolvimento do sector aeronáutico, associado ao investimento estrangeiro no domínio das componentes para aeronaves e também ao interesse de empresas inovadoras nacionais em desenvolver um pólo de indústrias da defesa no Monte da Caparica, permitirá o aproveitamento de algumas competências da região desenvolvidas no contexto da indústria automóvel, além da projecção deste território em actividades intensivas em I&D e de forte procura internacional. Por outro lado, a capacidade de atracção de novas actividades será fundamental para a dinamização de actividades de I&D e, em especial, para a tão necessária articulação entre tecido empresarial e instituições de ensino superior presentes na região. Existe na região um importante potencial de investigação, ligado a centros de I&D, na esmagadora maioria pertencentes à Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNL, que desenvolvem notórias actividades de inovação no contexto universitário mas, em muitos casos, “desligadas” da realidade empresarial da região. As novas actividades ligadas à aeronáutica e à defesa poderão alavancar a união entre o sistema universitário e o sistema empresarial na região, ao mesmo tempo que dinamizam o principal centro de tecnologia da margem sul do Tejo – o Madan Parque.

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As próprias actividades ligadas à agricultura de especialidade e floricultura oferecem oportunidades de articulação entre empresas que se têm vindo a estabelecer na região e as instituições de ensino superior, visto serem actividades intensivas em investigação e experimentação. Também os investimentos previstos ao nível do turismo, em particular do turismo residencial, oferecem importantes desafios para a competitividade da região. Prevê-se um forte aumento da capacidade de oferta turística da região, em particular na faixa litoral que se estende da Península de Tróia ao Burgau, em segmentos turísticos com forte procura internacional (resorts integrados, golfe, touring e também o tradicional sol & mar). O facto de o Alentejo Litoral ser considerado um “pólo turístico” no Plano Estratégico Nacional para o Turismo (PENT) é um desafio para a região, centrado não só na capacidade de apostar nos produtos turísticos considerados estratégicos para o pólo (os segmentos anteriormente referidos) mas fundamentalmente na capacidade de preparar a região para uma procura nacional e internacional sofisticada e exigente ao nível da capacidade de qualificação da oferta (em termos de oferta de alojamento mas também de infra-estruturas e actividades complementares ao turismo). Também a questão da articulação entre actividade económica e sistema de ensino é crucial neste domínio, se se atender que a região não dispõe de suficiente oferta de ensino direccionado para a actividade turística e de mão-de-obra qualificada para esta mesma actividade económica (a “profissionalização” do turismo na região é assim um desafio fundamental). Os riscos associados ao desenvolvimento da actividade turística também são evidentes: a incapacidade de diversificação dos produtos turísticos e excessiva dependência do tradicional sol & mar; as dificuldades em concorrer com destinos turísticos alternativos; a pressão sobre os recursos naturais e riqueza paisagística da região (com uma extensa área territorial sujeita a instrumentos legais de protecção). Refira-se que o risco da pressão sobre os recursos hídricos assume uma relevância fundamental, em particular o risco de contaminação do maior aquífero subterrâneo da Europa e do uso muito consumptivo de água associado ao produto turístico golfe (temendo-se desequilíbrios hídricos em determinadas áreas, derivados não só do maior consumo esperado de água mas também das próprias características climáticas/pluviométricas da região). Estes riscos podem contudo ser transformados em importantes desafios e oportunidades, se se considerar que conduzem à necessidade de construir uma política de turismo sustentável para a região (evitando erros que se desenvolveram noutros destinos turísticos do País) e de desenvolver eficientes mecanismos de minimização de riscos de destruição dos valores naturais do território (como são exemplo a reutilização de águas residuais devidamente tratadas, a utilização de água salgada tratada na rega dos campos de golfe e a recirculação das águas resultantes das escorrências da rega dos próprios campos, desafios que têm sido já estudados pelos principais grupos económicos investidores no turismo da região). Todo o potencial de desenvolvimento económico e de diversificação do perfil de especialização da região conduz a evidentes desafios demográficos. A região caracteriza-se pela dualidade da presença de uma população ainda jovem na Península de Setúbal (que beneficia dos positivos saldos migratórios dos últimos anos e da importante proporção de activos na população total) e da presença de uma população cada vez mais envelhecida no Alentejo Litoral (onde a “ruralidade” é a marca predominante das áreas externas ao triângulo urbano Sines-Santiago do Cacém-Santo André). Por outro lado, o fraco nível de qualificação da população residente é comum a toda a região. Desta forma, devem também ser referidos os desafios associados à necessidade de dinâmica demográfica e de recursos humanos consentâneos com os investimentos previstos e potenciais ao nível de acessibilidades, infra-estruturas, actividades económicas e inovação.

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CARTA REGIONAL DE COMPETITIVIDADE

ALGARVE

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1.TERRITÓRIO A região do Algarve, que representa apenas pouco mais de 5% da superfície total do País, revestese de características territoriais muito particulares: uma extensa faixa litoral que se estende suavemente para Norte até às primeiras elevações do barrocal, sub-região natural de transição para a serra, zona interior do Algarve, a Norte do litoral urbano e do barrocal e que inclui os relevos do Espinhaço de Cão, Monchique e Caldeirão. FIGURA 1 - REGIÃO DO ALGARVE

Uma análise da organização territorial permite identificar quatro sub-sistemas territoriais (sistematizados nos vários Instrumentos de Gestão Territorial, em particular no actual Plano Regional de Ordenamento do Território): Sub-sistema Litoral - abrange a faixa entre Lagos e Tavira, da orla costeira ao barrocal, que integra uma área de elevado valor ambiental (a Ria Formosa), e que, sendo intensamente urbanizada, enfrenta uma elevada pressão demográfica, imobiliária e turística. Este subsistema integra o conjunto de centros urbanos com maior peso populacional (Lagos, Portimão, Lagoa, Albufeira, Quarteira, Faro, Olhão e Tavira) que constituem um “eixo litoral de cidades” estruturado a partir da Estrada Regional 125/Via Infante de Sagres (VLA/A22) e da linha ferroviária regional; Sub-sistema Costa Vicentina - que corresponde sensivelmente aos municípios de Vila do Bispo e de parte de Aljezur e Lagos, abrangendo importantes espaços naturais integrados nas zonas envolventes do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, bem como locais com valor simbólico elevado ligados aos Descobrimentos Portugueses e aos Oceanos (como é o caso de Sagres); Sub-sistema Guadiana - que corresponde aos municípios de Vila Real de Santo António, Castro Marim e Alcoutim, abrangendo os territórios de fronteira e espaços naturais de grande sensibilidade (Reserva Natural do Sapal de Castro Marim, Vila Real de Santo António e Bacia do Guadiana), a par de núcleos urbanos com valor patrimonial (Tavira, Vila Real de Santo António, Alcoutim e Castro Marim); Sub-sistema Serra/Barrocal - constitui uma área de transição da serra despovoada e

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o litoral, que apresenta características predominantemente rurais. Integra um conjunto de aglomerados disseminados ao longo do eixo viário longitudinal serrano (ER 124/ER 267) entre Alcoutim e Aljezur, com funções de suporte directo e abastecimento de bens e serviços às populações da Serra. De referir também o papel dos centros urbanos de Barrocal (Silves, Loulé e São Brás de Alportel) que poderão servir de charneira entre as dinâmicas do Interior e do Litoral. FIGURA 2 - SUB-SISTEMAS TERRITORIAIS DO ALGARVE

Adaptado de: PROT Algarve

O Algarve é a região portuguesa que, relativamente à população residente, apresenta um maior número de centros urbanos, consolidando uma estrutura tradicional polinucleada. Ao longo das últimas décadas, a estruturação territorial da base económica regional conduziu a uma matriz de povoamento marcada pelo desenvolvimento dos centros urbanos litorais e suas envolventes periurbanas, e pelo esvaziamento das aglomerações do interior rural pertencentes ao barrocal e à serra. O estudo do INE intitulado “Sistema Urbano Nacional: Áreas de Influência e Marginalidade Funcional” considera a existência de um “Sistema Urbano Regional do Algarve”, polinucleado e assente em dois grandes eixos do litoral: Faro/Olhão/Loulé (com prolongamento a São Brás de Alportel e a Quarteira/Vilamoura e, em complementaridade, a Tavira) e Portimão/Lagos (com prolongamento a Lagoa/Silves). È possível desagregar estes dois principais eixos nos seguintes sub-sistemas urbanos: Rede articulada de cidades Faro/Olhão, Loulé e Quarteira - trata-se de uma rede urbana centralizada em Faro, “capital regional” que polariza todo o sotavento algarvio e que concentra os principais serviços ligados à administração pública e ao aeroporto; Vila Real de Santo António - cidade que, apesar da sua reduzida dimensão, desempenha um papel central na articulação com Espanha (em particular com a Província de Huelva) e na polinucleação constituída por Vila Real de Santo António/Monte Gordo/Castro Marim e o aglomerado de Tavira; Eixo de cidades Portimão/Lagos - constitui o principal pólo do barlavento algarvio e beneficia de uma importante complementaridade entre ambas as cidades, em particular na procura turística. Este subsistema permite a articulação com o eixo Vila do Bispo/Aljezur/ Monchique;

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Albufeira - detém uma elevada centralidade regional e inter-regional, devido à confluência do IP1 com a Via do Infante, o que torna esta cidade um dos principais destinos turísticos do Algarve. Constitui um pólo-charneira entre os eixos Faro/Loulé/Olhão e Portimão/Lagos, que apesar da relativa autonomia apresenta uma tendência de ligação cada vez mais intensa a ambos os eixos, em particular com Faro. A hierarquia urbana e a organização territorial do Algarve pouco se alteraram nas últimas décadas: Faro destaca-se na região; Portimão continua a posicionar-se como um centro sub-regional; num terceiro nível hierárquico emergem sete centros urbanos (Lagos, Silves, Albufeira, Loulé, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António). A evolução acentuada da vocação económica do Algarve nas últimas décadas, marcada pelo desenvolvimento da actividade turística, implicou notórias mutações do modelo territorial, sendo visíveis duas importantes linhas de tendência: (1) uma pressão cada vez mais intensa sobre os principais centros urbanos, nomeadamente naqueles que possuem maior vocação turística; (2) uma redução dos dinamismos socio-demográficos, económicos e territoriais de diversos espaços não integrados no litoral, sendo que a integração dos pequenos centros do interior passará pelo reforço das acessibilidades transversais, que permitam estabelecer boas e rápidas ligações entre o litoral e o interior. De acordo com o PROT Algarve, nesta ligação litoral-interior do Algarve têm ganho importância os seguintes eixos de articulação (com forte potencial de desenvolvimento no futuro): Eixo Albufeira/Guia - com um papel crescente na área central da região, corresponde a um espaço urbano que poderá atingir 70 mil habitantes em 2030 e faz a articulação com as aglomerações de Faro-Loulé-Olhão e do barlavento, bem como entre o Algarve e o resto do País; Eixo Silves/Loulé/São Brás de Alportel - com um papel relevante na articulação dos espaços e centros do interior com os pólos urbanos do litoral, em particular através da inserção nas principais aglomerações urbanas da região; Eixo Aljezur/Vila do Bispo/Lagos - sub-sistema urbano designado como “Triângulo Vicentino”, em que se apoiará a dinamização do território do Sudoeste da região; Eixo Transversal Serrano – constitui uma rede secundária assente na promoção e valorização dos centros tradicionais do interior, localizados ao longo de um eixo que percorre transversalmente o território da serra. Um dos problemas de cariz territorial mais evidente do Algarve prende-se com a excessiva ocupação do território, em particular nas áreas da orla costeira Sul, na faixa compreendida entre Lagos e Tavira, sujeitas a uma forte pressão urbanística, que muitas vezes se fez acompanhar por uma falta de enquadramento urbanístico das construções, produzindo manchas de elevadas densidades de construção, descaracterizadas e com baixa qualificação urbana. De acordo com o estudo Competitividade e Coesão das Regiões Portuguesas, o Algarve apresenta, no seu conjunto, uma densidade populacional inferior à do País (79,8 hab/km2 contra 113,2 hab/ km2 para a média nacional) e densidades de construção muito aproximadas (32,2 edifícios/km2 e 55,8 alojamentos/km2 no Algarve e 34,4 edifícios/km2 e 55 alojamentos/km2 em Portugal). Todavia, existem profundos contrastes entre o conjunto das freguesias do litoral sul e as restantes freguesias algarvias. No primeiro grupo de freguesias, que contempla apenas 21,5% do território algarvio, concentra-se cerca de 65% da população residente algarvia e 71% dos alojamentos, o que resulta em densidades populacionais e de construção muito elevadas.

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O Algarve é a região portuguesa onde a taxa de crescimento do número de alojamentos familiares clássicos foi mais acentuada nas últimas décadas. Esta dinâmica, associada quer ao crescimento demográfico quer à expansão do turismo, levou à criação recente (desde 1981) de um conjunto significativo de novas freguesias nos municípios situados na orla costeira. Apesar de ter um elevado número de pólos urbanos, é claramente uma região de residência sazonal, havendo um grande número de lugares com índices de construção extremamente elevados e taxas de residência bastante reduzidas. A estruturação territorial (e económica) da região do Algarve decalca as principais infra-estruturas de acessibilidade, destacando-se o papel do transporte rodoviário para o padrão actual de povoamento e ocupação do território. A estrutura rodoviária da região é composta por um eixo ocidental constituído pela EN-120, uma via transversal de elevada capacidade (A22 ou Via Longitudinal do Algarve), um eixo oriental relativo à EN-122 (Beja/Vila Real de Santo António) e duas ligações ao exterior em vias de alta capacidade (IP1/A2 para Norte e Via Rápida para Huelva/Sevilha a nascente). Além destas vias com maior capacidade, há a destacar a EN125 que se desenvolve ao longo de toda a Costa Atlântica entre Vila do Bispo e Vila Real de Santo António e que, apesar da conclusão da A22, continua a assegurar a função de ligação intra-regional entre diversos municípios vizinhos ou próximos. As infra-estruturas ferroviárias da região são constituídas pela Linha do Sul (entre Barreiro/Lisboa e Tunes) e pela Linha do Algarve (entre Lagos e Vila Real de Santo António). No entanto, faltam ainda infra-estruturas que permitam ligações rápidas, cómodas e eficientes, o que tem conduzido à sobre-utilização do transporte rodoviário. O comboio só tem significado no eixo Boliqueime/Tavira, com especial concentração entre Faro e Fuzeta. De realçar ainda a falta de ligação da ferrovia aos Portos de Faro e Portimão, ao aeroporto de Faro e à zona de expansão da Universidade de Faro (Gambelas), bem como a falta de interconectividade que retira competitividade a este meio de transporte. Quanto ao transporte marítimo, das duas infra-estruturas portuárias existentes (Portimão e Faro), apenas esta se encontra vocacionada para o tráfego de mercadorias. Todavia, a sua localização e desarticulação com qualquer dos restantes modos terrestres, continuam a determinar-lhe uma importância muito rudimentar. Quanto aos portos, verifica-se uma tendência de especialização de Faro na área comercial e de Portimão na vertente turística (navios de cruzeiro e passeios ao longo da costa). O porto de Faro situa-se na vizinhança da cidade de Faro no interior da ria Formosa e movimenta granéis líquidos e sólidos, principalmente combustíveis e cimento. Movimenta também alfarroba e aço em varão para a construção civil. Poderá desenvolver-se com base no transporte de cabotagem, não apenas para o abastecimento regional de combustíveis (líquidos e gases liquefeitos) em ligação com um sistema de pipeline para um parque de armazenagem (no Patacão), mas também com um terminal ro-ro, tanto para transporte de veículos ligeiros, como para carga contentorizada que circula por estrada. O Porto de Portimão situa-se na margem direita do estuário do rio Arade a montante da marina. Movimenta essencialmente aço em varão para a construção civil, madeira em toros para a indústria da pasta de papel. Este Porto é o principal porto de escala dos cruzeiros turísticos. As principais infra-estruturas aeroportuárias da região são o Aeroporto de Faro (um dos pilares de suporte à economia da região, em particular do turismo) e o Aeródromo de Portimão. O aeroporto de Faro é o segundo maior aeroporto nacional em termos de passageiros transportados, representando cerca de 23% do total de passageiros transportados nos aeroportos portugueses.

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2. DEMOGRAFIA A região do Algarve tem apresentado nas últimas décadas um significativo dinamismo demográfico, destacando-se no contexto nacional como um dos territórios com maior crescimento da população residente (que nas últimas três décadas cresceu cerca de 47%). Em 2009 residiam na região cerca de 434 mil habitantes, o que representou um aumento da população residente de 27% relativamente a 1991. Contudo, a variação demográfica não se processou de igual forma em todo o território regional, à semelhança do que já vinha a suceder em décadas anteriores: o eixo Faro/Loulé/Olhão concentra 40% da população algarvia e, se se juntar o município de Portimão, esta proporção sobe para 51%. O eixo litoral Lagos/Olhão concentra cerca de 80% da população residente no Algarve. Verifica-se um generalizado e persistente decréscimo populacional nos municípios do interior serrano, sobretudo em Alcoutim (-18%) e Monchique (-5%), ao mesmo tempo que os municípios do litoral continuam a apresentar fortes crescimentos - nomeadamente em Albufeira (51%), Loulé (27%), Vila Real de Santo António (25%), Lagoa (23%), Lagos (18%), Portimão (15%) e Faro (14%). O Algarve é a região do país onde se observam as maiores discrepâncias na relação entre a população residente e a população flutuante, o que comporta indubitáveis reflexos no ordenamento do território. Albufeira, por exemplo, tem uma população flutuante na época alta cerca de 800% superior à população residente. Pelo contrário, São Brás de Alportel e Monchique apresentam variações quase residuais no contexto regional. FIGURA 3 - POPULAÇÃO RESIDENTE - 2009

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FIGURA 4 - TAXA DE CRESCIMENTO EFECTIVO DA POPULAÇÃO - 2009

Fonte: INE.

O crescimento efectivo (crescimento natural + saldo migratório) da região do Algarve é claramente positivo (de mais de 57 mil habitantes entre 1991 e 2009), o que se deve ao saldo migratório positivo (já que o crescimento natural foi muito ténue, de 0.9%, em 2009). No entanto, alguns municípios, como Alcoutim, Castro Marim, Monchique e Vila do Bispo, registaram um crescimento efectivo negativo. A taxa de crescimento natural foi mais forte nos municípios do litoral, concentrando-se no eixo entre Lagos e Faro. Todo o restante território regional apresenta uma dinâmica natural negativa. O índice de envelhecimento é elevado no Algarve (122,8 no ano 2009), mas, contrariamente às restantes regiões do País, verifica-se uma tendência de diminuição deste indicador (em 2001 era de 128 idosos por cada 100 jovens) em virtude dos saldos migratórios positivos dos territórios litorais. Todavia, nos municípios serranos a realidade é bem diferente: o número de idosos chega a ser três vezes superior ao dos jovens com menos de 15 anos.

3. ACTIVIDADES ECONÓMICAS, POLOS INDUSTRIAIS E CLUSTERS Em 2009, o Produto Interno Bruto (PIB) a preços correntes do Algarve rondava os 7.4 mil milhões de euros (o equivalente a 4.4% do total nacional). Em termos de Valor Acrescentado Bruto (VAB), a relevância nacional da sub-região rondava os mesmos valores. Naquele ano, o PIB per capita a preços correntes da região era de 17.0 milhares de euros, valor ligeiramente superior ao registado a nível nacional (de 15.8 milhares de euros) e apenas ultrapassado pelas regiões Lisboa e Região Autónoma da Madeira. O índice de disparidade do PIB per capita da região em relação à média nacional permite aferir que

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o Algarve apresenta um PIB per capita cerca de 8% acima do valor médio nacional. Embora o Algarve represente apenas 4% da economia nacional, é responsável por cerca de metade do turismo internacional de Portugal e, em consequência, por cerca de 8% das exportações nacionais de bens e serviços. Noutra perspectiva, o Algarve é responsável por cerca de 5% do total da procura final da economia nacional. A região representava, em 2010, apenas pouco mais de 0,2% dos fluxos do comércio internacional em Portugal. Em 2009, a taxa de cobertura das entradas pelas saídas na sub-região foi de 41% (abaixo da média nacional de 62%). De referir que o Algarve é a região do país em que as exportações têm menor relevância no VAB (a par da Região Autónoma da Madeira), sendo ainda a única região que regista uma tendência decrescente. Esta situação é consequência da especialização da região nas actividades turísticas e do facto de o Algarve não ser uma região de localização preferencial para as empresas industriais. Em 2009, cerca de 141 mil indivíduos desenvolviam a sua actividade económica no Algarve, o equivalente a cerca de 3.8% do emprego total do país. As actividades económicas mais representativas em termos de emprego são: o comércio por grosso e a retalho (18%), a construção civil (14%), o alojamento e restauração (12%) e as actividades primárias da agricultura, produção animal e silvicultura (10%). Os municípios que apresentam os maiores pesos do emprego no sector primário são, num primeiro nível, Aljezur, Monchique e Alcoutim, sobretudo devido à actividade agrícola, e num segundo nível, os municípios de Vila do Bispo, Silves, Castro Marim, Olhão e Tavira, valores que no caso dos dois últimos municípios são explicados, sobretudo, pelo peso da sua actividade piscatória. Influenciado pela forte especialização do Algarve na cadeia de valor turística, o sector terciário encontra-se claramente sobre-representado na região em termos de emprego, comparativamente com a média nacional. Alguns municípios como Portimão, Albufeira, Faro e Lagos registam os pesos do emprego no sector terciário acima da média regional de 71,4%. A forte polarização do mercado de trabalho pela lógica empregadora/remuneradora do turismo dificultou a criação no Algarve de uma base industrial relevante, tendo mesmo contribuído para o declínio das tradicionais actividades industriais da região. Em 2009, cerca de 58 mil empresas tinham sede no Algarve, destacando-se os municípios de Loulé (18% do total de empresas com sede na região), Faro (15%), Portimão (13%) e Albufeira (11%). No que respeita aos sectores de actividade económica mais representativos, são de referir: o comércio por grosso e a retalho (25% do total de sociedades da região), as actividades imobiliárias (24%), a construção civil (18%) e o alojamento e restauração (14%). Os sectores industriais representam apenas cerca de 5% do total de empresas com sede nos municípios algarvios. Destacam-se os seguintes sectores industriais: indústrias metalúrgicas de base e de produtos metálicos (20% do total de empresas industriais com sede na região), indústrias alimentares e das bebidas (19%) e as indústrias da madeira e da cortiça (11%). É no município de Loulé que se concentram a maioria das sociedades industriais sedeadas na região (18% do total), seguindo-se os municípios de Faro (15%), Olhão (11%) e Portimão (10%). No seu conjunto, estes municípios detêm mais de metade do total de sociedades industriais da região. Em 2008, a taxa de natalidade de empresas no Algarve ultrapassou a média nacional (15.8% contra 14.2%). A taxa de mortalidade de empresas foi, em 2007, de 16.0%, valor ligeiramente inferior ao registado a nível nacional (16.1%).

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No que respeita à estrutura dimensional das empresas, a região do Algarve é caracterizada pela forte presença de empresas de pequena e média dimensão (cerca de 90% das empresas da região têm menos de 10 trabalhadores). Em municípios como Alcoutim, Aljezur e Monchique esta proporção é de 95%. A análise da distribuição dos Trabalhadores por Conta de Outrem (TCO) por empresas com menos de 10 trabalhadores ou com mais de 250 trabalhadores, também permite verificar a predominância de empresas de pequena dimensão: cerca de 31% dos TCO da região desenvolvem a sua actividade em empresas com menos de 10 trabalhadores, valor acima da média nacional de 25% (destacando-se os municípios da Aljezur e Monchique, nos quais mais de metade dos TCO está empregada naquele tipo de empresas). Por seu turno, apenas cerca de 18% dos TCO estão empregados em empresas com mais de 250 trabalhadores (valor abaixo da média nacional de 24%), com destaque para os municípios de Faro (29%), Albufeira (24%) e Portimão (21%).

FIGURA 5 - TAXA DE TCO EM EMPRESAS COM MENOS DE 10 TRABALHADORES - 2008

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FIGURA 6 - TAXA DE TCO EM EMPRESAS COM MAIS DE 250 TRABALHADORES - 2008

Fonte: INE.

No seu conjunto, as empresas do Algarve atingiram, em 2009, um volume de negócios na ordem dos 7.8 mil milhões de euros. Os sectores de actividade económica mais representativos da região em termos de volume de negócios foram, por ordem decrescente de importância: comércio a retalho, excepto de veículos automóveis e motociclos (20% do volume de negócios total); comércio por grosso, excepto de veículos automóveis e motociclos (15%); promoção imobiliária (desenvolvimento de projectos de edifícios) e construção de edifícios (13%); restauração e similares (8%); alojamento (7%). Especialização da base produtiva Cerca de 3/5 da economia do Algarve estão associados – directa ou indirectamente – à procura turística, à construção civil e às despesas das administrações (consumos colectivos), pelo que a economia regional assenta em três pilares fracamente controlados pela região. A análise da estrutura sectorial da região do Algarve, em termos de comparação entre o peso de determinado sector económico no VAB regional e o peso que esse mesmo sector assume no VAB nacional, permite comprovar a elevada especialização da região nas actividades terciárias, sobretudo nas referidas actividades de comércio, alojamento e restauração, nas actividades financeiras, imobiliárias e de apoio às empresas, mas também no sector primário (sobretudo através da relevância da pesca e, em menor grau, da agricultura). O sector da indústria assume-se como o mais sub-representado na região, o que em parte se explica pelo carácter periférico do Algarve face aos principais centros económicos nacionais (as Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto) mas cujo principal factor justificativo é a forte expansão das actividades turísticas nas últimas décadas (que implicam o desenvolvimento de actividades terciárias de suporte, como as atrás identificadas).

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Uma característica marcante da economia do Algarve é o fraco peso da indústria transformadora, que resultou não só do facto de este sector não ter conseguido acompanhar a forte dinâmica regional, mas também de um verdadeiro declínio do emprego industrial. Para além da sobrevivência de algumas unidades de transformação de produtos da pesca e da agricultura (semente de alfarroba) e da adaptação de algumas indústrias que antes se encontravam inseridas noutras cadeias de valor (tipografias, construção naval), o essencial da indústria algarvia funciona dentro da lógica das actividades dominantes – turismo e construção civil. Os sectores industriais que apresentam maior relevância na região do Algarve estão associados ou à exploração de recursos naturais, como as indústrias extractivas (nomeadamente as pedreiras de Sienito, “Brecha”, Calcário e Calcário Ornamental e as minas de sal-gema) e a indústria da madeira e cortiça, ou, são grandes fornecedores de actividades de especialização da região, como as indústrias alimentares e bebidas (sobretudo panificação, pastelarias e produção de aguardentes, fornecedoras das actividades de restauração e hotelaria) ou a fabricação de produtos metálicos ou outros produtos minerais não metálicos (que à semelhança das indústrias extractivas fornecem sobretudo a actividade de construção civil). Como salienta o PROT, a indústria algarvia com algum significado está limitada a: fabrico de cimentos (em Loulé) e pequenas unidades de produção de cerâmicas, corte de pedra e materiais de construção; fabrico de elementos de construção em metal, principalmente em Faro, Loulé e Olhão; tipografia e edição, principalmente em Vila Real de Santo António, mas também em Faro e Loulé; obras de carpintaria para construção (principalmente em Faro); construção naval (em Vila Real de Santo António, Lagos e Faro); pequenas unidades no sector da cortiça (São Brás de Alportel, Silves). O crescimento económico do Algarve e todo o perfil de especialização da base económica regional estão fortemente ligados às actividades do sector do turismo e dos serviços de apoio a ele directamente relacionados. Como surge referido no PROT Algarve, no passado a organização territorial da economia algarvia era moldada pelas três zonas “naturais” – o litoral, o barrocal e a serra – mas, a expansão turística das últimas décadas, conduziu ao desenvolvimento de várias dinâmicas que introduziram uma alteração profunda daquele modelo económico-territorial marcada por: um crescimento imobiliário-turístico do litoral a expandir-se de forma dispersa para o barrocal, contribuindo para a aceleração do êxodo rural da área serrana, com maior incidência do envelhecimento e declínio demográfico; um processo de abandono produtivo da serra, a par da evolução desfavorável das condições de mercado dos produtos tradicionais deste território; nas zonas de maior potencial agrícola do litoral/barrocal, a resposta dos agricultores para assegurar a viabilidade económica da agricultura foi a introdução de técnicas de cultivo baseadas na forçagem e semi-forçagem, num contexto em que a actividade agrícola passou a concorrer com o turismo na disputa do espaço, de água e mão-de-obra. Assim, o crescimento polarizado pelo turismo não só desestruturou o modelo económico do Algarve como introduziu na região significativas dinâmicas de alteração da estrutura territorial. Tornou-se evidente o desequilíbrio na organização territorial da economia algarvia, com cerca de 2/3 da economia regional concentrada nos municípios de Faro, Loulé, Portimão e Albufeira e um

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processo que não se tem conseguido estancar de despovoamento e perda de actividade económica da serra. As actividades tradicionais do sector primário que sustentavam o território “marginal” à actividade turística têm entrado em declínio acentuado. A região apresenta uma agricultura tradicional onde predominam as produções de frutos secos, o olival, a amendoeira, a alfarrobeira, a figueira, as culturas arvenses e a vinha. Com excepção da alfarrobeira, as demais produções têm vindo a perder relevância regional. Em paralelo, a horticultura também tem perdido importância, registando-se apenas uma evolução positiva na citricultura (o Algarve é responsável por mais de 2/3 da produção nacional de citrinos). No que respeita às actividades ligadas à exploração do recurso mar, o Algarve ainda se destaca pelos resultados positivos: representa cerca de 1/3 do valor da pesca descarregada no País (com aumento do peso relativo na última década - concentra dois dos cinco principais portos de pesca a nível nacional, Portimão e Olhão, em termos de quantidades descarregadas); detém 71% das unidades de aquicultura nacional (sobretudo em regime extensivo e com a produção a verificar uma ligeira tendência para aumentar) e representa a quase totalidade da produção de sal marinho no País. É a região do País mais importante em termos de produção aquícola, sendo responsável por quase toda a produção de moluscos bivalves e por grande parte da produção de peixes marinhos. A aquicultura no Algarve é exclusivamente marinha e feita apenas nos sistemas lagunares, dos quais a Ria Formosa é de longe o maior e o mais importante. A actividade turística O turismo constitui o sector de actividade essencial da economia do Algarve. Na região, o sector do alojamento e restauração emprega 10,6% do pessoal ao serviço e gera 12,8% do produto criado a nível nacional no sector. Localizam-se no Algarve mais de 20% dos estabelecimentos de alojamento classificado existentes no País, correspondendo a cerca de 40% da capacidade de alojamento instalada. A oferta de imobiliária de lazer e as residências de férias, também estas muitas vezes alugadas sazonalmente pelos proprietários, atinge valores que têm sido estimados entre 320 mil e 500 mil camas, apesar de não existirem dados estatísticos oficiais. Existe, em média, um estabelecimento hoteleiro para cada 1.030 residentes, ratio este superior ao de qualquer outra região do país. A oferta turística é regionalmente muito desequilibrada. Se se considerar apenas o número de estabelecimentos hoteleiros, verifica-se que: Cerca de 1/3 dos estabelecimentos (31,9%) encontra-se no município de Albufeira; Cerca de 62% dos estabelecimentos concentram-se nos municípios de Albufeira, Loulé e Portimão; Cerca de 85% dos estabelecimentos concentram-se nos municípios da faixa litoral LagosFaro. Se se considerar a capacidade de alojamento verifica-se que: O município de Albufeira detém quase 40% da capacidade de alojamento da região; Os municípios de Albufeira, Portimão e Loulé concentram quase ¾ da capacidade de alojamento da região; Cerca de 90% da capacidade de alojamento da região encontra-se na faixa litoral Lagos-Faro. Existe portanto uma grande concentração dos estabelecimentos hoteleiros, e portanto da capacidade de alojamento, na faixa litoral Lagos-Faro. O restante território regional detém apenas 15% dos estabelecimentos da região e 10% da capacidade de alojamento.

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No PROT Algarve é possível obter uma análise da distribuição do número total de camas turísticas previstas nas Áreas de Aptidão Turística (AAT) dos Planos Directores Municipais (PDM) dos vários municípios da região: um total de cerca de 51 mil camas, com maior concentração de AAT em Castro Marim (15%) e Vila Real de Santo António (11%). Com excepção dos municípios de Alcoutim, Faro, Monchique e São Brás de Alportel, todos os restantes municípios algarvios possuem afectação do solo a Zonas de Ocupação Turística (ZOT). No âmbito da estruturação do território, é de destacar a concentração das ZOT mais relevantes junto à costa, principalmente entre os núcleos urbanos de Lagos e Loulé (eixo central Lagos/ Portimão/Lagoa/ Albufeira/Loulé) e zonas litorais da parte ocidental (Aljezur e Vila do Bispo) e, na parte oriental, Vila Real de Santo António. A região do Algarve atrai cerca de 22% dos turistas estrangeiros que procuram o destino Portugal. No que respeita à nacionalidade dos hóspedes estrangeiros, destaca-se o peso crescente de cidadãos da União Europeia. De acordo com dados disponibilizados pela AHETA - Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (os dados mais recentes de que se dipõe são relativos a final de 2007), cada vez são mais importantes os mercados britânico e alemão, enquanto os mercados holandês, italiano, espanhol e francês têm perdido peso no turismo da região. Verifica-se uma concentração da procura britânica em Albufeira, Portimão, Praia da Rocha, Alvor e Loulé (Vilamoura, Quarteira, Vale do Lobo e Quinta do Lago); a procura alemã concentra-se sobretudo no Carvoeiro, Armação de Pêra, Portimão e em Lagos, Silves e Vila do Bispo; a procura holandesa está concentrada no sotavento, em particular em Tavira, Manta Rota, Altura e Monte Gordo. Este padrão de nacionalidades da procura turística na região do Algarve é influenciado pela própria lógica de investimentos de grupos empresariais, alguns estrangeiros, em estabelecimentos de alojamento turístico que funcionam como privilegiados meios de divulgação e comercialização juntos dos principais mercados emissores. FIGURA 7 -PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO DAS DORMIDAS NA REGIÃO DO ALGARVE – NOVEMBRO 2007

Fonte: AHETA; Região de Turismo do Algarve.

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Não se dispõe de uma análise detalhada dos investimentos ao longo dos anos nos segmentos médio-alto do turismo algarvio para comprovar/refinar o esquema e quadro que se apresentam de seguida, relativos às fases de desenvolvimento do turismo no Algarve e às fases de investimento em campos de golfe. Considerou-se interessante evidenciar a “respiração” do investimento em campos de golfe, na medida em que constitui uma âncora do turismo residencial e um equipamento associado frequentemente à hotelaria de 5 estrelas. É possível identificar “vagas” de desenvolvimento turístico no Algarve. Numa primeira fase, que corresponde ao período entre meados da década de 60 do século XX e 1974, registou-se uma forte procura de turistas estrangeiros possibilitada pela inauguração do Aeroporto de Faro, de várias unidades hoteleiras de gama alta e dos primeiros campos de golfe, ao mesmo tempo que a construção dos primeiros aldeamentos turísticos para a classe média permitia o crescimento da procura turística interna. No período pós-1974, e até ao início da década de 90, registou-se uma massificação da procura turística (sobretudo interna), com o aumento da oferta de aldeamentos turísticos, da construção de alojamentos destinados a segunda residência e de apartamentos destinados a timesharing (esta fase corresponde ao primeiro boom do imobiliário a nível mundial). Numa terceira fase, que se estendeu entre a década de 90 e o início dos anos 2000, proliferaram os investimentos de estrangeiros na aquisição de unidades hoteleiras de luxo e no desenvolvimento de resorts, alguns associados à construção de novos campos de golfe. Esta fase foi embrionária da tendência actual de forte crescimento da oferta de hotéis de 5 estrelas (e início dos de 6 estrelas) e, em particular, de resorts integrados ancorados no golfe, associado aos investimentos de grupos nacionais e estrangeiros e de investidores privados, o que permitiu impulsionar uma nova vaga de procura turística internacional.

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FIGURA 8 - FASES DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO DO ALGARVE Fase 2

Fase 3

Inauguração do Aeroporto Internacional de Faro Hotéis de 5 estrelas e primeiros resorts de luxo Primeiros aldeamentos turísticos para a classe média

Aldeamentos turísticos Apartamentos de 2ª residência Time-sharing

Fase 4

Investimentos de capitalistas do Norte da Europa

Grandes investimentos associados a Resorts Integrados e Golfe

Procura turística

Fase 1

1965

1974

1986

1996

2008

Anos

Turismo de Gama Alta Turismo de Massa

QUADRO 1 - FASES DE INAUGURAÇÃO DOS CAMPOS DE GOLFE DO ALGARVE 1967-1976

1977- 1985

PENINA GOLFE (1966) PORTIMÃO/ALVOR OCEÃNICO OLD COURSE (1969) VILAMOURA

1986-1994 1º ciclo do imobiliário global PARQUE DA FLORESTA GOLFE (1987) VILA BISPO

NENHUMA INAUGURAÇÃO

SAN LORENZO GOLFE (1988) ALMANCIL

OCEAN GOLFE COURSE (1968) VALE DO LOBO

QUINTA DO LAGO NORTE GOLFE (1989) ALMANCIL

QUINTA DO LAGO SUL GOLFE (1974) ALMANCIL

OCEANICO LAGUNA GOLFE (1990) VILAMOURA

PALMARES GOLFE (1975)- LAGOS

VILA SOL GOLFE (1991) VILA MOURA

OCEÃNICO PINHAL (1976) VILAMOURA

ALTO GOLFE (1991) PORTIMÃO/ALVOR

BALAIA GOLFE

GRAMACHO GOLFE (1991) CARVOEIRO PINE CLIFFS GOLFE (1991) ALBUFEIRA

1994 - 2000

ROYAL GOLFE COURSE VALE DO LOBO (1997) VALE DO LOBO OCEANICO MILLENIUM (2000) VILAMOURA BENAMOR GOLFE (2000) TAVIRA

2001 – ( 2007) - ??? 2º ciclo do imobiliário global CASTRO MARIM GOLFE (2001) CASTRO MARIM QUINTA DA RIA GOLFE (2002) VILA NOVA DE CACELA QUINTA DE CIMA GOLFE (2002) VILA NOVA DE CACELA BOAVISTA GOLFE (2002) LAGOS GOLFE DO MORGADO (2003) PORTIMÃO OCEÃNICO VICTORIA GOLFE (2004) VILAMOURA GOLFE DOIS ALAMOS (2006) PORTIMÃO SILVES GOLFE (2006) SILVES

VALE DA PINTA GOLFE (1992) CARVOEIRO

MONTE REI GOLFE (2007) VILA NOVA DE CACELA

PINHEIROS ALTOS GOLFE (1992) ALMANCIL

QUINTA DO VALE GOLFE (2007) CASTRO MARIM

SALGADOS GOLFE (1994) ALBUFEIRA

OCEANICO AMENDOEIRA GOLFE FALDO (2008) ALCANTARILHA OCEÃNICO AMENDOEIRA

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PRINCIPAIS GRUPOS EMPRESARIAIS Dado o predomínio da actividade turística no Algarve consideraram-se como principais grupos empresariais aqueles que asseguravam a oferta turística mais qualificada/diversificada - e por isso mesmo potencialmente mais internacionalizada, ou seja, os que detinham a propriedade de: Hotéis e Hotéis Apartamentos de 5 estrelas; Cadeias de Hotéis de 4 estrelas, Condomínios residenciais de luxo; Resorts e Resorts integrados; Campos de Golfe e Marinas. No Algarve está em curso uma vaga de investimento em resorts integrados e em condomínios fechados associados a Hotéis e Hotéis Apartamentos de luxo que irá transformar o perfil turístico da região, iniciando uma nova fase de internacionalização, tornada possível pelo boom imobiliário mundial de 2002/2007. Os resorts integrados são uma modalidade de turismo na qual é oferecido um conjunto de actividades e experiências. Normalmente são compostos por mais de 2000 camas e destinam-se a um leque variado de segmentos de mercado como é o caso dos turistas motivados pelos desportos náuticos, pelo turismo de saúde e bem-estar ou pelo golfe. Esta “vaga de investimento” tem forte expressão nas âncoras do Triângulo Dourado localizado no Algarve Central – Vilamoura, Vale do Lobo e Quinta do Lago e em zonas adjacentes – mas a grande novidade está no surgimento de projectos de grandes resorts integrados para o Barlavento e Sotavento do Algarve. Esta última vaga de investimento que atravessou o turismo algarvio (e de Portugal, no seu conjunto) no período 2002/2007, ou seja, investimento em condomínios de luxo, resorts e resorts integrados com campos de golfe, foi acompanhada por uma profunda mudança nos grupos empresariais do turismo algarvio caracterizada por três movimentos: Mudanças de propriedade dos principais empreendimentos turísticos do tipo resort já existentes e de várias unidades hoteleiras de 5 estrelas; Entrada de actores empresariais completamente novos na região como promotores dos novos resorts e condomínios de luxo; Expansão e diversificação de oferta de actores já presentes na região. Ao mesmo tempo que se verificava a permanência de alguns actores há muito estabelecidos no Algarve, quer desde a primeira fase do desenvolvimento turístico (1967/76), quer da terceira fase (1986/1994) associada ao boom imobiliário mundial desse período. Mudanças de propriedade dos principais empreendimentos turísticos do tipo resort já existentes e de várias unidades hoteleiras de 5 estrelas No período 2002/2007 assistiu-se à saída de cena dos dois maiores empresários turísticos do Algarve, proprietários dos três resorts que estruturaram o “Triângulo Dourado” (Quinta do LagoVilamoura-Vale do Lobo) – referimo-nos a André Jordan, que esteve associado desde o inicio ao empreendimento da Quinta do Lago e que desde 1995 controlava o resort de Vilamoura, e a Sander van Gelder que desde os anos 80 dirigia o resort de Vale do Lobo. A Quinta do Lago foi vendida a um grupo irlandês (grupo O´Brien), sendo de referir que a Quinta do Lago é um exemplo típico de resort integrado, contendo no seu interior múltiplas ofertas, quer de alojamento quer de residência, quer ainda de serviços que são propriedade de distintos operadores (exemplos: Four Seasons Country Club e Four Seasons Fairways da cadeia hoteleira internacional Four Seasons; o Lakeside Village, o campo de golfe e condomínio dos Pinheiros Altos, o Hotel Quinta do Lago etc.).

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Por sua vez, o empreendimento de Vilamoura foi dividido em duas componentes – a componente resort integrado que foi adquirida na altura pelo grupo de construção civil e imobiliário espanhol da Andaluzia PRASA, em consórcio com a Caixa da Catalunha/PROCAN, tendo este útimo acabado por ficar com o controlo após a crise da imobiliária espanhola – enquanto a componente “campos de golfe” foi adquirida um ano depois pelo grupo OCEANICO, de capitais irlandeses. Quanto ao resort integrado de Vale do Lobo, após a uma última tentativa de reconfiguração do resort sob seu controle, com a proposta da criação de uma “ilha artificial” – o Projecto Nautilus Island -, van Gelder vendeu o empreendimento a um consórcio de quatro entidades portuguesas e estrangeiras, no qual a Caixa Geral de Depósitos haveria de adquirir uma posição destacada (25% do capital). Este grupo lançou as novas fases do empreendimento, bem como o novo Vale de Santo António Resort, sendo aposta de longo prazo a expansão internacional com a marca Vale do Lobo. Num sentido contrário – ou seja de “reentrada” no turismo algarvio - o investidor saudita que lidera a JJW Hotels & Resorts, e que já tinha lançado no Algarve o resort residencial de Pinheiros Altos, em torno de um campo de golfe localizado na Quinta do Lago, adquiriu com apoio bancário o conjunto de unidades hoteleiras e campos de golfe anteriormente detidos pela cadeia Méridien – o Penina Hotel & Resort e respectivo campo de golfe e o D. Filipa em Vale do Lobo, tendo associado um dos mais famosos campos de golfe do Algarve, o San Lorenzo. Atravessa actualmente dificuldades financeiras. Entrada de actores empresariais completamente novos na região como promotores dos novos Resorts e/ou condomínios de luxo. Grupos Portugueses: Grupo ONYRIA - grupo proprietário do Quinta da Marinha Resort em Cascais que inclui o Hotel da Quinta da Marinha (5 estrelas), e do respectivo campo de golfe e um aldeamento de luxo; no Algarve, lançou o resort t de Palmares que integrou o campo de golfe com o mesmo nome já existente e onde vai ser construído um novo hotel de 5 estrelas - o Aqua Meia Praia. Na sua expansão internacional inclui-se a participação num empreendimento com hotel e campo de golfe e produção de vinho na região de Bordéus – o Chateaux de Vigiers e mais recentemente em projectos na Turquia. Grupo IMOCOM - este grupo teve a sua origem numa PME da construção civil e materiais de construção da região Oeste; está actualmente numa fase de crescimento exponencial. No Algarve tem dois hotéis e hotéis apartamentos de luxo - o Hilton As Cascatas Golf, Resort e Spa em Vilamoura e o Conrad Resort e Spa na Quinta do Lago, no palácio Valverde e um resort com que se estreia no turismo residencial - o Monte Santo Resort no Carvoeiro (os três empreendimentos em parceria com a cadeia Hilton, que pela primeira vez se associou a hotéis em Portugal, sendo a sua marca Conrad reservada a nível mundial para hotéis de 6 estrelas). O grupo iniciou simultaneamente a sua expansão internacional para a América Latina, está presente no Brasil (Salvador da Baía) e mais recentemente num resort na Patagónia na Argentina (em ambos os casos em parceria com a cadeia Hilton), tendo também empreendimentos planeados ou em curso em Cabo Verde. Grupo CS (Carlos Saraiva) - grupo que teve a sua origem na promoção imobiliária e que iniciou a sua presença no sector do turismo como proprietário de hotéis - o CS São Rafael no Algarve, o

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CS Madeira no Funchal e dois hotéis no Douro; entrou numa fase de crescimento na região com dois grandes empreendimentos – o resort da Herdade do Salgados, em Albufeira e o resort da Herdade dos Reguengos, envolvendo no seu conjunto três campos de golfe; com novos hotéis de 5 estrelas– o CS São Rafael, o CS Salgados Duna Hotel e o CS Palace Reguengo Hotel ; estão em desenvolvimento unidades hoteleiras em Lisboa, Porto, no Douro e no Alentejo; Grupo Amorim - a entrada deste grupo na área do turismo foi relativamente recente; depois de uma primeira aquisição do Casino da Figueira da Foz passou a estar associado como sócio minoritário de Stanley Ho na Estoril Sol - proprietária dos Casinos do Estoril, Lisboa e Póvoa do Varzim; mais recentemente iniciou a sua expansão no segmento dos hotéis e hotéis apartamento de 5 estrelas adquirindo no Algarve o Vila Lara Thalassa Resort à cadeia francesa SOFITEL, e lançando um novo hotel e condomínio fechado anexo - The Lake Resort; criou entretanto uma marca própria de hotéis na área do turismo “Blue & Green”; refira-se que o grupo irá investir na combinação Hotel + Casino na sua participação no resort de Tróia da SONAE; mais recentemente evidenciou vontade de entrar também no segmento dos resorts integrados através de uma parceria com a Amman Resorts para o Alqueva. Grupo REAL - grupo hoteleiro com hotéis em Lisboa e Cascais e um hotel de 5 estrelas e respectivo campo de golfe no Algarve – o Real Santa Eulália; tendo concluído a construção de outro hotel de 5 estrelas em Olhão – o Real Marina Hotel. Grupos Estrangeiros: Grupo Oceânico - este grupo de capitais irlandeses e britânicos (actualmente sob gestão deum fundo de investimento, na sequência da crise bancária irlandesa) é dos maiores grupos presente no turismo algarvio; além de ter comprado o conjunto de dez campos de golfe associados a Vilamoura, tem em desenvolvimento um grande resort no Barlavento algarvio – o Amendoeira Golf Resort (onde contará com dois campos de golfe) e outro grande empreendimento em Vilamoura - Vila Moura Golf & Garden Resort; é proprietário de vários condomínios no segmento sol praia (Belmar SPA & Beach Resort na praia de Porto de Mós, empreendimento de 5 estrelas, Quinta do Monte Resort, um condomínio de luxo, bem como vários de 4 estrelas como o Jardim da Meia Praia, os Estrela da Luz e Vila Baía na Praia da Luz). Grupo ALIBER - este grupo internacional lançou um dos maiores projectos de novos resorts do Algarve – o Monte Rei Golf & Country Club, em torno de um campo de golfe com o mesmo nome, localizado no Sotavento algarvio (Vila Nova de Cacela), onde também se irá localizar outro resort que o grupo tem em desenvolvimento - o São Brás Golf Camp & Country. Grupo Van KOOTEN - grupo holandês ligado ao presidente da ENDEMOL que está a lançar outro dos grandes resorts do Sotavento algarvio - o Castro Marim Golfe & Country Club; tem laços com a família Van Gelder que vendeu Vale do Lobo. GRUPO CORTE VELHO - grupo britânico que se aliou ao asiático Six Senses para o lançamento de outro resort no Sotavento algarvio, em Castro Marim – o Corte Velho. Grupo TUI/ Robinson - o grupo alemão de turismo TUI (em que accionistas espanhóis ligados à hotelaria - grupo RIU - tomaram recentemente posição accionista), através da sua afiliada ROBINSON, inaugurou o resort Quinta da Ria localizado no Sotavento algarvio (Vila Nova de Cacela) e que dispõe de dois campos de golfe - Quinta da Ria e Quinta de Cima.

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Expansão e diversificação de oferta de actores já presentes na região: Grupo Pestana - o maior grupo hoteleiro português com origem na Madeira e presença em Portugal, no nordeste do Brasil, Argentina e Venezuela na América Latina; em África está presente em Moçambique, S. Tomé e Príncipe, Cabo Verde,e Africa do Sul; na Europa tem hotéis em Londres e Berlim.No Algarve o grupo detém um conjunto de hotéis dos quais o Pestana Alvor Praia de 5 estrelas e vários de 4 estrelas situados no Barlavento algarvio Pestana Alvor Atlântico em Alvor, Pestana Delfim Pestana D. João II; conta ainda com três campos de golfe – Silves Golf, em Silves e Vale da Pinta e Gramacho no Carvoeiro; com a aquisição destes últimos em 1996 iniciou um investimento no imobiliário turístico – construção e venda de apartamentos, moradias e “villas”; a sua evolução no sentido de estar presente neste sector do turismo residencial, levou à criação de uma marca própria para este segmento - Pestana Residence (ver Caixa 2). Grupo Espirito Santo - este grupo está actualmente presente no Algarve no segmento dos hotéis com a marca TIVOLI – Tivoli Lagos e Tivoli Carvoeiro - bem como dois hotéis situados respectivamente nas Marinas de Portimão e de Vilamoura (os três primeiros de 4 estrelas e este último de 5 estrelas) e conta com uma nova unidade de 5 estrelas – o Tivoli Vitoria - estando igualmente presente na gestão de campos de golfe; Grupo Vila Galé - grupo hoteleiro actuando em Portugal e no Brasil onde detém no conjunto 23 hotéis; tem actualmente no Algarve uma rede de hotéis de 4 estrelas - em Armação de Pêra, no Carvoeiro, em Albufeira, Vilamoura e Tavira - e um hotel de 5 estrelas na Meia Praia, em Lagos. Grupo VIOLAS/SOLVERDE - é um grupo com origem em Espinho que se destaca a nível nacional pela presença no segmento dos Casinos, detendo os três Casinos do Algarve – Vilamoura, Monte Gordo e Praia da Rocha - e um dos hotéis de 5 estrelas mais emblemáticos da 1ª fase da expansão turística da região – o Hotel Algarve na Praia da Rocha; vai promover dois novos campos de golfe em ligação com este hotel que é o seu flagship no Algarve. Grupo Atlântica - é um grupo que detém o VILA SOL Hotel, campo de golfe e pequeno resort associado e o Vale do Ancão Hotel – tendo projectos de expansão para o Alentejo e Douro. Permanência de alguns actores estrangeiros há muito estabelecidos no Algarve: Grupo VIGIA - grupo britânico com forte presença no barlavento algarvio em empreendimentos de turismo residencial, quer em torno do golfe – com os resorts Parque da Floresta (campo de golfe ) - quer do sol & mar – Quinta da Fortaleza, The View e Quinta de São Roque; mais recentemente expandiu a sua oferta para o Alentejo com o resort Parque do Redondo Lakeside, que virá a ter um campo de golfe. Grupo IFA/UNITED INVESTMENTS – este grupo imobiliário e turístico do Kuwait, um dos que maior crescimento tem tido a nível mundial, detém há muitos anos o empreendimento Pine Cliffs Resort e o Hotel de 5 estrelas nele integrado – o Sheraton Algarve explorado pela cadeia Starwood (Luxury Colection); estão actualmente a lançar um resort de luxo na serra algarvia - o Quinta do Freixo Resort. Grupo EMERSON - este grupo imobiliário britânico é uma das mais antigas presenças no Algarve, onde se instalou em 1970, detendo um campo de golfe e resort associado. Grupo VILA VITA - grupo alemão detentor de um Hotel Apartamento de luxo VILA VITA PARK.

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Síntese: A Figura seguinte procura sintetizar a informação recolhida sobre grupos empresariais do Turismo no Algarve, obedecendo aos seguintes critérios: 1) Consideraram-se - como se referiu no início - apenas os grupos empresariais proprietários no Algarve de Hotéis e Hotéis Apartamentos de 5 estrelas; Cadeias de Hotéis de 4 estrelas, Condomínios residenciais de luxo; Resorts e Resorts integrados; Campos de Golfe e Marinas. 2) Dividiram-se estes grupos em dois conjuntos principais: Os que estão mais especializados na oferta de alojamento – hotéis e hotéis-apartamentos, admitindo já nalguns casos uma oferta residencial complementar da oferta de alojamento ocupam a parte superior da Figura; Os que estão claramente especializados na oferta de residência sob a forma de resorts integrados, resorts e/ou condomínios de luxo, sendo que os promotores destes resorts podem atrair para o seu empreendimento hotéis e hotéis-apartamentos que funcionem como factor de complementaridade. 3) Considerou-se em seguida o investimento em campos de golfe como o factor distintivo dos grupos, surgindo um terceiro conjunto - os que estão centrados na exploração de campos de golfe ou em que existem subgrupos especializados nesta actividade - e dividindo-se os anteriores entre os que detêm campos de golfe e os que não são proprietários deste tipo de oferta. 4) Teve-se em conta a cada vez maior integração entre os dois conjuntos inicialmente considerados, tendo-se criado um espaço próprio para localização de grupos que tendo começado por pertencer ao conjunto especializado na oferta de alojamento estão a evoluir para a oferta de turismo residencial, que constitui o factor principal do investimento actualmente em curso no Algarve. 5) Distinguiram-se os grupos nacionais (com a cor laranja) e os internacionais (com a cor verde).

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FIGURA 9 - SÍNTESE DOS PRINCIPAIS GRUPOS EMPRESARIAIS NO TURISMO ALGARVIO GRUPO GRUPO SOLVERDE VILA GALÉ

Casinos Santa Eulália Golfe

GRUPO REAL

PINE GRUPO CLIFFS OCEANICO GRUPO Golf IMOCOM Boavista Golfe

Alto Golfe

Golfe

WYKEHAM Palmares Golfe

Vila Sol Golfe

Hoteis & Hoteis Apartamentos

DOM PEDRO HOTÉIS Penina Golfe GRUPO GRUPO San Lorenzo Golfep VILA AMORIM Pinheiros Altos Golfe GRUPO SOL JWW Silves Golfe GRUPO Vale da Pinta Golfe Gramacho Golfe PESTANA ESPIRITO SANTO Golfe do Morgado

Pine Cliffs Golfe Old Course Vilamoura Millenium Vilamoura Laguna Vilamoura Victoria vilamoura Pinhal Vilamoura

VILA VITA

Golfe Alamos

GRUPO

CS

Herdade Salgados Golfe

Benamor ´Golfe

EMERSON GROUP

Benamor Golfe

GRUPO ONYRIA

Quinta do Lago Norte Quinta do Lago Sul

QUINTA DO LAGO Amendoeira FALDO Amendoeira O`Connor Vilamoura Golfe Garden Parque da Floresta Golfe

Quinta do Vale Golfe(ESPANHA)

GRUPO OCEANICO GRUPO Resorts

ALIBER

GRUPO VAN KOOTEN VIGIA GROUP

GRUPO Robinson/ TUI

VILAMOURA (Lusort S.A)

Monte Rei Golfe

Castro Marim Golfe

GRUPO VALE DE LOBO

Golfe Vale do Lobo Roya l Golfe Vale do Lobo Ocean

Quinta de Cima Golfe Quinta da Ria Golfe

Resorts Integrados & Condomínios

CAIXA 1 - PRINCIPAIS GRUPOS EMPRESARIAIS PRESENTES NO TURISMO ALGARVIO GRUPO PESTANA O Grupo Pestana, cuja origem remonta a 1972, por ocasião da fundação da M & J Pestana - Sociedade de Turismo da Madeira, desenvolve a sua actividade principalmente no sector do Turismo, tendo ainda interesses na indústria e nos serviços. De empresa eminentemente local ou regional, o Grupo Pestana tornou-se claramente o maior grupo português no sector do Turismo, sendo a sua cadeia hoteleira - a PH&R - Pestana Hotéis & Resorts, com as actuais 45 unidades e cerca de 9.500 quartos - a maior cadeia de origem portuguesa. O processo de internacionalização está em curso existindo já presenças consolidadas no Brasil, Moçambique, África do Sul, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Argentina e Venezuela. E na Europa Londres e Berlim A partir de 2003, o Grupo Pestana assumiu a gestão da rede das Pousadas de Portugal, assumindo assim o destino das 43 Pousadas existentes no território nacional e procurando a sua internacionalização.O Grupo emprega mais de 7.000 colaboradorese registou em 2009 receitas totais superiores a 500 milhões de euros.. A estratégia do Grupo Pestana está assente em dois eixos principais: Integração Horizontal – depois de ter assegurado uma base sólida no mercado de origem, a Região Autónoma da Madeira, o Grupo Pestana partiu para um crescimento sustentado no seu core business (hotelaria). Este crescimento deu-se quer no território nacional, no Algarve e na área da Grande Lisboa e Porto, quer pela internacionalização, nomeadamente para os países que tem afinidades com a cultura portuguesa como Moçambique, Brasil e Cabo Verde. Prova disso é a recente compra de duas novas unidades no Algarve e a entrada no mercado de Cabo Verde através da aquisição de uma unidade já existente na Cidade da Praia. Em 2006 abriu uma nova unidade na Beloura - o Pestana Sintra Golf. Em 2008 abriu três unidades hoteleiras de 5 estrelas: o Pestana São Tomé em São Tomé e Príncipe, o Pestana Caracas na Venezuela e o Pestana Porto Santo, em Porto Santo, Arquipélago da Madeira. O crescimento tem sido construído a partir de áreas geográficas delimitadas com uma estratégia concertada de forma a poder obter as necessárias sinergias e economias de escala. Nas formas de comercialização o Grupo Pestana além da hotelaria tradicional é o líder nacional e um dos 5 primeiros na Europa na comercialização das unidades hoteleiras sob o regime dos direitos reais de habitação periódica. Em Setembro de 2003 assumiu a gestão das Pousadas de Portugal, fortalecendo assim a sua estratégia de integração horizontal. Integração Vertical – crescimento noutros subsectores da actividade turística, como seja o jogo, o golfe, o imobiliário de lazer, o transporte aéreo através de voos charter, a operação turística no estrangeiro (com especial destaque para o Reino Unido), em Portugal. Fontes: Site Empresa

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4. RECURSOS HUMANOS - EDUCAÇÃO BÁSICA E SECUNDÁRIA O Algarve é a região do País que, a seguir a Lisboa, apresenta maior número médio de anos de escolaridade, com valores ligeiramente acima da média nacional de 7.3 anos. São os municípios mais desenvolvidos do litoral que apresentam maior número de anos de escolaridade - Faro, Albufeira, Lagoa, Portimão e Lagos. Todavia, a análise dos níveis de habilitação da população empregada evidencia défices acentuados de qualificação escolar (e também profissional) dos activos da região, com destaque para as actividades turísticas que pressionam saídas precoces do sistema escolar e não estimulam o investimento na formação de activos. A percentagem de activos empregados com qualificações mais elevadas não excede os 7%, quando a média do País se situa nos 10%. Em 2007 cerca de 55% da população activa algarvia detinha pelo menos o 3º ciclo do ensino básico, mas apenas 13% haviam concluído o ensino superior. De acordo com o estudo Competitividade e Coesão das Regiões Portuguesas, esta baixa percentagem de activos com ensino superior é resultado dos seguintes factores: (i) o mercado de trabalho algarvio tem evoluído sobretudo no sentido da absorção de uma parcela crescente de trabalhadores desqualificados, ou com qualificações abaixo do ensino superior; (ii) os indivíduos que têm vindo a fazer licenciaturas nos estabelecimentos de ensino do Algarve encontram mais facilmente emprego noutras regiões do País, designadamente na Grande Lisboa, onde a oferta de emprego nos segmentos mais qualificados do mercado de trabalho é substancialmente mais ampla; (iii) o crescimento populacional por via da atractividade de população de outras regiões, embora envolva a atracção de população com ensino superior, atrai em maior escala população com níveis habilitacionais mais baixos. A taxa de retenção e desistência no ensino básico foi no ano lectivo 2008/2009 de 10.2%, ultrapassando a média nacional de 7.8%. Silves destaca-se com o valor mais elevado deste indicador (12.2%), seguido de Loulé e Vila Real de santo António (ambos com 11%). As taxas de insucesso escolar aumentam, em função do ciclo de ensino e a sub-região apresenta mesmo valores de insucesso - em todos os ciclos - superiores às médias nacionais. É ao nível do 3º Ciclo do ensino básico que a retenção e desistência são mais gravosas: 17.4% (acima da média nacional de 14.0%). Naquele ano lectivo, apenas cerca de 4% dos alunos do ensino secundário estavam inscritos em cursos profissionais de Nível 38. Existem na sub-região 7 Escolas Profissionais, distribuídas pelos municípios de Faro (Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, Instituto de Educação Técnica de Seguros, Escola Profissional da Fundação D. Francisco Gomes de Avelar), Albufeira (Escola Profissional da Associação Agostinho Roseta), Olhão (Forpescas – Centro de Formação Profissional para o Sector das Pescas), Portimão (Escola Profissional Gil Eanes), Loulé (Escola Profissional Cândido Guerreiro) e Silves (Escola Profissional de Agricultura do Algarve).

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Ensino profissional - ensino secundário com um referencial temporal de três anos lectivos, vocacionado para a qualificação inicial dos jovens, privilegiando a sua inserção no mundo do trabalho e permitindo o prosseguimento de estudos. Confere diploma de conclusão do ensino secundário e certificado de qualificação profissional de nível 3.

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FIGURA 10 - ALUNOS INSCRITOS EM CURSOS TECNOLÓGICOS POR ÁREA CIENTÍFICA – ALGARVE (% TOTAL INSCRITOS NESTE TIPO DE CURSOS) ANO LECTIVO 2008/2009

Desport o 18%

Elec t rot ec nia e Elec t rónic a 10% Inf ormát ic a 30%

Const . Civil e Edif ic aç ões 0%

Design de Equipament o 0%

A c ç ão Soc ia 15% A dminist raç ão 19%

M arket ing M ult imédia 4% 4%

Ordenament o do Territ ório e A mbient 0%

Fonte: Ministério da Educação.

No que respeita ao ensino tecnológico9, no ano lectivo 2007/2008 cerca de 1800 alunos frequentavam cursos tecnológicos. Destacaram-se os cursos tecnológicos na área da informática, da administração, da acção social e do desporto. QUADRO 2 - CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO TECNOLÓGICA NO ALGARVE – ANO LECTIVO 2009/2010 Instituição Promotora Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo de Faro (UA)

Designação do Curso Gestão de Animação Turística Técnico de Contabilidade

Escola Superior de Tecnologia Faro (UA)

Segurança e Higiene Alimentar Encarregado de Construção Civil Instalações Eléctricas e Automação Industrial Instalações Solares Manutenção de Instalações Técnicas e da Qualidade do Ar Interior em Edifícios Qualidade Alimentar Técnicas de Análise Telecomunicações e Redes Topografia e Cadastro

Faculdade de Ciências e Tecnologia (UA)

Desenvolvimento de Produtos Multimédia Electrónica e Telecomunicações Instalação e Manutenção de Redes e Sistemas Informáticos

Fonte: Direcção Geral do Ensino Superior.

9 Ensino tecnológico - ensino secundário com a duração de três anos lectivos - 10. º, 11.º e 12.º anos de escolaridade que se destina preferencialmente aos jovens que desejam ingressar no mundo do trabalho após o 12.º ano de escolaridade tendo, no entanto, a possibilidade de ingresso no ensino superior. Confere um diploma de estudos secundários e um certificado de qualificação profissional de nível 3.

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A Universidade do Algarve, através das suas várias instituições de ensino, tem apostado na criação de Cursos de Especialização Tecnológica10, alguns direccionados para sectores muito importantes na especialização produtiva da região (como o turismo e construção civil), outros para áreas com potencial de desenvolvimento (energias renováveis, telecomunicações, electrónica e multimédia).

5. RECURSOS HUMANOS - ENSINO SUPERIOR E INVESTIGAÇÃO Existem estabelecimentos de Ensino Superior nas cidades de Faro, Portimão, Loulé e Silves. A Universidade do Algarve é a principal instituição universitária da região. Esta instituição universitária, com os seus pólos de Faro (Penha e Gambelas) e de Portimão, tem desempenhado um importante papel como factor de desenvolvimento, não só pela actuação desenvolvida no domínio do ensino e da investigação, mas também pelas acções realizadas em parceria com outras entidades públicas e com a iniciativa privada, que vieram a revelar-se um importante factor de estímulo à criação de novas empresas, de indústrias baseadas no conhecimento e tecnologia e de serviços avançados, destinados ao mercado extra-regional. Com mais de 10 mil alunos e cerca de 750 docentes, esta Universidade representa um importante pólo de conhecimento, de investigação e de reforço da competitividade regional. Outras instituições de ensino superior presentes na região são a Escola Superior de Saúde Jean Piaget (localizada em Enxerim, no município de Silves) e o Instituto Superior D. Afonso III (INUAF), localizado em Loulé.

5.1. Diplomados do ensino superior De acordo com dados fornecidos pela Direcção Geral de Ensino Superior, no ano lectivo 2008/2009 diplomaram-se nas instituições de ensino superior do Algarve cerca de 2 mil indivíduos (nos 3 Ciclos universitários, mas dos quais 85% corresponderam à licenciatura). No contexto da Universidade do Algarve, destacam-se a Escola Superior de Educação de Faro e a Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo de Faro, cada uma com cerca de 17% do total de diplomados na região naquele ano lectivo. No primeiro caso, os cursos com maior número de diplomados foram: Ciências da Comunicação; Educação e Intervenção Comunitária e Design. No segundo, destacam-se os cursos de Gestão; Turismo; Gestão Hoteleira e Assessoria de Administração. Merecem referência as instituições de ensino que, pertencentes à Universidade do Algarve, leccionam cursos no domínio das engenharias e áreas afins: a Escola Superior de tecnologia de Faro; a Faculdade de Ciências e Tecnologia; a Faculdade de Engenharia e Recursos Naturais; a Faculdade de Ciências do Mar e do Ambiente. Destacam-se os diplomados na área da Saúde – Cuidados Pessoais (20% do total de diplomados), das Ciências de Engenharia (16%), do Turismo e Lazer (13%), da Educação e da Economia e Gestão (cada uma destas áreas científicas representando 12% do total de diplomados). De acordo com o Plano Regional de Inovação do Algarve, na Universidade do Algarve tem-se verificado um crescimento da procura de cursos em áreas que respondem às necessidades das actividades de especialização da região (tomem-se como exemplo as áreas da economia e gestão; engenharia civil e topográfica; engenharias dos recursos naturais e ciências do mar; hotelaria e turismo). 10

Cursos de Especialização Tecnológica - cursos pós-secundários não superiores, que conferem uma qualificação profissional de nível 4, que visam suprir as necessidades verificadas, no tecido empresarial, ao nível de quadros intermédios, capazes de responder aos desafios colocados pelo mercado de trabalho.

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FIGURA 11 - DIPLOMADOS POR ÁREA CIENTÍFICA (% TOTAL) – ANO LECTIVO 2008/2009

Saúde - Cuidados P essoais 20% Ciênc ias da Vida 3% Ciênc ias Engenharia 16%

Serviç os Soc iais 4%

Humanidades e Direit o 11%

Ec onomia e Gest ão 12% Ciênc ias Exac t as e Comput aç ão 3% Turismo e Lazer 13%

A rt es 4%

Rec ursos Nat urais e A mbient e 2% Educ aç ão 12%

Fonte: Direcção-Geral do Ensino Superior.

5.2. Investigação Em 2008, cerca de 990 indivíduos desenvolviam actividades de I&D no Algarve, sobretudo nas instituições de ensino superior da região. As despesas em I&D atingiam os 28.0 mil milhares de euros. É de salientar a importância de actividades de I&D desenvolvidas em torno da Universidade do Algarve, com destaque para a dinâmica de actividade de investigação e de prestação de serviços ao exterior de Unidades como: Centro de Ciências do Mar (CCMAR): é uma unidade que conta com cerca de 150 investigadores, dos quais cerca de meia centena são Doutorados, e que está organizada em duas divisões de investigação - Aquacultura e Biotecnologia; Recursos Vivos. A primeira, desenvolve investigação básica e aplicada no domínio de espécies importantes em aquacultura, ou em modelos marinhos com relevância em biomedicina e biotecnologia. A segunda, promove a gestão de recursos ao nível da biologia, ecologia e dinâmica de populações comercialmente importantes e estudos sobre o impacto da pesca nos recursos vivos não explorados. O CCMAR, em conjunto com o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), da Universidade do Porto, constitui o Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMAR), Laboratório Associado, a maior unidade de investigação do País na área das Ciências do Mar, da qual faz também parte um grupo de investigação em Geologia Marinha do Instituto Geológico e Mineiro (IGM) de Lisboa. Este Laboratório desenvolve investigação em parceria com outras instituições, como o IGM, o Instituto de Sistemas e Robótica (ISR - Porto), o Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), da Universidade de Aveiro, o Instituto Hidrográfico (IH) e o Instituto de Investigação das Pescas e do Mar (IPIMAR). Os projectos de investigação são muito diversos: nutrição e criação de peixes de espécies novas para aquacultura, desenvolvimento de técnicas de monitorização de poluentes aquáticos (como derivados de petróleo), estudo das migrações dos peixes, desenvolvimento de novas tecnologias para a observação dos oceanos e da zona costeira. O CIMAR gere duas redes europeias no âmbito da Biodiversidade (BIODIVERSITAS-Net) e da prevenção de poluição marinha acidental (AMPERA-Net) e participa em mais duas redes europeias de Excelência em Biodiversidade Marinha (MARBEF) e Genómica Marinha (Marine Genomics Europe). Centro de Sistemas Inteligentes (CSI): é um centro interdisciplinar, criado em 2001, que se dedica à investigação em inteligência computacional, em especial nas áreas dos sistemas de informação, controlo, optimização, processamento em biomedicina, neurociências cognitivas e economia.

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Centro de Biomedicina Molecular e Estrutural (CBME): centro interdisciplinar de investigação no domínio do desenvolvimento molecular, biologia celular, bioquímica, biotecnologia, genómica, genética, bioinformática e processos patológicos. Nas suas actividades assume relevância a colaboração com o Hospital de Faro e o Hospital de Portimão. Integra o Instituto de Biotecnologia e Bioengenharia (IBB), Laboratório Associado fundado em 2006, com o objectivo de reforçar as actividades de investigação no domínio da biotecnologia, da bioengenharia, dos biomateriais, biomedicina e ciências agrícolas. Integra ainda o Programa MIT-Portugal Sistemas de Bioengenharia. Laboratório de Engenharia Sanitária (LES): criado em 1999, este Laboratório está integrado na Área Departamental de Engenharia Civil (ADEC) da Escola Superior de Tecnologia da Universidade do Algarve (EST). Foi o primeiro laboratório de ensaios de águas no Algarve a ser acreditado. Actua na área da prestação de serviços à comunidade e da investigação científica aplicada às necessidades da região do Algarve, nas seguintes áreas - monitorização ambiental de aterros sanitários e lixeiras; monitorização de águas superficiais; monitorização da qualidade das águas de piscinas municipais e de parques aquáticos; monitorização da qualidade das águas para lavagem e acondicionamento de pescado; monitorização de águas para consumo humano em diversas empresas do sector alimentar e conserveiras; controlo de efluentes brutos e tratados de empresas do sector turístico e alimentar e de ETAR´s da região; monitorização da qualidade das águas subterrâneas do Algarve; monitorização e controlo ambiental de campos de golfe.

As Spin-Offs da Universidade do Algarve Em virtude da sua relevância na ligação Universidades-Empresas e das próprias actividades que desenvolve, merece referência o CRIA – Centro Regional de Inovação do Algarve, organismo criado no seio da Universidade do Algarve que conta com a participação de várias entidades regionais e que consiste na instalação de uma plataforma ou Laboratório Empresarial que permita facilitar e promover as relações entre as unidades de investigação daquela instituição universitária e o meio empresarial e apoiar a constituição de novas empresas start ups e spin offs. Este Centro foi criado a partir do Programa INOVAlgarve, iniciativa que envolveu, além da própria universidade, a participação da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve e das associações empresariais Núcleo Empresarial da Região do Algarve (NERA) e da Associação Nacional Jovens Empresários (ANJE). Entre as actividades do CRIA, destaca-se a realização da Feira de Inovação do Algarve e o Concurso de Ideias na Universidade do Algarve para a criação de empresas que valorizam os resultados das linhas de investigação desta Universidade. Algumas das empresas apoiadas são hoje excelentes exemplos de inovação no Algarve, como se verá de seguida. De referir o desenvolvimento de um projecto de rede de centros de incubação de empresas, com amplo envolvimento da Universidade do Algarve (através do CRIA) e do Núcleo do Algarve da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE). Em Tavira localiza-se o Centro de Incubação Tecnológica Empresarial (CITEA), com actividades no domínio das energias renováveis, dos estudos de impacto ambiental, da gestão do ambiente e do aproveitamento dos recursos naturais. Em Olhão foi criado um Centro de Incubação vocacionado para a área do mar e com um Laboratório neste domínio, em estreita parceria com o IPIMAR (que desde Novembro de 2007 está sedeado nesta cidade algarvia).

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CAIXA 2 - GYRAD Localizada em Faro, e com uma delegação em Setúbal, a Gyrad é uma empresa spin-off proveniente das actividades de investigação científica em Física Médica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve. Constituída por engenheiros físicos qualificados em protecção radiológica e criada para responder às necessidades dos vários operadores de serviços de saúde que possuem instalações de radiodiagnóstico, esta empresa presta serviços na área das tecnologias da saúde com competências no controlo de qualidade de equipamentos de Unidades Radiológicas com a missão de certificar o “bom” funcionamento contínuo do equipamento hospitalar através de Programas de Garantia de Qualidade introduzidas no enquadramento legal (DL 180/2002) transposto nas directivas EURATM, relativas à protecção radiológica. Assim, as áreas de actividade da empresa são: Suporte no Licenciamento: elaboração de Programas de Protecção Radiológica (PPR) necessários para obter o licenciamento da actividade junto da Direcção-Geral da Saúde (DGS); Controlo de Qualidade: realizam auditorias e inspecções Diagnóstico a Usados: avaliação do estado de equipamentos usados e observação dos indicadores de fiabilidade estabelecidos para diagnóstico radiográfico; Dosimetria: realização de serviços na área da dosimetria individual, em consórcio com a empresa DPR - Dosimetria e Protecção de Radiações; Formação Profissional: realização de acções de formação no domínio da radiologia; Investigação Científica: promoção da investigação científica nas áreas da dosimetria e da protecção radiológica por meio da colaboração entre empresas, laboratórios associados e universidades. Esta ligação passa pela inclusão de alunos finalistas e de pós-graduação em projectos empresariais. Esta empresa foi uma das seleccionadas pelo Concurso de Ideias 2004, promovido pelo CRIA. Fonte: Gyrad; CRIA.

CAIXA 3 - DANDLEN & VASQUES PHARMAPLANT – PLANTAS AROMÁTICAS Com escritório no Centro de Empresas da Universidade do Algarve e com uma unidade de produção em Alcoutim, esta empresa surgiu da consolidação de uma ideia concebida por dois investigadores ligados à Universidade do Algarve, que se iniciou quando, no ano 2004, concorreram ao Concurso de Ideias do CRIA. O projecto apoiado pelo CRIA, designado Pharmaplant, pretendia criar uma empresa laboratorial de desenvolvimento do processo de obtenção e controlo de qualidade das substâncias transformadas a partir das plantas aromáticas e medicinais. A inter-relação UniversidadeEmpresa, a investigação contínua como pivot na descoberta de novos princípios activos “ricos” presentes na flora algarvia e a optimização na extracção de óleos essenciais das diversas espécies vegetais deu origem à empresa Dandlen & Vasques. Esta empresa conta com um protocolo de cooperação com a Universidade do Algarve e desenvolve várias linhas de investigação conjuntamente com o Centro de Desenvolvimento de Ciência e Técnicas de Produção Vegetal (CDCTPV) e com o Laboratório de Produtos Naturais da Faculdade de Engenharia dos Recursos Naturais. As actividades desenvolvidas pela empresa Dandlen & Vasques são: Desenvolvimento de projectos para a implementação de culturas de plantas aromáticas e medicinais; Aspectos técnicos do manejo destas culturas; Modelos de produção; Comercialização e transformação de produtos obtidos a partir daquele tipo de plantas. Fontes: Dandel & Vasques; CRIA.

CAIXA 4 - MARSENSING - MARINA SENSING & ACOUSTIC THECNOLOGIES A MarSensing é uma spin-off do Laboratório de Processamento de Sinal (SiPLAB) da Universidade do Algarve, que desenvolveu um conjunto de equipamentos que permitem ouvir música debaixo de água num contexto de lazer e estudar e mapear o ruído que a actividade humana produz no mundo subaquático. Os serviços da MarSensing incluem a aquisição de sinais acústicos submarinos em campanhas científicas, medições de ruído submarino no âmbito de estudos de impacto ambiental e o desenvolvimento de soluções em acústica submarina. A empresa está a trabalhar no desenvolvimento de dois protótipos: um microfone subaquático, ideal para escutar sons submarinos como os de baleias, golfinhos e outros sons do mar; um hidrofone digital, ou seja, um sistema de gravação autónomo com diversas aplicações, tais como gravação de sons subaquáticos de vários tipos, aliada a uma extrema facilidade de armazenamento de dados -este sistema poderá abrir muitas possibilidades no mundo científico, já que o conceito subjacente encontra aplicação em actividades com elevados requisitos de operacionalidade, podendo operar na ausência de meios humanos. Fontes: MarSensing; CRIA.

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Além destas empresas, merecem referência as seguintes empresas inovadoras que foram premiadas com um Plano de Negócios no âmbito do Concurso de Ideias dinamizado pelo CRIA: Recisul: empresa de recolha, triagem e encaminhamento para reciclagem de resíduos de papel e cartão; Aquagest: empresa de construção e manutenção de sistemas aquáticos (por exemplo, os lagos de campos de golfe) ecologicamente equilibrados e sustentáveis do tempo, através da utilização de técnicas de controlo ambiental que promovam o aumento da capacidade desses sistemas para absorver impactes e controlar as suas consequências (eutrofização e desenvolvimento de algas tóxicas); DNAgnóstico: primeira empresa do Algarve a oferecer análises baseadas em testes genéticos de segunda geração. Tem três áreas de intervenção: clínica, saúde pública e segurança alimentar.

6. A INOVAÇÃO EMPRESARIAL NA REGIÃO As caixas seguintes apresentam alguns exemplos de empresas inovadoras na região do Algarve:

CAIXA 5 - NECTON – COMPANHIA PORTUGUESA DE CULTURAS MARINHAS Um exemplo de empresa inovadora sedeada no Algarve (em Olhão) é a NECTON – Companhia Portuguesa de Culturas Marinhas, empresa fundada em 1997 com o objectivo de desenvolver e colocar no mercado produtos resultantes da biotecnologia marinha. Localizada no Parque Natural da Ria Formosa, esta empresa desenvolve duas actividades centrais: produção de sal marinho (baixa tecnologia); produção biotecnológica de microalgas (alta tecnologia). São apontadas como vantagens competitivas da empresa o facto de ser uma spin-off da Escola Superior de Biotecnologia do Porto e ter estabelecido uma série de parcerias de investigação permitindo que, a par de uma actividade produtiva, se desenvolva uma importante actividade de investigação. Outra vantagem competitiva da empresa prende-se com a sua localização numa região com um elevado número de horas de sol e de radiação por ano, já que os sistemas de produção se baseiam em fotobioreactores (utiliza a luz solar como fonte de energia). Relativamente à produção de sal, a NECTON explora três salinas com uma área total de 19,5 ha produzindo sal segundo processos tradicionais com vários séculos (o sal não é lavado, não é higienizado nem processado de nenhuma outra forma), apesar de introduzidas ligeiras melhorias sobretudo na optimização das áreas de produção. Produz sal marinho de qualidade superior, Belamandil (o seu produto principal) e flor de sal. Comercializados em vários estabelecimentos comerciais e hoteleiros em Portugal, estes produtos são exportados para vários países da Europa (Espanha, França, Áustria, Suiça, Suécia e Noruega). A NECTON está a apostar na produção de Salicórnia, planta que existe nas salinas e que evidencia bastante interesse comercial. Neste contexto, a empresa participou na fundação da TradiSal – Associação de Produtores de Sal Marinho Tradicional do Sotavento Algarvio, associação fundada em 1999 e com sede em Castro Marim que visa a reabilitação desta actividade, procurando obter uma denominação de origem à escala europeia, estabelecer procedimentos para a qualidade, formar “marnotos” e dar vida às várias salinas da região. Quanto à produção biotecnológica de microalgas, a NECTON iniciou esta actividade numa óptica de exploração dos recursos naturais, valorizando-os e aproveitando as oportunidades surgidas. A investigação e o desenvolvimento de tecnologias permitiram a produção de uma série de produtos com níveis de produtividade interessantes: betacaroteno a partir de Dunaliella; astaxantina a partir de Hematococos; phytobloom, a partir de Nanocloropsis, utilizada em aquacultura (para alimentação de zooplâncton) e que é actualmente o seu principal produto no mercado e maior fonte de rendimento. A partir do projecto NovAlgas - Novas Aplicações para Algas Concentradas, financiado pela Agência de Inovação e desenvolvido em parceria com a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa, o IBET Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica e a Universidade do Algarve (Centro de Ciências do Mar), a NECTON desenvolveu três produtos da gama PhytoBloom: PhytoBloom Green Formula; PhytoBloom Ice e PhtyoBloom Prof. Estes produtos consistem em misturas concentradas de microalgas vivas, num inovador sistema conservante que permite a conservação do produto 6 meses no frio sem ser adulterado o seu valor nutricional. Apesar da exploração ao nível da biotecnologia de microalgas estar muito centrada na aquacultura, a empresa pensa vir a explorar áreas potencialmente interessantes como os produtos dietéticos, a cosmética (foram já desenvolvidas três bases de algas para cosmética, a serem utilizadas em Talassoterapia), a farmacêutica, os aditivos alimentares e as rações. A empresa participa em vários projectos de investigação ao nível internacional e já foi galardoada com vários prémios

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internacionais, sendo a única empresa europeia a ser premiada na área dos produtos tradicionais (no ano 2000 foi distinguida com o Slow Food Award for the Defense of Biodiversity). O sal produzido pela NECTON é o único em Portugal certificado pela Nature Progress, única organização do mundo que certifica sal marinho não refinado. A qualidade dos produtos é regularmente avaliada por laboratórios certificados. As suas exportações serão alargadas aos EUA, Japão e Austrália. A área de investigação da NECTON está estruturada em três níveis: interna, nacional e europeia. No seu quadro de pessoal e consultores externos estão presentes outras nacionalidades (Chinesa, Espanhola) devido, nalguns casos, à dificuldade em encontrar especialistas portugueses com experiência nas áreas de investigação necessárias (engenharia industrial, biologia marinha e biotecnologia). Apesar da exploração ao nível da biotecnologia de microalgas estar muito centrada na aquacultura, são apostas da NECTON para o futuro a diversificação dos produtos nas áreas da saúde, dos produtos dietéticos, da cosmética, da farmacêutica, dos aditivos alimentares e rações, além da recuperação de salinas abandonadas para exploração e o desenvolvimento de acções no domínio do eco-turismo. Fontes: AM&A (2005); Necton.

CAIXA 6 - INESTING – MARKETING TECNOLÓGICO Localizada em Gambelas (Faro), a Inesting é uma empresa de desenvolvimento de soluções de marketing inovadoras, através da utilização das novas tecnologias de informação. As grandes áreas de actividade da empresa são: Internet: desenvolvimento de websites, hosting e e-marketing. A Inesting está a desenvolver a Plataforma Integrada de Comunicações para o Obercom - Observatório da Comunicação, associação sem fins lucrativos que tem por objectivo produzir e difundir informação sobre o sector da Comunicação. Multimédia: conteúdos de imagem, animação, vídeo, som, música e texto. A empresa está envolvida no projecto ENE – Empreender na Escola, promovido pelo BIC Algarve-Huelva em parceria com diversas entidades entre as quais a Direcção Regional da Educação, que tem como objectivo promover o espírito empreendedor junto de alunos do ensino secundário. Mobile: soluções de interacção com os utilizadores de telemóvel, de suporte a acções de fidelização através de passatempos ou votações via sms. Neste domínio, a empresa está envolvida no projecto SBC International Cinema, empresa britânica com forte implantação no Reino Unido mas que já possui algumas unidades noutros pontos do globo e que em 2002 decidiu alargar o seu mercado, introduzindo os seus serviços em Portugal, tendo para este efeito aberto nove salas no Fórum Algarve em Faro. A Inesting desenvolveu para esta empresa dois produtos que permitem a realização de acções de mobile marketing, o “Optin100” e o “Reply100”. Consulting: a Inesting possui know-how para apoiar empresas na apresentação de candidaturas a linhas de apoio à inovação. A Inesting conta com um Núcleo de Investigação e Desenvolvimento, designado por i-Lab. É neste espaço multidisciplinar que a empresa define pressupostos de inovação e faz a pesquisa e o desenvolvimento que permite concretizar a inovação. Fonte: Inesting.

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CAIXA 7 - GRUPO HUBEL O Grupo Hubel é um grupo empresarial do sector das tecnologias para agricultura, gestão da água, rega, substratos, adubos líquidos, electrotecnia, bombagem e hidroponia. É constituído pelas seguintes empresas: Hubel Irrigation Systems: esta empresa está sedeada em Olhão mas conta com delegações em Salvaterra de Magos e em Valada (Cartaxo). É especializada na concepção, projecto, fornecimento e instalação de soluções de irrigação, automação e controlo. Em 2007 esta empresa foi distinguida com estatuto de PME Líder pelo Instituto de Apoio a Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI); Hubel Indústria da Água: empresa de concepção, projecto, fornecimento e instalação de soluções à medida para o abastecimento, tratamento e reutilização de água com o objectivo de aumentar a sua qualidade e disponibilidade. Tem sede em Olhão; Hubel Verde: com sede em Olhão e uma delegação em Alpiarça, esta empresa é especializada na prestação de serviços e na comercialização de produtos de engenharia e tecnologia agronómica; Hubel Engenharia e Serviços: empresa que desenvolve actividade nas áreas da comunicação, gestão da qualidade, desenvolvimento de recursos humanos e planeamento e gestão. Numa perspectiva operacional, coloca ao dispor dos seus parceiros serviços nas áreas da contabilidade, pessoal e serviços gerais, onde se salienta a gestão de frota e apoio a eventos; Madre Fruta: Organização de Produtores (OP) de Hortícolas Frescas localizada em Olhão e vocacionada para a área do comércio de produtos agrícolas diversos, sobretudo hortícolas e frutícolas; Hubel Produção Agrícola: empresa constituída por 3 explorações em Olhão (Quinta da Penha, Quinta da Ferradeira e Quinta da Alagoa) centradas na produção em hidroponia de morango, meloa, tomate e pimento. Fonte: Grupo Hubel.

CAIXA 8 – CORKFASHION - Artigos em Cortiça, Lda A Corkfashion é uma empresa com sede em São Brás de Alportel que iniciou a sua actividade em 2005 e que detém a marca Pelcor®. Surgiu da ideia da sua fundadora, uma jovem empresária que hoje detém 100% da empresa. A empresa produz e fabrica colecções de acessórios de moda em pele de cortiça, inovando a própria aplicação e utilização da cortiça como matéria-prima. Oferece produtos concebidos inteiramente de cortiça e pele de cortiça, fabricados a partir das partes finas do sobreiro, que são distribuídos pelas linhas Pelcor®: Luxury; Fashion; Accessories; Business/gifts; Home. Assim, através das últimas técnicas ao nível da inovação, a Corkfashion transforma a cortiça em belas peças de qualidade e design, sempre assente no binómio ecologia/sustentabilidade. Os seus produtos são comercializados através das lojas da marca (Algarve e Lisboa), do website, de distribuidores nos países onde a marca está representada, da presença em Feiras específicas, e da presença em seminários e workshops. Desde Maio de 2010 que a Pelcor® está em destaque no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque e de Tóquio, com exposição no “MoMA Design Store: Destination Portugal” e com os seus produtos à venda nas lojas do MoMA. Fontes: site da empresa; imprensa; Cotec.

Outras empresas inovadoras que merecem referência são: A Danisco (antiga Indal) e a Industrial Farense, empresas de transformação de sementes de alfarroba que exportam toda a sua produção para Europa, China, Japão e EUA. A semente de alfarroba é utilizada pelas indústrias farmacêutica, cosmética, têxtil, papel e alimentar (aditivos para jardins, papas de bebé e estabilizantes de gelados); A Vitacress Portugal, empresa pertencente à multinacional inglesa, líder na Europa na produção e embalamento de produtos hortícolas de IV gama (espinafres, agriões, rúculas, saladas de folhas tenras e especialidades vegetais prontas a consumir). Actualmente a empresa produz também saladas, vegetais e batatas primor, em Odemira e no Algarve (Almancil). Através do projecto Empreender e Qualificar o Algarve, dinamizado pela ANJE, no início de 2008, foram criadas cerca de duas dezenas de novas empresas na região do Algarve, pertencentes

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aos seguintes sectores de actividade económica: turismo, comércio náutico, saúde, produção de eventos, serviços de apoio à educação, serviços de animação, publicidade e marketing, aquacultura/ biotecnologia, restauração, tecnologias e ciências do mar. Entre estas empresas são de destacar, pelo seu maior conteúdo tecnológico e convergência com sectores de especialização regional, os seguintes casos: Digital View – Vectorização do Cadastro Rústico, que pretende desenvolver o Cadastro Rústico Português, tornando a informação oficial e partilhada, de modo a que todas as instituições da Administração Pública possam trabalhar sobre o mesmo Sistema de Informação Cadastral. DIETGEST, empresa de desenvolvimento de aplicações informáticas para telemedicina; LUSOBAIT, que pretende implementar uma produção de minhocas marinhas destinadas ao mercado de isco-vivo; Y-ALGAE, empresa de cultivo e comércio de algas e plantas marinhas; G-Alg - Genes e Algoritmos, empresa que pretende ser uma referência das tecnologias pós-genómicas.

7. OS NOVOS PROJECTOS – INFRAESTRUTURAS E ACTIVIDADES Actividades emergentes De acordo com o Plano Regional de Inovação do Algarve, a região apresenta algumas potencialidades com vantagens reveladas que deverão ser aproveitadas nas seguintes actividades: As Ciências Agrárias, a Biotecnologia Vegetal e a Agricultura Biológica, que constituem eixos diferenciadores do sector agro-alimentar e que dispõem de valências regionais capazes de realizar investigação aplicada; A Citricultura e algumas culturas específicas (como o morango e alfarroba), têm fortes potencialidades de desenvolvimento; e Os produtos tradicionais, com identidade própria junto dos consumidores, e que têm revelado capacidade de valorização de mercado, a par da Protecção Integrada. A ligação de um importante sector da economia algarvia - a aquacultura - com o sector da Biotecnologia também apresenta fortes potencialidades de desenvolvimento na região. A biotecnologia é vital para o aumento da competitividade de vários sectores industriais. Neste domínio, o IPIMAR e os centros de investigação da Universidade do Algarve têm contribuído com novos conhecimentos para a melhoria das espécies, para o aumento das reservas piscícolas, para o surgimento de produtos compostos, entre outros. O sector das Energias Renováveis constitui também um sector com elevado potencial de desenvolvimento na região. Como surge referido no Plano Regional de Inovação, as principais actividades regionais da fileira estão associadas à actividade empresarial, especialmente na energia solar; à construção de três centrais eléctricas (uma de biomassa, em Monchique, outra solar térmica, em Tavira e outra fotovoltaica, em Albufeira); e à produção de energia eólica, com projectos em actividade e outros em fase de concretização (instalação de parques eólicos). A Universidade do Algarve tem estabelecido parcerias no sentido de promover o aproveitamento de forma eficiente das energias renováveis, estando envolvida no projecto de criação da central térmica de Tavira. Em simultâneo, foi desenvolvido, no âmbito do InovAlgarve, um projecto-piloto que visou promover a gestão eficiente dos consumos de energia dos estabelecimentos hoteleiros da região.

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No domínio da Política de Cidades do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), o Algarve está envolvido na rede de inovação e competitividade ECOS - Energia e Construção Sustentáveis, constituída pelos municípios de Silves, Óbidos, Peniche, Torres Vedras, Moura, Serpa e Beja e que integra projectos no domínio da sustentabilidade e eficiência energéticas assentes na promoção da construção sustentável e na divulgação e disseminação de centros electroprodutores a partir de energias renováveis. Também o desenvolvimento da Saúde/Ciências da Vida evidencia fortes potencialidades de desenvolvimento. As empresas ligadas a estas actividades terão espaço privilegiado, pois convergem com uma das áreas de expansão da Universidade do Algarve, decorrente das potencialidades para a investigação existentes no sistema de saúde da região (hospitais e centros de saúde) e na criação de um curso de Medicina. Trata-se, portanto, de um sector de actividade ainda pouco coberto pelo tecido empresarial existente na região (apesar de estarem a surgir empresas neste domínio) e com potencial turístico, que importa estimular (no domínio do Turismo de Saúde e também do Turismo Desportivo). Outra das áreas identificadas como possuindo potencial de desenvolvimento em virtude da interligação entre meio empresarial e investigação é a das Tecnologias de Informação e Sistemas Inteligentes. Existem já na região importantes projectos nestes domínios. Além do Projecto Algarve Digital, devem ser referidos projectos experimentais de base académica na área da eficiência dos sistemas e algumas iniciativas empresariais de base tecnológica: o Departamento de Ciências da Terra e da Vida da Faculdade de Ciências do Mar e do Ambiente da Universidade do Algarve desenvolveu um termo-manequim à escala real (“Júlia”) que simula a postura humana e avalia a influência de ambientes, não uniformes moderados e severos, na resposta térmica do corpo humano; o mesmo Departamento desenvolveu também um outro manequim (“Marisa”) que simula a postura humana, permitindo a análise da influência de ambientes acusticamente não uniformes no sistema de audição humano e a avaliação do nível de conforto acústico, da clareza da voz, entre outros, em ambientes ocupados. A criação de um Parque Tecnológico é fundamental no apoio ao desenvolvimento das actividades que evidenciam fortes potencialidades de desenvolvimento na região. O Parque da Cidade receberá o Parque Tecnológico do Algarve, projecto que prevê a criação de duas estruturas, o Centro Empresarial da Base Tecnológica e o Instituto das Novas Tecnologias, que serão geridas por duas associações privadas, a Algarve STP - Parque de Ciência e Tecnologia e a Algarve TIC - Centro de Incubação da Base Tecnológica, das quais fazem parte, entre outros parceiros, a Universidade do Algarve, o Município de Faro e o Município de Loulé e o núcleo regional da ANJE. Pretende-se que o Instituto de Novas Tecnologias venha a constituir uma valência de produção e transferência de tecnologia, com objectivos específicos para as respectivas unidades funcionais a integrar na nova estrutura (Ciências do Mar, Biomedicina Molecular e Estrutural e Sistemas Inteligentes). O INT terá como clientes-alvo: as indústrias farmacêutica e agro-alimentar; a biotecnologia e biomedicina; as tecnologias de informação e comunicação; hospitais e outras unidades de saúde; economia oceânica; electrónica e computação avançada; instituições de I&D; outros laboratórios e empresas hi-tech. A proximidade de localização ao futuro Hospital Central do Algarve, que acolherá também a Faculdade de Medicina da UALG, em torno do qual se prevê a instalação de unidades da fileira da saúde, uma unidade hoteleira e um Centro de Congressos, acrescentará valor à dinâmica instalada. Por outro lado, pretende-se que o Centro de Incubação de Base Tecnológica permita colmatar

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o défice quantitativo existente na área da incubação de empresas e implementar um carácter distintivo à oferta actual, pela especialização no acolhimento de empresas de cariz marcadamente tecnológico. No âmbito da referida Política de Cidades, o Algarve integra uma outra rede de inovação e competitividade - Algarve Central –, que integra os municípios Faro, Loulé, Olhão, S. Brás de Alportel e Tavira e que cruza temas como os parques empresariais, os centros de incubação ou as tecnologias de informação e comunicação. Turismo – Evolução Futura O Plano Estratégico Nacional para o Turismo (PENT) prevê que até 2015 o Algarve atinja um crescimento médio anual de 2,9 por cento nas dormidas e estima que as receitas turísticas cresçam 45% face ao valor de 2010. Para consegui-lo, foram definidos seis produtos como prioritários: o Sol & Mar, o Turismo de Negócios, o Golfe, o Turismo Náutico, o de Saúde e Bem-Estar e o Turismo Residencial (na modalidade dos conjuntos turísticos ou resorts integrados). O Golfe apresenta-se como um dos principais produtos turísticos da região.

CAIXA 9 – PRODUTO TURÍSTICO GOLFE A nível mundial, a procura primária de viagens internacionais de Golfe, isto é, aquela para a qual este é o principal motivo de viagem, é composta por 1 milhão de viagens de uma ou mais noites de duração. Este produto representa cerca de 0,4% do total de viagens de lazer realizadas pelos turistas europeus. Até 2015 prevê-se um crescimento na ordem dos 7% ao ano. A procura secundária de golfe, que corresponde aos turistas que viajam por outras motivações e que, ocasionalmente, praticam golfe no destino, representa cerca de 1,2 milhões de viagens anuais. O Reino Unido e a Alemanha são os principais mercados emissores de golf travel, concentrando metade do total de viagens de golfe realizadas pelos europeus. Portugal apresenta-se como um destino de golfe muito bem posicionado no golf travel europeu, sobretudo entre os consumidores holandeses, alemães e britânicos. O País compete com destinos que têm uma oferta turística idêntica (em particular os destinos mediterrânicos que oferecem Golfe, Sun & Fun) e que atraem um tipo de procura similar e localizada nos mesmos mercados emissores. A França, Itália, Espanha, Reino Unido, Irlanda, Turquia e Egipto são os maiores concorrentes. No entanto, se se considerar apenas os países cuja oferta é mais similar à portuguesa, os concorrentes ficam reduzidos aos três primeiros países enunciados. O produto turístico golfe é estratégico para o turismo português pois atrai anualmente cerca de 300 mil jogadores; 1.4 milhões de voltas de golfe, 1.1 milhões de dormidas, 1.8 mil milhões de euros em receitas, representando 1.3% do PIB nacional e 14% do PIB turístico. Portugal dispõe de mais de 70 campos de golfe, espalhados pelo Continente e Regiões Autónomas, alguns posicionandose entre os mais reputados da Europa. A variedade de campos de golfe e a forte diferenciação paisagística são os principais factores de diferenciação da oferta nacional relativamente aos seus concorrentes. Em 2006 terá havido cerca de 400 mil jogadores de golfe em Portugal, dos quais 300 mil no Algarve, representando os turistas nacionais apenas 7% dos que praticam golfe. Em termos anuais, o pico do golfe ocorre nos meses de Fevereiro a Maio e Outubro/Novembro, sendo que o período Sol & Mar (Julho e Agosto) é uma época baixa neste segmento. Mais de dois terços (68%) das dormidas relacionadas com o golfe são provenientes do mercado inglês, país onde existem 1.2 milhões de praticantes, seguindo-se os mercados alemão, português, irlandês e escandinavo, com pesos entre 5% e 8%. O Algarve é considerado um dos melhores destinos de Golfe do mundo (cerca de 1 milhão de voltas por ano), com uma elevada beleza natural. Na última década, o número de turistas praticantes de golfe no Algarve cresceu 16,5% ao ano, estimando que o crescimento tenha sido da ordem dos 10% no conjunto do País. Na região alguns percursos foram desenhados por nomes conceituados (Sir Henry Cotton, Rocky Roquemore ou Arnold Palmer) e proporcionam bons desafios com graus de dificuldade para todos os níveis. Alguns destes percursos – como San Lorezo e o Old Course em Vilamoura – estão no ranking dos melhores da Europa. A revista Golfe World incluiu 10 campos algarvios no Top 100 da Europa, a International Association of Golf Tour Operators em 1999 elegeu o Algarve como o melhor destino de golfe e em 2006 atribuiu-lhe o Stablished Golf Destination of the Year. O torneio de golfe Portugal Masters, que se realizou pela primeira vez em Portugal no Campo Victoria, em Vilamoura, em

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Outubro de 2007, e que realizou até 2009, encontra-se posicionado como um dos principais torneios europeus. Comparativamente com outras regiões portuguesas, o Algarve beneficia de condições muito propícias ao desenvolvimento do produto turístico golfe: Clima muito ameno, durante os meses de maior procura de campos de golfe, por parte dos mercados emissores, devido a Invernos rigorosos para prática de golfe nos países de origem; Campos de golfe de qualidade, concentrados em vários pólos com oferta de alojamento; Hotéis localizados perto dos campos de golfe e desenvolvimento de resorts integrados, com aposta no golfe; Relação qualidade/preço hotelaria muito competitiva, durante os meses de maior procura de golfe, que coincidem com épocas baixas dos hotéis; Oferta hoteleira de qualidade, adequada para este segmento (4/5 estrelas) e em quantidade para garantir massa crítica; Aumento oferta voos low cost, com boas ligações aos principais mercados emissores – Reino Unido, Escandinávia, Alemanha. O primeiro campo de golfe no Algarve surgiu em 1966 (Penina Golfe, no Alvor), tendo-se assistido no período 1986-1994 e a partir de 2001 a um crescimento substancial da actividade na região, que tem atraído a atenção dos principais grupos económicos nacionais e estrangeiros. Uma região pode ser considerada um destino de golfe se reunir na sua superfície um número mínimo de 5 campos. A maioria dos campos de golfe do País situa-se na região algarvia (37), seguindo-se Lisboa (15), Norte (9) e Centro (8). O Algarve destaca-se pela preferência dos praticantes de golfe residentes no estrangeiro, absorvendo cerca de metade deste mercado. A concorrência de outros países provém principalmente da Espanha e da Bacia do Mediterrâneo. Países como Tunísia, Marrocos, Turquia, Holanda e Sul de França são apontados como concorrentes directos do Algarve. Andaluzia, se se atender ao desenvolvimento do turismo de golfe a Sotavento, pode ser considerada como um destino complementar (existem já acordos de cooperação entre os campos de golfe de Andaluzia e do Algarve). No Algarve podem identificar-se claramente 3 zonas como potenciais sub-destinos de golfe, ainda que com níveis de desenvolvimento diferentes: a Zona Ocidental, que compreende toda a linha litoral entre Loulé e Vila do Bispo; a Zona Central, que compreende o município de Loulé; a Zona Oriental, que se estende de Faro a Vila Real de Santo António. Por zonas, os campos de golfe começaram a surgir nas Zona Ocidental e Central (municípios de Loulé e Portimão). Durante a década de 1970 (até 1976) instalaram-se campos na zona Central. A expansão do golfe para Ocidente só se concretizou na segunda metade da década de 80 e na década de 90, quando se registou o maior crescimento de campos de golfe no Algarve. Nos anos 2000, a tendência de crescimento do golfe na região mantém-se, com importantes inaugurações a Oriente. Cada uma das zonas assumiu um modelo de desenvolvimento diferente: enquanto na Zona Ocidental o golfe surge como actividade complementar à hotelaria, na Zona Central o golfe assume-se já como uma actividade consolidada onde a procura é muito superior à capacidade instalada, criando uma pressão da procura que conduz necessariamente a um aumento dos preços; a Zona Oriental é um sub-destino emergente onde a procura fica ainda aquém da oferta instalada. De acordo com o PENT, as linhas de actuação para o Golfe no Algarve devem estar orientadas para a diversificação, sofisticação e inovação de produtos relacionados com o golfe. A Universidade do Algarve apresentou, em Maio de 2008, a Plataforma de Golfe, com o objectivo principal de promover e estreitar as relações entre a universidade e a indústria do golfe e disponibilizar aos campos de golfe e empresas associadas um leque de serviços laboratoriais e de consultadoria técnico-científica, com a aposta no fomento da investigação aplicada ao sector do golfe e no desenvolvimento de novos módulos de formação profissional. Aproveitar águas residuais de forma segura para a saúde pública e relvados, optimizar sistemas de rega mediante as condições meteorológicas e fazer ensaios com adubos especiais que funcionam como “esponjas” que ajudam a absorver e a reter a água são exemplos do que a Plataforma do Golfe vai oferecer aos empresários do golfe. A criação do primeiro mestrado em Gestão e Manutenção de Campos de Golfe, dirigido a «greenkeepers» e gestores de campos ou pessoas ligadas aos serviços relacionados com o golfe é outra das ofertas que a Universidade do Algarve através da Plataforma - vai promover junto da sociedade civil. Duas áreas centrais de formação são a manutenção dos relvados (mais agronómicos) e a gestão dos campos de golfe.Refira-se que em 2010 foi criado o Portal do Golfe Fonte: Turismo de Portugal; Universidade do Algarve.

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FIGURA 12 - CAMPOS DE GOLFE DO ALGARVE (2009)

Alcoutim

IP1

Aljezur

Monchique

A2

6

34 32

7 13 Silves 4

1

Vila do Bispo

Lagos 2

3

5

V. R. Stº António

9 8

29

Portimão 10 11

N125

Lagoa 12

14

16

Albufeira

A22 Loulé 21 22 15 17 18 20 19 23 24

Escala

0 Km

20 Km

33 Castro Marim

28 25 26 27

São Brás de Alportel

30

31

Tavira

Faro

Olhão

40 Km

Legenda 1

Campos de Golfe do Algarve

1 - Parque da Floresta 2 - Boavista 3 - Palmares Golf 4 - Penina 5 - Alto Golf 6 - Golfe do Morgado 7 - Álamos 8 - Oceânico Faldo 9 - Oceânico O' connor 10 - Carvoeiro Gramacho

11 - Carvoeiro Vale da Pinta 12 - Vale do Milho 13 - Silves Golf Course 14 - Salgados Golf 15 - Pine Cliffs Golf Course 16 - Balaia 17 - Oceânico Millenium 18 - Oceânico Laguna 19 - Oceânico Victoria 20 - Oceânico Old Course 21 - Oceânico Pinhal 22 - Vila Sol

23 - Vale do Lobo Royal 24 - Vale do Lobo Ocean 25 - Quinta do Lago North 26 - Quinta do Lago South 27 - San Lorenzo 28 - Pinheiros Altos 29 - Benamor Golf 30 - Monte Rei 31 - Quinta da Ria 32 - Quinta de Cima 33 - Castro Marim 34 - Quinta do Vale

Auto-Estrada Estrada Nacional/IP Caminho de ferro Aeroporto

O desenvolvimento do produto turístico golfe está muito associada à expansão da oferta de resorts integrados e do turismo residencial de luxo na região do Algarve. Conclui-se que esta nova forma de turismo residencial apresenta fortes potencialidades de desenvolvimento futuro na região, se se considerarem as seguintes evidências: existem cerca de 4 milhões de europeus com uma propriedade de alojamento fora do seu País, tendo-se chegado a prever, antes da crise finaceira, que o sector do turismo residencial pudesse crescer, a nível mundial, cerca de 8% ao ano, até 2015; desde 2000 e até 2006/7, cerca de 1 milhão de europeus adquiriram propriedades fora dos países de origem - os britânicos e os alemães (importantes mercados de origem para o turismo algarvio) representaram 60% e 30% do total, respectivamente. De acordo com um estudo realizado antes da crise financeira internacional pela Espírito Santo Research Sectorial, Portugal poderia vir a receber até 2015 cerca de 38.000 unidades residenciais em resorts, podendo o Algarve concentrar cerca de 31% do investimento total previsto para o País e cerca de 23% do total de unidades residenciais previstas, Um outro estudo - o Portugal: The Luxury Residential Tourism Market 2008 -, realizado pelas empresas Prime Yield e International Retail Group (IRG) demonstrava que é no Algarve, em particular no “Triângulo Dourado” (Quinta do Lago, Almancil e Vale do Lobo) que o turismo residencial de luxo é mais caro, com o preço médio por metro quadrado a ultrapassar os 5.000 euros. A maior parte dos compradores de casas de luxo era oriunda do Reino Unido e da Irlanda, embora Escandinávia, Holanda e Espanha também fossem importantes compradores - mercados tradicionalmente muito importantes no turismo algarvio. Um inquérito realizado pela multinacional Dean & Associates revelava que Portugal era o país com maior capacidade de retenção de turistas britânicos (37%) quando questionados em que país gostariam de viver após a reforma (a seguir a Portugal surgem Espanha, França e Itália, com valores respectivos de 33%, 29% e 26%). A região do Algarve é a preferida para residência após a reforma, o que coloca no futuro a possibilidade de desenvolvimento, a par do turismo residencial, do Turismo de Saúde e Bem-Estar.

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Associado a este produto turístico em crescimento está o natural envelhecimento da população europeia: na última década os turistas entre os 40 e os 59 anos (que são os que gastam mais em férias) aumentaram 8%, passando a representar cerca de 38% do total dos turistas europeus. Nos últimos anos, o produto Turismo de Saúde & Bem-Estar tem já registado um interessante crescimento no Algarve. Ao contrário de outras regiões portuguesas, os recursos de que a região dispõe não estão tanto relacionados com a presença de estâncias termais (apesar da importância da Estância Termal de Monchique) mas sobretudo com instalações de Spa & Wellness. De facto, as principais instalações de spas e centros de talassoterapia estão localizadas no Algarve, para além de Lisboa e da Madeira. Como exemplos destas infra-estruturas na região podem-se referir as seguintes: Centro de Tratamentos Marinhos Thalgo-Prainha; Centro de Talassoterapia do Sofitel Thalassa Vilalara; Vila Vita Parc Resort & Spa; Vila Sol Spa & Golf Resort; Grande Real Santa Eulália Resort & Hotel Spa. Para o desenvolvimento do Turismo de Saúde (que deverá ser feito em complementaridade com a aposta noutra actividade emergente referida – a Saúde/Ciências da Vida) é fundamental a aposta na qualidade da oferta regional de infra-estruturas e serviços médicos. Existem já importantes projectos neste domínio: lançamento em Maio de 2008 do concurso público para a construção do Hospital Central do Algarve,, através de uma parceria público-privada, e que contará também com actividades de ensino universitário e investigação); criação pela Universidade do Algarve de um curso de Medicina; decisão de construir no Algarve uma “Casa da Saúde” do grupo privado Sanusquali, que conta com o envolvimento de vários médicos e empresários ligados ao ramo da saúde, como é o caso de José Vila Nova (Grupo Hospital da Trofa), Teófilo Leite (Casa de Saúde de Guimarães), Albano Mendonça (Hospital Internacional do Algarve) e Germano de Sousa, exbastonário da Ordem dos Médicos. No que respeita ao Turismo Náutico, o Algarve também apresenta fortes potencialidades de desenvolvimento. Trata-se de um produto turístico com fortes ritmos de crescimento a nível mundial: segundo o European Travel Monitor (IPK), a procura primária de viagens internacionais de Turismo Náutico, aquela para a qual esse é o principal motivo da viagem, totaliza cerca de 3 milhões de viagens de uma ou mais noites de duração na Europa; o mercado da náutica de recreio apresenta uma taxa de crescimento entre 8% e 10% ao ano. A procura secundária de náutica de recreio corresponde aos turistas que viajam por outras motivações e realizam actividades náuticas (são sobretudo turistas que viajam pelo Sol & Mar e realizam desportos aquáticos e excursões de barco como actividades secundárias) - a procura secundária de náutica é estimada em 7 milhões de viagens por ano. Para o desenvolvimento futuro do turismo algarvio, o Turismo Náutico apresenta-se como uma possibilidade de diversificação do tradicional Sol & Mar e de articulação/ complementaridade com outros produtos turísticos, como sejam os Resorts Integrados e Turismo Residencial ou o Golfe. O Algarve dispõe de mais de 4500 postos de amarração distribuídos por 8 marinas/portos de recreio: marina de Lagos (do grupo MSF); marina de Albufeira; marina de Vilamoura; marina de Vila Real de Santo António; marina de Portimão (importante para os navios de cruzeiros); porto de recreio de Portimão; porto de recreio de Faro e porto de recreio do Guadiana. Como surge referido no PENT, na costa algarvia a actividade náutica atingiu já um bom nível de

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desenvolvimento, mas são ainda insuficientes a oferta actual de amarras relativamente à procura e a diversificação da oferta de actividades náuticas. Desta forma, é importante estimular a instalação no País e no Algarve de empresas internacionais (charter, fabricantes, tecnologia, etc.), que tragam experiência e conhecimento às actividades do Turismo Náutico. Ainda no domínio do futuro do turismo, o Algarve poderá vir a desenvolver ainda mais a sua vocação para o Turismo Desportivo. A região é dotada de infra-estruturas desportivas de qualidade elevada e possui condições climatológicas favoráveis à actividade desportiva, em particular à de alta competição. Dispõe de condições para a realização de estágios e competições em modalidades como o Futebol, Atletismo e Ténis, além de poder contar com a existência de instalações desportivas modernas (Vila Real de Santo António, Complexo Desportivo de Portimão, Parque Desportivo de Vilamoura, Estádio Algarve) que oferecem óptimas condições para a prática de vários desportos e que estão preparadas para receber desportistas amadores e de alta competição, tornando o Algarve um destino internacionalmente reconhecido para a realização de estágios desportivos. A região tem acolhido equipas profissionais de futebol, apesar de outras modalidades aí realizarem os seus estágios de Inverno (como são exemplos o Atletismo, Canoagem e Rugby). É um destino também escolhido para a realização de provas desportivas importantes e campeonatos internacionais, nomeadamente de Golfe, Motonáutica, Corta Mato, Ciclismo, Pesca Desportiva, Vela, BTT e desportos acrobáticos. Ainda no contexto do Turismo Desportivo, é importante referir a existência em Portimão do Parque de Desportos Motorizados (Parkalgar, considerado Projecto de Interesse Nacional), constituído por diversos equipamentos, dos quais se destacam um autódromo, um kartódromo e um parque tecnológico, além de uma unidade hoteleira (com a classificação de 4 ou 5 estrelas e cerca de 200 quartos), um parque habitacional com 160 fogos e um Spa. Além dos produtos turísticos analisados, refira-se o potencial de desenvolvimento do Turismo de Negócios, associado à elevada qualidade de infra-estruturas das principais unidades hoteleiras do Algarve e à própria necessidade de diversificação e de redução da sazonalidade do turismo algarvio. Também o Touring (circuitos turísticos), apesar de não ser considerado pelo PENT um produto prioritário para a região, apresenta potencialidades de desenvolvimento: caso do touring paisagístico, ligado à elevada beleza dos valores naturais da região; caso do touring cultural, associado, por exemplo, aos vestígios árabes no Algarve ou à importância da região nos Descobrimentos Portuguesas (de referir o arranque da construção do Museu Interactivo sobre os Descobrimentos, em Sagres). De referir que, no âmbito do Pólo de Competitividade e Tecnologia Turismo 2015 (reconhecido formalmente como Estratégia de Eficiência Colectiva em Julho de 2009, com o objectivo de operacionalizar o PENT) está prevista a criação, em Portimão, de um Centro de Investigação e Formação Avançada em Turismo. Este projecto, dinamizado pelo Turismo de Portugal e pela Confederação do Turismo Português, tem como objectivo desenvolver um centro de competências na área do turismo, capaz de produzir conhecimento, de estabelecer uma rede de cooperação com a comunidade científica e as empresas e de ministrar cursos de formação pós-graduada dirigida a executivos. Este Centro de Investigação regional de Portimão, juntamente com o previsto para Lisboa (Estoril), constituirá o núcleo duro da produção e dinamização das actividades de investigação e desenvolvimento na área do turismo, as quais envolvem não apenas os domínios

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económicos e sociais, mas igualmente questões tecnológicas ligadas à construção, poupança de energia, reutilização de águas residuais, ambiente, entre outras. Uma outra actividade emergente no Algarve é a indústria cinematográfica e do audiovisual. A diversidade paisagística, as óptimas condições atmosféricas, os bons acessos e as excelentes condições hoteleiras são alguns factores que funcionam como vantagens do Algarve para o desenvolvimento desta actividade. Existe já na região a Algarve Film Commission (AFC), entidade sedeada em Tavira, criada em 2006, que conta com seis associados: Câmara Municipal de Tavira, Associação Sotavento Algarvio, Cineclube de Tavira, Filmes da Rua, Carlos Fraga (produtor e realizador) e Cineclube de Faro. É membro da Association of Film Commissions International (AFCI, com sede nos EUA) e membro fundador da European Film Commission Network (EUFCN, com sede em Bruxelas). Esta entidade tem como objectivo a promoção do desenvolvimento do sector do cinema, multimédia e audiovisual em geral, através da divulgação da região do Algarve como local para a realização de produções audiovisuais nacionais e internacionais, incluindo o seu desenvolvimento, distribuição e promoção. Por outro lado, promove acções de formação profissional, subsidiadas pelo Instituto do Cinema Audiovisual e Multimédia (ICAM), nos domínios do documentário, ficção, publicidade e videoclip. Já em 2008, a AFC captou ou acompanhou na região do Algarve cerca de uma dezena de produções na área do Cinema, Vídeo Musical, Publicidade, Televisão e Moda, com origem em Portugal, Espanha, Dinamarca, Inglaterra e Japão. A expansão desta actividade emergente poderá trazer grandes benefícios para o Algarve: estima-se que em média 30% do orçamento de uma produção seja gasto na região de rodagem, além da criação de emprego e da conquista de notoriedade junto de novos públicos. Em Maio de 2009 foi apresentado em Portimão o projecto Pictures Portugal, que tem como objectivo desenvolver o Picture Portugal Media Park Portimão, centro de produção audiovisual e multimédia, com vários estúdios de cinema e funcionalidades para produções nos sectores do cinema, publicidade, vídeo jogos e vídeo clips. Este projecto é dinamizado pela Câmara Municipal de Portimão e pelo actor Joaquim de Almeida, estando prevista a participação da Universal Studios e da CBS Paramount. Previa-se a construção de 11 estúdios de cinema além da criação de zonas de pós-produção áudio e vídeo, de uma área de cenários exteriores e um “watertank”, uma piscina do tamanho de um campo de futebol equipada com um ecrã de grandes dimensões para a realização de filmagens aquáticas e subaquáticas.

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CAIXA 10 - PROVERE LOCALIZADOS NO ALGARVE O PROVERE (Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos) é uma tipologia de Estratégias de Eficiência Colectiva (EEC), previstas pelo QREN, destinada a estimular as iniciativas dos agentes económicos orientados para a melhoria da competitividade territorial das áreas de baixa densidade, com o objectivo de acrescentar valor económico aos recursos endógenos. Os projectos integrados em EEC beneficiam de majorações previstas nos diversos sistemas de incentivo e outros programas de apoio ao investimento no âmbito do QREN. Entre Outubro de 2008 e Julho de 2009 realizou-se o processo de reconhecimento de candidaturas apresentadas no primeiro concurso de reconhecimento formal de EEC-PROVERE. Com incidência na região do Algarve foram reconhecidos dois PROVERE: - Algarve Sustentável -tem como objectivo o desenvolvimento sustentável e económico do Interior Algarvio e da Costa Vicentina, tendo como eixos estratégicos o ecoturismo e a valorização dos produtos locais. Os recursos a valorizar estão centrados nas componentes natural, cultural e rural, incluindo a biodiversidade, a paisagem, as áreas protegidas, o património construído e arqueológico, os produtos locais e o artesanato. O conjunto de intervenções previstas nesta EEC está articulado sob temáticas e de acordo com as especificidades geográficas da região. Os seus pólos temáticos são: Costa Vicentina; Bioparque de Monchique; Rota da Agricultura; Rota da Água; Serra do Caldeirão; Turismo Mineiro; Produtos Locais de Qualidade e Rota do Património do Baixo Guadiana. - Âncoras do Guadiana – tem como objectivo promover a navegabilidade do rio Guadiana e a valorização e qualificação dos espaços naturais protegidos e classificados. O Guadiana é assumido como recurso endógeno inimitável e o turismo como força motriz da reestruturação da base económica do Baixo Guadiana. A necessidade de diferenciação, diversificação e flexibilização é considerada uma oportunidade de construção de um produto completo - oferta de alojamento com a restauração, animação e lazer -, integrado nas redes de transportes, comunicações, serviços e equipamentos públicos.

8. DESAFIOS, RISCOS E OPORTUNIDADES NO MÉDIO PRAZO Nas últimas décadas a região do Algarve destacou-se no contexto nacional pelas positivas taxas de crescimento populacional (em parte associadas à capacidade de atracção de novos residentes, muitos estrangeiros) e pelo ritmo de crescimento de indicadores económicos ligados à produção e distribuição de riqueza (como o PIB per capita). Apesar das disparidades intra-regionais ainda persistirem (veja-se a assimetria de distribuição de população e actividades económicas entre a faixa litoral, território mais desenvolvido e densamente povoado, e as áreas do barrocal e da serra), o Algarve, no seu conjunto, tem reforçado a sua competitividade e coesão no contexto das regiões portuguesas. O Turismo tornou-se a principal actividade económica da região, o que conduziu à perda de capacidade de sobrevivência de sectores que anteriormente se revestiam de importância regional (como são os casos da actividade agrícola, das pescas ou da indústria conserveira). O emprego regional passou a depender do turismo e de actividades relacionadas como a restauração ou a construção civil. A forte sazonalidade da actividade turística (devido à excessiva especialização no produto turístico Sol & Mar) conduziu a problemas evidentes no mercado de trabalho da região e também a fortes pressões urbanísticas em toda a orla costeira, sujeita ao longo dos principais períodos de crescimento da oferta turística a problemas de ordenamento do território e de salvaguarda de valores naturais e paisagísticos. À região colocam-se então, num futuro próximo, importantes desafios: i. Diversificação da base económica produtiva – conseguir dinamizar algumas novas actividades emergentes, como sejam a saúde/ciências da vida, as energias renováveis, as tecnologias de informação e comunicação/serviços inteligentes ou os serviços especializados às empresas, além de outras actividades emergentes que emanam de sectores económicos já existentes (alguns em declínio) na região (exemplo da articulação da agricultura com a produção integrada e aposta em produtos tradicionais ou em produtos

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autóctones como os citrinos e a alfarroba; exemplo da articulação da aquacultura com a biotecnologia marinha); Diversificação da actividade turística, em torno não só da qualificação do tradicional produto Sol & Mar (que continuará a ser importante para a região), mas também de novos produtos turísticos que constituem a aposta da política nacional para o turismo no horizonte 2015 (vejam-se os produtos turísticos enunciados no Capítulo 7 da actual Carta Regional de Competitividade); Capacidade de envolvimento dos actores regionais na dinâmica de desenvolvimento de novas actividades (eficaz governança territorial), num contexto em que a Universidade do Algarve se destaca na concretização de importantes projectos para a região (apoio à inovação regional; apoio à criação de empresas de base tecnológica e de instituições de apoio à actividade empresarial, como centros de incubação e parque tecnológico; aposta na investigação e na formação de recursos humanos em novas e inovadoras actividades; cooperação com outros actores regionais e extra-regionais) e em que as próprias Autarquias se envolvem em projectos inovadores (exemplo do Parque das Cidades, do Parkalgar ou das redes de inovação e competitividade no âmbito da Política de Cidades do QREN); Capacidade de continuar a atrair população, sobretudo com elevados níveis de qualificação, de forma a ser possível colmatar as futuras necessidades de mão-de-obra criadas pelas actividades emergentes; Capacidade de entrosamento de todo um leque de projectos previstos para a região e que cruzam diversas actividade e actores.

Da análise destes desafios conclui-se pelas evidentes oportunidades de desenvolvimento do Algarve que, bem aproveitadas, permitirão à região fortalecer o seu posicionamento no contexto nacional e mesmo internacional. A competitividade das empresas inovadoras da região nos seus segmentos de actividade, em estreita cooperação quer com a Universidade do Algarve quer com as instituições de apoio à actividade empresarial que têm sido criadas ou a criar, poderão colocar o Algarve no grupo de regiões europeias ou mundiais que apostaram com sucesso na diversificação da base produtiva e na aposta em actividades emergentes de base tecnológica. Por outro lado, a capacidade de qualificação e diversificação da oferta turística regional poderá colocar o Algarve como um dos destinos turísticos mais procurados ao nível mundial em determinados produtos turísticos: no golfe esta situação já é uma realidade e a tendência é que também ao nível dos resorts integrados e do turismo residencial (em particular no segmento de turismo gama alta) o Algarve também assuma uma posição de liderança, com a oportunidade de continuar a ser o principal destino turístico nacional em importantes mercados internacionais. Através de uma adequada política de Turismo, o Algarve poderá conseguir uma importante complementaridade entre diversos produtos turísticos que, no seu conjunto, permitirão ultrapassar um dos principais constrangimentos da região: a sazonalidade da oferta turística, com reflexos negativos na economia regional. Todavia, se as oportunidades existem e estão a ser “agarradas”, os riscos que se apresentam à região não devem ser descurados. Entre eles deve-se destacar a dificuldade de diversificação da base produtiva, num cenário em que as actividades emergentes ficariam limitadas a um pequeno número de empresas inovadoras que surgiram no âmbito de determinados projectos de apoio à iniciativa empresarial, sem continuidade temporal e que, portanto, retirariam a estas empresas capacidade de afirmação efectiva no mercado (esta não tem sido a tendência na região mas este cenário não deve ser descurado). Por outro lado, o risco de o perfil turístico do Algarve continuar especializado no Sol & Mar, com as consequentes pressões de ordenamento do território sobre a orla costeira e com os

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constrangimentos decorrentes da sazonalidade associada a este produto. O golfe é um produto turístico já consolidado, que tem beneficiado de avultados investimentos, mas não deve ser esquecido que todo o Mediterrâneo e, em particular, a Espanha constituem importantes mercados concorrentes. A qualidade da oferta neste segmento é portanto fundamental. Ainda associado ao golfe, o risco de pressão sobre os recursos aquíferos de uma região que se caracteriza por regimes pluviométricos que conduzem a uma oscilação significativa na recarga anual dos aquíferos (devido à precipitação irregular) e à “competição” entre usos prioritários do recurso água (abastecimento humano versus abastecimentos de um número cada vez maior de campos de golfe). Estimativas apontam que para regar os campos de golfe do Algarve seja necessário um volume de água equivalente ao consumo de uma cidade com 240 mil habitantes - ou seja, cerca de 60% da população residente na região. Alguns grupos empresariais têm já minimizado este tipo de riscos ao investir em novas formas de abastecimento dos campos de golfe – por exemplo, alguns campos de golfe são já regados com águas oriundas do saneamento básico que receberam tratamento; o grupo hoteleiro nacional Pestana tem investido em projectos de dessalinização da água do mar, tendo em vista diversificar as fontes de abastecimento e melhorar as condições de suficiência de água para os seus empreendimentos (ao nível dos espaços verdes e golfe). A aposta nos resorts integrados e no turismo residencial de gama alta também encerra alguns riscos, associados às flutuações do mercado imobiliário a nível internacional, e respectivas crises, que poderão ter repercussões na procura do mercado de habitação do Algarve.

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