PEDRO GABRIEL NETO RIBEIRO

PEDRO GABRIEL NETO RIBEIRO RESPOSTA AGUDA DA FREQUÊNCIA CARDÍACA NO TREINO DE FORÇA EM CIRCUITO EM ADOLESCENTES OBESOS: A INFLUÊNCIA DA DENSIDADE DO ...
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PEDRO GABRIEL NETO RIBEIRO

RESPOSTA AGUDA DA FREQUÊNCIA CARDÍACA NO TREINO DE FORÇA EM CIRCUITO EM ADOLESCENTES OBESOS: A INFLUÊNCIA DA DENSIDADE DO TREINO NA INTENSIDADE RELATIVA E NA PERCEPÇÃO SUBJECTIVA DO ESFORÇO EM EXERCÍCIO

Orientadora: Prof.ª Doutora Sandra Martins

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Educação Física e Desporto

Lisboa 2012

PEDRO GABRIEL NETO RIBEIRO

RESPOSTA AGUDA DA FREQUÊNCIA CARDÍACA NO TREINO DE FORÇA EM CIRCUITO EM ADOLESCENTES OBESOS: A INFLUÊNCIA DA DENSIDADE DO TREINO NA INTENSIDADE RELATIVA E NA PERCEPÇÃO SUBJECTIVA DO ESFORÇO EM EXERCÍCIO

Dissertação apresentada para a obtenção do Grau de Mestre em Exercício e Bem-Estar no Curso de Mestrado em Exercício e Bem-Estar, conferido pela Universidade

Lusófona

de

Humanidades

Tecnologias Orientadora: Prof.ª Doutora Sandra Martins

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Educação Física e Desporto

Lisboa 2012

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Pedro Ribeiro, Resposta Aguda da Frequência Cardíaca no Treino de Força em Circuito

Porque eu sou do tamanho do que vejo. Fernando Pessoa

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Para Mafalda eHelena

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Agradecimentos Em primeiro lugar, um obrigado à minha família.Todos foram importantes no projecto de vida que fui construindo, pela constante aprendizagem e divertimento quando nos juntamos todos em casa da avó. Aos meus pais que são os grandes responsáveis pela conclusão de mais um passo académico, pois ao longo dos anos foram incansáveis no apoio, nos bons e maus momentos. Agradeço especialmente à minha mãe, recém avó “profissional”, que teve sempre tempo e disponibilidade para rever e criticar o que escrevi. Um obrigado à Prof.ª Sandra Martins, pois o que mais aprendi ao longo deste processo foi a importância do trabalho árduo, da pesquisa metódica, do elevado rigor científico com que devemos escrever cada linha e cada parágrafo de um trabalho ambicioso. À equipa do TOP, pela cooperação competente nas sessões de recolha de dados e pelas constantes aprendizagens que o projecto me proporcionou. Um agradecimento especial à avó Lena, pelos valores familiares que transmitiu aos netos, pela perspicácia, pela constante actualização diária e invulgar inteligência com que lida com os sobressaltos da vida. Por fim, à Helena, que com o seu nascimento veio trazer alegria, disciplina e acima de tudo motivação e espírito de missão para ultrapassar as dificuldades. E à Mafalda. Não há palavras para descrever a ajuda que me deste, no início, a meio e agora no fim. És a pessoa mais inteligente que conheço. Mais de metade das frases escritas devem-se ao teu apurado sentido crítico.

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Resumo Geral Objectivo O presente estudo teve como primeiro objectivo analisar através de uma revisão sistemática de literatura o efeito do treino de forçana composição corporal de crianças e adolescentes obesos.O segundo objectivo foi o de avaliar a resposta aguda da frequência cardíaca (FC) no treino de força em circuito (TFC), em adolescentes obesos. Método Numa primeira fase, foram realizadas duas pesquisas paralelas, uma utilizando palavras-chave seguindo a abordagem do modelo PICOS (participants, intervention, control, outcomes e study design) e outra usando os termos MeSH (Medical Subject Headings). No estudo com desenho transversal, a amostra era composta por 12 adolescentes obesos (8 raparigas e4rapazes; idade, 15,92 ± 1,44 anos; % massa gorda, 38,8 % ± 7,7). A diferença entre as duas sessões de TFC consistiu no aumento da duração do exercício e na redução do tempo de pausa. Resultados No primeiro estudo, foram seleccionados 31 artigos para leitura integral. Foram excluídos 17 artigos tendo em conta os critérios de elegibilidade descritos no método, sendo seleccionados 14 artigos para a análise do risco de viés. No estudo transversal as médias da % FCmax avaliadas na 2ª sessão foram superiores às registadas na 1ª sessão (t=-4,302; p=,001). Conclusões As limitações nos desenhos dos estudos e em algumas características das intervenções não nos permitem tirar conclusões categóricas acerca do papel isolado e independente do treino de força em relação ao decréscimo significativo da massa gorda. De qualquer forma parece existir evidência científica, não só no que diz respeito aos ganhos relevantes da capacidade de força e ao aumento considerável da aptidão cardiorrespiratória, após intervenções de treino em circuito combinado. Na investigação realizada em adolescentes obesos, a resposta aguda da FC indica que, para um mesmo plano de exercício e com a mesma duração total, é possível atingir uma maior intensidade de esforço através do aumento da duração de cada exercício e redução do tempo de pausa entre os mesmos. Palavras-chave. Treino de força em circuito, obesidade na adolescência, resposta aguda, intensidade, frequência cardíaca.

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Abreviaturas

ACSM - American College of Sports Medicine ACR – Aptidão cardiorrespiratória

PEDro - Physiotherapy Evidence Database PICOS – Participants, intervention, control, outcomes, study design

AF – Actividade física

PSE – Percepção subjectiva do esforço

CS – Cohort study

RCT – Randomized control trial

CT – Clinical trial

RM – Repetição máxima

DXA – Densitometria radiológica de dupla

RXO – Randomized crossover protocol

energia EPOC – Excess post-exercise oxygen consumption

SAV1 – 1ª sessão de avaliação SAV2 – 2ª sessão de avaliação SRD1 – 1ª sessão de recolha de dados

FC – Frequência cardíaca

SRD2 – 2ª sessão de recolha de dados

FCmax – Frequência cardíaca máxima

ST – Sessão de teste

IMC -Índice de massa corporal

TC – Treino em circuito

LOE – Levels of evidence

TCC – Treino em circuito combinado

MeSH - Medical Subject Headings

TF – Treino de força

MG - Massa gorda

TFC – Treino de força em circuito

MIG – Massa isenta de gordura

TOP – Tratamento de Obesidade

MIGO – Massa isenta de gordura e osso NSCA – National Strength and Conditioning Research OMNI-RES – OMNI-resistance exercise

Pediátrica Vmax – Valor máximo VO2max – Consumo máximo de oxigénio WHO – World Health Organization

scale

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Índice Geral INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................. 12 CAPÍTULO I EFEITOS DO TREINO DE FORÇA NA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE CRIANÇAS EADOLESCENTES OBESOS: REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA ....... 17 I.

Resumo .................................................................................................................... 19

II.

Introdução ............................................................................................................... 20

II.1 Racional Teórico ................................................................................................... 20 II.2 Objectivos ............................................................................................................. 23 III.

Método ..................................................................................................................... 23

III.1 Critérios de Elegibilidade ..................................................................................... 23 III.2 Fontes de Informação ............................................................................................ 24 III.3 Estratégias de Pesquisa ......................................................................................... 24 III.4 Selecção dos Estudos ............................................................................................ 25 III.5 Processo de Recolha de Dados ............................................................................. 26 III.6 Avaliação do Risco de Viés .................................................................................. 26 IV.

Resultados ............................................................................................................... 27 IV.1 Selecção dos Estudos ............................................................................................ 27 IV.2 Características dos Estudos ................................................................................... 29

V.

VI.

Discussão ................................................................................................................. 47 V.1

Sumário de Evidências .......................................................................................... 47

V.2

Limitações ............................................................................................................. 51

V.3

Conclusões ............................................................................................................ 53 Referências .............................................................................................................. 53

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CAPÍTULO II RESPOSTA AGUDA DA FREQUÊNCIA CARDÍACA NO TREINO DE FORÇA EM CIRCUITO EM ADOLESCENTES OBESOS: A INFLUÊNCIA DA DENSIDADE DO TREINO NA INTENSIDADE RELATIVA E NA PERCEPÇÃO SUBJECTIVA DO ESFORÇO EM EXERCÍCIO ......................................................................................... 58 I.

Resumo .................................................................................................................... 60

II.

Introdução ............................................................................................................... 62

II.1 Prevalência da Obesidade ..................................................................................... 62 II.2 Maturação, Puberdade e Composição Corporal.................................................... 62 II.3 Recomendações de Actividade Física ................................................................... 63 II.4 Benefícios do Treino de Força .............................................................................. 63 II.5 Riscos do Treino de Força .................................................................................... 64 II.6 Treino de Força em Circuito ................................................................................. 64 II.7 Treino de Força em Circuito em Adolescentes Obesos ........................................ 65 II.8 Resposta Aguda da Frequência Cardíaca no Treino de Força em Circuito .......... 65 II.9 Intensidade do Exercício ....................................................................................... 66 III.

Método ..................................................................................................................... 67

III.1 Desenho................................................................................................................. 67 III.2 Amostra ................................................................................................................. 67 III.3 Instrumentos .......................................................................................................... 67 III.4 Protocolo de Avaliação ......................................................................................... 68 III.5 Procedimentos Estatísticos.................................................................................... 73 III.6 Situações Adversas ............................................................................................... 74 IV.

Resultados ............................................................................................................... 74 IV.1 Estatística Descritiva ............................................................................................. 74 IV.2 Repetições Máximas e Volume do Treino ............................................................ 75 IV.3 Análise Geral da Resposta Aguda......................................................................... 75 IV.4 Resposta Aguda da Frequência Cardíaca .............................................................. 76 IV.5 Resposta Aguda da Percepção Subjectiva de Esforço .......................................... 77 IV.6 Comparação da Resposta Aguda entre a Frequência Cardíaca e a Percepção Subjectiva do Esforço ............................................................................................................. 77 IV.7 Resposta Aguda e Género ..................................................................................... 79 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Educação Física e Desporto

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IV.8 Correlação entre Composição Corporal e Volume de Treino ............................... 79 IV.9 Correlação entre a Frequência Cardíaca e a Composição Corporal ..................... 80 IV.10 Correlação entre a Frequência Cardíaca e o Volume deTreino ............................ 80 IV.11 Falhas Técnicas ..................................................................................................... 80 V.

Discussão ................................................................................................................. 80 V.1

Resposta Aguda da Frequência Cardíaca .............................................................. 80

V.2

Resposta Aguda da Percepção Subjectiva de Esforço .......................................... 82

V.3

Resposta Aguda e Género ..................................................................................... 83

V.4

Comparação da Resposta Aguda entre a Frequência Cardíaca e a Percepção Subjectiva do Esforço ............................................................................................................. 84

VI.

V.5

Limitações ............................................................................................................. 85

V.6

Pontos Fortes ......................................................................................................... 85

V.7

Conclusões ............................................................................................................ 85

V.8

Sugestões para Novas Investigações ..................................................................... 86 Referências .............................................................................................................. 86

DISCUSSÃO GERAL .................................................................................................. 92 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 98 Apêndices.......................................................................................................................... i

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Índice de Tabelas Capítulo I Tabela 1. Palavras chave utilizadas na pesquisa....................................................................... 25 Tabela 2. Análise qualitativa do risco de viés dos estudos RCT .............................................. 30 Tabela 3. Análise qualitativa do risco de viés dos estudos não RCT ....................................... 31 Tabela 4. Descrição das características, resultados e conclusões dos artigos .......................... 39 Capítulo II Tabela 1. Cronograma do protocolo de avaliação .................................................................... 69 Tabela 2. Descrição das sessões de exercício ........................................................................... 72 Tabela 3. Características da amostra ........................................................................................ 74 Tabela 4. Carga obtida nas repetições máximas e no volume do treino ................................... 75 Tabela 5. Valores médios e máximos da resposta aguda da frequência cardíaca e da escala subjectiva de esforço ................................................................................................ 76 Tabela6. Resposta aguda e género ............................................................................................ 79

Índice de Figuras Capítulo I Figura 1. Diagrama de fluxo do processo de selecção de estudos. ........................................... 28 Capítulo II Figura 1. Organização do protocolo de avaliação.. .................................................................. 68 Figura 2. Média por minuto da resposta aguda da frequência cardíaca.. ................................. 76 Figura 3. Média por minuto da resposta aguda da escala subjectiva de esforço. ..................... 77 Figura 4. Média por minuto da resposta aguda avaliada através da escala subjectiva de esforço e da frequência cardíaca na sessão de recolha de dados 1 ....................................... 78 Figura 5. Média por minuto da resposta aguda avaliada através da escala subjectiva de esforço e da frequência cardíaca na sessão de recolha de dados 2 .......................... 78

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INTRODUÇÃO GERAL

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Introdução Geral Descrição do Problema Não é fácil dar uma resposta clara a esta simples questão: porque existem tantas pessoas com excesso de peso ou obesas e o que podemos fazer para reduzir o problema? O excesso de peso resulta deuma interacção complexa envolvendo factores genéticos, ambientais, metabólicos, fisiológicos, comportamentais e sociais. Entre as diferenças individuais em factores específicos que predispõem as pessoas a ganharem massa gorda (MG), incluem-se os padrões alimentares, a imagem corporal, a taxa metabólica de repouso, a termogénese dos alimentos, o nível de actividade física (AF) espontânea, a temperatura corporal basal e a lipoproteína lipase (Mcardle, Katch & Katch, 2011). Na mesma linha de pensamento, Durstine, Moore, Painter & Roberts (2009) consideraram a obesidade como uma doença multifacetada que envolve desordens genéticas, endócrinas, hipotalâmicas, ambientais e de comportamento. A obesidade que se define como sendo uma acumulação excessiva de MG está associada a diversas comorbilidades, as quais representam um risco elevado para a vida das pessoas, tendo como causa um desequilíbrio energético (Durstine et al., 2009). Apesar da classe médica recomendar que se coma menor quantidade e melhor e se faça mais exercício, nos países industrializados, os factores económicos desequilibram a balança. Promove-se o consumo de determinados produtos alimentares que são cada vez mais baratos, de fácil acesso, abundantes, contendo muitas gorduras enquanto as profissões estão cada vez mais ligadas a atitudes sedentárias. Somando a estes factores, verifica-se uma redução substancial da média diária de consumo energético necessário para a sobrevivência (Durstine et al., 2009; Mcardle et al., 2011). O aparecimento do excesso de MG nas idades mais jovens representa um risco maior para a saúde do que quando ocorre nas idades adultas. Nas crianças e adolescentes obesos, independentemente do seu peso corporal em adultos, aumenta a probabilidade de contraírem uma grande variedade de doenças na idade adulta, relativamente aos jovens com peso saudável (Mcardle et al., 2011). A acumulação excessiva de MG representa uma desordem em que a energia ingerida ultrapassa largamente a energia gasta. Esta discrepância poderá ocorrer na infância e se isso acontecer as hipóteses de obesidade na idade adulta aumentam significativamente, atingindo os 55%, ou seja, 10 vezes mais que uma criança com peso saudável (Mcardle et al., 2011).

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Enquadramento Teórico Uma criança ou adolescente (2 aos 18 anos de idade) é considerado obeso quando apresenta um índice de massa corporal (IMC) ≥ ao percentil 95 e, com excesso de peso, se tiver um IMC no intervalo entre o percentil 85 e 94 (Cole, Bellizzi, Flegal, & Dietz, 2000). Recomenda-se que os níveis de AF e de comportamentos sedentários sejam avaliados nos jovens, de forma a criar estratégias para ultrapassar barreiras que os impeçam de realizar 60 minutos de AF diária, a uma intensidade no mínimo moderada (Barlow, 2007; Spear et al., 2007). O objectivo principal no tratamento da obesidade terá de ser a melhoria da saúde, através de estilos de vida saudáveis e permanentes (Barlow, 2007). A implementação destes hábitos levará a uma redução do peso corporal, na maioria das crianças, mas haverá casos em que será necessário tomar medidas adicionais para se alcançar um balanço energético negativo (Barlow, 2007). Existem várias formas de tratar obesidade pediátrica, sem ser necessário recorrer a métodos cirúrgicos ou a terapias com fármacos (Lobstein, Baur, & Uauy, 2004). Por exemplo, está descrito na literatura que reduzir o tempo de ecrã e as actividades sedentárias, em conjunto com uma intervenção na dieta alimentar e no exercício, é uma boa estratégia de redução massa gorda em crianças e adolescentes obesos (Lobstein et al., 2004; Spear et al., 2007). A gestão e tratamento nos adolescentes obesos terão de ter em conta as especificidades da idade dos jovens, sendo a motivação um factor essencial (Lobstein et al., 2004). Se o adolescente ou os pais não estiverem motivados, a intervenção dificilmente terá sucesso (Lobstein et al., 2004). Uma estratégia em relação à intervenção no exercício poderá ser o treino de força (TF). Este método de treino apresenta diversas vantagens, como o aumento da massa isenta de gordura e osso (MIGO) e da força muscular e a diminuição da % MG (Alberga, Sigal, & Kenny, 2011; Faigenbaum, 2007). Este tipo de treino além das melhorias na composição corporal integra um conjunto de vantagens, como aumento da resistência muscular, equilíbrio e nosmotor skills(Behm, Faigenbaum, Falk, & Klentrou, 2008; Faigenbaum, 2007). A revisão do estado da arte de Faigenbaum (2007) sobre TF em crianças e adolescentes enumera mais alguns benefícios para saúde, como o aumento da densidade mineral óssea associada ao efeito compressivo dos exercícios em que se suporta o peso do

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corpo, a melhoria da saúde psicossocial, através de mudanças favoráveis na auto-estima e no auto-conceito e o efeito hipotensivo do TF, que reduz a pressão arterial de repouso, em conjunto com mudanças na alimentação e na composição corporal. O facto do TF possuir um tempo de exercício e um tempo de pausa revela-se fundamental na adesão ao exercício por parte dos jovens obesos, bem como o sucesso na tarefa (Faigenbaum & Westcott, 2007). Estes jovens sentem desconforto e aborrecimento ao realizarem períodos longos de treino aeróbio, devido ao peso corporal, assim, a forma intervalada com pequenos períodos de esforço está em consonância com os jogos e brincadeiras, tal como, indica também a Position Statement da National Strength and Conditioning Association (NSCA) (Faigenbaum et al., 2009; Faigenbaum & Westcott, 2007). Através de uma progressão correcta do volume e da intensidade do treino, os adolescentes obesos poderão ter sucesso na tarefa, divertirem-se a treinar e daí, estarem motivados para o exercício (Nowicka & Flodmark, 2007). Essa motivação surge também pela reacção dos colegas normoponderais, que dão um feedbackpositivo devido à quantidade de carga que os colegas obesos conseguem levantar, principalmente nas máquinas guiadas de força. Os jovens com excesso de peso tendem a ser os mais fortes da turma, e ao contrário dos exercícios prolongados de treino aeróbio, conseguem evidenciar-se de forma positiva através do TF, ganhando confiança nas suas capacidades e mantendo-se motivados para o exercício (Faigenbaum & Westcott, 2007). Objectivo Geral As finalidades desta dissertação foram estudar as vantagens do TF em adolescentes obesos, descritas na literatura (Behm et al., 2008; Benson, Torode, & Singh, 2008; Faigenbaum, 2007; Faigenbaum et al., 2009; Faigenbaum & Westcott, 2007; McCambridge et al., 2008; Nowicka & Flodmark, 2007; Watts, Jones, Davis, & Green, 2005) e testar de que forma a densidade do exercício influencia a resposta aguda da intensidade do treino de força em circuito (TFC), através da monitorização da frequência cardíaca (FC) e de uma escala de percepção subjectiva de esforço (PSE). Motivação para o Estudo A obesidade nos dias de hoje é uma epidemia que acompanhará o crescimento de grande parte das crianças com excesso de peso. Os baixos níveis de AF, os erros alimentares e o estilo de vida baseado num comportamento sedentário das crianças e adolescentes, promovem o aparecimento da obesidade que daqui a alguns anos será uma característica da população adulta.

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A falta de oferta na área da AF e no desporto para crianças e jovens, em parte devido à conjectura económica e social, mas também devido a decisões políticas erradas e sem visão de futuro, aliadas à diminuição da carga horária da disciplina de educação física e ao desinteresse no desporto escolar, tornam os nossos jovens demasiado vulneráveis em relação a esta epidemia. O intuito deste estudo foi o de conciliar a nossa curiosidade e fascínio pelo TFC com a necessidade de investigar algo útil para o projecto onde estávamos inseridos – Tratamento da Obesidade Pediátrica (TOP). A nossa motivação levou ao desejo de estudar um modelo diferente do TF, baseado no treino intervalado de alta intensidade (Boutcher, 2011; Gibala, 2007; Gibala & McGee, 2008; Tabata et al., 1997) e adaptá-lo para adolescentes obesos, sedentários e sem experiência em exercícios com cargas adicionais. Esse método de treino manipula os tempos de exercício e de pausa, em vez de estabelecer um intervalo de repetições. Ao integrar esta forma de treino, na componente do exercício dos participantes do TOP, acabou por se criar uma forma dinâmica, divertida e em grupo de efectuar exercícios de força com alguma intensidade, através de uma organização em circuito. Controlando o tempo de exercício e de pausa, tornou-se evidente que se proporcionava o mesmo estímulo a todos os participantes, pois o tempo em actividade motora era similar. Este método adequado a grupos de crianças ou adolescentes com obesidade ou excesso de peso requer apenas uma sala de exercício, ou estúdio de actividades de grupo e um fisiologista do exercício com um cronómetro. No fundo, a nossa motivação e curiosidade desencadearam a necessidade de saber se esta forma de executar o TFC permitiria diferenciar a intensidade através da manipulação da densidade do exercício, em função do objectivo do treino. Organização da Dissertação Esta dissertação está organizada em dois artigos. O primeiro corresponde a uma revisão sistemática de literatura, em que se estudaram os efeitos do TF na composição corporal de adolescentes obesos e o segundo artigo de investigação observacional analisou a resposta aguda da FC no treino de força em circuito em adolescentes obesos.

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CAPÍTULO I EFEITOS DO TREINO DE FORÇA NA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES OBESOS: REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA

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EFEITOS DO TREINO DE FORÇA NA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES OBESOS: REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA

Mestrando: Pedro Neto Ribeiro Orientadora: Sandra Martins, PhD Faculdade de Educação Física e Desporto Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

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Resumo Objectivo Através de uma revisão sistemática de literatura, avaliar o efeito do treino de força na composição corporal de crianças e adolescentes obesos. Fontes de Informação Os artigos foram identificados utilizando a base de dados electrónica PubMed durante o mês de Março de 2012. Apenas foram seleccionados estudos publicados em inglês. Critérios de Inclusão Estudos cujos participantes fossem crianças e adolescentes obesos ou com excesso de peso, submetidos a uma intervenção incidindo no treino de força. Os resultados teriam que estar relacionados com modificações na composição corporal. Estratégia de Pesquisa Foram realizadas duas pesquisas paralelas, uma utilizando palavras-chave seguindo a abordagem do modelo PICOS (participants, intervention, control, outcomes e study design) e outra usando os termos MeSH (Medical Subject Headings). Resultados Recolheram-se 80 artigos para análise preliminar. Após essa avaliação, seleccionaramse 31 artigos para leitura integral. Foram excluídos 17 artigos tendo em conta os critérios de elegibilidade descritos no método, sendo seleccionados 14 artigos para a análise do risco de viés. Conclusões As limitações nos desenhos dos estudos e em algumas características das intervenções não nos permitem tirar conclusões categóricas acerca do papel isolado e independente do treino de força em relação ao decréscimo significativo da massa gorda. De qualquer forma parece existir evidência científica, não só no que diz respeito aos ganhos relevantes da capacidade de força e à diminuição significativa do perímetro da cintura, por parte dos diversos métodos de treino avaliados, mas também ao aumento considerável da aptidão cardiorrespiratória, após intervenções de treino em circuito combinado e à relação evidente entre o aumento relevante da massa isenta de gordura e respectiva diminuição significativa de massa gorda, após as intervenções. Palavras-chave. Treino de força; composição corporal; obesidade na adolescência; puberdade; força; revisão sistemática.

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Introdução Racional Teórico Prevalência da obesidade infantil e na adolescência. Um dos mais sérios problemas de saúde pública na Europa é a obesidade. A sua prevalência atingiu proporções epidémicas, pois triplicou nas últimas duas décadas. Segundo a World Health Organization (WHO) em 2010, existiam 15 milhões de crianças e adolescentes que seriam obesos. Esta realidade é bastante preocupante, pois hoje em dia a obesidade afecta de forma negativa aspectos sociais e económicos da sociedade, bem como a qualidade de vida e questões psicossociais. Devido à obesidade e factores de risco associados, a produtividade diminuirá ao contrário das despesas de saúde associadas a esta doença. Diversas patologias estão-lhe associadas como a diabetes mellitus tipo 2, doenças cardiovasculares e, mais recentemente, a síndrome metabólica que conjuga os seguintes factores de risco: obesidade abdominal, hipertensão, dislipidémia e resistência à insulina. Esta doença afecta entre 20 a 30% da população total da Europa (WHO, 2007). Em Portugal a taxa de prevalência é a mais elevada de toda a Europa (32%) se considerarmos as crianças entre os 7 e 9 anos de idade. A epidemia da obesidade tem vindo a progredir de forma alarmante e a International Obesity Task Force concluiu que aproximadamente 38% das crianças europeias em idade escolar tinham excesso de peso e que mais de um quarto eram obesas (WHO, 2007). Segundo a revisão de Lobstein, Baur, & Uauy (2004), estima-se que 10% das crianças em idade escolar (5 - 17 anos) em todo o mundo apresentam excesso de peso. Na Europa os valores são ainda são mais alarmantes, pois a prevalência atinge os 20%. Num futuro próximo, os encargos para os serviços de saúde provocados pela obesidade infantil são difíceis de estimar. A questão central é que esta epidemia irá acompanhar a próxima geração adulta e aumentar as taxas de doenças cardiovasculares, de diabetes mellitustipo 2e outras desordens endócrinas (Lobstein et al., 2004). Definição de obesidade na adolescência. No que diz respeito à determinação do grau de obesidade, Barlow (2007) comprovou em conjunto com um comité de peritos que indivíduos entre os dois e 18 anos de idade com índice de massa corporal (IMC) ≥ ao percentil 95 para a idade e género deverão ser considerados obesos e indivíduos com IMC entre o percentil 85 e 94, com excesso de peso. Maturação na adolescência. No que diz respeito à maturação sexual dos adolescentes, Lobstein et al. (2004) confirmaram que esta influencia a adiposidade na

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puberdade. O aumento da percentagem de massa gorda (% MG) ocorre nos rapazes e raparigas no início da adolescência, mas pode regredir temporariamente nos rapazes (aumentando a massa muscular e óssea) e continuar ao longo da puberdade nas raparigas. Assim, poderemos concluir que no início da fase pubertária as raparigas têm tendência a ter mais % MG devido à maturação ocorrer mais cedo. Por outro lado, os rapazes com excesso de peso demonstram uma maturação mais tardia que os colegas com peso normal. Riscos para a saúde. A obesidade na adolescência está fortemente ligada a doenças e factores de risco que anteriormente apenas estavam associados aos adultos. Por este motivo um IMC elevado na adolescência está relacionado com doenças cardiovasculares e com a mortalidade na idade adulta. Este facto ocorre mesmo quando os adolescentes obesos perdem o excesso de peso corporal, ao entrarem na idade adulta (WHO, 2007). Treino de força e tratamento de obesidade na adolescência. O treino de força (TF) tem ganho popularidade entre os adolescentes obesos. Através de uma correcta prescrição e supervisão, estes programas de exercício são um método seguro de desenvolvimento da força muscular (Nowicka & Flodmark, 2007; Watts, Jones, Davis, & Green, 2005). Seguindo uma progressão apropriada do volume e intensidade de treino, os adolescentes obesos poderão ter sucesso e divertir-se (Nowicka & Flodmark, 2007; Watts et al., 2005). O TF ajuda a desenvolver a massa isenta de gordura (MIG) e diminuir o decréscimo da taxa metabólica de repouso que ocorre em algumas estratégias alimentares de perda de peso corporal (Watts et al., 2005). Embora o TF não seja caracterizado por um elevado dispêndio energético, este tipo de exercício é uma componente importante de um programa de perda de peso, pois além de melhorar a força e resistência musculares, influencia positivamente a densidade mineral óssea, a capacidade cardiorrespiratória, a dislipidémia e a composição corporal (Faigenbaum, 2007; Faigenbaum & Westcott, 2007). Os adolescentes obesos apresentam alguma relutância em permanecerem activos, devido às dificuldades motoras causadas pelo elevado peso corporal. Daí, considerarem as actividades aeróbias como aborrecidas e desconfortáveis (Faigenbaum & Westcott, 2007; Faigenbaum et al., 2009). No entanto, parecem apreciar o treino de força, porque este caracteriza-se por períodos curtos de esforço, seguidos de uma pequena pausa entre séries ou exercícios. Ao contrário do que acontece com o exercício aeróbio, a sua forma intervalada e não contínua é semelhante aos movimentos e deslocamentos realizados pelas crianças e

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adolescentes quando jogam e brincam (Faigenbaum & Westcott, 2007; Faigenbaum et al., 2009). Os jovens obesos, por norma, são os mais fortes da turma e recebem feedback positivo, devido à sua capacidade de levantar cargas elevadas nos exercícios de força. Ao contrário do exercício aeróbio contínuo, a participação num TF dá a possibilidade destes jovens se destacarem, perante os colegas com peso saudável. Assim, ganham confiança e motivação para se tornarem mais activos (Faigenbaum & Westcott, 2007; Faigenbaum et al., 2009). Treino de força em circuito. O TF pode ser organizado de diversas formas. Um desses formatos é o TF em circuito, que se caracteriza por intercalar exercícios para os grandes grupos musculares (membros inferiores, tronco) espalhando os benefícios do treino por uma área mais alargada, em termos musculares, que o treino aeróbio. Este tipo de treino pode ser uma estratégia para desenvolver a força muscular e a capacidade aeróbia (Watts et al., 2005). O TF em circuito está associado a um maior dispêndio energético, devido a períodos de pausa reduzidos (≤ 30’’ entre séries e exercícios) e a cargas mais leves, com número de repetições mais elevado (Faigenbaum, 2007; Faigenbaum & Westcott, 2007). Na presente revisão sistemática surgem intervenções com uma variação deste conceito: um treino constituído por exercícios de força e exercícios cardiovasculares de curta duração, organizados sob a forma de um circuito. Evidências de outras revisões. Na literatura, surgem revisões que nos apresentam diferentes perspectivas acerca da temática. A revisão de Watts et al. (2005) indicia que o exercício realizado de forma independente de outro tipo de intervenção está associado a alterações benéficas na composição corporal, reduzindo a MG, aumentando a MIG, mas não apresenta efeitos no IMC ou no peso corporal. Benson, Torode & Singh (2008a), através de uma revisão sistemática, garantem que o TF planeado, periodizado e correctamente supervisionado promove benefícios para saúde, associados com melhorias na composição corporal, na capacidade cardiorrespiratória, no perfil lipídico, na densidade mineral óssea e na sensibilidade à insulina. No entanto, existem outras conclusões defendidas por diferentes autores. Na revisão sistemática de Atlantis, Barnes & Singh (2006), surge a conclusão de que intervenções apenas

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com TF apresentaram efeitos pouco significativos e que não existe fundamento para o papel do TF executado de forma isolada e/ou independente em crianças obesas. Na mesma linha de pensamento, surge a revisão de Alberga, Sigal, & Kenny (2011) em que se afirma que os resultados do efeito do TF são inconsistentes, no que diz respeito à obesidade abdominal, flexibilidade, potência muscular, controlo da glicémia, pressão arterial e perfil lipídico. Asseguram também que provoca um decréscimo pouco significativo na % MG, mas que incita aumentos significativos na MIG e na força muscular. Os mesmos autores concluem que existe evidência suficiente para afirmar que o treino aeróbio melhora a composição corporal e a capacidade cardiorrespiratória, mas que os efeitos das intervenções de TF não são conclusivos. Ao analisar a literatura deparamo-nos com alguma controvérsia sobre o papel do TF no tratamento da obesidade em crianças e adolescentes. Apesar de recentemente ter sido recomendado por Nowicka & Flodmark (2007), Watts et al. (2005) e Faigenbaum et al. (2009) por apresentar benefícios para a saúde ainda existem dúvidas acerca da relevância deste método de treino. Objectivos O propósito principal desta revisão sistemática foi o de avaliar o efeito do treino de força na composição corporal de crianças e adolescentes obesos. Esta pesquisa tem como finalidade analisar intervenções efectuadas apenas com exercícios de força, de uma forma convencional ou em circuito, sem influência de estratégias nutricionais, motivacionais ou com exercício exclusivamente aeróbio. Esta decisão teve o intuito de averiguar qual a contribuição isolada do TF nas alterações da composição corporal em crianças e adolescentes obesos. O objetivo secundário deste trabalho foi analisar quais as modificações que o TF isolado origina nos ganhos de força e na aptidão cardiorrespiratória (ACR) e pesquisar associações com as mudanças na composição corporal. Método Critérios de Elegibilidade Critérios de inclusão. A estratégia para incluir estudos nesta revisão sistemática foi determinada segundo a abordagem do modelo PICOS (participants, intervention, comparators e outcomes e study design) referenciado por Liberati et al. (2009). Em relação aos participantes, apenas se recolheram informações de crianças (sete aos 12 anos de idade) e de adolescentes (13 aos 17 anos de idade). Dentro dos intervalos de idades procuraram-se indivíduos obesos ou com excesso de peso, das diversas etnias.

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O tipo de intervenção apresentado nos diversos estudos foi alvo de um critério rigoroso. Recolheram-se dados das intervenções que continham apenas TF ou treino em TC. Este último abrangia circuitos exclusivamente com exercícios de força ou combinações de exercícios cardiovasculares de curta duração com exercícios de força. Os estudos que continham no grupo experimental, conjugações de treino aeróbio com TF ou intervenção nutricional com TF, não foram considerados. Desta forma, pretendeu-se ter acesso apenas a resultados derivados exclusivamente do TF, sem influência de outro tipo de intervenção. A única excepção admitida a este critério seria no caso de um estudo com diversos grupos experimentais possuir um com resultados explicitamente descritos como sendo apenas de TF ou TC e não de TF mais treino aeróbio, ou TF mais intervenção nutricional. Foram englobados na pesquisa e recolha de dados os estudos com e sem grupos de controlo. A meta principal foi investigar os resultados obtidos pelas intervenções nos grupos experimentais, observando quais os efeitos do TF na população seleccionada. No que diz respeito aos resultados e conclusões, apenas se tiveram em consideração os efeitos crónicos do TF ao nível da composição corporal, ganhos de força ou ACR, nos estudos com as características descritas no parágrafo anterior. Por fim, foram englobados todos os tipos de desenho. Esta característica serviu apenas para perceber a magnitude e complexidade das intervenções pesquisadas. Apenas foram seleccionados estudos publicados em inglês, desde Março de 2002. Critérios de exclusão. Excluíram-se os estudos em que os resultados dos programas de exercício foram influenciados apenas por treino aeróbio, por intervenção nutricional ou motivacional. Não se consideraram também os estudos realizados em adultos, em crianças ou adolescentes portadores de deficiência, bem como revisões da literatura sobre o tema. Fontes de Informação Os estudos foram identificados utilizando a base de dados electrónica PubMed durante o mês de Março de 2012. Estratégias de Pesquisa Foram realizadas duas pesquisas paralelas, uma utilizando palavras chave seguindo a abordagem do modelo PICOS e outra usando os termos MeSH (Medical Subject Headings). Na primeira pesquisa, as palavras chave foram agrupadas em três categorias: características dos participantes, tipo de exercício utilizado na intervenção e tipo de resultados, como demonstra a tabela 1. O item controlo não foi considerado para não ocorrer exclusão de estudos que não possuíssem grupos de comparação.

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Tabela 1 Palavras Chave Utilizadas na Pesquisa. Participantes

Intervenção

Resultados

"Resistance training" ou "resistance exercise" ou "strength exercise" ou "strength training" ou "weight training" ou "resistive exercise" ou

"Body composition" ou

"resistive training" ou "weight

"waist circumference" ou

lifting" ou "circuit training" ou

"body fat" ou "bodyweight

Obes* ou

"circuit exercise" ou "combined

regulation" ou "body

overweight

exercise" ou "circuit resistance

weight" ou "fat loss" ou

training" ou "circuit resistance

adiposity ou "weight

exercise" ou "circuit based" ou

management" ou "body

"circuit strength exercise" ou

mass index" ou "weight

"circuit strength training" ou

loss" ou "weight control"

Adolescen* ou child* ou

Palavras

teen ou

Chave

pediatric ou youth

"mixed aerobic and resistance" ou "circuit exercise training" Conjunto

I

II

III

IV

Resultados

2658636

182033

10259

398695

Nota: O objectivo do uso de aspas entre duas ou mais palavras foi o de encontrar o termo exacto e não as palavras em separado. O asterisco serviu para procurar todos os termos com a mesma raiz da palavra.

Na pesquisa através dos termos MeSH combinaram-se resistance training e overweight e adolescent. Os artigos encontrados através desta pesquisa estavam todos incluídos na procura descrita no parágrafo anterior e na tabela 1. Selecção dos Estudos Foi realizada uma análise para verificar se os artigos continham amostras de crianças e/ou adolescentes com excesso de peso e/ou obesos. Em alguns destes artigos surgem apenas normoponderais, quer nas amostras principais, quer em grupos de controlo. Neste caso, foram excluídos por conterem amostras de adultos ou por terem apenas crianças ou adolescentes normoponderais. No que diz respeito à descrição das intervenções foi avaliado de que forma eram organizadas em termos de exercícios de força e se continham treino em circuito (TC), mesmo que fosse através de uma combinação de exercícios de força com exercícios cardiovasculares de curta duração. Assim, foram seleccionados os artigos em que os resultados da amostra principal ou grupos experimentais derivaram de intervenções exclusivamente de TF ou TC

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sem influência de intervenções nutricionais, motivacionais ou comportamentais e de exercício aeróbio. Por fim, procurou-se avaliar os resultados obtidos pelos estudos. Foram escolhidos os artigos em que se descrevem resultados alcançados e explicitam modificações na composição corporal. Embora a maioria dos artigos apresente alterações metabólicas e de ganhos de força, as questões relacionadas com a composição corporal são um denominador comum na escolha final dos artigos. Processo de Recolha de Dados Os dados foram recolhidos por um revisor, aplicando uma tabela baseada na revisão sistemática de Irvine & Taylor (2009). Estes autores dividiram a tabela em cinco colunas: estudos, participantes, intervenção experimental e de controlo e medidas utilizadas para expor resultados. Na presente revisão sistemática acrescentaram-se algumas colunas, com o intuito de completar a informação da tabela que mostra os dados dos artigos em análise. Adicionou-se uma coluna com o tipo de desenho e outra com a da avaliação qualitativa (risco de viés) dos artigos. Na coluna dos participantes, acrescentou-se o género, a % MG e o perímetro da cintura. Na intervenção experimental, colocou-se mais informação acerca da prescrição do treino realizado (como foi organizado, tempo de pausa, número de rotinas, periodização e equipamento). A coluna que apresentava as medidas usadas para expor os resultados foi substituída por uma que expunha os resultados obtidos em três categorias: força, ACR e composição corporal. Por fim, colocou-se uma coluna com um breve resumo das conclusões dos autores de cada artigo. Avaliação do Risco de Viés Para avaliar qualitativamente os artigos seleccionados e consequente risco de viés, usaram-se dois métodos: a escala de PEDro (Physiotherapy Evidence Database www.pedro.org.au), para os artigos que apresentaram um desenho randomized control trial (RCT) e os Oxford Centre for Evidence-Based Medicine 2011 Levels of Evidence (LOE – www.cebm.net) para os estudos que apresentaram outro tipo de desenho. A escala de PEDro é composta por 11 critérios (oito relativos à validade interna, dois referentes à informação estatística e um relacionado com a validade externa) e foi

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desenvolvida para avaliar a qualidade metodológica dos estudos inseridos na base de dados acima referida. Os critérios utilizados foram: elegibilidade, distribuição aleatória, distribuição cega, valores baseline similares, blindings dos participantes, terapeutas e avaliadores, resultados que derivam de um valor igual ou superior a 85% dos participantes, análise intenção de tratamento, comparação estatística entre grupos e medidas de precisão. Como para este tipo de intervenções não é possível efectuar o blinding dos participantes e terapeutas a pontuação máxima esperada seria 9 (Irvine & Taylor, 2009). Os LOE foram baseados nas directrizes do Oxford Centre for Evidence-Based Medicine. Esta instituição tem como objectivo desenvolver e promover questões relacionadas com a saúde, através da evidência científica. A evidência é dividida em cinco níveis, numerados de 1 a 5. No que diz respeito à intervenção relacionada com os benefícios de um tratamento, o nível 1 corresponde a revisões sistemáticas de RCT, o nível 2 a RCT ou estudos observacionais com efeitos dramáticos, o nível 3 a estudos não randomizados com cohort controlado ou estudos de follow-up, o nível 4 a estudos de caso-controlo, ou estudos controlados historicamente, por fim, o nível 5 corresponde a raciocínios. Importa referir que os artigos não foram seleccionados nem excluídos com base nesta avaliação qualitativa, embora a classificação obtida seja tida em conta na interpretação dos resultados. Além da classificação dos artigos seleccionados, surgem também as revistas que publicaram os estudos englobados nesta revisão sistemática e respectivos factores de impacto (determinados até Abril de 2012). Resultados Selecção dos Estudos Ao usar a estratégia de pesquisa descrita no método e na tabela 1 encontraram-se os seguintes resultados. O conjunto I continha 2658636 resultados, o conjunto II 182033, o conjunto III 10259 e o conjunto IV 398695. Agrupando os conjuntos I e II e III e IV, na base de dados electrónica PubMed, surgem 92 resultados. Da pesquisa paralela através dos termos MeSH resultam 23 estudos publicados nos últimos 10 anos. Feita a verificação do título e do resumo dos artigos, concluiu-se que estavam todos incluídos na pesquisa descrita no parágrafo anterior. Após a aplicação do filtro de artigos publicados nos últimos 10 anos, seleccionaram-se 80 artigos para análise preliminar. Esta avaliação teve em conta os títulos e resumos para escolha dos artigos que seriam de interesse para o estudo, através dos critérios de inclusão.

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Após esta avaliação inicial, seleccionaram-se 31 artigos para leitura integral, mais objectiva, para aferir o interesse para esta revisão. Concluída a análise integral de títulos e resumos, foram excluídos 17 artigos tendo em conta os critérios de elegibilidade descritos no método, sendo que foram seleccionados 14 artigos para a análise qualitativa. A figura 1 representa graficamente este processo de

Identificação

pesquisa, análise e selecção de artigos para serem estudados exaustivamente nesta revisão.

Artigos identificados através de pesquisa no PubMed, usando a abordagem PICOS (n = 92)

Artigos identificados através de pesquisa no PubMed, usando os termos MeSH (n = 23)

Inclusão

Elegibilidade

Triagem

Artigos após remoção de duplicados (n = 92)

Artigos seleccionados para análise do título e resumo, publicados nos últimos 10 anos (n = 80)

Artigos excluídos através do filtro publicação nos últimos 10 anos (n = 12)

Artigos completos (full-text) analisados para elegibilidade (n = 31)

Artigos completos excluídos, pelos resultados das intervenções não dependerem exclusivamente de TF ou TC (n = 17)

Artigos incluídos para análise qualitativa (n = 14)

Figura 1. Diagrama de fluxo do processo de selecção de estudos.

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Características dos Estudos Como está exposto no método, a selecção, recolha e listagem foi realizada segundo o modelo PICOS. No capítulo anterior está também descrita a estratégia de construção da tabela 4 que apresenta as características dos estudos incluídos nesta revisão sistemática. Esta tabela está ordenada segundo o tipo de desenho e respectiva classificação qualitativa da avaliação do risco de viés. A tabela 2 apresenta a avaliação qualitativa dos RCT incluídos nesta revisão. Esta análise foi efectuada segunda a escala de PEDro e apenas poderia ter um máximo de nove valores devido à impossibilidade de efectuar um blinding dos participantes e dos terapeutas, por causa das características da intervenção. As classificações variaram entre oito e seis valores com uma média e desvio padrão de 7,1 ± 0,8. Os estudos que apresentaram pontuações mais elevadas foram os de Benson et al. (2008b) e de Davis et al. (2011). O estudo de Benson et al. (2008b) só não preencheu o critério de valores baseline similares (pois a investigação integra participantes com diferentes composições corporais), enquanto que na investigação de Davis et al. (2011) nos testes baseline não ocorreu blinding dos avaliadores. Estes dois estudos destacam-se dos restantes por efectuarem uma distribuição cega dos participantes. Na tabela 3 surge a classificação dos restantes estudos que não eram RCT. Esta avaliação foi elaborada segundo as directrizes do Oxford Centre for Evidence-Based Medicine que categoriza as investigações em LOE de 1-5. Todos os artigos obtiveram o nível 3 que corresponde a estudos não randomizados com cohort controlado ou estudos de follow-up. Em ambas as avaliações do risco de viés usou-se o factor de impacto das revistas para ordenar a importância dos artigos, quando a escala de PEDro ou o LOE era igual entre dois ou mais estudos.

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Tabela 2 Análise Qualitativa do Risco de Viés dos Estudos RCT (Escala de PEDro) Estudos

Revista

Benson et al. (2008b)

International Journal of Obesity Medicine & Science in Sports & Exercise Medicine & Science in Sports & Exercise

Davis et al. (2011) Shaibi et al. (2006) Wong et al. (2008)

Velez et al. (2010)

Annals of the Academy of Medicine Journal of Strength& Conditioning Research

Factor de impacto

Critérios de elegibilidade

Distribuição aleatória

Distribuição cega

Valores baseline similares

Blinding dos participantes

Blinding dos terapeutas

Blinding dos avaliadores

Resultados ≥ 85% dos participantes

Intençãotratamento

Comparação estatística entre grupos

Medida de precisão

Total (0 a 11)

5.125

S

S

S

N

N

N

S

S

S

S

S

8

4.106

S

S

S

S

N

N

N

S

S

S

S

8

4.106

S

S

N

S

N

N

N

S

S

S

S

7

1.2

S

S

N

S

N

N

N

S

S

S

S

7

1.848

S

S

N

N

N

N

N

S

S

S

S

6

Legenda: S – Sim; N – Não.

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Tabela 3 Análise Qualitativa do Risco de Viés dos Estudos Não RCT (Levels of Evidence) Estudos

Revista

Factor de impacto

LOE (1-5)

Watts et al. (2004)

Journal of the American College of Cardiology

14.292

3

Bell et al. (2007)

The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism

6.202

3

van der Heijden et al. (2010)

Medicine & Science in Sports & Exercise

4.106

3

Naylor et al. (2008)

Medicine & Science in Sports & Exercise

4.106

3

Shaibi et al. (2010)

International Journal of Pediatric Obesity

2.654

3

McGuigan et al. (2009)

Journal of Strength& Conditioning Research

1.848

3

Sgro et al. (2009)

Journal of Strength& Conditioning Research

1.848

3

Falk et al. (2002)

Journal of Pediatric Endocrinology & Metabolism

0.887

3

Lee et al. (2010)

Korean Circulation Journal

0.370

3

Legenda: LOE – Levels of Evidence.

Participantes. Os estudos incluídos envolveram 452 participantes, sendo que 274 realizaram as intervenções de TF ou TC o que corresponde a 60,6%. Este valor justifica-se por nove dos 14 estudos incluídos possuírem grupos de controlo sem intervenção, ou com treino aeróbio, ou com intervenção nutricional. As diversas amostras incluíam 265 rapazes e 187 raparigas, o que corresponde a 58,6% e a 41,4% respectivamente. Em relação à idade, o estudo de Sgro, McGuigan, Pettigrew, & Newton (2009) apresenta os participantes mais jovens, com um dos grupos experimentais a exibir uma média e desvio padrão de 8,4 ± 4,0 anos de idade. Os mais velhos surgem na investigação realizada por Velez, Golem, & Arent (2010), com 16,1 ± 0,2 anos de idade. Cinco dos 14 estudos (Bell et al., 2007; Lee et al., 2010; Naylor et al., 2008; Velez et al., 2010; Wong et al., 2008) não apresentaram estadios de puberdade segundo os critérios de Tanner. Estes são compostos por cinco fases ou estadios de maturação, determinados pelo grau de desenvolvimento das mamas e dos pêlos púbicos nas raparigas e dos órgãos genitais e pêlos púbicos nos rapazes. A primeira fase corresponde à pré-adolescência (pré-puberdade), a segunda, terceira e quarta à puberdade ou adolescência e a quinta e última à pós-adolescência ou fase adulta (Marshall & Tanner, 1969, 1970). Os estudos de Falk et al. (2002), McGuigan, Tatasciore, Newton, & Pettigrew (2009) e Sgro et al. (2009) continham uma amostra composta por crianças no estadio 1 de Tanner, ou seja, numa fase pré-pubertária. A investigação de Benson, Torode & Singh (2008b) caracterizava-se por ter a maioria dos participantes na fase 3 de Tanner, os artigos de Shaibi,

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Salem, Crespo, & Goran (2006), de Shaibi, Davis, Weigensberg, & Goran (2010) e de Watts et al. (2004) descreveram as suas amostras como estando no estadio 4. Por fim, os estudos de Davis et al. (2011) e de van der Heijden et al. (2010) possuíam participantes na fase 5, ou seja, na pós-adolescência. Os valores baseline referentes à composição corporal que eram transversais à maioria dos 14 estudos foram a MG e o perímetro da cintura. Também o IMC surgiu na totalidade dos estudos incluídos, assim como a MG (valores relativos ou absolutos) e o perímetro da cintura em quatro investigações (Bell et al., 2007; Benson et al., 2008b; Davis et al., 2011; Lee et al., 2010). O estudo de van der Heijden et al. (2010) apresenta o valor médio mais elevado de IMC num grupo experimental, com 35,3 ± 0,8 kg/m2 e a investigação de Falk et al. (2002) o valor médio mais reduzido, com 17,0 ± 2,3 kg/m2. Em relação à % MG o estudo de Bell et al. (2007) exibe o valor médio mais alto num grupo experimental com 47,07 ± 5,23 %, em contraste com os 19,1 ± 6,5 % do ensaio de Falk et al. (2002). Por fim, no perímetro da cintura, o estudo de Davis et al. (2011) mostra um valor de 103 ± 72,02 cm, observado no grupo experimental que realizou TC, enquanto na investigação de Benson et al. (2008b) o valor foi de 71,6 cm nos participantes que realizaram a intervenção. Os valores de IMC, % MG e perímetro da cintura apresentados nos estudos de Benson et al. (2008b) e Falk et al. (2002) dizem respeito a amostras que continham crianças normoponderais, com excesso de peso e obesas. Prescrição de exercício. As características da intervenção foram divididas em diversas categorias: organização do TF, duração da sessão e do follow-up, frequência semanal e número total de sessões, intensidade, volume e pausa entre exercícios, tipo de exercícios, número de rotinas, periodização e equipamento usado. Na organização do TF, apenas o estudo de Naylor et al. (2008) usou o TC exclusivamente com exercícios de força. A investigação de Falk et al. (2002) ao longo da intervenção de três anos usou TF convencional e por vezes TC. Encontrou-se em cinco estudos (Bell et al., 2007; Davis et al. 2011; Lee et al., 2010; Watts et al., 2004; Wong et al., 2008) uma combinação de exercícios de força com exercícios cardiovasculares de curta duração, ou seja, uma forma de TC combinando as duas variantes. O TF convencional foi o tipo de intervenção mais utilizado, surgiu em sete (Benson et al., 2008b; McGuigan et al.,

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2009; Sgro et al., 2009; Shaibi et al., 2006; Shaibi et al., 2010; van der Heijden et al., 2010; Velez et al., 2010) dos 14 estudos desta revisão. O follow-up mais usado foi de oito semanas, que surgiu em cinco (Bell et al., 2007; Benson et al., 2008b; McGuigan et al., 2009; Naylor et al., 2008; Watts et al., 2004) das 14 investigações. Três artigos (van der Heijden et al., 2010; Velez et al., 2010; Wong et al., 2008) usaram 12 semanas de intervenção e três (Davis et al. , 2011; Shaibi et al., 2006; Shaibi et al., 2010) utilizaram 16 semanas de exercício. Uma investigação (Sgro et al., 2009) continha três grupos, em que um realizou o TF durante oito semanas, outro grupo durante 16 semanas e o último durante 24 semanas. Por fim, um estudo (Lee et al., 2010) exibiu uma duração de 10 semanas e outro (Falk et al., 2002) de três anos. O número total de sessões nas intervenções resulta da multiplicação do número de vezes por semana pelo número de semanas de intervenção. Daí, poder-se afirmar que a maioria dos estudos abrangia 24 sessões (Bell et al., 2007; McGuigan et al., 2009; Naylor et al., 2008; van der Heijden et al., 2010; Watts et al., 2004; Wong et al., 2008). Verificaram-se 32 sessões em três estudos (Davis et al., 2011; Shaibi et al., 2006; Shaibi et al., 2010) e as restantes intervenções apresentaram durações distintas: uma com 16 sessões (Benson et al., 2008b), outra com 30 (Lee et al., 2010), outra com 36 (Velez et al., 2010),a de Falk et al., 2002, com 160 sessões (ao longo de três anos) e uma última (Sgro et al., 2009) com três grupos experimentais, em que um realizou 24 sessões, outro 48 sessões e um último 72. As características das intervenções no que respeita à intensidade e pausa entre séries ou exercícios são bastante distintas, mas um dos estudos (Shaibi et al., 2010) não fornece informações sobre esses aspectos. As investigações de McGuigan et al. (2009) e de Sgro et al. (2009) não apresentam valores referentes à percentagem de determinada repetição máxima (RM) e os estudos de Bell et al. (2007), van der Heijden et al. (2010), Sgro et al. (2009), Falk et al. (2002), Benson et al. (2008b), Davis et al. (2011), Watts et al. (2004), não mencionam o tempo de pausa entre séries ou exercícios. No estudo realizado por Naylor et al. (2008) a intensidade usada foi de 75 a 90% de 1 RM, com duas séries de oito repetições, realizadas em circuito. O treino era composto por 10 EF, com uma pausa de 1’ entre exercícios. Bell et al. (2007), na sua intervenção realizada através de um treino em circuito combinado (TCC), usaram uma intensidade de 1’ de exercício cardiovascular de curta duração com 65 a 85% da frequência cardíaca máxima (FCmax) e 12 repetições de exercício de força com 55 a 65% de 1 RM. O treino realizou-se através de duas séries de um circuito com 20 estações. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Educação Física e Desporto

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O estudo de van der Heijden et al. (2010) refere que se efectuou um acréscimo de intensidade ao longo das semanas de intervenção. Esse aumento traduziu-se de 50% até 85% de 3 RM. O volume também foi aumentando ao longo das semanas, inicialmente os participantes efectuavam duas a três séries de 8-12 repetições, posteriormente, realizavam três séries de 15-20 repetições. A investigação de Sgro et al. (2009) foi elaborada segundo uma lógica de periodização não linear. Desta forma, os participantes tinham de realizar três rotinas distintas. Assim, o volume de treino variava de sessão para sessão. Numa das rotinas efectuavam-se sempre três séries, primeiro com 6-8 RM, depois 4-6 RM e por fim, 3-5 RM. A segunda rotina começava com 12 RM, em seguida baixava-se para 10 RM e na parte final do mesociclo a intensidade seria de 8 RM. A última rotina era efectuada sempre com 3 a 5 repetições de exercícios pliométricos. Lee et al. (2010) planearam uma intervenção com TCC. As sessões possuíram uma intensidade de 70-80% de 1 RM, com um volume de 30’’ em actividade e pausas de 10’’ entre os exercícios. McGuigan et al. (2009) idealizaram uma intervenção semelhante à de Sgro et al. (2009), através de uma periodização não linear. O estudo era composto por três rotinas com volumes distintos, mas sempre com o mesmo número de séries (três). A primeira rotina era composta por 8-10 RM e 90’’ de pausa, a segunda por 10-12 RM e 60’’ de repouso e a terceira por 3-5 repetições, com 3’ de pausa entre exercícios. O estudo longitudinal de Falk et al. (2002), realizado ao longo de três anos, tinha um intervalo de cinco a 30 repetições, nos exercícios de força efectuados pelos participantes. O volume também foi bastante variado, indo de uma a quatro séries de três a seis exercícios de força. A intensidade variou de ano para ano. No primeiro, os participantes fizeram entre 30 a 70% de 1 RM, no segundo e terceiro anos a intensidade aumentou para 50 a 70% de 1 RM. No estudo randomizado de Benson et al. (2008b), os participantes foram sujeitos a uma intensidade de 80% de 1 RM, através de duas séries de 11 exercícios de força. Davis et al. (2011) organizaram a sua intervenção através de TCC conjugando um exercício cardiovascular de curta duração com dois de força. Ao longo das 16 semanas de exercício, o tempo de actividade ia aumentando gradualmente, com as repetições nos exercícios de força a diminuírem, mas com cargas mais fortes. No princípio os participantes realizavam os exercícios cardiovasculares de curta duração com 70-75% FCmax e os exercícios de força com 12 a 14 repetições. Na parte final da intervenção os exercícios cardiovasculares de curta duração eram efectuados com intensidade de 70-85% FCmax e os Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Educação Física e Desporto

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exercícios de força através de 8-10 repetições. No decorrer do estudo o volume foi aumentando consideravelmente, na parte inicial realizavam 8-9 séries em circuito, no fim, 14 a 16. No estudo de Shaibi et al. (2006) procedeu-se a aumentos significativos na intensidade e diminuição do volume nas sessões de TF convencional. Nas primeiras semanas a intensidade era de aproximadamente 62 a 71% de 1 RM, com uma série de 10 a 15 repetições. Nas últimas semanas a intensidade já tinha aumentado para aproximadamente 92 a 97 % de 1 RM, através de três séries de 8-12 repetições. Ao longo das sessões a pausa variou entre 1-2’ entre séries. Wong et al. (2008) planearam a sua intervenção através de TCC. Nas duas primeiras semanas a intensidade foi de 50 a 60% FCmax e nas restantes o treino realizou-se através de 65 a 85% da FCmax dos participantes. O volume variou entre 1-3 séries em circuito de 1-3’ de exercícios de força (8-25 repetições de quatro a sete exercícios) alternados com 5-10’ de exercícios cardiovasculares de curta duração (3-5). A pausa variou de 1-3’ entre séries. Na investigação randomizada de Velez et al. (2010) a intensidade foi sempre de 80% de 10 RM, com um volume de 2-3 séries de 10 a 15 repetições, com pausas a variar entre 60 a 90’’ entre séries. Por fim, o estudo randomizado com protocolo crossover de Watts et al. (2004) utilizou um TCC, tal como Bell et al. (2007), Lee et al. (2010), Wong et al. (2008) e Davis et al. (2011). A intensidade nos exercícios cardiovasculares de curta duração foi de 65 a 85% FCmax e nos exercícios de força de 55 a 70% de 1 RM. Este estudo não tornou explícitos o volume e a pausa utilizados na intervenção. Seis estudos (Bell et al., 2007; Lee et al., 2010; Naylor et al., 2008; Shaibi et al., 2010; Watts et al., 2004; Wong et al., 2008) não especificaram o tipo de exercícios utilizados no TF ou TC. Cinco intervenções (Benson et al., 2008b; Falk et al., 2002; Shaibi et al., 2006; van der Heijden et al., 2010; Velez et al., 2010) usaram um conjunto de exercícios multiarticulares e monoarticulares, duas intervenções (Sgro et al., 2009; McGuigan et al., 2009) utilizaram conjugações de exercícios multiarticulares e monoarticulares com pliométricos e um ensaio (Davis et al., 2011) usou diversos exercícios multi e monoarticulares com um exercício isométrico. Na forma de periodizar o treino, seis dos estudos analisados (Bell et al., 2007; Lee et al., 2010; Naylor et al., 2008; Shaibi et al., 2010; Velez et al., 2010; Watts et al., 2004) não especificam a forma de aumentar a intensidade, volume dos exercícios ou de alterar a duração ou tipo de treino, pelo que se pressupõe que o treino não foi periodizado. A periodização foi Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Educação Física e Desporto

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executada de forma linear em seis estudos (Benson et al., 2008b; Davis et al., 2011; Falk et al., 2002; Shaibi et al., 2006; van der Heijden et al., 2010 Wong et al., 2008) e de forma não linear ou ondulatória em duas intervenções (McGuigan et al., 2009; Sgro et al., 2009). Metade dos artigos não apresentam informação acerca do equipamento utilizado nas sessões de exercício. Os restantes estudos (Bell et al., 2007; Benson et al., 2008b; Falk et al., 2002; McGuigan et al., 2009; Naylor et al., 2008; Sgro et al., 2009; Wong et al., 2008) utilizaram máquinas, pesos livres, elásticos, bolas medicinais, cordas e malas pesadas. A avaliação da dieta durante as intervenções foi efectuado nas investigações de Davis et al. (2011), de Wong et al. (2008), de Velez et al. (2010), de Watts et al. (2004), de van der Heijden et al. (2010), de Sgro et al. (2009) e de McGuigan et al. (2009). Assim, estes autores puderam determinar se a alimentação dos participantes influenciou ou não os resultados obtidos no final do período de exercício orientado. É importante esclarecer que estes dados são derivados de controlo da alimentação e não de intervenção nutricional. A frequência cardíaca (FC) apenas foi monitorizada nas investigações (Bell et al., 2007; Davis et al., 2011; Lee et al., 2010; Naylor et al., 2008; Watts et al., 2004; Wong et al., 2008) que usaram uma intervenção de TCC ou simplesmente TC, visto possuírem um carácter cardiovascular de curta duração, além da componente de força. Grupo de controlo. Dos cinco RCT, quatro continham um grupo de controlo sem intervenção (Benson et al., 2008b; Shaibi et al., 2006; Wong et al., 2008; Velez et al., 2010) e o outro estudo randomizado (Davis et al., 2011) além de um grupo de controlo, possuía um grupo com intervenção de TC em conjugação com entrevistas motivacionais. O estudo de Watts et al. (2004), com desenho randomized crossover protocol (RXO) apresentou um grupo de controlo com adolescentes normoponderais. Das três investigações com grupos não randomizados (Lee et al., 2010; Naylor et al., 2008; Shaibi et al., 2010), uma tinha um grupo sem intervenção, outra um grupo com intervenção nutricional e uma última, dois grupos, um com treino aeróbio e outro sem intervenção. Os restantes estudos não incluíram grupos de controlo. Resultados dos grupos experimentais. Os resultados das investigações incluídas nesta revisão sistemática estão organizados em três categorias: força, ACR, composição corporal, peso e IMC. Em relação aos ganhos de força, dez dos 14 estudos (Benson et al., 2008b; Davis et al., 2011; Falk et al., 2002; Lee et al., 2010; McGuigan et al., 2009; Naylor et al., 2008; Shaibi et al., 2006; van der Heijden et al., 2010; Velez et al., 2010; Watts et al., 2004) apresentam aumentos significativos, enquanto os outros quatro não apresentam resultados Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Educação Física e Desporto

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após o follow-up. Um aspecto interessante é o facto das investigações com aumentos significativos de força incorporarem os três tipos de TF analisados nos diversos métodos: TF convencional, TC e TCC. Importa referir que desses dez artigos, um deles (van der Heijden et al., 2010) analisou a capacidade de força através de Biodex®e os restantes através de protocolos de RM. A ACR apresentou aumentos significativos em cinco estudos (Bell et al., 2007;Davis et al., 2011; Lee et al., 2010; Watts et al., 2004), os quais recorreram na sua intervenção ao TCC. Por outro lado, em três estudos não ocorreu uma diferença significativa da ACR, em relação aos valores baseline: nos estudos de Benson et al. (2008b) e de Shaibi et al. (2006) que utilizaram TF convencional e no de Naylor et al. (2008) que usou um TC apenas com exercícios de força. Os restantes seis artigos não apresentaram valores baseline, nem após o follow-up da ACR. Optou-se por apresentar a composição corporal de acordo com os resultados apresentados subdividindo-se em seis indicadores: perímetro da cintura, % MG, percentagem de MIG (% MIG), tecido adiposo subcutâneo, tecido adiposo visceral. Quatro estudos (Bell et al., 2007; Benson et al., 2008b; Davis et al., 2011; Lee et al., 2010) demonstraram diminuições significativas no perímetro da cintura e os restantes não avaliaram este indicador antropométrico. Davis et al. (2011) analisaram pormenorizadamente o tecido adiposo tendo observado uma diminuição significativa nos tecidos adiposos visceral e subcutâneo, enquanto esta última componente aumentou após a intervenção no estudo de van der Heijden et al. (2010). Dos oito estudos que avaliaram a % MIG, em sete deles (McGuigan et al., 2009; Naylor et al., 2008; Sgro et al., 2009; Shaibi et al., 2006; van der Heijden et al., 2010; Velez et al., 2010; Wong et al., 2008) ocorreu um aumento significativo à excepção da investigação de Bell et al. (2007). A MG apresentou-se como sendo o único indicador da composição corporal transversal aos 14 estudos analisados. Dos oito estudos que apresentaram diminuições significativas, cinco continham intervenções baseadas em TF convencional (Benson et al., 2008b; McGuigan et al., 2009; Sgro et al., 2009; Shaibi et al., 2006; Velez et al., 2010), dois possuíam uma metodologia em TCC (Watts et al., 2004; Wong et al., 2008) e um organizou a intervenção através de TC (Naylor et al., 2008). Em cinco estudos (Bell et al., 2007; Davis et al., 2011; van der Heijden et al., 2010; Lee et al., 2010; Shaibi et al., 2010) não se verificaram diferenças significativas e a investigação de Falk et al. (2002) apresentou um aumento da % MG, mas refere-se a uma intervenção com a duração de três anos. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Educação Física e Desporto

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A composição corporal foi avaliada por bioimpedância eléctrica em dois estudos (Benson et al., 2008b; Lee et al., 2010), uma investigação (Falk et al., 2002) usou uma equação para estimar a % MG através da avaliação de quatro pregas adiposas subcutâneas e um outro estudo (Velez et al., 2010) usou o método de pletismografia por deslocamento de ar. O instrumento mais usado para avaliar a composição corporal foi a densitometria radiológica de dupla energia, utilizada em 10 estudos (Bell et al., 2007; Davis et al., 2011; McGuigan et al., 2009; Naylor et al., 2008; Sgro et al., 2009; Shaibi et al., 2006; Shaibi et al., 2010; van der Heijden et al., 2010; Watts et al., 2004; Wong et al., 2008). O IMC diminuiu significativamente no estudo de Wong et al. (2008) e aumentou após a intervenção realizada por Falk et al. (2002). Em dois estudos (Naylor et al., 2008; Sgro et al., 2009) não ocorreram diferenças significativas de IMC durante a intervenção. Desenho. O conjunto de artigos analisados era composto por cinco RCT (Benson et al., 2008b; Davis et al., 2011; Shaibi et al., 2006; Wong et al., 2008; Velez et al., 2010), um RXO (Watts et al., 2004), três clinical trial (CT) (Lee et al., 2010; Naylor et al., 2008; Shaibi et al., 2010), quatro cohort study (CS) (Bell et al., 2007; McGuigan et al., 2009; Sgro et al., 2009; van der Heijden et al., 2010) e um longitudinal (Falk et al., 2002).

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Tabela 4 Descrição das Características, Resultados e Conclusões dos Artigos Seleccionados (1-5)

RCT

Escala PEDro (1-11) 8

RCT

8

NA

Estudos

Desenho

Benson et al. (2008b)

Davis et al. (2011)

LOE NA

Intervenção Participantes n = 78 (33% excesso de peso e 18% obesos) ♂ = 46; ♀ = 32 Idade (anos) = 12,2 ± 1,3 IMC (kg/m2) = E – 23,2 ± 5,4; C – 21,9 ± 3,6 MG (%) = E – 22,7 ± 10,3; C – 20,7 ± 8,5 PC (cm) = E – 71,6; C 67,9 n = 38 ♂ = 0; ♀ =38 Idade (anos) = E – 15,7 ± 1,1; C – 15,8 ± 1,0 IMC (kg/m2) = E – 32,4 ± 3,2; C – 36,4 ± 5,2 MG (%) = E – 40,6 ± 3,9;

Prescrição de exercício

Controlo

Organização: convencional Duração: 8 semanas Frequência: 2 vezes por semana, 16 sessões

Intensidade: 80% 1 RM, PSE 15 – 18 (6 a 20), aumentos de carga através do PSE Volume: 2 séries de 11 exercícios Pausa: NA

Tipo: 3 exercícios multiarticulares e8 monoarticulares Nº de rotinas: 1 Periodização: linear Equipamento: pesos livres e caneleiras

1 grupo sem intervenção

Organização: circuito com combinação de 1 ECCD e 2 EF Duração: entre 60 a 90’, 16 semanas Frequência: 2 vezes por semana, 32 sessões

Intensidade: semanas 1-4, 1’ de ECCD (70 a 75% FCmax) e 2’ de EF (12 a 14 repetições com carga leve a moderada); semanas 5-10, 2,5’ ECCD (70 a 80%

Tipo: 5 exercícios multiarticulares, 6 monoarticulares e 1 isométrico Nº de rotinas: 2 Periodização: linear Equipamento: ergómetros, nos EF não é indicado o

1 grupo sem intervenção e outro com TC+EM

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Educação Física e Desporto

Resultados GE (TF ou TC) Força: ACR: CC: ↓ PC, ↓ % MG (BIA)

Força: ACR: CC: ↓ PC, % MG, ↓ TAS e ↓ TAV (DEXA)

Conclusões 8 semanas de TF melhora obesidade abdominal e ↓ MG corporal, em associação com força, em crianças normoponderais e com excesso de peso

16 semanas de TC (ECCD + EF) RI e ↓ gordura visceral subcutânea, em adolescentes obesos ou com excesso de peso

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Estudos

Desenho

Escala PEDro (1-11)

LOE (1-5)

Intervenção Participantes

Prescrição de exercício

C – 43,1 ± 3,2 PC (cm) = E – 103,7 ± 72,2; C – 113,2 ± 12,5

Shaibi et al. (2006)

RCT

7

NA

n = 22 ♂ = 22; ♀ = 0 Idade (anos) = E – 15,1 ± 0,5; C – 15,6 ± 0,5 IMC (kg/m2) = E – 32,5 ± 1,6; C – 34,6

Organização: convencional Duração:1h, 16 semanas Frequência: 2 vezes por semana, 32 sessões

FCmax) e 2’ de EF (10 a 12 repetições, carga moderada), semanas 1116, 3’ ECCD (70 a 85% FCmax) e 2’ de EF (8 a 10 repetições, carga moderada a forte) Volume: semanas 1-4, 8 a 9 séries em circuito; semanas 5-10, 12 a 14 séries em circuito; semanas 1116, 14 a 16 séries em circuito Pausa: NA Intensidade: semanas 1 a 4 (~62 a 71% 1RM); semanas 5 a 10 (~74 a 88% 1 RM); semanas 11 a 16 (~92 a 97% 1 RM)

Controlo

Resultados GE (TF ou TC)

Conclusões

material

Tipo: 5 exercícios multiarticulares e5 monoarticulares Nº de rotinas: 2 Periodização: linear Equipamento: NA

1 grupo sem intervenção

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Educação Física e Desporto

Força: ACR: CC: MIG e ↓ % MG (DEXA)

16 semanas de TF SI, independentemente das mudanças na CC, em adolescentes com excesso de peso

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Estudos

Desenho

Escala PEDro (1-11)

LOE (1-5)

Intervenção Participantes

Prescrição de exercício

± 2,0 MG (%) = E – 35,3 ± 2,4; C – 31,4 ± 1,6 PC (cm) = NA

Wong et al. (2008)

RCT

7

NA

n = 24 ♂ = 24; ♀ = 0 Idade (anos) = E – 13,75 ± 1,06; C – 14,25 ± 1,54 IMC (kg/m2) = E – 30,6 ± 2,1; C – 31,8 ± 4,4 MG (%) = E – 35,6 ± 7,2; C – 37,8 ± 4,1 PC (cm)=NA

Organização: circuito com combinação de ECCD e EF Duração: 45 a 60’, 12 semanas Frequência: 2 vezes por semana, 24 sessões

Velez et

RCT

6

NA

n = 28

Organização:

Volume: semanas 1 a 4 (1 série de 10 a 15 repetições); semanas 5 a 10 (2 séries de 13 a 15 repetições); semanas 11 a 16 (3 séries de 8 a 12 repetições) Pausa: 1 a 2’ entre séries Intensidade: semanas 1 e 2 - 50 a 60% FCmax; semanas 3 a 12 – 65 a 85% FCmax Volume: 1 a 3 séries em circuito de 1 a 3’ de EF (8 a 25 repetições de 4 a 7 EF) alternados com 5 a 10’ de ECCD (3 a 5 exercícios) Pausa: 1 a 3’ entre séries Intensidade:

Controlo

Resultados GE (TF ou TC)

Conclusões

Tipo: NA Nº de rotinas: 1 Periodização: linear Equipamento: bolas medicinais e ergómetros

1 grupo sem intervenção

Força: NA ACR: CC: ↓ IMC, ↓ % MG e MIG (DEXA)

PE envolvendo EF, além das aulas de educação física, provoca benefícios fisiológicos no combate à obesidade na adolescência, além de prevenir ganhos de peso

Tipo: 6

1 grupo sem

Força:

12 semanas de TF

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Educação Física e Desporto

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Estudos

Desenho

Escala PEDro (1-11)

LOE (1-5)

al. (2010)

Watts et al. (2004)

RXO

NA

3

Lee et al. (2010)

Clinical trial

NA

3

Intervenção Participantes ♂ = 16; ♀ = 12 Idade (anos) = 16,1 ± 0,2 IMC (kg/m2) = E – 20,8 ± 24,6 ± 4,7; C – 22,1 ± 2,8 MG (%) = E – 20,8 ± 10,2; C – 19,2 ± 7,6 PC (cm)=NA n = 19 ♂ = 9; ♀ = 10 Idade (anos) = 14,3 ± 1,5 IMC (kg/m2) = 34,4 ± 0,8 MG (%) = 42,5 ± 1,3 PC (cm)=NA n = 54 ♂ = 45; ♀ = 9 Idade (anos) = 12 a 14 IMC (kg/m2) = E – 26,12 ± 2,44; C 27,33 ± 27,37 ± 3,04 MG (%) =

Prescrição de exercício

Controlo

Resultados GE (TF ou TC) ACR: NA CC: MIG e ↓ % MG (Bod Pod®)

Conclusões

convencional Duração: 35 a 40’, 12 semanas Frequência: 3 vezes por semana, 36 sessões

80% de 10 RM Volume: 2 a 3 séries de 10 a 15 repetições Pausa: 60 a 90’’ entre séries

exercícios multiarticulares e7 monoarticulares Nº de rotinas: 2 Periodização: NA Equipamento: NA

intervenção

Organização: circuito com combinação de ECCD e EF Duração: 1h, 8 semanas Frequência: 3 vezes por semana, 24 sessões Organização: circuito (EF + ECCD) Duração: 1h, 10 semanas Frequência: 3 vezes por semana, 30 sessões

Intensidade: ECCD – 65 a 85 % FCmax; EF – 55 a 70 % 1 RM Volume: NA Pausa: NA

Tipo: NA Nº de rotinas: NA Periodização: NA Equipamento: cicloergómetro, nos EF não é indicado o material

1 grupo sem intervenção, com adolescentes normoponderais

Força: ACR: CC: ↓ MG no tronco e no abdómen (DEXA)

8 semanas de TC, provocam ACR, força e melhoram a composição corporal, em adolescentes obesos

Intensidade: ECCD – 70 a 90% FCmax; EF – 70 a 80% 1 RM Volume: 30’’ EF (8 a 10 exercícios) Pausa: 10’’ entre exercícios

Tipo: NA Nº de rotinas: 1 Periodização: NA Equipamento: NA

1 grupo sem intervenção e outro com ECCD

Força: ACR: CC: ↓ PC, % MG (BIA)

10 semanas de um PE provocam um ↓ no IMC, ↓ PA, ↓ PC, ↓ colesterol LDL e ACR, em crianças obesas

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Educação Física e Desporto

estruturado, provocam efeitos significativos na CC, na força e no autoconceito, em adolescentes normoponderais, com excesso de peso e obesos

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Estudos

Desenho

Escala PEDro (1-11)

LOE (1-5)

Naylor et al. (2008)

Clinical trial

NA

3

Shaibi et al. (2010)

Clinical trial

NA

3

Intervenção Participantes NA PC (cm) = E – 84,55 ± 7,42; C – 85,67 ± 9,48 n = 23 ♂ = E – 7; C - 4; ♀ = E – 6; C - 6 Idade (anos) = E – 12,2 ± 0,4; C – 13,6 ± 0,7 IMC (kg/m2) = E – 32,5 ± 1,9; C – 30,2 ± 2,6 MG (%)=NA PC (cm)=NA n = 31 ♂ = 11; ♀ = 20 Idade (anos) = IE – 15,1 ± 1,6; IN – 14,7 ± 1,8 IMC (kg/m2) = IE – 32,5 ± 5,3; IN – 33,1 ± 7,3 MG (%)=NA PC (cm)=NA

Prescrição de exercício

Controlo

Resultados GE (TF ou TC)

Conclusões

Organização: circuito Duração: 1h, 8 semanas Frequência: 3 vezes por semana, 24 sessões

Intensidade: 75 - 90 % 1 RM Volume: 2 séries de 8 repetições (~1’) em circuito, com 10 EF Pausa: 1’ entre exercícios

Tipo: NA Nº de rotinas: 1 Periodização: NA Equipamento: máquinas

1 grupo sem intervenção

Força: ACR: CC: IMC, MIG e ↓ % MG (DEXA)

Disfunção diastólica é uma consequência da RI e da obesidade em idades adultas e o TF tem um papel importante na prevenção ou decréscimo desse fenómeno

Organização: convencional Duração: 16 semanas Frequência: 2 vezes por semana, 32 sessões

Intensidade: NA Volume: NA Pausa: NA

Tipo: NA Nº de rotinas: NA Periodização: NA Equipamento: NA

1 grupo com intervenção de nutrição durante 12 semanas

Força: NA ACR: NA CC: % MG (DEXA)

São necessárias medidas mais robustas de RI, para determinar o impacto em intervenções relacionadas com o risco das doenças relacionadas com a obesidade

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43

Pedro Ribeiro, Resposta Aguda da Frequência Cardíaca no Treino de Força em Circuito

Escala PEDro (1-11) NA

(1-5)

3

n = 14 ♂ = 8; ♀ = 6 Idade (anos) = 12,70 ± 2,32 IMC (kg/m2) = 31,658 ± 4,436 MG (%) = 47,07 ± 5,23 PC (cm) = 97,08 ± 13,70

Organização: circuito com combinação de 1 ECCD e 10 EF Duração: 1h, 8 semanas Frequência: 3 vezes por semana, 24 sessões

Cohort study

NA

3

n = 48 ♂ = 22; ♀ = 26 Idade (anos) = 9,7 IMC (kg/m2) = 25,6 ± 3,1 MG (%) = 39,9 ± 4,6 PC (cm) = NA

Organização: convencional Duração: 8 semanas Frequência: 3 vezes por semana, 24 sessões

Cohort study

NA

3

n = 31 ♂ = 15; ♀ = 16 Idade (anos) = G8 – 8,4 ±

Organização: convencional Duração: 8, 16 e 24 semanas,

Estudos

Desenho

Bell et al. (2007)

Cohort study

McGuigan et al. (2009)

Sgro et al. (2009)

LOE

Intervenção Participantes

Prescrição de exercício Intensidade: 1’ de ECCD (65 a 85% FCmax), 12 repetições de EF (55 a 65% 1 RM) Volume: 2 séries em circuito com 20 estações (10 ECCD + 10 EF) Pausa: NA Intensidade: NA Volume: rotina 1 – 3 séries de 8 a 10 RM; rotina 2 – 3 séries de 10 a 12 RM; rotina 3 – 3 séries de 3 ou 5 repetições Pausa: rotina 1 – 90’’; rotina 2 – 60’’; rotina 3 – 3’ (entre séries) Intensidade: NA Volume: rotina 1 – semanas 1 a 8

Controlo

Resultados GE (TF ou TC) Força: NA ACR: CC: ↓ PC, MG e MIG (DEXA)

Conclusões

Tipo: NA Nº de rotinas: 1 Periodização: NA Equipamento: cicloergómetro e máquinas

NA

Tipo: 8 exercícios multiarticulares, 6 monoarticulares e 8 exercícios pliométricos Nº de rotinas: 3 Periodização: não linear Equipamento: halteres, elásticos, bolas medicinais e malas pesadas

NA

Força: ACR: NA CC: ↓ % MG, MIG (DEXA), IMC

8 semanas de TF, melhoram a CC, força, potência , sendo assim uma alternativa a PE com ECCD em crianças obesas ou com excesso de peso

Tipo: 6 exercícios multiarticulares, 7 monoarticulares

NA

Força: NA ACR: NA CC: IMC, MIG e ↓ % MG (DEXA)

TF periodizado com exercícios pliométricos, provoca estímulos para força e

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8 semanas de PE = SI e ACR, independentemente de mudanças na CC, em crianças obesas

44

Pedro Ribeiro, Resposta Aguda da Frequência Cardíaca no Treino de Força em Circuito

Estudos

van der Heijden et al. (2010)

Desenho

Cohort study

Escala PEDro (1-11)

NA

LOE (1-5)

3

Intervenção Participantes

Prescrição de exercício

4,0; G16 – 9,8 ± 1,3; G24 – 9,7 ± 1,4 IMC (kg/m2) = G8 – 24,8 ± 2,7; G16 – 25,3 ± 4,0; G24 – 24,7 ± 6,8 MG (%)=NA PC (cm)=NA

Frequência: 3 vezes por semana, 24, 48 e 72 sessões

n = 12 ♂ = 6; ♀ = 6 Idade (anos) = 15,5 ± 0,5 IMC (kg/m2) = 35,3 ± 0,8 MG (%) = 40,8 ± 1,5 PC (cm) = NA

Organização: convencional Duração: 1h, 12 semanas Frequência: 2 vezes por semana, 24 sessões

(3 séries de 6 a 8 RM), semanas 9 a 16 (3 séries de 4 a 6 RM), semanas 17 a 24 (3 séries de 3 a 5 RM); rotina 2 – semanas 1 a 8 (12 RM), semanas 9 a 16 (10 RM), semanas 17 a 24 (8 RM); rotina 3 (3 a 5 repetições) Pausa: NA Intensidade: semana 1 e 2, 50% 3 RM; aumentos graduais até 80 a 85% 3 RM nas semanas 9 a 12 Volume: semanas 1 e 2, 2 a 3 séries de 8 a 12 repetições; semanas 9 a 12, 3 séries de 15 a 20 repetições

Controlo

Resultados GE (TF ou TC)

e 7 exercícios pliométricos Nº de rotinas: 3 Periodização: não linear Equipamento: halteres, elásticos, bolas medicinais e malas pesadas

Tipo: 8 exercícios multiarticulares e 10 monoarticulares Nº de rotinas: 1 Periodização: linear Equipamento: NA

Conclusões potência e melhorias na CC, em crianças obesas e com excesso de peso

NA

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Força: (Biodex®) ACR: NA CC: % MG, MIG e TAS (DEXA)

TF poderá ser uma alternativa ao TA para adolescentes obesos. Provoca força, de MIG e SI hepática. Mas o TA melhora os parâmetros metabólicos e a CC, ou seja previne com mais eficiência as doenças relacionadas com a obesidade

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Estudos

Desenho

Escala PEDro (1-11)

LOE (1-5)

Intervenção Participantes

Prescrição de exercício

Controlo

Resultados GE (TF ou TC)

Conclusões

Pausa: NA Intensidade: 5 a 30 repetições; 1º ano, 30 - 70% 1 RM; 2º ano e 3º ano, 50 70% 1 RM Volume: 1 a 4 séries de 3 a 6 exercícios Pausa: NA

Força: Tipo: exercícios NA As cargas no TF multiarticulares que força nos ACR: NA através dos CC: IMC, flexores e extensores movimentos % MG do joelho, em olímpicos (estimada crianças (halterofilismo), normoponderais, por equação saltos, corrida e através de 4 poderão não ser lançamentos das pregas suficientes para Nº de rotinas: subcutâneas) crianças com NA excesso de peso Periodização: linear Equipamento: pesos livres, bolas medicinais e cordas Legenda: LOE - Oxford Centre for Evidence-Based Medicine 2011 Levels of Evidence; GE – Grupos experimentais; IMC – Índice de massa corporal; MG - Massa gorda; PC - Perímetro da cintura; ECCD – Exercício cardiovascular de curta duração; EF – Exercício de força; FCmax – Frequência cardíaca máxima; RM – Repetição máxima; NA – Não se aplica (a informação não é apresentada ou não é explícita); ACR – Aptidão cardiorrespiratória; CC – Composição corporal; MIG – Massa isenta de gordura; PE – Programa de exercício; SI – Sensibilidade à insulina; DEXA – dual energy x-ray absorbtiometry; E – Experimental; C – Controlo; PSE – Percepção subjectiva de esforço; BIA – Bioelectrical impedance; PA – Pressão arterial; LDL – Low density lipoproteins; TF – Treino de força; RCT – Randomized control trial; TC – Treino em circuito; EM – Entrevista motivacional; TAS – Tecido adiposo subcutâneo; TAV – Tecido adiposo visceral; TC – Treino em circuito; RI – Resistência à insulina; G8 – Grupo 8 semanas; G16 – Grupo 16 semanas; G24 – Grupo 24 semanas; IE – Intervenção de exercício; IN – Intervenção de nutrição; RXO – Randomized crossover protocol. Falk et al. (2002)

Longitudinal

NA

3

n = 30 ♂ = 30 ; ♀ = 0 Idade (anos) = 9,2 ± 0,3 IMC (kg/m2) = 17,0 ± 2,3 MG (%) = 19,1 ± 6,5 PC (cm) = NA

Organização: convencional e em circuito Duração: 45’, 3 anos Frequência: 1º e 2º ano, 2 vezes por semana; 3º ano, 3 vezes por semana, 160 sessões

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Discussão Sumário de Evidências Força muscular. Ocorreram aumentos de força significativos após o término das prescrições de exercício, em todas as intervenções que a avaliaram. Dez estudos fazem referência a esse aspecto englobando os seguintes desenhos: quatro RCT (Benson et al., 2008b; Davis et al., 2011; Shaibi et al., 2006; Velez et al., 2010), o RXO elaborado por Watts et al. (2004), dois CT (Lee et al., 2010; Naylor et al., 2008), dois CS (McGuigan et al., 2009; van der Heijden et al., 2010) e o estudo longitudinal de Falk et al. (2002). Os ganhos de força em crianças e adolescentes obesos ocorreram nos três métodos de treino analisados e através das diversas periodizações presentes nos artigos examinados (linear, não linear, não periodizado). Nos estudos que apresentam os exercícios que compunham as sessões de treino, verifica-se uma igualdade entre o número de exercícios multiarticulares e monoarticulares, o que não deixa de ser curioso, pois os exercícios que mobilizam várias articulações possuem mais massa muscular envolvida o que aumentaria a capacidade de produzir força (Ratamess et al., 2009). Importa referir que as intervenções que apresentaram ganhos de força tiveram a duração de oito, 10, 12 e 16 semanas, sendo que a mais utilizada foi a de oito semanas de treino, com uma frequência de três vezes por semana (Bell et al., 2007; McGuigan et al., 2009; Naylor et al., 2008), ou de apenas duas sessões semanais (Benson et al., 2008b). Na tomada de posição da National Strength and Conditioning Association sobre TF nas idades mais jovens, proposta por Faigenbaum et al. (2009), apresentam-se estudos em que indicam que, não tendo os níveis adequados de testosterona que estimulam o crescimento muscular, as crianças necessitam de um TF com um mínimo de 20 semanas para desenvolverem um aumento da MIG. No entanto, na presente revisão sistemática, os CS de McGuigan et al. (2009) e de Sgro et al. (2009) verificaram que em participantes prépubertários (estadio 1 de Tanner), em apenas oito semanas (24 sessões) atingiram-se ganhos de força e aumentos significativos de MIG, através de TF periodizado de forma não linear, com duas rotinas de exercícios de força e outra com exercícios pliométricos. Assim, poderemos afirmar que a periodização não linear do TF será uma boa estratégia para um acréscimo relevante da MIG, em crianças obesas pré-pubertárias. Faigenbaum et al. (2009) afirmaram que na puberdade a secreção de testosterona está relacionada com aumentos consideráveis na MIG. Os ganhos de força induzidos pelo treino

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com cargas adicionais durante a puberdade sãoassim associados a factores hipertróficos, pois a testosterona que influencia a hipertrofia muscular estará mais activa (Faigenbaum et al., 2009). Segundo Mcardle, Katch & Katch (2010) esta hormona com características anabólicas contribui para as diferenças entre rapazes e raparigas, em plena fase pubertária, devido à sua associação com aumentos de força e de massa muscular. Esta ideia é reforçada pelos resultados de cinco estudos (McGuigan et al., 2009; Naylor et al., 2008; Shaibi et al., 2006; van der Heijden et al., 2010; Velez et al., 2010) que apresentaram uma associação de aumentos significativos quer da força, quer da MIG. Quatro ( McGuigan et al., 2009; Shaibi et al., 2006; van der Heijden et al., 2010; Velez et al., 2010) apresentaram uma metodologia de TF convencional, à excepção de Naylor et al. (2008) que usaram o TC, obtendo os mesmos resultados em relação à força e MIG. Aptidão cardiorrespiratória. A ACR apresentou aumentos significativos nos cinco estudos (Bell et al., 2007; Davis et al., 2011; Lee et al., 2010; Watts et al., 2004; Wong et al., 2008) que continham TCC com durações que iam das oito às 16 semanas. Este facto explicase por estas intervenções de exercício recorrerem a exercícios cardiovasculares de curta duração em conjugação com exercícios de força. Três estudos (Benson et al., 2008b; Naylor et al., 2008; Shaibi et al., 2006) que também analisaram a capacidade aeróbia não apresentaram aumentos, sendo que dois RCT (Benson et al., 2008b; Shaibi et al., 2006) apenas utilizavam exercícios de força, através de uma abordagem mais convencional que não estaria planeada sob a forma de um circuito, com pausas relativamente longas entre séries e não alternando exercícios de membros inferiores com os de tronco. Importa realçar que o estudo de Naylor et al. (2008) com um desenho CT estava organizado em circuito durante oito semanas (24 sessões), apenas com exercícios de força, mas o estímulo seria insuficiente para despoletar ganhos significativos na ACR, pois as pausas relativamente longas (1’) poderão provocar uma redução da FC de treino entre cada exercício Nas cinco intervenções com TCC (Bell et al., 2007; Davis et al., 2011; Lee et al., 2010; Watts et al., 2004; Wong et al., 2008), foram usados valores mais baixos de RM o que permitiu um número mais elevado de repetições em cada exercício de força, provocando um aumento da FC, devido ao incremento do tempo em actividade em relação ao tempo de pausa. Composição corporal. O perímetro da cintura apresentou reduções significativas nos quatro estudos (Bell et al., 2007; Benson et al., 2008b; Davis et al., 2011; Lee et al., 2010) que o avaliaram no baseline e após a prescrição de exercício. Os estudos de Bell et al. (2007), Davis et al. (2011) e Lee et al. (2010) usaram o TCC, durante oito, 16 e 10 semanas

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respectivamente e o RCT de Benson et al. (2008b) o TF convencional, com a duração de oito semanas. Nestes estudos, a diminuição do perímetro da cintura foi acompanhada pelo aumento significativo da força e/ou da ACR. Na análise dos dados obtidos, apenas no estudo de Benson et al. (2008b) é possível estabelecer uma associação entre a redução significativa do perímetro da cintura e a diminuição da MG, registando-se um decréscimo significativo das duas variáveis. Os estudos de Benson et al. (2008b) e o de Lee et al. (2010) avaliaram a % MG através de bioimpedância eléctrica e as investigações de Bell et al. (2007) e de Davis et al. (2011) usaram um modelo a três compartimentos, através de densitometria radiológica de dupla energia. Podemos então afirmar que a redução da % MG, avaliada pelos dois métodos referidos anteriormente, se associou à redução do perímetro da cintura. O aumento significativo de MIG ocorreu em três RCT (Shaibi et al., 2006; Velez et al., 2010; Wong et al., 2008), um CT (Naylor et al., 2008), dois CS (Sgro et al., 2009; van der Heijden et al., 2010) e no estudo longitudinal de Falk et al. (2002). Paralelamente a estes acréscimos, ocorreram aumentos significativos de força nas sete intervenções, cinco através da utilização de TF convencional (Shaibi et al., 2006; van der Heijden et al., 2010; Velez et al., 2010), um organizado sob a forma de TCC (Wong et al., 2008) e outro em TC (Naylor et al., 2008). Assim, parece existir uma relação directa entre o TF (organizado de forma convencional) e o aumento da MIG em crianças e adolescentes, pois os sete estudos que avaliaram a composição corporal através de densitometria radiológica dupla energia (modelo de três compartimentos) registaram aumentos significativos. Por fim, em relação à diminuição significativa de MG, seja em valores absolutos ou relativos, observou-se em oito artigos (Benson et al., 2008b; McGuigan et al., 2009; Naylor et al., 2008; Sgro et al., 2009; Shaibi et al., 2006; Velez et al., 2010; Watts et al., 2004; Wong et al., 2008) que em simultâneo com este decréscimo verificou-se sempre um aumento significativo da força e da MIG. Cinco destes estudos foram randomizados e quatro deles classificados como RCT (Benson et al., 2008b; Shaibi et al., 2006; Velez et al., 2010; Wong et al., 2008) o que nos permite afirmar que a associação acima referida apresenta argumentos bastante relevantes. O tipo de prescrição de exercício usado foi predominantemente o TF convencional (cinco estudos), seguido por TCC (dois estudos) e por último o TC (um estudo). Mas o TCC, conjugando exercícios cardiovasculares de curta duração com exercícios de força, assume uma maior relevância pois apresenta aumentos significativos na força e, também, na ACR.

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Com base na análise dos artigos pode-se concluir que um dos efeitos do TF é a relação directa entre a diminuição significativa da MG e o aumento relevante da MIG. Este facto ocorreu em seis estudos (McGuigan et al., 2009; Naylor et al., 2008; Sgro et al., 2009; Shaibi et al., 2006; Velez et al., 2010; Wong et al., 2008) que foram os únicos a apresentarem nos resultados simultaneamente alterações na MG e na MIG. Essa relação ocorreu em amostras compostas por participantes no estadio pré-pubertário, como foi o caso dos estudos de McGuigan et al. (2009) e de Sgro et al. (2009) e por participantes na fase pubertária (estadio 4 de Tanner), como demonstrou a investigação de Shaibi et al. (2006). A composição corporal foi avaliada em todos estes estudos por densitometria radiológica de dupla energia (modelo a três compartimentos), à excepção da pesquisa de Velez et al. (2010) que usou o modelo a dois compartimentos através da pletismografia por deslocamento de ar. Esta relação ocorreu em intervenções de TF convencional (McGuigan et al., 2009; Sgro et al., 2009; Shaibi et al., 2006; Velez et al., 2010), de TCC (Wong et al., 2008) e de TC (Naylor et al., 2008). O estudo de van der Heijden et al. (2010) através de densitometria radiológica de dupla energia, também avaliou essas duas variáveis da composição corporal, mas apenas demonstrou um aumento relevante da MIG e uma diminuição da MG que não foi significativa, mas era composto por uma amostra de pequena dimensão de adolescentes obesos (n = 12). De referir que cinco estudos (Bell et al., 2007; Davis et al., 2011; Lee et al., 2010; Shaibi et al., 2010; van der Heijden et al., 2010) não apresentaram diferenças significativas no que diz respeito à MG avaliada no final das intervenções. O estudo de Lee et al. (2010) avaliou a composição corporal através de bioimpedância eléctrica e os restantes através de densitometria radiológica de dupla energia. A avaliação da dieta dos participantes apenas foi executada nas investigações de Davis et al. (2011) e de van der Heijden et al. (2010). Tendo em conta as comorbilidades da obesidade pediátrica, no RCT de Davis et al. (2011) com uma intervenção de 16 semanas, através de TCC, ocorreu um diminuição considerável da resistência à insulina, assim como nos estudos de Bell et al. (2007) e de van der Heijden et al. (2010) ambos com 24 sessões de exercício. O estudo CT de Lee et al. (2010), com 10 semanas e uma intervenção semelhante, apresentou descidas significativas na pressão arterial e no colesterol LDL. Nos estudos analisados existe um número similar de exercícios multiarticulares e monoarticulares nas prescrições de treino. Há evidência que deveria ocorrer uma clara maioria de exercícios multiarticulares, pois ao activar um maior número de músculos, a carga

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será mais elevada proporcionando mais ganhos de força (Faigenbaum et al., 2009; Garber et al., 2011; Ratamess et al., 2009). No método das investigações, nem sempre se fez referência a alterações periódicas das variáveis do TF, ou seja, à periodização. Para ocorrer uma progressão nos efeitos do treino e optimizar o desempenho, torna-se fulcral definir estratégias para provocar novos estímulos, assim que o corpo se começa a adaptar a uma determinada exigência. Deste modo àmedida que os participantes forem ultrapassando os desafios que o TF lhes coloca, o risco de aborrecimento, ou falta de motivação serão atenuados e a melhoria de resultados e consequente sucesso na tarefa aumentarão os benefícios derivados da realização do TF (Faigenbaum et al., 2009; Ratamess et al., 2009). Apenas as intervenções com TCC monitorizaram a FC, definindo um intervalo de intensidade através da % FCmax, para a realização dos exercícios aeróbios. Parece que seria relevante controlar esta variável e cruzar essa informação da intensidade do exercício com a tabela descrita no artigo de Garber et al. (2011) de forma a poder definir-se se o exercício teria carácter moderado ou vigoroso. Na impossibilidade de usar esta medida, uma alternativa (ou complemento), poderá ser a percepção subjectiva de esforço, através da escala OMNIRES (OMNI – Resistance Exercise Scale), validada para TF em crianças e jovens por Robertson et al. (2005). A importância destes dados está de acordo com as recomendações de exercício para crianças e adolescentes obesos. Estas directrizes recomendam actividades moderadas e/ou vigorosas no tratamento da obesidade infantil, devido ao aumento do dispêndio energético (Barlow, 2007; Davis, Gance-Cleveland, Hassink, Johnson, & Resnicow, 2007; Nowicka & Flodmark, 2007; Spear et al., 2007). Limitações Esta revisão sistemática apresenta algumas limitações metodológicas e outras derivadas das características dos estudos seleccionados. A opção por incluir estudos realizados em crianças e adolescentes determinou um intervalo de idade bastante alargado (~9-16 anos de idade), influenciado por diferentes estadios de maturação, implicando a comparação dos resultados ao nível da força, da ACR e da composição corporal, entre crianças e adolescentes, nas diversas fases de maturação. Apesar da indicação nos resultados (tabela 4) do número de rapazes e raparigas que compunham as amostras, essa distinção não foi usada na análise dos resultados (sumário de

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evidências) e nas respectivas conclusões apresentadas nos estudos, impossibilitando a comparação entre géneros no presente trabalho. Apenas cinco (Benson et al., 2008b; Davis et al., 2011; Shaibi et al., 2006; Velez et al., 2010; Wong et al., 2008) das 14 intervenções analisadas apresentam um desenho RCT e das restantes, cinco (Bell et al., 2007; Falk et al., 2002; McGuigan et al., 2009; Sgro et al., 2009; van der Heijden et al., 2010) não continham grupos de controlo. Este facto permite verificar que as evidências provenientes de estudos com menor viés ainda são escassas. Mas de certa forma, não seria ético nem benéfico para as crianças ou adolescentes obesos pertencerem a um estudo e não beneficiarem da prescrição de exercício, participando num grupo de controlo sem intervenção (Bell et al., 2007). O grau de maturação não foi avaliado na totalidade dos estudos. Esta característica dos participantes resulta em diferenças consideráveis dentro da adolescência e foi tida em conta em nove estudos (Benson et al., 2008b; Davis et al., 2011; Falk et al., 2002; McGuigan et al., 2009; Sgro et al., 2009; Shaibi et al., 2006; Shaibi et al., 2010; van der Heijden et al., 2010; Watts et al., 2004). Dos nove estudos, três (Falk et al., 2002; McGuigan et al., 2009; Sgro et al., 2009) englobavam amostras com crianças. As investigações de Bell et al. (2007), Lee et al. (2010), Naylor et al. (2008), Velez et al. (2010) e Wong et al. (2008), apesar de conterem amostras com adolescentes não apresentaram informação sobre o grau de maturação. Apesar de esta revisão sistemática se centrar no papel do TF de uma forma isolada, a avaliação da dieta é fulcral para se perceber qual a influência da alimentação dos participantes nos resultados obtidos após o follow-up. Metade dos estudos (Davis et al., 2011; McGuigan et al., 2009; Sgro et al., 2009; van der Heijden et al., 2010; Velez et al., 2010; Watts et al., 2004; Wong et al., 2008) registaram a dieta dos participantes durante a intervenção, permitindo controlar o efeito da alimentação nas alterações da força e composição corporal estudadas. Na análise dos artigos é-se confrontado com diversas formas de executar o TF. Uma mais convencional ou tradicional e outra sob a forma de um circuito. Compararam-se formas de exercício muito distintas, pois as prescrições ao nível da intensidade, das repetições, das pausas e do tipo de exercícios diferem entre os vários estudos. Assim, os resultados obtidos pelas investigações derivam de métodos de treino bastante diferentes. Os pontos fortes da presente revisão sistemática são o rigor metodológico utilizado na análise dos 14 artigos estudados e a apresentação de evidências científicas de que o TF provoca efeitos benéficos na composição corporal, na força e na ACR, em crianças e adolescentes obesos.

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Conclusões Analisando as intervenções dos estudos incluídos nesta revisão, é evidente que ocorrem melhorias na composição corporal, na força e na ACR. De qualquer forma, as limitações nos desenhos dos estudos e em algumas características das intervenções não permitem tirar conclusões categóricas acerca do papel isolado e independente do TF no que respeita ao decréscimo significativo da MG, seja em valores absolutos ou relativos. Essas características relacionam-se com a dimensão de algumas amostras, a não randomização, a ausência de grupos de controlo, mas acima de tudo com as fases de maturação e avaliação da dieta que não foram tidas em conta na totalidade dos estudos. Também surgiram estudos em que a descrição do TF não era explícita, não indicando questões relevantes como o volume, a intensidade e os exercícios utilizados. De qualquer forma parece existir evidência científica, não só no que diz respeito aos ganhos relevantes da capacidade de força e à diminuição significativa do perímetro da cintura, por parte dos diversos métodos de treino avaliados, mas também ao aumento considerável da ACR, após intervenções de TCC e à relação evidente entre o aumento relevante da MIG e respectiva diminuição significativa de MG, após intervenções de TF convencional ou em TCC. Como conclusão, salienta-se ainda que é evidente que o TCC será uma boa estratégia de intervenção de TF isolada, visto que estes estudos associaram às diminuições significativas do perímetro da cintura ou da MG, acréscimos relevantes na força e na ACR. Sugestões para novas pesquisas. Para se entender o papel do TF no tratamento da obesidade pediátrica e na adolescência, propõe-se que a melhor maneira de o conseguir seja analisando de uma forma sistemática estudos RCT com avaliação da dieta, com determinação das fases de maturação e periodização do TF em circuito e compará-los com estudos RCT que incluam TF com as mesmas características, mas em conjunto com uma intervenção nutricional. Referências Alberga, A. S., Sigal, R. J., & Kenny, G. P. (2011). A Review of Resistance Exercise Training in Obese Adolescents. The Physician and Sportsmedicine, 39(2), 50–63. Atlantis, E., Barnes, E. H., & Singh, M. a F. (2006). Efficacy of exercise for treating overweight in children and adolescents: a systematic review. International journal of obesity (2005), 30(7), 1027–40. doi:10.1038/sj.ijo.0803286

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CAPÍTULO II RESPOSTA AGUDA DA FREQUÊNCIA CARDÍACA NO TREINO DE FORÇA EM CIRCUITO EM ADOLESCENTES OBESOS: A INFLUÊNCIA DA DENSIDADE DO TREINO NA INTENSIDADE RELATIVA E NA PERCEPÇÃO SUBJECTIVA DO ESFORÇO EM EXERCÍCIO

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RESPOSTA AGUDA DA FREQUÊNCIA CARDÍACA NO TREINO DE FORÇA EM CIRCUITO EM ADOLESCENTES OBESOS: A INFLUÊNCIA DA DENSIDADE DO TREINO NA INTENSIDADE RELATIVA E NA PERCEPÇÃO SUBJECTIVA DO ESFORÇO EM EXERCÍCIO

Mestrando: Pedro Neto Ribeiro Orientadora: Sandra Martins, PhD Faculdade de Educação Física e Desporto Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

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Resumo Objectivo O objectivo deste estudo foi comparar a resposta aguda da frequência cardíaca (FC) em duas sessões de treino de força em circuito (TFC) e testar a hipótese de que uma densidade e volume de treino superiores desencadearão uma resposta aguda mais intensa da FC. Métodos O desenho do estudo era transversal e a amostra composta por 12 adolescentes obesos (8 raparigas e4rapazes; idade, 15,92 ± 1,44 anos; índice massa corporal, 34,03 ± 4,73 kg/m2; % massa gorda, 38,8 ± 7,7 %). A FC foi monitorizada através do Polar Team2 e a percepção subjectiva do esforço (PSE) avaliada pela OMNI-Resistance Exercise Scale(Robertson et al., 2005). Utilizou-se 50% de uma repetição máxima e duas séries em circuito com oito exercícios de força. A diferença, entre as duas sessões de TFC, consistiu no aumento na duração do exercício e na redução do tempo de pausa (acréscimo da densidade do treino). Nas médias emparelhadas usaram-se, conforme a aderência à distribuição normal, o teste te o teste de Wilcoxonpara realizar a análise ao longoda duração das sessões.Para comparar amostras independentes, utilizaram-se os testes t e de Mann-Whitney U, conforme a normalidade das variáveis. Utilizou-se também a correlação de Pearson para verificar a relação entre as variáveis resultantes do treino e as relacionadas com a composição corporal. Resultados As médias da % FCmax avaliadas na 2ª sessão foram superiores às registadas na 1ª sessão (t = - 4,302; p= ,001), assim como os valores máximos (Vmax) (t = - 3,736; p= ,003). Em relação à PSE, também na 2ª sessão se registaram valores mais elevados na média (t=3,322; p=,007) e no Vmax (t= -2,590; p= ,025). A comparação entre géneros revelou diferenças no volume do treino, tendo os rapazes atingido valores mais elevados em ambas as sessões (t= -5,970; p≤ ,001). As raparigas possuíam valores superiores de % massa gorda (MG) (t = 7,112; p ≤ ,001) e os rapazes de massa isenta de gordura e osso (MIGO) (t = - 4,624; p = ,001). Conclusões Em adolescentes obesos, a resposta aguda da FC e da PSE indicam que, para um mesmo plano de exercício e com a mesma duração total, é possível atingir uma maior intensidade de esforço através do aumento da duração de cada exercício e redução do tempo de pausa entre os mesmos. Apesar da diferença observada no volume de treino em ambas as

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sessões e dos valores significativamente distintos na MG e na MIGO, a resposta aguda da FC e da PSE é semelhante entre géneros. Palavras-chave. Treino de força em circuito, obesidade na adolescência, resposta aguda, intensidade, frequência cardíaca.

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Introdução Prevalência da Obesidade Em 2007, Portugal apresentava uma taxa de prevalência da obesidade infantil na ordem dos 32% nas crianças entre os sete e nove anos de idade(World Health Organization, 2007). Este valor era o mais elevado da Europa, em crianças do mesmo escalão etário. Esta tendência é alarmante, pois a taxa anual de prevalência da obesidade nas idades mais jovens tem aumentado nos últimos anos, sendo 10 vezes mais elevada que nos anos 70 (World Health Organization, 2007). A epidemia em que a obesidade se transformou na idade adulta tornou-se num desafio de saúde pública para as próximas gerações, na medida em que há evidência de que um elevado índice de massa corporal (IMC) na adolescência está relacionado com uma elevada taxa de mortalidade e doenças cardiovasculares nas idades adultas. Actualmente, algumas das patologias associadas à obesidade nos adultos começam a surgir nas crianças e adolescentes, como é o caso da pressão arterial elevada e da diabetes mellitus tipo 2 (Lobstein, Baur, & Uauy, 2004; World Health Organization, 2007). Maturação, Puberdade e Composição Corporal A maturação sexual influencia a composição corporal, pois ocorrem ganhos de massa gorda nos rapazes e raparigas no início da adolescência. Mais tarde, cessam e poderão inverter-se nos rapazes, mas continuarão ao longo da adolescência nas raparigas (Lobstein et al., 2004). Os rapazes com excesso de peso tendem a ter uma maturação tardia, em comparação com os colegas normoponderais da mesma idade. No entanto as raparigas exibem uma maturação sexual precoce que está associada ao excesso de peso (Lobstein et al., 2004). A prevalência da obesidade é mais elevada nos maturadores tardios em comparação com os precoces. As diferenças reflectem-se também nas mudanças da composição corporal que ocorrem na puberdade, visto que as raparigas tendem a aumentar a massa gorda (MG) numa magnitude superior em relação à massa isenta de gordura, devido à maturação, enquanto nos rapazes ocorre o inverso. (Lobstein et al., 2004). Neste estudo utiliza-se o termo criança abrangendo rapazes e raparigas que ainda não desenvolveram características sexuais secundárias (aproximadamente 11 anos de idade nas raparigas e 13 anos de idade nos rapazes; estadios 1 e 2 de Tanner). Este período de desenvolvimento designa-se como pré-adolescência. O termo adolescente diz respeito ao período entre a infância e a idade adulta e inclui raparigas entre os 12 e 18 anos de idade e

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rapazes entre os 14 e 18 anos de idade (estadios 3 e 4 de Tanner) (Behm, Faigenbaum, Falk, & Klentrou, 2008; Faigenbaum et al., 2009; Marshall & Tanner, 1969, 1970). Recomendações de Actividade Física Segundo Barlow (2007) e Spear et al., (2007) a American Academy of Pediatrics,o Centers for Disease Control e o United States Department of Agriculture recomendam que crianças e adolescentes realizem pelo menos 60 minutos de actividade física (AF) com uma intensidade no mínimo moderada, todos os dias da semana. A American Academy of Pediatrics recomenda também que as escolas deverão ter condições para incorporar 30 minutos diários de AF (Barlow, 2007; Spear et al., 2007). No caso de crianças muito obesas poderá ser necessário adaptar a AF para períodos de menor duração, aumentando-a gradualmente (Spear et al., 2007). O combate ao sedentarismo é reforçado por Davis, Gance-Cleveland, Hassink, Johnson, & Resnicow (2007) ao afirmarem que existe uma forte evidência científica de que a AF diária, com intensidade moderada ou vigorosa, reduz a obesidade nos jovens com excesso de peso. A revisão sistemática de Strong et al. (2005) apresenta evidências científicas de que a AF orientada está associada a melhorias significativas na composição corporal, na síndrome metabólica, nos níveis de colesterol, nos triglicéridos, na pressão arterial, na aptidão cardiorrespiratória (ACR), na densidade mineral óssea e na força e resistência musculares. Os mesmos autores concluíram ainda que uma estratégia de promoção da saúde juvenil e prevenção de doenças é aumentar o nível da AF de moderada para intensa, através de actividades como o treino de força (TF), o treino aeróbio, os jogos pré-desportivos, a dança e videojogos interactivos que contribuam para as mudanças de hábitos e rotinas com carácter sedentário (Strong et al., 2005). Benefícios do Treino de Força O TF em crianças e adolescentes apresenta efeitos benéficos em diversos indicadores de saúde, tais como a ACR, a composição corporal e o perfil lipídico (Behm et al., 2008; Benson, Torode, & Singh, 2008; Faigenbaum et al., 2009; McCambridge et al., 2008). Actualmente, este tipo de treino é incorporado em programas de controlo do peso em crianças obesas, como uma actividade para aumentar a taxa metabólica, sem ser necessário recorrer a exercícios que envolvam impacto (Benson et al., 2008; McCambridge et al., 2008). Por norma, os jovens obesos apreciam o TF por ser caracterizado por pequenos períodos de esforço, intercalados com breves momentos de pausa, entre séries ou exercícios.

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Este facto assemelha-se à forma como os jovens se movem nas suas brincadeiras e jogos. Diversos estudos reportaram mudanças favoráveis na composição corporal em crianças e adolescentes obesos, através da participação em intervenções com TF ou treino de força em circuito (TFC), mas colocam em evidência a necessidade de uma intensidade de treino mais elevada para se verificarem os efeitos desejados (Faigenbaum et al., 2009). Riscos do Treino de Força As crianças e adolescentes com excesso de peso aparentam ser fortes, devido à sua dimensão, mas por vezes apresentam níveis baixos de condição física, daí ser fulcral uma prescrição e supervisão cuidada e minuciosa (McCambridge et al., 2008). Treino de Força em Circuito Tradicionalmente o TFC é executado com cargas leves e um número elevado de repetições em cada série de forma a melhorar a resistência muscular e a capacidade aeróbia. Apresenta-se como sendo uma excelente estratégia para reduzir o tempo dedicado ao TF mantendo um volume de treino considerável (Alcaraz, Sánchez-Lorente, & Blazevich, 2008). O formato em circuito do TF caracteriza-se por envolver a alternância de exercícios que solicitam os grandes grupos musculares, de forma a beneficiar um maior desenvolvimento dos músculos esqueléticos, quando comparado com o treino aeróbio (Watts, Jones, Davis, & Green, 2005). A organização dos exercícios no TFC proporciona um nível elevado de activação muscular, através da solicitação dos músculos principais, secundários e estabilizadores durante os movimentos (nomeadamente através da execução com pesos livres), aumentando as necessidades energéticas durante o treino (Clark, 2010). Além da mobilização de um número elevado de grupos musculares, através da execução de exercícios multiarticulares, a curta duração dos intervalos de pausa entre séries ou exercícios e a possibilidade de executar um elevado volume de exercício num curto espaço de tempo aumenta os níveis de exigência fisiológica, metabólica e cardiorrespiratória (Monteiro et al., 2008; Gotshalk, Berger & Kraemer, 2004). O método em circuito é recomendado para crianças e adolescentes obesos ou com excesso de peso e com elevados níveis de sedentarismo, pois contribui para promover mudanças na composição corporal, reduzindo a massa gorda (Faigenbaum et al., 2009; Nowicka & Flodmark, 2007). Na mesma linha de pensamento, mas dirigida à população adulta e obesa, Hills et al. (2010) recomendam na sua revisão que o TFC faça parte de estratégias de intervenção no

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tratamento da obesidade, visto que há evidência científica de diminuições significativas na adiposidade subcutânea abdominal, relacionada com a sensibilidade à insulina. Treino de Força em Circuito em Adolescentes Obesos Nos últimos 10 anos, foram publicados diversos artigos relacionando amostras com adolescentes obesos, as adaptações crónicas ao TFC e alterações significativas na sua composição corporal. Num randomized control trialDavis et al. (2011) verificaram que 16 semanas de TFC provocaram uma diminuição significativa na gordura visceral subcutânea e na resistência à insulina em 38 adolescentes obesos ou com excesso de peso. Nos estudos de Naylor et al. (2008),de Watts et al. (2004) e de Wong et al. (2008), concluíram que 8 a 12 semanas de um programa de exercício envolvendo TFC provocava uma diminuição significativa na percentagem de massa gorda (% MG) e um aumento relevante na massa isenta de gordura e osso (MIGO) em amostras compostas por adolescentes obesos. As investigações de Bell et al. (2007) e de Lee et al. (2010) demonstraram que 8 a 10 semanas de TFC provocavam diminuições significativas no perímetro da cintura e no IMC. Apesar de existirem diversos estudos publicados envolvendo TFC e adolescentes obesos, não foram encontradas investigações em que a frequência cardíaca (FC) tenha sido analisada como uma variável de estudo, ao contrário do que acontece em estudos envolvendo adultos aparentemente saudáveis. Resposta Aguda da Frequência Cardíaca no Treino de Força em Circuito Alcaraz et al. (2008) ao compararem a resposta aguda da FC do TF tradicional com o TFC, em 10 adultos normoponderais, concluíram que o método em circuito apresentou uma maior exigência cardiovascular, como se observa pelas médias de 71% no TFC e ~ 62% da FC máxima (FCmax) no TF. Monteiro et al. (2008) e Gotshalk et al. (2004) compararam em amostras de adultos aparentemente saudáveis a resposta aguda da FC num TFC. No primeiro estudo os participantes obtiveram uma média de 76% da FCmax e no segundo chegou-se à conclusão que o stress cardiovascular provocado pelo TFC é suficiente para provocar uma adaptação na capacidade cardiorrespiratória, embora menor que o treino aeróbio. Ao comparar a resposta aguda da FC entre TFC , treino intervalado aeróbio e treino contínuo uniforme aeróbio em 13 adultos obesos, Clark (2010) concluiu que ocorreu uma

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diferença significativa da média da FC entre o TFC e o treino contínuo uniforme aeróbio, e também do valor máximo atingido pela FC em exercício. Braun, Hawthorne & Markofski (2005) e Burleson, O’Bryant, Stone, Collins & Triplett-McBride (1998) estudaram os efeitos do TFC e do treino aeróbio no excess postexercise oxygen consumption (EPOC) em adultos normoponderais. A primeira investigação conclui que o TFC apresentava valores agudos de FCe de percepção subjectiva do esforço (PSE) significativamente superiores ao treino aeróbio. No segundo estudo os resultados durante as sessões de exercício foram os seguintes: 70,4 % no TFC e 55,3 % no exercício aeróbio na passadeira. Intensidade do Exercício Exercício com intensidade mais elevada poderá provocar um distúrbio na homeostasia metabólica maior do que o de baixa intensidade, o que resultará num dispêndio energético superior na fase de recuperação. Esta linha de pensamento sugere que o exercício anaeróbio, devido à relação que apresenta com uma intensidade elevada, poderá requerer mais energia e um período mais alargado de recuperação (Braun et al., 2005; Burleson et al., 1998). Esta associação entre intensidade e exercício anaeróbio foi apresentada no estudo de Braun et al. (2005) que ao comparar a resposta aguda do EPOC em oito mulheres que realizaram TFC e treino aeróbio, concluiu que o método em circuito provocou uma resposta metabólica que usou fontes energéticas anaeróbias. Essa exigência metabólica que corresponde a uma componente anaeróbia está associada a valores significativamente elevados da FC em exercício (Gotshalk et al., 2004). Para avaliar a intensidade relativa das duas sessões de TFC no presente estudo, foram utilizados os intervalos da percentagem (%) da FCmaxapresentados por Garber et al. (2011) na position standdo ACSM (American College of Sports Medicine). Usando essa referência, o objectivo principal deste estudo foi o decomparar a resposta aguda da FC em duas sessões de TFC com os mesmos exercícios e igual percentagem de 1 repetição máxima teórica (RM), mas com volume e densidade do treino distintos, em 12 adolescentes obesos. Como objectivo secundário pretendeu-se analisar a existência de diferenças entre os valores médios e máximos da FC nas duas sessões de TFC. Pretendeu-se, assim, testar a hipótese de que o TFC com uma densidade e volume superiores irá desencadear uma resposta aguda mais intensa, indicada pela subida da FC e PSE ao longo da duração das sessões de exercício (Clark, 2010; Gotshalk et al., 2004).

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No entanto, as orientações de Garber et al. (2011) têm como alvo adultos aparentemente saudáveis. Nas pesquisas efectuadas no âmbito desta dissertação não foram encontrados estudos que apresentassem esses intervalos de intensidade em adolescentes obesos. Método Desenho Este estudo apresenta um desenho transversal, porque foi constituído por um único momento de avaliação que envolveu a recolha de dados em duas sessões de TFC, com densidade e volume do treino distintos. Amostra A amostra é composta por 12 adolescentes obesos (oito raparigas e quatro rapazes), com as características expressas na tabela 3 que integram o projecto de Tratamento da Obesidade Pediátrica (TOP). O projecto funciona através de uma parceria entre a Faculdade de Educação Física e Desporto da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias e a Consulta de Obesidade do Serviço de Pediatria do Hospital de Santa Maria. Todos os participantes foram classificados como sedentários após estudo de acelerometria (Trost, Loprinzi, Moore, & Pfeiffer, 2011), realizado pelos colaboradores do TOP. Os adolescentes, pais e/ou encarregados de educação leram e assinaram o termo de consentimento para participação no TOP, no qual constavam todas as informações referentes a recolhas de dados para estudos científicos. Critérios de inclusão. Os participantes teriam de ter entre 13 e 17 anos de idade, etnia caucasiana, não tomar qualquer tipo de medicação e o índice de massa corporal deveria situarse acima do percentil 95, segundo os critérios definidos por Cole, Bellizzi, Flegal, & Dietz (2000). Instrumentos Na avaliação usaram-se seis máquinas guiadas de treino de força (leg press, leg curl, seated chest, shoulder press, seated row e lat pulldown), da marca Paramount, o equipamento Polar Team2 Pro(Casamichana & Castellano, 2010; Dahlstrom & Nahlinder, 2006; Macleod & Sunderland, 2012)para monitorizar os dados da FC (que foram projectados através de datashow), a aplicação Seconds Propara cronometrar o tempo de exercício e de pausa (visualizados através de datashow) e o metrónomo digital TempoPerfect Metronome Software, como forma de controlar o tempo de execução das repetições dos exercícios,

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estratégia usada por Da Silva et al., (2010), audível através do sistema sonoro da sala de exercício. A escala subjectiva de esforço utilizada foi a OMNI-RES (OMNI-resistance exercise scale), validada para TF em crianças e adolescentes pelo estudo de Robertson et al. (2005). Protocolo de Avaliação Visão geral. Tendo em conta que esta investigação possui um desenho transversal, visando obter respostas agudas de determinadas variáveis durante um TFC, foi concebido um protocolo de avaliação composto por cinco sessões, cada uma das quais com características diferentes, como demonstra a figura 1.

SAV1 - 10 RM (LP, SR e SC)

SAV2- 10 RM (LC, LPD e SP)

ST - (30''+30'')

SRD2 - (40''+20'')

SRD1 - (30''+30'')

Figura 1. Organização do protocolo de avaliação. SAV1 – Sessão 1 de avaliação; RM – Repetições máximas; LP – Leg press; SR – Seated row; SC – Seated chest; SAV2 – Sessão 2 de avaliação; LC – Leg curl; LPD – Lat pulldown; SP – Shoulder press; ST – Sessão teste; SRD1 – Sessão 1 de recolha de dados; SRD2 – Sessão 2 de recolha de dados.

As sessões ocorreram nas datas expostas na tabela 1. A primeira etapa foi composta por três sessões: a sessão 1 de avaliação (SAV1) e a sessão 2 de avaliação (SAV2), e a sessão de teste (ST). As sessões 1 e 2 destinaram-se à avaliação das 10 RM, através de seis exercícios que envolveram os principais grupos musculares. As três sessões tiveram um espaçamento de uma semana entre cada uma. A parte final da investigação consistiu em duas sessões de recolha de dados (SRD1 e SRD2) da FC e da PSE, realizadas, também, com uma semana de intervalo. Todas as sessões realizaram-se ao sábado de manhã, entre as 10h e as 13h, na sala de exercício da Faculdade de Educação Física e Desporto, da Universidade Lusófona, entre Janeiro e Março de 2012.

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Tabela 1 Cronograma do Protocolo de Avaliação Sessão

Janeiro 2012

SAV1

14

SAV2

21

ST

28

SRD1

Fevereiro 2012

Março 2012

25

SRD2

3

Nota: SAV1 – Sessão 1 de avaliação; SAV2 – Sessão 2 de avaliação; SRD1 - Sessão 1 de recolha de dados; SRD2 - Sessão 2 de recolha de dados; ST – Sessão de teste

SAV1. Na primeira sessão de avaliação determinaram-se as 10 RM dos seguintes exercícios: leg press, seated row e seated chest. Além disso possibilitou-se a familiarização com as restantes máquinas de força e uma primeira abordagem à escala de PSE OMNI-RES. SAV2. Nesta sessão, foi concluída a determinação das 10 RM para os restantes exercícios: leg curl, lat pulldown e shoulder press. Importa referir que nesta sessão se fez a primeira experiência com o equipamento Polar Team2 Pro (Casamichana & Castellano, 2010; Dahlstrom & Nahlinder, 2006; Macleod & Sunderland, 2012), através da monitorização da FC dos avaliadores. ST. No protocolo de teste procedeu-se a uma simulação das sessões de recolha de dados. Desta forma, os participantes realizaram o TFC com os transmissores do Polar Team2 Pro (Casamichana & Castellano, 2010; Dahlstrom & Nahlinder, 2006; Macleod & Sunderland, 2012), que enviaram a informação da FC em valores absolutos, relativos e dos intervalos de intensidade para a Polar Team2Base Station (Casamichana & Castellano, 2010; Dahlstrom & Nahlinder, 2006; Macleod & Sunderland, 2012), que permitia observar os dados em directo num computador portátil através do Polar Team2 Software (Casamichana & Castellano, 2010; Dahlstrom & Nahlinder, 2006; Macleod & Sunderland, 2012). No aquecimento realizou-se uma série em circuito do treino de força, com 15 segundos (’’) de tempo de actividade e 15’’ de tempo de pausa, perfazendo um total de 4 minutos (’) de tempo de exercício. Foram utilizadas cargas muito leves, ou seja o mínimo que as máquinas guiadas de força permitiam. Esta sessão também teve o objectivo de treinar os avaliadores nas tarefas de acompanhamento nas rotações entre exercícios, na supervisão técnica (pegas, amplitude e respiração), colocação das cargas nas máquinas e anotação da PSE nas fichas de registo.

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SRD1. Na primeira sessão de recolha de dados, os participantes realizaram o TFC com 30’’ de tempo de actividade e 30’’ de tempo de pausa. O aquecimento foi igual à ST. Nesta sessão registaram-se os dados relativos à FC e à escala de esforço OMNI-RES (após cada exercício). SRD2. No último dia da avaliação procedeu-se da mesma forma que na SRD1, com a diferença do tempo de exercício ser 40’’ e o tempo de pausa 20’’. Descrição do TFC. As sessões de exercício (tabela 2) para a recolha de dados foram organizadas em duas séries em circuito,compostas por oito exercícios (leg press, seated row, seated chest, prancha, leg curl, lat pulldown, shoulder press e prancha lateral), com o intuito de mobilizar alternadamente os membros inferiores e o tronco (nos movimentos de puxar e empurrar) e seguindo as componentes críticas propostas por Faigenbaum & Westcott (2009). Os exercícios deverão realizar-se em máquinas guiadas de força, com 50% de 1 RM (Robertson et al., 2005) teórica avaliada a partir das 10 RM (Velez, Golem, & Arent, 2010) determinadas anteriormente. O volume do treino em cada sessão de avaliação foi calculado através da multiplicação do número de séries pelo número de repetições e depois pela carga (Fleck & Kraemer, 2004), definida através de 50 % de 1RM teórico (Robertson et al., 2005). As duas sessões diferiram apenas na relação do tempo de exercício com o tempo de pausa, ou seja, na densidade do treino. Na SRD1 o tempo de exercício prescrito foi 30’’ com outros 30’’ de pausa e na SRD2 40’’ de actividade com 20’’ de repouso. Estipulou-se o seguinte tempo de treino: 16’, com 8’ de exercício e 8’ de pausa na SRD1 e com 11’ de actividade e 20’’ de repouso na SRD2. O uso de intervalos de tempo e não um valor prédefinido de repetições relacionou-se com o objectivo de controlar a densidade das sessões, de forma a que o estímulo fosse exactamente o mesmo para toda a amostra e por uma questão de logística, pois assim conseguiu-se avaliar a resposta aguda da FC a oito participantes na mesma sessão. Com este procedimento, também se conseguiu controlar o tempo de pausa, para evitar o risco de viés, garantindo-se que o tempo de repouso e respectiva troca de exercício/estação fossem exactamente iguais para todos os participantes no estudo. Todas as repetições deveriam ser realizadas solicitando a amplitude total do movimento, evitando a apneia respiratória, através de pegas em pronação (exercícios de puxar e empurrar) e com o mesmo tempo de execução de 2’’ (Da Silva, Brentano, & Kruel, 2010; Robertson et al., 2005), através de 1’’ na fase concêntrica, 0’’ na fase isométrica e 1’’ na fase excêntrica. Para este efeito, foi usado um metrónomo calibrado a 60 batimentos por minuto

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(bpm), para garantir que todos os participantes executavam o mesmo número de repetições (Da Silva et al., 2010). Como referido na SAV1 a escala da PSE utilizada nesta investigação foi a OMNIRES, validada por Robertson et al. (2005) para treino de força em jovens. Esta escala esteve afixada em todas as estações, para que os participantes a pudessem observar durante a execução e avaliassem o esforço que sentiram após cada exercício. O registo da escala de PSE foi efectuado sempre pelo mesmo avaliador e no final de uma série (mais exactamente, no período de pausa e transição para o exercício seguinte) em ambas as sessões. Esse registo no final de uma série baseia-senas conclusões do estudo de McGuigan et al. (2008). Deu-se indicação a todos os participantes para executarem uma contracção isométrica e esperarem pelo sinal sonoro de troca, caso não conseguissem realizar mais repetições nos exercícios nas máquinas. Esta ocorrência foi sendo registada, como falha técnica, nas fichas de registo individual para análise posterior. No caso das pranchas, quando sentissem a necessidade de colocar os joelhos no solo continuavam em contracção isométrica, mas de uma forma menos intensa, visto que a distância entre os antebraços e os pés era mais reduzida. Afixaram-se fitas autocolantes nos tapetes para sinalizar o local onde deveriam colocar as mãos e os cotovelos, quando fossem executar as pranchas. Colocou-se também fita na máquina lat pulldown com o objectivo de uniformizar a colocação das mãos. Os avaliadores acompanharam o mesmo participante nas duas sessões de exercício. Tinham como função colocar as cargas nas máquinas, acompanhar a rotação pelas estações, supervisionar a técnica, respiração e amplitude na execução dos exercícios e fazer o registo da escala de PSEna ficha individual de treino. Os participantes foram distribuídos pelas oito estações de forma a começarem o circuito em simultâneo. A rotação realizou-se seguindo os números afixados nas máquinas e a ordem encontrava-se expressa na ficha de registo individual. Foi projectado um cronómetro com sinais sonoros, na parede da sala de exercício, para que todos os intervenientes tivessem conhecimento dos intervalos de tempo. Para controlar o TFC e minimizar o risco de viés nas sessões de exercício com recolha de dados definiram-se diversas estratégias: os grupos foram constituídos de acordo com a altura dos participantes, de forma a não ser necessário proceder a ajustes nas máquinas durante os períodos de rotação; os participantes tinham o mesmo exercício inicial em ambas as sessões, assim como o mesmo cardiofrequencímetro e foram acompanhados pelo mesmo

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avaliador; o intervalo entre as duas sessões de exercício foi de uma semana e os grupos de participantes que se formaram executaram-nas no mesmo horário.

Tabela 2 Descrição das Sessões de Exercício SRD1

SRD2

Exercícios

Aquecimento: 1 série em circuito (15’’+15’’) com cargas leves

Leg press

Dinâmica: 2 séries em circuito de 8 exercícios

Seated row

Carga: 50% 1RM

Seated chest

Duração: 16’

Prancha

Tempo de exercício: 30’’

Tempo de exercício: 40’’

Leg curl

Tempo de pausa: 30’’

Tempo de pausa: 20’’

Lat pulldown

Tempo total de exercício: 8’

Tempo total de exercício: 11’

Shoulder press

Tempo total de pausa: 8’

Tempo total de pausa: 5’

Prancha lateral

Nota: RM - Repetição máxima; SRD1 – Sessão 1 de recolha de dados; SRD2 – Sessão 2 recolha de dados.

Avaliação da força. A determinação das 10 RM desenvolveu-se através do protocolo recomendado pelo ACSM(Kaminsky, 2010) para múltiplas RM. Este protocolo recomenda que o aquecimento seja realizado com uma carga leve, permitindo 10 a 15 repetições com facilidade e que os múltiplos de RM se determinem num máximo de quatro tentativas, intercaladas com pausas de 2’ a 3’. A carga inicial deve ser seleccionada entre os 50 a 70% da carga máxima e progressivamente aumentam-se as cargas usando uma escala de esforço (neste caso a OMNI-RES) até que não se consigam realizar 10 RM. Para concluir a avaliação é necessário repetir sempre a última carga para confirmar as 10 RM. Por fim, todas as repetições devem ser executadas solicitando a amplitude total do movimento e com a mesma velocidade de execução (1’’ na fase concêntrica, 0’’ na fase isométrica e 1’’ na fase excêntrica), usando os sinais sonoros de um metrónomo calibrado a 60 bpm para marcar a cadência de execução. Após este procedimento usou-se a tabela das RM da National Strength and Conditioning Research (NSCA) descrita por Baechle & Earle (2008), de forma realizar a determinação de 1 RM teórica, a partir de 10 RM. Determinação da FC máxima. Foi estimada de forma teórica através da equação 191,5 - 0,007 x idade2,validada por Gellish et al. (2007) e referida nas investigações de Cleary et al. (2011) e de Zhu et al. (2011). Avaliação da composição corporal. Foi calculada por densitometria radiológica de dupla energia (DXA), fornecendo os valores de MG, % MG e da MIGO da totalidade do corpo e por segmentos. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Educação Física e Desporto

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Estimação do consumo máximo de oxigénio (VO2max).A ACR foi determinada a partir do teste “vaivém” (20 meters shuttle run) inserido na bateria de testes FitnessGram®do The Cooper Institutee usou-se a equação referida no estudo deMahar, Guerieri, Hanna, & Kemble (2011). Determinação da resistência abdominal. Foi avaliada através do teste curl up inserido na bateria de testes FitnessGram®do The Cooper Institutee referido no estudo deRuiz et al. (2006). Avaliação das fases de maturação. Foram determinadas por questionário e seguindo as orientações descritas por Marshall & Tanner (1969, 1970). Procedimentos Estatísticos A base de dados foi elaborada no Microsoft® Excel e os testes estatísticos foram efectuados no IBM® SPSS® Statistics version 20.0.0. Na comparação entre duas médias emparelhadasutilizou-se a seguinte estratégia para justificar os pressupostos de aplicação de testes de hipóteses: Primeiro, determinou-se a aderência à distribuição normal através da variável diferença. Como a amostra era reduzida (inferior a 30) utilizou-se o teste de Shapiro-Wilk, para definir se os testes seriam paramétricos ou não-paramétricos (Laureano, 2011). De seguida, para as variáveis que apresentavam uma distribuição normal, aplicou-se o teste paramétrico t para se comparar médias de duas variáveis quantitativas emparelhadas e a correlação linear de Pearson para confirmar a relação entre elas. Quando as variáveis não seguiam a distribuição normal, usou-se o teste não paramétrico de Wilcoxone a correlação ordinal de Spearman. Laureano (2011) afirmou que os pressupostos para comparar duas médias independentes são a distribuição normal e a independência das amostras (médias), assim, para testar duas médias independentes e seguindo o mesmo critério, usou-se o teste de aderência de Shapiro-Wilk, para determinar se os testes seriam paramétricos ou não-paramétricos. Se as variáveis seguiam uma distribuição normal utilizava-se o teste t para comparar uma média de uma variável quantitativa em dois grupos populacionais definidos por uma variável qualitativa. Para testar a homogeneidade das variâncias no teste t com amostras independentes, utilizou-se o teste de Levene. Quando não ocorria a aderência à distribuição normal, usou o teste não-paramétrico de Mann-Whitney U. Este teste é uma alternativa ao teste t(paramétrico).

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Para pesquisar o coeficiente de correlação entre a composição corporal (MG e MIGO) e o volume do treino utilizou-se o teste de Pearson. O nível de significância ficou definido como p ≤ ,05. Situações Adversas Dos 21 inscritos no projecto TOP apenas 13 participantes realizaram as duas sessões de recolhas de dados. Três não compareceram em nenhuma sessão, dois só realizaram aSRD1 e três apenas efectuaram aSRD2. Desses 13, um não realizou a avaliação da composição corporal, logo a amostra ficou reduzida a 12 participantes. Resultados Estatística Descritiva A tabela 3 contém os valores da avaliação inicial dos participantes. Ao efectuar uma comparação das variáveis entre géneros, verificamos que existem diferenças significativas na estatura (t = -5,869; p ≤ ,001), na % MG (t = 7,112; p ≤ ,001), na MG (t = 2,602; p = ,026), na MIGO (t = -4,624; p = ,001) e no VO2max (t = -9,325 ; p ≤ ,001). Tabela 3 Características da Amostra (N=12) Média ± DP

Média ± DP

Variáveis

Geral

Masculino (n = 4)

Feminino (n = 8)

Idade (anos)

15,92 ± 1,44

16,50 ± 1,00

15,63 ± 1,60

Tanner (fase)

4,92 ± 0,29

4,75 ± 0,50

5

Peso (kg)

90,02 ± 10,78

94,18 ± 9,22

87,94 ± 11,46

1,63 ± 0,09

1,73 ± 0,05

1,58 ± 0,04***

IMC (kg/m )

34,03 ± 4,73

31,39 ± 2,91

35,36 ± 5,05

DXA MG (%)

38,8 ± 7,7

29,3 ± 2,9

43,5 ± 3,4***

DXA MG (kg)

34,13 ± 8,30

26,99 ± 3,88

37,70 ± 7,62*

DXA MIGO (kg)

54,02 ± 10,13

65,34 ± 7,50

48,36 ± 5,22***

PC (cm)

101,14 ± 9,59

100,81 ± 8,46

101,31 ± 10,66

FCmax (bpm)

189,72 ± 0,31

189,59 ± 0,23

189,78 ± 0,34

VO2max (ml/kg/min)

29,79 ± 11,46

44,49 ± 3,27

22,44 ± 4,09***

Curl up (rep)

30,83 ± 24,18

38,25 ± 29.03

27,13 ± 22,60

Estatura (m) 2

Nota: DP – Desvio padrão; DXA - Densitometria radiológica de dupla energia; FCmax – Frequência cardíaca máxima; IMC – Índice de massa corporal; MG – Massa gorda; MIGO – Massa isenta de gordura e osso; PC – Perímetro da cintura; Rep – Repetições; VO2max -Consumo máximo de oxigénio. *** (p ≤ ,001); * (p ≤ ,05).

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Repetições Máximas e Volume do Treino As médias gerais das cargas obtidas (à excepção dos exercícios isométricos) nas sessões de avaliação das 10 RM estão apresentadas na tabela 4, assim como o volume do treino na SRD1 e na SRD2. Existe uma diferença significativa (t = -13,670; p ≤ ,001) entre as duas médias do volume de treino em ambas as sessões, devido à manipulação do tempo de exercício e por conseguinte das repetições. Houve um acréscimo de cinco repetições por minuto /série de exercício no SRD2 o que significou um aumento de 180 para 240 repetições no total. Tabela 4 Carga Obtida nas Repetições Máximas e no Volume do treino. Leg press (kg)

Seated

Seated

Leg curl

row (kg)

chest (kg)

(kg)

Lat

Shoulder

pulldown

press

(kg)

(kg)

Volume

Volume SRD2

SRD1 (kg)

(kg)



34,13±

24,94±

25,69±

29,06±

24,19±

13,50±

4545,00

6060,00

DP

9,54

5,95

10,17

6,88

6,00

5,08

±1151,76

±1535,68***

Nota: M – Média; DP – Desvio padrão; SRD1. 1ª sessão de recolha de dados; SRD2 – 2ª sessão de recolha de dados. *** (p ≤ ,001).

Análise Geral da Resposta Aguda Os valores médios e máximos em termos absolutos e relativos da FC nas duas sessões de exercício estão apresentados na tabela 5. Existem diferenças significativas entre as duas sessões de exercício, no que diz respeito à média da FC (t = -4,305; p = ,001) de todos os participantes, bem como do valor máximo (Vmax) (t = -3,736; p = ,003) obtido em treino, o que significa que a SRD2 se caracteriza por uma intensidade mais elevada em termos relativos se analisarmos os resultados estatísticos da % FCmax (t = -4,302; p = ,001). Esta associação surge também na escala subjectiva de esforço, visto que ocorreu uma diferença significativa (t = -3,322; p = ,007) entre as médias das duas sessões e também no Vmax (t = -2,590; p= ,025).

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Tabela 5 Valores Médios e Máximos da Resposta Aguda da Frequência Cardíaca e da Escala Subjectiva de Esforço. Variáveis

SRD1

SRD2

t

p

Média FC (bpm)

137,58 ± 9,56

145,38 ± 8,46

-4,305

,001

Média FC (%)

72,5 ± 5,0

76,6 ± 4,5

-4,302

,001

Vmax FC (bpm)

154,96 ± 10,40

164,67 ± 8,19

-3,736

,003

Vmax FC (%)

81,7 ± 5,4

86,8 ± 4,3

-3,738

,003

Média PSE

6,23 ± 0,93

7,02 ± 1,36

-3,322

,007

VmaxPSE

8,75 ± 0,97

9,58 ± 0,67

-2,590

,025

Nota: Bpm – Batimentos por minuto;FC – Frequência cardíaca; PSE – Percepção subjectiva do esforço; SRD1 - 1ª sessão de recolha de dados; SRD2 – 2ª sessão de recolha de dados; Vmax – Valor máximo.

Resposta Aguda da Frequência Cardíaca A figura 3 apresenta os valores médios da FC em termos relativos, ao longo das 16 séries/minutos que constituíam cada sessão de exercício. Ao comparar os minutos/séries entre a SRD1 e a SRD2 verificamos que existem diferenças significativas em determinados momentos, nomeadamente nos minutos 5, 10, 11, 12, 13 e 15 (p≤ ,05) e nos minutos 7, 8, 9 e 14 (p≤ ,01). Nos restantes minutos que compunham as sessões não ocorreram diferenças significativas entre a resposta aguda da FC (p> ,05). 90

SRD1 SRD2

85

** % FCmax

**

**

* *

80

*

*

** *

* 75

70

65 1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

Minutos/ séries Figura 2. Média por minuto da resposta aguda da frequência cardíaca. FCmax – Frequência cardíaca máxima; SRD1 - Sessão 1 de recolha de dados; SRD2 - Sessão 2 de recolha de dados. * (p ≤ ,05), ** (p ≤ ,01).

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Resposta Aguda da Percepção Subjectiva de Esforço Na figura 4 podemos observar uma diferença significativa na média da PSE entre as duas sessões e tal como na FC, no Vmax essa situação de relevo estatístico também ocorre. Ao analisar as diferenças significativas em termos de valores da PSE, conclui-se que acontecem nos minutos 5, 7, 8, 10, 11, 13, 14, 15 e 16, como se confirmam pelos valores de p ≤ ,05. **

10

*

*

9

**

8 7

**

* *

*

*

PSE

6 5 4 3 SRD1 2 SRD2 1 0 0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

Minutos/ séries Figura 3. Média por minuto da resposta aguda da escala subjectiva de esforço. PSE – Percepção subjectiva do esforço; SRD1 - Sessão 1 de recolha de dados; SRD2 - Sessão 2 de recolha de dados. * (p ≤ ,05), ** (p ≤ ,01).

Comparação da Resposta Aguda entre a Frequência Cardíaca e a Percepção Subjectiva do Esforço As figuras 5 e 6 mostram a evolução, ao longo de cada sessão, da média da intensidade relativa através da FC e da média dos resultados obtidos na PSE. Ao cruzar os resultados estatisticamente relevantes da FC e da PSE, verificamos que existe uma associação entre a intensidade verificada pela resposta aguda da FC e a intensidade percepcionada em alguns minutos/ séries (5, 7, 8, 10, 11, 13, 14 e 15) de ambas as sessões de exercício, ou seja, nesses momentos específicos ocorreram diferenças significativas (p≤ ,05) quer na FC, quer na PSE.

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90

10

85

PSE

9

FC

8

80

6

§ 75

§

§

§

§

§

§

5

§

PSE

% FCmax

7

4 3

70

2 1

65

0 1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

Minutos/ séries Figura 4. Média por minuto da resposta aguda avaliada através da escala subjectiva de esforço e da frequência cardíaca na sessão de recolha de dados 1. FC – Frequência cardíaca; FCmax – Frequência cardíaca máxima; PSE – Percepção subjectiva de esforço; § - Diferença significativa (p ≤ ,05) na FC e na PSE, em relação a SRD2.

90

10 PSE

§

§

§

§

7

§

80

8

§ §

6

§

5

75

PSE

85

% FCmax

9

FC

4 3 2

70

1 65

0 1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

Minutos/ séries Figura 5. Média por minuto da resposta aguda avaliada através da escala subjectiva de esforço e da frequência cardíaca na sessão de recolha de dados 2. FC – Frequência cardíaca; FCmax – Frequência cardíaca máxima; PSE – Percepção subjectiva de esforço; § - Diferença significativa (p ≤ ,05) na FC e na PSE, em relação a SRD1.

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Resposta Aguda e Género A relação entre a resposta aguda da FC e da PSE com género está caracterizada na tabela 6. Ao observar os resultados, concluímos que neste estudo não ocorreram diferenças significativas entre géneros para as variáveis analisadas na tabela, à excepção do volume do treino (t = -13,670; p ≤ ,001). Tabela6 Resposta Aguda e o Género. Variáveis

SRD1 M

F

n

4

8

Média FC

133,61 ±

139,56 ±

(bpm)

11,26

8,72

Média FC

70,5 ±

73,5 ±

(%)

5,9

4,6

Vmax FC

151,82 ±

156,53 ±

(bpm)

8,97

11,28

Vmax FC

80,1 ±

82,5 ±

(%)

4,7

5,9

Média

6,53 ±

6,09 ±

PSE

0,37

1,10

Vmax

8,50 ±

8,88 ±

PSE

0,58

1,13

5923,13±

3855,94±

506,25

588,94

Volume dotreino (kg)

t

p NA

1,018

,333

,998

,342

,723

,486

,704

,498

-,769

,460

,616

,552

-5,970

0

SRD2 M

F

4

8

140,08 ±

148,03 ±

7,57

7,99

73,9 ±

78,0 ±

4,0

4,3

160,91 ±

166,55 ±

9,69

7,28

84,9 ±

87,8 ±

5,1

3,9

7,68 ±

6,68 ±

0,74

1,51

9,50 ±

9,63 ±

0,58

0,74

7897,50±

5141,25±

675,00

785,25

t

p NA

1,651

,130

1,612

,138

1,140

,281

1,097

,298

-1,233

,246

,292

,776

-5,970

0

Nota: Bpm – Batimentos por minuto;F – Feminino; FC – Frequência cardíaca; M – Masculino; NA – Não se aplica; PSE – Percepção subjectiva do esforço; SRD1 - 1ª sessão de recolha de dados; SRD2 – 2ª sessão de recolha de dados; Vmax – Valor máximo.

Correlação entre Composição Corporal e Volume de Treino Ocorreu uma correlação linear entre a MIGO e o volume de treino de ambas as sessões de avaliação (r = ,903; p = ≤ ,001). Entre a MG e o volume de treino dos dois TFC, não foi detectada nenhuma correlação. No entanto, ao testar apenas os valores dos quatro rapazes nas três variáveis acima descritas, não foram detectadas nenhumas correlações.

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Correlação entre a Frequência Cardíaca e a Composição Corporal Não foram detectados coeficientes de correlação de Spearman entre a resposta aguda da FC em ambas as sessões de avaliação e a composição corporal medida por densitometria radiológica dupla energia. Correlação entre a Frequência Cardíaca e o Volume da Carga Não existe correlação entre a FC medida ao longo da duração do treino e o volume de treinoefectuado por cada participante. Falhas Técnicas As pranchas foram os exercícios que despoletaram o maior número de falhas técnicas. Registaram-se nove falhas na prancha e 19 na prancha lateral e as restantes três ao realizar o shoulder press. Das 31 falhas, 29 foram da responsabilidade das raparigas (11 na SRD1 e 18 na SRD2). Na SRD2 sucederam o dobro de ocorrências e nos dois últimos minutos de cada sessão de avaliação, registaram-se a maioria das falhas técnicas nos exercícios de força. Discussão O objectivo deste estudo consistiu em analisar a resposta aguda da FC em duas sessões de TFC, com volume e densidade de treino distintos e analisar as diferenças nos valores médios e máximos dos indicadores estudados. Esta observação foi realizada através de duas variáveis principais: a FC e a PSE, avaliadas em termos gerais e distribuídas por cada minuto de exercício (séries). Ao analisarem-se as sessões sob uma perspectiva geral, a hipótese em estudo confirma-se através dos resultados obtidos. Mas ao longo da duração das sessões de avaliação nem sempre ocorreramdiferenças significativas, nas variáveis referidas. Resposta Aguda da Frequência Cardíaca A média da % FCmax, usando a equação proposta por Gellish et al. (2007), de todos os participantes foi significativamente superior entre as duas sessões de avaliação, assim como o Vmax da resposta aguda da FC, fundamentando que a SRD2 obteve uma intensidade de exercício mais elevada. Em ambas as sessões de treino foram utilizados os mesmos exercícios, a mesma intensidade da carga (1 RM teórico, determinado a partir de 10 RM) e a mesma duração de 16’, mas as diferenças na densidade do treino (relação entre tempo de exercício e tempo de pausa) provocaram um aumento considerável do volume do treino. Esta manipulação da variável tempo provocou uma desigualdade ao nível dos períodos de actividade e repouso. Na

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SRD1 os participantes realizaram 8’ de exercício e 8’ de pausa e na SRD2, 11’ de actividade e 5’ nas transições entre estações. Esta diferença na densidade significou um aumento de 180 para 240 repetições. Desta forma, pode-se afirmar que a hipótese deste estudo se concretizou, ou seja, a resposta aguda da FC da SRD2 foi mais intensa para todos os participantes do estudo, alterando apenas a densidade, e por conseguinte, o volume do exercício. Esta evidência também se confirma se compararmos os resultados da % FCmax com a tabela da intensidade do exercício exposta na Position Stand da ACSM sobre a quantidade e qualidade do exercício. Assim, de acordo com a classificação da intensidade do exercício de Garber et al. (2011), a SRD1 define-se como moderada (64 a 76%) e a SRD2 como vigorosa (77 a 95%). A classificação da intensidade nas duas sessões de TFC estudadas ganha relevância ao se observarem as recomendações para a prevenção e tratamento da obesidade nos jovens (Davis et al., 2007; Spear et al., 2007). Estes autores referem que a importância dos jovens realizarem AF com intensidades moderada e/ou vigorosa, durante um mínimo de 60’, preferencialmente todos os dias da semana. Existem na literatura diversos estudos que avaliaram a resposta aguda da FC, através de comparação de um TFC com outros métodos de treino, em amostras com adultos (Alcaraz et al., 2008;Braun et al., 2005;Burleson et al., 1998;Gotshalk et al., 2004;Monteiro et al., 2008).O único estudo encontradoem indivíduos com excesso de peso não apresentou valores relativos da FC(Clark, 2010) e nenhum manipulou a densidade do treino. Tendo como critério a classificação de Garber et al. (2011), todos os estudos realizados em adultos aparentemente saudáveis que apresentaram médias da % FCmax estavam dentro do intervalo de intensidade moderada, assim como a SRD1 do presente estudo. Não foi encontrado nenhum estudo que tenha avaliado a resposta aguda da FC num TFC com intensidade vigorosa, tal como acontece com a SRD2 da presente investigação. Usando mais uma vez o critério da classificação da intensidade relativa do exercício de Garber et al. (2011) e tendo em conta a limitação dos estudos serem compostos por amostras de adultos aparentemente saudáveis, colocou-se a hipótese de que ambas as sessões de avaliação executadas no presente trabalho, pudessem conter resultados como os previstos por essas investigações, pois em comum têm o N reduzido, o TFC e a resposta aguda da FC. Esses resultados seriam a melhoria da composição corporal e da ACR, em termos de adaptações crónicas (Alcaraz et al., 2008), a associação com um maior dispêndio energético

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no EPOC (Braun et al., 2005;Burleson et al., 1998), uma forte componente anaeróbia no TFC, com o VO2max a manter-se constante e a FC a aumentar gradualmente (Gotshalk et al., 2004). Análise pormenorizada da resposta aguda da FC.O comportamento das curvas da resposta aguda da FC de ambas as sessões foi influenciado pela manipulação da densidade. Na SRD1 os valores registados são sempre inferiores durante a duração do TFC e existiram diferenças significativas em 10 dos 16’ que compunham as sessões de avaliação. Em ambas a FC inicial apresentou os valores mais baixos, mantendo-se sem diferenças significativas até ao 5º minuto. A partir do 7º até ao 15º minuto, houve sempre diferenças relevantes estatisticamente na resposta aguda da FC, sendo os valores avaliados na SRD2 mais elevados. O desenho do comportamento de ambas as curvas revela-nos que ocorreram dois picos de intensidade, um no minuto oito e um outro no minuto 14. Em ambas as sessões o Vmax da FC foi no minuto 14, sendo que até lá foi subindo gradualmente e a partir desse pico desceu de forma abrupta até ao minuto 16, demonstrando que o comportamento da FC em ambas as sessões foi similar, à excepção dos valores por minuto, mais elevados na 2ª sessão. Estes acontecimentos indicam que se conseguiu criar com rigor condições semelhantes de avaliação/ recolha de dados entre as duas sessões, através dos procedimentos explícitos no método. Resposta Aguda da Percepção Subjectiva de Esforço Na SRD1 e SRD2, a média da PSE registada por todos os participantes indica que existiu uma diferença relevante em ambas as sessões de exercício, sendo mais elevada no 2º momento de avaliação. Este facto sai reforçado pela média do Vmax obtido pela PSE, em que ocorreu mais uma vez uma diferença significativa, superior na SRD2. Este resultado está em sintonia com valores médios e máximos da FC, registados quando se comparou a resposta aguda entre as duas sessões de exercício, de uma forma objectiva (a FC) e através de aspectos mais subjectivos (a PSE). Nos estudos abordados na introdução apenas dois (Braun et al., 2005; Burleson et al., 1998) usaram, além da FC, uma escala subjectiva de esforço na análise da resposta aguda ao TFC. A escala usada diferia da utilizada no presente estudo e era composta por 15 níveis (Borg, 1982). Estes dois estudos possuíam a particularidade de terem executado a mesma comparação entre um TFC e um treino aeróbio de passadeira. A resposta aguda obtida manifestou que o TFC revelava os valores de PSE mais elevados. Esta ocorrência está em harmonia com os valores de FC registados nessas comparações.

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Análise pormenorizada da resposta aguda da PSE.O início da SRD1 e da SRD2 caracterizava-se por conter valores por minuto bastante aproximados. O início das diferenças significativas ocorreu no mesmo minuto que as das FC, ou seja, o 5º minuto. Também o 7º minuto foi o despoletar de vários minutos com diferenças significativas de valores da PSE (à excepção do minuto 9 e 12), superiores na 2ª sessão, ao longo da duração do treino. É interessante o facto de que o pico da PSE que ocorreu no mesmo minuto em ambas as sessões, tenha acontecido um minuto depois do pico da FC. O que significa que os participantes não teriam consolidado o uso da escala subjectiva de esforço, pois esse facto indica-nos alguma incapacidade de avaliar correctamente a intensidade. O comportamento das curvas do gráfico da PSE demonstra a tendência com que os participantes percepcionaram o esforço, em ambas as sessões, sentindo uma alternância ao nível da intensidade, ou seja, existiram quatro picos de intensidade (minutos 2, 7, 10 e 15). Resposta Aguda e Género Nas diversas variáveis relacionadas com a FC e a PSE não houve diferenças significativas entre géneros, embora o número de rapazes (4) e raparigas (8) não fosse similar. O mesmo ocorreu no estudo de Monteiro et al. (2008), que tinha uma amostra de 10 mulheres e 15 homens e também não revelou diferenças relevantes na FC. Ao realizar uma análise pormenorizada da composição corporal e do volume do treino conseguidos pelos quatro elementos masculinos do estudo, verificamos que, se por um lado os rapazes apresentaram valores mais baixos de MG e de % MG, mas mais elevados de MIGO, por outro, o volume do treino obtido pelos rapazes na SRD1 e na SRD2 foi significativamente mais elevado que o das raparigas, o que indicou uma maior capacidade de produção de força. Esta observação está de acordo com Lobstein et al.(2004) onde se afirma que as raparigas tendem a aumentar a massa gorda numa magnitude superior em relação à massa isenta de gordura, como resultado da maturação, enquanto nos rapazes ocorre o inverso. Diversos estudos (McGuigan, Tatasciore, Newton, & Pettigrew, 2009; Naylor et al., 2008; Shaibi, Salem, Crespo, & Goran, 2006; Velez et al., 2010; van der Heijden et al., 2010) fundamentam a associação entre a MIGO e a força muscular, que segundo Mcardle, Katch & Katch (2010) se pode explicar pelo aumento de produção de testosterona nos rapazes. Esta hormona com características anabólicas contribui para as diferenças entre rapazes e raparigas, em plena fase pubertária, pois promove o aumento de força e de massa muscular nos rapazes (Mcardle et al., 2012).

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Em oposição, nas raparigas a capacidade de produção de força é consideravelmente menor, pois existiu uma diferença significativa na MG e na MIGO entre géneros (McGuigan, Tatasciore, Newton, & Pettigrew, 2009; Naylor et al., 2008; Shaibi, Salem, Crespo, & Goran, 2006; Velez et al., 2010; van der Heijden et al., 2010),uma vez que neste estudo elas apresentavam valores mais elevados de MG e inferiores de MIGO, em comparação com os rapazes. No que diz respeito ao presente estudo, ocorreu também uma diferença significativa entre géneros nos valores de VO2max (rapazes apresentaram valores superiores). Esta aptidão reflecte a capacidade dos sistemas cardiovascular e respiratório tolerarem um exercício exigente durante algum tempo (Ruiz et al., 2006). Destes resultados pode concluir-se que as raparigas possuíam uma menor ACR, sendo classificado este valor como “muito fraco”, segundo o estudo de Rodrigues, Perez, Carletti, Bissoli, & Abreu (2006). A explicação para esses resultados poderá ser o facto de existir uma associação significativa entre os baixos índices de ACR e uma elevada % MG (Gutin et al., 2004). De referir ainda, que as falhas nas pranchas poderão estar relacionadas com os resultados inferiores das raparigas obtidos no teste curl up. Este protocolo mede a força resistente da zona abdominal. No caso das raparigas, estas demonstraram menor resistência abdominal que os rapazes como sucedeu nas pranchas, exercício no qual é suposto suportar o peso do corpo através de uma contracção isométrica com boa postura.O minuto 16 foi o que conteve mais episódios de falhas técnicas, de igual número (5), em ambas as sessões de recolha de dados, protagonizados pelas mesmas raparigas. Estes aspectos, aliados a uma menor habilidade motora (motor skills) como descreve Biskanaki et al. (2004) e de Castetbon & Andreyeva (2012), por parte das raparigas, poderão ser a causa para a existência de duas vezes mais falhas técnicas ocorridas durante a SRD2, tendo sido as raparigas as responsáveis praticamente por todas as ocorrências em ambas as sessões. Questiona-se se destas interrupções na execução de exercícios de força poderá ter resultado a descida da FC, verificada em ambas as sessões. Comparação da Resposta Aguda entre a Frequência Cardíaca e a Percepção Subjectiva do Esforço Em metade dos minutos (5, 7, 8, 10, 11, 13, 14 e 15) da SRD1 e da SRD2, ocorreram simultaneamente diferenças significativas nas duas variáveis principais deste estudo. Ao observar-se o comportamento numa sessão, da FC (linhas) e da PSE (barras), podemos afirmar que os participantes avaliaram de uma forma menos correcta o esforço que

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percepcionaram, nomeadamente nos dois primeiros minutos e nos dois minutos finais. Este facto explica-se pela discrepância nos valores da intensidade relativa da FC e na intensidade avaliada pela PSE, nos minutos em questão. Assim, é possível que os participantes não tenham consolidado o uso da escala de esforço OMNI-RES, que apenas foi treinada nas duas sessões de avaliação das 10 RM e na sessão de teste. Limitações Este estudo teve uma amostra de dimensão reduzida (< 30 participantes) e não randomizada, tal como os estudos de Alcaraz et al. (2008), de Braun et al., (2005), de Burleson et al., (1998), de Clark (2010) e de Gotshalk (2004). Utilizou-se o critério de,em cada minuto de FC, incluir a média do valor do tempo em exercício e de pausa, não fazendo a distinção entre eles. Com a opção tomada, não é possível ter a informação acerca da recuperação da FC na transição entre exercícios. Pontos Fortes Este foi um estudo inovador que exibiu a resposta aguda da FC num TFC em adolescentes obesos e em que foi implementado um rigor metodológico nos procedimentos de recolha de dados, bem como, um processo de análise estatística precisa e detalhada. Durante a pesquisa bibliográfica efectuada, não foram encontrados estudos com características semelhantes à presente investigação. Conclusões Em adolescentes obesos, a análise geral da resposta aguda da FC (média e Vmax) e da PSE (média e Vmax), indicam que, para um mesmo plano de treino e com a mesma duração total, é possível atingir uma intensidade de esforço mais elevada, através do aumento da duração de cada exercício e redução do tempo de pausa entre os mesmos. Desta forma, conclui-se que a 2ª sessão de TFC obteve uma intensidade vigorosa e a 1ª uma intensidade moderada, manipulando apenas a densidade do treino. Mas, ao realizar-se uma análise mais pormenorizada dessas variáveis, não ocorrem diferenças significativas em todos os minutos das sessões de avaliação, concluindo-se que ocorreu uma aproximação da intensidade relativa nos minutos iniciais de ambos os TFC. Observando o comportamento do desenho das curvas, percebe-se que estes eventos se sucedem nomeadamente nos quatro minutos iniciais. Visto que, a partir do 5º minuto começam a suceder diferenças significativas da FC, através de valores superiores na 2ª sessão, logo, ocorreu um acréscimo de intensidade, que resultou do aumento da densidade do treino na 2ª sessão de avaliação.

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Ao comparar a FC e a PSE entre géneros, não foram detectadas diferenças significativas nas variáveis avaliadas durante as sessões de TFC. No entanto, os rapazes apresentaram um volume de treino significativamente superior em ambas as sessões. Esta variável do treino exibiu uma correlação com a MIGO, que se associou com a capacidade demonstrada pelos rapazes de produzir força muscular. Na comparação entre a FC e a PSE registadas na mesma sessão, fica patente que houve discrepâncias entre os valores dessas variáveis, indicando que os participantes do estudo não teriam consolidado o uso da escala de percepção de esforço OMNI-RES. Sugestões para Novas Investigações A comparação efectuada neste estudo, que se centra na obesidade na adolescência apenas contempla a resposta aguda, logo poderá ser o primeiro passo para estudar as variáveis relacionadas com a intensidade após adaptações crónicas ao TFC. A aplicação prática deste estudo sugere que a manipulação da densidade de um TFC poderá ser uma estratégia interessante para aumentar a intensidade do treino, sem ser necessário proceder à alteração de exercícios. Este incremento de intensidade deverá provocar adaptações crónicas, que poderão produzir melhorias na composição corporal, na ACR e aumentar o dispêndio energético após o exercício, através da elevação do EPOC. Referências Aires, L., Silva, P., Silva, G., Santos, M. P., Ribeiro, J. C., & Mota, J. (2010). Intensity of physical activity, cardiorespiratory fitness, and body mass index in youth. Journal of physical activity & health, 7(1), 54–9. Alcaraz, P. E., Sánchez-Lorente, J., & Blazevich, A. J. (2008). Physical performance and cardiovascular responses to an acute bout of heavy resistance circuit training versus traditional strength training. Journal of Strength & Conditioning Research, 22(3), 667–671. Baechle, T., & Earle, R. (2008). National Strength and Conditioning Association.Essentials of Strength training and Conditioning. (Human Kinetics, Ed.) (Third., pp. 394–99). Barlow, S. E. (2007). Expert committee recommendations regarding the prevention, assessment, and treatment of child and adolescent overweight and obesity: summary report. Pediatrics, 120, S164–92. doi:10.1542/peds.2007-2329C Behm, D. G., Faigenbaum, A. D., Falk, B., & Klentrou, P. (2008). Canadian Society for Exercise Physiology position paper: resistance training in children and adolescents. Applied physiology, nutrition, and metabolism, 33(3), 547–61. doi:10.1139/H08-020

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DISCUSSÃO GERAL

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Discussão Geral Nesta dissertação o primeiro passo foi o de estudar, de acordo com diversos artigos, quais os efeitos isolados e independentes do treino de força (TF) na composição corporal de crianças e adolescentes obesos. Tentou-se verificar quais os efeitos crónicos da resposta adaptativa ao TF obtida pelos jovens com excesso de peso e obesos quando sujeitos a intervenções de TF durante algumas semanas. O segundo passo foi o de testar qual seria resposta aguda da frequência cardíaca (FC) e da percepção subjectiva de esforço (PSE) manipulando a densidade do treino de força em circuito (TFC). A hipótese formulada relacionava-se com o aumento da intensidade de uma sessão para a outra, aumentando o tempo de exercício em detrimento do tempo de pausa, mantendo as restantes variáveis do treino inalteradas. Observando as discussões de ambos os artigos, coloca-se a hipótese de que, se a intervenção do presente estudo tivesse tido um desenho longitudinal, poderiam obter-se resultados relevantes na aptidão cardiorrespiratória (ACR), na força e na composição corporal. Mas, para tal suceder parece importante realçar que teriam de ocorrer dois aspectos relacionados com o TFC: primeiro, teria que existir uma progressão ao longo da intervenção, ou seja, ajustes nas cargas, aumentando a percentagem (%) de uma repetição máxima (1 RM) em todos os participantes. Esta estratégia, que vai ao encontro do princípio da sobrecarga, iria evitar que os participantes se acomodassem ao estímulo durante a intervenção, criando sempre novas adaptações ao TFC, sem alterar as restantes componentes de um mesociclo com algumas semanas (Benson, Torode, & Singh, 2008; Davis et al., 2011; Falk et al., 2002; McGuigan, Tatasciore, Newton, & Pettigrew, 2009; Sgro, McGuigan, Pettigrew, & Newton, 2009; Shaibi, Salem, Crespo, & Goran, 2006; Wong et al., 2008; van der Heijden et al., 2010). Em segundo lugar, poderia utilizar-se a manipulação da densidade, estratégia usada no presente estudo, que resultou em duas sessões de TFC com intensidades distintas organizando a intervenção de uma forma não linear ou ondulatória, alternando os dois treinos no microciclo semanal. Esta estratégia de periodizar o treino, certamente iria gerar mais motivação e interesse junto dos participantes, visto que nunca iriam ter duas sessões iguais, no que diz respeito à intensidade, assim como se verificou nos estudos de McGuigan et al. (2009) e de Sgro et al. (2009). Por intermédio de intervenções de treino em circuito combinado (TCC) (exercícios de força combinados com exercícios cardiovasculares de curta duração), parece existir evidência

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científica não só no que diz respeito aos ganhos relevantes da capacidade de força (Benson et al., 2008; Davis et al., 2011; Falk et al. 2002; Lee et al., 2010; McGuigan et al., 2009; Naylor et al., 2008; Shaibi et al., 2006; van der Heijden et al., 2010; Velez et al., 2010; Watts et al. 2004), mas também ao aumento considerável daaptidão cardiorrespiratória (ACR)(Bell et al., 2007; Davis et al. , 2011; Lee et al., 2010; Watts et al., 2004; Wong et al., 2008). Essa evidência ocorre tambémna relação entre o aumento relevante da massa isenta de gordura e osso (MIGO) e respectiva diminuição significativa de MG, após intervenções de TF convencional ou em TCC(Benson et al., 2008; McGuigan et al., 2009; Naylor et al., 2008; Sgro et al., 2009; Shaibi et al., 2006; Velez et al., 2010; Watts et al., 2004; Wong et al., 2008). Relativamente ao presente estudo observacional, a análise geral da resposta aguda da FC e da PSE demonstra que a 2ª sessão de recolha de dados obteve uma intensidade vigorosa e a 1ª sessão de recolha de dados obteve uma intensidade moderada.Esta diferença significativa ocorreu devido à manipulação da densidade que aumentou de uma forma relevante as diversas variáveis estudadas: percentagem da FC máxima (% FCmax), valor máximo (Vmax) da FC, média e Vmaxda PSE e o volume detreinoefectuado por todos os participantes. Apesar de se ter registado uma diferença significativa no volume dotreino entre géneros, devido às diferenças na composição corporal, avaliadas por densitometria radiológica de dupla energia (DXA)(rapazes com valores bastante mais elevados de MIGO), não se registaram diferenças significativas nas restantes variáveis (% FCmax, Vmax da FC, média e Vmaxda PSE). Importa realçar que, ao efectuar-se uma análise mais pormenorizada da FC e da PSE, não ocorreram diferenças significativas em todos os minutos/ séries, apesar da análise geral indicar diferenças significativas nestas duas variáveis. De uma forma global, nos minutos finais de cada TFC, verificaram-se discrepâncias entre a intensidade relativa (FCmax) e a intensidade percepcionada (OMNI-RES) o que poderá ter sido influenciado pelo número elevado de falhas técnicas que ocorreram nos últimos minutos de cada sessão. Estas ocorrências sucederam devido ao valores reduzidos de ACR e MIGO nas raparigas da amostra, que foram as responsáveis pela totalidade das falhas, nos minutos em questão. Conclusões Em termos práticos, a manipulação da densidade de um TFC poderá ser uma estratégia interessante para aumentar a intensidade do treino, sem ser necessário proceder à alteração de

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exercícios ou da % de 1 RM. Este incremento de intensidade deverá provocar, em termos crónicos, melhorias na composição corporal, na ACR e aumentar o dispêndio energético após o exercício, através da elevação do EPOC. Esta hipótese poderá ser fundamentada, não só pelos resultados e conclusões dos estudos transversais em adultos, que avaliaram a intensidade do TFC, através da FC, mas também pelas alterações significativas verificadasnas intervenções longitudinais, com TFC em adolescentes obesos. Salienta-se ainda que a evidência recolhida indica que o TFCpoderá será uma estratégia adequada de intervenção de TF isolada, visto que estudos em crianças e adolescentes obesos associaram às diminuições significativas do perímetro da cintura ou da MG, acréscimos relevantes na força e na ACR. Por fim, no TFC, o mesmo plano de exercício, com a mesma duração total, pode atingir uma maior intensidade de esforço através do aumento da duração de cada exercício e redução do tempo de pausa entre os mesmos. Assim, através dos resultados obtidos pelo presente estudo, poderemos afirmar que o método utilizado poderá ser mais uma estratégia para oaumento do dispêndio energético, por forma a que crianças eadolescentes obesos cumpram as recomendações de actividade física. Reflexão e Implicação do Estudo Existe uma diferença importante entre a revisão sistemática da literatura e o artigo observacional. Na primeira estudaram-se artigos que envolviam intervenções de diversas semanas, ou seja, apresentaram-se resultados obtidos através de adaptações crónicas ao TF e TFC. No artigo de investigação observacional, pelas suas características, apresentaram-se resultados analisados através de uma resposta aguda ao TFC. No entanto, além de analisarem variáveis obtidas através de TF, no segundo caso em circuito, os dois artigos da presente dissertação contêm outro aspecto em comum: amostras com adolescentes obesos. A opção por efectuar uma revisão sistemática de literatura com estudos longitudinais explica-se pelas dificuldades em pesquisar artigos com as variáveis em estudo e características semelhantes às presentes nesta dissertação. Usando o método descrito por Liberati et al. (2009), não se encontraram artigos em que tivesse sido estudada a resposta aguda da FC e da PSE, num TFC em adolescentes obesos. A decisão de estudar apenas a resposta aguda da FC e da PSE, verificando se ocorria alteração na intensidade, através de uma manipulação da densidade do treino, foi tomada com base em três factores. Primeiro, as dificuldades de logística inerentes à realização de um

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estudo com essas características, tendo em conta a forma como se organizou a recolha de dados e os recursos humanos e materiais envolvidos, numa intervenção com algumas semanas, procurando analisar resultados de uma adaptação crónica ao TFC. Em segundo a especificidade do projecto (TOP) onde a amostra estava inserida. E por fim, chegou-se à conclusão de que estudar os benefícios do TFC, em adolescentes obesos, seria comprovar um facto largamente justificado por evidências científicas na literatura. Mas, como não foram encontrados estudos relacionados com a obesidade na adolescência, em que investigassem a resposta aguda da FC, e/ou da PSE, num TFC, decidiu-se seguir esse caminho. Desta forma, apenas se podem colocar suposições e hipóteses de como seriam os resultados após uma intervenção longitudinal, ou seja, ao invés de estudar a resposta aguda, analisar a adaptação crónica num TFC, ao nível da FC e da PSE e quais os efeitos na composição corporal. Houve diversos aspectos na revisão sistemática de literatura que poderiam ter sido realizados de forma diferente, com o intuito de redigir um documento mais preciso e forte em evidências científicas: os critérios de inclusão para a recolha de artigos estariam demasiado abrangentes. Ao incluir amostras com crianças obesas, não foi possível comparar exclusivamente adolescentes obesos nos diversos estadios de maturação. Este facto ganha relevância pois a amostra do estudo observacional era composta apenas por adolescentes obesos. A discussão da revisão sistemática de literatura poderia ser mais objectiva se estivesse focada apenas nas alterações na composição corporal. Ao incluir a ACR e a força no sumário de evidências científicas, a análise às possíveis associações entre o TF, ou TFC com a composição corporal, tornou-se enviesada. Por fim e de forma a reduzir o risco de viés nas conclusões, deveriam ter sido escolhidos artigos apenas com intervenções de TF ou TF em circuito combinado com exercícios aeróbios de curta duração. Este facto tornou-se relevante, pois ao comparar dois métodos de treino completamente distintos na sua organização e metodologia, os resultados expressos na discussão foram enviesados. Em relação ao artigo observacional apresentado nesta dissertação, houve diversos aspectos que deveriam ter sido abordados de forma diferente: a amostra é bastante reduzida (N = 12) e não randomizada, logo deveria ter sido criado uma estratégia para recolher os dados dos participantes do TOP que faltaram a uma ou às duas sessões de TFC, visto que o programa tinha 21 participantes.

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Com uma amostra mais robusta, poderia ter-se efectuado uma randomização em dois grupos e realizar um estudo com um desenho crossover. Desta forma, as comparações entre as variáveis seriam mais sólidas e com menor risco de viés. No entanto, realizou-se um rigoroso controlo de todas as componentes que compunham as duas sessões de recolha de dados (descrito no método), que foram minuciosamente planeadas e executadas de forma a diminuir o risco de viés dos resultados das variáveis estudadas. Outro ponto forte do estudo transversal apresentado nesta dissertação foram os procedimentos estatísticos (descrito no método), pois realizaram-se testes de aderência à distribuição normal na variável diferença e verificação de correlações entre variáveis para amostras emparelhadas. Para as amostras independentes, além do teste acima referido, efectuou-se um teste de verificação à homogeneidade das variâncias. Os resultados obtidos pelo estudo indicam que há relevância para se avançar para uma investigação longitudinal com uma amostra mais robusta. Este estudo poderá ter sido o ponto de partida para se investigar com mais relevo um aspecto fulcral no TF tendo como objectivo a gestão do peso: a intensidade do exercício. No estudo apresentado esta componente do treino foi avaliada através da FC e de uma escala de PSE adaptada para TF em adolescentes. Existem outras formas de medir a intensidade do treino, como o consumo máximo de oxigénio, a FC de reserva, o talk test e o equivalente metabólico (MET) (Ehrman et al., 2010; Garber et al., 2011). Mas tendo adoptado um critério baseado na exequibilidade, robustez de dados recolhidos, recursos humanos e materiais necessários, a FC (através de valores absolutos e/ou relativos) e uma escala de PSE terão sido boas opções.

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Apêndices Apêndice I Ficha de registo das sessões de avaliação das 10 RM Apêndice II Ficha de registo das sessões de recolha de dados Apêndice III Escala de esforço OMNI-RES Apêndice IV - Apêndice XI Fichas de identificação da estação/ exercício do circuito de força Apêndice XII Mapa da sala de exercício com localização dos exercícios, do Polar Team2 e do cronómetro

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i

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Apêndice I

Código:

Nome:

Idade: Ficha de Registo de 10 RM

Escala de Percepção Subjectiva de Esforço - OMNI-RES

Protocolo de 10 RM Procedimentos: 1. Aquecer com uma carga leve que permita 10 a 15 repetições com facilidade; 2. Determinar os múltiplos de RM em 4 tentativas, com pausas de 2 a 3’ entre elas; 3. Seleccionar uma carga inicial que esteja entre os 50 e 70% da carga máxima; 4. Aumentar progressivamente as cargas (entre 2,5 e 10 kg), usando a escala de esforço até que o sujeito não consiga realizar 10 RM; 5. Repetir sempre a última carga para haver certeza dos 10 RM; 6. Todas as repetições devem ser executadas com a mesma velocidade de execução (1’’ na fase concêntrica, 0’’ na fase isométrica e 1’’ na fase excêntrica), para tal será usado um metrónomo a 60 bpm; 7. Todas as repetições devem ser efectuadas com a mesma amplitude.

Exercícios

1ª tentativa Carga OMNI-RES

Determinação de 10 RM 2ª tentativa 3ª tentativa Carga OMNI-RES Carga OMNI-RES

4ª tentativa Carga OMNI-RES

1-LEG PRESS 2-SEATED ROW 3-SEATED CHEST 5-LEG CURL 6-LAT PULLDOWN 7SHOULDER PRESS

Sessão nº

Data:

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ii

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Apêndice II

ex inicial+grupo:

4G1

ID: 1

Emissor: 1

Nome: TOP1

Ficha de Registo de Treino Força Circuito Escala de Percepção Subjectiva de Esforço - OMNI-RES

Circuito de força com 30''+30'' Exercícios

1ª série

Circuito de força com 40''+20'' 1ª série

2ª série

2ª série

50% de 1RM OMNI-RES 50% de 1RM OMNI-RES 50% de 1RM OMNI-RES 50% de 1RM OMNI-RES

1-LEG PRESS

40

40

40

40

2-SEATED ROW

20

20

20

20

3-SEATED CHEST

40

40

40

40

assinalar se colocou joelhos

assinalar se colocou joelhos

assinalar se colocou joelhos

assinalar 4se colocou PRANCHA joelhos 5-LEG CURL

40

40

40

40

6-LAT PULLDOW N

40

40

40

40

7SHOULDE R PRESS

20

20

20

20

assinalar se colocou joelhos

assinalar se colocou joelhos

assinalar se colocou joelhos

8assinalar PRANCHA se colocou LATERAL joelhos

NOTA1: Se o participante não conseguir realizar mais repetições, deve suportar a carga em contração isométrica até o cronómetro apitar--> devemos assinalar essa ocorrência. NOTA 2: Amplitude total, velocidade de execução 1+1, evitar manobra de valsalva e pegas sempre em pronação.

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iii

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Extremamente fácil

Fácil

Um pouco fácil

Um pouco difícil

Difícil

Extremamente difícil

Apêndice III

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iv

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Apêndice IV

LEG$PRESS$

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v

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Apêndice V

SEATED$ROW$

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vi

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Apêndice VI

SEATED$CHEST$

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vii

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Apêndice VII

PRANCHA$

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viii

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Apêndice VIII

LEG$CURL$

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ix

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Apêndice IX

LAT$PULLDOWN$

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x

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Apêndice X

SHOULDER$PRESS$

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xi

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Apêndice XI

PRANCHA$LATERAL$

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xii

janelas

4 prancha

sessão nº

8 prancha lateral datashow 1 com cronómetro e escala de esforço na 1ª sessão

2 seated row

cronómetro 3 Seated chest

metrónomo

5 leg curl

1 leg press

7 shoulder press

secretaria + aparelhagem

datashow 2 com info em directo do polar team

lat pulldown

6

vidro

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Apêndice XII

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xiii

porta

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xiv