OS MALES DA INCREDULIDADE

OS MALES DA INCREDULIDADE 1 OS MALES DA INCREDULIDADE Valdiney Campos www.evangelhodejesuscristo.weebly.com 2 Sumário Introdução: pag. 4 Capít...
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OS MALES DA INCREDULIDADE

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OS MALES DA INCREDULIDADE

Valdiney Campos

www.evangelhodejesuscristo.weebly.com 2

Sumário

Introdução: pag. 4 Capítulo 1: A fé é a prova do que não se vê - pag. 6 Capítulo 2: Os males da incredulidade - pag. 10 Capítulo 3: O benefício da fé - pag.18 Capítulo 4: A perfeita justiça de Deus - pag.21 Capítulo 5: A verdadeira religião - pag.25 Capítulo 6: O consolo do Espírito Santo - pag. 27 Capítulo 7: O que significa “Deus”? - pag. 32

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Introdução Nesses últimos anos a incredulidade tem crescido em massa e isso acontece devido à apostasia da igreja. O número de evangélicos tem crescido numerosamente, na mesma medida que a igreja tem se afastado de Deus. Os templos religiosos estão cheios de crentes que vivem longe de Deus, e que nem mesmo tiveram um contato real com o Espírito Santo. É por esse motivo que a corrupção e a imoralidade impera nas denominações cristãs, e com isso, a incredulidade dos que estão de fora aumenta a cada dia. No entanto, incredulidade não é apenas o ato de negar a Deus com a boca, mas a incredulidade consiste em não crer nas palavras de vida de Jesus, para viver por elas. O crente que realmente crê em Jesus não apenas confessa o seu nome com a boca, mas vive por ele. O fato lamentável é que muitos confessam com a boca um falso Cristo, e vivem por ele, o qual na realidade é um ídolo criado apenas para servir o crente em tudo que ele acha que necessita. Contudo, o verdadeiro Cristo em que deve ser crido é aquele que ensina que o mundo não gira em torno do homem, e que Deus não existe simplesmente para servir o homem. O Cristo verdadeiro ensina que a real necessidade do homem é o amor, tanto para com o Criador, como para o próximo. O verdadeiro Cristo ensina que o propósito de vida do cristão é crescer em amor e não em finanças. O evangelho está encoberto e o verdadeiro Cristo que amou o mundo não tem sido anunciado. É por esse motivo que a incredulidade aumenta tanto, pois os “grandes” líderes cristãos acumulam dinheiro e investem nos seus impérios enquanto há no mundo pobres que não tem nem mesmo o que comer e vestir. Como pode estar neles o amor de Deus, como disse o apóstolo João (1 João 3.17)? 4

O fato é que está sendo anunciado na maioria das igrejas um ídolo e não o Filho de Deus, o qual deu o seu sangue pelos pecados. Hoje sequer falam do grande mandamento de Deus, que é amá-lo de todo o coração, de toda a alma, de todas as forças e de todo o pensamento, e amar ao próximo como a si mesmo, por meio do amor com que o cristão tem recebido de Deus. O culto aos ídolos nas igrejas tem levado os crentes a serem a cada dia mais individualistas, e a caminharem a passos largos pelo caminho largo, o qual conduz o homem à perdição. Portanto, o verdadeiro Cristo em que deve ser crido é o Cristo do amor, que morreu por amor, e envia o seu Espírito de vida para todo aquele que nele crê, e não o Cristo do individualismo.

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Capítulo 1 A fé é a prova do que não se vê A incredulidade não invade apenas a vida daqueles que negam a Deus, mas também tem invadido a vida dos crentes, causando neles dúvidas existenciais. Ora, sabemos que sem fé é impossível agradar a Deus (Hebreus 11.6), portanto, o servo não deve esperar ver para crer, mas ele deve crer para viver a vida que Jesus oferece, e com isso, ver a glória de Deus: "Jesus respondeu-lhe: Eu não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?" (João 11.40). Portanto, a fé não pode ser dependente do sentir, ver, tocar, pois a fé é a certeza das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se vêem (Hebreus 11.1). O servo não deve querer ver para crer, mas deve crer para viver os benefícios interiores da fé. Jesus não pregava como tentando provar a existência de Deus, mas pregava a fé, e é observável que a fé funciona, por esse motivo a fé é a prova daquilo que não se vê. Contudo, a maior prova da funcionalidade da fé não são os milagres exteriores e sim o novo nascimento, a mente renovada. No entanto, muitos não utilizam a fé para orar a Deus porque não encontram razão suficiente ou respostas imediatas nas orações. Portanto, é necessário esclarecer que a oração precisa estar acompanhada da motivação correta, e a grande motivação para se orar a Deus é se relacionar com ele em amor e não para pedir proteção ou 6

realizações de sonhos. O fato é que uma das maiores evidências de que Deus se relaciona com o homem é a evidência de que a fé não é vã, ou seja, a fé em Jesus faz com que várias coisas impossíveis de serem realizadas na vida de uma pessoa seja possível. A busca por Deus não é vã. A fé é a prova das coisas que não sem veem (Hebreus 11.1) porque ela funciona, isto é, a fé dá ao homem a satisfação interior que ele tanto deseja. É impossível renunciar as coisas desse mundo por razões vagas e inúteis, mas o cristão renuncia por amor a Jesus. O sinal é apenas uma forma de levar as pessoas a viverem a vida verdadeira, que consiste em crer e amar a Jesus. O sinal não firma o homem em Cristo, mas é o amor que o firma. O sinal é um meio que leva o homem a amar, mas quem ama não precisa do sinal, o que ele precisa e deseja é mais da presença de Deus. O cristão não necessita de um sinal para manter a sua fé porque a vida que ele desfruta por meio da fé em Cristo é suficiente para que ele continue crendo nele, mesmo nunca o tendo visto. Mesmo que o cristão nunca tenha visto Jesus, e que seja colocada dúvidas em sua mente, ele continuará crendo nele com toda a sua vida, pois ele já desfrutou dos frutos internos da fé e por isso ele sabe e tem comprovado no seu viver que viver pela fé em Jesus é a verdadeira fonte de vida; fora dessa vida em abundância não há vida, mas há pecado, angústias, preocupações, insatisfações, ansiedade, medo, dor, e morte. Os sinais de Deus não são para aqueles que amam, mas para aqueles que são menos propensos a amar: “De sorte que as línguas são um sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis; e a profecia não é um sinal para os infiéis, mas para o fiéis.” (1 Coríntios 14.22). “Ao qual, não o havendo visto, amais; no qual não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso;” (1 Pedro 1.8). 7

O sentimento capaz de produzir maior perseverança em uma pessoa é o amor. Portanto, é através do evangelho que o homem pode superar as barreiras que o faria desistir em pouco tempo, pois nada nem ninguém no mundo pode fazer o cristão sentir o amor e a gratidão na mesma medida que ele sente por Jesus. Esse o amor o leva a fazer o bem, não por si mesmo, mas por amor e gratidão a Jesus. Portanto, os cristãos não tem o chamado de ver para crer, mas tem o chamado de crer para ver a glória de Deus se manifestando diante daqueles que tem dificuldade de crer. A incredulidade é falta de amor. Quem ama a Deus oferta a sua vida a ele e confia, pois ele sabe o quanto Deus o ama e por isso todas as coisas que lhe acontecer cooperarão para o seu bem. O sinal serve para o servo como contemplação (sem apego) à maravilhosa obra de Deus. O apego deve ser somente a Deus, pois o apego a qualquer outra coisa que não seja a fonte de vida faz mal. A fé e o amor se abraçam, um colabora com o outro. Para que se tenha uma grande fé é necessário ter amor, e para que haja amor, é necessário usar a fé. O amor faz com que o crente abra mão da sua vida e morra para si mesmo para buscar viver a vida de Deus, e o amor só pode ser acrescentado por meio da fé, ao entregar mais do seu tempo para adorar aquele que não se vê, mas que está sempre presente no espírito do cristão, produzindo vida em abundância. O cristão continua crendo, mesmo não vendo, porque quanto mais ele crê de coração, mais ele desfruta da vida em abundância, e essa vida em abundância é vivida no relacionamento de amor com Deus, por meio da fé. Portanto, o que firma o cristão, crendo em Cristo, não é o sinal em si mas o que o firma é uma vida sendo desfrutada, a qual o mundo não pode oferecer, e essa vida satisfatória consiste no amor. Quando o

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cristão desfruta das palavras de vida eterna ele não deseja mais ir para outro lugar: “Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirai-vos? Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.” (João 6.67-68). A vida que o Criador concedeu consiste em viver pela fé. A vida verdadeira só pode ser vivida por meio da fé em amor. Deus escondeu a vida verdadeira na fé, mas depois revelou ao mundo que ela está disponível na fé. A vida verdadeira é o próprio Deus, ele é a vida (João 14.6). Portanto, o servo não deve pedir um sinal, mas deve pedir mais fé, pois o justo viverá pela fé (Romanos 1.17). Não é o sinal que fará o homem desfrutar da vida, mas é a fé que o fará desfrutar. O sinal leva a fé, e a fé leva ao desfrute (João 20.30-31) O sinal é apenas um meio de levar a fé, mas quem já desfruta da vida de Cristo por meio da fé não necessita de um sinal; quem não necessita de um sinal para viver o desfrute da fé é um bem aventurado (João 20.29). O crente que precisa de um sinal para se motivar mais em Deus ainda não se encheu da presença dele em seu coração. No entanto, é necessário que o cristão não busque a Deus tendo como interesse um desfrute, mas ele deve buscar a Deus para amá-lo e honrá-lo, e nesse amor ele passa a desfrutar a vida verdadeira. Muitas pessoas não se relacionam com Deus porque não sabem que o Senhor pode ser um Deus de perto; se elas entendessem um pouco do seu grande amor, que ele não é entediante, mas a fonte de vida, da constante satisfação, e que ele é um Deus de perto e não de longe, elas estariam se relacionando com o seu Espírito.

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Capítulo 2 Os males da incredulidade A incredulidade é o resultado do orgulho e da soberba, e esses maus atributos não são necessariamente dependentes de altas posições sociais, pois os pobres e os incultos são propensos a se tornarem mais orgulhosos e soberbos do que os ricos e os cultos. Na maioria dos casos seria um grande problema para muitos o fato de um pobre se tornar rico por acaso: “Por três coisas se alvoroça a terra; e por quatro que não pode suportar: Pelo servo, quando reina; e pelo tolo, quando vive na fartura;” (Provérbios 30.21-22). Quando o Senhor fala sobre o julgamento dos injustos, os soberbos são considerados como insuportáveis: “Aquele que murmura do seu próximo às escondidas, eu o destruirei; aquele que tem olhar altivo e coração soberbo, não suportarei.” (Salmos 101.5). Na realidade, todos os homens são injustos diante de Deus, mas alguns serão considerados justos e serão justificados porque reconheceram a sua injustiça e se apegaram à salvação do Senhor, mas outros serão considerados injustos e serão condenados por causa do orgulho ao não aceitar a salvação do Senhor. Os soberbos negam a Deus porque eles não aceitam se submeter a fé. Deus só se manifesta por meio da fé e não pelo esforço intelectual. 10

Há homens são tão soberbos que cometem a estupidez de querer submeter Deus a eles. A revelação vem quando o homem, por meio da fé, entrega os seus sentidos e sentimentos a Deus. Pela razão entende-se, de forma limitada, o que está relacionado à criação de Deus, mas o próprio Deus não pode ser compreendido por meio da razão, senão pela submissão. Por várias vezes os judeus tentaram colocar Jesus à prova pedindo um sinal. No entanto, a conversão a Jesus só é realizada por meio da fé em amor e não da compreensão lógica. Os discípulos não queriam nem saber se Jesus proferia palavras absurdas aos ouvidos humanos, como derrubar o templo e reconstruí-lo em três dias. O que os discípulos queriam era estar perto do amor de Jesus. Jesus não tinha nenhum compromisso com a religião, ou com o que as pessoas em sua volta iriam pensar dele. Somente depois da ressurreição de Jesus que os discípulos entenderam que o templo que ele se referia era o seu próprio corpo. Por isso, o cristão não precisa entender a Jesus cientificamente ou teologicamente, mas espiritualmente (2 Coríntios 5.16). Na realidade o que o cristão precisa é simplesmente buscar amar a Jesus para depois entendê-lo. É muito importante que os sinais estejam acompanhados do homem de Deus, contudo, eles devem ser manifestos na hora de Deus, e não na hora em que os incrédulos pedirem sinal. Herodes tratou Jesus como um milagreiro, esperando contemplar um sinal da parte dele, mas não viu sinal algum. Não tem o porquê de o crente querer discutir a existência de Deus se o Senhor não quer discutir a sua própria existência. Deus não quer discutir ou provar a sua existência, mas ele quer manifestar a sua existência. No entanto, ele não manifesta a sua existência na hora que o incrédulo quer, mas ele se manifesta na hora mais oportuna. Há muitas pessoas que dizem que a ciência e a fé não se misturam. Contudo, a ciência e a fé irão entrar em atrito se tratarem da fé como uma ciência ou se tratarem a ciência como uma ideologia. É fato também que muitos cientistas e intelectuais acham uma grande tolice o fato de levarem a sério um livro que conta a história da 11

criação, e da forma absurda como é contada. No entanto, é nisso que está a maravilha de Deus, pois ele usa as coisas loucas para confundir as sábias e as fracas para envergonhar as fortes. O Senhor revela os mistérios da criação de uma forma tão simples e absurda porque ele resiste aos orgulhosos que se gloriam de si mesmos. O Senhor Deus odeia o orgulho, e por esse motivo, ele se revela apensa àqueles que se fazem pequenos: “Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do Céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelastes aos pequeninos.” (Mateus 11.25). O fato de Deus revelar como foi que ele criou a vida humana em um livro é uma forma de zombar dos soberbos, os quais desejam desvendar os mistérios da vida por conta própria para depois se gloriarem de si mesmos: “E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.” (1 Coríntios 1.28-29). O nível mais elevado da soberba é a auto justificação, isto é, o homem achar que pode ser perfeitamente íntegro sem a ajuda de Deus. O seu orgulho o faz pensar que ele é justo o suficiente, quando na realidade ele faz muito mal ao próximo sem o saber; em alguns casos um homem cheio de orgulho pode fazer mais mal ao próximo do que um ladrão ou um assassino, pois o homem orgulhoso massacra interiormente, e aos poucos, o seu próximo. A auto-justificação leva o homem a discriminar aqueles que não possuem o mesmo nível moral que ele pensa que possui, e isso é desprezível diante de Deus, por esse motivo o Senhor disse por meio 12

do profeta: “Ai daqueles que são sábios a seus próprios olhos, e prudentes diante de si mesmos!” (Isaías 5.21). Também é próprio dos soberbos zombarem daqueles que esperam no Senhor: “Os soberbos zombaram grandemente de mim; contudo não me desviei da tua lei.” (Salmos 119.51). Muitos dos soberbos também mentem para si mesmos e forjam mentiras contra a verdade de Deus. Eles tampam os seus ouvidos e os seus corações para a verdade de Deus e preferem crer no engano dos seus corações a se submeterem à verdade. A incredulidade cega um indivíduo de tal forma que ele duvida do poder de Deus, mesmo vendo coisas grandiosas da parte do Senhor. Assim aconteceu com o povo que saiu do Egito e pereceu no deserto: “E falaram contra Deus, e disseram: Acaso pode Deus prepararnos uma mesa no deserto?” (Salmos 78.19). Esse povo que duvidou que Deus poderia dar comida a eles no deserto é o mesmo que contemplou as dez pragas no Egito e o mar vermelho se dividindo no meio. O sinal não levará ninguém a seguir a Deus, mas o que o levará a obedecer os mandamentos de Deus é o desfrutar desses mandamentos. O crente que não desfruta dos mandamentos não segue os mandamentos em verdade. O coração duro leva uma pessoa a ser incrédula, e a incredulidade cega uma pessoa de tal forma que ela vê coisas grandes, mas não entende: “Nossos pais não entenderam as suas maravilhas no Egito;” 13

(Salmos 106.7). O coração duro é a maior barreira para o entendimento, por esse motivo o homem não deve deixar o seu coração endurecer quando ele for buscar o Senhor e ouvir a sua voz: “Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto.” (Hebreus 3.7-8). A soberba do homem lhe cega os olhos espirituais e impede a visão do que realmente é grande. A prepotência que os soberbos tem, dizendo nos seus corações que eles são sábios, não é sabedoria: "Tens visto um homem que é sábio aos seus próprios olhos? Maior esperança há no tolo do que nele" (Provérbios 26.12). Na realidade a arrogância é o nível mais elevado da ignorância. Os imprudentes que reconhecem a sua imprudência e se arrependem diante de Deus, conhecerão o Senhor e serão justificados por ele. Mas os prepotentes, que são prudentes em si mesmos, perecerão na sua prudência, caso não se arrependam: “Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e prudentes diante de si mesmos!" (Isaías 5.21). Qualquer ato de justiça humana diante de Deus é como um trapo de imundícia: "Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo de imundícia; todos nós caímos como a folha, e nossas culpas, como um vento, nos arrebatam" (Isaías 64.6). A seguinte afirmação: "Não mato, não roubo, pago minhas contas em dia" demonstra os frutos de um bom cidadão do sistema social. Porém, Deus não quer preparar o homem viver nesse sistema social injusto e egoísta, mas quer prepara-lo para o levar ao seu reino eterno, 14

fato que se torna possível através da fé naquele que andou na terra sem cometer nenhuma injustiça - o Senhor Jesus. Engana a si mesmo aquele justifica sua fidelidade pela infidelidade dos outros. O homem precisa conhecer a fidelidade de Deus para reconhecer que é infiel. O homem não pode entrar no Reino de Deus na condição de infiel, no entanto, Jesus pagou esse preço, basta reconhecer e crer. O ato de fazer as coisas certas na terra não garante a entrada no céu, mas o que garante é crer no coração que Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos, e não ter vergonha de confessar para todos que ele é o Salvador de todo aquele que nele crê. Ao reconhecer a justiça daquele que morreu sem culpa, o homem sincero reconhecerá que a sua justiça própria não é suficiente para lhe salvar. O fato é que as coisas mais valorosas que existem não são adquiridas por capacidade humana, mas pela submissão em fé. As coisas mais excelentes estão escondidas em Cristo (Colossenses 2.23), e são reveladas aos que se fazem pequenos: "Naquele tempo Jesus exclamou: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelastes aos pequeninos" (Mateus 11.25). Uma das coisas mais admiráveis em Deus é o fato de os maiores tesouros que existem não estar no domínio dos ricos e doutores, mas com os humildes; boa parte deles nem completou o ensino fundamental, não foram instruídos por professores, mas receberam as riquezas do Espírito de Deus. Há também pessoas tão soberbas que acham que podem investigar Deus. O Senhor não se sujeita a ser investigado pelo homem. Quando os discípulos tentaram interrogar Jesus, ele não permitiu: “Diziam, pois: Que quer dizer isto: Um pouco? Não sabemos o que diz. Conheceu, pois, Jesus que o queriam interrogar, e disselhes: Indagais entre vós acerca disto que disse: Um pouco, e não me vereis, e outra vez um pouco, e ver-me-eis?” (João 16.18-19).

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O ato de rebelar-se contra Deus é o cúmulo da arrogância. A pessoa que se rebela contra o Senhor causa um dano a si mesma maior do que pegar uma corda, se amarrar em uma âncora e se lançar no fundo do mar, pois esse ato pode confundir muitas pessoas que buscam a vida. Aquele que aborrece o Senhor violenta a sua própria alma (Provérbios 8.36). Mas o fato é que há réus rebeldes que querem julgar o Juiz justo. Se o crente passar por dúvidas existenciais, ele não deve ter a presunção e a arrogância de pensar que a sua justiça própria é superior à justiça de Deus, mas ele deve se humilhar diante do Senhor em oração, e então a justiça de Deus, a qual é baseada no amor, será manifestada, e com isso, ele reconhecerá que é indigno diante de Deus e que a sua justiça diante dele é como um trapo de imundícia (Isaias 64.6). O amor de Deus é sobrenatural, ou seja, ele vai além da capacidade humana de amar, portanto, o amor de Jesus derramado no coração do cristão sincero é uma amostra de que Deus é real e que ele está entre os homens. A humildade é uma grande virtude, mas a soberba é uma qualidade desprezível. A humildade é o oposto da soberba, e considerando que a soberba é uma má qualidade e a humildade é uma excelente virtude, entende-se que Deus é humilde. A humildade não é ausência de grandeza, inteligência, riqueza, mas a humildade está relacionada com o caráter moral. Deus possui em si mesmo a plenitude da riqueza, da grandeza, da sabedoria, da inteligência, e vários outros atributos, inclusive o amor, e mesmo com tantos atributos que o glorifica, ele foi humilde o suficiente para se dispor a entregar parte de si, o que ele tinha de mais valoroso - o seu próprio Filho, o qual mesmo sendo em forma de Deus, se esvaziou de si mesmo em favor da humanidade que o afrontou, demonstrando assim a sua grande humildade ao perdoar a todos, até mesmo aqueles que não querem ser perdoados. No entanto, quem não quiser ser perdoado não será perdoado. Jesus já pagou pelos pecados de todos, mas aquele que recusar o perdão de Jesus pagará o preço da rejeição (Hebreus 2.3). As pessoas que pecam voluntariamente e sem temor, 16

mesmo tendo o conhecimento da glória de Deus e da graça de Jesus, é que são as pessoas que rejeitam a salvação de Jesus. A rebeldia do homem consiste no fato de que ele nega buscar amar ao próximo como a si mesmo, por meio de Cristo, o qual deu a sua vida por todos que se rebelaram contra Deus escolhendo viver uma vida egoísta, buscando apenas satisfazer os seus próprios interesses. Seria falta de bom senso Deus deixar impune um rebelde que escolhe por si mesmo a rebeldia ao não aceitar o perdão que foi lançado a ele. Deus não deixará impune aquele que negar o seu conserto, o qual leva os homens a amarem e servirem uns aos outros.

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Capítulo 3 O benefício da fé Aquele que tem uma convicção firme no seu interior - o Espírito Santo, não se deixa ser guiado por suposições e superstições, mas ele é seguido pela fé que é operada em amor. O ato de confiar em palavras do homem é um grande erro, mas tudo deve ser comprovado: "Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem, e vê." (João 1.46). "E buscar-me-eis, e me achareis quando me buscardes com todo o vosso coração." (Jeremias 29.13). Os discípulos confirmaram que Jesus era verdadeiro ao vê-lo e ouvi-lo. No entanto, as pessoas de hoje confirmarão que Jesus é verdadeiro ao busca-lo por meio da fé, pois a fé em Jesus, em amor, proporciona aos crentes uma vida de satisfação contínua que o mundo não pode oferecer para as pessoas, nisso o homem entenderá que Jesus é verdadeiro e que a fé nele não é vã. Com isso, entende-se que Jesus não é um amigo de imaginação, mas é um amigo de fé, pois um amigo de imaginação não pode produzir paz, satisfação, alegria e segurança, mesmo nos maiores passando pelos maiores problemas e desafios dessa vida. Depois que o homem desfruta do fruto da fé em Cristo, ele entende que se Deus não existisse não valeria a pena existir. O cristão não busca a luz porque tem medo do escuro, mas ele a busca porque ele necessita dela para caminhar na vida verdadeira. 18

O homem soberbo diz que consegue superar com as próprias forças os seus problemas, mas essa afirmação não é verdadeira, pois a sua arrogância já é um sério problema que precisa ser resolvido. Os soberbos “superam” muitas coisas à base do insulto, e isso não é superação, mas destruição de si mesmo e do próximo. Os soberbos também dizem que não precisam de Deus porque eles vivem “seguros nessa vida”. No entanto, essa afirmação não é verdadeira, pois, diante de uma situação de perigo de morte, qualquer ser-humano temerá e buscará fazer de tudo para fugir da morte, pois, o ser-humano anseia pela vida, até mesmo os suicidas, pois todo suicida não busca tirar a sua vida, mas busca tirar a sua falta de vida. Contudo, o cristão não teme a morte, encarando serenamente os maiores perigos, porque ele sabe que a destruição do corpo não é o fim da vida. Portanto, somente a fé pode produzir a verdadeira paz e segurança. A escritura diz: "Os céus manifestam a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra das suas mãos" (Salmos19.1) Ao observar a imensidão do universo e o tamanho das maiores estrelas, as quais são assustadoramente maiores do que o imenso sol, é perceptível que, materialmente, o planeta terra tem menos valor do que um grão de areia na beira do mar, diante do universo. A criação poderia ter sido facilmente exterminada ou simplesmente ser esquecida por terem virado as costas para Deus. Porém, o mais incrível de tudo é quando se sabe que o amor de Deus é tão imensurável quanto a grandeza do universo, pois o Filho de Deus se fez homem e viveu neste ponto invisível do universo para salvar o homem que desobedeceu o seu Criador. A fé em um ser capaz de ter um amor tão grande como esse não pode produzir no homem outros atributos que não seja a paz e a segurança em meio aos maiores problemas e desgraças que existe no mundo. Aquele que busca conhecer os caminhos do Senhor por meio de investigação e não em humilhação, em submissão, é soberbo. Se o homem não quiser se humilhar diante do Senhor, o Senhor o 19

humilhará: "..e atenta para todo o soberbo, e abate-o. Olha para todo o soberbo, e humilha-o, e atropela os ímpios no seu lugar. Esconde-os juntamente no pó; ata-lhes os rostos em oculto. (Jó 40.11-13). Existem homens muito capazes que vencem tudo e todos, vencem até mesmo as barreiras da sociedade, mas não conseguem vencer a si mesmo, o seu próprio orgulho e a sua prepotência, a qual faz mal para o próximo. Não é suficiente buscar controlar o ego, mas o necessário é extingui-lo de si. No entanto, o homem só será convencido de que é necessário extinguir por completo o seu ego quando ele entender o significado do amor ao próximo.

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Capítulo 4 A perfeita justiça de Deus A misericórdia de Deus é sobre todos. Os homens tementes a Deus atentarão para a sua grande misericórdia e aceitarão o perdão do Senhor, por isso serão perdoados e purificados, mas os hipócritas e egoístas, os quais não atentam para a paciência de Deus, não ficaram impunes. Os hipócritas valorizam com a boca a misericórdia do Senhor mas a despreza com as suas ações, as quais são resultado das motivações do coração. O verdadeiro amor, o amor de Deus, o qual é revelado em seu Filho Jesus Cristo, é a maior loucura que pode existir para a razão humana. Por esse motivo Paulo havia escrito que a cruz era loucura para os gregos e escândalo para os judeus (1 Coríntios 1.23). O amor é a base da justiça de Deus. Se a justiça de Deus não fosse baseada em amor, todos já estariam condenados. Portanto, entrará no reino dos céus, aqueles que aceitarem o grande perdão de Deus, que foi manifestado por meio de Jesus. Os homens que aceitam o perdão de Deus são aqueles que se arrependem dos seus pecados e mudam o seu viver. Muitos dizem que Deus, sendo amor, não pode condenar ninguém. No entanto, é um grande engano relacionar o amor com a impunidade. A base da justiça de Deus é o amor, isto é: Deus já se dispôs a perdoar os piores pecados, pagando o terrível preço desses pecados, mas se o pecador não quiser aceitar esse perdão, ou seja, se ele negar esse perdão o desprezando pelo modo de viver, ele pagará o preço da rejeição. Não é falta de amor condenar alguém que rejeita a absolvição 21

gratuita, isso seria impunidade e não falta de amor. Não existe amor forçado. As pessoas não podem relacionar o amor com a impunidade. O verdadeiro amor não aceita que a injustiça seja praticada, no entanto, a justiça é feita com tristeza, pelo fato de não haver solução para tal pessoa, como se vê na seguinte passagem: “Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito, e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara.” (Mateus 18.31). A justiça de Deus é tão perfeita e rígida que para um pecado de simples desobediência foi necessário um preço de sacrifício tão caro, o qual Jesus pagou tudo em favor do homem. Ao pensar o quanto foi caro o preço do pecado, e que o homem não precisou de pagar nem um por cento desse terrível preço, entende-se que Deus não é apenas justiça, mas ele também é amor; o seu amor é tão grande quanto a sua justiça. Portanto, não há problema em ser muito rígido, desde que haja muito amor. Mas se onde houver rigidez não houver amor, haverá ali um ditador cruel. Na realidade o amor é a base da perfeita justiça. É necessário haver justiça em relação ao pecado, pois, se não houvesse justiça, os transgressores não dariam valor no perdão. Jesus pagou o preço da transgressão, e com isso, os cristãos tem um grande apreço pelo perdão do Senhor. O Senhor não é apenas justo, mas também é misericordioso: “Justiça e juízo são a base do teu trono; misericórdia e verdade e misericórdia irão adiante do teu rosto.” (Salmos 89.14). A justiça de Deus não é pesquisada, mas revelada pelo Espírito Santo. Ela é revelada de acordo com o aprofundamento do cristão no evangelho: "Pois nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé..." (Romanos 1.16). 22

Os incrédulos não entendem, eles não tem conhecimento sobre o que é divindade, e com isso, colocam a culpa de todos os males que há no mundo em Deus. Deus não criou a maldade, mas criou o mal para o homem mau. Deus colocou no homem a liberdade de escolha, isto é, continuar com ele ou se afastar dele. Se Deus não fosse absolutamente confiável, logo ele não seria Deus. Quando se fala de Deus, é necessário entender que está se falando de um ser perfeito, justo, inerrante, imaculado, caso contrário não está se falando de Deus, mas de algum outro ser imperfeito que não pode ser chamado de Deus. Se Deus interferir na liberdade de escolha de uma pessoa que pratica maldade, ele irá interferir na livre escolha de todos, fazendo com que todas as pessoas pratiquem a perfeita justiça. No entanto, o amor verdadeiro não é forçado. Deus é o justo juiz e julgará cada um segundo suas obras. Na criação, Deus colocou no jardim do Éden a árvore do conhecimento do bem e do mal, mesmo sabendo que o homem desobedeceria. O Senhor não quis dar ao homem uma única opção, mas deu também ao homem a opção de rejeitar o seu amor. A maldade não estava na árvore, mas na má escolha de Adão. Se a árvore não tivesse sido colocada no jardim, o injusto seria Deus, pois dessa forma ele não estaria dando ao homem uma outra opção que não fosse estar junto dele. Deus colocou a árvore no jardim porque o relacionamento que ele quer ter com o homem é um relacionamento de amor recíproco. Este livre arbítrio de Deus consiste no que foi dito: "Posso não concordar com nenhuma das suas palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las." O Senhor deseja que o homem, por amor, escolha seguir o bem, mesmo que haja o conhecimento do mal. Apesar de ter conhecimento do bem e do mal é muito importante que o cristão seja inocente quanto ao pecado. No entanto, as pessoas querem culpar a Deus por algo que ele não fez. A desordem e o excesso de maldade que existem no mundo é consequência do afastamento do Criador de todas as coisas. Porém, escolha de desobedecer a Deus e se afastar dele foi exclusivamente do 23

homem, no entanto, Deus sempre deu ao homem a oportunidade de se reaproximar dele. O homem não pode praticar o bem de Deus por si mesmo, mas ele pode apoiar a sua fé nas perfeitas obras que Jesus praticou por ele. O coração do homem é purificado pela fé em Jesus, que praticou as obras de justiça perfeitamente. O seu caráter será moldado conforme o caráter de Cristo, de fé em fé (Romanos 1.16). Muitas pessoas vivem esta vida como se estivesse vivendo um jogo. Estão colocando em risco a própria vida, e ainda, frustrados, querem dar cartão vermelho ao Juiz justo. Quando um indivíduo tenta se defender de um pecado que ele cometeu, ele não defende apenas a si mesmo, mas defende o pecado também. A condenação do Senhor cairá sobre aqueles que não se arrependem, portanto, é necessário que o pecador assuma a sua culpa para que o pecado seja eliminado de sua vida e ele seja absolvido. O fogo do Senhor é um fogo de misericórdia que consome o pecado e purifica o pecador.

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Capítulo 5 A verdadeira religião A única força que pode fazer com que o homem viva uma vida que satisfaz é a fé em Cristo, é por esse motivo que a ideia de unir as religiões é uma prática no mínimo muito duvidosa. As pessoas só entrarão em acordo se estiverem unidas na mesma fé. Mas o cristão sabe que a sua fé e segurança está, e sempre estará apoiada em Cristo, apenas. A pergunta é: se há um só Deus, por que existem tantos valores incompatíveis entre uma religião e outra? O questionamento aqui não se trata de cultura ou de costumes, mas de valores morais e éticos. Deus não é bipolar. A realidade é que existem falsos deuses, que ensinam de tudo, menos amar ao próximo como Jesus amou. Por haver tantas religiões enganosas, criou-se uma discriminação à palavra “religião”. No entanto, o significado da palavra religião é a crença em seres sobrenaturais, portanto, todas as pessoas que acreditam em Deus, ou em seres sobrenaturais, necessariamente são pessoas religiosas. No entanto, existe diferença entre religião e sistema religioso. Quem segue a verdadeira religião, ou seja, o verdadeiro Deus, não é direcionado por sistemas de culto que as falsas religiões estabelecem, mas é direcionado pela vontade do Espírito Santo, o qual passa a habitar no interior de cada servo. Contudo, a dúvida seria em saber qual é a religião verdadeira entre tantas que existem. A resposta é que a verdadeira religião é aquela que pede para o homem renunciar todos os seus desejos egoístas e viver em função do amor ao próximo. O seguidor de Jesus não apenas ama o 25

próximo, mas dedica toda a sua vida por ele: "Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e devemos dar a vida pelos irmãos" (1 João 3.16). "A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo." (Tiago 1.27). A única doutrina que diz que os seus seguidores devem negar a si mesmo e viver pelo próximo é a doutrina do Espírito Santo. O verdadeiro significado do amor tem sido distorcido, mas a realidade é que o amor não busca o próprio interesse, mas o interesse do próximo (1 Coríntios 10.24). A única força que pode fazer com que o homem viva uma vida que satisfaz é a fé em Cristo, é por esse motivo que a ideia de unir as religiões é uma prática no mínimo muito duvidosa. As pessoas só entrarão em acordo se estiverem unidas na mesma fé. No entanto, o cristão sabe que a sua fé e segurança é, e sempre será apoiada em Cristo, apenas.

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Capítulo 6 O consolo do Espírito Santo Diferente do que muitos críticos imaginam, o cristão não se consola apenas por causa da grande promessa vindoura, mas a sua consolação já é presente. O cristão já recebeu o Consolador, o penhor da promessa do reino de Deus, isto é, o Espírito de Deus. Talvez, em algum determinado momento de suas vidas, algumas pessoas consigam alcançar uma certa “felicidade” sem Jesus. No entanto, mesmo vivendo essa tal felicidade, elas nunca se encontrarão saciadas, mas sempre buscarão algo mais para se saciarem. As satisfações que existem fora do homem enjoam, e quando não enjoam, o deixa viciado, lhe fazendo mal. As pessoas que não conhecem Jesus não são pessoas infelizes; elas realmente vivem momentos de felicidade, mas nunca se encontram satisfeitas com tudo que possuem. Elas não vivem vazias, mas vivem se enchendo de coisas terrenas que saciam, momentaneamente, a sede, porém, quanto mais o homem busca recursos humanos para se saciar, maior é a sede interior. Estar com o ego inchado também não é satisfação, logo essa pessoa estará necessitando de algo mais. Na realidade a satisfação só pode ser encontrada no amor, e o perfeito amor é o amor de Deus. As pessoas podem até conseguir viver um certo conforto sem se relacionar com Deus (Lucas 6.24, Lucas 16.25), mas elas não podem viver a vida em abundância (João 10.10) e a vida eterna sem ele (João 11.25). Uma pessoa se sente vazia, não necessariamente quando não está com Deus, mas quando ela não tem nada de bom para se ocupar. No 27

entanto, a ocupação mais proveitosa, sadia, e prazerosa é a presença interior do Criador da vida. Assim como a loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria dos homens (1 Coríntios 1.25), a servidão em Deus é a verdadeira liberdade dos homens. Muitos dizem que eram felizes no passado e não sabiam, mas a realidade é que eles não eram felizes, pois, se fossem realmente felizes, eles não teriam buscado mudar de vida, mas o fato é que a cobiça os fez ficar mais infelizes do que eram antigamente. O homem só será realmente feliz quando ele se encontrar saciado, isto é, quando ele não mais viver cobiçando coisas, e ele só pode matar a sua sede recebendo o Espírito de Deus: “E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede.” (João 6.35). A alegria de qualquer pessoa que não recebeu o Espírito Santo depende de coisas, momentos, relacionamentos, ambientes, mas uma pessoa saciada em Jesus não depende de fontes terrenas para se satisfazer. A satisfação de alguém que se relaciona com o Espírito de Deus é constante, não é passageira. Muitas pessoas dizem que não aguentam mais as suas profissões, os seus casamentos, ou a falta de uma pessoa para estar do seu lado. No entanto, essa angústia e insatisfação que essas pessoas vivem não é proveniente da profissão, do casamento, ou da ausência de um casamento, mas essa angústia é proveniente da falta de comunhão com Deus. O que essa pessoa está precisando para se saciar não é um bom emprego, ou um casamento, mas o que ela precisa é de estar em comunhão com Deus. O indivíduo que desfruta da comunhão com o Espírito Santo se encontra satisfeito até no trabalho, ou solteiro, ou tendo que suportar uma pessoa difícil do seu lado, pois a sua satisfação não está condicionada a coisas nem a lugares, nem nas circunstâncias, mas a satisfação está dentro dele; onde ele estiver, ele estará satisfeito, pois o Espírito Santo estará com ele. O Espírito de Deus faz com que o homem não dependa de coisas, pessoas, ou ambientes, mas a presença de Deus será suficiente para que ele viva saciado em si mesmo. 28

A pessoa que recebe a Jesus se encontra saciada, ou seja, completa interiormente, e essa satisfação não acaba, pois a água que Jesus dá se faz uma fonte inesgotável no interior daquele que nele crê: “Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna.” (João 4.14). O cristão saciado é aquele que vive uma satisfação constante, pois a presença do Espírito Santo é constante. Porém, mesmo estando saciado, o cristão estará sempre aberto para receber mais de Jesus até transbordar de êxtase. No entanto, diferente do prazer espiritual, o momento do pecado é doce para quem peca, mas sempre dará depois uma insatisfação ou um gosto amargo. Para receber a satisfação de Deus é necessário passar primeiro pelo sacrifício para depois desfrutar de uma alegria que não pode ser tirada. As pessoas, naturalmente se preocupam por coisas que são suas, isto é, os seus bens, suas famílias, seus amigos, suas vidas. No entanto, o cristão não deve se preocupar com o que vai acontecer com a sua vida, pois ela não é mais sua, mas de Deus (a sua real preocupação consiste em não sair da direção do Senhor). O Senhor pagou um preço muito caro para resgatar o homem da morte, comprando-a com o seu sangue: “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.” (1 Coríntios 6.19-20). Quem perder a sua vida a achará de volta em Cristo, e a achará em abundância. Mas o fato é que a maioria das pessoas não querem entregar as suas vidas para Deus porque elas acham que perder a vida 29

que elas vivem é um prejuízo muito grande. Elas consideram as suas vidas como muito valiosas para si mesmo, no entanto, Paulo não considerava a sua vida como valiosa para si mesmo (Atos 20.24). Por desconsiderar a vida terrena como valiosa, Paulo pôde desfrutar da vida verdadeira: “Quem ama a sua vida perde-la á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.” (João 12.25). "Quem achar a sua vida, a perderá; quem perder a sua vida por amor de mim, a achará" (Mateus 10.39). Depois que o homem pecou contra Deus, ele foi lançado fora do jardim e perdeu a vida verdadeira, porém Jesus desceu na terra para resgatar o que o homem havia perdido: a comunhão com o Criador. A vida verdadeira é encontrada na relação de amor com o Criador de todas. Antes de começar a caminhada cristã, as pessoas temem e evitam se achegar a Deus o máximo possível: "Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus" (Êxodo 3.6). Contudo, no decorrer de uma intensa e prazerosa caminhada na presença de Deus, o homem quer ver o rosto do seu Senhor Criador: "Então ele disse: Rogo-te que me mostres a tua glória" (Êxodo 33.18). O Senhor é um Deus de mistérios, que se revela àqueles que são humildes diante dele e vivem uma vida de temor diante dele.

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Capítulo 7 O que significa “Deus”? O homem define Deus quando Deus se revela a ele. Uma pequena definição de Deus que o homem pode descrever é esta: "Porque nele vivemos, nos movemos e existimos..." (Atos 17.28). Deus não ocupa uma parte do espaço, mas é o espaço infinito que ocupa Deus. Muitas pessoas se perguntam como Deus pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo. No entanto, Deus não está em todos os lugares, mas a realidade é que todos os lugares estão em Deus, pois, quando se fala de Deus, logo se fala de um ser ilimitado em todos os sentidos, que não cabe no imaginário humano. Deus é antes do princípio, ele originou a origem: "Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, eu sou" (João 8.58). Jesus não disse que já existia antes de Abraão, mas ele disse que “é” antes de Abraão. Portanto, Deus não pode ser limitado a estar vivo ou morto, porque ele é a fonte de vida. A dúvida que se tem de quem criou Deus é uma dúvida incoerente, pois Deus não é criatura para ser criado, mas ele é o Criador. A razão mais lógica de todo início é Deus. Portanto, a discussão que fazem, questionando se Deus está vivo ou morto, não faz sentido quando se fala de Deus, pois Deus não pode ser condicionado a estar vivo ou morto porque ele é a vida: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” (João 14.6). 32

A fé consiste em crer nisso, que Jesus é o caminho, a verdade, e a vida, e nisso Deus se manifesta, principalmente no milagre de modificar radicalmente o caráter do crente para que ele seja mais parecido com Cristo. O fato de uma pessoa nunca ter tido uma experiência sobrenatural com Deus não é razão suficiente para que ela pense que ele não exista. O homem nunca vai entender as coisas de Deus comparando o Senhor consigo mesmo, e tentando explicar a vida através das suas razões limitadas e dos seus pensamentos rasos, quando comparados à imensidão do universo infinito. Deus é um ser supremo, não condicionado a espaços, pois ele é infinito, sem princípio, nem fim, e nem pode ser condicionado ao tempo, pois o passado, o presente e o futuro habitam nele, ele é o Pai da eternidade, como disse o profeta. O espaço e o tempo é que são condicionados a Deus. No entanto, não é de admirar o fato de ele (o Criador) se importar com o ser-humano, o qual é tão insignificante diante do universo. Deus se importa com o ser-humano porque ele é perfeito, e sendo perfeito, necessariamente ele é detalhista e amoroso. As maiores estrelas que já foram descobertas no espaço são obras tão impressionantes quanto a criação tão detalhada de seres que são milhares de vezes menores do que o ser-humano. Portanto, Deus se importa sim com o homem, pois a sua essência é amor, mas o trágico problema (para o homem) é que a maioria das pessoas não se importam com ele. O amor de Deus é tão grande quanto a sua majestade, o seu amor não tem fim, como todos os seus atributos. Assim como a grandeza e o amor de Deus são imensuráveis, também o seu nome é impronunciável, ele não se limita a ter um nome específico. Considerando que os mistérios da vida e do universo já são por si mesmos um grande absurdo, logo não é nenhum absurdo crer em algo tão absurdo como manifestações sobrenaturais. A vida e o universo são muito misteriosos para serem compreendidos por meio da razão. O planeta terra não possui recursos suficientes para investigar com detalhes e clareza o universo. Da mesma forma a razão humana não consegue entender, muito menos comprovar a origem da vida. 33

Portanto, não é de forma racional que o homem irá ter um encontro com Deus, mas pela submissão, a humilhação diante da sua glória e majestade, por meio da fé. O acaso não pode criar o sentimento de amor. O sentimento de amor é uma característica própria de Deus. O sentimento é uma força que vai além da vida, nem tudo que possui vida possui sentimento. O sentimento na vida humana não nasceu do nada, mas nasceu de Deus. As leis da física não podem explicar a origem do sentimento. É inconcebível imaginar que o amor foi originado de uma explosão cósmica. Mas o fato é que muitas pessoas não compreendem as coisas de Deus por falta de humildade: "Naquele tempo Jesus exclamou: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelastes aos pequeninos." (Mateus 11.25). O homem vive e se move em Deus, mas Deus não vive dentro do homem, se o homem não quiser: "Jesus respondeu-lhe: Se alguém me ama, guardará minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos a ele e faremos nele morada" (João 14. 23). A preciosidade e do evangelho está encoberta para aquele que encobre o seu coração a Deus. Duvidar das coisas não é pecado, mas o pecado é negar a verdade. Duvide de tudo e de todos; duvide até de si mesmo, mas nuca duvida da verdade de Deus, quando essa verdade falar ao teu coração.

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