Maria Rezende Carne do Umbigo A poeta carioca Maria Rezende lança Carne do Umbigo, seu terceiro livro. Aos 36 anos, com mais de dez de vida literária, Maria expressa nesse livro a maturidade de quem viveu amores e perdas, aprendeu a se reconhecer e redescobrir. Os poemas têm a intensidade característica de sua obra, ganhando agora um novo peso. De olhar misterioso, pensamento plural e vísceras expostas, Maria celebra improváveis casamentos: fossa e esperança, lirismo e dureza, tristeza e graça. A palavra falada é um dos pilares da poesia de Maria Rezende. Seus livros anteriores, Substantivo Feminino (2003) e Bendita Palavra (2008), foram lançados acompanhados de cds em que ela diz os poemas, e receberam elogios de nomes como Ferreira Gullar e Martha Medeiros. "É poesia substantiva mesmo. A mulher inteira dentro das palavras. Poesia é fenômeno de linguagem do que de idéias. Isso você sabe. Sendo assim, você é poeta", elogiou Manoel de Barros sobre seu livro de estreia. Já o escritor Marcelino Freire, diz na orelha de Carne do Umbigo: "Tua poesia, mulher, me faz caminhar. Sem peso, sou depois dela, para a eternidade, um outro sujeito. Minha costela, meu esqueleto. Eu te mando meus ossos por completo. Toda vez que te ouço recitar teus versos. Eu fico bambo, bobo. Fico elétrico. Eu leio a tua voz em cada verbo, vértebra. Você deixa a minha alma aérea, além. Eu te mando meus calcanhares também, para você pisar. Fico de joelhos diante de tanta força. Esta tua poesia que não quer o pedestal. Não deseja aparecer. Chega simples, como tem de ser." Longe de levantar qualquer bandeira, Carne do Umbigo capta um inconsciente coletivo pulsante do feminino. 'Pulso Aberto', poema inspirado na obra de Eduardo Galeano, fala diretamente sobre o tema: 'Somos as que sangram sem ferida, somos deusas e escravas há mil gerações'. Em 'De iluminar continentes' ela fala de amor de forma despudorada: 'Seu nome me despenteia, suja minhas unhas, me perverte o rosto'. 'Desnecessária' questiona o amor das músicas de rádio, em que cada um precisa do outro para viver: 'Que você não precise de mim, que você viva bem, casa boa, grana, amigos, e que você me queira, por nada, por tudo, porque sim". Em 'Noturno' ela assume que a queda é inevitável: 'Todo o tempo do mundo em que se amou alguém
vai doer um dia, cada palavra, cada segundo', e em 'Fissura' se debruça sobre as ressacas afetivas: 'Eu guardo uma dor entre as costelas pra doer só à noite, quando eu deito de ladinho. Entre as costelas e no sexo, explodindo em soluços toda vez que eu toco o céu'. Numa ode ao inusitado da vida, 'Não vai ser fatal' brinda o leitor com versos como 'No meu coração a esperança sacode fitas coloridas, meu coração é Olimpíadas e meninas de malha justa em saltos perigosos e belos'. O título do livro vem da ideia de cura que todos carregamos em nós mesmos, que ganhou corpo com as terapias com células tronco, e flerta ainda com o conceito de maternidade e de mergulho interior. Contemporâneo e cotidiano, Carne do Umbigo é o dia-‐a-‐dia -‐ talvez mais as noites do que os dias. É a sofisticação literária que vem da simplicidade.
Sobre Maria Rezende Maria Rezende é poeta, atriz e montadora de cinema e televisão. Aprendeu a dizer poemas aos 18 anos com a poeta e atriz Elisa Lucinda, e antes de começar a escrever seus próprios poemas participou de recitais da obra de grandes poetas de língua portuguesa, recebendo elogios de nomes como Manoel de Barros e José Saramago. Em 2003 lançou seu primeiro livro, Substantivo Feminino, e de lá para cá se apresentou com sua poesia por todo o Brasil e também em Portugal. Em 2008 publicou Bendita Palavra, e seis anos depois lança Carne do Umbigo, sua obra mais forte e ousada. Como montadora tem no currículo os filmes "Meu passado me condena -‐ o filme" (2013), "Totalmente inocentes" (2012) e o ainda inédito "Ponte aérea" (março/2015), além de sete curta-‐metragens. Na televisão montou diversas séries para o GNT ("Questão de Família", "Os homens são de Marte e é pra lá que eu vou"), Multishow (“Acerto de Contas”, “Meu Passado me Condena”, “Morando Sozinho”, “Cara
Metade”), Canal Brasil (“Procurando Quem?”) e TV Brasil (“Natália”). Além disso, nove longas do cinema nacional tiveram seus making ofs dirigidos, produzidos e montados por Maria. Seus próximos trabalhos são os filmes "Meu passado me condena 2", de Julia Rezende, em Portugal e no Rio, e "Em nome da lei", de Sergio Rezende. Paralelamente à vida literária e cinematográfica, Maria ganhou recentemente mais uma profissão: a de celebrante de casamentos. A função, que ela já exerce informalmente há dez anos, em casamentos de amigos, acabou virando trabalho, e hoje ela realiza cerimônias personalizadas e cheias de poesia, desde o "estamos aqui reunidos" até o "pode beijar a noiva". Seu principal projeto para 2015 é se desafiar indo além dos recitais, e transformando sua poesia em um espetáculo. Com direção de Cristina Flores, a peça terá como tema central o risco. Maria (que tem tanto medo de cair que só aprendeu a andar de bicicleta aos 34 anos) está agora fazendo aulas de slackline, já que o cenário será todo composto de cordas bambas sobre as quais ela atuará. Sua porção atriz nasceu meio por acaso. Montando a primeira temporada da série "Questão de família", no começo de 2014, um dos episódios ficou curto e ela sugeriu uma nova cena, que acabou fazendo como atriz. Agora, na segunda temporada da série, virou personagem e estará no ar a partir de abril de 2015 no GNT.
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Carne do umbigo Eclipses em Escorpião mudança revolução Eu estou trocando de pele e isso não é uma metáfora Feito cobra nas vigas de outra casa feito um feto quebrando cromossomos Eu sou de outra galáxia sou invenção de passarinhos eu não existo exatamente eu estou de onda com a sua cara Eu sou exuberante eu sou exagerada sou a morena peituda com que você sempre sonhou Sou uma célula tronco carne do umbigo sou minha própria cura drama discreto lua em Leão Eu não morro eu vivo eu sou a regeneração