CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM CIEPH

CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM CIEPH MASSOTERAPIA CHINESA COMO TÉCNICA AUXILIAR NO TRATAMENTO CONVENCIONAL DAS SINDROMES DEPRESSIVA...
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CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM CIEPH

MASSOTERAPIA CHINESA COMO TÉCNICA AUXILIAR NO TRATAMENTO CONVENCIONAL DAS SINDROMES DEPRESSIVAS

WILNEY DE ARRUDA SAVIOLLI

FLORIANÓPOLIS 2010

WILNEY DE ARRUDA SAVIOLLI

MASSOTERAPIA CHINESA COMO TÉCNICA AUXILIAR NO TRATAMENTO CONVENCIONAL DAS SINDROMES DEPRESSIVAS

Monografia apresentada como exigência de avaliação para conclusão do curso de Especialização em Massoterapia Chinesa pelo Centro de Estudo e Pesquisas do Homem (CIEPH), sob a supervisão do orientador Marcelo Fabian Oliva Moyano.

FLORIANÓPOLIS 2010

Dedico este trabalho a minha família e mentores, aos quais me espelhei ao longo da vida.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais pelo carinho e incentivo, aos mestres, ao meu orientador, pela paciência e auxílio constante, a todos que contribuíram para o desenvolvimento desta pesquisa.

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RESUMO

Título: Massoterapia Chinesa como Técnica auxiliar no Tratamento das Síndromes Depressivas Autor: SAVIOLLI, Wilney de Arruda Orientador: Marcelo Fabian Oliva Moyano

O presente trabalho tem como objetivo, apresentar sob revisão bibliográfica, da Massoterapia Chinesa como recurso auxiliar no tratamento de Síndromes Depressivas, utilizando-se os conceitos da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) que não fazem a diferenciação e análise isolada do corpo, mente e espírito para diagnosticar e tratar tais síndromes, para melhor adaptação e sustentação da qualidade de vida, quando comparados com a Medicina Ocidental, mais apta para o tratamento de crises mais agudas. Realizou-se para isso, uma pesquisa bibliográfica sobre a depressão na Medicina Ocidental e na Medicina Tradicional Chinesa em livros didáticos, banco de dados, internet, entre outros para uma descrição sobre as síndromes depressivas, sua classificação e tratamento em ambas medicinas, detendo-se nas citações teóricas e práticas existentes, principalmente na Massoterapia Chinesa, para que se pudesse demonstrar as diferenças de como tratar a mesma patologia.

Palavras-Chaves: Depressão, Síndromes Depressivas, Medicinal Ocidental, Medicina Tradicional Chinesa, Qualidade de Vida. Massoterapia Chinesa.

CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEMCIEPH

Florianópolis, 23 de março de 2010 V

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO………………………………………………………… 1.1 O Problema e Sua Relevância 1.2 Objetivos 1.2.1 Geral 1.2.2 Específicos 1.3 Delimitação do Estudo 2 DEPRESSÃO – UMA VISÃO DA MEDICINA OCIDENTAL…….………….. 2,1 Histórico da Depressão…………………………………….……………………. 2.2 Classificação……………………………………………………………………... 2.3 Epidemiologia……………………………………………………………………. 2.3.1 Prevalência por gênero…………………………………………...……….…….. 1.3.2 Prevalência por idade e estado civil………………………………..…………… 1.4 Etiologia e Aspectos Neuropsicológicos……………………………………….. 1.5 Tratamento pela Medicina Ocidental…………………………………………. 3 DEPRESSÃO – UMA VISÃO DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA.. 3.1 Princípios Básicos................................................................................................... 3.2 Depressão e Desequilíbrios Energéticos………………………………………... 4. MASSOTERAPIA………………………………………………………………... 4.1 Massoterapia Chinesa Tuina…………………………………………………… 4.2 Efeitos Fisiológicos da Massagem na Depressão………………………………. 4.2.1 Efeitos da massagem sob o sistema nervoso central………................................. 4.2.2 Influências da massagem nas substâncias neuroendócrinas…………………...... 4.2.3 Influências autônomas…………………………………………………………... 4.3 Massoterapia no Tratamento da Depressão…………………………………… 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………..

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1 INTRODUÇÃO

1.1 O PROBLEMA E SUA RELEVÃNCIA

A depressão é citada por muitos autores como sendo a doença do século. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM –IV – TR, 2002), atualmente ela representa a quarta maior causa de perda de anos de vida sadios. Além disso, é classificada como sendo a doença que mais incapacita o ser humano e o risco de suicídio se dá em até 15% na população geral (Dalgalarrondo, 2000). Justifica-se discorrer nessa pesquisa o tema, que foi descrito acima, pois é um problema de saúde pública, com diversas propostas de tratamento, sendo muitos apenas placebos e assim, a intenção aqui é demonstrar a importância de técnicas utilizadas na Massoterapia Chinesa para o tratamento dessa problemática, que atinge crianças, adultos e idosos. Apesar dos inúmeros medicamentos antidepressivos e das demais técnicas de tratamento, um grande percentual dos pacientes com transtornos acaba procurando, ou até prefere algum tipo de ajuda complementar ao tratamento convencional, pelos ótimos resultados em longo prazo e baixo custo financeiro. O uso de técnicas complementares como a Massoterapia Chinesa exige um plano de tratamento padrão e um rigoroso critério para sua elegibilidade quanto a melhoria e mesmo situações em que poderá até sanar algumas síndromes depressivas, quanto às desenvolvidas com medicamentos, com eletroconvulsoterapia, exercício físico, entre outros. Nesta perspectiva, o objetivo geral deste trabalho consiste em realizar uma revisão bibliográfica de modalidades terapêuticas utilizando a massoterapia chinesa, que podem ser utilizadas como tratamento da depressão. Os objetivos específicos serão abordados através da Medicina Ocidental e Medicina Tradicional Chinesa; esclarecendo o tratamento da Depressão em ambas modalidades. Assim, considerou-se o problema de pesquisa: As técnicas auxiliares da medicina oriental podem minimizar ou até sanar a depressão? Na consulta por artigos indexados as palavras-chaves principais utilizadas em fontes da

internet foram: acupuntura, massagem,

depressão, transtornos do humor e transtornos depressivos As síndromes depressivas são constituídas

por

quadros de diversas etiologias, gerando as mais diversas classificações.

Segundo CID - 10 (Classificação Internacional de Doenças) Nos episódios típicos de cada um dos três graus de depressão: leve, moderado ou grave, o paciente apresenta um rebaixamento do humor, redução da energia e diminuição da atividade. Existe alteração da capacidade de

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experimentar o prazer, perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração, associadas em geral à fadiga importante, mesmo após um esforço mínimo. Observam-se em geral problemas do sono e diminuição do apetite. Existe quase sempre uma diminuição da auto-estima e da autoconfiança e freqüentemente idéias de culpabilidade e ou de indignidade, mesmo nas formas leves. O humor depressivo varia pouco de dia para dia ou segundo as circunstâncias e pode ser acompanhado de sintomas ditos "somáticos", Apesar das escalas de avaliação e das diversas ferramentas classificatórias, a sintomatologia depressiva varia muito de um indivíduo para outro, cabendo ao profissional avaliar as suas queixas. O diagnóstico é fundamentalmente clínico, sendo poucos os exames complementares que acusam alguma alteração. Pelo limitado número de artigos e pela intenção de traçar uma abordagem mais ampla nas diversas síndromes depressivas, utilizou-se o conceito de maneira geral e excluíram-se os transtornos depressivos de caráter bipolar e suas classes.

Na medicina Tradicional

Chinesa

a Psicologia segundo a

bioenergética do Dr. Van Nghi e Dr. Calor Nogueira Perez -

A medicina chinesa vem

do Tao. E o Tao Te Ching já falava o seguinte: “Quem conhece os outros é inteligente. Quem conhece a si mesmo é sábio. Quem vence os outros é forte. Quem vence a si mesmo é poderoso. Quem se faz valer tem força de vontade. Quem é auto-suficiente é rico. Quem é não perde o seu lugar é estável. Quem mesmo na morte não perece, esse vive.” (Tao Te Ching, capítulo XXXIII)

Ou seja, na medicina chinesa há, sobretudo, o Espírito e o Coração. Não se trata apenas de um novo e imenso repertório de conhecimentos surpreendentes sobre a circulação das Energias humanas, sobre os meios de avaliá-la e harmonizá-la... Mas é uma maneira de entender o homem e seus mecanismos de transformação. Acima de tudo a medicina chinesa antiga é um presente inestimável de seres visionários e generosos, que a destinam aos Espíritos enfermos dos homens ainda desprovidos de „Coração‟ (Xin), isto é, de Consciência, e que pagam (ou fazem pagar) caro pelos distúrbios psíquicos, energéticos ou corporais. Sua técnica, a das agulhas, massagens, movimentos reguladores e dietéticos, é totalmente dependente do Espírito, do estado do ser daquele que a pratica e do poder de metamorfose da relação terapêutica.

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“Sem sair de casa, Conhece-se o mundo Sem olhar pela janela, vê-se o Tao do Céu Menos se sabe.”

(Tao Te Ching, capítulo XLVII)

Aprender MTC quer dizer entender seu Espírito. É preciso que as técnicas de Massoterapia Chinesa, receitas dietéticas, fórmulas de plantas tenham „Coração‟, que não se tornem, portanto comportamentos repetitivos, nem fixações mentais, ou condutas angustiantes, mas que tenham um senso de alcance global ajude a pessoa a sentir a si mesma, a centrar-se, a buscar imaginação criativa em relação a seus próprios problemas. Num plano terapêutico, Shen (o Espírito) é a força criadora do paciente, que ele precisa tentar mobilizar no sentido da cura. O tratamento é inútil sem a conivência do Shen no paciente, pois a coesão e a circulação de Shen são as garantias de curabilidade. É necessário, portanto, equilibrar as diferentes forças sutis, porém estruturais, sem as quais o homem perde a sua coesão e se torna incurável.

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1 GERAL: O objetivo geral deste trabalho consiste em realizar uma pesquisa bibliográfica de modalidades terapêuticas, utilizando a Massoterapia Chinesa no tratamento das síndromes depressivas, que atingem qualquer idade, visando contribuir para um tratamento de baixo custo, para saúde pública, diminuir o número de suicídios e tornar o homem capaz para exercer sua cidadania.

1.2.2 ESPECÍFICOS: 

Estudar a conceituação da Depressão, através da Medicina Ocidental e Oriental



Estudar os efeitos da Massoterapia Chinesa na melhora das Síndromes Depressivas.



Apresentar a Massoterapia Chinesa como técnica de tratamento útil para a melhoria da qualidade de vida de crianças, adultos e idosos.

1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Segundo Gil (1994) a pesquisa bibliográfica consiste na busca em fontes de diversos autores, como os bancos de dados da internet, livros, entre outros, com o objetivo de confirmar as hipóteses e esclarecer os objetivos propostos no trabalho.

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2 DEPRESSÃO – UMA VISÃO DA MEDICINA OCIDENTAL

De uma forma geral, as pessoas normalmente experimentam uma ampla faixa de humores, que podem variar entre normal, elevado ou deprimido e têm um repertório igualmente variado de expressões afetivas. Elas sentem-se no controle, mais ou menos, de seus humores e afetos. Os transtornos do humor constituem um grupo de condições clínicas caracterizadas pela perda deste senso de controle e uma experiência subjetiva de grande sofrimento (Kaplan et al, 2003). Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), através da Classificação Internacional de Doenças (CID - 10), a depressão, em seus episódios típicos, implica em um humor deprimido, perda de interesse e prazer nas atividades, energia diminuída e processos de culpa ou negativismo (Ballone, 2010).

2.1 Histórico da depressão

A depressão tem sido registrada desde a antigüidade com descrições do que hoje, pelos manuais diagnósticos, são chamados de transtornos do humor e, podem ser encontrados em muitos textos antigos. Cerca de 400 a.C., Hipócrates usou os termos “mania” e “melancolia” para descrever as perturbações mentais (Kaplan et al, 2003).Os gregos acreditavam que as pessoas com temperamento melancólico secretavam “bile negra”, que enegrecia o humor por meio da sua influência no cérebro, dando início assim às teorias biológicas dos transtornos do humor (Kapczinski, Quevedo, Izquierdo, 2000). Em 1854, Jules Falret descreveu uma condição chamada de folie circularie, na qual o paciente experimenta humores alternados de depressão e mania. Em 1882, o psiquiatra alemão Karl Kahlbaum, usando o termo “ciclotimia”, descreveu a mania e a depressão (Kaplan et al, 2003). Contudo, só no início do século passado, técnicas mais sofisticadas de estudo do cérebro e dos seus mecanismos abriram caminho a novas disciplinas, como a neuropsicologia e a neurobiologia, tendo-se começado a suspeitar que a depressão fosse acompanhada de determinadas alterações biológicas e, portanto, passível de ser combatida eficazmente com fármacos (Abreu et al, 2006). Ainda, segundo o mesmo autor, descobertas sucederam-se a um ritmo vertiginoso e, por volta dos anos 50, os primeiros fármacos antidepressivos começaram a ganhar espaço no tratamento da depressão.

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2.2 Classificação As síndromes depressivas são constituídas por quadros de diversas etiologias, como a depressão unipolar, a depressão recorrente, a depressão bipolar, o transtorno distímico, entre outros; possuindo em sua maioria, como característica, o humor triste (DSM – IV – TR, 2002).A depressão pode ser classificada de diversas maneiras e por diferentes escalas de avaliação. Dentre as escalas avaliativas, provavelmente, o “padrão ouro”, seria a Escala Hamilton de Depressão (vide anexo 1), de onde saíram diversas outras, como o DSM – IV - TR, o inventário Beck de depressão (anexo 2), entre outras. Como já citado anteriormente, as síndromes depressivas são constituídas por quadros de diversas etiologias, gerando as mais diversas classificações. Segundo o CID - 10 (Classificação Internacional de Doenças) Nos episódios típicos de cada um dos três graus de depressão: leve, moderado ou grave, o paciente apresenta um rebaixamento do humor, redução da energia e diminuição da atividade. Existe alteração da capacidade de experimentar o prazer, perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração, associadas em geral à fadiga importante, mesmo após um esforço mínimo. Observam-se em geral problemas do sono e diminuição do apetite. Existe quase sempre uma diminuição da auto-estima e da autoconfiança e freqüentemente idéias de culpabilidade e ou de indignidade, mesmo nas formas leves. O humor depressivo varia pouco de dia para dia ou segundo as circunstâncias e pode se acompanhar de sintomas ditos "somáticos", por exemplo, perda de interesse ou prazer, despertar matinal precoce, várias horas antes da hora habitual de despertar, agravamento matinal da depressão, lentidão psicomotora importante, agitação, perda de apetite, perda de peso e perda da libido. O número e a gravidade dos sintomas permitem determinar três graus de um episódio depressivo: leve, moderado e grave. a) Episódio depressivo leve: geralmente estão presentes ao menos dois ou três dos sintomas citados anteriormente. O paciente usualmente sofre com a presença destes sintomas, mas provavelmente será capaz de desempenhar a maior parte das atividades. b) Episódio depressivo moderado: geralmente estão presentes quatro ou mais dos sintomas citados anteriormente e o paciente aparentemente tem muita dificuldade para continuar a desempenhar as atividades de rotina c) Episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos: episódios depressivos onde vários dos sintomas são marcantes e angustiantes, tipicamente a perda da auto-estima e idéias de desvalia ou

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culpa. As idéias e os atos suicidas são comuns e observa-se em geral uma série de sintomas "somáticos”. d) Episódio depressivo grave com sintomas psicóticos: episódio depressivo correspondente á descrição de um episódio depressivo grave (F32.2), mas acompanhado de alucinações, idéias delirantes, de uma lentidão psicomotora ou de estupor de uma gravidade tal que todas as atividades sociais normais tornam-se impossíveis; pode existir o risco de morrer por suicídio, de desidratação ou de desnutrição. As alucinações e os delírios podem não corresponder ao caráter dominante do distúrbio afetivo. Outra forma de classificar um episódio de depressão é por meio do DSM-IV-TR. Segundo essa escala, para um indivíduo ser classificado como portador de um Episódio Depressivo Maior, por exemplo, ele precisa apresentar cinco ou mais dos sintomas a seguir, numerados de 1 a 9, sendo cada sintoma equivalente a 1 ponto, durante um período de 2 semanas consecutivas. Lembrando que os ítens (1) ou (2) precisam, necessariamente, estar presentes na contagem dos 5 pontos: (1) Humor deprimido; (2) Perda de interesse ou prazer (anedonia); (3) Significativa perda de peso, quando não está em dieta, ou ganho de peso / diminuição ou aumento do apetite; (4) Insônia ou hipersonia; (5) Agitação ou retardo psicomotor; (6) Fadiga ou perda de energia; (7) Sentimento de desvalia ou inadequação, ou culpa excessiva; (8) Diminuição da capacidade para pensar e se concentrar, ou indecisão; (9) Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.

2.3 Epidemiologia

O transtorno depressivo é um quadro relativamente comum, com uma prevalência durante a vida de aproximadamente 15% na população geral, chegando em até 25% em mulheres (Kaplan et al, 2003). A depressão é um grande problema de saúde pública que não deve ser negligenciada. Um dado que demonstra a grandiosidade do problema é o valor anual que os Estado Unidos chegam a

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gastar no combate à doença: U$ 44 bilhões (Zunkel, 2003). Mesmo assim, aproximadamente metade dos pacientes com transtorno depressivo não recebe nenhum tipo de tratamento específico (Kaplan et al, 2003).

2.3.1 Prevalência por gênero Uma observação quase universal, independente de país ou cultura, é a prevalência duas vezes maior da depressão unipolar no sexo feminino. Segundo Dalgalarrondo (2000), o risco de depressão, ao longo da vida, é de 10 a 25% para o sexo feminino e de 5 a 12% para o sexo masculino.

2.3.2 Prevalência por idade e estado civil

A idade média de início para o transtorno depressivo maior é 40 anos. Porém, os transtornos depressivos podem ocorrer independentemente da idade, estando presentes também, na infância e na população idosa. Segundo (Bowbly, 1998), existe um elevado número de pacientes idosos que apresenta, na verdade, um quadro subsindrômico que também merece sua devida atenção.Em geral, a depressão unipolar ocorre mais freqüentemente em pessoas que não têm relações interpessoais íntimas ou são divorciadas ou separadas (Kaplan et al, 2003).

2.4 Etiologia e aspectos neuropsicológicos

Sua etiologia geralmente é multifatorial, devendo ser considerados fatores neurobiológicos, genéticos e psicossociais. A grande causa dos transtornos depressivos ocorre pelo desequilíbrio bioquímico de alguns neurotransmissores centrais. Esses neurotransmissores são substâncias que fazem a ligação entre uma célula nervosa e outra, atuando como mediadores na condução de informações como, por exemplo, mediando informações de alegria, prazer e tristeza (Ebert, Loosen, Nurcombe, 2002). Abreu et al (2006) sustenta que a noradrenalina e a serotonina são os dois neurotransmissores mais envolvidos na fisiopatologia dos transtornos do humor. Há também alterações em níveis dopaminérgicos, e evidências recentes apontam uma desregulagem, também, da acetilcolina. Atualmente se sabe, por exemplo, que todos os antidepressivos clinicamente eficazes aumentam a

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concentração dos neurotransmissores nos receptores pós-sinápticos, inibindo a sua recaptura para dentro do neurônio pré-sináptico. Essa observação levou a hipótese de que a depressão seja causada por alguma deficiência em determinados neurotransmissores, sendo os antidepressivos um recurso para tratar esse desequilíbrio. Com relação aos fatores neuroendócrinos, a literatura descreve diversas alterações. Os principais eixos neuroendócrinos de interesse nos transtornos do humor são o adrenal, da tireóide e do hormônio do crescimento. Outras anormalidades descritas incluem secreção noturna diminuída de melatonina e níveis basais diminuídos de hormônio folículo-estimulante. No que diz respeito ao eixo adrenal, existe uma correlação entre hipersecreção de cortisol e depressão (uma das observações mais antigas na psiquiatria biológica). Sabe-se, por exemplo, que aproximadamente metade dos pacientes com depressão maior apresenta hipersecreção de cortisol, que retorna ao normal quando a depressão se normaliza. Já no eixo da tireóide, é notável a relação entre alterações de sintomas afetivos quando presente um determinado transtorno da tireóide. Por fim, com relação ao hormônio do crescimento, pesquisas apontam que pacientes deprimidos têm uma estimulação embotada da liberação deste hormônio; liberação esta induzida pelo sono, que muitas vezes apresenta-se desregulado nestes pacientes (Ebert, Loosen, Nurcombe, 2002). O mesmo autor destaca que esses problemas relacionados ao sono (insônia inicial e terminal, despertares múltiplos, hipersonia) são sintomas comuns e clássicos da depressão. Algumas alterações do sono podem ser identificadas por meio do eletroencefalograma, que geralmente aponta um início de sono atrasado e alterações nas fases do sono delta anormais, latência encurtada dos movimentos oculares rápidos, entre outras. A genética é um fator significativo no desenvolvimento de um transtorno do humor (Kaplan et al, 2003). Algumas evidências recentes confirmam que eventos cruciais da vida, em particular a morte ou a perda de uma pessoa amada, podem preceder o início da depressão. No entanto, menos de 20% dos indivíduos que experimentam perdas tornam-se clinicamente deprimidos. Estas observações falam fortemente a favor de um fator predisponente: possivelmente genético ou psicossocial (Ebert, Loosen, Nurcombe, 2002). Cada indivíduo, ao longo de sua vida, acumula diversas experiências negativas e positivas. Uma pessoa que tenha perdido o controle sobre como lidar de maneira equilibrada com suas

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experiências sócio-ambientais pode vir a manifestar sintomas depressivos. Este é um modelo que afirma que o comportamento humano e o ambiente podem influenciar o nosso estado de humor. Uma observação clínica, já muito relatada, é que acontecimentos vitais estressantes, muitas vezes, precedem episódios de transtornos do humor (Kaplan et al, 2003). Dentre as teorias psicossociais, existem correntes com diferentes visões, como a teoria da psicanálise, teoria comportamental, teoria humanista, entre outras.

2.5 Tratamento pela medicina ocidental

Segundo Kaplan et al (2003), o tratamento dos transtornos do humor deve ser dirigido para os seguintes objetivos: em primeiro lugar, deve-se garantir a segurança do paciente (propiciando um bom vínculo com terapeuta); em segundo lugar, uma completa avaliação diagnóstica; em terceiro, um plano de tratamento que aborde não apenas os sintomas imediatos, mas também o bem-estar futuro do paciente. Kay, Tasman e Lieberman (2002) enfatizam que o tratamento deve voltar-se para a redução e eliminação dos sintomas depressivos, com restauração integral do funcionamento psicossocial. A melhoria do funcionamento adaptativo após o episódio depressivo deve ser um dos objetivos associados. O estabelecimento de uma relação funcional entre paciente, família e terapeuta, promove geralmente uma melhor recuperação e fundamenta, além da conduta, o melhor tratamento para o paciente. A literatura de psiquiatria estudada apresenta as seguintes práticas de tratamento do paciente deprimido: farmacoterapia, eletroconvulsoterapia, fototerapia e o tratamento psicossocial.

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3 DEPRESSÃO – UMA VISÃO DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

Para se entender a depressão na MTC, precisa-se enfocar alguns conceitos básicos acerca dessa teoria milenar e que hoje vem sendo estudada e aplicada no ocidente.

3.1 Princípios Básicos

Segundo Auteroche e Navailh (1986) o Yin e o Yang apresentam uma estruturação de oposição que forma uma composição inicial dos opostos. A observação e análise feita pelos chineses concluíram as seguintes divisões sobre eles: claro e escuro, frio e quente, direito e esquerdo, função e substância, inércia e movimento, descendência e ascendência. O Yin representa o escuro, o frio, a direita, a função, a descendência e a inércia, o Yang, por sua vez, representam o claro, o quente, a esquerda, a substância, a ascendência e o movimento. Em relação à sua classificação, o Yin ou o Yang está presente em todas as coisas; assim, todas as coisas devem ser comparadas umas com as outras, pois, segundo a teoria, no todo (TAO) sempre existe um tanto Yin e outro Yang. Pode-se concluir que determinado objeto possui uma predominância Yin ou Yang, porém tem-se que fazer uma comparação entre esse objeto e outro para que se possa determinar comparativamente aquele mais Yin ou Yang (Nogueira Perez, 2006). Yin e Yang são as leis que regem o céu e a terra, o principio de todas as coisas. No universo, tudo pode ser Yin ou Yang, e sempre existirá o seu oposto, sendo suas oposições movimentos que realizam as mudanças na natureza. Já suas habilidades de combater e controlar um ao outro são necessárias, pois desta forma será constituído o movimento natural do universo e mantido o seu equilíbrio. Quando ocorre uma desarmonia ou desequilíbrio no ser humano, isto causa o estabelecimento da superioridade do Yin ou do Yang, surgindo as patologias. A Teoria dos Cinco Elementos, juntamente com a Teoria Yin-Yang, consiste em uma ferramenta importante para o diagnóstico energético do indivíduo. Os cinco elementos da MTC que são a madeira, o fogo, a terra, o metal, e a água são os elementos básicos do mundo material e estão em constante movimento e mudança, numa relação de interdependência e controle (Wang, 2001).

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A Madeira é o elemento que representa o arquétipo do nascer, crescer e desenvolver, sendo conhecida como o “elemento da vida”; a essência da vida reside no Fígado. Na MTC, é considerado o elemento primordial, e é ao seu redor que se movimentam os demais elementos. O Fogo consiste no auge do ciclo dos cinco elementos, simbolizando o verão e o calor e representando a energia do Coração e da Alegria (Auteroche e Navailh, 1986). A Terra representa uma pausa no ciclo, a energia está manifesta pela meditação, seu órgão é o Baço–Pâncreas e a sua víscera o Estômago. O Metal vem a ser o crepúsculo do ciclo; o órgão a ele atribuído é o Pulmão e a víscera o Intestino Grosso, manifestando-se emocionalmente pela tristeza e melancolia. A Água representa o momento em que a energia está no seu mínimo, preparando-se para o início de um novo ciclo; é representada pelo frio e inverno e sua energia reside nos Rins. As substâncias fundamentais para manutenção das atividades vitais do corpo humano são o Qi ou Ki (na língua Japonesa), definido como a energia que se manifesta simultaneamente sobre os níveis físicos e espirituais (Wang 2001). Segundo o autor, as qualidades do Qi são: Yuan Qi (Qi original e Qi fonte) é a essência Jing pré e pós-celestial; Gu Qi (Qi dos alimentos); Zong Qi (Qi central); Zhen Qi (Qi verdadeiro); Ying Qi (Qi nutritivo) e Wei Qi (Qi defensivo). O Jing (essência) e o Qi são considerados fundamentos materiais do Shen (mente) que se constitui em “Shen ancestral” e “Shen adquirido”. O Xue (sangue) é uma forma de Qi muito denso e material tendo um relacionamento com o Qi original. O Xue (mãe do Qi) produz e nutre o Qi. O Jin ye (fluídos corpóreos) engloba a totalidade dos líquidos normais do corpo, sendo o Jin a parte leve, sutil e rara dos líquidos somáticos que circula na superfície do corpo, e o Ye a parte pesada, turva e viscosa dos líquidos, circulando no interior do corpo (Auteroche e Navailh, 1986).

3.2 Depressão e os desequilíbrios energéticos

Segundo a MTC, o desequilíbrio energético dos cinco elementos ocasionará diversos distúrbios físicos e psicológicos, entre eles a depressão. A tristeza, sentimento característico da depressão, relaciona-se, com o elemento Metal, e debilita diretamente o Pulmão, desabrigando a alma corpórea e causando confusão e apatia. Direta ou indiretamente, podemos dizer que os

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sentimentos relacionados aos cinco elementos estão ligados aos sintomas da depressão (Requena, 1990). O diagnóstico preciso da depressão, utilizando a teoria dos Cinco Elementos (Madeira, Fogo, Terra, Metal, Água) e a Teoria Yin–Yang, tem como objetivo entender as funções fisiológicas e as mudanças patológicas, acrescentando-se as teorias psicológicas para o entendimento das relações internas do organismo (Nogueira Perez,2006) A anamnese detalhada é muito importante, pois pode levar à observação do desenvolvimento da enfermidade no desequilíbrio energético e suas causas. A depressão está diretamente ligada aos maus hábitos alimentares, à alimentação feita à base de alimentos ricos em calorias e de pouco valor nutritivo. Portanto, deve-se estar atento aos hábitos e costumes do indivíduo depressivo, incluindo em sua rotina a mudança deles, de comportamentos e vida social (Auteroche e Navailh, 1986). A depressão também é vista como uma baixa geral de energia circulante pelo organismo, ocasionando o comprometimento dos Zang/Fu (órgãos e vísceras) e seus diversos estados emocionais. Assim sendo, Campiglia (1994) destaca a depressão em cada um dos cinco elementos: 

Depressão em Madeira: O Fígado e a Vesícula Biliar são os acoplados deste elemento, e a emoção relacionada é a reatividade. Quando em harmonia, a energia de madeira flui dentro do indivíduo, possibilitando planejar, imaginar, criar e ter paciência. O fracasso, a perda da motivação, assim como a falta de uma meta, pode levar o indivíduo à intolerância, ao mau humor, à ira, à raiva contida, a sentimentos fortes e incontroláveis de frustração, e à apatia; todos esses são fatores geradores de depressão. Fisicamente, pode ocorrer cansaço prolongado, enxaquecas, enrijecimento de músculos e tendões, provocando curvaturas nas costas. Diante destes problemas, podem surgir emoções ligadas à raiva, como o ressentimento, a frustração, a indignação, a amargura, a irritação ou a fúria. Quaisquer destas emoções podem afetar o Fígado, causando estagnação do Qi ou Xue deste órgão. Nervosismo, irritabilidade e raiva moderada estão associados ao Yin do Fígado deficiente. Nas mulheres, a depressão do Qi do Fígado pode gerar estase de sangue do Fígado. A depressão de longa permanência pode ser proveniente de raiva reprimida ou ressentimento.



Depressão em Fogo: O Coração e o Intestino Delgado são os acoplados deste elemento, e a emoção a eles relacionada é a alegria. Fogo em equilíbrio proporciona bons pensamentos,

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bons sentimentos, facilidade de comunicação e alegria de viver. O indivíduo depressivo em fogo geralmente terá problemas afetivos ligados à rejeição e desapontamentos pessoais, à falta de alegria de viver e de inspiração, a pouco entusiasmo e à falta de interesse diante das ofertas e oportunidades. Fisicamente pode ocorrer má circulação, má digestão, sensação de frio e calor, confusões de emoções e pensamentos. A alegria em excesso causa euforia que dispersa o Qi do Coração, tornando o espírito confuso e desorientado, que resultará em palidez, apatia, falta de vitalidade e alegria de viver. A excitação excessiva pode provocar ansiedade que acende o fogo, hiperestimulando a mente e desequilibrando o Qi do Coração. Os desejos não satisfeitos causam a frustração que dispersa o Qi, afetando o coração. 

Depressão em Terra: Baço-Pâncreas e Estômago são os acoplados deste elemento, e a sua emoção corresponde é a reflexão. Quando em desequilíbrio decorrente da depressão, observaremos alteração do pensamento racional transformado em paranóia, e mudança na capacidade de reflexão, passando o indivíduo a ter idéias fixas. O comportamento torna-se obsessivo, seguido de melancolia e falta de vitalidade. Fisicamente, podem ocorrer alterações no peso (ganho ou perda), alteração dos ciclos alimentares e menstruais, problemas circulatórios, respiratórios ou intestinais. A reflexão desequilibrada gera preocupação, o que provoca perda de apetite, desconforto abdominal, comprometendo também a concentração e a memória e causando pensamentos ruminantes e não criativos.



Depressão em Metal: Pulmão e Intestino Grosso são os acoplados deste elemento, e a emoção correspondente é a tristeza. As causas depressivas decorrem de perdas materiais, sensação de falta de proteção em relação a aspectos físicos e materiais, não aceitação do inevitável (morte ou perda material). Assim, a pessoa torna-se pessimista, nostálgica, melancólica e frágil emocionalmente, e apresenta choro freqüente, ferindo a energia do Pulmão. Fisicamente, o ritmo respiratório torna-se descontrolado, há indisposição generalizada, diarréia ou prisão de ventre, problemas de garganta e esôfago. A preocupação gera ansiedade e tristeza, o que vem a provocar deficiência de Qi dos Pulmões; nas mulheres, muitas vezes causa deficiência de Xue e amenorréia. O esgotamento do Qi dos Pulmões pode também esgotar o Yin do Fígado, gerando depressão e incapacidade de planejar a vida.



Depressão em Água: Os Rins e a Bexiga são os acoplados deste elemento, e a emoção causada é o medo. O medo é uma emoção necessária para a sobrevivência e a manutenção da espécie. Em desequilíbrio, a ansiedade posiciona-se no lugar do medo. Quando em depressão,

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o medo contamina tudo, impedindo o raciocínio, anulando as sensações de bem-estar e causando fobias, apatia, falta de confiança na própria capacidade de resolução, recolhimento excessivo e bloqueios emocionais. Fisicamente, ocorre palpitação, insônia, boca seca e transpiração noturna. Na procura de cura do psiquismo encontra-se, dentro da MTC, uma gama de causas e efeitos que são fases inter-relacionadas de um processo dinâmico. Não há funcionamento dividido, no qual uma emoção não tenha efeito corporal ou uma lesão no corpo fique sem efeito emocional.

Pensar o ser humano de forma única e pessoal é a proposta da MTC, e o trabalho em prol da saúde atua em todos os campos da natureza viva, ou seja, é necessário cuidar dos âmbitos físico, mental, espiritual e energético, em busca do equilíbrio perfeito destes vários aspectos (Requena, 1990). No tratamento da depressão, é possível detectar qual Zang-Fu está mais desequilibrado, porém, dependendo do grau de depressão, muitos estarão atingidos, pois tanto o Yin como o Yang funcionam em harmonia (Nogueira Perez, 2006).Psicologia segundo a bioenergética do Dr. Van Nghi e Dr. Calor Nogueira Perez: Fases de Evolução na Enfermidade Mental O desequilíbrio psíquico pode se produzir por razões muito diversas, e para que apareça a patologia mental tem que passar por uma série de fases ou etapas de evolução. 1ª Fase – Fase Neurótica Yin e/ou Yang 2ª Fase – Fase Ansiosa Yin ou Yang 3ª Fase – Fase Depressiva Yin ou Yang 4ª Fase – Fase Psicótica Yin ou Yang Uma patologia crônica em um indivíduo se fará presente segundo seu terreno Yin-Yang, junto com sua diátese Zang (predisposição). Também se desencadeará devido a alterações orgânicas, psíquicas (emoção repentina), alterações do Qi/Xue, desequilíbrio Yin-Yang ou por alterações dos líquidos orgânicos. 1ª Fase – Neurótica (Xie Mental) Implica a alteração do Mestre do Coração, como órgão que coordena em primeira instância qualquer alteração do comportamento. O Mestre do Coração, como regulador geral de toda bio

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informação que o indivíduo recebe, está conectado com os órgãos internos. Por isso qualquer impacto emocional repercute no pericárdio, que deve resolver a conjuntura. Por exemplo, uma agressão por medo que afete o Rim deverá ser neutralizado pela reflexão do BP, a tristeza que afeta o Coração deverá ser neutralizada pela alegria do Coração, etc. O Mestre do Coração através de suas vias internas (meridianos distintos) faz essa mediação. Quando o choque emocional supera as possibilidades homeostáticas do Mestre do Coração, começa um processo que pode evoluir em direção a graus de pior prognóstico. Nesta primeira fase se observam alterações dos aspectos fundamentais da vida de relação do ser humano, como a sexualidade e o sono. Fatores endógenos, exógenos ou mistos pode ser a raiz da aparição deste primeiro estágio de desequilíbrio onde o Mestre do Coração, enquanto válvula de escape trata de neutralizar as plenitudes internas desencadeando sintomas agudos e típicos, por exemplo: - taquicardia, arritmia, opressão torácica, alteração da sexualidade (por excesso ou falta), alterações do sono (insônia), problemas musculares (tensão muscular já que Fígado e o Mestre do Coração formam o mesmo plano – Jue yin), irritação, estresse, etc. Se não for corrigido e transbordar a ação do pericárdio, o desequilíbrio segue adiante e passará a uma segunda fase. No final da primeira fase já podem coexistir sintomas da segunda. Na atual sociedade ocidental existem

múltiplos fatores que provocam essa situação de opressão constante no Mestre do Coração (materialismo, medo, preocupação, etc.) e por isso são tão freqüentes as alterações na área do sono e da sexualidade. Podemos medir isso pelo consumo exagerado de soníferos ou se dantes, e pelas transgressões sexuais que parecem ser típicas de nossa sociedade. . 2ª Fase – Ansiosa (Xie Houn ou Xie Yi)

Se o Mestre do Coração não controla a situação e falha em sua função mediadora se afetará o Shen do Baço-Pâncreas e do Fígado (Yi e Houn). O Fígado (Yang) e o Baço-Pâncreas (Yin) produzem dois tipos de ansiedade diferentes: A Ansiedade Yang (Xie Houn) – uma alteração do espírito do Fígado, que favorece a possessividade, o materialismo, a excessiva competitividade. É a ansiedade típica do homem que pode chegar a sobrepujar todos os valores e prazeres, incluindo a sua própria vida, para chegar ao máximo poder ou a uma maior relevância social. Produzir-se-á um indivíduo inquieto, impulsivo, com ira e irritabilidade, insônia, com olhos perdidos no vazio (falta de foco) e excesso de

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imaginação que resultará em ansiedade e desejo descontrolado, ambição desmedida e hiperatividade. É o que alguns autores clássicos denominam de “a alma do general”. A Ansiedade Yin (Xie Yi) – é uma alteração do espírito do Baço-Pâncreas, que dá lugar ao surgimento de preocupação excessiva pela conservação ou manutenção das coisas, as condutas repetitivas, a obsessão. É a ansiedade própria da mulher que pode conduzir a condutas obsessivas com o objetivo de manter seus valores essenciais como beleza, filhos, segurança, ou seja, tudo o que possui ou forma seu mundo. Os filhos se vão, a beleza se apaga, e isso supõe um choque que pode dar lugar à ansiedade característica da mulher na época pré-menopausa, caracterizada por obsessão, preocupação e ansiedade. É descrita por alguns autores como a “alma do juiz”.A afetação de uma ou outra unidade energética vai depender de vários fatores.Assim, um desequilíbrio proveniente de um fator Yin tenderá a repercutir no BP, e se a raiz do desequilíbrio é de natureza yang tenderá a repercutir no F. 3ª Fase – Depressiva (Xie Po) “Superada a fase anterior, pode haver evolução para um quadro depressivo que está claramente definido em MTC como alteração da „alma sensitiva”, ou Po. A unidade energética afetada nesta fase é o Pulmão, responsável pela energia vital. O indivíduo padecerá de uma queda na energia vital, aparecendo angústia, melancolia, tristeza, pessimismo, perda da auto-estima e ausência mórbida de vontade e da alegria de viver. Há desengano e frustração com esgotamento da capacidade de resposta aos múltiplos fatores de convivência humana, resultando em psicoastenia e tristeza. O Po é denominado pó alguns autores como “a alma do poeta”. 4ª Fase – Psicótica (Xie Thân ou Xie Zi)

Se se supera a fase depressiva, pode ser afetado o eixo Shao Yin, eixo mais profundo, responsável em última instância pelo equilíbrio Qi-Xue e Yin-Yang. Os órgãos Coração e Rim estão envolvidos nesta fase, gerando as grandes psicopatias: Loucura Yang (Xie Thân) – ou perturbação do espírito do Coração, onde aparecem comportamentos Yang, com logorréia e euforia descontrolada. O indivíduo acredita estar acima do bem e do mal, se torna egocêntrico, megalomaníaco, tem delírios e alucinações, tem comportamentos lábeis e imprevisíveis, “vai em direção ao céu”. O paciente pode apresentar manifestações como: chorar e voltar a estar tranqüilo em questão de minutos, ou gritar e insultar a

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todos ao redor, sendo impulsivo em seus atos, com a realidade distorcida, sendo a morte um aspecto insignificante. É chamada de “a alma do imperador”. Loucura Yin (XieZi) – perturbação do espírito do Rim, onde aparecem comportamentos Yin com medo, zelo, insegurança. O indivíduo tem a força de vontade desvanecida, não vê motivos para viver, tem medo da vida, “vai em direção à terra, sem vontade para exercer nenhuma ação. Se a alteração é forte o indivíduo apresentará um terror intenso e medo de tudo, para ele a vida perde o sentido e pode chegar ao suicídio, sendo que este corresponde a um estado crítico onde o paciente tem perda de reconhecimento da própria imagem e do mundo que o cerca. É chamada de a “alma do cobrador de impostos”.A alteração poderá se apresentar em um ou outro, dependendo da origem. Em resumo: FASE ÓRGÃO AFETADO DENOMINAÇÃO CHINESA

SINTOMAS

NEURÓTICA MC Xiemen

Transtornos da área do sono e da sexualidade. Alterações da freqüência e ritmo cardíaco, opressão torácica, stress.

ANSIOSA F e BP Xiehoun (F) Ansiedade Yang XieYi (BP) Ansiedade Yin F – Desejo de posse e domínio (Alma do general) BP – desejo de conservação e manutenção (Alma do juiz)

DEPRESSIVA P Xiepo (P)

Tristeza, melancolia, abulia, perda da auto-estima, astenia, psicoastenia.

PSICÓTICA CeR Xiethân (C) Loucura Yang Xiezi (R) Loucura Yin C – Logorréia, labilidade, egocentrismo, soberba. R – Medo, zelo, insegurança, suicídio.

Essas quatro fases representam a evolução normal da enfermidade mental. No entanto nem exemplo, evolucionar diretamente para a quarta fase. Ou seja, o desequilíbrio pode pular de fases de acordo com a intensidade do fator patogênico

.Assim, entende-se com essa visão oriental o ser humano de forma global tratando os desequilíbrios energéticos dos meridianos, as estagnações, as deficiências e excessos dos Zang-

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Fu, e ao mesmo tempo auxiliando nas transformações de hábitos psicossociais que o impossibilitam na completa remissão de seus sintomas.

4 MASSOTERAPIA A massagem sempre foi um dos meios mais naturais e instintivos de aliviar a dor e o desconforto. É comum verificar que quando uma pessoa tem músculos doloridos, dores abdominais, uma contusão ou um ferimento, o impulso instintivo é tocar e/ou esfregar essa parte do corpo para obter alívio. O toque como método de cura parece ter inúmeras origens culturais e é provável que a massagem tenha começado quando habitantes das cavernas esfregavam suas contusões (Fritz, 2000). A massagem terapêutica tem fortes raízes na medicina popular chinesa, mas também possui muitos aspectos em comum com outras tradições de cura, como a medicina indiana e a medicina persa. Acredita-se que a arte da massagem tenha sido mencionada pela primeira vez por escrito em cerca de 2760 a.C., no grande tratado de medicina chinesa conhecido como Nei Chang e desde cerca de 500 a.C. vem sendo pesquisada e descrita extensamente em livros. A literatura médica egípcia, persa e japonesa está cheia de referências à massagem. O médico grego Hipócrates (460 a.C) advogava a massagem e os exercícios de ginástica constantemente em suas terapêuticas. Asclepíades, outro eminente médico grego, confiava exclusivamente na massagem em suas práticas (Wood, 1984). Ao longo da história, a massagem foi usada como ferramenta terapêutica e seu valor foi reconhecido por múltiplas e variáveis culturas. A fundamentação fisiológica em suporte ao uso da massagem tem progredido, indo de puramente empírica até algo mais científico (CDOF, 2010). Os métodos de massagem terapêutica são simples e eficientes para produzir respostas mediadas por meio do sistema nervoso, da interação com o sistema endócrino, do tecido conectivo e dos sistemas circulatórios. Técnicas de massagem terapêutica são capazes de substituir as farmacêuticas em casos de manifestações brandas de sintomas em determinadas disfunções. Como suplemento de ajuda à terapia medicamentosa pode reduzir as dosagens e a duração do uso de fármacos, diminuindo assim o risco de efeitos colaterais. O uso da massagem para a ansiedade, a depressão e a dor crônica pode ser benéfica em conjunção com um protocolo de tratamento multidisciplinar (Fritz, 2000).

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As técnicas manuais de massagem são fisiologicamente específicas e bem definidas pelo modo de aplicação (esfregar, tracionar, pressionar); pela velocidade e a profundidade da pressão (sustentada ou lenta, rítmica, intervalada ou rápida); pela intensidade do toque (toque leve, toque profundo e uma combinação dos dois); e pela parte do corpo do terapeuta usada para aplicar as técnicas (dedos, mão, antebraço ou joelho). As técnicas de massagem terapêutica e outros tipos e estilos de trabalhos corporais são meras variações da aplicação fundamental de manipulações, que proporcionam estimulação sensorial externa e efeitos internos. Os benefícios das técnicas são simplesmente o resultado de efeitos fisiológicos básicos desencadeados pelo estímulo tátil (Fritz, 2000). Portanto, será elucidado no tópico a seguir aspectos fisiológicos básicos da massagem que podem ser útil na psicobiologia da depressão.

4.1 Massoterapia Chinesa Tuina Archange (1986) descreve que um tipo de massagem terapêutica chinesa é a Tuina. O significa “empurrar e agarrar”. A massagem Tuina é uma técnica específica da MTC, e não se confunde com uma massagem comum de relaxamento, pois tem em conta o diagnóstico do indivíduo pelo enfoque da MTC no momento presente. O diagnóstico avalia os cinco princípios da MTC, que se manifestam nos níveis físicos e psíquicos; enquanto que o tratamento procura restaura o equilíbrio entre eles através da massagem em determinados pontos dos meridianos e zonas do corpo. Essa modalidade de massagem terapêutica harmoniza a energia essencial do corpo entre o Yin e o Yang. Ela induz um forte relaxamento muscular e também restabelece os desequilíbrios tornando-se uma técnica muito eficaz para a contribuição da cura da maioria das doenças. Inclui técnicas de manipulação capazes de corrigir quadros patológicos caracterizados pela incorreta posição articular (Archange, 1986). Os mesmos meridianos trabalhados pela acupuntura são a base do tratamento na massoterapia e é freqüentemente utilizada junto com outras técnicas terapêuticas como a acupuntura. Este tipo de massagem incide, sobretudo na circulação do Qi (energia) e no Xue (sangue). Ela promove o equilíbrio e proteção através de varias técnicas de dispersão, tonificação e harmonização.

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A Tuina também é indicada no tratamento das crianças como substituto da acupuntura. Como a energia das crianças é particularmente forte e vibrante, elas costumam reagir ao tratamento mais rapidamente que os adultos. Os efeitos são especialmente benéficos com crianças até aos cinco anos. Ela pode tratar mesmo doenças como asma ou diarréia. Depois de uma pequena aprendizagem, os próprios pais podem aplicar a massagem em casa (Archange, 1986). Essa massagem serviu para curar e aliviar inúmeros problemas e relaxar o corpo. Desde sempre foi considerada como uma vertente importante ao nível da saúde na China. A massagem é muito mais do que uma comunicação instintiva entre o paciente e o massoterapeuta. Esta prática é ensinada desde1956. Os benefícios desta arte são amplos e comprovados, pois não apresenta qualquer efeito secundário, é eficaz no combate e prevenção de doenças, e há ainda quem considere que esta massagem é um meio para conseguir viver por mais tempo. Aliás, nesta massagem as mãos são o canal transmissor de energia, e é através delas que se cura o plano emocional e físico. Relaxa o corpo e a mente, e alivia a tensão diária do ser humano. Pessoas com problemas de circulação, hipertensão, insônias, ou dores de cabeça, podem sair da massagem com uma enorme sensação de bem-estar e relaxamento (Archange, 1986). O autor ainda enfatiza que a massagem atua no sistema nervoso, reprodutor, digestivo, circulatório; o que proporciona benefícios aos tecidos cutâneos, à circulação sanguínea, bem como a toda a estrutura óssea. Assim, toda a saúde emocional, mental, e física, do indivíduo è privilegiada com esta massagem. O fato deste gênero de massagens não atuar somente ao nível dos músculos, acaba por ser uma das vertentes mais exploradas e estudadas na China, à qual tantas pessoas recorrem. Na realidade, qualquer pessoa pode usufruir deste gênero de massagem, quer seja desportista, ou tenha que estar o dia inteiro sentada, com um computador à frente. A tuina tem por objetivo equilibrar o fluxo de energia do nosso organismo: dar largas ao seu fluir, caso esteja em quantidade reduzida, „eliminá-la‟, se estiver em excesso, ou tonificá-la, caso esteja enfraquecida. E, é só a partir do equilíbrio da energia que se consegue atingir a saúde plena, em todas as suas vertentes (Archange, 1986). Através de sinais e sintomas que o corpo revela podem ser detectados futuros problemas que ainda não são visíveis ao paciente, e assim, contribuir para a prevenção e proteção do indivíduo, através das técnicas de massagem que visam a eliminação desses indícios de desequilíbrio. A Tuina acalma e tranqüiliza o corpo e a mente, o que representa uma elevada ajuda para as pessoas que sofrem de depressão ou de alguma forma de ansiedade (Archange, 1986).

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4.2 Efeitos Fisiológicos da Massagem na Depressão

É importante lembrar que quando os pacientes são tocados, a sua psique também é tocada; é literalmente impossível separar a psique do corpo. É comum que o tratamento físico seja capaz de alterar o estado psicológico do paciente, em forma de alterações de humor, de uma nova percepção da imagem corporal e em mudanças de comportamento. Perls, fundador da psicologia da Gestalt, salientou que estimular as sensações (como por meio da massagem) e aumentar a conscientização corporal contribuem para “alimentar” a psique, promovendo uma melhor integração entre o corpo e a mente. Darbonne, terapeuta gestaltista e rolfista, recomenda o uso da técnica de massagem para aumentar a consciência do corpo em prol do crescimento pessoal (Fritz, 2000). Os conceitos fundamentais que explicam os efeitos da massagem terapêutica baseiam-se no princípio de que a massagem age diretamente nos tecidos moles ou fluídos corporais estimulando o sistema nervoso, o sistema endócrino, as substâncias químicas do corpo, além de sua ação como efeito placebo. Nesta atuação da massagem sobre o Sistema Nervoso Central, as principais informações foram encontradas em Fritz (2000), e serão abordadas conforme o autor propõe, falando sobre a atuação da massagem em cada um dos sistemas e colocando, afirmações sobre evidências e pesquisas que demonstraram a eficácia da massagem, por exemplo, na modificação de níveis de alguns neurotransmissores ou substâncias neuroendócrinas.

4.2.1 Os efeitos da Massagem sobre o Sistema Nervoso Central

Os efeitos da massagem ocorrem através do inter-relacionamento do Sistema Nervoso Central (SNC) e periférico (e seus padrões de reflexos e múltiplos caminhos), além do sistema nervoso autônomo (SNA) e do controle neuroendócrino. O sistema nervoso responde aos métodos de massagem terapêutica por meio da estimulação dos receptores sensoriais pelo toque. A estimulação sensorial da massagem interrompe um padrão existente nos centros de controle do SNC, resultando numa mudança de

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impulsos motores. Essa mudança nos impulsos motores acarretaria uma alteração da homeostase e regularia os padrões vitais e a liberação de neurotransmissores. Pesquisas atuais apontam que a maioria dos problemas no comportamento, humor e percepção de estresse e dor, bem como outras desordens chamadas de mentais/emocionais, são causadas pela desregulação ou falta das substâncias bioquímicas. A massagem regularia esses níveis bioquímicos, melhorando os sinais de ansiedade, atenção e diminuindo os traços depressivos.

4.2.2 A influência da massagem nas substâncias neuroendócrinas

Algumas das principais substâncias químicas Neuroendócrinas influenciadas pela massagem são as seguintes: 

Dopamina: Influencia a atividade motora e do humor;



Serotonina: Regula o humor e reduz a irritabilidade. Também modula o ciclo de sono/vigília. Um baixo nível de serotonina tem implicação na depressão, distúrbios alimentares, problemas de dor e desordens obsessivo-compulsivas;



Epinefrina/Adrenalina e Norepinefrina/Noradrenalina: A epinefrina ativa mecanismos de excitação no corpo, ao passo que a norepinefrina funciona mais no cérebro. Elas são as substâncias químicas da ativação, da excitação, do alerta e do alarme; na resposta de luta e fuga e em todos os comportamentos e funções de excitação simpática. Se os níveis dessas substâncias químicas estão elevados, ocorre uma hiperatividade e uma hipervigilância - a pessoa pode ter um padrão de sono perturbado, em particular uma falta de sono. Com baixo nível dessas substâncias o indivíduo fica indisposto, sonolento, fatigado e subestimado;



Encefalinas/endorfinas: São substâncias que levantam o ânimo e que dão suporte à saciedade e modulam a dor. A massagem aumenta os níveis disponíveis destas substâncias. A duração do efeito da massagem, em função do esgotamento das encefalinas é de aproximadamente 48 horas;



Ocitocina: Ligada a sentimentos de atração, junto com suas funções mais clínicas durante a gravidez e lactação;



Cortisol: Um dos hormônios liberados pelas glândulas supra-renais durante períodos de estresse prolongado. Níveis elevados desse hormônio indicam aumento de estimulação simpática.

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Há evidências suficientes, também, que correlacionam o estresse à depressão – o que justificaria o fato da aplicação de massagem em pacientes estressados e/ou deprimidos. O Hormônio do crescimento promove a divisão celular e em adultos tem sido implicado nas funções de regeneração e reparação de tecidos. A massagem dinamiza, de forma indireta, a disponibilidade do hormônio do crescimento, encorajando o sono e reduzindo o nível de cortisol. Pesquisas têm demonstrado que a massagem terapêutica aumenta os níveis de dopamina, serotonina, encefalinas, endorfinas e a ocitocina, além de reduzir os níveis sanguíneos e salivares de cortisol. Esta informação é de grande relevância, visto que são hormônios altamente relacionados com os pacientes deprimidos.

4.2.3 Influências autônomas O SNA é mais conhecido por sua regulação da resposta simpática de “luta/fuga/medo” e da resposta parassimpática de “relaxamento e restauração”. Os dois sistemas trabalham juntos para manter a homeostase do corpo. A excessiva ativação simpática esta relacionada à maioria das doenças provenientes do estresse. O SNA é regulado por vários centros no cérebro, em particular o córtex cerebral, o hipotálamo e a medula oblonga. O hipotálamo desempenha um papel importante na conexão corpo/mente e é um dos principais componentes do sistema límbico. O sistema límbico é um grupo de estruturas do cérebro, ativadas por excitação e comportamento emocional, que influenciam os sistemas endócrino e autônomo. As respostas límbicas são refletidas numa alteração geral do humor e em sentimentos de bem-estar e angústia. A massagem mostrou-se efetiva na regulação dos circuitos neurais límbicos às respostas emocionais.

4.3 Massoterapia no Tratamento da Depressão

Segundo Fritz (2000) os estudos sobre os efeitos do toque na mente e nas emoções dos pacientes são surpreendentemente raros. A maioria das pesquisas realizadas nessa área é oriunda das especialidades de enfermagem e psicoterapia.

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O autor afirma que o toque terapêutico já revelou ser útil durante o parto, ajudando as mulheres a relaxar quando elas não reagiam a estímulos verbais. No aconselhamento psicológico, descobriuse que um breve toque social por parte do terapeuta ajudava o paciente numa melhor exploração interior. O toque utilizado nessas circunstâncias era mínimo: um aperto de mão, uma tapinha no ombro ou um toque no braço - todos com duração de apenas alguns segundos. Isto demonstra o quão importante é um singelo contato físico, em pacientes emocionalmente abalados, de preferência um contato que expresse conforto, segurança e confiança. O toque aprimora a eficiência do eixo hipófise supra-renal. A recepção de um toque terapêutico neutro, estimulante e não ameaçador, constitui uma das maneiras mais importantes para que os seres humanos e outros mamíferos elaborem uma resposta saudável ao estresse e à ansiedade (Werner, 2005). Frente a essas evidências pode-se salientar que a massagem parece ser um recurso interessante naqueles pacientes deprimidos que se encontram em estados de estresse elevado ou com componentes de ansiedade importantes. Além disso, a interpretação do toque por parte do paciente também deve ser levada em consideração. A forma como o toque é interpretado pode depender da formação cultural e do ambiente social do indivíduo, das suas experiências anteriores, expectativas quanto ao tipo de toque (mais sutil, mais intenso etc), da natureza da relação entre o paciente e o terapeuta, entre outros componentes (Fritz, 2000). Portanto, as experiências de toques anteriores desempenham importantes papéis na forma como o paciente percebe a manipulação; com isso um procedimento de massagem agradável para uns pode ser incomodo para outros; fatos de fundamental importância para que os terapeutas antes de qualquer coisa averiguem se a técnica é realmente bem tolerada pelo paciente e também, para que conduzam uma intensidade de manipulação cautelosa na hora da massagem. Outro fator importante a se analisar em pacientes com depressão é a forma com que estes pacientes visualizam mentalmente o próprio físico – a imagem corporal. Isto porque relações anormais entre a psique e o corpo podem vir a tona em casos de doenças mentais. Pacientes com anorexia/bulimia ou depressão, por exemplo, podem ter uma dissociação entre o corpo e a mente. E nos pacientes que sofrem de depressão isso pode acontecer em função de dor auto-infligida com o intuito de aumentar a conscientização do corpo ou o senso de realidade (STARK, 1989). Estes indicativos justificam a intervenção da massoterapia em alguns pacientes deprimidos, pois é

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uma intervenção que tende a facilitar a conscientização corporal, ajudando nesse processo de dissociação corpo/mente. Segundo Fritz (2000) a propriocepção profunda dos receptores musculares e articulares dá origem à imagem interna do corpo e a estimulação tátil dá origem à imagem externa do corpo. Esta afirmação é importante para que os massoterapeutas priorizem uma estimulação tanto superficial quanto profunda nas suas sessões de massagem – realizando também movimentos osteoarticulares passivos, alongamentos, contração voluntária - melhorando a imagem interna e externa dos pacientes deprimidos. Além disso, Freud

apud (Requena, 1990) descreve a

importância da estimulação tátil para o desenvolvimento do ego (a psique). O autor afirma também que o prazer, por si só, representa um instrumento terapêutico muito importante para a integração pessoal e a cura. E a massagem, assim como uma atividade física ou um hobbie, pode ser também uma fonte de prazer. Também encara o prazer e a dor como opostos. A dor produz contração muscular, supressão e fragmentação do corpo e da psique; ela torna os movimentos abruptos e repentinos e pode alterar a motilidade autônoma dos órgãos vitais, como interrupção respiratória ou freqüência cardíaca elevada. O prazer pode ser visto como o oposto, promovendo expansão e integração; ele estimula o fluxo normal de movimento e a motilidade autônoma, ambos importantes para a cura e o bem-estar. Alguns autores comentam que massagem transfere a pessoa de um estado simpático para um estado parassimpático. Isso acarreta várias modificações fisiológicas e químicas no corpo, incluindo um aumento na secreção de serotonina e uma redução do cortisol (Werner, 2005). E para esta “transferência” de um estado simpático (de maior excitação) para um estado mais parassimpático (de maior relaxamento) alguns autores apontam que a massagem deve ser empregada por um período superior a 15 minutos (Fritz, 2000). A massagem pode provocar tanto um estado de excitação como um estado de relaxamento, dependendo de algumas variáveis como a intensidade do toque. Massagens vigorosas, com impulsos de alta velocidade e tratamento forte e profundo tenderiam a iniciar uma resposta de excitação, por outro lado, a massagem leve, com técnicas de sustentação e balançares suaves no corpo reduziriam a excitação provocando um estado de relaxamento. Do parágrafo anterior conclui-se que a quantidade de pressão aplicada é crítica para a obtenção dos resultados desejados. Parece existir um efeito sedativo ou relaxante com pressões leves para médias, porém a quantidade de pressão pode variar durante o tratamento e de acordo com a

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rigidez muscular encontrada. Para conseguir efeitos mecânicos sobre adesões, por exemplo, a pressão precisa ser suficientemente forte para distorcer as estruturas apropriadas (CDOF, 2010). A direção mais comumente empregada de movimento na massagem, segundo a cinesiologia, é a paralela às fibras musculares (quando o objetivo é o relaxamento). Já quando tratamos áreas fibróticas, o movimento deve aplicar forças de tração nas estruturas envolvidas, com uma pressão na direção da restrição; ou uma fricção profunda perpendicular à direção das fibras afetadas especificamente no local da patologia (Cyriax, 2001). A duração de qualquer técnica de massagem depende do tamanho da área tratada, da patologia envolvida e da tolerância do paciente. A freqüência de aplicação é a menos compreendida e mais controvertida de todos os componentes. Existe uma ampla variação da freqüência adequada relatada na literatura. Em geral, se são obtidos resultados terapêuticos apropriados, a diminuição da freqüência durante o curso do tratamento pode ser apropriada (CDOF, 2010). Um aspecto muito delicado na prática da massagem são as áreas do corpo consideradas tabus. Nem todas as áreas do corpo carregam o mesmo “peso” emocional e, portanto, a reação do paciente pode diferir de acordo com a área manipulada. E quanto mais “carregada” for uma área, mais o paciente se sente inseguro, ansioso, ameaçado e excitado quando ela é tocada – eventos não desejados no tratamento de pacientes com depressão. De modo geral, as superfícies dos extensores são menos sensíveis ou íntimas do que as áreas flexoras do corpo. A rigor as áreas menos sensíveis ot tabus são o dorso dos antebraços e os ombros, além disso, o “tabu ventral” (áreas como barriga e peitos) é comumente observado na terapia manual - com isso as superfícies dorsais tendem a ser mais confinadas ao tratamento da massagem. Os maiores tabus da sociedade são com relação aos orifícios corporais, ou tão somente as regiões próximas às genitálias, seios, boca, orelhas, olhos e narinas; portanto tais regiões devem ser evitadas ou cuidadosamente abordadas. Para finalizar, uma pesquisa realizada com 84 mulheres grávidas e que adquiriram os sintomas depressivos demonstrou diminuição dos níveis de cortisol sanguíneo e elevação dos níveis de dopamina e serotonina - após o tratamento pela massagem (Field et al, 2004). Foram comparados também, os dados obtidos com um grupo controle e outro grupo que realizou relaxamento muscular progressivo (N=28 por grupo) e os resultados encontrados demonstraram que a massagem foi superior ao grupo controle e a técnica de relaxamento. Citou-se esta pesquisa, pois no capítulo seguinte abordar-se-á o relaxamento como tratamento da depressão.

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5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho procurou apresentar de forma sucinta a Depressão ou Síndromes Depressivas na ótica da Medicina Ocidental e da Medicina Tradicional Chinesa (MTC). A depressão como conhecida na Medicina Ocidental, foi apresentada dentro dos padrões empregados na Psicologia Ocidental, estabelecendo um paralelo com a MTC. Destacamos a Depressão na MTC fazendo as relações entre os diversos canais energéticos que podem afetar o fluxo suave do Qi, e os distúrbios emocionais causados. Apresentamos também a Massoterapia Chinesa como técnica para o tratamento da Depressão ou Síndromes Depressivas detendo-nos, apenas em citar alguns estudos e pesquisas bibliográficas indicadas para o tratamento. Com isto, o estudo pode averiguar que a MTC ainda está pouco estruturada referente à bibliografia na Depressão, porém apresentase em constante expansão, tanto na área da pesquisa, como na utilização das teorias da MTC e da Massoterapia Chinesa para o tratamento desta patologia. A depressão, sendo um problema tão relevante de saúde pública, devido a sua alta incidência em todas as idades, sexos e classes sociais, necessita de tratamento terapêutico mais variado, sendo um deles a Massoterapia Chinesa de baixo custo e não medicamentosa, enquanto que a prática clínica ocidental tem centrado suas ações, em reduzidas ofertas, como a medicamentosa e a psicoterapêutica. Conclui-se que a Massoterapia Chinesa apresenta resultados promissores no tratamento e prevenção da depressão, ou Síndromes Depressivas, sendo considerada de muita valia sua aplicabilidade em pacientes, com depressão leve ou moderada, em estudos comparativos com “grupos placebo” e estabelecendo assim, melhores coordenadas para o tratamento de tais pacientes. Pela revisão bibliográfica pode-se perceber também, que as terapêuticas estudadas (massoterapia chinesa) devem ser cuidadosamente empregadas se forem o recurso único no tratamento da depressão; pois ainda não existe um consenso criterioso sobre a utilização da mesma, sem nenhum outro acompanhamento clinico da medicina ocidental, e sim como um tratamento auxiliar para a melhora da quarta maior causa de perda de anos de vida sadios de tais pacientes. Favorece qualidade de vida, inclusive diminuindo o número de suicídios e uma recuperação da incapacidade do ser humano atingido pela doença, para sua convivência na sociedade.

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