Disseminação Voluntária de Informações Financeiras e Práticas de Governança Corporativa em Websites Corporativos: Um Estudo Empírico com Empresas Listadas na Bovespa Autoria: Wesley Mendes-da-Silva Resumo A análise da governança corporativa, incluindo-se a transparência da administração, tem-se tornado um fator chave para conhecer as grandes empresas. Ao mesmo tempo, vem sendo apontada como um indicador de confiança dos investidores nas decisões tomadas pela administração das empresas listadas em bolsas de valores. Porém, a Internet proporcionou às corporações um poderoso canal de relacionamento com investidores. Assim, este artigo tem como objetivo verificar a existência de associações entre características das empresas e a disseminação voluntária de informações de interesse dos investidores: (a) informações financeiras, e (b) práticas de governança corporativa adotadas, por meio dos Websites corporativos. O estudo consiste em um cross section realizado a partir de dados referentes a 282 empresas não financeiras listadas na Bovespa em 2005. Os principais resultados sugerem que quanto maior a firma, e quanto maior o retorno anual das ações da empresa, maior é a soma de informações disseminadas no Website corporativo. Além disso, as empresas mais recentemente listadas são mais propensas a divulgar informações de interesse dos investidores. Observou-se ainda que, nos últimos três anos, houve um aumento da disseminação voluntária de informações financeiras nos Websites corporativos. 1. Introdução Nos últimos anos, ao redor do mundo, inclusive no âmbito nacional, a análise da governança corporativa tem-se tornado um fator chave para o conhecimento das grandes empresas. Ao mesmo tempo vem sendo apontada como um indicador de confiança dos investidores nas decisões tomadas pelos executivos e conselhos de administração de empresas listadas em bolsas de valores. Adicionalmente, com o advento da Internet, as corporações passaram a ter um inovador e poderoso canal de relacionamento com investidores. Assim, em mercados mais desenvolvidos que o brasileiro, cada vez mais, as grandes companhias abertas estão utilizando a Web para uma aproximação maior com seus acionistas, analistas, e investidores. Ao democratizar o acesso a informações financeiras e relatórios úteis ao mercado, a empresa está preservando um dos requisitos basilares da boa governança corporativa, a transparência (disclosure), além de colaborar para a eqüidade no tratamento dos proprietários. Na opinião de autores como Zingales (2000), a influência da mídia deveria ser abordada menos discretamente nos estudos desenvolvidos em Economia e Finanças. De maneira complementar, outros como Dyck e Zingales (2002) argumentam que o processo de difusão das informações ainda possui pouca representatividade em modelos econômicos. Por outro lado, um número cada vez maior de pessoas busca informações na mídia, especialmente a rede mundial de computadores. Diante disso, testemunha-se a necessidade de romper com o padrão anterior de comunicação, ou melhor, inovar o processo de relacionamento com o mercado (Burlamaqui e Proença, 2003, p. 83), dominado pela mídia impressa. No âmbito internacional, algumas pesquisas já abordaram as associações entre características corporativas, tais como: tamanho, alavancagem, e rentabilidade, com a sua voluntariedade em disponibilizar informações financeiras ao mercado pela Internet, destacando-se Brennan e Hourigan (2000) e Ettredge, Richardson e Scholz (2002). Mas, no caso brasileiro, a falta de padronização do uso da Internet para relacionamento com investidores (RI) tem possibilitado uma variedade de 1

formas de exploração da rede para comunicação com o mercado, conforme atesta recente estudo realizado por Mendes-da-Silva e Magalhães Filho (2005a). Nesse contexto, o objetivo deste artigo é verificar a existência de associações entre características das empresas, quais sejam: alavancagem, retorno anual das ações, tamanho, rentabilidade, e tempo de listagem em bolsa, com a disseminação voluntária de informações de interesse do investidor: (a) informações financeiras, bem como (b) práticas de governança corporativa empregadas pelas empresas brasileiras, por meio de Website corporativo. O estudo desenvolve-se com base em todas as empresas não financeiras listadas na Bovespa, no ano de 2005. Espera-se que os resultados deste trabalho auxiliem, orientem e estimulem a adoção de políticas de utilização da Internet como meio de difusão voluntária de informações de interesse dos investidores no âmbito nacional. Os principais resultados alcançados sugerem: i) a existência de associações positivas e significativas entre o tamanho da empresa e as medidas de disseminação voluntária de informações de interesse do investidor; ii) empresas que exibiram maiores retornos anuais de suas ações divulgaram uma soma maior de informações de governança corporativa e financeiras; iii) as empresas que foram listadas mais recentemente na Bovespa são mais propensas a disponibilizar voluntariamente informações relativas à governança corporativa e ao desempenho financeiro; e iv) nos últimos três anos houve um aumento na soma de informações financeiras disponíveis dos Websites corporativos. Este artigo está organizado em cinco partes. A seção 2 apresenta a literatura relevante acerca da temática. Em seguida, na seção 3, é relatada a metodologia adotada para a realização da pesquisa. Logo após, na seção 4, são apresentados e discutidos os resultados empíricos alcançados no estudo e, na seção 5, desenvolvem-se os argumentos da conclusão. 2. Bases Teóricas do Estudo Na América Latina, parece ainda ser incipiente a discussão e a elaboração de políticas de gerenciamento com base em princípios de governança corporativa, apesar de já existirem iniciativas de diversos setores da sociedade com vistas às suas difusão e valorização no âmbito das economias emergentes, esse é o argumento central desenvolvido por La Porta et al. (1998). Na experiência brasileira destacam-se as iniciativas do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). De maneira complementar, tanto na literatura acadêmica, como naquela dirigida aos práticos, é possível constatar o crescente interesse pela matéria focada neste artigo. Assim, Isenmann e Lenz (2001, p. 169-178) defendem que a procura pelo aumento da acessibilidade à informação tornou inevitável o uso de novas tecnologias, destacadamente a Internet. A utilização de tecnologias inovadoras tem um impacto significativo na disponibilidade e na difusão de informações, introduzindo vantagens para as empresas como: redução do custo de comunicação, aumento da velocidade de troca de informações, redução do esforço administrativo, e versatilidade no manuseio de conteúdos interessantes ao mercado. Embora já exista ao redor do mundo uma quantidade razoável de estudos relacionados aos fatores determinantes da disseminação voluntária de informações de interesse do investidor pela Internet, no âmbito nacional essa questão ainda é pouco explorada. Porém, Litan e Wallison (2000, p. 8) ressaltam que nos mercados mais desenvolvidos já se nota preocupação com esse aspecto. Desse modo, tanto pelo lado da demanda, quanto pelo lado do fornecimento de informações, as implicações da Internet são profundas. Isto é, se as empresas podem utilizar a rede para acessar informações e mercados, de forma quase instantânea e constante; e tanto investidores, como analistas, são ávidos por informações, o resultado óbvio é o aumento da disponibilização de informações do interesse dos investidores pelo Website corporativo.

2

Por outro lado, há problemas associados ao uso da Internet, já que a padronização quase inexiste. Em alguns países já há algumas tentativas de inserir orientações para a disseminação de informações para investidores pela Web, sendo contemplados essencialmente: (a) autenticidade e credibilidade das informações financeiras e ainda os relatórios divulgados pelos auditores (Debreceny e Gray, 1999); (b) segurança e, coerência entre relatórios financeiros estatutários e outras informações financeiras online (Koreto, 1997) e; (c) o esmero dos auditores em relação aos relatórios online (Sheehy e Trites, 1997). Mas, as companhias possuem diferentes políticas e práticas no uso da rede para atividades de RI. Então, em 1996, nos Estados Unidos, surgia o EDGAR (Electronic Data Gathering, Analysis, and Retrieval), uma tentativa de padronizar procedimentos. Enquanto no Canadá era criado o SEDAR (System for Electronic Document Analysis and Retrieval). Essa temática também tem despertado o interesse da academia. Assim, Gray e Debreceny (1997) examinaram empresas norte-americanas e concluíram que mais de 60% delas utilizam a Web para disseminação de informações financeiras. Na Finlândia, Lymer e Tallberg (1997) encontraram resultados similares. Porém na Espanha, Gowthorpe e Amat (1999) identificaram somente 19% das empresas adotantes dessa prática. Mas também existem investigações que vão além da simples disponibilização dos relatórios financeiros. O relacionamento com investidores pela Web foi objeto de pesquisa realizada por Heldin (1999), o qual concluiu que, na Suécia, apesar de 83% das empresas divulgarem informações no Website, somente uma minoria delas o fazia de forma estruturada, oferecendo informações julgadas importantes, em tempo real. No Reino Unido, Marston e Leow (1998), concluíram que o tamanho da firma está positivamente correlacionado à disponibilização de informações financeiras no Website corporativo. Porém, essa associação não foi uniforme entre os diversos setores industriais considerados nessa pesquisa, corroborada pelo trabalho de Craven e Marston (1999). Alguns estudos como os de Isenmann e Lenz (2000); Kolk (1999); Jones, Alabaster e Hetherington (1999) atestam que, na América Latina, os relatórios disponíveis eram dominados por publicações em mídia impressa. Por outro lado, de maneira geral, tem sido observada uma tendência crescente pelo uso da Internet. Algumas experiências a esse respeito podem ser destacadas. Mas, ainda é pífia a produção científica a partir do mercado brasileiro, abordando a disseminação voluntária de informações pela Internet. Mendes-da-Silva e Magalhães Filho (2005a), consideraram empresas não financeiras listadas em 2002 na Bovespa e encontraram associação positiva entre tamanho da empresa e soma de informações financeiras no Website; e também associação negativa do retorno das ações com a soma de informações financeiras no Website corporativo. Em um outro estudo, Mendes-da-Silva e Magalhães Filho (2005b) concluíram que as empresas manufatureiras listadas na Bovespa, cujo presidente do conselho de administração não exerce atividades simultâneas na diretoria executiva são mais propensas a divulgar informações financeiras pela Web. Atualmente, nos países latino-americanos, especialmente em função da percepção de risco no mercado de ações, generalizada entre investidores, muitas empresas não conseguem obter uma valorização adequada. A principal razão para isso seria a falta de transparência e de garantias aos investidores, assim como a própria ineficiência do mercado (incluindo-se a assimetria informacional). Esse fenômeno verifica-se em um estudo da McKinsey & Company (2000), no qual se afirma que 83% dos investidores internacionais possuidores de recursos aplicados na América Latina estariam dispostos a pagar um prêmio por empresas que sejam visivelmente bem governadas. Se o conhecimento e a aplicação de boas práticas de governança corporativa são aspectos críticos, a forma com a qual a empresa divulga suas práticas não é menos importante. Desse modo, para aumentar a credibilidade, além dos aspectos puramente financeiros, as empresas necessitam tornar as informações referentes à sua administração rapidamente acessíveis, focando seus esforços no fornecimento de uma mensagem clara e concisa, da 3

maneira mais transparente possível, conforme recomendado, por exemplo, no Report of the High Level Group of Company Law Experts (2002, p. 33-34). A seguir, são apresentados os procedimentos metodológicos empregados nesta pesquisa. 3. Procedimentos Metodológicos Variáveis, amostra e dados Com respeito às variáveis dependentes, foram cinco as utilizadas neste artigo (I_Total, I_Gov, Vol, Req, I_Tot). Desse modo, a partir da visitação e exploração de cada Website corporativo, foram verificadas 37 categorias de informações de interesse do investidor, agrupadas em dois blocos principais, com 17 e 20 categorias, conforme ilustra a tabela 1.

Subgrupo 3

Subgrupo 2

Subgrupo 1

Tabela 1 – Lista e freqüência das categorias de informações de interesse do investidor nos Websites corporativos Categorias Informações financeiras Req 1. Relatório anual completo 2. Relatórios trimestrais incluindo relatórios financeiros 3. Outros arquivos da CVM além dos relatórios anuais (Relatório de Informações Anuais-IAN, por exemplo) 4. Link para o Website da Comissão de Valores Mobiliários – CVM Vol 5. Texto das notícias financeiras mais recentes 6. Visão geral consistente do desempenho da firma (perguntas mais freqüentes, fatos recentes, notícias rápidas) 7. Informações financeiras em outro idioma além do português 8. Histórico dos preços das ações 9. Preços atual das ações da empresa nos mercados onde tem ações negociadas 10. Textos de comentários e apresentações (por exemplo os road shows do desempenho trimestral) 11. Discussão das vantagens de um investidor em manter a posse das ações da empresa 12. Calendário de eventos de interesse do investidor (por exemplo, a data de distribuição dos dividendos) 13. Link para os dados das ações em um Website diferente 14. Cobertura de analistas 15. Informação sobre a(s) sua(s) corretora(s) (endereço ou link direto) 16. Dados financeiros mensais mais recentes 17. informações detalhando um plano de reinvestimento de dividendos Governança corporativa (I_Gov) 1. Relatórios de Responsabilidade Social Empresarial 2. Identidade dos membros do conselho de administração 3. Estrutura do conselho de administração 4. Composição acionária da empresa 5. Política de disseminação de informações nos mercados 6. Texto acerca do conceito de governança corporativa 7. Referência às boas práticas de governança corporativa adotadas 8. Qualificação profissional de diretores e conselheiros 9. Onde a empresa está listada e relatórios financeiros segundo padrões nacionais 10. Regra de conduta para diretores 11. Procedimento para seleção e eleição de diretores e conselheiros 12. Publicação da função e escritório dos diretores 13. Regras de funcionamento do conselho de administração 14. Descrição das condições de independência de diretores 15. Remuneração dos diretores e dos conselheiros 16. Descrição explícita dos poderes dos diretores 17. Descrição das relações entre diretores e acionistas 18. Divulgação dos escritórios de diretores em outras empresas

Freqüência

(%)

163 145

57,8 51,4

109

38,7

50

17,7

118

41,8

112

39,7

95 91 90

33,7 32,3 31,9

87

30,9

70

24,8

69

24,5

63 49 32 26 19

22,3 17,4 11,3 9,2 6,7

133 88 80 80 60 59 57 55 45 37 35 32 30 21 20 18 15 13

47,2 31,2 28,4 28,4 21,3 20,9 20,2 19,5 16,0 13,1 12,4 11,3 10,6 7,4 7,1 6,4 5,3 4,6

4

19. Interesses dos diretores em parcela do capital da empresa 20. Taxas pagas às firmas de auditoria Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados coletados. Nota: N = 282.

6 2

2,1 0,7

Conforme ilustra a tabela 1, as informações verificadas foram agregadas em três Subgrupos, os quais proporcionaram a obtenção de três índices parciais: i) informações financeiras, baseadas nas utilizadas por Mendes-da-Silva e Magalhães Filho (2005a) (subdividido em: informações mais requeridas pelo mercado – Req, e informações de divulgação voluntária - Vol), e ii) práticas de governança corporativa adotadas pela empresa (I_Gov). Para cada categoria que foi encontrada no Website, a empresa recebeu valor = 1 no Subgrupo, nos casos em que a informação não esteve presente no Website, recebeu valor = 0. Os dados necessários à obtenção das variáveis dependentes foram baseados na visitação de cada Website, durante o mês de Dezembro de 2005, duas vezes por pesquisadores diferentes. As duas informações para cada empresa foram comparadas e as diferenças reconciliadas com um novo acesso ao Website da empresa. Cada um dos três índices parciais (pontuados de 0 a 10 cada um) foi calculado conforme a equação (1). S Ω iP = Sub × 10 (1) S Max Onde: SSub = soma parcial de pontos obtidos no Subgrupo; SMax = pontuação máxima possível no Subgrupo; Ω iP = pontuação obtida para o índice parcial baseado no total do Subgrupo. Em estudos anteriores, como no realizado por Mendes-da-Silva e Magalhães Filho (2005a), apesar de ser reconhecida a importância assimétrica de cada tipo de informação dirigida aos investidores (Botosan, 1997), atribui-se o mesmo peso para todas as categorias de informação, considerando informações essencialmente financeiras. Diante disso, neste estudo, adotou-se o procedimento de atribuir maior importância para as informações mais freqüentemente requeridas pelo mercado, segundo a literatura afeta ao tema. Com isso, o fato de uma empresa deixar de oferecer, em seu Website, o relatório anual da administração constitui uma falta mais grave que omitir um calendário de eventos. Por sua vez, assumindo que as informações financeiras da empresa ainda são mais solicitadas que aquelas informações destinadas a ilustrar as práticas e estruturas de governança por ela empregadas, atribuiu-se mais importância ao Subgrupo das informações financeiras (Subgrupos 1 e 2) que à divulgação das informações contidas no Subgrupo das categorias relativas à governança corporativa (Subgrupo 3). Para uma firma i, o total acumulado (I_Total) com os três índices parciais (Req, Vol, e I_Gov) foi calculado conforme equação (2). n

I _ Total i = ∑ Ω iP

(2)

i =1

O conjunto final de empresas estudadas foi composto de 282 firmas, distribuídas entre 19 setores de atividade, como ilustra a Tabela 2. Tabela 2 –Conjunto de empresas estudadas (por setores da economia) Setor Outros Energia Elétrica Siderurgia e Metalurgia Têxtil Telecomunicações Química Alimentos e Bebidas Veículos e peças Comércio

Freqüência (%) 46 (16,3) 38 (13,5) 28 (9,9) 26 (9,2) 20 (7,1) 19 (6,7) 17 (6,0) 15 (5,3) 14 (5,0)

Setor Construção Papel e Celulose Petróleo e Gás Eletroeletrônicos Máquinas Industriais Minerais não Metálicos Agropecuária e Pesca Mineração Software e Dados

Freqüência (%) 11 (3,9) 8 (2,8) 7 (2,5) 6 (2,1) 4 (1,4) 4 (1,4) 3 (1,1) 3 (1,1) 1 (0,4)

5

Transporte e Serviços 12 (4,3) Total 282 (100) Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa. Nota: A classificação dos setores deu-se segundo critérios da Economatica®.

Das 484 empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em Dezembro de 2005, foram consideradas as 434 empresas não financeiras (as 50 empresas financeiras listadas foram excluídas, por trabalharem essencialmente alavancadas), das quais: 37 não mantinham Website, ou esse não foi encontrado no banco de dados da Economatica®, nem tampouco no site de busca utilizado, o http://www.google.com; e 115 empresas não possuíam informações no banco de dados da Economatica®. Na literatura afeta à temática abordada nesta pesquisa não foram encontrados estudos que considerassem a divulgação de informações relativas às práticas de governança adotadas pelas empresas em seus respectivos Websites. Assim, neste artigo foram consideradas, além das 17 categorias de informação financeira, abordadas por Mendes-da-Silva e Magalhães Filho (2005a), mais 20 aspectos relativos às práticas de governança corporativa adotadas pela empresa. O gráfico 1 ilustra a evolução da disseminação voluntária de informações financeiras entre 2002 e 2005. É possível notar que, excetuando-se os dados financeiros mensais mais recentes da empresa, todas as categorias foram mais freqüentemente encontradas nos Websites corporativos. Gráfico 1 – Evolução da Disseminação Voluntária de Informações Financeiras no Website Corporativo das Empresas não Financeiras Listadas na Bovespa 70 Freqüência (%)

60 50 40 30 20 10 R Re elat ó la tó rio rio an Tr ua im l es tra O N l ut o t ro íc s a ia rq s ui v V isã os o G er a Id l io H ma ist ór ic o Co Atu a m en l tá V rios an ta Ca gem l Li end n Li k D ário nk if pa ere ra nte aC V M A na lis Co tas rre to r Re Re a ce in n ve sti te m en to

0

Categorias 2005

2002

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados coletados. Nota: N em 2005 = 282; N em 2002 = 291. Nota: as estatísticas do ano de 2002 são baseadas no estudo desenvolvido por Mendes-da-Silva e Magalhães Filho (2005a).

A tabela 3 mostra que, dos trinta pontos possíveis, em média, o índice total de disseminação de informações pelo Website (I_Total) recebeu um valor pouco acima de oito pontos, representando apenas 26,6% do total possível, 30 pontos (cada índice parcial pode somar 10). O melhor desempenho foi observado no Subgrupo 1, Req, (41,4%) dos pontos possíveis. Tabela 3 – Estatísticas descritivas das variáveis dependentes Variável Req Vol I_Gov

Média 4,140 2,476 1,570

Mediana 5,000 0,769 0,500

DP 3,795 3,139 2,244

Mínimo 0 0 0

Máximo 10,000 10,000 10,000

25% 0 0 0

Percentis Mediana 5,000 0,769 0,500

75% 7,500 5,384 2,500

6

I_Total 8,191 5,769 8,329 0 25,230 0 5,769 15,365 Fonte: Dados da pesquisa; N = 282. Nota: As categorias de informações de interesse do investidor que serviram de base para obtenção das variáveis dependentes estão definidas na tabela 1.

A seguir, na tabela 4, podem ser observadas as definições adotadas para as variáveis independentes utilizadas nesta pesquisa. Tabela 4 - Definição das variáveis independentes utilizadas Variável

Descrição

Fontes Conceituais

Alavancagem financeira de uma empresa i no ano t-1 calculada segundo a expressão: Alav ♣

Alavt −1

LL PL =

 ( LL − RF )    AT  

onde: LL = Lucro líquido; PL = Patrimônio Líquido; RF = Resultado financeiro; AT = valor contábil do ativo total Retorno anual oferecido pelas ações mais líquidas da empresa i no ano t-1, calculado pela expressão: Retn



lnTamf ♣

Roa ♣

lnTemp ♣

 P f − Pi + Dividendos  Re tn t −1 =   × 100 Pi  

onde: Pf = cotação da ação no último pregão do ano t-1. Pi = cotação da ação no primeiro pregão do ano t-1. Logaritmo natural do valor contábil do ativo total da empresa i no ano t-1, expresso em milhares de Reais. Retorno do Ativo Total da empresa i no ano t-1. Calculado segundo a expressão: Roa t −1 =

onde: LAJIR = lucro antes dos juros e impostos AT = valor contábil do ativo total Logaritmo natural da quantidade de anos em que a empresa está listada na Bovespa (até Dezembro de 2005). Liquidez em bolsa calculada pela expressão: Liqbt −1 =

Liqb ♣

Hpod ♣

Q♣

LAJIR AT

100 p nv

Mckinnon e Dalimunthe (1993); Michell, Chia e Loh. (1995); Meek, Roberts e Gray (1995); Hossain, Berera e Rahman (1995) Lev e Penman (1990); Lang e Lundholm (1993); Clarkson, Kao e Richardson (1994); Ettredge, Richardson e Scholz (2002) Cox (1985); Waymire (1985). Haniffa e Cooke (2002); Ashbaugh, Johnstone e Warfield (1999) Haniffa e Cooke (2002)

NV

P

onde: p = número de dias em que houve ao menos um negócio com a ação de um período escolhido; P = número total de dias do período escolhido; n = número de negócios com a ação dentro de um período; N = número de negócios com todas as ações dentro de um período; v = volume de dinheiro com a ação dentro do período escolhido;V = volume de dinheiro com todas as ações dentro do período escolhido. Índice Herfindahl-Hirschman da concentração do poder de voto da empresa i, calculado a partir do percentual das ações ordinárias em poder de cada um dos três principais acionistas. Índice Q de Tobin, medida de valor de mercado da companhia que é calculado pela expressão: VMO + VMAP + DIVT  Qt −1 =   AT   onde: VMO = Valor de Mercado das ações Ordinárias; VMAP = Valor de Mercado das Ações Preferenciais; DIVT = valor contábil das dívidas de curto e longo prazo menos o ativo circulante, após a exclusão do valor dos estoques; AT = valor contábil do ativo total

Mendes-da-Silva e Magalhaes Filho (2005a)

Chung e Pruitt (1994)

7

Variável dicotômica que expressa se a empresa encontra-se listada nos Níveis de Governança Corporativa da Bovespa. Recebeu valor = Mendes-da-Silva e Ngc 1 se pertence ao Novo Mercado, Nível 1 ou Nível 2; e valor = 0 no Magalhães Filho (2005a) caso alternativo. Fonte operacional: ♣Banco de dados da Economatica®.♠Boletim Diário de Informações (BDI)/Bovespa, Nº 243/2005, de 21 Dez. 2005. ♠

Entre as variáveis independentes, o nível de participação de capitais de terceiros foi calculado a partir da alavancagem financeira da empresa, Alav. A performance da empresa foi medida pelo retorno anual das ações mais líquidas da empresa, Retn. O tamanho da firma, lnTamf, foi mensurado pelo logaritmo natural do valor contábil do ativo total da firma i. A variável Roa é indicada pela rentabilidade do ativo total de uma empresa i. A variável lnTemp, foi dada pelo logaritmo natural do tempo, em anos, que a empresa está listada na Bovespa. As variáveis de controle (VC) foram selecionadas com base na possível influência que exercem sobre as variáveis dependentes de divulgação voluntária de informações de interesse do investidor na Internet (I_Total, I_Gov, Req, Vol) e independentes (Alav, Retn, lnTamf, Roa, e lnTemp). Caso as variáveis de controle possuam forte correlação com algumas dessas variáveis e não sejam consideradas no modelo, a relação entre as variáveis de interesse pode não ser evidenciada de forma adequada. Assim, as seguintes variáveis de controle foram utilizadas: (a) liquidez em bolsa de valores (Liqb); (b) concentração do poder de voto (Hpod); (c) índice Q de Tobin (Q), proxy de valor da empresa; e (d) nível de governança corporativa na Bovespa (Ngc). Hipóteses A literatura acerca da disseminação voluntária de informações financeiras e de governança corporativa, de forma geral e, particularmente na Internet, foi examinada para identificar quais características das empresas mais afetam a decisão de disseminar informações. Assim, as hipóteses desta pesquisa são formuladas com base em estudos anteriores, as quais são detalhadas a seguir. Para Leftwich, Watts e Zimmerman (1981), a relação entre fornecedores externos de capital e os gerentes da firma é um exemplo de relação de agência, onde os primeiros representam o principal e os últimos, os agentes. A teoria da agência, cuja origem remonta a discussão do conflito de interesses entre acionistas e gestores, discutido por Jensen e Meckling (1976), sugere que os custos de agência do capital emprestado dependem dos objetivos dos fornecedores externos de capital. Isso indica que os custos seriam mais altos para as firmas com maior alavancagem. Adicionalmente, Jensen e Meckling (1976) concluem que a disseminação voluntária pode reduzir os custos de agência por facilitar a avaliação da habilidade da firma para contrair endividamento. Enquanto alguns estudos revelaram relação positiva entre disseminação voluntária e a alavancagem financeira da firma (Mitchell, Chia e Loh, 1995; Hossain, Berera e Rahman, 1995), outros não apóiam esses resultados. Assim, Mckinnon e Dalimunthe (1993), Aitken, Hooper e Pickering (1997) e Brennan e Hourigan (2000), não encontraram relação positiva significativa entre alavancagem e o nível de disseminação de informações financeiras, ou até mesmo sugerem que essa relação seja negativa e significativa (Meek, Roberts e Gray, 1995). Os resultados oferecidos por esses estudos são inconclusivos. Dessa forma, neste artigo testase a relação entre alavancagem e a disseminação voluntária de informações de interesse do investidor na Internet, a primeira hipótese então é: H1: Inexiste uma associação entre alavancagem financeira da firma e a quantidade de informações de interesse do investidor disseminadas no Website corporativo. Todavia, investidores geralmente percebem a ausência de disseminação voluntária de informações como um indicador de “más notícias” sobre uma firma. Assim, empresas possuidoras de performance superior teriam um incentivo adicional para disseminar

8

informações voluntariamente (Lev e Penman, 1990; Lang e Lundholm, 1993; Clarkson, Kao e Richardson, 1994). Desse modo, a segunda hipótese deste estudo é: H2: A quantidade de informações do interesse do investidor disponíveis no Website da firma é positivamente relacionada à sua performance. Cox (1985), Waymire (1985), Lang e Lundholm (1993), Clarkson, Kao e Richardson (1994), entre outros, encontraram uma associação positiva entre tamanho da firma e a quantidade de disseminação voluntária. A terceira hipótese formulada então é: H3: A quantidade de informações de interesse do investidor disseminadas no Website é positivamente relacionada ao tamanho da firma. Na ótica de Haniffa e Cooke (2002), o gerente poderia ser encorajado a divulgar mais informações de interesse do investidor quando as taxas de rentabilidade são altas, expressando a boa qualidade da administração. Porém, segundo evidenciam os resultados obtidos por Ashbaugh, Johnstone e Warfield (1999) a relação entre rentabilidade e a disseminação de informações seria insignificante. Como os resultados das pesquisas nesse campo são inconclusivos, isso motiva testar a seguinte hipótese: H4: Inexiste uma associação entre a rentabilidade da empresa e a disseminação de informações de interesse do investidor na Internet. Já para Haniffa e Cooke (2002), uma empresa que foi somente recentemente listada na bolsa teria um incentivo adicional para oferecer voluntariamente mais informações, com o intuito principal de combater o ceticismo em relação à empresa e angariar a confiança dos investidores. Então, propõe-se uma quinta e última hipótese: H5: A soma de informações de interesse do investidor divulgadas por uma firma em seu Website está negativamente associada ao tempo de listagem em bolsa. Modelo empírico Para testar as hipóteses propostas foram utilizadas quatro variáveis para medir a divulgação voluntária de informações de interesse do investidor (dependentes): I_Total, I_Gov, Vol, e Req, conforme ilustram as equações (3), (4), (5), e (6), respectivamente. Adicionalmente, para verificar as associações entre características corporativas e disseminação voluntária de informações de interesse do investidor foram empregadas cinco variáveis independentes, uma para cada hipótese proposta: Alav, Retn, lnTamf , Roa, e lnTemp, além das variáveis de controle consideradas. k

I _ Totalit = ϕ 0 + ϕ1 Alavit −1 + ϕ 2 Re tnit −1 + ϕ 3 ln Tamf it −1 + ϕ 4 Roait −1 + ϕ 5 ln Tempit −1 + ∑ψ jVC ji +ξ i j =1

(3)

k

I _ Govit = α 0 + α 1 Alavit −1 + α 2 Re tnit −1 + α 3 ln Tamf it −1 + α 4 Roait −1 + α 5 ln Tempit −1 + ∑ψ jVC ji +ξ i j =1

(4)

k

Volit = φ 0 + φ1 Alavit −1 + φ 2 Re tnit −1 + φ 3 ln Tamf it −1 + φ 4 Roait −1 + φ 5 ln Tempit −1 + ∑ψ jVC ji +ξ i j =1

(5)

k

Re qit = ρ 0 + ρ1 Alavit −1 + ρ 2 Re tnit −1 + ρ 3 ln Tamf it −1 + ρ 4 Roait −1 + ρ 5 ln Tempit −1 + ∑ψ jVC ji +ξ i j =1

(6)

Os sinais esperados para os coeficientes das variáveis independentes são os argumentados nas hipóteses propostas. Isto é, para todas as variáveis dependentes: Alav deve ser não significativa; espera-se que Retn seja significativa e obtenha sinal positivo, como também lnTamf . Para a variável Roa, espera-se um coeficiente não significativo. Porém, a expectativa no caso de lnTemp, é que o coeficiente de correlação obtido seja significativo e negativo. 4. Resultados empíricos alcançados Os principais resultados obtidos na regressão múltipla entre as características da firma e as variáveis dependentes, de disseminação de informações de interesse do investidor na Internet,

9

estão resumidas na Tabela 5. De acordo com Judge, et al. (1988, 394–95), o teste da estatística Durbin-Watson (d) indica a propabilidade de autocorrelação. Assim, um valor de d próximo de 0 indica autocorrelação positiva, um valor próximo de 4 indica autocorrelação negativa, enquanto um valor próximo de 2 sugere a não existência de autocorrelação. A estatística Durbin-Watson (d) revelou não existir autocorrelação de primeira ordem entre os resíduos das regressões para as variáveis dependentes, segundo procedimento recomendado por Granger e Newbold (1974), os quais defendem que uma boa regra prática para suspeitar que a regressão estimada sofre de regressão espúria seria um coeficiente de determinação R2 > d. Todos os coeficientes de determinação R2 ficaram acima de 0,33, enquanto Ettredge, Richardson e Scholz (2002) obtiveram um máximo de apenas 0,175. Tabela 5 – Parâmetros estimados para o modelo de regressão múltipla Variáveis dependentes

Hipóteses

Variáveis independentes

Sinal esperado

Coeficiente padronizado Beta

t

Sig.

(Constant) -4,050 0,000 Alav ? 0,069 1,107 0,270 positivo 0,136 2,035 0,044 Retn** lnTamf*** positivo 0,476 5,711 0,000 I_Total Roa ? -0,020 -0,281 0,779 negativo -0,139 -2,214 0,028 lnTemp** 0,130 1,819 0,071 Liqb* Hpod 0,074 1,173 0,243 R2 = 0,448 Q 0,042 0,622 0,535 d = 1,638 Ngc*** 0,220 3,310 0,001 (Constant) -2,640 0,009 Alav ? 0,077 1,143 0,255 H1√ positivo 0,144 1,998 0,047 Retn** H2√ positivo 0,347 3,865 0,000 lnTamf*** H3√ I_Gov Roa ? 0,012 0,154 0,878 H4√ ** negativo -0,176 -2,587 0,011 lnTemp H5√ * 0,129 1,672 0,097 Liqb Hpod 0,011 0,167 0,868 R2 = 0,359 Q 0,089 1,208 0,229 d = 1,673 Ngc*** 0,220 3,070 0,003 (Constant) -3,741 0,000 Alav ? 0,090 1,438 0,153 H1√ H2 Retn positivo 0,110 1,647 0,102 positivo 0,431 5,172 0,000 lnTamf*** H3√ Vol Roa ? -0,034 -0,466 0,642 H4√ negativo -0,174 -2,758 0,007 lnTemp*** H5√ 0,174 2,428 0,016 Liqb** Hpod 0,062 0,982 0,328 R2 = 0,447 Q 0,058 0,850 0,397 d = 1,651 Ngc*** 0,228 3,427 0,001 (Constant) -3,738 0,000 Alav ? 0,032 0,471 0,638 H1√ H2 Retn positivo 0,120 1,644 0,102 positivo 0,481 5,269 0,000 lnTamf*** H3√ Req Roa ? -0,025 -0,313 0,755 H4√ H5 lnTemp negativo -0,055 -0,798 0,426 Liqb 0,066 0,839 0,403 Hpod 0,104 1,507 0,134 R2 = 0,337 Q -0,011 -0,143 0,887 d = 1,692 Ngc** 0,166 2,276 0,024 Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa. Notas: Os dados foram trabalhados no software estatístico SPSS® versão 12.0, foi selecionada a opção Enter. Esta tabela apresenta os resultados da regressão H1√ H2√ H3√ H4√ H5√

10

múltipla usando quatro, das cinco variáveis de disseminação voluntária de informações no Website corporativo (dependentes): I_Total, I_Gov, Vol, e Req. As variáveis independentes estão definidas na Tabela 4. coeficiente contrário à expectativa; √coeficiente de acordo com a expectativa. *Significativo a 10%; **Significativo a 5%; *** Significativo a 1%.

Os resultados revelaram a não existência de associações entre alavancagem (Alav) e as medidas de disseminação de informações de interesse do investidor, motivando a não rejeição da hipótese H1, corroborando os achados de Aitken, Hooper e Pickering (1997) e de Brennan e Hourigan (2000). Por outro lado, tanto para a variável que agrega todas as informações verificadas nos Websites, I_Total (ϕ2 > 0; t = 2,035; Sig < 0,05) quanto para a variável que agrega as informações referentes às práticas de governança corporativa, I_Gov (α2 > 0; t = 1,998; Sig < 0,05), empregadas pela empresa, o retorno anual das ações (Retn) apresentou correlação positiva, impossibilitando a rejeição da hipótese H2 para ambas as variáveis dependentes. Esse resultado apóia os argumentos apresentados por Lev e Penman (1990); Lang e Lundholm (1993); e também por Clarkson, Kao e Richardson (1994). Porém, contraria os resultados alcançados por Mendes-da-Silva e Magalhães Filho (2005a), nesse último estudo, foram consideradas as empresas não financeiras listadas na Bovespa, tendo sido por eles verificada correlação negativa entre retorno anual das ações e soma de informações financeiras disponíveis nos Websites corporativos naquele ano. Além disso, tanto para a variável Vol, quanto para Req, ambas compostas pelas mesmas categorias de informações financeiras examinadas por Mendes-da-Silva e Magalhães Filho (2005a), o retorno anual das ações (Retn), neste artigo, não se apresentou significativo. A hipótese H3 não foi rejeitada em nenhum dos quatro modelos em que foi testada. Isto é, o tamanho da firma (lnTamf) apresentou-se positivamente relacionado com todas as quatro variáveis de disseminação voluntária de informações de interesse do investidor: I_Total (ϕ3 > 0; t = 5,711; Sig < 0,01), I_Gov (α3 > 0; t = 3,865; Sig < 0,01), Vol (φ3 > 0; t = 5,172; Sig < 0,01), e Req (ρ3 > 0; t = 5,269; Sig < 0,01), sendo a única variável independente significativa para esta última variável dependente. Esses resultados são consistentes com os argumentos desenvolvidos por Cox (1985), Waymire (1985), Lang e Lundholm (1993), Clarkson, Kao e Richardson (1994) e Marston e Leow (1998). Também estão de acordo com os resultados obtidos no trabalho realizado por Mendes-da-Silva e Magalhães Filho (2005), o único, e mais recente, encontrado na literatura acerca da experiência nacional. Assim, parece consistente o argumento de que, inclusive no mercado brasileiro, quanto maior a empresa, maior o nível de disseminação voluntária de informações de interesse do investidor no Website corporativo. Com referência à quarta hipótese testada, H4, para nenhuma das variáveis dependentes foi possível rejeitar a hipótese de inexistência de associação entre a rentabilidade do ativo total (Roa) e as medidas de disseminação voluntária de informações de interesse do investidor no Website, de acordo com resultados obtidos por Mendes-da-Silva (2005a). Ademais, de acordo com Ashbaugh, Johnstone e Warfield (1999), essa relação poderia ser positiva e não significativa. Então, a rentabilidade do ativo parece não encorajar, pelo menos de maneira significativa, a administração da empresa a divulgar informações de interesse do investidor no Website corporativo, contrariando as idéias apresentadas por Haniffa e Cooke (2002). Em se tratando da quinta e última hipótese formulada, H5, exceto para o subgrupo das informações financeiras mais requeridas (Req), os resultados sugerem que, quanto maior o tempo de listagem na Bovespa, menor a disseminação de informações de interesse do investidor. Assim, a variável lnTemp apresentou-se negativamente correlacionada a I_Total (ϕ5 < 0; t = -2,214; Sig < 0,05); I_Gov (α5 < 0; t = -2,587; Sig < 0,05); e Vol (φ5 < 0; t = 2,758; Sig 0,01). Conforme anteriormente comentado, esse resultado pode ser entendido como uma tentativa de combater o ceticismo com o qual uma empresa recentemente listada pode ser encarada por parte dos investidores, segundo advogam Haniffa e Cooke (2002). 11

A variável dependente que obteve o melhor coeficiente de determinação R2, foi I_Total, com 44,8% da variância explicada pelo modelo proposto, destacando-se que a estatística d obteve valor maior que o R2. O menor coeficiente de determinação foi verificado para a variável dependente obtida no Subgrupo 1 (categorias de informações financeiras mais requeridas pelo investidor), Req. Na ótica de Mendes-da-Silva e Magalhães Filho (2005a) à medida que a empresa cresce, torna-se mais exigida do ponto de vista da divulgação de informações para o mercado, daí a verificação da relação positiva de lnTamf com I_Total. De forma consistente com os achados de Mendes-da-Silva e Magalhães Filho (2005a), tanto a liquidez em bolsa (Liqb), como o nível de governança corporativa das empresas (Ngc), mostraram-se positivamente associados às variáveis dependentes, exceto a Liqb, para a variável dependente Req. Ou melhor, tanto as empresas com ações mais freqüentemente negociadas, quanto aquelas cujas práticas de governança são reconhecidas como mais adequadas, segundo orientações da Bovespa, maior o nível de disseminação voluntária de informações de interesse do investidor no Website corporativo. É conveniente ressaltar a correlação relativamente alta entre Liqb e lnTamf, como ilustra a tabela 6, o que pode sugerir a ocorrência de multicolinearidade, a qual pode ocasionar: (a) rejeição da hipótese nula equivocadamente; (b) sinais errados para os coeficientes estimados; ou mesmo (c) flutuação demasiada dos coeficientes da regressão entre amostras diferentes. Em síntese, se as variáveis independentes são fortemente correlacionadas, o modelo pode não estar adequado, incluindo tais variáveis. Assim, conforme recomenda e Brooks (2002) adotou-se um procedimento de mensuração da multicolinearidade, o Fator Inflacionário da Variância (FIV) para cada variável independente. Tabela 6 – Estatísticas descritivas e correlação entre as variáveis independentes 1 2 3 4 5 6 7 8 Variável N Média Mediana DP 1. Alav 271 6,30 1,60 70,47 2. Retn 170 45,32 32,01 65,27 0,105 3. lnTamf 272 13,40 13,60 2,03 -0,145** -0,152** 4. Roa 271 -1,53 3,55 26,82 -0,021 0,130* 0,418*** 5. lnTemp 251 2,23 2,45 0,96 0,037 0,112 -0,011 -0,026 6. Liqb 282 0,26 0 0,88 -0,022 -0,158** 0,483*** 0,102* 0,070 7. Hpod 274 5039,0 4513,0 3009 0,113* -0,093 -0,021 -0,023 -0,038 -0,130** 8. Q 196 0,91 0,76 0,53 -0,008 0,123 0,122* -0,198*** -0,148** 0,111 0,127* 9. Ngc 282 -0,104* 0,046 0,344*** 0,140** -0,110* 0,155*** -0,057 0,210*** * ** Nota: Significativo a 10%; Significativo a 5%;***Significativo a 1%; Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.

Na ótica desse autor, se as variáveis independentes forem altamente correlacionadas, o FIV é superior a 5. Mas, neste caso, os valores encontrados para o FIV não excederam o valor 1. Conforme anteriormente detalhado neste estudo, foi adotado um procedimento para a obtenção das variáveis dependentes que considerou pesos diferenciados para cada subgrupo de categorias de informações de interesse do investidor. Mas, tendo em vista que outros estudos realizados com dados do mercado brasileiro consideraram a mesma importância para todas as categorias de informações de interesse do investidor, nesta pesquisa também foi testado um modelo cuja variável dependente foi obtida segundo a equação (7). n

I _ Tot = ∑ Ω iP × Pi T

(7)

i =1

Onde, PiT = proporção da soma total representada pelo índice parcial i. Isto é, a variável I_Tot é calculada seguindo um procedimento similar ao que tem sido adotado em trabalhos anteriores, no âmbito nacional. Assim, confrontado-se os conteúdos das 12

tabelas 5 e 7, constata-se que os resultados obtidos neste estudo são similares, independentemente do procedimento adotado para cálculo do índice geral de disseminação de informações (I_Total ou I_Tot). Desse modo nenhuma das cinco hipóteses formuladas pôde ser rejeitada. Destaque-se, porém, que o coeficiente de determinação, R2, para a variável dependente I_Tot, foi maior que nos outros quatro modelos testados: (3), (4), (5), e (6) . Tabela 7 – Coeficientes estimados na regressão múltipla (variável dependente I_Tot) Hipóteses

Variáveis independentes

Sinal esperado

Coeficientes padronizados Beta

t

Sig.

(Constant) -3,861 0,000 Alav ? 0,081 1,302 0,195 Retn** positivo 0,132 1,991 0,048 positivo 0,450 5,435 0,000 lnTamf*** Roa ? -0,020 -0,277 0,782 negativo -0,164 -2,628 0,009 lnTemp*** ** 0,151 2,129 0,035 Liqb Hpod 0,060 0,961 0,338 R2 = 0,456 Q 0,059 0,871 0,385 d = 1,626 Ngc*** 0,230 3,485 0,001 * ** Significativo a 10%; Significativo a 5%; ***Significativo a 1%. Notas: Os dados foram trabalhados no software estatístico SPSS® versão 12.0, foi selecionada a opção Enter. Esta tabela apresenta os resultados da regressão múltipla tendo como variável dependente I_Tot (definida na equação (7)) na qual atribui-se a mesma importância para todas as categorias de informação de interesse do investidor verificadas possuem a mesma importância. As variáveis independentes estão definidas na tabela 4. √de acordo com a expectativa; contrário à expectativa. Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa. H1√ H2√ H3√ H4√ H5√

5. Conclusões Tendo em vista recentes escândalos financeiros ocorridos em alguns mercados ao redor do mundo, a restauração da confiança da opinião pública na administração das grandes empresas tem ocupado lugar de destaque em dicussões, tanto no âmbito acadêmico, quanto no empresarial. Desse modo, o aumento da transparência e o oferecimento de informações acerca das estruturas de administração da firma, podem ser um meio de atingir esse objetivo. Informações de altas qualidade e relevância são preponderantes para o exercício das boas práticas de governança corporativa. O aumento da demanda por maior transparência acerca das práticas de governança pode criar incentivos para o abandono de antigas práticas, e a escolha de novos procedimentos que levem às melhores práticas de governança. Assim, diante do crescente uso da Web no Brasil e no mundo, o objetivo deste estudo foi verificar a existência de associações entre características das empresas e a disseminação voluntária de informações de interesse dos investidores em Websites corporativos, tomando-se como referência as empresas não financeiras listadas na Bovespa. Preliminarmente, é importante ressaltar que ainda não existem regras ou orientações explícitas acerca da utilização da Internet como meio de disseminação de informações de interesse do investidor no âmbito nacional. Os principais resultados alcançados neste estudo são três. Primeiro, constatou-se que, segundo o conjunto de empresas estudadas, para todas as cinco variáveis dependentes, quanto maior o tamanho da firma (lnTamf), maior soma de informações disseminadas no Website corporativo, ressalte-se que o tamnho da empresa foi a variável mais importante na explicação da variância das variáveis dependentes. Ao mesmo tempo, verifica-se que empresas cujas ações ofereceram um maior retorno anual (Retn) também divulgaram mais informações do interesse do investidor no Website, contrariando estudos anteriores no âmbito nacional. Segundo, as empresas listadas mais recentemente na Bovespa (lnTemp) são mais propensas a divulgar informações do interesse dos investidores (comportamento verificado

13

para quatro, das cinco variáveis dependentes consideradas), provavelmente uma tentativa de reduzir o ceticismo com o qual alguns investidores encaram empresas recém-listadas, esse resultado é consistente com os argumentos de Haniffa e Cooker (2002). Um terceiro resultado é que, quando comparado o panorama da disseminação de informações financeiras, em 2002, para um conjunto de empresas similar ao aqui estudado, observa-se que, nos últimos três anos, houve um aumento na quantidade de informações financeiras disponibilizadas nos Websites corporativos. Aliado a esses resultados, observou-se que a liquidez em bolsa (Liqb) e a inclusão em níveis diferenciados de governança corporativa da Bovespa (Ngc) também estão positivamente correlacionados à quantidade de informações de interesse do investidor disponibilizadas. Assim, de um lado, verifica-se uma tendência de aumento do uso do Website para atividades de RI por parte das empresas listadas na Bovespa. De outro lado, nota-se que as empresas recém chegadas na bolsa dispensam maior atenção ao relacionamento com investidores via Website corporativo. Provavelmente, esses dois aspectos em confronto poderiam ser entendidos como o início de um processo de rompimento com mainstream dominante no tocante à transparência da administração, inserindo a Internet gradativamente no planejamento das atividades de RI por parte das empresas de capital aberto no Brasil. Porém a Bovespa e a CVM têm limitado-se a apenas incentivar o uso voluntário da Internet para atividades de RI, não havendo ainda atos normativos a esse respeito. Esta última, em suas instruções mais recentemente fornecidas às empresas, recomenda o atendimento aos usuários das informações corporativas por meio do arquivamento nas autoridades reguladoras e nas Bolsas. Assim, canais de comunicação mais próximos dos investidores como os press releases para agências de notícias e entrevistas, e especialmente, Websites corporativos, fazem parte de esforços predominantemente voluntários. Dessa forma, ainda não se tem conhecimento de normativos específicos sobre a divulgação de informações pelas empresas com o uso da Internet. As questões anteriormente colocadas juntam-se a outras e sugerem um campo promissor para estudos futuros, destacadamente aqueles que viabilizem a criação de novos modelos teóricos ou empíricos, considerando um número cada vez maior de variáveis, vez que as organizações estão tornando-se mais complexas, tendo em vista a sua inserção em mercados cada vez mais competitivos e exigentes, ávidos por informação. Embora este estudo tenha objetivado verificar a existência de associações entre características corporativas e a disseminação voluntária de informações de interesse do investidor usando a Internet, considerando apenas as companhias não financeiras listadas na Bovespa, em um dado período, o que pode limitar a generalização dos resultados obtidos, alguns aspectos podem ser citados como motivo de pesquisas futuras: i) Identificar as razões pelas quais algumas empresas ainda não utilizam a Internet para relacionamento com o investidor; ii) Verificar, no âmbito nacional, segundo a opinião dos investidores e demais stakeholders, o perfil da demanda por informações relativas às empresas, pela Web; iii) Verificar a validade das informações financeiras divulgadas na Internet; iv) Discutir o aumento do uso da Internet para o relacionamento com investidores no âmbito das empresas brasileiras e suas implicações nos padrões de relatórios contábeis; v) Investigar as associações entre investimento em Tecnologia de Informação e disseminação de informações financeiras na Internet; vi) Analisar os impactos da disseminação voluntária de informações no custo dos capitais próprio e de terceiros utilizados pelas empresas. Referências AITKEN, M.;HOOPER, C.;PICKERING, J. Determinants of Voluntary Disclosure of Segment Information: A Re-examination of the Role of Diversification Strategy, Accounting and Finance, v. 37, n. 1, p. 89-109, 1997.

14

ASHBAUGH, H.;JOHNSTONE, K.M.;WARFIELD, T.D. Corporate Reporting on the Internet. Accounting Horizons, Sept., v. 13, n. 3, p. 241-257, 1999. BOTOSAN, C.A. Disclosure Level and the Cost of Equity Capital. The Accounting Review, v. 71, n. 3, July, p. 323-349, 1997. BRENNAN, N.;HOURIGAN, D. Corporate Reporting on the Internet by Irish Companies, The Irish Accounting Review, v. 7, n. 1, p. 37-68, 2000. BROOKS, C. Introductory Econometrics for Finance, Cambridge University Press, 2002. BURLAMAQUI, L.;PROENÇA, A. Inovação, Recursos e Comprometimento: em Direção a uma Teoria Estratégica da Firma, Revista Brasileira de Inovação, v. 2, n. 1, p. 79-110, 2003. CHUNG, K.H.;PRUITT, S.W. A Simple Approximation of Tobin’s q. Financial Management, v. 23, n. 3, p. 70-74, Aut. 1994. CLARKSON, P.M.;KAO, J.L.;RICHARDSON, G.D. The Voluntary Inclusion of Forecasts in the MD&A Section of Annual Reports. Contemporary Accounting Research, v. 11, n. 1, p. 423-450, 1994. COX, C.T. Further Evidence on the Representativeness of Management Earning Forecasts. The Accounting Review, Oct., p. 692-701, 1985. CRAVEN, B.N.;MARSTON, C.L. Financial reporting on the internet by leading UK companies. European Accounting Review, v. 8. n. 2, p. 321-333, 1999. DEBRECENY, R.;GRAY, G. Financial reporting on the Internet and the external audit. The European Accounting Review, v. 8, n. 2, p. 335-350, 1999. DYCK, A. ZINGALES, L. The Corporate Governance Role of the Media. Working Paper 9309. National Bureau of Economic Research, Cambridge, Massachussetts, 2002. ETTREDGE, M.;RICHARDSON, V.;SCHOLZ, S. Dissemination of Information for Investors at Corporate Web Sites, Journal of Accounting and Public Policy, v. 21, p. 357369, 2002. GOWTHORPE, C.;AMAT, O. External reporting of accounting and financial internation via the Internet in Spain. The European Accounting Review. v. 8, n. 2, p. 365-371,1999. GRANGER, C.W.J.;NEWBOLD, P. Spurious Regressions in Econometrics. Journal of Econometrics, v. 2, p. 111-120, 1974. GRAY, G.L.;DEBRECENY, R.S. Corporate Reporting on the Internet: Opportunities and Challenges. In ASIAN-PACIFIC CONFERENCE ON INTERNATIONAL ACCOUNTING ISSUES, 7th, 1997, Bangkok, Proceedings…Bangkok : Iai, 1997. HANIFFA, R.M.;COOKE, T.E. Culture, corporate governance and disclosure in Malaysian corporations, Abacus, v. 38, p. 317-349, 2002. HASSAN, S.;JAFFAR, N.;ZAIN, M.M. Financial Reporting on the Internet by Malaysian Companies: Perceptions and Practices, Asia Pacific Journal of Accounting, v. 6, n. 2, 1999. HELDIN, P. The Internet as a Vehicle for Investor Relations: The Swedish Case. European Accounting Review, v. 8, n. 2, p. 373-379, 1999. HOSSAIN, M.;BERERA, M.;RAHMAN, A. Voluntary Disclosure in the Annual Reports of New Zealand Companies, Journal of International Financial Management and Accounting, v. 6, n. 1, p. 69-87, 1995. ISENMANN, R.;LENZ, C. System of Technical Benefits Using the Internet for Corporate Environmental Reporting. The 2000 Business Strategy and the Environment Conference. ERP Environment (Ed.). ERP: Shipley (UK), p. 203-210, 2000. ______. Internet-Based Integration of Financial and Environmental reporting: Step Towards Sustentainability Reporting. The 2001 Business Strategy and Enviroment Conference. September 10th and 11th , University of Leeds, UK, eds. By ERP Environment, Shipley (UK) 2001, p. 169-178, 2001. JENSEN, M.C.;MECKLING, W. Theory of firm: managerial behavior, agency costs and ownership structure. Journal of Financial Economics, v. 3, p. 305-360, Oct. 1976. 15

JONES, K.; ALABASTER, T.; HETHERINGTON, K. Internet-Based Environmental Reporting: Current Trend, 1999. JUDGE, G.G.; HILL, R.C.; GRIFFITHS, W.E.; LÜTKEPOHL, H.; LEE, T.C. Introduction to the theory and practice of econometrics. 2nd ed. New York, NY: John Wiley and Sons, 1988. KOLK, A. The Internet as a Green Management Tool. Harvard Business Review, v. 6, n. 3, p. 307-316, 1999. KORETO, R. J. If You Build It, Will They Come? Journal of Accountancy, v. 184, n. 1, p. 84-90, 1997. LA PORTA, R.;LOPEZ-DE-SILANES, F.;SHLEIFER, A.;VISHNY, R. Law and Finance. Journal of Political Economy, v. 106, n. 6, p. 1113-1155, 1998. LANG, M.;LUNDHOLM, R. Cross-Sectional Determinants of Analyst Ratings of Corporate Disclosures. Journal of Accounting Research, v. 31, n. 2, p. 246-271, 1993. LEFTWICH, R.;WATTS, R.;ZIMMERMAN, J. Voluntary Corporate Disclosure: The Case of Interim Reporting, Journal of Accounting Research, v. 19, p. 50-77, 1981. LEV, B.;PENMAN, S. Voluntary Forecast Disclosure, Nondisclosure and Stock Prices. Journal of Accounting Research, v. 28, n. 1, p. 49-76, 1990. LITAN, R.E.;WALLISON, P.J. The GAAP Gap: Corporate Disclosure in the Internet Age. Washington, DC: AEI-Brookings Joint Center for Regulatory Studies; La Vergne, Tenn, 2000. LYMER, A.;TALLBERG, A. Corporate Reporting and the Internet – A Survey and commentary on the Use of the WWW in Corporate Reporting in the UK and Finland. In ANNUAL CONGRESS OF THE EUROPEAN ACCOUNTING ASSOCIATION, 20º, 1997, Graz, Proceedings…Graz : Eaa, 1997. MARSTON, C.;LEOW, C.Y. Financial Reporting on the Internet by Leading UK Companies. In EUROPEAN ACCOUNTING ASSOCIATION CONFERENCE, 21st, 1998, Belgium, Proceedings…Belgium : Eaa, 1998. McKINNON, J.;DALIMUNTHE, L. Voluntary Disclosure of Segment Information by Australian Diversified Companies, Accounting and Finance, v. 33, n. 1, p. 33-50, 1993. McKINSEY & COMPANY. Investor Opinion Survey on Corporate Governance. June, 2000. MEEK, G.;ROBERTS, C.;GRAY, S. Factors influencing Voluntary annual Report Disclosures by U.S., U.K. and Continental European Multinational Corporations, Journal of International Business Studies, v. 26, n. 3, p. 555-572, 1995. MENDES-DA-SILVA, W.;MAGALHÃES FILHO, P.A.O. Determinantes da Disseminação Voluntária de Informações Financeiras na Internet, Revista de Administração de Empresas Eletrônica, v. 4, n. 2, p. 01-23, 2005a. MENDES-DA-SILVA, W.;MAGALHÃES FILHO, P.A.O. Verificando Associações entre Governança Corporativa e Governança de Tecnologia de Informação: Uma Análise Empírica com Indústrias Brasileiras, In ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 29º, 2005, Brasília, Anais...Brasília : Anpad, 2005b. MITCHELL, J.;CHIA, C.;LOH, A. Voluntary Disclosure of Segment Information: Further Australian Evidence, Accounting and Finance, v. 35, n. 2, p. 1-16, 1995. REPORT OF THE HIGH LEVEL GROUP OF COMPANY LAW EXPERTS disponível em 2002, Acesso em 15Fev2005. SHEEHY, D.E.;TRITES, G.D. Canadian accountant's guide to the Internet. Toronto: Carswell, 1997. WAYMIRE, G. Earnings Volatility and Voluntary Management Forecast Disclosure. Journal of Accounting Research, v. 23, p. 268-295, 1985. 16

ZINGALES, L. In Search of New Foundations. Journal of Finance, v. 55, n. 4, p. 16231653, 2000.

17