UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFRMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA MESTRADO PROFISSIONAL ENFERMAGEM ASSITENCIAL

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFRMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA MESTRADO PROFISSIONAL ENFERMAGEM ASSITENCIAL SAÚDE DO TRABALHADOR EM AMBIE...
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFRMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA MESTRADO PROFISSIONAL ENFERMAGEM ASSITENCIAL

SAÚDE DO TRABALHADOR EM AMBIENTE COM EXPOSIÇÃO A MATERIAL BIOLÓGICO: UMA PRODUÇÃO TECNOLÓGICA

Autora: Camila Moreira Serra e Silva Melo Orientadora: Profª. Dra. Simone Cruz Machado Ferreira Linha de Pesquisa: O Contexto do Cuidar em Saúde

Niterói, Fevereiro 2017

SAÚDE DO TRABALHADOR EM AMBIENTE COM EXPOSIÇÃO A MATERIAL BIOLÓGICO: UMA PRODUÇÃO TECNOLÓGICA

Autora: Camila Moreira Serra e Silva Melo Orientadora: Profª. Dra. Simone Cruz Machado Ferreira

Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação Stricto Sensu - Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense/UFF como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre. Linha de Pesquisa: O Contexto do Cuidar em Saúde

Niterói, Fevereiro 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE MESTRADO PROFISSIONAL ENFERMAGEM ASSISTENCIAL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

SAÚDE DO TRABALHADOR EM AMBIENTE COM EXPOSIÇÃO A MATERIAL BIOLÓGICO: UMA PRODUÇÃO TECNOLÓGICA

Linha de Pesquisa: O Contexto de Cuidar em Saúde

Autora: Camila Moreira Serra e Silva Melo Orientadora: Profª. Dra. Simone Cruz Machado Ferreira

Banca:

Prof.ª Dra. Simone Cruz Machado Ferreira EEAAC/UFF Prof.ª Dra. Maria Luiza de Oliveira Teixeira EEAN/UFRJ Prof.ª Dra. Cristina Lavoyer Escudeiro EEAAC/UFF

Suplente (s):

Prof.ª Dra. Elen Martins da Silva Castelo Branco EEAN/UFRJ Prof.ª Dra. Dayse Mary da Silva Correia EEAAC/UFF

M 528

Melo, Camila Moreira Serra e Silva. Saúde do trabalhador em ambiente com exposição a material biológico: uma produção tecnológica. / Camila Moreira Serra e Silva Melo. – Niterói: [s.n.], 2017. 100 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial) - Universidade Federal Fluminense, 2017. Orientador: Profª. Simone Cruz Machado Ferreira.

1. Enfermagem. 2. Equipe de enfermagem. 3. Exposição a agentes biológicos. 4. Acidente de trabalho. 5. Tecnologia educacional. I. Título. CDD 610.73

Dedico este trabalho aos meus pais, irmã, ao meu esposo e à minha querida Maria Eduarda, sempre tão presentes nesta jornada.

AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer a Deus que deu a oportunidade de testar a minha capacidade e os meus limites, superando os obstáculos e percebendo que mesmo nas dificuldades, perante Ele, tudo posso. À profª. Dra. Simone Cruz Machado Ferreira, a melhor orientadora que eu poderia sonhar em ter. Sempre tão tranquila; tão alegre. Ensinou-me a ter calma e paciência nos momentos de aflição, onde tentei absorver de sua competência durante toda a convivência. Aos meus pais, Alcides e Lúcia Silva, a minha irmã Jéssica Silva e ao meu esposo Caio Kawaoka que estiveram ao meu lado, mesmo não estando presente fisicamente, mas que me apoiaram e torceram por mim a cada etapa que eu vencia, incentivando a não desistir quando os momentos de dificuldade se abateram sobre mim. Tudo que alcancei até hoje devo a vocês! Um agradecimento especial à minha amiga, fada-madrinha, “prima” Marina Izu, por sempre ter acreditado em mim; na minha capacidade e ter sido aquele empurrão necessário para eu buscar mais. Além de ser um exemplo de inteligência, competência, humildade e amizade. É amizade pra vida toda! À minha querida equipe do CTI, que tanto me ajudou e sempre se mostraram solícitos a participar da minha pesquisa, torcendo pelo meu sucesso. Em especial a figura da minha chefe Glaucia, que tantas vezes me ajudou com a escala para que não perdesse aulas ou trabalhos. Que reconheceu o meu esforço, fazendo-me sentir valorizada! Minha gratidão! Às amizades que fiz no MPEA, que batalhamos e sofremos juntas desde o Estágio Probatório. Compartilhamos os sonhos, os obstáculos, os choros, as horas de estudo, as dúvidas, mas as risadas, as torcidas e as vitórias também. Olha aí meninas, chegamos lá! À Isabela Carla Bastos Ribeiro, minha designer, que muito me ajudou nesse momento de finalização, com sua competência e amizade! Obrigada! Aos professores, incluindo a banca que me acompanhou desde o princípio, e que tanto contribuiu para que primássemos pela qualidade, nos levando a ampliação de nossos conhecimentos e consequentemente a melhoria da nossa prática. Espero continuar me espelhando em cada um que passou pela minha vida e deixou um pouquinho de si.

RESUMO Melo, CMSS. Saúde do trabalhador em ambiente com exposição a material biológico: uma produção tecnológica [dissertação de mestrado profissional em enfermagem]. Rio de Janeiro: Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa, Universidade Federal Fluminense; 2017. A presente pesquisa abordou a exposição do profissional de enfermagem que atua na terapia intensiva e o seu atendimento pós-exposição ao material biológico, tendo como objeto o atendimento que os membros da equipe de enfermagem do Centro de Terapia Intensiva (CTI) recebem após exposição aos agentes biológicos, por incidentes ou acidentes. Objetivos: Elaborar cartilha educativa acerca de exposição a material biológico e dos procedimentos preconizados no atendimento no Hospital Federal cenário do estudo; Descrever os sentimentos envolvidos e as necessidades de informação da equipe de enfermagem após exposição a material biológico no atendimento realizado no Hospital Federal cenário do estudo; Disseminar a informação acerca dos procedimentos envolvidos no atendimento dos membros da equipe de saúde após exposição a material biológico e Avaliar os aspectos relativos ao conteúdo e estrutura da cartilha educativa com os membros da equipe de enfermagem do CTI do Hospital cenário do estudo. Método: Trata-se de um estudo de caso com abordagem qualitativa, tendo como cenário o Centro de Terapia Intensiva de um Hospital Federal da Cidade do Rio de Janeiro. Os sujeitos foram 29 profissionais de enfermagem que atuam na assistência direta ao paciente internado no setor de terapia intensiva. As etapas de desenvolvimento da pesquisa foram: (1) assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE); (2) a entrevista semiestruturada escolhida como instrumento para coleta dos dados, onde foi identificado também o perfil sócio demográfico dos profissionais entrevistados; (3) análise dos dados onde convergiram para 3 categorias; (4) construção da tecnologia educativa escolhida, no caso a cartilha e (5) avaliação da tecnologia pelos profissionais da enfermagem. Resultados e discussão: Dos trabalhadores de enfermagem que participaram, 10 profissionais da equipe de enfermagem afirmaram já terem se acidentado com exposição a material biológico (totalizando 34%). Os dados da entrevista foram agrupados em três categorias: 1-A exposição ao material biológico e suas consequências; 2 – O atendimento pós-exposição ao material biológico na ótica dos participantes; 3 – A necessidade de informação. Os resultados revelaram que os profissionais de enfermagem em sua maioria não sabem como proceder para iniciar o atendimento e se sentem inseguros quanto ao atendimento que é prestado no hospital cenário do estudo. Surgindo assim, quadro de ansiedade e medo quanto à contaminação por doenças infectocontagiosas como o HIV e hepatites B e C. Sugeriram fortemente a qualificação do profissional que presta o atendimento ao acidentado, o fácil acesso a todos os profissionais ao protocolo da instituição, bem como orientações a todos os trabalhadores quanto aos riscos reais e como proceder em caso de acidente com material biológico. Conclusão: A utilização das tecnologias educativas, como a cartilha, podem auxiliar o trabalhador da saúde, complementando a sua práxis, bem como a realização de ações de educação permanente e/ou capacitações com os profissionais é uma das estratégias fundamentais para adoção de ações seguras no trabalho em saúde.

Descritores: Equipe de enfermagem; Exposição a agentes biológicos; Acidentes de trabalho; Tecnologia educacional.

ABSTRACT Melo, CMSS. Health of workers in environment with exposure to biological material: a technological production [professional master's dissertation in nursing]. Rio de Janeiro: Nursing School Aurora Afonso Costa, Fluminense Federal University, 2017. This research approach the exposure of nursing professional of intensive care and their postexposure care to biological material, with the purpose of the attendance that the members of the Intensive Care Center (ICC) nursing team receive after exposure to biological agents, due to incidents or accidents. Objectives: Elaborate an educational booklet about exposure to biological material and procedures recommended in the Federal Hospital study scenario; Describe the feelings involved and the information needs of the nursing team after exposure to biological material in the care performed at the Federal Hospital study scenario; disseminate information about the procedures involved in the care of health team members after exposure to biological material and evaluate the aspects related to the content and structure of the educational booklet with the members of the ICC nursing team of the hospital scenario of the study. Method: This is a case study with a qualitative approach, based on the Intensive Care Center of a Federal Hospital of the City of Rio de Janeiro. The subjects were 29 nursing professionals who work in the direct assistance to the patient hospitalized in the intensive care sector. The stages of development of the research consisted: (1) signature of the Free and Informed Consent Form (FICF); (2) the data collection using a semi-structured interview, where was also identified the socio-demographic profile of the professionals interviewed; (3) the data analysis where converged to 3 categories; (4) construction of the elected educational technology, in which case it is a booklet and (5) evaluation of technology by nursing professionals. Results and discussion: The nursing workers who participated, 10 professionals from the nursing team said that they had already been injured with exposure to biological material (totaling 34%). The interview data were grouped into three categories: 1-Exposure to biological material and its consequences; 2 – The participants' point of view about the after exposure to biological material attendance; 3 - The need for information. The results revealed that nursing professionals mostly do not know how to start the attendance and feel insecure about the attendance that is provided in the hospital setting of the study. Emerging thus, a scenario of anxiety and fear about the contamination by infectious diseases such as HIV and hepatitis B and C. They strongly suggested the qualification of the professional who provides attendance for the injured, easy access for all professionals to the protocol of the institution, as well as orientation to all workers about the real risks and how to proceed in case of an accident with biological material. Conclusion: The use of educational technologies, such as the leaflet, can help the health worker, complementing his praxis, as well as carrying out permanent education actions and / or training with professionals is one fundamental strategy for adopting safe actions in the Health work. Descriptors: Nursing, Team; Exposure to Biological Agents; Accidents, Occupational; Educational Technology.

SUMÁRIO

LISTA DE QUADROS..........................................................................................

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LISTA DE SIGLAS...............................................................................................

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1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................

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1.1 Identificação do problema..................................................................................

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1.2 Questões norteadoras .........................................................................................

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1.3 Objetivos..............................................................................................................

16

1.3.1 Geral...................................................................................................................

16

1.3.2 Específicos.........................................................................................................

17

1.4 Justificativa...........................................................................................................

17

2 BASES CONCEITUAIS.......................................................................................

20

2.1 Reflexões sobre o trabalho na área da saúde e no contexto brasileiro............

20

2.2 Riscos ocupacionais e Acidentes de trabalho: reações do acidentado frente ao risco real de contaminação pelo vírus HIV/ Hepatite B e C..............................

22

2.3 Segurança e Saúde do Trabalhador em Saúde: Norma Regulamentadora nº 32, o Protocolo de exposição a materiais biológicos do Ministério da Saúde e a Rotina de atendimento do Hospital Federal cenário do estudo.........................

25

2.3.1 Norma Regulamentadora nº 32 (NR-32).........................................................

25

2.3.2 O Protocolo de exposição a materiais biológicos do Ministério da Saúde........

27

2.3.3 Rotina de atendimento ao trabalhador acidentado com material biológico no Hospital Federal cenário do estudo.............................................................................

28

2.4 Levantamento bibliográfico acerca do atendimento dos profissionais de enfermagem em situação de exposição aos riscos biológicos..................................

30

2.5 A tecnologia educacional - cartilha: possibilidade de informação quanto aos riscos biológicos e procedimentos pós-exposição..............................................

32

3 METODOLOGIA..................................................................................................

37

3.1 Tipo de estudo......................................................................................................

37

3.2 Levantamento bibliográfico................................................................................

38

3.3 Cenário do Estudo..............................................................................................

39

3.4 Sujeitos..................................................................................................................

40

3.5 Coleta de dados....................................................................................................

41

3.6 Análise de dados..................................................................................................

42

3.7 Aspectos éticos do estudo....................................................................................

43

3.8 Análise de riscos e benefícios..............................................................................

43

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................

44

4.1 Perfil dos trabalhadores de enfermagem do CTI do Hospital Federal que participaram do estudo..............................................................................................

44

4.2 Os momentos relacionados à exposição aos riscos biológicos do trabalhador de enfermagem apreendidos nas entrevistas: a exposição propriamente dita, o atendimento e a necessidade de informação........................

49

4.2.1 Categoria 1 – A exposição ao material biológico e suas consequências............

49

4.2.2 Categoria 2 – Os sentimentos vivenciados e o atendimento pós- exposição a material biológico na ótica dos participantes...............................................................

53

4.2.3 A necessidade de informação..............................................................................

56

5 PRODUTO DA PESQUISA...................................................................................

59

5.1 Elaboração da tecnologia educacional- Cartilha..............................................

59

5.2 Cartilha Educativa...............................................................................................

61

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................

75

REFERÊNCIAS....................................................................................................

77

APÊNDICE A – QUADRO DE ARTIGOS SELECIONADOS NA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA......................................................................... APÊNDICE B – SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAR O DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO.....................................................................

86

90

APÊNDICE C – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA.............

91

ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.......

92

ANEXO B - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA...................

95

ANEXO C - INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DA CARTILHA PELOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DO CTI-ADULTO...................................

99

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Perfil dos sujeitos do estudo em relação ao acidente com exposição biológica.................................................................................................................

44

Quadro 2 – Perfil sócio demográfico dos enfermeiros acidentados e não acidentados............................................................................................................

45

Quadro 3 – Perfil sócio demográfico dos técnicos de enfermagem acidentados e não acidentados.....................................................................................................

46

Quadro 4 – Perfil dos enfermeiros acidentados e não acidentados relacionado à atividade profissional.............................................................................................

47

Quadro 5 – Perfil dos técnicos de enfermagem acidentados e não acidentados relacionado à atividade profissional......................................................................

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LISTA DE SIGLAS BVS – BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE CAT – COMUNICADO DE ACIDENTE DE TRABALHO CLT – CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS CIPA – COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTE CRIE – CENTRO DE REFERÊNCIA PARA IMUNOBIOLÓGICOS ESPECIAIS CTI – CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA CTQ – CENTRO DE TRATAMENTO DE QUEIMADOS DGH – DEPARTAMENTO DE GESTÃO HOSPITALAR EEAAC – ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA EPI – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL HBIG – GAMAGLOBULINA HIPERIMUNE PARA HEPATITE B HIV- VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA HBV - VÍRUS DA HEPATITE TIPO B HCV – VÍRUS DA HEPATITE TIPO C HUAP – HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO PEDRO LILACS – LITERATURA LATINO-AMERICANA E DO CARIBE EM CIÊNCIAS DA SAÚDE MEDLINE – SISTEMA ONLINE DE BUSCA E ANÁLISE DE LITERATURA MÉDICA MPEA – MESTRADO PROFISSIONAL ENFERMAGEM ASSISTENCIAL MS – MINISTÉRIO DA SAÚDE NECIGEN – NÚCLEO DE ESTUDO E PESQUISAS EM CIDADANIA E GERÊNCIA DE ENFERMAGEM NEP – NÚCLEO DE EPIDEMIOLOGIA NR-32 – NORMA REGULAMENTADORA N° 32 OIT – ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO OS – ORGANIZAÇÕES SOCIAIS PACS - PROGRAMA DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE SIDA/AIDS – SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA SINAN – SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO SUS – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE TLCE – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INTRODUÇÃO 1.1 Identificação do problema

Os centros de terapia intensiva (CTI) são considerados áreas críticas por se destinarem à internação de pacientes graves, que requerem atenção profissional especializada de forma contínua, materiais específicos e tecnologias necessárias ao diagnóstico, monitorização e terapia. Sendo assim, considerado área crítica por existir risco aumentado para desenvolvimento de infecções relacionadas à assistência à saúde, seja pela execução de processos envolvendo artigos críticos ou material biológico, pela realização de procedimentos invasivos ou pela presença de pacientes com susceptibilidade aumentada aos agentes infecciosos ou portadores de microrganismos de importância epidemiológica1. Os centros de terapia intensiva constituem locais onde se internam pacientes graves, que necessitam de recursos técnicos e humanos especializados para sua recuperação; ou seja, um ambiente onde são utilizados técnicas e procedimentos sofisticados, para tratar doenças com risco potencial à vida. Na terapia intensiva observamse situações complexas, onde é possível perceber o quanto os profissionais de saúde, em especial a equipe de enfermagem está exposta a diversos riscos de contaminação, principalmente, a presença de material biológico e a possibilidade do contato na realização de procedimentos técnicos2. A exposição ocupacional a material biológico se caracteriza pelo contato com sangue e fluidos orgânicos no ambiente de trabalho. Sendo assim, a exposição ocupacional a agentes biológicos decorre da presença desses agentes no ambiente de trabalho, podendose distinguir duas categorias de exposição: Exposição derivada da atividade laboral que implique a utilização ou manipulação do agente biológico (deliberada) e exposição que decorre da atividade laboral sem que essa implique na manipulação direta do agente biológico como objeto principal do trabalho (não deliberada)3. Dessa forma existem riscos potenciais aos quais os profissionais da saúde, em especial a equipe de enfermagem pode estar exposta, dependendo da atividade que desenvolvem em seu local de trabalho4. As cargas de trabalho existentes, biológicas, físicas, químicas, psíquicas, mecânicas, entre outras, geram processos de desgaste e o risco biológico é o mais relacionado à prática profissional, uma vez que a terapia intensiva é um

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local que propicia o constante contato com sangue ou outros fluidos orgânicos, conferindo a esses trabalhadores a possibilidade de adquirirem doenças como as hepatites B e C e a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA)5. A equipe de enfermagem é uma das principais categorias ocupacionais sujeita à exposição por material biológico. O número elevado de exposições relaciona-se ao fato dessa categoria de trabalhadores da saúde estar em contato direto na assistência com os pacientes e também ao tipo e à frequência de procedimentos realizados, notadamente no que se refere ao cuidado intensivo6. Como enfermeira de terapia intensiva de um hospital público pude me deparar com diversas situações de exposição aos riscos biológicos, como por exemplo, no momento da admissão de pacientes externos, procedentes de outro hospital, com diagnóstico interrogado, que inicialmente não têm indicação de ser internados em leito de isolamento, mudando apenas para esse, após resultados de exames, podendo levar semanas para que isso ocorra. O que nos faz refletir até que ponto o profissional da enfermagem está exposto em sua rotina de trabalho no CTI, como também, os demais pacientes. Nesta perspectiva, de fato foi internado um paciente no CTI cenário deste estudo, onde o diagnóstico de tuberculose pulmonar foi confirmado em torno de 7 a 10 dias após sua internação. Pouco tempo depois um funcionário da equipe de enfermagem foi diagnosticado com a mesma doença, numa situação em que houve exposição ocupacional. Há uma coincidência do mesmo agravo à saúde do paciente e do trabalhador, embora não haja elementos que comprovem a relação direta do contato com o paciente como causa do adoecimento do trabalhador. O ambiente do CTI é insalubre, onde a falta de treinamento e de precaução dos profissionais que trabalham nesse setor pode resultar em transmissão de doenças infectocontagiosas e acidentes de trabalho1. Em situações como a relatada acima, onde o diagnóstico não foi esclarecido no momento da admissão, as medidas de precaução devem ser observadas, como também o uso dos equipamentos de proteção individual (EPI). Entretanto, o uso dos EPI não elimina a possibilidade de acidentes, como o que ocorre durante a manipulação com perfuro-cortantes, quando rompem a barreira da luva. Situação esta, vivenciada pela autora deste estudo, que atuando como enfermeira no CTI, sofreu um acidente com material perfuro-cortante durante a administração de medicamento por via subcutânea, que perfurou a pele mesmo utilizando capote e luvas descartáveis.

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Cabe ressaltar que após o acidente constatou-se o desconhecimento dos membros das equipes de enfermagem e médica do CTI em como proceder para a realização do atendimento pós-exposição. A única orientação recebida foi no sentido de procurar o médico plantonista de um setor denominado “Interface”, que funciona como um Prontoatendimento. Chegando lá, o médico da Interface também foi buscar informação por telefone, descobrindo então que havia uma conduta padronizada, que tem como início a solicitação de exames laboratoriais. Dever-se-á considerar as ações individuais, de assistência e de recuperação dos agravos, com ações coletivas, de promoção, de prevenção, de vigilância dos ambientes, processos e atividades de trabalho, e de intervenção sobre os fatores determinantes da saúde dos trabalhadores; e o conhecimento técnico e os saberes, experiências e subjetividade dos trabalhadores e destes com as respectivas práticas institucionais7. Desta forma, a capacitação dos profissionais deve ser adaptada à evolução do conhecimento e à identificação de novos riscos biológicos, incluindo os dados disponíveis sobre riscos potenciais para a saúde; medidas de controle que minimizem a exposição aos agentes; normas e procedimentos de higiene; utilização de equipamentos de proteção coletiva, individual e vestimentas de trabalho; medidas a serem adotadas pelos trabalhadores no caso de ocorrência de incidentes e acidentes, oferecendo qualidade no atendimento ao trabalhador acidentado8. Neste movimento de reflexão, é possível fazer o seguinte questionamento: Os membros da equipe de enfermagem do CTI de um Hospital Federal sabem o que deve ser feito no caso de acidente com exposição a material biológico? Isto nos remete ao conhecimento sobre o fluxo de atendimento que é preconizado pelo Ministério da Saúde (MS) após exposição a material biológico, como também sobre o funcionamento do setor no hospital que deve ser procurado em caso de acidente com material biológico. Ainda, envolve as experiências e vivências dos trabalhadores acerca desse atendimento. Tendo em vista a problemática levantada, o objeto deste estudo é o atendimento que os membros da equipe de enfermagem do CTI recebem após exposição aos agentes biológicos, por incidentes ou acidentes. Assim, pretende-se intervir na realidade estudada através da construção de uma cartilha educativa para disseminação da informação sobre o Protocolo do Ministério da Saúde e sua operacionalização em um Hospital Federal,

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buscando ainda uma reflexão produtiva junto aos órgãos responsáveis por esse atendimento. Esta Dissertação de Mestrado está inserida na linha de pesquisa “O contexto do cuidar em saúde” do Mestrado Profissional Enfermagem Assistencial (MPEA) da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa (EEAAC) da Universidade Federal Fluminense (UFF), e faz parte das pesquisas desenvolvidas pelos integrantes do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Cidadania e Gerência de Enfermagem (NECIGEN). Essa linha de pesquisa aborda o processo de gestão em enfermagem, que inclui os aspectos envolvidos nos processos de trabalho com enfoque na intervenção sobre os fatores determinantes dos danos à saúde do trabalhador.

1.2 Questões norteadoras

Nesse sentido elaboramos algumas questões que norteiam o desenvolvimento do estudo: 1.

Como se dá o atendimento dos membros da equipe de enfermagem do CTI

de um Hospital Federal em caso de acidente com exposição a material biológico? 2.

Quais são as necessidades de informação e orientação acerca do

atendimento ao trabalhador após exposição a agentes biológicos? 3.

Como membros da equipe de enfermagem do CTI avaliam a cartilha

elaborada para orientar o trabalhador após exposição a agentes biológicos?

1.3 Objetivos

A partir destas questões norteadoras foram traçados os objetivos abaixo:

1.3.1Geral:

Elaborar cartilha educativa acerca de informações relevantes quanto à exposição a material biológico e os procedimentos preconizados no atendimento no Hospital Federal cenário do estudo.

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1.3.2 Específicos:

1. Descrever os sentimentos envolvidos e as necessidades de informação da equipe de enfermagem após exposição a material biológico, no atendimento realizado no Hospital Federal cenário do estudo. 2. Disseminar a informação acerca dos procedimentos envolvidos no atendimento dos membros da equipe de saúde após exposição a material biológico. 3. Avaliar os aspectos relativos ao conteúdo e estrutura da cartilha educativa com os membros da equipe de enfermagem do CTI do Hospital Federal cenário do estudo.

1.4 Justificativa

Os riscos ocupacionais, no ambiente de trabalho, podem ser ou estar ocultos por ignorância ou ainda, por falta de conhecimento e sensibilização, situação na qual o trabalhador sequer suspeita da sua existência9. As exposições ocupacionais a materiais biológicos potencialmente contaminados são um sério risco aos profissionais em seus locais de trabalho. Estudos desenvolvidos nesta área mostram que os acidentes envolvendo sangue e outros fluidos orgânicos correspondem às exposições mais frequentemente relatadas10. As doenças profissionais continuam sendo as principais causas das mortes relacionadas com o trabalho. Segundo estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), de um total de 2,34 milhões de mortes com causas relacionadas ao trabalho a cada ano, somente 321.000 se devem a acidentes de trabalho. Os restantes 2,02 milhões de mortes são causadas por diversos tipos de enfermidades relacionadas com o trabalho, equivalendo a uma média diária de mais de 5.500 mortes. O que significa que, a cada 15 segundos, um trabalhador morre de acidentes ou doenças relacionadas com o trabalho. Levando-se em consideração o número total de acidentes de trabalho, com mortes ou não é possível afirmar que a cada 15 segundos, 115 trabalhadores sofrem um acidente laboral11. O problema dos Acidentes de Trabalho envolvendo a exposição de trabalhadores de saúde a materiais biológicos é uma preocupação mundial. Estima-se que os

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profissionais de saúde nos Estados Unidos sofrem 365.000 acidentes por ano - ou seja, 1.000 acidentes por dia12. As doenças infectocontagiosas se destacam como as principais fontes de transmissão de microrganismos para pacientes e para profissionais. Uma importante fonte de contaminação refere-se ao contato direto com fluidos corpóreos durante a realização de procedimentos invasivos ou através da manipulação de artigos, roupas, lixo e até mesmo das superfícies contaminadas, atividades estas realizadas com maior frequência pela equipe de enfermagem6. Ressalta-se ainda que o trabalhador de enfermagem é a maior força de trabalho nos hospitais e estudos mostram que o quantitativo de pessoal de enfermagem nessas instituições está aquém do necessário. Números reduzidos de pessoal predispõem perigos a quem assume trabalhos em alta sobrecarga, com desgastes físico e mental intensos, aumentando a possibilidade de acidentes durante a realização da assistência13. O risco de exposição aos patógenos veiculados pelo sangue, sobretudo, os vírus de imunodeficiência humana (HIV), hepatite B (HBV) e hepatite C (HCV), é proporcional ao manuseio de materiais perfuro-cortantes e de fluidos orgânicos. Os profissionais de enfermagem formam o maior contingente de trabalhadores na área da saúde e, por prestarem assistência direta e ininterrupta aos pacientes, diariamente estão expostos a materiais biológicos, o que contribui para as maiores taxas de soro-conversão ao HIV14. A consequência da exposição ocupacional aos patógenos transmitidos pelo sangue não está somente relacionada à infecção, mas também a fatores psicológicos. Todos os anos milhares de trabalhadores de saúde que sofrem exposição a agentes biológicos permanecem durante meses à espera dos resultados dos exames sorológicos, o que pode gerar transtornos psicológicos. Dentre outras consequências, estão ainda as alterações das práticas sexuais, os efeitos colaterais das drogas profiláticas e a perda do emprego15. Um acidente com material biológico traz diversas consequências, como também o custo gerado para o atendimento do trabalhador, avaliado em 2005 variou entre R$ 800,00 a R$ 2.000,00 por acidente, uma vez que o trabalhador deve ser acompanhado através da realização de exames sorológicos, além da possibilidade de usar medicações profiláticas para impedir a soro-conversão do HIV (quimioprofilaxia)16. No Centro de Terapia Intensiva são fundamentais os recursos que propiciem segurança aos pacientes e trabalhadores sob condições normais e de emergência, portanto

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estudos que tenham como objetivo o conhecimento dos riscos ocupacionais, o uso dos equipamentos de proteção individual e o manejo adequado pós-exposição a material biológico, atendendo também as necessidades psicossociais e afetivas do trabalhador de enfermagem são atuais e poderão contribuir, em parte, para a prevenção de acidentes ocupacionais e na melhoria do ambiente laboral17. Justifica-se a escolha da temática, visto que a exposição e contaminação dos profissionais da enfermagem no ambiente da terapia intensiva é um evento recorrente, havendo ações que deverão ser discutidas e trabalhadas com os diversos sujeitos envolvidos na assistência no momento do seu atendimento. Por isso, é relevante desenvolver junto à equipe de enfermagem estratégias de intervenção para realizar atendimento adequado conforme orientações preconizadas pelo Protocolo de Exposição a Materiais Biológicos do Ministério da Saúde (MS) junto à equipe de enfermagem no cenário de estudo desta pesquisa. Portanto, a realização deste estudo irá contribuir com as publicações científicas na área, promovendo incentivo e auxiliando na construção de práticas de intervenção para diversas instituições de saúde, contribuindo com o atendimento do processo saúde-doença dos

trabalhadores

de

enfermagem

e

reduzindo

19

custos

para

as

instituições.

2 BASES CONCEITUAIS 2.1 Reflexões sobre o trabalho na área da saúde e no contexto brasileiro

Mundialmente existem 59,8 milhões de trabalhadores da saúde envolvidos no cuidado ao ser humano. Desse total, 2/3 são prestadores de serviço e trabalham na assistência propriamente dita, enquanto que o 1/3 restante é composto por gestores em diversos níveis e trabalhadores de apoio17. Os trabalhadores de saúde desempenham um papel importante na sociedade, pois assistem a comunidade em processo de adoecimento. No entanto, eles mesmos constituem um grupo vulnerável, que manifestam insatisfações e estão expostos às doenças e condições de trabalho adversas, caracterizando muitas vezes, a carência de medidas de proteção à sua saúde18. A inexistência de vínculo com a instituição na qual os profissionais da área de saúde desenvolvem as suas atividades; a não valorização da categoria; não recebimento de algumas vantagens destinadas ao trabalhador do quadro permanente e insegurança pelo tipo de contrato de trabalho, são situações que geram sentimentos de não pertencimento à instituição contratante e de desvalorização social que contribuem para a piora nas condições de trabalho no setor saúde19. As condições de trabalho caracterizam-se pelos requisitos necessários ao desenvolvimento de determinada atividade, que incluem instalações apropriadas, materiais específicos, pessoal com formação adequada e a própria organização desses recursos, para que atendam a dinâmica do processo de trabalho, tanto em quantidade quanto em qualidade, suficientes à sua realização. Assim, os trabalhadores, como força de trabalho gastam energia física e mental na sua execução e na forma de organização do trabalho. Todavia, é possível entender que o trabalho, como processo sócio- histórico e, portanto, em movimento, relaciona-se às características tecnológicas do seu contexto e está inserido numa organização social20. Na sociedade contemporânea a força de trabalho encontra-se distribuída de acordo com as características contratuais do emprego. Os trabalhadores sem contrato de trabalho de acordo com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), por exemplo, estão sujeitos a longas jornadas, menos acesso à informação sobre a exposição aos riscos ambientais e amparo durante o afastamento por adoecimento18.

20

A flexibilização do vínculo caracterizada, sobretudo, pelas terceirizações e cooperativas, decorrente das mudanças sofridas no mundo do trabalho e do processo de globalização, presentes também na esfera da administração pública brasileira, e em particular no setor saúde, traz consequências para o vínculo subjetivo do sujeito com as organizações de trabalho, pois o trabalho está ligado à constituição da identidade e da subjetividade21. Historicamente, os trabalhadores da área da saúde não eram considerados como categoria profissional de alto risco para acidentes do trabalho. A preocupação com os riscos biológicos surgiu, somente, a partir da epidemia da HIV/AIDS nos anos 80, onde foram estabelecidas normas para as questões de segurança no ambiente do trabalho6. Por outro lado, nos anos de 1980, o Brasil passava por diversas mudanças nas relações de trabalho, ocorrendo em paralelo a Reforma Sanitária Brasileira, que nasceu dos movimentos sociais na sociedade civil, culminando em um conjunto de fatos sociais como a 8ª Conferência Nacional de Saúde, que criou um dos maiores sistemas públicos de saúde já existentes, o Sistema Único de Saúde (SUS) 21. Somente com a Constituição Federal de 1988, a saúde foi reconhecida como direito social, sendo direito dos trabalhadores a redução de riscos inerentes ao trabalho, cabendo ao Estado assegurá-lo22. Em 1990 foi elaborada a lei nº 8.080/90 que serviu para operacionalizar as proposições constitucionais referentes à saúde e reforçar o SUS. A lei orgânica tem como objetivo a normatização das condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde 23

.

Na década de 90 do século XX, observou-se uma redução de recursos federais para a saúde, e mesmo com a criação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), ocorreu à extinção de cargos e órgãos, ocasionando um grande número demissões de pessoal21. A criação de estratégias específicas pelo SUS, como a Estratégia Saúde da Família caminhava na contramão do plano de demissões, contribuindo para flexibilização dos contratos de trabalho22. A reforma do Estado no setor saúde criou alternativas jurídico-institucionais, como a criação de fundações de apoio, adoção de sistemas de cooperativas de profissionais de saúde para prestar serviço em unidades públicas e criação de organizações sociais, conhecidas como OS, que são entidades jurídicas sem fins lucrativos que executam

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atividades de interesse público, sem a competência exclusiva do Estado. Contribuindo desta forma com a rotatividade dos profissionais de saúde em instituições públicas, em parte pela vulnerabilidade do vínculo de trabalho23. No que tange ao trabalho em serviços de saúde, entende-se que a ideia de humanização do cuidado, que perpassa, também, pela melhoria das condições de trabalho de quem cuida deve ser tomada como base referencial, onde o trabalhador é o sujeito na luta contra a nocividade do trabalho conferindo autonomia e emponderamento do trabalhador sobre os processos de trabalho, como questões de saúde, segurança e organização de trabalho24. Desta forma, surgem transformações nas práticas de saúde, como a mudança de paradigma sobre o cuidado que introduz novos conceitos e técnicas em relação aos processos de trabalho, da mesma forma que ocorre a expansão das tecnologias que inovam os procedimentos na rotina dos estabelecimentos de saúde, aumentando a complexidade das tarefas diárias18. Portanto, se faz necessário melhorar a qualidade das condições de saúde no trabalho priorizando a identificação de problemas em cada situação, com participação ativa dos sujeitos e replanejá-los sempre que se fizer necessário24.

2.2 Riscos ocupacionais e Acidentes de trabalho: reações do acidentado frente ao risco real de contaminação pelo vírus HIV/ Hepatite B e C

Os trabalhadores da saúde estão sujeitos a vários riscos ocupacionais, adoecem, acidentam-se e, na

maioria

das vezes, não relacionam esses problemas à

sua atividade de trabalho, e estão cada vez mais submetidos a uma grande diversidade de riscos, porém esses profissionais preocupam-se muito com o trabalho a ser realizado e os cuidados com os clientes e não têm a mesma clareza com os riscos ocupacionais a que estão expostos22. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) reconhece que praticamente todos os profissionais padecem de estresse, porém a área da enfermagem é considerada como uma das mais estressantes. Os enfermeiros encontram-se expostos a fatores de risco de natureza física, química e biológica, o que justifica a inclusão da profissão de enfermagem no grupo das profissões mais desgastantes25.

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Entre diversas situações de risco ao qual o profissional de enfermagem está exposto encontra-se temperatura ambiental desconfortável, dermatites de contato devido ao uso frequente de sabão, álcool e luvas, acidentes com perfuro-cortantes e contato direto com fluidos corpóreos dos pacientes18. O ambiente de trabalho hospitalar também é considerado insalubre, por agrupar diversos pacientes portadores de doenças infectocontagiosas, e viabilizar muitos procedimentos que oferecem riscos de acidentes e doenças para a equipe de saúde25. Acidente de trabalho ocorre quando no exercício do trabalho, a serviço da empresa ou instituição, de forma direta ou indireta haja lesão corporal, doença ou perturbação funcional, no trabalhador, que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho26. Risco é definido como qualquer possibilidade de que uma circunstância existente num dado processo ou ambiente de trabalho possa causar danos à saúde, seja por meio de acidentes, doenças ou do sofrimento dos trabalhadores, ou ainda por poluição ambiental27. Na prevenção de acidentes são necessários esforços concentrados inicialmente na eliminação dos perigos e/ou eliminação dos riscos, não permitindo interação direta entre pessoas e perigos e, posteriormente, orientações e fornecimento de equipamentos de proteção individual. Possibilitando obter melhores resultados na prevenção de acidentes do trabalho e de doenças ocupacionais através da combinação dessas medidas6. A equipe de enfermagem é uma das principais categorias ocupacionais sujeita à exposição por material biológico. A grande maioria das exposições percutâneas está associada à punção venosa periférica (30 a 35% dos casos), há também a ocorrência de exposições envolvendo, por exemplo, procedimentos com escalpes, flebotomia, lancetas para punção digital e coleta de hemocultura28. A transmissão ocupacional do HIV de pacientes a trabalhadores da saúde ocorre com maior frequência por via percutânea ou através de mucosas, por contato com sangue ou fluidos corpóreos. Segundo estudos prospectivos com trabalhadores da saúde, estima-se que o risco médio para transmissão do HIV, após exposição percutânea a sangue HIV positivo é aproximadamente de 0,3% e após exposição de mucosas, de 0,09%. No caso de exposição percutânea à hepatite B o risco de contaminação pode chegar a 40%, já em relação ao vírus da hepatite C os valores variam entre 1 a 10%28.

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As cargas de trabalho são classificadas como biológicas, físicas, química, mecânicas, fisiológicas e psíquicas, estando o trabalhador de enfermagem expostos durante sua jornada de trabalho, mesmo não possuindo consciência dos riscos inerentes a essa exposição26. No Brasil, os trabalhadores de enfermagem submetem-se aos riscos ocupacionais, sofrem acidentes de trabalho e adoecem, não atribuindo esses problemas às condições insalubres e aos riscos oriundos do trabalho30. É predominantemente no ambiente hospitalar que a enfermagem realiza a sua atividade quase de forma ininterrupta, em turnos alternados, cansando-se física, mentalmente e psicologicamente realizando horas extras, tendo alterações em seu ritmo biológico, vivenciando situações de angústia em decorrência de suas atividades, submetendo-se a riscos variados. Nestes locais está sujeita a trabalhar em condições penosas e desagradáveis, para atender aos rodízios de escalas de turnos noturnos e diurnos, incluindo-se os finais de semana e feriados31. Os trabalhadores de enfermagem adoecem, acidentam-se e morrem em decorrência de seu trabalho. Atualmente questiona-se sobre a vida tão curta destes profissionais, que vêm tentando lutar por melhores condições de higiene, saúde e segurança em seus ambientes laborais32. A exposição dos trabalhadores de saúde ao risco ocupacional biológico é uma realidade que vem sendo muito discutida. Apesar da frequente ocorrência, existe grande subnotificação desses acidentes entre os trabalhadores de saúde. Onde alguns fatores como o desconforto que os trabalhadores sofrem com a ameaça de contaminação eminente, bem como a ansiedade, medo da morte e depressão contribuem para essa subnotificação33. Os fatos evidenciam que tanto o empregado quanto o empregador, costumam desvalorizar os acidentes ocupacionais por não terem a real consciência dos riscos envolvidos nos acidentes com materiais biológicos que podem, ao longo do tempo, serem causadores de doença e até de morte do trabalhador34. A ansiedade como a mais universal das emoções humanas, que é experimentada por todas as pessoas em algum momento durante sua vida, notadamente, quando a pessoa está submetida a uma situação de adaptação e/ou estressora. O medo da morte é outro fator importante que acomete a equipe de enfermagem quando um dos membros é realmente ameaçado num acidente de trabalho com material perfuro-cortante35.

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Desta forma compreendemos que ansiedade e medo são respostas emocionais dos indivíduos sob ameaça ou riscos desconhecidos e conhecidos. Assim a avaliação psicossocial desse profissional que sofre um acidente com material biológico, pode revelar vários medos que diferem de pessoa para pessoa. Os sentimentos expressos pelos trabalhadores no momento da exposição biológica variam desde a complexidade à amplitude que esta exposição pode gerar. Os sentimentos relatados não se restringem apenas ao trabalhador; envolvem também familiares, superiores e outras pessoas, que fazem parte do convívio social desse trabalhador33. Com os trabalhadores observam-se sentimentos fortes e profundos, que têm a capacidade de alterar seu convívio social, sua integridade moral e a dinâmica familiar, com a possível chance de adoecer pelo vírus HIV, HVB e HCV30. O risco de contrair a SIDA, após um acidente de trabalho traz à tona preocupações que estão muito mais associadas ao estigma da doença que ao medo da morte36.

2.3 Segurança e Saúde do Trabalhador em Saúde: Norma Regulamentadora nº 32, o Protocolo de exposição a materiais biológicos do Ministério da Saúde e a Rotina de atendimento do Hospital cenário do estudo

2.3.1 Norma Regulamentadora nº 32 (NR-32)

A NR-32 estabelece diretrizes básicas para implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores, assim como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral8. Buscou-se no texto a seguir destacar aspectos importantes dessa norma que se referem ao objeto deste estudo. A carência de padrões normativos de biossegurança para os trabalhadores do setor saúde no Brasil, somada à enorme ocorrência de acidentes e à subnotificação dos mesmos, foram os principais motivos que levaram o Ministério do Trabalho e Emprego a publicar a Norma Regulamentadora nº 32 (NR-32) em 2005. Norma esta que trata da segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde, englobando desde os riscos biológicos até a manutenção de máquinas e equipamentos, estabelecendo também a responsabilidades cabíveis as prestadoras de serviço, incluindo terceirizadas37.

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Segundo a NR-32, o Empregador tem a responsabilidade de capacitar os trabalhadores quanto aos riscos, às medidas de prevenção e àquelas a serem adotadas em casos de acidentes ou incidentes; e o empregado tem o direito de ser capacitado. Sendo importante ressaltar que, toda capacitação deve ser fornecida de forma inicial e continuada. O registro da capacitação deve ser documentado e estar à disposição da fiscalização e das auditorias de risco37. Em caso de ocorrência de acidente, com ou sem afastamento do trabalhador, sempre deve ser realizada a emissão do CAT (Comunicado de Acidente de Trabalho), consequentemente a mesma é obrigatória; inclusive quando se tratar de exposição a agentes biológicos37, na qual o dano pode ocorrer ou não, mas o risco de agravo à saúde está presente. O empregador deve informar aos trabalhadores e aos seus representantes qualquer acidente ou incidente grave que possa provocar a disseminação de um agente biológico suscetível de causar doenças graves nos seres humanos, as suas causas e as medidas adotadas ou a serem seguidas para corrigir a situação8. O Empregador deve garantir a conservação e a higienização dos materiais, dos instrumentos e local de trabalho. Provendo condições adequadas para a guarda e transporte adequado de materiais infectantes, fluidos e tecidos orgânicos. Além da disponibilização dos EPI, descartáveis ou não, devendo estar em número suficiente nos postos de trabalho8. A NR-32 orienta que todo local onde exista possibilidade de exposição a agente biológico deve ter lavatório exclusivo para higiene das mãos provido de água corrente, sabonete líquido, toalha descartável e lixeira provida de sistema de abertura sem contato manual8. Em todo local onde exista a possibilidade de exposição a agentes biológicos, devem ser fornecidas aos trabalhadores instruções por escrito, em linguagem acessível, das rotinas realizadas no local de trabalho e medidas de prevenção de acidentes e de doenças relacionadas ao trabalho8. A todo trabalhador deve ser fornecido, gratuitamente, programa de imunização ativa contra tétano, difteria, hepatite B e agentes biológicos aos quais os trabalhadores poderão estar expostos, sempre que houver vacina eficaz contra eles37. Os trabalhadores que manuseiam objetos e equipamentos perfuro-cortantes são responsáveis pelo seu descarte. A norma proíbe o reencape e desconexão manual de

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agulhas. Os recipientes para descarte devem ter limite máximo de enchimento localizado a 5 cm abaixo do bocal. Devendo eles serem rígidos, resistentes à punctura, ruptura ou vazamento, possuir tampa e estarem devidamente identificados8.

2.3.2 O Protocolo de exposição a materiais biológicos do Ministério da Saúde

O Protocolo de exposição a materiais biológicos do Ministério da Saúde propõe aos serviços de saúde que irão prestar atendimento ao trabalhador após exposição a material biológico, avaliar a capacidade de atendimento em unidades básicas de saúde; estabelecer medidas de avaliação e orientação ao acidentado; oferecer orientações de atendimento imediato na profilaxia para vírus da hepatite B e quimioprofilaxia para o vírus da imunodeficiência humana; manter o seguimento dos acidentados com risco de soroconversão por, no mínimo, seis meses; privilegiar o acolhimento do paciente durante o atendimento e a responsabilidade de orientação junto à comunidade e ao ambiente de trabalho; manter o Sistema de Notificação e Registro permanentemente atualizado no Ministério da Saúde com vistas a permitir ações de vigilância em saúde do trabalhador10. O atendimento deve ocorrer imediatamente após o acidente e, inicialmente, basear-se em uma adequada anamnese do acidente, caracterização do paciente fonte, análise do risco, notificação do acidente e orientação de manejo e medidas de cuidado com o local exposto10. As orientações quanto à conduta vão desde cuidados com a área exposta, como a lavagem do local exposto com água e sabão nos casos de exposição percutânea ou cutânea. Enquanto que nas exposições de mucosas, deve-se lavar exaustivamente com água ou solução salina fisiológica. Ressaltando a importância de não realizar procedimentos que aumentem a área exposta, tais como cortes e injeções locais. O Protocolo também orienta realizar a avaliação do acidente, devendo estabelecer o material biológico envolvido (sangue e fluidos orgânicos), o tipo de acidente (perfuro-cortantes, contato com mucosa e contato com pele), o conhecimento da fonte (conhecida, desconhecida)10. As exposições de maior gravidade envolvem: 

Maior volume de sangue: lesões profundas provocadas por material cortante; presença de sangue visível no instrumento; acidentes com agulhas previamente

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utilizadas em veia ou artéria de paciente-fonte; acidentes com agulhas de grosso calibre; agulhas com lúmen10; 

Maior inoculação viral: paciente-fonte com HIV/AIDS em estágio avançado; infecção aguda pelo HIV; situações com viremia elevada; − deve-se observar, no entanto, que há a possibilidade de transmissão, mesmo quando a carga viral for baixa e quando houver a presença de pequeno volume de sangue10. Ressalta-se a importância das orientações e aconselhamentos realizados ao

acidentado, como em relação ao risco do acidente, possível uso de quimioprofilaxia, consentimento para realização de exames sorológicos, comprometimento do acidentado com seu acompanhamento durante seis meses, prevenção da transmissão secundária, suporte emocional devido ao estresse pós-acidente, orientando o acidentado a relatar de imediato os seguintes sintomas: linfoadenopatia, rash, dor de garganta, sintomas de gripe (sugestivos de soro-conversão aguda), reforçando a prática de biossegurança e precauções básicas em serviço10. A instituição de saúde deve divulgar e treinar seus profissionais quanto aos procedimentos de prevenção à exposição a material biológico. Realizando um programa de prevenção, incluindo medidas preventivas e gerenciais, treinamentos e educação, controle médico, registro e vigilância10.

2.3.3 Rotina de atendimento ao trabalhador acidentado com material biológico do Hospital Federal cenário do estudo

Segundo a Rotina de Atendimento na Exposição a Material Biológico do Hospital Federal cenário do estudo emitida em agosto de 2011 e revisada em outubro de 2013 que tem como referência o Manual de Condutas em Exposição Ocupacional a Material Biológico- Ministério da Saúde (2010) é exigido à notificação obrigatória em caso de acidente com material biológico. O profissional acidentado deverá dirigir-se ao Plantão Interno, localizado no 8° andar, setor denominado Interface, que possui 01 médico plantonista, local este que realiza o atendimento de pacientes já internados anteriormente, e que apresentem agravamento de sua condição, semelhante a uma emergência, com plantão diurno e noturno, ou seja, sem interrupção nas 24h. Este mesmo setor é responsável pelo atendimento inicial desses

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profissionais. Onde será realizado a avaliação do acidente, solicitação dos exames sorológicos e orientações, bem como avaliação da necessidade de profilaxia pós exposição para hepatites B e C, e HIV. Cabe ao laboratório, localizado no 2º andar, providenciar a coleta, processar prontamente os exames solicitados pelo médico do Plantão Interno, como teste rápido para HIV e sorologias para hepatites B e C, e informar ao médico o resultado. A Farmácia, localizada no térreo, possui a função de dispensar os medicamentos para início da profilaxia pós-exposição, após a avaliação médica dos resultados sorológicos e entrega do Receituário Especial emitido pelo Plantão Interno, devendo funcionar 24h. Caso haja necessidade de utilização da gamaglobulina hiperimune para Hepatite B (HBIG), o médico do Plantão Interno deverá encaminhar o profissional ao Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). Tendo como CRIE de referência o Hospital Municipal Rocha Maia, localizado no bairro de Botafogo. O Núcleo de Saúde do Trabalhador, localizado no 6° andar, é responsável por realizar o levantamento diário junto ao Plantão Interno para saber da ocorrência de acidentes com material biológico e buscar Ficha de Atendimento em Exposição a Material Biológico, encaminhar essa ficha ao Núcleo de Epidemiologia (NEP) para o preenchimento da Ficha de Notificação do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), realizar a notificação do acidente, buscar os resultados de exames e encaminhar o profissional acidentado para o acompanhamento. Este setor é também responsável pela avaliação do perfil vacinal dos profissionais, acompanhando o profissional acidentado junto com um infectologista, orientando sobre restrições às atividades laborais, se necessário. Cabe ao profissional obrigatoriamente ir ao Núcleo de Saúde do Trabalhador (NST), para fazer o registro do acidente em Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), preencher a Ficha de notificação do SINAN após a ocorrência do acidente, seguindo o fluxograma do atendimento em Acidente com Material Biológico. Este documento informa que o conhecimento e a obediência desta rotina são de responsabilidade de todos os funcionários, expostos a acidentes com risco biológico e de todos aqueles envolvidos no seu tratamento. Caberá à Educação Continuada* (denominação do setor de Educação Permanente nessa instituição), localizado no 10º andar, responsável pela educação permanente da

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equipe de enfermagem e supervisão da residência em enfermagem. Sendo responsável também por divulgar a rotina aos profissionais de enfermagem, capacitando-os como agir no caso de acidente com material biológico. Promovendo capacitação periódica para a enfermagem quanto à prevenção dos riscos de acidentes com materiais biológicos.

2.4 Levantamento bibliográfico acerca do atendimento dos profissionais de enfermagem em situação de exposição aos riscos biológicos

Em análise às produções científicas identificadas na busca nas bases de dados acerca do atendimento dos profissionais de enfermagem em situação de exposição aos riscos biológicos por incidentes e acidentes, foi possível perceber pontos relevantes sobre o aperfeiçoamento da estrutura organizacional e quanto à necessidade de informação. Com relação ao aperfeiçoamento da estrutura organizacional foi evidenciada a necessidade de reformulação do protocolo de atendimento do acidentado e participação efetiva da enfermagem no processo. Sobre tal, sabemos o quanto é importante à participação do trabalhador, mas não é essa percepção que o mesmo tem. Já que pesquisas afirmam que as organizações que são orientadas para processos de trabalho verticalizados apresentam, notadamente, estruturas rígidas, centralização do poder e forte especialização no trabalho. Formalizam as relações e muitas vezes dificultam a comunicação; havendo forte controle dos procedimentos e dos trabalhadores, que sofrem pressão de suas chefias no desenvolvimento de tarefas, onde não participam dos processos decisórios e sentem que seus problemas pessoais não importam para a organização38. Foi observado em um dos estudos selecionados que não há disponibilização de luvas em tamanhos variados e os acidentes geralmente envolvem agulha de insulina no momento em que se realizava o teste da glicemia capilar. Também se faz necessário realizar monitoramento do status vacinal como medida preventiva, através das seguintes ações: busca ativa nos cartões de vacinas dos funcionários, realização de campanhas vacinais e promoção da educação em serviço39. O ambiente de atuação do pessoal de enfermagem é, muitas vezes, nocivo à saúde, por suas condições desfavoráveis ao bem-estar e à satisfação pessoal. A precarização do trabalho, que ocorre pelo excesso de trabalho seja físico e/ ou mental, pelo acúmulo de horas trabalhadas ou mesmo pela má remuneração ocupacional no sistema de saúde, tem

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sido identificado como fator determinante dos acidentes e doenças ocupacionais40. Ainda relacionado ao fator estrutura organizacional, identificamos em alguns estudos que muitos trabalhadores acidentados referiram à inexistência de serviço especializado de orientações à saúde do trabalhador e informaram nunca ter recebido orientações sobre biossegurança14. Dados estes que contradizem pesquisas que afirmam ser imprescindível a oferta de condições de trabalho seguras e reforçar as informações aos profissionais sobre a importância da adoção de medidas preventivas ocupacionais. Mas, essas afirmativas, vão na contramão do que a NR-32 legisla, quando determina que o trabalhador ao sofrer um acidente que o exponha a agentes biológicos, deve comunicar imediatamente o responsável da unidade, o serviço de segurança no trabalho e a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)38. O não preenchimento da CAT descaracteriza a possibilidade de associação entre a exposição a material biológico e a ocorrência do acidente, bem como do desenvolvimento da doença ocupacional41. No entanto, os serviços que se apresentaram organizados, viabilizaram de forma mais qualificada as consultas e o acompanhamento dos profissionais, o que provocou nos trabalhadores um sentimento de satisfação em relação ao ambiente laboral42. Faz-se necessário o desenvolvimento de uma escuta pedagógica no ambiente de trabalho em saúde que tem, portanto, o potencial de apreender e avigorar movimentos de interação e de construção coletiva. Além de ações voltadas à melhoria das condições e organização do trabalho para prevenir os acidentes com material biológico, também é indispensável para reduzir os riscos envolvidos na dinâmica do trabalho em saúde a reestruturação organizacional, que inclui materiais, estrutura e recursos humanos no que se refere a ter pessoal para o atendimento e treinamento para qualificar os processos comportamentais que envolvem esse tipo de atendimento 38,42. Com relação à necessidade de informação foi evidenciada a necessidade de educação continuada sobre imunização completa, medidas de biossegurança, a importância da notificação, a aderência ao seguimento clínico e a valorização do enfermeiro como educador em sua formação, na adoção de medidas preventivas de biossegurança no ato de cuidar do cliente 43,44. Resultados esses que corroboram com as pesquisas que afirmam que as principais causas de acidentes ocupacionais se relacionam a não observação de normas, imperícia,

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condições laborais inadequadas, instruções incorretas ou insuficientes, falhas de supervisão e orientação, falta ou inadequação no uso de EPI 45. Dados mostraram a realidade de alguns profissionais que ao se acidentarem não conheciam o fluxograma de atendimento pós-exposição. Fluxo esse, que deveria ser divulgado em todos os serviços. Toda instituição de saúde deve ter um protocolo que oriente as ações acerca do acidente com material biológico46. Quanto à situação vacinal contra a hepatite B entre os trabalhadores de enfermagem acidentados com material biológico, apesar da gratuidade das doses preconizadas e oferecidas pelo Ministério da Saúde aos profissionais da saúde, esses ainda, não se encontram totalmente imunes para o vírus da hepatite B. Portanto, se faz necessário constantes campanhas de vacinação contra a hepatite B e a orientação em serviço, uma vez que a transmissão ocorre mesmo com quantidades mínimas de sangue ou fluidos de indivíduos portadores crônicos, quando em contato com a superfície ocular ou outras mucosas expostas 47,48. Destaca-se também que o conhecimento técnico-científico é facilitador para o atendimento qualificado. Já a falta do mesmo quanto às condutas e procedimentos a serem realizados, potencializa a sensação de desamparo diante da situação 42. A educação permanente deve utilizar abordagem educativa capaz de problematizar as situações de exposição ocupacional vivenciadas no cotidiano, discutindo as causas da sua ocorrência, contribuindo para a conscientização do risco, viabilizando um ambiente laboral mais seguro46. Dessa forma a educação permanente em saúde constitui importante força para mudar práticas desatualizadas, tendo uma de suas propostas, a modernização de realidades nas ações e serviços, favorecendo espaços para a discussão de assuntos que despertem o pensar crítico para o que necessita ser problematizado 38,48.

2.5 A tecnologia educacional - cartilha: possibilidade de informação quanto aos riscos biológicos e procedimentos pós-exposição

A disseminação do uso de tecnologia educacional nos processos de aprendizagem vem sendo estimulada graças às diversas vantagens, que incluem oferecer aos indivíduos uma fácil compreensão do tema estudado, respeitando o ritmo de cada um e permitindo a

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repetição quantas vezes forem necessárias, facilitando a busca imediata ou rápida. Embora essas vantagens sejam reconhecidas, as tecnologias educacionais precisam ser avaliadas para garantir a qualidade do material49. Quando disponibilizadas aos usuários, as tecnologias educacionais fornecem informações qualificadas que podem ser apresentadas por meio de ferramentas de apoio à decisão do cliente. Essas ferramentas auxiliam o diálogo com os profissionais de saúde, explicitam opções, facilitando a comunicação e o processo de tomada de decisão, podendo ser apresentada de diversas formas, como panfletos, cartilhas, multimídia ou até mesmo sites de internet50. Consideramos que o desenvolvimento de materiais educacionais pode contribuir para um ensino mais participativo oferecendo conteúdos que poderão ser utilizados de acordo com suas necessidades e ritmos de aprendizagem. Esse avanço tecnológico também pode apoiar o cotidiano do enfermeiro, disponibilizando informações e potencializando a aquisição de conhecimentos, na educação permanente deste profissional51. No caso da capacitação dos profissionais de enfermagem relacionada à exposição aos riscos biológicos, o conteúdo deve ser adaptado à evolução do conhecimento e à identificação de novos riscos biológicos, incluindo os dados disponíveis sobre riscos potenciais para a saúde; medidas de controle que minimizem a exposição aos agentes; normas e procedimentos de higiene; utilização de equipamentos de proteção coletiva, individual e vestimentas de trabalho; medidas a serem adotadas pelos trabalhadores no caso de ocorrência de incidentes e acidentes, oferecendo qualidade no atendimento ao trabalhador acidentado através das tecnologias educacionais52. Ao se abordar a necessidade de ferramentas tecnológicas no ensino da enfermagem, destaca-se que é imprescindível desmistificar a ideia de tecnologia apenas vinculada ao uso de equipamentos de última geração, uma vez que o saber profissional e o processo relacional constituem mecanismos inerentes ao processo de trabalho em saúde53. As cartilhas educativas podem ser entendidas como um recurso dedicado a informar a população sobre direitos, deveres, doenças, acidentes, dentre outros. Tais temáticas devem ser abordadas por meio da divulgação de conceitos e mensagens, bem como de perguntas e respostas, podendo mesclar narrativas em quadrinhos e textos didáticos e/ou informativos53.

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A enfermagem tem se implicado na produção e busca de tecnologias para auxiliar no seu cotidiano profissional, permeando suas atividades assistenciais, administrativas e educacionais, pois se acredita que os materiais de ensino dinamizam as atividades de Educação em Saúde51. Entretanto, é possível refletir que os trabalhadores de enfermagem necessitam de conhecimentos prévios dos fatores associados à exposição do profissional dentro do ambiente hospitalar para estabelecer estratégias para realizar e dar continuidade ao processo de cuidar sem ser acometido por doenças infecciosas, como também por outros agravos durante a continuidade no atendimento. Diante do exposto, reconhece-se a importância de estudos que valorizem o emponderamento do profissional de enfermagem através da busca de conhecimentos para prevenção ou atendimento adequado do profissional em exposição ao material biológico, facilitado pelo uso de tecnologias educacionais, como a cartilha educativa, ou que mais se adequem a realidade e cotidiano do profissional de enfermagem. A utilização da cartilha como ferramenta para sensibilização do profissional e facilitador do processo de ensino e aprendizagem têm benefícios como auxiliar na construção do conhecimento, favorecendo a mudança de atitudes e comportamentos, permitindo consultas rápidas e permanentes a respeito de um determinado tema54. A educação é um processo permanente que precisa ser garantido também para os profissionais. Visão essa preconizada pelo Ministério da Saúde que associa humanização à valorização dos usuários, profissionais e gestores e é operacionalizada, entre outras ações, na troca e construção de saberes, estimulando processos de educação permanente54. Contudo, chama-se a atenção para a pequena produção científica sobre o uso de cartilhas voltadas para a orientação do trabalhador, como pode ser identificada na afirmativa a seguir: “Na saúde, o uso de cartilhas tendo em vista a educação do usuário é prática comum. A literatura mostra que o uso destes instrumentos na formação de cuidadores, como no caso dos bebês pré-termos, na orientação para o autocuidado dos pacientes com diabetes e câncer, apresenta bons resultados. Porém, cartilhas voltadas para a educação do profissional de saúde não são tão comuns, fato que deve ser incrementado no processo de educação permanente em saúde, de modo a complementar as necessidades e preencher lacunas em uma perspectiva construtivista-dialética”54.

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A criação de novos saberes favorece a capacidade de produzir e readaptar novos recursos tecnológicos. Desta forma, as atividades desenvolvidas por meio de tecnologias educacionais, como a cartilha, podem satisfazer uma educação em saúde baseada em ações que identificam as reais necessidades dos clientes55. A discussão sobre a utilização na abordagem profissional-paciente emergiu da necessidade de se avaliar se o uso da cartilha tem melhor aproveitamento. Assim, como exemplo pode-se citar um estudo no qual os autores analisaram a construção e validação de cartilha educativa sobre alimentação saudável na gravidez e foi observada a ausência desse tipo de material de ensino direcionado às gestantes. Após a validação com profissionais da saúde (juízes) e gestantes, concluiu-se que a cartilha é relevante e se apresenta como novo material de ensino nas atividades de educação em saúde, com o objetivo de motivar a gestante à alimentação saudável, estimulando o uso de alimentos regionais 56. Outro estudo evidenciou que após a experiência com pacientes em um Centro de Tratamento de Queimados (CTQ), foi identificada a real necessidade de se orientar o paciente sobre procedimentos e cuidados, muita das vezes desconhecidos, contribuindo para aumentar a tranquilidade e colaboração do mesmo. A pesquisa abordou o levantamento de um diagnóstico situacional, para identificar as lacunas e dúvidas sobre a rotina de cuidados realizados 57. Após a construção da cartilha e sua validação pode-se inferir que a educação em saúde na prática de enfermagem não se limita somente à comunicação de conteúdos e realizações de intervenções, mas também no desenvolvimento e avaliação de recursos educativos produzidos para uso de seus clientes, o que reafirma a Enfermagem como ciência58. A cartilha educativa tem uma contribuição valiosa no desenvolvimento de habilidades, favorecendo a autonomia do indivíduo59. A validação da cartilha como tecnologia educacional identificou a incorporação de novas informações que proporcionam aprendizado a partir das múltiplas potencialidades, capacidades e interesses dos educandos55. Os resultados obtidos mostram que é importante adotar tecnologias que incorporem novos métodos de ensino. A cartilha, por exemplo, é capaz de ofertar uma gama de informações relevantes para a educação em saúde55. A cartilha educativa surge como um recurso pedagógico capaz de possibilitar a integração dialógica entre enfermeiro-paciente e família possibilitando a construção de um

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conhecimento multidimensional facilmente disponível e de baixo custo, capaz de empoderar pacientes e famílias58. A educação permanente deve utilizar estratégias como as tecnologias educacionais, por exemplo; a cartilha educativa para a construção do conhecimento e sua atualização no ambiente ocupacional. O uso da cartilha no processo de ensinar e aprender, ou em educação no trabalho, tem as vantagens de: poder conter textos mais extensos, permitindo melhor apontamento do conteúdo; possuir elevada seletividade; permitindo a incorporação de uma variedade de tamanhos e formatos; e auxiliando na incorporação da mensagem55. A exposição ocupacional é vivenciada no cotidiano do trabalho, porém existe um grande número de subnotificação desses acidentes e no protocolo de monitoramento biológico, constatando que muitas vezes os trabalhadores não aderem ao monitoramento. Considerando a alta frequência e a gravidade da exposição ocupacional com fluidos biológicos e a necessidade de disseminar conhecimentos sobre as práticas preventivas, a cartilha educativa pode ser bem aplicada com o objetivo de fornecer subsídios para as condições de trabalho seguras, no que diz respeito à exposição dos trabalhadores, emponderando assim os profissionais de saúde expostos.

36

3 METODOLOGIA 3.1 Tipo de estudo

Trata-se de um estudo de caso com abordagem qualitativa, onde se tenta compreender um problema das perspectivas dos sujeitos que o vivenciam59. O estudo de caso é uma investigação sobre um único evento ou situação, em que se busca um aprofundamento dos dados, sem preocupação sobre a frequência da sua ocorrência60. O estudo de caso pode ser tratado como importante estratégia metodológica para a pesquisa em ciências humanas, pois permite ao investigador um aprofundamento em relação ao fenômeno estudado, revelando nuances difíceis de serem enxergadas “a olho nu”. Além disso, o estudo de caso favorece uma visão holística sobre os acontecimentos da vida real, destacando-se seu caráter de investigação empírica de fenômenos contemporâneos61. Um Estudo de Caso exige do investigador, o emprego de alguns procedimentos metodológicos, como protocolo do estudo; preparação prévia para o trabalho de campo; estabelecimento de base de dados61. Segundo seus objetivos este estudo é classificado como descritivo, no qual a pesquisa descritiva tem como finalidade primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então o estabelecimento de relações entre variáveis60. Quanto ao delineamento, optou-se pelo estudo de campo, que é aquele utilizado com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles62. É um estudo desenvolvido geralmente em cenários naturais, onde se procura examinar profundamente as práticas, comportamentos, crenças e atitudes das pessoas ou grupos, na realidade da prática. Sendo assim, torna-se viável através da clientela pesquisada, buscarmos respostas compatíveis com as questões norteadoras, alcançando assim os objetivos propostos.

37

3.2 Levantamento bibliográfico

A busca bibliográfica para este estudo teve por objetivo identificar a produção científica sobre o trabalhador de enfermagem em situação de exposição aos riscos biológicos por incidentes ou acidentes, tendo como questão de pesquisa: De que forma ocorre o atendimento do trabalhador de enfermagem acidentado? Para tal, elaborou-se uma revisão integrativa da literatura, este tipo de revisão possibilita a construção do conhecimento em enfermagem fundamentado e uniforme, e permite a busca, a avaliação crítica e síntese das evidências disponíveis do tema investigado. Os descritores utilizados foram: acidentes ocupacionais; exposição a agentes biológicos; equipe de enfermagem e acolhimento. Ocorrendo a busca cruzada entre dois descritores por vez, utilizando o operador boleano AND, sendo mantido constante o descritor “acidentes ocupacionais”. Realizou-se a seleção dos artigos na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS/BIREME) nas bases de dados MEDLINE, LILACS e PORTAL CAPES nos meses de novembro de 2014 a janeiro de 2015. Adotou-se como critérios de inclusão: artigos publicados nos últimos cinco anos (2010 a 2014), publicados nos idiomas português, espanhol e inglês, indexados nas bases supracitadas. Os critérios de exclusão definidos foram artigos incompletos, repetidos e que não abordassem a temática equipe de saúde. Através destas pesquisas nas bases de dados, foram encontrados 1.196 artigos com os descritores acidentes ocupacionais e exposição a agentes biológicos, 159 artigos com os descritores acidentes ocupacionais e equipe de enfermagem e 0 (nenhum) artigo com os descritores acidentes ocupacionais e acolhimento. Mesmo realizando o cruzamento do descritor acolhimento com os demais descritores, o resultado foi o mesmo; nenhum artigo encontrado. A partir dos critérios de inclusão e exclusão mencionados e da leitura dos textos encontrados, foram selecionados 10 artigos + 3 artigos do PORTAL CAPES, conforme o fluxograma abaixo. Segue em anexo o quadro com os artigos selecionados (Apêndice A).

38

Figura 1. Fluxograma de pesquisa. Rio de Janeiro-RJ, Brasil, 2015.

A síntese desta revisão encontra-se nas bases conceituais deste estudo, na seção 2.4, denominada “Levantamento bibliográfico acerca do atendimento dos profissionais de enfermagem em situação de exposição aos riscos biológicos”.

3.3 Cenário do estudo

O Hospital onde está inserido o cenário deste estudo é um edifício projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, construído em 1952 e inaugurado em 1958. O hospital possui 10 pavimentos, e foi construído para a Sul América e o Banco Lar Brasileiro. Passou a ser conhecido como Hospital dos Bancários. O Hospital está subordinado a Coordenação Geral de Gestão Hospitalar do Estado do Rio de Janeiro (DGH), do Departamento de Atenção Especializada, da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde. É um hospital da rede pública do Estado do Rio de Janeiro caracterizado como uma Unidade terciária e quaternária (serviços de média e alta complexidade), voltada para as áreas cirúrgicas, com especialidades em Cabeça e Pescoço, Cirurgia Geral, Cirurgia Pediátrica, Cirurgia 39

Plástica e Reparadora, Cirurgia Torácica, Cirurgia Vascular, Coloproctologia, Ginecologia,

Neurocirurgia,

Oftalmologia,

Ortopedia

e

Traumatologia,

Otorrinolaringologia, Urologia. Além do serviço de Clínica Médica com foco em Oncologia, Quimioterapia ambulatorial e Hemodiálise. Conta com 167 Leitos Convencionais; 22 leitos de CTI – Tipo II, sendo 12 leitos de UTI adulto e 10 leitos de CTI pediátrica; 6 leitos de Unidade Coronariana; 18 leitos de Hospital Dia; e 11 Salas de Cirurgia. É habilitado em quatro Serviços de Alta Complexidade. Ao todo, por ano, são mais de 20.000 atendimentos ambulatoriais e mais de 500 procedimentos cirúrgicos. A clientela é composta por demanda referenciada. O cenário deste estudo foi o Centro de Terapia Intensiva, localizado no 7º andar do Hospital. Setor este que possui 12 leitos, sendo um deles leito de isolamento respiratório. Neste setor há uma enfermeira-coordenadora, uma enfermeira diarista, seis equipes divididas em 03 plantões diurnos e 03 plantões noturnos com carga horária de 30h semanais. Cada equipe é composta por 02 enfermeiros plantonistas e 06 técnicos de enfermagem. Possui também um técnico de enfermagem responsável pelos materiais, mas que eventualmente atua na assistência direta, dois médicos por plantão. Este local foi escolhido por ser um campo de atuação da equipe de enfermagem em assistência intensiva a pacientes em condições críticas de saúde, ampliando as possibilidades de exposição a material biológico e ser um hospital de referência no Estado do Rio de Janeiro, que recebe clientes referenciados de diversos setores do Hospital e de outras unidades de saúde da cidade. O setor possui um perfil de pacientes heterogêneo, que inclui desde pacientes de pós-operatório imediato à pacientes com agravamento de doenças de base, oncológicos e principalmente pacientes com doenças respiratórias.

3.4 Sujeitos

Os 29 participantes deste estudo foram todos os trabalhadores de enfermagem lotados no centro de terapia intensiva do Hospital Federal cenário desse estudo, tendo em vista que já sofreram algum tipo de acidente com material biológico durante sua atuação profissional e que estão sujeitos à ocorrência desse tipo de acidente em sua rotina de trabalho. Para inclusão na amostra considerou-se o quadro de pessoal que realiza assistência direta aos pacientes. Foram excluídos os trabalhadores que estavam de licença-médica, licença-maternidade e férias no período da coleta de dados. Foi garantido o anonimato dos sujeitos e os mesmos foram identificados no estudo como 40

Depoente 1, Depoente 2 e assim sucessivamente, de acordo com a ordem de realização das entrevistas.

3.5 Coleta de dados

A coleta de dados foi realizada pela pesquisadora nos seis plantões (03 diurnos e 03 noturnos) de enfermagem existentes no setor. Após explicação sobre a pesquisa e a aceitação em participar da mesma, foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo A) e aqueles que atenderam aos critérios de inclusão da pesquisa, responderam às perguntas formuladas no roteiro de uma entrevista semiestruturada (Apêndice C). A entrevista foi realizada individualmente com os sujeitos nas dependências do Hospital, utilizando um gravador. Sendo iniciada somente após a autorização da instituição para realizar o desenvolvimento do estudo no Hospital (Apêndice B). O procedimento de coleta de dados neste estudo foi à entrevista semiestruturada, que é a técnica na qual o investigador está junto ao informante e realiza questionamentos relativos ao seu problema, tendo um roteiro previamente formulado, que auxilia o investigador a manter-se no tema em estudo 60. É um método flexível de obtenção de informações qualitativas sobre um fenômeno em estudo. Este método requer um bom planejamento prévio e habilidade do entrevistador para seguir um roteiro de questões, com possibilidades de introduzir variações que se fizerem necessárias durante sua aplicação. Em geral, a aplicação de uma entrevista requer tempo maior do que os questionários63. É fundamental que o investigador reflita sobre as habilidades para a realização de estudos de caso, como experiência prévia, sagacidade para fazer boas perguntas, capacidade de não se deixar levar por seus preconceitos e ideologias, flexibilidade para se adequar às situações adversas61. O instrumento de coleta de dados contemplou o perfil sócio demográfico dos participantes e um roteiro de perguntas abertas, sendo utilizado um gravador para o registro da entrevista, que logo após foram transcritas na íntegra para posterior análise. As entrevistas foram realizadas pela pesquisadora no período de dezembro de 2015 a março de 2016. Entrevistou-se 29 profissionais de enfermagem. Anterior ao início da coleta foi realizado um teste-piloto na Unidade Coronariana, que possui o mesmo perfil de pacientes do CTI, realizado em um único plantão, sendo este do turno diurno, 41

composto por uma enfermeira e quatro técnicos de enfermagem. Após a realização dessas 05 entrevistas, foram feitas algumas adequações ao instrumento, como redução do número de questões. Após as entrevistas e análise das mesmas, ocorreu uma nova etapa de coleta de dados, denominada de avaliação da tecnologia educacional, ou seja, da cartilha, onde foi apresentada uma primeira versão para a equipe de enfermagem do CTI junto a um questionário utilizado como instrumento de avaliação da tecnologia (Anexo C). Este questionário foi adaptado do modelo apresentado no livro Tecnologias educacionais em foco de Teixeira e Mota71, que apresenta questões estruturadas e foi utilizado para que as respostas fossem direcionadas exclusivamente para a cartilha. Assim, os profissionais avaliaram itens como Objetivos, Organização, Estilo da escrita e Aparência. Marcando as opções A- Totalmente adequado; B- Adequado; C- Parcialmente Adequado; D – Inadequado, as quais não foram atribuídos valores, mas as respostas identificaram os pontos fortes e fracos da cartilha.

3.6 Análise de dados

A análise dos dados é o momento em que se deve estabelecer articulações entre o conteúdo encontrado como resultado da pesquisa e o referencial teórico do estudo, no sentido de atingir os objetivos com base nas questões norteadoras64. Após a coleta dos dados iniciou-se a análise dos mesmos que utilizou a seguinte estratégia: 

Preparação e descrição do material bruto, ou seja, consiste na transcrição das entrevistas na íntegra.



Redução dos dados, na qual os dados são agrupados de acordo com os pontos de convergência.



Processo de codificação, que consiste na atribuição de categorias a partes dos discursos bem circunscritas e das observações descritas, que apresentam uma grande unidade conceitual64. Na estruturação para análise dos dados ocorre uma etapa denominada

Fundamentação Teórica, na qual os dados já coletados e analisados são fundamentados teoricamente com o auxílio de referenciais teóricos, com o objetivo de ratificar e entender os resultados encontrados62.

42

Os conteúdos das entrevistas foram agrupados em três categorias temáticas que emergiram a partir da leitura do material recolhido nas entrevistas, relacionando-o ao conhecimento e atendimento prestado aos trabalhadores de enfermagem em situação de risco ao material biológico. As categorias ficaram assim discriminadas: Categoria 1 – A exposição ao material biológico e suas consequências; Categoria 2 – O atendimento pós- exposição ao material biológico na ótica dos participantes; Categoria 3 – A necessidade de informação.

3.7 Aspectos éticos do estudo

A coleta de dados foi iniciada após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP), da Universidade Federal Fluminense (UFF), a fim de cumprir o que preceitua a resolução Nº 466, de 12 de dezembro de 2012.

O projeto possui CAAE n°

45483715.3.0000.5243 e foi aprovado com o parecer nº 1.252.941 (Anexo B). Ressalta-se que o nome da instituição não será citado no corpo do trabalho deste estudo, uma vez que a autorização fornecida à pesquisa está circunscrita à coleta de dados, como os profissionais de saúde que aceitaram participar do estudo.

3.8 Análise de riscos e benefícios

O único risco do procedimento de pesquisa que a entrevista semiestruturada poderá apresentar consiste no fato de trazer à tona a questão dos riscos biológicos e possivelmente, alguém que já sofreu esse tipo de acidente reviver essa situação de medo e incerteza que experimentou naquela ocasião, favorecendo um desconforto com essa recordação. Entretanto, os benefícios que o estudo trará com esses depoimentos superam esse risco. Quanto aos benefícios, espera-se que o estudo consiga desvelar o que realmente é possível fazer para orientar os profissionais quanto à necessidade de se protegerem como também, de informação sobre o protocolo após exposição e melhor acolhimento dos acidentados.

43

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Perfil dos trabalhadores de enfermagem do CTI do Hospital Federal que participaram do estudo

O estudo contou com a participação de 29 trabalhadores de enfermagem, entre eles, 08 enfermeiros e 21 técnicos de enfermagem. Dos quais 10 profissionais da equipe de enfermagem afirmaram já terem se acidentado com exposição a material biológico (totalizando 34%). Os dados da literatura variam quanto a esse valor, sendo descrita prevalências acima de 14% 65. O Quadro 1 demonstra essa situação no que se refere aos sujeitos do estudo.

Quadro 1- Perfil dos sujeitos do estudo em relação ao acidente com exposição biológica

PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

ACIDENTADOS

NÃO ACIDENTADOS

ENFERMEIRO TÉCNICO TOTAL

02 08 10

06 13 19

TOTAL DE SUJEITOS 08 21 29

De acordo com o quadro 1, considerando o número de profissionais acidentados (n=10), verificou-se que o número de técnicos de enfermagem (n= 8 - 80%) é maior do que o número de enfermeiros (n=02 – 20%). Justificando-se esse resultado devido ao maior número de técnicos que trabalham por plantão comparado ao número de enfermeiros. Que corrobora com estudos que afirmam que os profissionais que compõem a equipe de enfermagem, além de representar o maior contingente, são reconhecidos como a maior força de trabalho presente nas instituições de saúde, estando em contato direto com o paciente, administrando medicamentos, realizando curativos, entre outros procedimentos invasivos que os mantêm em constante risco de acidente, envolvendo material biológico

48,41,66

. Dentro da equipe de enfermagem, inúmeros

estudos comprovam que os técnicos e auxiliares se acidentam em quantitativo maior que os enfermeiros, fato que se explica pela elevada quantidade de técnicos e auxiliares de enfermagem, que ao permanecerem mais tempo na assistência direta aos pacientes,

44

executam um maior número de procedimentos vinculados a sua intensa atividade junto a pacientes críticos 67,41. A seguir, apresenta-se nos Quadros 2 e 3 o perfil sócio demográfico dos sujeitos do estudo. Quadro 2 – Perfil sócio demográfico dos enfermeiros acidentados e não acidentados

ENFERMEIRO

CARACTERÍSTICAS

SEXO

IDADE (faixa etária)

ESCOLARIDADE (maior nível)

ESTADO CIVIL

Feminino Masculino Total 26-35 36-45 46-55 56-65 Total 3º grau Completo Pós-graduação Total Solteiro Casado Divorciado Total

ACIDENTADO 02 0 02 01 01 0 0 02 0 02 02 0 01 01 02

45

NÃO ACIDENTADO 05 01 06 03 02 0 01 06 01 05 06 02 04 0 06

Quadro 3 – Perfil sócio demográfico dos técnicos de enfermagem acidentados e não acidentados

TÉCNICOS DE ENFERMAGEM

CARACTERÍSTICAS

SEXO

IDADE (faixa etária)

ESCOLARIDADE (maior nível)

ESTADO CIVIL

Feminino Masculino Total 26-35 36-45 46-55 56-65 Total 2° grau Completo 3ºgrau Incompleto 3º grau Completo Pós-graduação Total Solteiro Casado Divorciado Total

ACIDENTADO 07 01 08 03 03 0 02 08 03 0 05 0 08 0 06 02 08

NÃO ACIDENTADO 10 03 13 04 07 01 01 13 09 01 03 0 13 01 12 0 13

Ao refletir sobre os acidentes de trabalho deve-se considerar a inexistência de treinamentos e capacitações destes profissionais, a indisponibilidade de subsídios e a cultura local da instituição. Portanto, ao conceber que o acidente pode acometer as mais diversas categorias funcionais, faz-se necessário adotar meios preventivos específicos e eficazes a todas as categorias, mas que identifiquem as peculiaridades de cada prática profissional41. A partir dos resultados apresentados é possível constatar que a ocorrência dos acidentes de trabalho com material biológico foi predominante no sexo feminino (n=9 – 90%), incluídos enfermeiros e técnicos de enfermagem. Tais resultados são esperados, pois, segundo dados do Conselho Federal de Enfermagem, a profissão no Brasil é constituída por 88,26% de mulheres, reafirmado por pesquisas de Nishide, Benatti, Alexandre (2004)6; Nishide, Benatti (2004)28, que identificaram 88% dos trabalhadores entrevistados sendo do sexo feminino e discordando dos achados de Oliveira, Paiva (2013)42, onde se verificou a predominância de profissionais do sexo masculino (63,2%).

46

Foi observado que as faixas etárias identificadas entre os profissionais acidentados se encontram predominantemente entre 26-35 anos (n=4 – 40%) e 36-45 anos (n=4 – 40%). Coincidindo com estudos de Nishide e Benatti, onde a faixa etária predominante foi entre 30 e 40 anos e a pesquisa de Oliveira e Paiva, que observou que a idade dominante era igual ou inferior a 37 anos

28,42

. Os achados ficaram bem

próximos desses estudos. Quanto à escolaridade, observou-se que metade dos profissionais acidentados possui 3º grau completo (n=5 – 50%). Destacando assim, que mesmo estando lotados na função de técnicos de enfermagem, possuíam em sua maioria diploma universitário e as duas enfermeiras que se expuseram a material biológico possuíam curso de Pósgraduação. Dado esse que entra em desacordo com a realidade identificada em outros estudos, onde a escolaridade identificada entre os profissionais que se expõem ao material biológico é apenas de 2º grau completo14. Assim, é possível afirmar que embora o grupo estudado possua escolaridade em nível elevado, esta característica não influenciou no conhecimento e aplicação a respeito de medidas de biossegurança. Também foi evidenciado neste estudo as características que compõem o perfil dos sujeitos relacionadas à atividade profissional, pois as mesmas podem interferir na ocorrência de acidentes com exposição biológica como o tempo de experiência profissional, o número de empregos dos membros da equipe de enfermagem e os turnos de trabalho nos quais exercem sua atividade laboral. Desta forma, os Quadros 4 e 5 contêm esses dados e estão apresentados a seguir: Quadro 4 – Perfil dos enfermeiros acidentados e não acidentados relacionado à atividade profissional ENFERMEIRO

CARACTERÍSTICAS

EXPERIÊNCIA (anos)

01-10 11-20 21-30 ≥ 31 Total

Nº DE EMPREGOS

01 02 03 Total

TURNO

Diurno Noturno Diurno/Noturno Total

ACIDENTADO 01 01 0 0 02 01 01 0 02 01 0 01 02

47

NÃO ACIDENTADO 03 02 0 01 06 02 03 01 06 02 01 03 06

Quadro 5 – Perfil dos técnicos de enfermagem acidentados e não acidentados relacionado à atividade profissional

TÉCNICO DE ENFERMAGEM

CARACTERÍSTICAS

EXPERIÊNCIA (anos)

01-10 11-20 21-30 ≥ 31 Total

Nº DE EMPREGOS

01 02 03 Total

TURNO

Diurno Noturno Diurno/Noturno Total

ACIDENTADO 03 03 01 01 08 03 04 01 08 01 03 04 08

NÃO ACIDENTADO 05 03 04 01 13 06 05 02 13 04 03 06 13

Com relação ao tempo de experiência profissional, foi observada entre a população estudada uma grande variação de tempo, enquanto que entre os profissionais acidentados foi identificada uma leve predominância nas faixas entre 01-10 anos (n=4 – 40%) e 11-20 anos (n=4 – 40%). Tendo destaque a presença de um profissional que possui experiência na faixa ≥ 31 anos. Não há um consenso na literatura em relação ao papel da experiência profissional na ocorrência de acidentes com material biológico. Além do mais, profissionais mais experientes podem ser mais resistentes às mudanças em seu comportamento. Investigação conduzida em um hospital do interior paulista identificou que, para cada ano trabalhado, a chance de se acidentar aumentou quatro vezes14. Foi possível verificar um percentual elevado (n=6 – 60%) entre os profissionais acidentados que possuem mais de um emprego. Justificando-se a duplicidade de emprego, que se faz necessária à sobrevivência nos dias atuais, em virtude da redução do poder aquisitivo da população (notadamente aos baixos salários oferecidos ao profissional de enfermagem ao longo dos anos). Assim, a necessidade de mais um emprego exige do profissional de enfermagem a permanência da maioria dos seus anos produtivos em ambiente insalubre, o que aumenta o tempo de exposição aos riscos ocupacionais 40. Outros estudos afirmam que o fato de a maioria dos sujeitos trabalhar mais de 44 horas semanais e possuir mais de um emprego, caracterizando uma sobrecarga e 48

acúmulo de jornadas de trabalho, essas características foram incluídas como fatores de risco para a ocorrência de acidentes com material biológico, como por exemplo, em serviços de urgência e emergência fixos34. Quanto ao turno de trabalho entre os profissionais acidentados, observou-se a predominância no turno noturno (n=3 – 30%) e/ou em ambos os turnos (n=5 – 50%), pois como vimos anteriormente, muitos trabalham em mais de um emprego. O que podemos inferir que esse pode ser um fator que contribuiu para a ocorrência de acidentes ocupacionais, já que cansaço físico e mental e a necessidade de maior agilidade na realização das atividades de rotina em um setor de terapia intensiva também foram identificados em outros estudos40. Corroborando também, com um estudo realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, que revelou que, para cada hora acrescida na jornada de trabalho, a chance de sofrer acidente percutâneo aumenta 1,03 vezes14.

4.2 Os momentos relacionados à exposição aos riscos biológicos do trabalhador de enfermagem apreendidos nas entrevistas: a exposição propriamente dita, o atendimento e a necessidade de informação

Os conteúdos das entrevistas foram agrupados em três categorias temáticas divididas em: Categoria 1 – A exposição a material biológico e suas consequências; Categoria 2 – Os sentimentos vivenciados e o atendimento pós- exposição a material biológico na ótica dos participantes; Categoria 3 – A necessidade de informação. 4.2.1 Categoria 1 – A exposição a material biológico e suas consequências

As pessoas que trabalham em hospitais estão potencialmente expostas a uma diversidade de doenças infectocontagiosas, principalmente aquelas em contato direto com os pacientes ou com artigos contaminados com material orgânico. A exposição ocupacional ao sangue e a outros espécimes potencialmente infectantes inclui além dos acidentes perfuro-cortantes, o contato com os olhos, a boca, outras membranas mucosas e com a pele lesada37. A exposição ao material biológico na prática de enfermagem no CTI ocorre em diversas situações, que vai desde o preparo de medicação intravenosa até o momento de sua administração, manipulação de instrumentos perfuro-cortantes e contato direto com 49

fluidos corporais. Em se tratando de terapia intensiva outros aspectos estão envolvidos também na ocorrência dos acidentes, como situações de estresse e reações do paciente. As entrevistas evidenciaram algumas situações em que os acidentes ocorreram, como os relatos a seguir:

[...] Durante a administração de medicamento no paciente, eu sabia que ele era HIV positivo, tinha hepatite e tudo que tem direito. Achei que não teria problema [...], mas a colega me disse que sim e que devia buscar ajuda. Depoente 02 (Técnica, 57 anos, SN, dois empregos)

[...] Foi de madrugada, tava eu e a enfermeira fazendo o óbito do paciente [...] A gente foi cortando com lâmina e bisturi e no momento que fui cortar, eu mesma me cortei com a lâmina. A verdade é que a pessoa que tava comigo tava bem estressada, acho que ela chegou a me deixar nervosa e aconteceu o que aconteceu. Depoente 08 (Técnica, 36 anos, SN, três empregos)

[...] Bom, eu tava manipulando o paciente e a sonda se soltou, e o resíduo veio dentro da minha órbita ocular. Depoente 13 (Técnica, 32 anos, SD, dois empregos)

[...] Eu me furei com agulha de insulina do paciente. Eu estava distraído na hora da coleta. Depoente 17 (Técnico, 34 anos, SD, dois empregos)

[...] Sim, me acidentei com perfuro-cortante após a coleta de sangue para aferir o hgt. Atribuo o acidente a falta de lanceta adequada para o exame. Depoente 21 (técnica, 37 anos, SN, um emprego)

A maioria dos acidentes relatados pelos participantes do estudo ocorreu com instrumentos perfuro- cortantes. Esse resultado corrobora com diversos estudos que constataram que os acidentes com material biológico ocorrem predominantemente entre trabalhadores de enfermagem e envolvem contato com sangue e lesões percutâneas ocasionadas por agulhas ou lâminas, expondo os profissionais, sobretudo, ao risco de infecção ocupacional pelo vírus da hepatite B e HIV 15,38, 44,48. Poucos identificaram os respingos de secreções como acidente. Informação essa reforçada por estudo, que encontrou uma grande variedade de acidentes ocorridos com 50

profissionais da saúde, mas a maior frequência ainda prevalece entre aqueles que envolvem materiais perfuro-cortantes68. Sendo importante ressaltar que o EPI não foi citado por nenhum dos participantes da pesquisa, o que poderia dificultar a ocorrência dos acidentes ocupacionais. Fato esse, identificado em outra pesquisa que afirma que a maioria dos trabalhadores atribuiu a falta de atenção, o despreparo técnico e a não utilização de EPI como as principais causas de acidentes com perfuro-cortantes. A falta de atenção pode estar relacionada à sobrecarga de trabalho que deixa o profissional mais estressado, exigindo maior rapidez na execução de tarefas70. Ao menos um profissional citou a falta de material adequado, como possível causa para o acidente. Em outra pesquisa confirma-se a alta incidência de acidentes ocorridos com perfurações, o que reforça a necessidade urgente de vigilância e treinamentos contínuos quanto aos cuidados na manipulação desses objetos, além de disponibilização de instrumentos com travas de segurança, por exemplo. Os acidentes provenientes de respingos foram mencionados em uma proporção bem menor48. Nesse mesmo estudo foi observado que alguns profissionais manifestaram certa preocupação, ou melhor, incerteza quanto a possíveis consequências futuras talvez por não terem procedido adequadamente em relação ao processo de notificação e acompanhamento pós-acidente, semelhante ao identificado nas entrevistas48. Também foi apreendido que alguns depoentes relatam os motivos que levaram ao acidente, em sua maioria destacam ter sido por descuido ou falta de atenção. Corroborando com outros estudos que afirmam ainda ocorrer acidentes em decorrência de fatores/causas que poderiam ser evitados se fossem adotadas medidas básicas de proteção contra os acidentes envolvendo materiais biológicos 68, 48,6. Nas entrevistas pode-se notar que alguns sabem que em caso de acidente algo deve ser feito, mas não sabem o que fazer para acionar o atendimento, ou seja, como iniciá-lo. De acordo com a NR-32, capacitar de forma inicial e continuada os trabalhadores quanto aos riscos, às medidas de prevenção e àquelas a serem adotadas em casos de acidentes ou incidentes é responsabilidade do empregador52. As falas citadas a seguir vão de encontro com o que determina a norma de proteção à saúde dos trabalhadores de saúde:

As pessoas não tão assim preparadas [...], é muito confuso, fica um correcorre, um diz uma coisa o outro fala outra. Depoente 04 (Técnica, 45 anos, SD/SN, dois empregos) 51

Não sabia o que fazer, nem eu nem ela [...] Depoente 08 (Técnica, 36 anos, SD/SN, três empregos)

Não sabia como proceder e quem me atendeu foi o médico da infecto do meu setor. Depoente 13 (Técnica, 32 anos, SD/SN, dois empregos)

Onde existe a possibilidade de exposição a agentes biológicos no local de trabalho, devem ser fornecidas aos trabalhadores instruções em linguagem acessível e por escrito acerca das rotinas realizadas, como também as medidas de prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho8. Alguns mencionaram determinadas ações incluídas no protocolo de exposição a materiais biológicos do Ministério da Saúde como o exame de sangue do acidentado e do paciente, outros priorizam a notificação e há aqueles que fazem referência à medicação. A maioria atribuiu ao evento; acidente, a qualidade de situação séria, grave e preocupante, onde alguns se sentiram contaminados e com elevado risco de contrair alguma doença, principalmente a SIDA, como demonstram os trechos das entrevistas a seguir:

[...] Sei que tem que colher sorologias do paciente e do funcionário e tomar medicamento [...]. Depoente 03 (Técnico, 49 anos, SD, dois empregos)

[...] Eu sabia mais ou menos o que fazer. Me encaminhei pro setor que faz o atendimento Interface, mas chegando lá o médico não sabia o que fazer. Depoente 15 (Enfermeira, 39 anos, SD, um emprego)

[...] Me senti apavorada! Na minha cabeça eu já tava com AIDS, foi terrível. Fiz o exame meu e do paciente. E disseram que tinha que tomar a medicação dentro de 03 horas. Depoente 04 (Técnica, 45 anos, SD, dois empregos)

[...] Notificar, fazer exame e tomar remédio se for necessário. Depoente 20 (Técnica, 68 anos, SN, um emprego)

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Os depoimentos também demonstraram que há quem não soubesse da gravidade da situação ou desconhecem totalmente o que fazer caso se acidentasse. Esse desconhecimento tão explícito remete a reflexão para questões relacionadas à desqualificação do risco, que pode ser um mecanismo de defesa utilizado pelos profissionais de saúde para se sentirem menos vulneráveis. O que pode ser observado nas falas a seguir:

[...] Nunca me acidentei e não sei o que fazer [...] Depoentes 06 (Técnico, 43 anos, SD/SN, três empregos).

[...] Meu acidente aconteceu por volta das 13 horas da tarde e às 19h, fim do plantão eu ainda não tinha resultado [...] entreguei nas mãos de Deus (risos) Depoente 17 (Técnico, 34 anos, SD, dois empregos)

[...] Comigo não, mas o que vi foi só com secreção, mas não fez nada não. Só lavou e ficou por isso. Não sei se teria que ir na Interface, mas não sei qual é o protocolo correto não. E nem sei onde é o núcleo de saúde do trabalhador. Depoente 28 (Técnica, 33 anos, SD, um emprego)

Neste movimento de reflexão sobre os acidentes, vem à tona a vulnerabilidade dos profissionais da saúde, que é determinada por um conjunto de condições, individuais e institucionais, dentre as quais o comportamento é apenas um deles, onde muitas das vezes, as condições coletivas e os recursos para o seu enfrentamento produzem maior suscetibilidade aos agravos e pode levar o trabalhador da saúde a um acidente de trabalho por exposição aos riscos ocupacionais 9. Muitos profissionais esquecem ou ignoram as doenças transmissíveis e incuráveis, cuja prevalência tem aumentado em todos os estabelecimentos de saúde, alertando para a necessidade de habilitar os trabalhadores da saúde para atuarem preventivamente em seu cuidado18. 4.2.2 Categoria 2 – Os sentimentos vivenciados e o atendimento pós- exposição a material biológico na ótica dos participantes

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Podemos salientar que está evidente para os participantes, a falta de preparo de quem realiza esse atendimento ao trabalhador em situação de exposição a material biológico, tanto na Interface, setor responsável pelo primeiro atendimento quanto no Núcleo de Saúde do Trabalhador responsável pelo seguimento desse atendimento. Pois os médicos ficam buscando a informação no fluxograma e formulários que deveriam ser parte de sua rotina de trabalho, o que gerou sentimentos de ansiedade, medo e insegurança, reforçados pelo atendimento prestado. Foi identificado também que o laboratório responsável pela realização dos exames solicitados durante o atendimento, não apresenta como uma ação prioritária a realização dos exames e a devolução dos resultados. Por outro lado, a Farmácia dificultou em algumas situações a dispensação da medicação quando se fez necessário, desconhecendo sua responsabilidade descrita na Rotina de Atendimento em Caso de Exposição a Material Biológico do Hospital Federal. Estas informações estão presentes nas diversas falas descritas e algumas foram destacadas a seguir para exemplificar:

[...] Fiquei ansiosa, nervosa, preocupada. Porque é uma situação séria! Procurei o núcleo de saúde do trabalhador, mas a funcionária do setor informou não haver problema, pois era um ejetor lateral. [...] um dia depois em meu outro emprego, afirmaram que devia sim fazer exame e começar o protocolo de HIV por 30 dias [...] Depoente 02 (Técnica, 57 anos, SD/SN, dois empregos)

[...] Parece que o atendimento não é bom, porque eles nunca sabem o que fazer. Depoentes 03 (Técnico, 49 anos, SD, dois empregos), 19 (Técnica, 44 anos, SN, um emprego), 24 (Enfermeira, SD/SN, dois empregos) [...] Foi um atendimento assim confuso, porque eu já tava assim com medo, já tava com muito medo e ninguém teve uma ação correta, cada um fala uma coisa [...] Depoente 04 (Técnica, 45 anos, SD/SN, dois empregos)

[...] O sentimento é de descaso. Acabei pegando informação com um colega médico que estava de plantão dentro do hospital pra ter alguma informação segura. O atendimento foi precário [...] Depoente 15 (Enfermeira, 39 anos, SD, um emprego)

[...] Confesso que fiquei ansioso e preocupado com os resultados. O pessoal do laboratório também não tem muito conhecimento disso. Até o médico que me atendeu 54

não sabia o que pedir, estava um pouco por fora com relação a isso [...] No meu outro plantão quando fui saber o resultado, o meu nome não estava no sistema nem o do paciente, não tinha nada de resultado. Depoente 17 (Técnico, 34 anos, SD, dois empregos)

[...] Senti medo, insegurança por não ter certeza de que o protocolo estivesse sendo aplicado corretamente. Não senti segurança no médico. Achei o atendimento péssimo, ele mal olhou na minha cara! É péssimo a falta de conhecimento dos profissionais [...] Depoente 26 (Técnica, 35 anos, SN, um emprego)

Assim, observou-se que os sentimentos dos trabalhadores no momento da exposição biológica relatam a complexidade e a amplitude que esta exposição pode gerar, onde frequentemente, experimentam sensações de frustração, minimização ou negação do risco envolvido e/ou sensação de já ter adquirido uma doença, mesmo que isso não se concretize. Por outro lado, há diferentes achados que enfatizam o receio de ser menosprezado ou excluído pelos colegas de trabalho e sentimento de perda após o acidente68, 33. Com relação ao atendimento os participantes afirmaram em sua maioria, descontentamento com o serviço prestado, entretanto, destacaram que eles mesmos desconhecem como deve ser. Também, evidenciaram a falta de conhecimento acerca da operacionalização do protocolo de atendimento pós-exposição a material biológico por aqueles que deveriam atender e esclarecer as principais dúvidas. Bem como, as dificuldades no fluxo do atendimento e ausência do acompanhamento posterior. Dados esses que se assemelham aos resultados encontrados em um estudo, que identificou que a desorganização em relação ao atendimento e acompanhamento do acidentado causou desconforto e insatisfação 42. Segundo Dejours, a eliminação dos dificultadores presentes na organização do trabalho promove uma atitude protetora, reduzindo os riscos, além de aumentar a satisfação dos trabalhadores em relação ao ambiente de trabalho. Assim, pode-se inferir que, quando o serviço oferece organização e agilidade ao acidentado, o atendimento e acompanhamento parecem satisfazer suas necessidades de suporte e orientação sobre os passos a serem seguidos, oferecendo segurança e confiança ao trabalhador de que sua saúde é prioridade para a instituição e, consequentemente, gera satisfação para o profissional em relação ao seu trabalho69. 55

4.2.3 A necessidade de informação

Nessa categoria é possível apreender que os participantes do estudo possuem pouco conhecimento a respeito das ações a serem realizadas. Afirmaram ter adquirido informações com os colegas de profissão que já vivenciaram a situação ou que receberam orientações em outras instituições que já havia ou em que estavam trabalhando. Somente uma enfermeira relatou ter lido em livro. Houve unanimidade em afirmar que nunca foram orientados no âmbito do Hospital Federal cenário do estudo. O que pode ser observado nas falas a seguir:

[...] Adquiri esse conhecimento nos livros que li. Depoente 01 (Enfermeira, 36 anos, SD, um emprego)

[...] Nunca recebi nenhuma orientação do que fazer em caso de acidente, só o que vi quando meus colegas se acidentam. Depoentes 03 (Técnico, 49 anos, SD, dois empregos), 14 (Técnica, 45 anos, SN, um emprego)

[...] Acabei pegando informação com o colega que tava de plantão dentro do hospital pra ter essa informação. Depoente 15 (Enfermeira, 39 anos, SD, um emprego)

[...] Já ouvi falar sobre o Protocolo do Ministério, pois sabe que ele dá orientações quando alguém se acidenta no hospital. Mas não no Hospital Federal. Depoente 19 (Técnico, 44 anos, SN, um emprego) Deficiências e dúvidas relacionadas principalmente, aos mecanismos de transmissão de algumas doenças entre profissionais de nível médio foram constatados num estudo, onde se identificou profissionais que manifestaram a necessidade de maiores esclarecimentos relacionados aos acidentes envolvendo material biológico. Essa situação é agravada principalmente pela falta de participação em treinamentos e orientações 68. A notificação do acidente biológico é um dos passos importantes no fluxo de atendimento, entretanto, é pouco identificado pelos participantes do estudo, embora seja atribuição do Núcleo de Saúde do Trabalhador. A falta de reconhecimento da importância desta ação dificulta o conhecimento real da prevalência de acidentes de 56

trabalho entre os profissionais de saúde, dado este identificado num estudo sobre o conhecimento e utilização de medidas de precaução padrão por profissionais de saúde70. Acenando para a necessidade do desenvolvimento de estratégias visando à adoção de práticas mais seguras e redução dos fatores de risco e vulnerabilidade que atingem os profissionais de saúde nos diferentes momentos de atuação9. No que se trata das ações sugeridas para melhorar o atendimento ao acidentado, em sua maioria sugeriram fortemente a qualificação do profissional que presta esse atendimento, a disponibilização do protocolo da instituição de fácil acesso a todos os profissionais, bem como orientações a todos os profissionais quanto aos riscos reais e como proceder em caso de acidente com material biológico, se possível por escrito. Conteúdos esses disponíveis nos discursos a seguir:

[...] Sugiro qualificar o profissional que irá nos atender e que possa compreender nossa situação. Disponibilizar o protocolo para saber a quem reportar em caso de acidentes. Depoente 01 (Enfermeira, 36 anos, SD, um emprego)

Acho que diversos fatores melhorariam, principalmente quanto à burocracia. Vejo falta de informação, pois ninguém sabe o que fazer para se tratar. Vejo descaso de todas as instituições que já trabalhei [...] Depoentes 03 (Técnico, 49 anos, SD, dois empregos), 14 (Técnica, 45 anos, SN, um emprego)

Acho que tinha que ter alguém preparado num setor específico, onde todo mundo soubesse que aquele era o setor e os papeis para preencher. Tinha que ter algum livro pra gente saber o que fazer, porque ninguém sabe [...] Falta informação mesmo. Depoente 04 (Técnica, 45 anos, SD/SN, dois empregos)

[...] No momento acho que tem que ter informação quando você chega no hospital, né? Apresentar quem são os responsáveis, a unidade, qual setor, quem procurar, já é meio caminho andado! Até agora nada, e você é a primeira pessoa a me perguntar sobre isso. Depoente 11 (Técnica, 37 anos, SD/SN, três empregos)

[...] Oferecer material para tirar dúvida em caso de acidente, como proceder e qual fluxo seguir no Hospital. Depoente 22 (Enfermeira, 32 anos, SD/SN, três empregos) 57

A realização de ações de educação permanente e/ou capacitações com os profissionais é uma das fundamentais estratégias para adoção de ações seguras no trabalho em saúde. Essas práticas são importantes à medida que contribuem para que os trabalhadores se conscientizem sobre as consequências de suas atividades para a saúde, valorizando as precauções e medidas de biossegurança padronizadas no exercício profissional, entre as quais está incluída a prevenção de acidentes com perfurocortantes, implementação de programas de prevenção e conscientização de práticas seguras e o fornecimento, de forma contínua e uniforme, dos dispositivos de segurança para todos os trabalhadores 9, 6. Esta situação demonstra que a capacitação em biossegurança é um fator fundamental para adoção das medidas de precaução, pois requerem nova aprendizagem e, principalmente, mudanças de hábitos com as quais muitos profissionais têm dificuldade de lidar70. O conhecimento gerado pela informação é um dos determinantes psicossociais que estimulam a percepção de risco e atitudes de autoproteção. Portanto, o indivíduo que possui conhecimento sobre determinado tema, fundamentado em informações científicas, terá mais condições de tomar uma decisão consciente dos benefícios e riscos que possa estar exposto54.

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5 PRODUTO DA PESQUISA 5.1 Elaboração da Tecnologia Educacional – Cartilha Sabemos que para o enfermeiro, educar é parte inerente da sua formação. No entanto, as práticas educativas em saúde não devem se resumir ao repasse de informações, mas à união de conhecimentos que favoreçam a reflexão e a crítica, promovendo uma reorientação no que se relaciona ao cuidado de si 71. A comunicação em saúde tem-se tornando uma ferramenta de promoção de saúde, pois tem a capacidade de ampliar o conhecimento e a consciência das questões, problemas e soluções de saúde; influenciar percepções, crenças e atitudes; mostrar os benefícios da mudança de comportamento; aumentar demandas de serviços de saúde; reforçar conhecimentos, atitudes e mudanças de comportamento; refutar mitos e concepções erradas; defender questões de saúde ou grupos populacionais e superar limitações72. Nesta perspectiva, o material escrito é um instrumento que facilita o processo educativo uma vez que permite ao leitor, destinatário da comunicação, uma leitura posterior possibilitando-lhe a superação de eventuais dificuldades, através do processo de decodificação e de rememorização, tendo como exemplo a cartilha educativa 72. Para elaborar a cartilha, foram utilizadas as evidências científicas identificadas no levantamento bibliográfico construído, seguindo a metodologia de revisão integrativa e os dados da pesquisa de campo, cujos achados são responsáveis por identificar as necessidades de orientações dos profissionais de saúde do CTI-Adulto do Hospital Federal cenário desse estudo. Assim, os resultados encontrados sofreram análise e discussão, apontando as informações necessárias para a elaboração e montagem da tecnologia educacional elegida. O produto da dissertação elaborado é denominado “Cartilha de Orientações aos Profissionais de Saúde acerca de Exposição a Material Biológico”. Após a confecção da cartilha educativa e avaliação da primeira versão pela equipe de enfermagem do CTI utilizando um questionário como instrumento de avaliação da tecnologia obtivemos um resultado positivo, com pequenas modificações sugeridas. Destacamos no resultado que apenas o sub- item 2.1 A capa é atraente e indica o conteúdo do material, recebeu a menor qualificação pelos participantes que foi C- Parcialmente Adequado, sendo atribuído por sete dos dez participantes que avaliaram 59

a tecnologia educativa. Todos os demais itens foram avaliados como muito bons e receberam no instrumento as opções que variaram entre A- Totalmente adequado e BAdequado. Sem críticas ao conteúdo da cartilha, que por essa avaliação atende as expectativas da equipe de enfermagem do CTI. Após a avaliação da cartilha, ela passou por modificações com auxílio de um profissional de designer, que modificou capa, fonte e imagens. A escolha dessa tecnologia educativa se deu a partir do levantamento das necessidades de orientação explicitada nas falas dos profissionais de enfermagem no momento da exposição a material biológico. Sendo possível, utilizar um material ilustrativo, de fácil manuseio e disponibilidade para solucionar as principais dúvidas existentes. Nesta perspectiva as tecnologias educativas são ferramentas que usadas pelo enfermeiro poderão complementar a sua práxis na assistência prestada ao cliente, como também poderá ser utilizada como instrumento de pesquisa em situações que possam gerar dúvida, como o seu atendimento após exposição a material biológico58. Espera-se contribuir para a redução do nível de estresse, medo e ansiedade dos profissionais de enfermagem no momento da exposição ao material biológico e melhorar o compartilhamento de saberes.

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5.2 Cartilha Educativa

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* Este material foi elaborado considerando o contexto da Terapia Intensiva do cenário do estudo. Podendo ser utilizada em outros cenários com a devida adequação.

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* A localização dos setores é específica da Instituição cenário do estudo. Podendo ser alterado em caso, de utilização do material por outras instituições.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa se propôs a construir uma tecnologia educativa para disseminação da informação acerca da exposição a material biológico e dos procedimentos preconizados no atendimento no Hospital cenário do estudo. A partir dos resultados encontrados contando com participação direta da equipe de enfermagem do CTI- Adulto, foi possível observar que existe um grau significativo de desconhecimento ou desvalorização dos agravos causados pela possível contaminação pelos vírus HIV, Hepatite B e C, entre profissionais da saúde expostos, bem como entre os profissionais responsáveis pelo atendimento do trabalhador. Reforçando assim, a necessidade de orientações direcionadas não somente à equipe de enfermagem, mas a toda a equipe de saúde que está em constante risco de exposição a material biológico. O objeto deste estudo foi investigado através da descrição do atendimento que os membros da equipe de enfermagem do CTI recebem após exposição aos agentes biológicos. Sendo possível intervir na realidade estudada através da construção de uma cartilha educativa para disseminação da informação sobre o Protocolo do Ministério da Saúde e sua operacionalização em um Hospital Federal. Observou-se que o conhecimento técnico-científico é facilitador para o atendimento qualificado. Já a falta do mesmo quanto às condutas e procedimentos a serem realizados, potencializa a sensação de desamparo diante da situação. Para que ocorrências de exposição a material biológico possam ser evitadas, e quando não for possível, possam ser atendidas devidamente, trazendo maior sensação de segurança ao profissional da saúde, se faz necessário reformular a estrutura organizacional evidenciando a necessidade de disseminação do protocolo de atendimento do acidentado e participação efetiva dos trabalhadores de saúde no processo, através da educação permanente. Onde a utilização das tecnologias educativas, como a cartilha podem auxiliar o trabalhador em saúde, que poderá emponderar-se para ser o sujeito na busca pelo atendimento digno e de qualidade. Ao difundir e capacitar os profissionais para o entendimento dos riscos ocupacionais desencadeiam-se ações de impacto e alcance coletivo de modo a potencializar a implantação de medidas preventivas junto às instituições.

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Por estas constatações, verifica-se a necessidade da educação permanente tanto do profissional que atende como também do profissional atendido quanto à saúde do trabalhador, abrangendo os riscos e prevenções de acidentes ocupacionais, uso de equipamentos de proteção individual e coletiva, importância da notificação imediata e acompanhamento sorológico completo, reforçando a prática de biossegurança. A forma de organização do trabalho em enfermagem confirma a necessidade da educação permanente, enquanto estratégia de fortalecimento, permitindo ao trabalhador valorizar seu trabalho e sentir satisfação em suas ações realizadas. Desse modo, não há como pensar intervenções ou medidas de prevenção voltadas somente ao trabalhador, sem considerar as situações que interferem em seus comportamentos e os elementos externos, tais como políticos, econômicos, culturais e dos gestores das instituições de saúde. A cartilha educativa em parceria com o trabalhador da saúde desempenha um importante papel no contexto da educação permanente, podendo prevenir o desenvolvimento de doenças, ampliando habilidades e favorecendo a autonomia. Já que o profissional contribui para que o material educativo seja algo útil, de fácil entendimento e de qualidade. Este estudo não encerra em si, pois o tema é amplo e não se esgota facilmente, permanecendo a possibilidade para desenvolver estudos futuros no que tange a capacitação do profissional responsável pelo atendimento, a operacionalização do Protocolo do Ministério da Saúde, bem como, o papel da Educação Permanente na conscientização dos trabalhadores de saúde.

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46 Ribeiro LCM, Souza ACS, Neves HCC, Munari DB, Medeiros M, Tipple AFV. Influência da exposição a material biológico na adesão ao uso de equipamentos de proteção individual. Cienc Cuid Saude 2010 abr-jun; 9 (2): 325-332.

47 Brand CI, Fontana RT. Biossegurança na perspectiva da equipe de enfermagem de Unidades de Tratamento Intensivo. Rev Bras Enferm 2014 jan-fev; 67(1): 78-84.

48 Vieira M, Padilha MI, Pinheiro RDC. Análise dos acidentes com material biológico em trabalhadores da saúde. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2011 mar-abr; 19 (2): [08 telas].

49 Fonseca LMM, Aredes NDA, Leite AM, et al. Avaliação de uma tecnologia educacional para a avaliação clínica de recém-nascidos prematuros. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2013 jan.-fev; 21(1): [08 telas].

50 Secoli SR, Nita ME, Ono-Nita SK, Nobre M. Avaliação de tecnologia em saúde: A análise de custo-efetividade. Arq. Gastroenterol. [Internet]. 2010 Dec [acesso em 19 jun 2016];

47

(4):

329-333.

Disponível

em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S000428032010000400002&ln g=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-28032010000400002.

82

51 Fonseca LMM, Leite AM, Mello DF, et al. Tecnologia educacional em saúde: contribuições para a Enfermagem pediátrica e neonatal. Esc Anna Nery 2011 jan-mar; 15 (1): 190-196.

52 Brasil. Ministério do Trabalho. Norma regulamentadora 32 - segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde [acesso em 30 jun 2014]. Disponível em: http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A350AC8820135161931EE29A3/NR32%20(atualizada%202011).pdf

53 Salvador PTCO, Rodrigues CCFM, Lima KYN, et al. Uso e desenvolvimento de tecnologias para o ensino apresentados em pesquisas de enfermagem. Rev Rene 2015 maio-jun; 16(3): 442-50.

54 Vieira RHG, Erdman AL, Andrade SR. Vacinação contra influenza: construção de um instrumento educativo para maior adesão dos profissionais de enfermagem. Texto Contexto Enferm 2013 jul-set; 22(3): 603-9.

55 Camacho ACLF, Abreu LTA, Leite BS, Mata ACO, et al. Validação de cartilha informativa sobre idosos com demência: um estudo observacional transversal. Online Brazilian Journal of Nursing 2013; 12 (1): 1-8.

56 Oliveira SC, Lopes MVO, Fernandes AFC. Construção e validação de cartilha educativa para alimentação saudável durante a gravidez. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2014; 22 (4): 611-20.

57 Castro ANP, Lima Junior EM. Desenvolvimento e validação de cartilha para pacientes vítimas de queimaduras. Rev Bras Queimaduras 2014; 13 (2): 103-13.

58 Barros EJL, Santos SSC, Gomes GC, Erdmann AL. Gerontotecnologia educativa voltada ao idoso estomizado à luz da complexidade. Rev Gaúcha Enferm 2012 jun; 33 (2): 95-101.

59 Leopardi MT. Metodologia da pesquisa na saúde. Santa Maria: Pallotti; 2001.

83

60 Gil AC. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas; 2010.

61 Yin RK. Estudo de Caso: planejamento e métodos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed; 2010.

62 Marconi MA, Lakatos EM. Metodologia do Trabalho Científico. 6. ed. São Paulo: Atlas; 2001.

63 Barbosa EF. Instrumentos de Coleta de Dados em Pesquisa. 1999. [Acesso em 17 ago 2014]. Disponível em: http://www.sit.com.br/SeparataENS0019.htm.

64 Figueiredo NMA de. Método e Metodologia na Pesquisa Científica. 2. ed. São Caetano do Sul: Yendis; 2007.

65 Gusmão GS, Oliveira AC, Gama CS. Acidente de trabalho com material biológico: análise da ocorrência e do registro. Cogitare Enferm 2013 jul-set; 18(3): 558-64.

66 Silva TR, Rocha SA, Ayres JA, Juliani CMCM. Acidente com material perfurocortante entre profissionais de enfermagem de um hospital universitário. Rev Gaúcha Enferm 2010 dez; 31(4): 615-22.

67 Balsamo AC, Felli VEA. Estudo sobre os acidentes de trabalho com exposição aos líquidos corporais humanos em trabalhadores da saúde de um hospital universitário. Rev. Latino-Am Enfermagem 2006 maio-jun; 14(3): 346-53.

68 Damasceno AP, Pereira MS, Souza ACS et al. Acidentes ocupacionais com material biológico: a percepção do profissional acidentado. Rev Bras Enferm 2006 jan-fev; 59(1): 72-7.

69 Dejours C. Loucura do trabalho. São Paulo: Oboré; 1987.

84

70 Silva GS, Almeida AJ, Paula VS, Villar LM. Conhecimento e utilização de medidas de precaução padrão por profissionais de saúde. Esc Anna Nery 2012 jan-mar; 16 (1): 103 – 110.

71 Teixeira E, Mota VMSS. Tecnologias educacionais em foco. 1. ed. São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora; 2011. Série Educação em Saúde; v.2.

72 Moreira MF, Nóbrega MML, Silva MIT. Comunicação escrita: contribuição para a elaboração de material educativo em saúde. Rev Bras Enferm 2003 mar-abr; 56(2): 184188.

85

APÊNDICE A – QUADRO DE ARTIGOS SELECIONADOS NA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA Autor e

Título

Ano

Método

Principais achados

Base de

periódicos

dados

Machado

Acidentes

com

MRM,

material biológico

2011

Descritivo/

Observa-se que os auxiliares

Transversal

de enfermagem constituem o

Machado FA em trabalhadores

grupo mais exposto a

– Rev. Bras. de enfermagem no

acidentes.

Saúde ocup.

LILACS

Hospital Geral de Palmas

Tipple ACFV, Acidente Silva

2013

EAC, material biológico

Teles

SA, no

KM,

Analítico/

Todos os sujeitos referiram

Transversal

inexistência de um serviço

atendimento

especializado

Souza pré-hospitalar

ACS, DS

com

e/ou

Melo móvel: -

orientação

encaminhamento

dos

acidentados e 12,9% (23/177)

Rev realidade

Bras Enferm

de

para

relataram nunca ter recebido

da

orientações sobre medidas de

trabalhadores

saúde e não saúde Guilarde AO, Acidentes

com

biossegurança. 2010

Descritivo

A profilaxia não foi indicada

Oliveira AM, material biológico

na maioria dos casos (84,8%).

Tassara

M, entre profissionais

Em sete casos nos quais foi

Oliveira

B, de

instituída

hospital

Andrade SS – universitário

antirretroviral,

a

LILACS

profilaxia os

acidentes

ocorreram por via percutânea,

de em Goiânia

Revista

MEDLINE

Patologia

sendo dois de fonte HIV

Tropical

positiva e cinco de fonte desconhecida.

Simão

SAF, Acidentes de

Soares

CRG, trabalho com

Souza

V, materiais perfuro-

2010

Epidemiológi Procedimento de risco, como o co/Descritivo

reencape de agulhas, ainda é

Exploratório

uma prática rotineira, sendo

Borges RAA, cortantes

responsável por 38,6% dos

Cortez EA – envolvendo

acidentes ocorridos.

Rev. Enferm. profissionais de UERJ

enfermagem de

86

MEDLINE

unidade de Emergência hospitalar Silva

TR, Acidente com

Rocha

SA, material perfuro-

Ayres

JA, cortante entre

Juliani

2010

Descritivo/

O protocolo do MS prevê o

Retrospecti-

acompanhamento

vo

MEDLINE

sorológico

por até seis meses, seja por

Profissionais de

HIV, HBsAg ou AntiHCV. No

CMCM - Rev enfermagem de

entanto, dos 149 acidentes

Gaúcha

um hospital

ocorridos apenas oito (5,4%)

Enferm

universitário

realizaram tal procedimento, o restante não deu continuidade ao acompanhamento.

Gusmão GS,

Acidente

de

2013

Oliveira AC,

trabalho

Gama CS –

material

diurno e 37,5% no turno

Cogitare

biológico: análise

noturno, possivelmente devido

Enferm.

da ocorrência e do

à característica da prestação de

registro

cuidados com maior demanda

com

Epidemiológi Entre os entrevistados 62,5% co/descritivo

MEDLINE

em atividades no período

no turno diurno, ficando para o noturno a manutenção da assistência de enfermagem. Pimenta

FR, Atendimento

e

2013

Ferreira MD, seguimento Gir

Corte transversal

E, clínico

Dos profissionais que não procuraram pelo atendimento clínico especializado, a

Hayashida M, especializado

de

maioria relatou não tê-lo feito

Canini SRMS profissionais

de

por considerar o acidente de

-

Rev

Esc enfermagem

Enferm USP

acidentados

LILACS

baixo risco. com

material biológico

Simão SAF, Fatores Souza

V, associados

2010 aos

Descritivo/

57,7% dos entrevistados

exploratório relacionaram à necessidade

Borges RAA, acidentes

de agilidade na execução

Soares CRG,

das atividades; 23,1% ao

biológicos entre

Cortez EA – profissionais de Cogitare

cansaço físico e mental;

Enfermagem

11,5% à ausência de EPI; e 7,7% a pouca experiência

Enferm. 87

LILACS

profissional.

Ribeiro LCM,

Souza ACS,

Tipple AFV, Melo DS,

Fatores

2014

Peixoto

intervenientes no

MKAV,

fluxo

Munari DB - atendimento Rev Esc profissional

Descritivo/

exploratório liberação

ao

no mesmo local oferece segurança e confiança ao trabalhador

de

que

sua

material

saúde é prioridade para a

biológico

instituição. da

LCM, Souza exposição

a

2010

Descritivo

A convivência permanente

LILACS

com a exposição a material

ACS, Neves material biológico

LILACS

de

serviço e acompanhamento

Influência

HCC,

no horário

de

Enferm USP acidentado com

Ribeiro

O atendimento rápido, com

biológico, na

na

repetição

cotidiana

dos

Munari DB, adesão ao uso de

procedimentos, favorece a

Medeiros M, equipamentos de

diminuição da

Tipple AFV - proteção

dos

Cienc Cuid individual

profissionais, o que dificulta

Saude

a tomada de decisão para a

percepção

riscos

adoção

pelos

de

medidas

preventivas. Amorim IG, Caracterização Bispo MM,

dos

2014

Retrospecti

acidentes

Ribeiro LM com exposição a

vo/ descritivo

Cabe

às

instituições

de

saúde procurar estratégias para

conscientização

et al. - Rev

material

profissionais

Universid

Biológico

importância, do profissional

Vale do Rio

envolvendo

Verde

equipe

a

sobre

dos a

acidentado não fazer uma

de

avaliação

enfermagem de

equivocada

risco do acidente.

88

do

CAPES

um

Hospital

universitário Oliveira AC, Análise Paiva

dos

2013

acidentes

Epidemioló gico

MHRS - Rev ocupacionais Latino-

com

Am Enferm

biológico

A maioria dos profissionais não

realizou

avaliação

médica após sua ocorrência

material

e,

entre

consequentemente,

a

CAT não foi emitida. Para a

profissionais em

maior

serviços

trabalhadores

de

parte

dos

acidentados,

atendimento pré-

nenhuma conduta imediata

hospitalar.

pós-acidente foi tomada.

Paiva

Fatores

MHRS,

determinantes e

2011

Transversal

O desconhecimento ou a não importância dada ao

Oliveira AC condutas

pós-

registro

- Rev Bras acidente

com

trabalho

Enferm

material biológico

CAPES

do

acidente sugere

desinformação entre

desinteresse

profissionais do

profissionais de saúde.

atendimento pré-hospitalar

89

de a ou dos

CAPES

APÊNDICE B – SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAR O DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO Sra. Diretora do Hospital Federal da Lagoa, Eu, enfermeira Camila Moreira Serra e Silva Melo, matrícula- 2767633; enfermeira do setor Centro de Terapia Intensiva Adulto (CTI), aluna do Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial da Escola de Enfermagem Aurora Afonso da Costa- EEAAC da Universidade Federal Fluminense - UFF, responsável pela pesquisa intitulada: “RISCOS BIOLÓGICOS DO TRABALHO DE ENFERMAGEM NA TERAPIA INTENSIVA: tecnologia educativa”, configurada como projeto de pesquisa de dissertação de mestrado; venho solicitar à V.Sa. a autorização para o desenvolvimento desta pesquisa nesta instituição no setor de terapia intensiva adulto, além de transmitir nosso comprometimento a utilizar todos os dados coletados, unicamente, para o referido trabalho. Bem como, manter sob sigilo a identificação dos sujeitos selecionados, cujas informações teremos acesso, e respeitar as eventuais designações desta instituição e dos sujeitos participantes que possuam o vínculo empregatício com a mesma. Respeitando assim, os preceitos éticos e legais exigidos pela Resolução n°466/2012 - CONEP, e do Ministério da Saúde, para realização da pesquisa. Para isso faz-se importante vossa permissão para a apreciação ética do projeto desta pesquisa no Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense- CEP UFF. Neste sentido, para submeter à pesquisa ao CEP UFF faz-se necessária à assinatura do representante da EEAAC na Folha de Rosto em (anexo), concedendo a realização desta pesquisa. A vossa assinatura na Folha de Rosto não configura em qualquer vinculação antecipada à pesquisa e/ou a pesquisadora, apontando apenas a afirmação da disponibilidade de campo para coleta de dados e no compromisso de que, caso haja aprovação do Protocolo por este CEP, onde será verificado o compromisso ético da pesquisa em respeitar os requisitos da Resolução nº 466/2012 Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), esta pesquisa poderá ser realizada nesta instituição de acordo com o projeto elaborado apresentado à V.Sa. e ao comitê de ética. Certa de contar com a atenção de V.Sa., envio os protestos de consideração. Pesquisadora

Orientadora

90

Diretora

APÊNDICE C – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA ENTREVISTA Depoente Nº: DADOS PESSOAIS NOME:

IDADE:

FUNÇÃO/CARGO:

SEXO:

ESTADO CIVIL: ESCOLARIDADE: TEMPO DE EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL: QUANTOS EMPREGOS: QUAL TURNO DE TRABALHO:

QUESTÕES:

1. Que acidentes com risco biológico você presenciou ou vivenciou no CTI do Hospital Federal da Lagoa? 2. Nesse caso, o que o acidentado tem que fazer após o acidente no Hospital Federal da Lagoa? 3. De que maneira você tomou conhecimento das ações relacionadas à exposição a material biológico? 4. Quais foram os seus sentimentos ou do acidentado observados durante a situação do acidente? 5. Quais as sugestões para melhorar o atendimento ao trabalhador acidentado?

91

ANEXO

A



TERMO

DE

CONSENTIMENTO

LIVRE

E

ESCLARECIDO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Resolução nº 466/2012 – CONEP

Dados de Identificação: Título do Projeto: “RISCOS BIOLÓGICOS DO TRABALHO DE ENFERMAGEM NA TERAPIA INTENSIVA: tecnologia educativa” Pesquisador Responsável: Camila Moreira Serra e Silva Melo

Instituição a que pertence o Pesquisador Responsável: Escola de Enfermagem Aurora Afonso da Costa - EEAAC/UFF Telefones

para

contato:

Pesquisadora:

(21)

98309-1403

e-mail:

[email protected] CEP-CMM/HUAP: (21) 2629-9189 Nome do voluntário: ____________________________________________________ Idade:_____________anos

R.G. ______________

O (A) Sr. (ª) está sendo convidado (a) a participar do projeto de pesquisa “RISCOS BIOLÓGICOS

DO

TRABALHO

DE

ENFERMAGEM

NA

TERAPIA

INTENSIVA: tecnologia educativa”, de responsabilidade da pesquisadora Camila Moreira Serra e Silva Melo. Pesquisa esta que tem como objetivos: Elaborar uma cartilha educativa e um plano para disseminação da informação acerca dos procedimentos envolvidos no atendimento dos membros da equipe de enfermagem após exposição a material biológico. Descrever o atendimento da equipe de enfermagem do CTI, após exposição aos agentes biológicos, realizado no Hospital Federal da Lagoa. Validar os aspectos relativos ao conteúdo e estrutura da cartilha educativa com os membros da equipe de enfermagem do CTI. Propor um plano para disseminação da informação acerca dos procedimentos

92

envolvidos no atendimento dos membros da equipe de enfermagem após exposição a material biológico. Este é um estudo de caso baseado em uma abordagem qualitativa, utilizando como método de coleta de dados: análise de entrevista semiestruturada aplicada pela pesquisadora. O Sr.(a) foi selecionado (a) para participar desta pesquisa por atender os critérios de inclusão. Suas respostas serão tratadas de forma anônima e confidencial, isto é, em nenhum momento será divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. Quando for necessário exemplificar determinada situação, sua privacidade será assegurada uma vez que seu nome será substituído por um codinome relativo a uma ordem numérica. Os dados coletados serão utilizados apenas NESTA pesquisa e os resultados divulgados em eventos e/ou em revistas científicas, visto a finalidade desta pesquisa em construir um trabalho científico. Sua participação é voluntária, isto é, a qualquer momento você pode recusar-se a responder qualquer pergunta ou desistir de participar e retirar seu consentimento, mesmo após a entrevista realizada. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a instituição na qual trabalha. Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder a entrevista semiestruturada com questões aplicadas pela pesquisadora sobre acidente ocupacional após exposição a material biológico. O Sr.(a) não terá nenhum custo ou quaisquer compensações financeiras. A única possibilidade de risco relacionado ao procedimento de pesquisa refere-se à entrevista semiestruturada que poderá trazer à tona a questão dos riscos biológicos e possivelmente, alguém que já sofreu esse tipo de acidente reviver essa situação de medo e incerteza que experimentou naquela ocasião, favorecendo um desconforto com essa recordação. O benefício relacionado à sua participação será aumentar o conhecimento científico para a enfermagem. O Sr.(a) receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone/e-mail do pesquisador responsável, e demais membros da equipe, podendo tirar as suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento. Perante todas as informações detalhadas neste termo de consentimento livre esclarecido, agradecemos sua atenção e solicitamos sua participação voluntária para realização do estudo. Além de nos comprometermos que serão respeitadas todas as informações declaradas neste termo, perante sua aceitação em participar desta pesquisa. 93

Eu,

__________________________________________,

RG



_____________________ declaro ter sido informado e concordo em participar, como voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito. .

Rio de Janeiro, _____ de ____________ de _______

_________________________________ Nome e assinatura do cliente

_________________________________

_____________________________

Testemunha

Testemunha

94

ANEXO B – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

95

96

97

98

ANEXO C- INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DA CARTILHA PELOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DO CTI-ADULTO Dados de identificação: Título do Projeto: “RISCOS BIOLÓGICOS DO TRABALHO DE ENFERMAGEM NA TERAPIA INTENSIVA: tecnologia educativa” Pesquisadora responsável pelo projeto: Camila Moreira Serra e Silva Melo Instituição: Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa-UFF Contato: (21) 98309-1403 Opções: A- Totalmente adequado; B – Adequado; C – Parcialmente Adequado; D – Inadequado 1. OBJETIVOS- Referem-se aos propósitos, metas que se deseja atingir com a utilização da tecnologia educativa. 1.1 Atende aos objetivos do público-alvo. 1.2 Ajuda durante o cotidiano do público-alvo. 1.3 Está adequada para ser usada por qualquer profissional da saúde.

A A A

B B B

C C C

D D D

2. ORGANIZAÇÃO – Refere-se à forma de apresentar as orientações. Isso inclui organização geral, estrutura, estratégia de apresentação, coerência e formatação. 2.1 A capa é atraente e indica o conteúdo do material. 2.2 O tamanho do título e do conteúdo nos tópicos está adequado. 2.3 Os tópicos tem sequência. 2.4 Há coerência entre as informações de capa, sumário e apresentação. 2.5 O material está apropriado. 2.6 O número de páginas está adequado 2.7 Os temas retratam aspectos importantes do tema-foco

A

B

C

D

A

B

C

D

A A

B B

C C

D D

A A A

B B B

C C C

D D D

3. ESTILO DE ESCRITA – Refere-se a características linguísticas, compreensão e estilo da escrita. 3.1 A escrita está em estilo adequado. 3.2 O texto é interessante. O tom é amigável. 3.3 O vocabulário é acessível. 3.4 O texto está claro. 2.5 O material está apropriado. 99

A A A A A

B B B B B

C C C C C

D D D D D

4. APARÊNCIA – Refere-se a características que avaliam o grau de significação da Tecnologia educativa. 4.1 As páginas ou seções parecem organizadas. 4.2 As ilustrações são simples. 4.3 As ilustrações servem para complementar os textos. 4.4 As ilustrações estão expressivas e suficientes.

A A A

B B B

C C C

D D D

A

B

C

D

Sugestões/ Justificativa: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _________

Data: ___/___/___ Nome:_______________________________________________________________ Idade: ____________ Sexo: (

)F (

)M

Função: _____________________________________________________________

100

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