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O CENTRO DE ANÁPOLIS Pesquisa realizada na Universidade Estadual de Goiás – UEG/ UnB AUTORES: Leyla Elena Láscar Alarcón (organizadora)1; Valério Augu...
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O CENTRO DE ANÁPOLIS Pesquisa realizada na Universidade Estadual de Goiás – UEG/ UnB AUTORES: Leyla Elena Láscar Alarcón (organizadora)1; Valério Augusto Soares de Medeiros 2 Frederico de Holanda 2; Pedro Henrique Gonçalves3; João Vitor de Oliveira Marchiori4 , Ludmilla Micaelle Alves da Rocha4, Vinícius Marques de Paula4;Sara Cândida Gomes de Matos4 1

Professora UEG/UnB;

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Colaborador;

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Bolsista do Programa de Iniciação

Científica; 4 Voluntário do Programa de Iniciação Científica

1. RESUMO Este artigo é fruto de pesquisa realizada na Universidade Estadual de Goiás, em colaboração com alunos da instituição, que realizaram levantamentos de campo e em parceria com a Universidade de Brasília. Visa investigar o aparente conflito no Setor Central de Anápolis entre a existência de atividades comerciais de massa, incentivadas pela forte acessibilidade do bairro, e a preservação do patrimônio existente. Há incompatibilidade de escala entre o raio de abrangência do comércio atacadista (atinge municípios vizinhos) e da malha atual das vias. Esta situação gera problemas: congestionamento no tráfego local e perda do caráter pitoresco de sua configuração. O Setor Central de Anápolis é o centro principal da cidade devido à sua aglomeração de comércio diversificado e atividades significativas de serviços e administrativos. Possui grande quantidade de fluxos tanto veiculares como de pedestres. A cidade depende do Centro para várias atividades, motivo da relevância do estudo. O objetivo principal é fazer uma avaliação da legislação pertinente da área e indicar diretrizes de desenvolvimento futuro do bairro, buscando equilibrar a característica de centro principal com os ideais de preservação do patrimônio histórico. A metodologia utilizada está baseada na Teoria da Sintaxe Espacial. Palavras-chave: Setor Central, Anápolis, centralidade, sintaxe espacial, legislação.

2. INTRODUÇÃO Hoje, o centro de Anápolis se apresenta na forma tradicional de função comercial e de serviços, que se restringe ao horário comercial, o que tem provocado uma aparente “decadência”.

2 O comércio atacadista, em especial os armazéns cerealistas e as desconformidades de usos contribuem para esta situação. Torna-se, assim, necessário um estudo aprofundado deste centro do ponto de vista morfológico. O objetivo desta pesquisa é avaliar a suposta decadência e verificar o nível de centralidade do Setor Central de Anápolis. No Setor Central de Anápolis procura-se identificar as características de centro funcional e morfológico no espaço intra-urbano e verificar a inter-relação entre as características de centro comercial, forte acessibilidade e patrimônio histórico. Nesta pesquisa, é considerado um trecho de cidade bem-sucedido, se este mantiver uma utilização intensa dos espaços abertos de uso público e será considerado problemático todo aspecto da configuração espacial ou social que dificulte a “presença intensa e informal no espaço público”. A pergunta que instigou esta pesquisa é como conciliar características aparentemente incompatíveis: a existência de atividades comerciais de massa (comércio atacadista), incentivadas pela forte acessibilidade do bairro e a preservação do patrimônio existente. Há uma aparente incompatibilidade de escala entre o raio de abrangência do comércio atacadista (atinge municípios vizinhos) e da malha atual das vias (por ser estreita comporta apenas atividades de bairro). Esta situação gera problemas: congestionamento no tráfego local e perda do caráter pitoresco da configuração local. A escolha de se estudar o Centro de Anápolis deve-se ao papel expressivo que possui na cidade: além de ser a maior aglomeração diversificada de comércio, é um centro diversificado de comércio atacadista e varejista, cuja demanda extrapola os limites do Município. Possui também atividades significativas de serviços, a implicar muitos empregos, e atrai grande quantidade de fluxos.

3. Metodologia Assim como na gramática a sintaxe da língua natural consiste no conjunto de regras para a posição ou ordem das palavras na estrutura da frase, no urbanismo a Sintaxe Espacial também se refere à localização de determinada unidade (rua, praça) ou um conjunto de unidades em relação à estrutura da cidade.

3 A Sintaxe Espacial é um instrumento adequado para verificar a congruência entre a configuração espacial e as expectativas sociais de co-presença e acessibilidade. Pela aplicação da Sintaxe avaliamos a compatibilização entre o grau de integração e os usos, ao verificarmos se nas vias mais integradas estão as atividades comerciais e de serviços (por serem mais acessíveis) e nas vias segregadas, as atividades residenciais. As relações de forte presença de pessoas em locais públicos em horários diversos são indício de vitalidade urbana. Quanto mais pessoas há no espaço público maior é a urbanidade da área e nesses locais provavelmente há alguma atividade de centro urbano (comércio, serviço) ou de lazer (centros de convívio). A localização física é uma qualidade dos centros urbanos, onde de acordo com sua centralidade, estruturas urbanas podem produzir, distribuir e promover a troca de valores e experiências entre os usuários. Villaça considera a infra-estrutura urbana, mas sem deixar de lado a importância da questão espacial, quando descreve a acessibilidade sendo mais vital na produção de localizações do que a disponibilidade de infra-estrutura.. A definição de centralidade proposta aqui se baseia na acessibilidade topológica e nas atividades do lugar. Comércio, serviços e gestão caracterizam o centro funcional. O centro morfológico implica a acessibilidade detectada a partir do mapa axial atual. O Centro de Anápolis foi estudado como um todo, percorrendo os limites do uso comercial. A partir da ótica da Teoria da Sintaxe Espacial foi analisado o Centro, onde foram investigadas as seguintes categorias analíticas:  Usos: as atividades no espaço (residências, comércio, serviços, hospitais, etc);  Gabarito: altura dos edifícios, medida por pavimentos e não por metros lineares;  co-presença: intensidade de presença de pessoas nas ruas e espaços públicos;  nível de integração das ruas: acessibilidade topológica de uma via, praça ou unidade urbana qualquer, ante a cidade inteira. Também foram analisadas outras categorias, tais como:  legislação do bairro: é a parte legal e seus problemas;  aspectos naturais – rede hídrica: é sobre a questão do córrego e inundações;  situação e rede viária: é a hierarquia viária e principais avenidas.

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6. PROBLEMAS E POTENCIALIDADES Após todas as análises nota-se que o Setor Central possui pouca qualidade dos encontros sociais no espaço público. A insegurança e falta de atrativos do espaço fazem com que a permanência no espaço público seja apenas funcional (para fazer compras ou usar os bancos e escritórios) e não de lazer e convívio. O problema do Setor Central não está relacionado à sua sintaxe, mas a outros atributos não-morfológicos, tais como:  Quanto ao desenho urbano: a arborização escassa e poucas áreas verdes; Falta de atrativos visuais, falta de espaços paisagísticamente trabalhados, etc.  Quanto aos usos: Os espaços formados pelo conjunto de edifícios institucionais, se encontram desarticulados e maltratados enquanto lugares para serem usufruídos pela população. O centro da cidade apresenta-se na forma tradicional de função comercial e de serviços.  Quanto ao trânsito: congestionamento das vias pelo elevado número de automóveis e de transporte coletivo, além das vias serem muito estreitas. Percebe-se um privilégio dado ao automóvel em vez de dá-lo ao pedestre;  Quanto à segurança: falta de segurança devido a falta de iluminação, alta delinqüência, índices de assaltos, roubos e a falta de policiamento no local;  Quanto à administração e legislação: falta de investimentos, de incentivos para a melhoria do local. As leis urbanísticas de Anápolis foram elaboradas para uma cidade de modelo formal, idealizada sem a percepção da cidade real, aquela que se transforma através das forças econômicas e sociais.

7. CONCLUSÕES E DIRETRIZES DE INTERVENÇÃO A análise do bairro conduziu a diretrizes de intervenção, em quatro níveis: espaço público, espaço privado, planejamento urbano e quanto à organização social.  Quanto aos espaços públicos: requalificação dos espaços livres, projeto de arborização, program a de valorização de recursos hídricos, criação de programa para o trânsito, etc.  Quanto aos espaços privados: análise técnica do transporte urbano, criação de espaços culturais, controle de carga e descarga para uso atacadista, política de preservação,etc.

5  Quanto à legislação: prolongamento do horário de funcionamento comercial, criação de plano estratégico de controle do comércio, criação de eixos de centralidade para estimular a densificação habitacional.  Quanto à organização social: criação de parcerias, implantação de programs de melhorias urbanas, incentivos fiscais, etc.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALARCÓN, Leyla Elena Láscar. A Centralidade em Goiânia. Brasília: Universidade De Brasília - UnB, Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Mestrado em Desenho Urbano, 2004. CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço urbano. São Paulo: ática S/A, 2002. 96p. ______________________ Trajetórias geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. 304p. DEL RIO, Vicente. Revitalização de centros urbanos: modelo de novo paradigma de desenvolvimento. IN: ANAIS de 4 SEDUR – Seminário sobre Desenho Urbano no Brasil. Brasília: Universidade de Brasília, 1995. p. 53-60. FRÚGOLI JÚNIOR, Heitor. Centralidade em São Paulo: trajetórias, conflitos e negociações na metrópole. São Paulo: Cortez: Editora da Universidade de São Paulo, 2000. 264p. HOLANDA, Frederico de (organizador). Arquitetura & Urbanidade. São Paulo: Pró Editores Associados Ltda., 2003. 192p. _________________________________, O Espaço de exceção. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2002. 466p. _________________________________, Sintaxe espacial: Introdução por meio de material empírico. Apostila de aulas da disciplina Teoria do Conhecimento e dos Espaços Construídos. Faculdade de Arquitetura. Universidade de Brasília, 2001. KOHLSDORF, Maria Elaine. A apreensão da forma da cidade.Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1996. 253p. LAMAS, José M. Ressano Garcia. Morfologia Urbana e Desenho da cidade.Lisboa: Fundação Caloustre Gulbenkian e Fundação para a Ciência e Tecnologia, 2000. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. rev. e ampl. de acordo com a ABNT – São Paulo: Cortez, 2002. 336 p. VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel: FAPESP: Lincoln Institute, 2001. 374p.

6 Projeto Álbum Centenário de Anápolis. Entrevista com profissionais da prefeitura Leis: Plano Diretor de Anápolis de 2006 LEI COMPLEMENTAR Nº 128, de 10 de outubro de 2006 Dispõe sobre o Plano Diretor Participativo do Município de Anápolis, Estado de Goiás, revoga as Leis Ordinárias Nº 2.077/1992, Nº 2.079/1992 e as Leis Complementares Nº 025/2002, Nº 058/2003 e dá outras providências. LEI COMPLEMENTAR Nº 130, de 23 de outubro de 2006.. Delimita o Perímetro Urbano do Município de Anápolis, Estado de Goiás, dispõe sobre as AEIS – Áreas Especiais de Interesse Social, revoga a Lei Complementar Nº 090/2004, e dá outras providências. LEI COMPLEMENTAR Nº 131, de 30 de outubro de 2008. Dispõe sobre o parcelamento do solo para fins urbanos, revoga as Leis Ordinárias nº 2.078/92, nº 2.080/92, nº 2.591/98, nº 2.634/99, nº 2.681/2000, nº 2.963/2003 e a Lei Complementar nº 106/05, e dá outras providências. LEI COMPLEMENTAR Nº 132, de 30 de outubro de 2006. Dispõe sobre condomínios urbanísticos de unidades com gestão autônoma e dá outras providências. LEI COMPLEMENTAR Nº_0133, de 28 de novembro de 2006. “Dispõe sobre Conjunto de Moradias Populares de Interesse Especial e dá outras providências”. LEI COMPLEMENTAR Nº 142, de 26 de março de 2007. Altera dispositivos da Lei Complementar nº 131, de 30 de outubro de 2006, que dispõe sobre o parcelamento do solo para fins urbanos. LEI COMPLEMENTAR Nº 120, de 30 de junho de 2006. Institui normas de edificações para o Município de Anápolis e dá outras providências Sites: http://www.anapolino.com/anapolis/?view=plataforma&tit=Plataforma%20Log%C3 %ADstica%20Multimodal.

ANAPOLINO. Plataforma Logística Multimodal

Acesso em abril de 2008. http://www.ahistoriadeanapolis.com.br. A História de Anápolis. Acesso em 15 de maio de 2008.

7 http://www.ahistoriadeanapolis.com.br/artigos_detalhe.php?id_artigo=17&&id_auto r=13. TIZIANO, M. C. Evolução Histórica do Município de Anápolis. Anápolis. 2007. http://www.ahistoriadeanapolis.com.br/artigos_detalhe.php?id_artigo=1&&id_autor =3. POLONIAL, J. Introdução à História de Anápolis. Anápolis. 2007.