Sistemas de acasalamento (Mating systems)

Sistemas de acasalamento (Mating systems)  Um sistema de acasalamento é uma forma específica de como é        feito a escolha do par e cópul...
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Sistemas de acasalamento (Mating systems)  Um sistema de acasalamento é uma forma específica de como é       

feito a escolha do par e cópula Termos terminando com -gamia referem a características de gametas no parceiro/a mono - “um” (mono-gamia = um parceiro só); poli - “muito” (poligamia = vários parceiros com várias gametas) Termos terminando com -ginia referem a sexo feminino Termos terminando com -andria referem ao sexo masculino Poliginia X Poliandria Diversidade entre as espécies – categorias de sistemas de acasalamento e influência de ecologia Diversidade dentro das espécies – sistemas de acasalamento alternativos ou condicionais

Sistemas “poli”  Poliginia – o macho fertiliza o ovo de várias fêmeas em um

período de tempo  Poliandria – a fêmea tem vários parceiros sexuais em um período de tempo  Poliginandria (promiscuidade) – as relações sem duração, temporárias

evolução de sistemas de acasalamento?  Modo

da fertilização (interna versus externa: se interna, a fêmea pode guardar a esperma?)  Ecologia da prole (quanto cuidado parental é necessário)  Grau de assimetria no investimento parental na prole

Quem escolha a quem?  Na maioria das espécies, os dois sexos tomam papeis

diferentes na seleção e procura do par sexual  Usualmente a fêmea toma a decisão final de acasalamento ou não  A fêmea enfrenta um maior custo na reprodução  Há excessões

Teoria ecológica de evolução de sistemas de acasalamento (Emlen and Oring, 1977)  O sistema de acasalamento depende de abilidade de uma parte de população controlar o acesso aos parceiros potenciais a. Distribuição uniforme = potencial pequeno para a poligamia b. Distribuição desigual = potencial alto para a poligamia

 Muito comum entre os animais (97% de mamíferos) Poliginia  Categorias de poliginia: 1. Defesa de fêmeas – Machos competem por acesso as

fêmeas, fêmeas estão agrupadas e podem ser monopolizadas/controladas, - ex. Morcegos africanos – os machos defendem fêmeas; os defensores bem sucedidos podem ter até 50 filhotes durante um período Elefantes marinos – sistema de haréms

Poliginia 2. Defesa de recursos  Machos defendem território com recursos para atrair as fêmeas;  Os machos mais adaptados possuem os melhores recursos/territórios;  As fêmeas podem ser agregadas e controladas; mais recursos = mais fêmeas  Ex. Topi (antílope africana) – as fêmeas procuram areas verdes de pastagem;

Poliginia 3.

Competição pela luta – Quando as fêmeas não podem ser reunidas ou guardadas em um lugar, os machos devem encontrá-los ou atraí-los de longe; os machos competem com outros rivais para encontrar fêmeas receptivas (por exemplo, rãs onde todas as fêmeas estão receptivas na mesma e única noite a cada ano)

3. Leks (arena de acasalamento) – competição em grupo, Poliginia displays, machos demostram displays com características

-

visuais, acusticas, olfativas elaboradas; machos não açam as parceiras, mas atraem – as fêmeas observam e escolhem nos territórios onde não há recursos, ninhos ou nada útil As vezes os machos agregam em grupos e cada macho defende um território pequeno que não contém nenhum recurso O sucesso de acasalamento é muito asimétrico - Male mating success is highly skewed on leks a. Manakins (Pipridae): Em um lek de 10, havia 438 copulações. Um macho = 75%, outro macho = 13%, seis outros = 10%.

Competição em grupo – porque?  Display onde as fêmeas tendem a se agregar (“hot spot”)  Display perto de machos dominantes (“hot shot”)  Display com outros machos para atrair a atenção de fêmeas

para elas poderam escolher (“female preference”)  Display em grupos para evitar predadores (“safety in numbers”)  Seleção de parentesco

Monogamia  Acasalamento com um parceiro só durante um período ou a

vida inteira  A teoria de seleção sexual sugere que o sucesso reprodutivo de machos pode aumentar com número de parceiras.  Porque existe monogamia?  Onde/em quais condições existe?

Guarda do parceiro - Quando as fêmeas estão receptivas fora do período de

copulação ou/e estão dispersas/difíceis para achar - as fêmeas usariam esperma de outros machos se fossem livre para acasalar

Ajuda ao parceiro  A prole adicional que sobrevive devido ao cuidado paterno

pode mais do que compensar a chance do macho de se reproduzir com outras fêmeas  Ex: Rato californiano (Peromyscus californicus) – os machos ajudam a cuidar da prole, geralmente nascem 2 filhotes, com a ajuda do macho sobrevivem em média 1.5, sem a ajuda do macho sobrevive em média 0.6

Monogamia forçada pela fêmea  As fêmeas tentam bloquear as tentativas poliginosas de seus parceiros, a fim de monopolizar sua assistência parental  Ex: Razorbills (uma ave marinha), fêmeas atacam seus parceiros se eles

mostrarem interesse em uma vizinha  Ex: besouros Nicrophorus: Macho e fêmea enterram um rato para alimentar as larvae. Uma vez enterrado, o macho pode liberar um feromônio para atrair outras fêmeas. Sua companheira o empurra, reduzindo sua capacidade de sinalização

Monogamia  Rara em mamíferos e mais comum em aves – porque?

- Os machos podem incubar e alimentar os filhotes - Os filhotes requerem dois pais

Monogamia social X genética  Cerca de 90% de todas as aves são socialmente monogâmicas:

formam parcerias de longo prazo durante um período de reprodução. Os machos (ao contrário de muitos mamíferos) podem aumentar a aptidão substancialmente ajudando com ovos/ninhada (Hipótese de assistência)  Em alguns pássaros, a monogamia social = monogamia genética.  Muitas aves socialmente monogâmicas têm compulações extra par (EPCs). Não são geneticamente monogâmicos.  4. Os EPCs beneficiam os machos, permitindo-lhes criar mais filhotes. Mas quando ele procura outras parceiras, ele perde controle da própria parceira e vai cuidar de filhotes de outros

Monogamia social X genética O que as fêmeas ganham da copulações extra par? 1. Good genes hypothesis: Gain good genes for offspring. ex. Female tits seek EPCs if mated to an unattractive partner (ie. the partner gets few EPCs). 2. Fertility insurance hypothesis: EPCs reduce risk of having infertile parter. Test = look at fertilization success. ex. : Polyandrous females: pregnant 100% of time, monogamous females: pregnant 92% of the time. 3. More resources hypothesis: Mating with multiple males allows access to more resources. ex. Dunnocks: Females seek out a subordinate mate. Will copulate 100s of times for a clutch of eggs. Both males help rear the offspring.

Monogamia social X genética O que as fêmeas ganham da copulações extra par?  Hipótese de bons genes: as fêmeas obtém bons genes para a prole.

Algumas fêmeas de passaros procuram EPCs se acoplados a um parceiro pouco atraente (ou seja, o parceiro tem poucos EPCs).  Hipótese de segurança de fertilidade: os EPCs reduzem o risco de ter um parceiro infértil. Ex. Cão-da-pradaria-de-cauda-curta (Cynomys gunnisoni): fêmeas poliginas: grávidas em 100% do tempo, fêmeas monogâmicas : grávidas em 92% do tempo.  Hipótese de mais recursos: o acasalamento com múltiplos machos permite o acesso a mais recursos. Ex. ferreirinha-comum (Prunella modularis): as fêmeas procuram um parceiro de hierarquia baixa, copulm até 100 vezes por uma ninhada, ambos os machos ajudam a criar a prole.

Poliandria  Muito raro em mamíferos  Ex. Falcão-das-galápagos (Buteo galapagoensis): Até 8

machos podem copular com uma fêmea, ajudando-a a criar uma única prole por um período reprodutivo  Os territórios de reprodução adequados são escassos, os machos podem cooperar para manter outros machos longe, todos os machos têm a mesma chance de fertilização.

Poliandria  Ex. Maçarico-pintado (Actitis macularius) - As fêmeas lutam contra outras fêmeas para os territórios. - Um território pode atrair mais de um macho que incuba os

filhotes de uma única fêmea. - A fêmea pode botar até 4 ovos por vez. Se os recursos são abundantes (geralmente), eles precisam de outro macho para cuidar de outra ninhada.

Poliandria  Ex. Saguis (Callitrichinae)  biologia reprodutiva incomum - geralmente eles têm gêmeos, os     

filhotes são bastante grandes no nascimento; o peso combinado pode ser até 25% do peso da mãe. No momento em que eles se desvanecem, cada filhote é cerca de metade do tamanho da mãe. Então ela está fornecendo leite suficiente para fornecer dois que juntos pesam tanto quanto ela as fêmeas não costumam carregar a prole após a segunda semana, os machos fazem isso, ou os filhotes mais velhos Parece que essa ajuda de machos é completamente necessária, especialmente para escapar dos predadores. O cuidado parental masculino é necessário para o sucesso reprodutivo, e é ainda maior com mais de um macho ajudando às vezes precisa de dois machos para criar um filhote

Estratégias alternativas  1. Monopolisação de fêmeas por machos deixa muitos

machos sem parceira  2. Isso pode fornecer as estratégias furtivas  3. frequentamente com aparência de uma fêmea

Sistema social e de acasalamento

Especificidades da sexualidade humana 1.

Sexo sempre: os humanos são capazes de ter relações sexuais quase em qualquer momento, durante o ano inteiro, a qualquer hora durante o dia, após a menopausa, durante a menstruação e gravidez (X maioria dos mamíferos têm relações sexuais apenas durante o período fértil)

2.

Ovulação não-anunciada em mulheres (X a maioria das fêmeas de outros primatas sinaliza a fase fértil)

3.

Relacionamentos de longo prazo: a maioria de pessoas cria relacionamentos de longo prazo com uma pessoa (X vários sistemas de acasalamento nos outros animais)

4.

Alto investimento paterno (X machos de maioria de outros primatas e mamíferos não cuidam da prole)

5.

Baixa incerteza de paternidade (mama’s baby, papa’s maybe)

Especificidades da sexualidade humana  em comparação com a maioria dos primatas, os humanos

têm um grande tamanho de testículos relativo a massa corporal;  em comparação com outros primatas, os humanos têm um grande volume de ejaculação e contagem de esperma;

Especificidades da sexualidade humana  em comparação com a maioria dos primatas, os humanos

gastam mais tempo com copulação;  em comparação com a maioria dos primatas, os humanos copulam com maior freqüência;  Os sinais externos de estro/fertilidade em mulheres (ex, maior temperatura corporal, inchaço de mamas, etc.) são percebidos como menos evidentes em relação aos sinais externos de ovulação na maioria dos outros mamíferos;

Especificidades da sexualidade humana  em maioria dos mamíferos, o ciclo estral e seus sinais

externos aumentam a atividade sexual; a maioria das atividades sexuais iniciadas pelas mulheres também é feita durante o período fértil, mas os humanos copulam ao longo do ciclo reprodutivo;  Após ejaculação/orgasmo os humanos liberam oxitocina, um hormônio que tem um efeito sedativo; no entanto, as mulheres podem permanecer sexualmente receptivas e podem permanecer na fase do platô do orgasmo se o orgasmo não tiver sido completado ou poem entrar em nova excitação muito rápido.

 Devido a estas especificidades da sexualidade humana,

ambos os sexos ativamente escolhem parceiros, e ambos competem com rivais  O sistema de acasalamento em humanos parece ser entre monogâmico e um pouco poligínico  Em geral o sistema de acasalamento está ligado com o sistema social, e gera conflito entre os sexos

 “The contradictions between what we’re told we should feel

and what we actually do feel generates a huge amount of unnecessary suffering. My hope is that a more accurate, updated understanding of human sexuality will lead us to have greater tolerance for ourselves, for each other, greater respect for unconventional relationship configurations like same-sex marriage or polyamorous unions, and that we’ll finally put to rest the idea that men have some innate, instinctive right to monitor and control women’s sexual behavior.” Christopher Ryan

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