SER JOVEM MAIA NO MOVIMENTO DA SOCIEDADE GLOBALIZADA

SER JOVEM MAIA NO MOVIMENTO DA SOCIEDADE GLOBALIZADA NONES, ADRIANA INES Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Mestranda do Programa de Estud...
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SER JOVEM MAIA NO MOVIMENTO DA SOCIEDADE GLOBALIZADA

NONES, ADRIANA INES Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Mestranda do Programa de Estudos Pós-graduados em de Ciências Sociais – Área de Antropologia. Rua Monte Alegre, 984 - Perdizes - São Paulo, SP - CEP: 05014-901 E-mail: [email protected]

Resumo Apresentarei aspectos relacionados à juventude, de modo particular, dos jovens Maias do Município de Ixcán, Guatemala. A percepção e convivência com o outro é um exercício importante para o aprofundamento dos laços de pertencimento e adentrar na trama das relações sociais e culturais, e conhecer as formas criadas para a sobrevivência em períodos de mudanças históricas e sociais mais acentuados. As transformações ocorridas nos referenciais teóricos sobre a juventude permitem assumir o conceito sociocultural, considerando-a uma fase particular no ciclo da vida que, no movimento do espaço e do tempo, muda de forma e conteúdo. Enfatizo o reconhecimento da diversidade e das transformações, conferindo aos jovens a participação na construção de seu ser e da cultura a partir de seus locais de pertencimento. Embasada por esta perspectiva, analiso o movimento cotidiano do jovem Maia que, no compromisso e na responsabilidade, se sabe integrante e colaborador das transformações sociais.

Palavras-Chave: Juventude. Povo Maia. Transformações Sociais.

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SER JOVEM MAIA NO MOVIMENTO DA SOCIEDADE GLOBALIZADA Nos anos de 2004 a 2010 morei nas aldeias de Ixcán, na Guatemala. Nesse período, e especialmente no segundo semestre de 2011 no papel de pesquisadora, observei mudanças nos estilos de vida e das práticas dos jovens. Isto me permitiu mais abertura na compreensão da diversidade e das transformações sociais e culturais protagonizadas por eles. Junto ao povo Maia, experimentei e compartilhei sentimentos, anseios, buscas, e valores culturais, sociais, econômicos. Vivenciei os conflitos que a sociedade moderna impõe: violência, influência dos meios de comunicação, causas de mudanças de valores geradoras de atritos entre as gerações. Perceber o outro e fazer parte de seu cotidiano foi um exercício importante porque o pulsar da vida cotidiana tornou-se mais intenso. Foi possível captar as sutilezas das relações sociais, presenciar as tensões, os afetos, os relacionamentos entre as gerações; captar as influências e atritos do meio externo na cultura, nas relações, na vida. A Guatemala passou por diversas revoluções que abalaram suas estruturas políticas, econômicas, sociais e os costumes de vários povos indígenas. Os destroços dessas revoluções são sentidos nos conflitos cotidianos entre as gerações Maias. De um lado, os mais velhos têm dificuldades em lidar com os problemas. De outro o jovem Maia se percebe como a via possível de diálogo. Nos seis anos que vivi na Guatemala observei, conversei e participei da vida de vários jovens Maias. Isto me induziu a desenvolver pesquisa sobre o que é ser um jovem Maia e sobre quem é essa juventude. Para isso, utilizarei o conceito sociocultural de juventude que confere aos jovens a participação na construção de sua identidade e de sua cultura a partir de seus locais de pertencimento.

Guatemala: a complexa diversidade A República da Guatemala está localizada na América Central e se divide em 22 Departamentos e 331 municípios. A superfície territorial é de 108,889 Km2, caracterizada por grande variedade de recursos naturais, diferentes climas e temperaturas. Uma particularidade é a existência de 32 vulcões que dão beleza singular ao país. A população estimada para o ano de 2012 era de 15.073.375, sendo 7.352.869 homens e 7.720.506 mulheres, segundo dados do INE (Instituto Nacional de Estadística). É considerado um país jovem, com 68% de guatemaltecos com idade menor de 30 anos.

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A partir dos Acordos de Paz, a Guatemala é considerada um país multiétnico, multilíngue e pluricultural. Está constituído por quatro grandes povos: Maia, Xinca, Garífuna e Ladino. Tem uma diversidade linguística de 25 línguas. De origem Maia são 22: Achí, Akateko, Awakateko, Ch’orti, Chuj, Itzá, Ixil, Kaqchikel, K’iché, Mam, Poqoman, Popti’, Mopan, Poqomchi’, Q’anjob’al, Q’eqchi’, Sakapulteko, Sipakapense, Tektiteko, Tz’utujil, Uspanteko e Chalchiteko. E as línguas Xinca e Garífuna e o Espanhol que é a língua oficial. O Documento da Política Nacional de Juventude 2012-2020 informa que esta diversidade cultural é marcada pela exclusão de povos indígenas e de mulheres, aumentando a desigualdade e a violência em termos estruturais, legais e institucionais. Esta exclusão decorre do processo colonizador. A chegada dos espanhóis provocou mudanças estruturais na vida do povo Maia que foi desconsiderado como sociedade e desqualificado do círculo civilizatório, devendo ser integrado e colonizado para fazer parte da História. Com a independência, em 1823, a Guatemala iniciou outra etapa de sua história sociopolítica. Passou por constantes mudanças de Governos, golpes de Estado, assassinatos de presidentes; e diferentes regimes governamentais: liberais, ditatoriais, conservadores, revolucionários, moderados e democráticos. Esta instabilidade política atingiu a população, especialmente os povos indígenas que, apesar de libertarem-se da colônia, continuaram sendo explorados pelo governo, muitas vezes nos moldes da colônia. Em 1960 iniciou-se a guerra civil marcada por violência, assassinatos, atentados, torturas, massacres, exílio, expropriação. Os anos de 1979 a 1982 foram os mais nefastos da história moderna do país. No final de 1981 a violência seletiva se transformou em terror indiscriminado: assaltos às casas, massacres coletivos, racismo. A ofensiva militar “iniciou nas regiões Maias de Chimaltenango e do sul de Quiché na metade de novembro de 1981, avançando para o Norte, rumo ao triângulo Ixil, um mês depois e, finalmente, para Ixcán em janeiro de 1982 (Grandin, 2004, p. 103)”. Durante o ano de 1996 foram realizados vários acordos entre Governo e a URNG (União Revolucionária

Nacional

Guatemalteca),

como

os

de

cessar

fogo;

aspectos

socioeconômicos e agrários; fortalecimento do poder civil e da função do exército numa sociedade democrática, desarme e desmontagem dos Comitês Voluntários de Defesa Civil (CVDC) – última denominação das PAC (Patrulhas de Auto Defesa Civil). E, em 29 dezembro de 1996 foi assinado o Acordo Final de Paz Firme e Duradoura entre o Governo e a URNG. Iniciou-se nova fase histórica no país que tem agora o grande desafio

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da reconstituição de relações marcadas por feridas deixadas pela repressão. Durante os trinta e seis anos da guerra civil morreram mais de duzentas mil pessoas. Em 1997, com a supervisão de MINUGUA (Missão de Verificação das Nações Unidas para Guatemala) começou a desmobilização da URNG e do exército, como primeiro passo dos Acordos de Paz. Criou-se a Secretaria da Paz (SEPAZ) com o objetivo de coordenar todos os organismos envolvidos e as entidades públicas na aplicação dos acordos. Instaurou-se a CEH (Comissão de Esclarecimento Histórico) e, em 1999, publicaram-se as conclusões no informe Guatemala, Memoria del Silencio. Atribui-se ao exército e organizações paraestatais sujeitas a ele e as diversas guerrilhas, o extermínio, desaparecimento e violação contra os Direitos Humanos, entre 1960 e 1996, de mais de duzentos mil guatemaltecos, a maioria camponeses indígenas. Os Acordos de Paz promoveram novos espaços para a participação da juventude, tanto no que se refere à representatividade (eleições formais), o controle, fiscalização do Estado e outras iniciativas protagonizadas por eles. São os jovens pobres, os que vivem no campo, os indígenas e as mulheres os que menos têm acesso à educação. O cálculo é de que um milhão e oitocentos milhões de crianças e jovens entre dez e dezenove anos estejam fora da escola. A maioria dos serviços educacionais encontra-se nas regiões metropolitanas e central e, em menor escala, nos Departamentos. O Estado cobre somente cinquenta por cento da demanda educativa no ensino fundamental e trinta e quatro por cento no ensino médio. A escassez econômica das famílias não possibilita cobrir o restante dos gastos e poucos concluem o ensino médio. O acesso à educação superior constitui apenas cerca de oito por cento da população entre dezoito e trinta anos. Milhões de jovens formam a população economicamente ativa do país (são cerca de quarenta e dois por cento entre quinze e vinte e nove anos), porém, o mercado de trabalho não cresce no mesmo ritmo para absorver o aumento da mão de obra juvenil. A maioria dos jovens possui trabalho informal. Por esta situação e por causa do desemprego, muitos jovens emigram para o exterior, de forma irregular, em busca de trabalho. Todos os anos são deportados cerca de trinta mil guatemaltecos dos Estados Unidos, a maioria jovem. Os que mais sofrem são as mulheres e os indígenas. As juventudes enfrentam múltiplas violências. As mais visíveis merecem a atenção do Estado e referem-se, de modo particular, à educação, à saúde e ao emprego. Outras são invisíveis como o racismo e a violência de gênero.

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Pobreza, discriminação e violência são fatores de desordenamento geradores de sofrimento. O esforço para a superação, o ímpeto da sobrevivência e a busca de um espaço digno na sociedade, induzem à mudanças na maneira de vivenciar a cultura Maia. Como o caso do jovem que, para esconder sua raiz indígena, se apresenta apenas com o sobrenome da mãe que é de origem ladina. Sobre o termo ladino e indígena, Núñez (2006) explica que atualmente são utilizados como categorias étnicas para a descrição da estrutura social. Estes termos, em toda a América Latina, foram introduzidos como descritores morfológicos das sociedades coloniais do século XVI para classificar os grupos sociais a partir de suas origens. A ideia de desordenamento/reordenamento utilizada é a do paradigma da desordem apresentado por Balandier (1997). O movimento de desordenamento/reordenamento propicia novas reconfigurações e a ideia da não linearidade permite entender o movimento das mudanças porque, de outra maneira, poderíamos mover-nos por uma visão catastrófica das coisas e da realidade. O paradigma da desordem, que é regida pelo movimento que reordena, se coloca no contexto da sociedade moderna e configura novas relações entre os povos. Promove o reaparecimento das fontes que fortalecem as relações da pessoa com a natureza, com o mundo e entre si. O processo de reordenamento propicia a percepção de nuanças que fazem parte do tempo e da história. A criatividade e a recriação possibilitam alcançar nova ordem sem perder a força geradora de vida que identifica um povo. Estas dimensões são características importantes e presentes no povo Maia. E vivenciadas pelos jovens que incorporam elementos novos na cultura, acompanham as transformações do mundo e assimilam as técnicas e os avanços em cada época. Neste movimento é fundamental o reconhecimento do outro como diferente. Batalla (1990) em sua obra México Profundo diz que perceber o outro como diferente é um exercício importante na compreensão dos laços de pertencimento e na trama das relações culturais. Cada povo estabelece os limites e as normas: existem formas de ingressar, de ser aceito e maneiras de perder a pertença. É importante “Saberse y asumirse como integrante de un pueblo (...) y sobre el cual tiene derecho de decidir, según las normas, derechos e privilegios que la propia cultura establece y que cambian con el tiempo”. (Batalla, 1990, p. 48) No México e na Guatemala é possível perceber a coexistência de duas civilizações: a mesoamericana e a ocidental “porque dos civilizaciones significan dos proyectos civilizatorios, dos modelos ideales de la sociedad a la que se aspira, dos futuros posibles

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diferentes” (Batalla, 1990, p. 9). Ainda, segundo o autor, para fundar uma nova esperança, a tarefa é simples: (…) hay que hacerlo mejor. Pero desde adentro, no desde afuera. Sin negar lo que es, sino al contrario, tomándolo como lo que

habrá de

transformarse y desarrollarse a partir de sus propias potencialidades. (Batalla, 1990, p. 223)

Isto pode ser entendido na expressão de um jovem de Ixcán ao falar de suas raízes: “Maya es algo original que mis padres me lo han heredado, que nadie ni nadie me podrá quitar”. Ou de outro jovem ao expressar-se em relação às mudanças atuais “Los tiempos son otros”.

Ixcán: o movimento da multiplicidade O Município de Ixcán faz parte do Departamento de Quiché. Limita-se ao Norte com o Estado de Chiapas, México. As demais fronteiras são áreas do próprio país. Nomeado oficialmente como Município no dia 21 de agosto de 1985, possuía, em 2012, uma população aproximada de 98.543 habitantes, segundo dados do INE. No início dos anos 60, a maior parte da terra do Ixcán era baldia ou nacional, com exceção da que foi entregue a milicianos ladinos de Chicamán e Chinique recompensados nos regimes liberais dos generais Reyna Barrios e Estrada Cabrera. A zona Reyna (área situada ao sul de Ixcán e norte de Uspantán) foi a primeira a ser habitada no começo do século quando o povo Q’eqchi’ cruzou o rio Chixoy desde Alta Verapaz. Vinham fugindo dos trabalhos forçados e por terem sido expropriados das terras comunais pelos governos liberais. Passaram a trabalhar nas fazendas destes milicianos. Em meados de 1964, camponeses pobres e sem-terra vieram do planalto do país, ajudados pelos sacerdotes católicos da Ordem de Marycknol, que atuavam no Departamento de Huehuetenango. As famílias, procedentes daquele Departamento e pertencentes aos grupos étnicos Q’anjob’al, Chuj e Mam puderam estabelecer uma agricultura de subsistência, mesmo que precária. Posteriormente, chegaram grupos étnicos de outras regiões do país: K’iché, K’aqchiquel, Ixil, e Pocomchí; e grupos de ladinos. À época, as famílias conquistaram melhores condições de subsistência graças a sua organização na produção e à comercialização de cardamomo, canela, baunilha e café. Além disso, incrementaram a alimentação familiar com o cultivo de milho, feijão e outros produtos, e a criação de animais domésticos.

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Ao final dos anos setenta e início dos anos oitenta, Ixcán foi afetada pela guerra civil. Milhares de pessoas foram obrigadas a se deslocar fugindo da perseguição, da violência, do medo e terror instalados na região. Este deslocamento provocou o abandono da terra, da produção agrícola e de habitações. Muitos se refugiaram no México, em diferentes lugares do país, escondendo-se na mata. Com isso, toda infraestrutura produtiva ficou abandonada ou destruída pelos envolvidos no conflito armado. Segundo dados da Comissão de Esclarecimento Histórico e do REMHI (Recuperação da Memória Histórica), na região de Ixcán, houve cento e dois massacres, entre os anos de 1979 e 1988, mais de duas mil e quinhentas vítimas fatais, e o deslocamento forçado de 96% da população do município. As poucas pessoas que permaneceram nas comunidades foram submetidas a um rígido controle militar e obrigadas a participar nas patrulhas de autodefesa civil. A partir de 1993, começaram os primeiros retornos organizados de refugiados no México. Posteriormente, seguiram-se outros retornos e processos de pacificação envolvendo a comunidade local, o apoio da comunidade internacional em cooperação com o governo, até os Acordos de Paz. Isto possibilitou aos jovens do munícipio de Ixcán um processo de formação realizado no tempo pós-Acordos de Paz. Por exemplo, em relação à educação e capacitação, os Acordos dizem:

La educación y la capacitación cumplen papeles fundamentales para el desarrollo económico, cultural, social y político del país. (...) Afirmar y difundir los valores morales y culturales, los conceptos y comportamientos que constituyen la base de una convivencia democrática respetuosa de los derechos humanos, de la diversidad cultural de Guatemala, del trabajo creador de su población y de la protección del medio ambiente, así como de los valores y mecanismos de la participación y concertación ciudadana social y política, lo cual constituye la base de una cultura de paz. (AGAAI, 1997, p.113)

Trabalhar na construção de uma cultura de paz foi um aspecto que marcou visivelmente o rosto dos jovens de Ixcán expresso no comprometimento comunitário, na vivência das expressões culturais, na busca pela educação e outros movimentos que realizam. No que se refere ao tema da cultura, o município de Ixcán é formado pela mesma diversidade cultural do país. Grande parte da população é indígena e as pessoas geralmente falam alguma língua Maia – Q’eqchi’, Q’anjob’al, Mam, K’iche’, Poqomchi, Achi, Ixil, k’aqchikel, Popti, Chuj, Akateko – sendo que a língua mais falada é a Q’eqchi’. O

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espanhol normalmente é a segunda língua aprendida. Além disso, cada comunidade linguística tem sua maneira própria de fazer as coisas, como o preparo dos alimentos, a vestimenta e o penteado do cabelo femininos, e os rituais próprios. Nota-se que os papéis sociais são bem definidos. Neste sentido, Rangel (1999) nos aponta uma pista de entendimento quando escreve acerca dos povos indígenas que vivem em território brasileiro: (...) pode-se dizer, de forma genérica, que o modelo de sociabilidade está baseado, de certo ponto de vista, em uma correspondência entre o ciclo da vida e as funções e papéis exercitados pelos indivíduos. Desse modo as etapas etárias - infância, maturidade e velhice - equivalem a posições sociais bem definidas (Rangel, p. 147, 1999).

O que verificamos com os povos indígenas da Guatemala e, no caso de Ixcán, é algo semelhante ao modelo de sociabilidade baseado na correspondência entre o ciclo de vida e os papéis exercidos pela pessoa, que se diferenciam em cada etnia. Esta correspondência pode ser percebida na prática dos rituais, como os momentos do preparo e plantio da terra, das cerimonias realizadas por ocasião do nascimento de uma criança, de um casamento, da construção de uma casa, entre outros. Normalmente os rituais são realizados pelos anciãos da comunidade que ocupam lugar de fundamental importância, porque é deles o papel da transmissão dos valores, práticas, costumes, conselhos. O espaço dado aos jovens é o de aprendizado por meio da participação e da prática quando solicitados para colaborar nos trabalhos. Ao mesmo tempo, os jovens acentuam que o aprendizado se dá por meio da oralidade. Ou seja, da escuta de histórias, contos, anedotas, de como era a vida no passado; de conselhos e orientações sobre usos e costumes, e do modo como os anciãos viveram sua etapa jovem. Diversos autores referem que a juventude está alicerçada na condição histórica e social, nos estilos de vida e nas práticas sociais. Que é importante reconhecer suas diversidades e transformações e um olhar que posicione os jovens como participantes ativos na construção de sua identidade e de sua cultura, desde os lugares sociais que lhe são conferidos. Para o tema das juventudes é importante admitir a “dimensión diacrónica del concepto, pero también su heterogeneidad sincrónica” (Valenzuela Arce, 2005, p.1) porque as expressões juvenis passaram por importantes transformações no tempo e apresentam

diferenças,

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mesmo nos espaços sincrônicos nos quais os jovens constroem variados estilos de vida, processos e trajetórias. O autor nos remete ao movimento recursivo da ordem/desordem, de modo particular, relacionado à condição histórica que permanentemente dá nova forma aos espaços sincrônicos. Neste sentido, os jovens analisam que a conjuntura atual proporciona uma vida mais tranquila. Em tempos ulteriores, precisaram suportar muitas coisas, inclusive a guerra. Esta

provocou

necessidade.

carência

econômica

e,

consequentemente

as

famílias

passaram

Um dos resultados da guerra é que muitos vivem hoje o problema da dupla

identificação – mexicana e guatemalteca – pelo fato de ter nascido no México no tempo do exílio. Politicamente têm obrigações nos dois países. Pessoalmente convivem com o dilema de serem mexicanos porque nasceram no México, e guatemalteco porque os pais são guatemaltecos. Percebemos que a condição histórica desordenou os espaços sincrônicos e transformou os modos de vida destes jovens quando eles assumem que pertencem a dois países: a um pelo laço do nascimento e a outro pelo laço do pertencimento. Para pensar a juventude, Urteaga Castro-Pozo (2011) nos indica que é preciso abandonar um olhar acadêmico que, em boa parte do século XX, percebeu os jovens exclusivamente como objetos da socialização adulta por causa de instituições como: família, escola, trabalho, serviço militar, igreja – cuja ênfase era na passividade da recepção dos conhecimentos e habilidades, que garantiam sua gradual adequação dentro dos parâmetros sociais, e na trivialização e criminalização de seus comportamentos no presente. E assumir um olhar que posicione os jovens como participantes ativos em sua própria construção e na construção da cultura, a partir dos lugares sociais que lhes são conferidos, geralmente nos interstícios dos espaços institucionais (escola, indústrias de entretenimento, bairro) e, sobretudo em seus tempos livres (rua, cinema, música, baile, lugares de diversão). “Este giro en la mirada hacia el objeto joven, hace posible un marco interpretativo mucho más flexible a las conductas colectivas y personales, las temporalidades, espacios e ideas de las generaciones juveniles”. (Urteaga Castro-Pozo, 2011 p. 3). A autora remete-nos ao conceito de juventude chamando atenção ao enfoque biológico, médico e psicológico que hegemonizou os olhares e as abordagens sobre jovens durante o século XX. Este chegou ao seu limite nas sociedades ocidentais entre as décadas de sessenta e setenta com as profundas transformações sociais e culturais protagonizadas pelos próprios jovens. Em seu lugar abriu-se caminho para um conceito sociocultural de juventude que propõe considerá-la uma fase particular no ciclo da vida que muda de forma e de conteúdo através do tempo e do espaço.

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Essa nova conceituação propõe duas identificações: a) As condições sociais de produção de juventude em cada contexto (nacional, regional ou local) têm a ver com a criação ou transformação de certas instituições específicas para sua juventude, como família, sistema escolar, trabalho e legislação (proibição do trabalho para menores de catorze anos, por exemplo). Assim como a atribuição de uma série de normas – sistema de direitos e obrigações – que definem e canalizam os comportamentos singulares permitidos e as oportunidades vitais de seus jovens; b) As imagens culturais ou ritos, atributos e valores que marcam e valorizam as distinções entre crianças, jovens e adultos.

Condiciones sociales e imágenes culturales cambian de una sociedad a otra, de una región a otra, de un contexto social a otro, así como también de generación en generación y de género a género; la misma categoría de juventud es (re)elaborada en el interjuego de reglas rectoras que prescriben y proscriben las acciones sociales de los miembros de esta categoría y son éstas las que configuran un conjunto de conocimientos sobre el ser. (Urteaga Castro-Pozo, 2011, p. 15)

Nos estudos sobre juventude indígena, a autora fala da importância das transformações registradas na quantidade e qualidade dos estudos e aproximações ao tema dos jovens indígenas. É preciso questionar conceitos, fechados e únicos, de cultura, etnia, comunidade e as consequentes representações que se construíram sobre os povos indígenas. Este enfrentamento é necessário para poder visibilizar o sujeito emergente, o juvenil étnico, e construir uma visão atual sobre este importante âmbito contemporâneo nos estudos sobre juventude. Vale et al. (2008) ressaltam que “A categoria jovens indígenas está dentro de um quadro mais amplo de direitos coletivos dos povos indígenas nas Américas como um todo, e na América Latina em particular, dado que há países que são de maioria reconhecidamente autóctone” (p. 254-255). Entre os estudos sobre juventude na Guatemala, destaco o texto Blancura, Cosmopolitismo y representación en Guatemala do sociólogo guatemalteco Jorge Ramón González Ponciano no qual assinala que o discurso sobre a juventude como problema e não como energia social fundamental para a construção democrática, “criminaliza a cientos de miles de desempleados que cada año se convierten en parte del problema de juventud, el último

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gran chivo expiatorio del capitalismo tardío en la periferia del mundo”. (Ponciano, 2004, p.45). Agregado, o poder mobilizador das representações que legitimam o exercício da mão dura contra os jovens que, por serem indígenas ou mestiços de camadas populares, são considerados racial, social e culturalmente inferiores e descartáveis. Em sua análise, as investigações sobre o universo cultural e político dos jovens guatemaltecos após a assinatura dos acordos de paz em 1996, são bastante escassas. E a perspectiva etnográfica é praticamente inexistente ou muito limitada. Dessa maneira, perdese a possibilidade de contextualizar a informação estatística recolhida por agências internacionais e organismos governamentais e não governamentais. O que o autor coloca pode ser notado, por exemplo, entre os estudos sobre juventude realizados no município de Ixcán. Encontrei bastante diagnósticos, normalmente realizados por consultores contratados por ONGs que desenvolvem, nas aldeias, projetos ligados às áreas de saúde, educação, gênero, preventivos contra violência, lazer, intercâmbio e outros. Localizei dois trabalhos de pesquisa realizados pelo antropólogo guatemalteco Ricardo Falla, publicados em 2006: Alicia: explorando la identidad de una joven Maya, Ixcán e Juventud de una comunidad Maya. Ixcán, Guatemala. Estes livros demonstram que a vida juvenil pode ser vista como um todo cultural. E a tese de bacharelado da mexicana Berta Solís Alcantar com o título Religiosidad juvenil en tiempos de incertidumbre, en Ixcán Guatemala, do ano 2006, que trata da vivência do religioso nas mudanças sociais. No período da pesquisa, em 2011, recebi de uma jovem K’achiquel o trabalho de pesquisa/ação que ela e um grupo de colegas realizaram como critério para concluir o Ensino Médio em Ciências e Letras. O trabalho intitulado La construcción de la paz tem por justificativa que os jovens são os responsáveis pela paz por meio da construção de novas relações. A relevância destes estudos está na percepção da juventude como protagonista da construção de espaços de cidadania. O jovem Maia, apesar de muitas vezes ser e sentir-se discriminado, carrega uma energia fundadora de novas relações capazes de transformar a sociedade. Isto se coloca visível quando os próprios jovens descrevem a etapa da juventude como o momento em que tomam consciência de que têm uma responsabilidade frente ao mundo. As mudanças ocorridas na visão epistemológica dos estudos sobre juventude abrem espaço para acolher o universo juvenil que, pelo movimento da modernidade, se diversifica. O modelo sócio cultural que coloca a juventude como uma fase particular no ciclo da vida, e não mais como fase problemática, abre espaço para investigações mais concretas e valorativas que protagonizam

o jovem

como construtor participante

do mundo.

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Particularmente, neste estudo, contribui ao entendimento de elementos que os jovens de Ixcán afirmam como parte da etapa juvenil. Um dos aspectos é a idade e o processo de crescimento que marcam visivelmente a diferença entre a infância e a juventude. Os pais cuidam dos filhos de maneira diferenciada entre os oito e os treze anos e dos catorze anos até eles estarem casados. Quando criança a mãe corrigia, batia, chamava atenção a todo instante. E, na medida em que cresciam, deixava de bater e mudava a maneira de se relacionar. Aos 18 anos, os pais veem o jovem como capaz de assumir obrigações mais sérias. No caso, pensar na possibilidade do casamento, na escolha de uma profissão e investir num compromisso frente à comunidade. Após os vinte anos, ainda que considerado jovem por não estar casado, é considerado maduro, ou seja, capaz de tomar decisões: ”ah, tiene 21 años, ya es formal”. Ou em relação ao casamento: “Tiene 22 años, ya debe de tomar una decisión”. É importante notar que, ao casar-se, sem levar em conta a idade, passa a pertencer ao mundo dos adultos e deve comportar-se como tal. O outro é a percepção do amadurecimento ao dar-se conta da capacidade de reflexão e entendimento. A juventude é a fase de adaptação à maturidade e de formação da personalidade. Mesmo sendo jovem, aos vinte e um anos, se considera um jovem adulto porque percebe que pensa como uma pessoa amadurecida ao assumir o trabalho e o estudo, por exemplo. A autonomia econômica, outro aspecto, confere um lugar social quando, por meio

do

próprio trabalho, pode sustentar-se ou pagar seus estudos, na impossibilidade de ajuda dos pais, e contribuir em casa, no sustento familiar. O trabalho profissional, que não o de agricultor, motiva a seguir em frente, a descobrir os próprios sonhos, metas e aspirações na vida. Acredita que, sendo um jovem ativo, conseguirá tudo o que quer e deseja na vida. Um aspecto significativo é o lugar ocupado na família como homem ou como mulher. Isto demarca diferenças no exercício dos papéis. Ser o filho mais novo é ser tratado com maior cuidado; “Soy el nenê”. Ser filho mais velho é sentir-se na obrigação de ser a “segunda mão” e estar mais perto dos pais. Este lugar faz o jovem sentir-se mais maduro e, ao mesmo tempo, poder tomar decisões em momentos difíceis ou cruciais. Como homem, ser o mais velho é poder ter mais liberdade de optar e direito ao estudo. Existe desconfiança dos pais com a filha mais velha e as filhas de modo geral. Tem medo e cuidam para que não saiam da linha. Muitos não permitem que as filhas estudem porque não querem que saiam da comunidade por medo de que algo lhes afete. Neste caso, a referência seria a uma gravidez. Muitas jovens não terminam os estudos por que se casam

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entre os quinze e dezessete anos. Contudo, há as que conseguem superar e passam a ser motivo de grande orgulho para os pais. A juventude, essa fase singular da vida que muda de forma e conteúdo no espaço e no tempo, na modernidade, pode ser entendida como uma categoria fluida. As sociedades jovens em sua diversidade e variações são campos de prova da modernidade. “(...) se formam e se transformam no âmago de uma sociedade global” (Balandier, 1997, p. 191). À jovem, que antes lhe cabia apenas o lugar da casa, agora, pela oportunidade de estudar, ocupa lugares que pertenciam somente aos homens, como o de professora, coordenadora comunitária, presidente de associações comunitárias, comitês. Ser jovem significa uma etapa de construção de metas, sonhos, obtenção de novos conhecimentos, de possibilidades. É uma fase de desenvolvimento da vida na qual se descobrem e se vivem coisas boas, como as amizades, sentindo-se livre, respeitando os deveres, direitos e obrigações, mesmo que existam momentos nos quais é preciso enfrentar problemas. No que se refere às responsabilidades, é uma etapa que os faz assumir seu papel frente à comunidade, seus compromissos, como o de apoiar os anciãos quando estão na direção comunitária. Ao mesmo tempo, ter maturidade, dinamicidade e capacidade para desenvolver livremente um encargo, seja num grupo, associação, emprego ou atividade. A juventude pode começar com treze ou catorze anos e estender-se até mais ou menos os trinta. Depende do desenvolvimento de cada um. O fato de não estar casado o remete ao estado de jovem. Para ilustrar, cito o caso do rapaz que, aos quarenta anos, participava de um grupo juvenil em meio a outros jovens entre quinze e vinte anos. Há, ao mesmo tempo, a percepção das diferenças entre ser jovem e ser criança, por causa das atribuições e responsabilidades que lhes cabem. Ao examinar a representação do ser jovem Maia, fica clara a necessidade de seguir construindo espaços para viabilizar que o jovem indígena seja o sujeito emergente e a energia social que participa da construção da sociedade. Ser jovem Maia é importante pelo fato de poder adquirir conhecimentos de coisas que servirão para o futuro: seguir falando a língua aprendida com os pais e a prática do respeito às pessoas adultas e anciãos. Para eles, ser jovem Maia é poder contribuir na construção de um mundo sem violência, um mundo diferente onde não exista discriminação, racismo, e que a cultura indígena seja reconhecida pelos demais povos. Alguns colocam que esta fase é vivenciada mais na dedicação ao trabalho agrícola que precisam realizar diariamente, que por momentos de lazer e curtição com os amigos.

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Se para uns, ser jovem Maia significa algo original, herança dos pais que não pode ser negada e nem tirada, para outros já não significa quase nada pelo fato de o mundo estar mudando e terem perdido a identificação com essa herança. Fica evidente que os jovens têm clareza de que é preciso superar estes obstáculos para ressurgir como protagonistas. O reconhecer-se Maia remete a um original herdado que é marca de seu ser. É esse original que o faz sentir-se responsável pela construção de um mundo sem violência e discriminação. É essa responsabilidade que o faz sentir-se cidadão do mundo, mesmo que a ele seja negada a cidadania. É visível que desde o inicio da colonização o povo Maia é rebaixado à condição inferior, expulso de seu lugar. A criminalização e o genocídio atravessam gerações e se acentuam nos acontecimentos violentos das últimas décadas. Os jovens, considerados como categoria vulnerável em muitos espaços, participam deste devir histórico e a mudança na construção da categoria juventude abre espaços para que participem como protagonista nas transformações sociohistóricas atuais.

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