Paulinho, o maior artilheiro

Paulinho, o maior artilheiro Quem foi o maior craque de todos os tempos no Uberaba Sport Club? É, questões como essa são sempre controversas. São ép...
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Paulinho, o maior artilheiro

Quem foi o maior craque de todos os tempos no Uberaba Sport Club? É, questões como essa são sempre controversas. São épocas diferentes, é difícil opinar sem ter visto o jogador atuar… Um dos maiores, certamente, é o atacante Paulinho Ibiá. E, no quesito “bola na rede”, não tem jeito, não tem dúvida: é ele o maior artilheiro da história do USC. Aí, não se discute.

Por falta de registro de todos os gols na época, o número de vezes em que o atacante balançou o barbante é impreciso. Contando os gols documentados, sabe-se que Paulinho fez mais de 200 tentos com a jaqueta vermelha do Uberaba Sport. Nascido em Ibiá, Paulo Lúcio de Paula Teixeira começou no Ferroviário de sua cidade, passou pelo juvenil do América-BH e pelo Comercial de Campo Belo até, em 1953, chegar ao USC. Logo virou ídolo da torcida. Dono de qualidade no domínio da bola, de uma arrancada “imparável” e, claro, de “faro” de gol, era um tormento para as defesas adversárias. Paulinho era o ídolo não só do time, mas de toda a cidade. Tinha status de estrela. Pagar a conta em um restaurante? Jamais. Amava a bola, mas tinha outras paixões. Gostava da noite, de uma bebida, de um baralho… Além do apelido Paulinho do Ibiá, ele era chamado também de Paulinho da Lolita, em referência à esposa, conhecida como uma das mais bonitas damas da sociedade local. Lolita foi, entre outros títulos, Miss Uberaba, Miss Comércio e até Rainha do Uberaba Sport. Após o sucesso no USC, Paulinho foi fazer gols no Fluminense e

no São Paulo. “Gente boa aquela de Uberaba. Conquistou-me o coração. Não fosse a vontade que sinto em vencer como footballer, acho que de lá ninguém me tiraria”. Morreu na década de 90, em Belo Horizonte. Na ocasião, o jornalista Ataliba Guaritá, o Netinho, lembrou das atuações do craque e, pela crônica que escreveu, dava para ver como Paulinho era bom. “Quem sempre amou o futebol, amava o Paulinho, o homem do pique veloz só comparado ao Ademir Queixada do Vasco (…) Paulinho do Ibiá era assim – lançamento de Tati e gol de Paulinho, tabela com Zé Luiz e gol de Paulinho, centrada de Fausto e gol de Paulinho”. A torcida decorava o ataque do Colorado – Fausto, Paulinho, Zé Luiz, Tati e Oliveira – que “dava medo” aos adversários, diz o texto. Netinho ainda frisa que o inesquecível goleador (especialidade era o gol de lençol, destaca) era não só um craque, mas reforça que Paulinho era mesmo um ídolo da cidade. “Se Paulinho da Lolita morresse quando era o craque do Uberaba, teria o maior enterro da cidade. Isto não é consolo, mas é atestado de popularidade”, comenta o jornalista. “Paulinho, um fora de série”, encerra a coluna. Zizinho, Paulinho… e gol! Em 1957, na disputa do torneio amistoso Josias Ferreira Sobrinho, citado na página 15, o artilheiro Paulinho Ibiá jogou com o craque da Copa de 1950, Zizinho, convidado pelo técnico do USC, Danilo Alvim, amigo do “Mestre Ziza”. No torneio-relâmpago, o Uberaba fez três gols. Todos marcados por Paulinho. O primeiro, após assistência de Zizinho.

Foi no jogo contra o combinado dos times do Rio de Janeiro, Fluminense e América. Assim o jornal Correio Católico, de 18 de janeiro, um dia após a partida, descreveu a jogada: “Paulinho diminuiu a diferença e fez inflamar a torcida, um minuto depois do gol carioca. Vejam o desenrolar do lance. Zizinho completamente recuado no campo uberabense, próximo à área alvi-rubra, manhosamente toma a pelota de um adversário e caminha pelo gramado. Passa por outro e faz um lançamento em profundidade pelo miolo, para Paulinho que entrou na jogada com toda alma; Jairo correu até a risca da área mas não pôde impedir a ação fulminante de Paulinho, que levantou a pelota sobre o goleiro, com um tiro fortíssimo e bem calculado, indo a número cinco direto para as redes, como um bólido.” O USC acabou perdendo o jogo por 3 x 1. No segundo embate do torneio, o combinado Flumineinse-América venceu o argentino Rosario Central por 5 x 1 e faturou o título. Na última partida, valendo então o segundo lugar, o Colorado, já sem Zizinho, ganhou do Rosario por 2 x 1, de virada, com dois gols de Paulinho. O Rosario, até então invicto em sua excursão pelo Brasil, se deu mal no Triângulo.

A torcida do Uberaba, com certeza, deve ter ficado imaginando quantos gols mais não poderiam sair com a dupla ZizinhoPaulinho.

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