Palavras-chave: filariose; parasitos caninos; Dirofilaria immitis; Keywords: filariasis; canine parasites; Dirofilaria immitis;

1 PRIMEIRO RELATO DE CASO DE MICROFILÁRIA EM CÃES DA ZONA RURAL NO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO – ACRE Carolina Couto BARQUETE1, Juliana Milan de Aquino S...
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PRIMEIRO RELATO DE CASO DE MICROFILÁRIA EM CÃES DA ZONA RURAL NO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO – ACRE Carolina Couto BARQUETE1, Juliana Milan de Aquino SILVA2, Mayara Marques Pereira FERNANDES3, Joelma Rodrigues FARIA3, Rodrigo Gomes de SOUZA3, Lorena Oliveira da SILVA3 1Mestranda em Sanidade e Produção Animal Sustentável na Amazônia Ocidental, Universidade Federal do Acre, [email protected] 2 Docente do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza, Universidade Federal do Acre 3 Discente do curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Acre

Resumo Diversas espécies de microfilárias podem gerar doenças em cães e seres humanos, logo a ocorrência desses parasitos deve ser pesquisada e descrita. Objetivou-se, portanto relatar a presença desse parasitismo canino, ainda não descrito no Estado do Acre e ressaltar a importância de novos estudos visando à identificação dessa infecção. Amostras de sangue de 138 cães de uma área rural do município de Rio Branco foram coletadas e analisadas através do exame do “creme” leucocitário, por meio da técnica de Buffy Coat Smear (BCS) para pesquisa de hemoparasitas. Em três animais pertencentes ao estudo, a presença de Microfilárias, cuja espécie não pode ser identificada, pela ausência de imagens compatíveis com o teste modificado de Knott foi detectada. Diante disto, foi possível concluir que três cães de uma área rural do município de Rio Branco, Acre, Amazônia Ocidental, apresentaram microfilárias ao exame do creme leucocitário e esfregaço sanguíneo. Palavras-chave: filariose; parasitos caninos; Dirofilaria immitis; Keywords: filariasis; canine parasites; Dirofilaria immitis; Revisão de literatura A filariose canina é uma doença distribuída globalmente, cujos agentes etiológicos são vermes nematodas filarióides (OGAWA, 2013), sendo a espécie mais importante na clínica veterinária a Dirofilaria immitis. Sua transmissão ocorre por meio do repasto de mosquitos de diversas espécies dos gêneros Culex, Aedes e Anopheles (MARCOS et al., 2016), quando ingerem as microfilárias junto com o sangue de animais infectados, fazendo o papel de hospedeiro intermediário,

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ocorrendo nesse vetor a reprodução assexuada, transmitindo a infecção à animais e humanos hígidos (DAMLE et al., 2014). Diversos fatores tem promovido uma expansão recente de sua ocorrência nos últimos anos, dentre eles, aquecimento global, transporte de animais, principalmente de estimação, e relocação e adaptação de novos vetores (MARCOS et al., 2016). Acometem cães, gatos, roedores, animais silvestres e até mesmo o homem (DAMLE et al., 2014), podendo não gerar anormalidades e alterações laboratoriais em exames de animais acometidos, ou manifestar-se promovendo sinais clínicos, que variam de nódulos subcutâneos localizados, a sinais sistêmicos severos, tais como: dispneia, epistaxe, hemoptise, intolerância a exercícios, ascite, e anorexia (DANTAS-TORRES e OTRANTO, 2013). Caracteriza-se como um problema de saúde pública, que deve ser continuamente estudado a fim de reduzir o risco de transmissão, já que diversos países das regiões tropicais, subtropicais e temperadas continuam relatando casos de sua ocorrência (OGAWA, 2013). Descrição do caso Com o objetivo de conhecer a prevalência de Tripanossomíase na zona rural do município de Rio Branco – AC realizou-se um estudo epidemiológico, nas regiões adjacentes à área dos primeiros 100 km da rodovia estadual AC-90, conhecida como “Estrada Transacreana”. No total, 138 animais, de propriedades rurais localizadas nessa região participaram da pesquisa. Amostras de sangue periférico foram coletadas para esfregaço sanguíneo e confecção do esfregaço de creme leucocitário por meio do método de microhematócrito de acordo com a metodologia de Salam et al. (2012). Durante o exame de microscopia do esfregaço de creme leucocitário (Buff Coat Smear), e de esfregaço sanguíneo corado pelo método de Panótico rápido, para a possível visualização de Trypanosoma cruzi e Trypanosoma evansi, identificaram-se três animais (4,14%) com presença de formas filarióides. Um dos parasitos foi encontrado em BCS e os outros dois em esfregaços sanguíneos corados através da coloração de panótico rápido, sendo caracterizados como Microfilárias, dado a impossibilidade de técnica específica para sua visualização, como o teste modificado de Knott (PRATT et al., 1981).

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Durante inspeção e exame físico observou-se que dois desses animais possuíam bom estado geral, e apenas um encontrava-se inapetente, com mucosas hipocoradas e caquético, no entanto, sinais clínicos sistêmicos, característicos de filariose não foram observados. Para a caracterização do ambiente identificou-se que todas as propriedades em que ocorreu a presença de filariose tinham a presença de palheiras, insetos e animais silvestres, fatores que contribuem para a propagação da doença de acordo com Ogawa (2013). Discussão De acordo com Brito et al. (2001) o Brasil apresenta regiões de alta prevalência de filariose canina como os estados do Maranhão (46%), São Paulo (14,2%), Rio de Janeiro (13,68%) e Minas Gerais (9,4%). Além disso, Ogawa (2013) pesquisou a prevalência de Dirofilaria immitis na região de Rondônia, estado vizinho ao do estudo, tendo resultados positivos, comprovando a ocorrência de Filariose na região amazônica ocidental. A ocorrência desses parasitos no município de Rio Branco – AC, nunca antes relatada, pode ser explicada pela introdução de animais infectados no município (OGAWA, 2013), clima propício à proliferação de vetores, quente e úmido (PERETRA et al., 2013), além de fatores como o ambiente em que esses animais vivem: na zona rural e ao ar livre (DEMIASZKIEWICZ et al., 2014). Além da ausência de medidas preventivas (PEREIRA et al., 2013). Os testes de maior uso para identificação de microfilárias são: Teste de Gota Espessa; Teste de Knott; Filtração em membrana de Policarbonato; e mais recentemente imunodiagnóstico através de ELISA e técnicas moleculares como PCR (BRITO et al., 2001). Como o objetivo do estudo original não foi constatar microfilárias e diferenciálas, a metodologia do trabalho não permitiu a identificação de espécies, pois, apesar de análises de creme leucocitário serem utilizadas para a observação de microfilárias em sangue periférico de hospedeiros definitivos (MARCOS et al., 2016), bem como avaliação de esfregaço sanguíneo como (HODGES e RISHNIW, 2008), a ausência de protocolo específico para esse fim impediu a sua realização. Conclusão

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Apesar da ausência de identificação da espécie envolvida no parasitismo dos três animais encontrados no estudo, o fato de o relato ser de caráter inédito torna a sua evidenciação pertinente e incita a formulação de novos estudos que visem à caracterização da ocorrência desse parasitismo no estado de Acre. Referências BRITO, A. C. et al. Prevalência da filariose canina causada por Dirofilaria immitis e Dipetalonema reconditum em Maceió, Alagoas, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v.17, n.6, p.1497-1504, 2001. DAMLE, A. S. et al. Microfilaria in Human Subcutaneous Dirofilariasis: A Case Report. Journal of Clinical and Diagnostic Research, v.8, n.3, p.113-114, 2014. DANTAS-TORRES, F.; OTRANTO, D. Dirofilariosis in the Americas: a more virulent Dirofilaria immitis? Parasites & Vectors, v.6, n.1, p.288-345, 2013. DEMIASZKIEWICZ, A. W. et al. The prevalence and distribution of Dirofilaria repens in dogs in the Mazovian Province of Central-Eastern Poland. Annals of Agricultural and Environmental Medicine, v.2, n.4, p.701–704, 2014. GRANDI, G. et al. A combination of doxycycline and ivermectin is adulticidal in dogs with

naturally acquired

heartworm

disease

(Dirofilaria

immitis).

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Parasitology, v.169, n.1, p.347–351, 2010. HODGES, S.; RISHNIW, M. Intraarticular Dirofilaria immitis microfilariae in two dogs. Veterinary Parasitology, v.152, n.1, p.167–170, 2008. MAGNIS, J. et al. Morphometric analyses of canine blood microfilariae isolated by the Knott’s test enables Dirofilaria immitis and D. repens species-specific and Acanthocheilonema (syn. Dipetalonema) genus-specific diagnosis. Parasites & Vectors, v.6, n.1, p.48-52, 2013. MARCOS, R. et al. The occurrence of the filarial nematode Dirofilaria repens in canine hosts from Maio Island, Cape Verde. Journal of Helminthology, v.5, n.8, p.1-4, 2016. MARCOS, R. et al. Buffy coat smear or Knott's test: which to choose for canine microfilaria screening in field studies? Veterinary Clinical Pathology, 2016. PEREIRA, C. et al. First report of Dirofilaria immitis in the Republic of Cape Verde. Veterinary Parasitology, v.192, n.1, p. 290– 291, 2013.

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PRATT, S. E. et al. Prevalence of Dirofilaria immitis and Dipetalonema reconditum infections in Missouri dogs. Journal of the American Veterinary Association, v.179, n.6, p.592-593, 1981. OGAWA, G. M. Prevalência de Dirofilaria immitis (Leyd, 1856) em cães e sua ocorrência em mosquitos (Diptera, Culicidae) na cidade de Porto Velho, Rondônia, Brasil. 2013. 65f. Tese de Doutorado em Biologia da Relação Patógeno-Hospedeiro – Curso de Pós-graduação em Biologia, Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo. SALAM, M. A. et al. Peripheral Blood Buffy Coat Smear: a Promising Tool for Diagnosis of Visceral Leishmaniasis. Journal of Clinical Microbiology, v.50, n.3, p.837–840, 2012.

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