P e r f i l P a í s P e r u

Perfil País Peru 2010 Perfil País PERU 2010 Alessandro G. Teixeira PRESIDENTE DA APEX-BRASIL Maurício Borges DIRETOR DE NEGÓCIOS Ricardo Schaefer ...
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Perfil País Peru 2010

Perfil País PERU 2010

Alessandro G. Teixeira PRESIDENTE DA APEX-BRASIL Maurício Borges DIRETOR DE NEGÓCIOS Ricardo Schaefer DIRETOR DE PLANEJAMENTO E GESTÃO

Marcos Tadeu Caputi Lélis Coordenador da Unidade de Inteligência Comercial e Competitiva (UICC) EQUIPE TÉCNICA RESPONSÁVEL

SEDE Setor Bancário Norte, Quadra 02, Lote 11, CEP 70.040-020 Brasília – DF Tel. 55 (61) 3426.0202 Fax. 55 (61) 3426.0263 E-mail: [email protected]

© 2010 Apex-Brasil Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.

Autora: Clara do Carmo Rios dos Santos

SUMÁRIO EXECUTIVO O Peru está localizado na América do Sul, na costa do Oceano Pacífico, e ocupa uma área de 1,285 milhão de km2, a vigésima maior extensão no mundo. O país comparte com o Brasil uma fronteira de 2.995 km. Em 2008 o Peru contava com uma população de 28,6 milhões de habitantes, o que coloca o país como o 39º mais populoso do mundo e o quinto da América Latina. Estima-se que a população peruana alcance 29,4 milhões de habitantes no ano de 2010 e 31,1 milhões até 2015. Tomando-se o Produto Interno Bruto (PIB) do Peru em valores correntes convertidos em dólares estadunidenses tem-se um valor de US$ 127 bilhões, o que coloca essa economia como a 56ª economia mundial no ano de 2008. Em contrapartida, medindo-se o PIB em termos de paridade poder de compra (PPC), chega-se a I$ 245 bilhões para o mesmo ano, posicionando o Peru na 43ª colocação do ranking mundial. Já na América Latina esse país está na sexta colocação, atrás de Brasil, México, Argentina, Colômbia e Venezuela, respectivamente. O desempenho econômico da economia do Peru se caracterizou por um forte dinamismo na primeira década do novo milênio, com taxas de crescimento econômico crescentes entre 2003 e 2008. Em 2009, mesmo no contexto da crise econômica que afetou o mundo, estima-se que a economia peruana tenha crescido cerca de 1,5%, bem acima da esperada queda de renda de 2,5% na região da América Latina. O Peru teve sua democracia restaurada no início dos anos 80, após 12 anos de ditadura militar (1968-1980). O país passou por um período politicamente conturbado no fim do governo de Alberto Fujimori, que dirigiu o país entre 1990 e 2000, mas suas instituições democráticas peruanas se consolidaram desde então. O atual presidente, Alan García, foi eleito em 2006. A orientação geral da política externa peruana é bastante pragmática, manifestando um viés predominantemente comercial. Durante os anos 1980, e, principalmente, durante os anos 1990, sob o governo de Fujimori, a política externa peruana voltou-se quase que inteiramente para os Estados Unidos. Já no período mais recente, o país tem buscado desenvolver suas relações com países asiáticos, notadamente a China. Apesar de dividir uma vasta área fronteiriça, Brasil e Peru possuíam relações um tanto quanto distantes. Mais recentemente, os dois países estão vivendo um período bastante próspero no relacionamento bilateral. A integração física entre Brasil e Peru é um dos pontos focais da agenda bilateral. A intensificação das relações entre os dois países também ocorre por meio do aumento dos fluxos comercial e de investimentos.

O comércio externo peruano elevou-se substancialmente na primeira década do novo milênio, sendo que em 2002 a balança comercial peruana se tornou superavitária pela primeira vez desde 1990. Entre os anos de 2003 e 2007, as exportações cresceram a uma taxa média anual de 32,3%. Em 2006 o superávit comercial peruano chegou a seu recorde histórico, com um valor de US$ 9 bilhões. A partir daí, as importações deram um salto, tendo crescido quase 45% no ano de 2008, em relação ao ano anterior. O ano de 2007 registrou uma entrada recorde de Investimentos Externos Diretos no Peru, com um valor de US$ 5,3 bilhões. Analisando a participação dos estoques de capitais estrangeiros no PIB peruano, nota-se que na média entre os anos de 1990 e 2000 este valor era de apenas 4,5%. No ano de 2007, por sua vez, o estoque de capital estrangeiro correspondeu a 25% do PIB. Alguns dos setores que mais receberam investimentos externos no Peru foram telecomunicações, mineração, indústria manufatureira, finanças e energia. As exportações que mais cresceram entre 2003 e 2008 foram de produtos do setor de extração de minerais metálicos. Este é o segundo principal setor para as exportações peruanas em valor, atrás apenas de produtos de metalurgia básica. Já as importações mais significativas para o país são de petróleo e produtos derivados. Merece destaque também as importações peruanas de máquinas e equipamentos, que cresceram, em média, 33% entre 2003 e 2008. Em 2008, a corrente comercial brasileira com o Peru totalizou US$ 3,25 bilhões, batendo, assim, seu recorde histórico. Essa quantia, no entanto, representou apenas 1% da corrente comercial do Brasil com o mundo nesse ano. O Brasil direcionou 1,2% de suas exportações para o Peru, enquanto apenas 0,6% de suas importações tiveram como origem o país andino. As trocas comerciais entre os dois países têm favorecido o Brasil, o que se acentuou nos últimos três anos, com o aumento do saldo comercial relativo em favor do Brasil, de 25%, em 2007, para 51%, em 2009.

INTRODUÇÃO

Este estudo traz um panorama geral do Peru, com informações que ajudam o leitor a situar aquele país no cenário mundial. Os dados sócio-econômicos e o panorama político peruano podem ser encontrados nas partes 1 e 2 do trabalho. O enfoque do estudo, no entanto, é realmente na área de comércio, mais particularmente nas relações comerciais entre Brasil e Peru. É aí que se concentram as análises, os pontos de atenção e os esclarecimentos que podem auxiliar o exportador brasileiro em sua estratégia de atuação no mercado mexicano. Essas informações estão distribuídas nas partes 3, 4 e 5 do trabalho. Informações Parte 1

Dados Sócio-Econômicos

− Tamanho da população − Principais cidades − PIB − Distribuição de renda

Parte 2

Parte 3

Parte 4

Parte 5

Panorama Político

Relações Comerciais

Indicadores de Comércio

Oportunidades para o Brasil no Peru



Política Interna



Política Externa



Relações Bilaterais Brasil-Peru



Comércio Internacional e Fluxos de Investimentos



Acordos Comerciais



Comércio Brasil-Peru



Índice de Complementariedade de Comércio



Índice de Intensidade de Comércio



Índice de Preços e Índice de Quantum



Índice de Especialização Exportadora



Medida de Intensidade Tecnológica



Principais oportunidades para os exportadores brasileiros no mercado peruano

PARTE 1 – DADOS SÓCIO-ECONÔMICOS

O Peru está localizado na América do Sul, na costa do Oceano Pacífico. O país é margeado, ao norte, por Equador e Colômbia, ao sul pelo Chile, e a leste por Bolívia e Brasil, compartindo com este último uma fronteira de 2.995 km. O Peru ocupa uma área de 1,285 milhão de km2, a vigésima maior extensão no mundo.

Fonte: CIA The World Factbook.

Em 2008 o Peru contava com uma população de 28,6 milhões de habitantes, o que coloca o país como o 39º mais populoso do mundo e o quinto da América Latina, atrás de Brasil, México, Colômbia e Argentina, respectivamente. Estima-se que a população peruana alcance 29,4 milhões de habitantes no ano de 2010, e 31,1 milhões de habitantes até o ano de 2015 (Gráfico 1). Observa-se que a participação da população rural no total da população do país tende a cair. Enquanto no ano de 2000, 27,7% da população residia no campo, em 2015 esse percentual deverá ser reduzido a 24,1%.

Gráfico 1- População do Peru (em milhares de pessoas)

31.329 29.403

27.428

7.545

25.443 7.413 7.223 7.046

2000

23.784

21.990

20.205

18.397

2005

2010*

População urbana

2015*

População rural

*Previsão

Fonte: Euromonitor. Elaboração: UICC Apex-Brasil.

A queda da participação da população rural tem sido relativamente suave, já que se observa que esta continua a crescer, porém a um ritmo inferior ao crescimento médio da população urbana, conforme pode ser notado no Gráfico 2. Pode-se perceber também que tanto a população urbana como a rural tendem a crescer a taxas cada vez menores. Ainda assim, entre 2010 e 2015, a população peruana deverá crescer a uma taxa de 1,3%, que é ligeiramente superior à média dos países da América do Sul. Gráfico 2- Crescimento da população do Peru – variação acumulada em 5 anos

2,5%

2,4% 2,1%

2,1%

2,0%

1,9% 1,8% 1,6% 1,1% 0,6%

0,6%

0,4%

2000

2005

2010*

2015*

*Previsão

Crescimento da população total - Peru Crescimento da população rural - Peru

Fonte: Euromonitor. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.

Crescimento da população urbana - Peru

O Gráfico 3 mostra que a capital Lima concentra grande parte da população peruana. A cidade reunia oito milhões de habitantes em 2007, o que representou cerca de 40% da população total. A segunda maior cidade peruana, Arequipa, contava, no mesmo ano, com apenas 815 mil habitantes, ou cerca de um décimo da população de Lima. Essas duas cidades concentravam 45% da população do Peru em 2007, perfil que deve permanecer constante pelo menos até 2015, quando Lima e Arequipa deverão atingir, em conjunto, quase 10 milhões de habitantes. Gráfico 3: Percentagem da população total residente nas duas aglomerações urbanas com mais de 750.000 habitantes em 2007 (1990-2015)

30%

25%

20%

15%

10%

5%

0% 1990

1995

Arequipa

2000

2005

2010

2015 * Previsão

Lima

Fonte: UN Population Division. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.

No que diz respeito ao perfil etário dos peruanos, o gráfico 4 ilustra a representatividade, por sexo, das diferente faixas etárias na população peruana. Na primeira figura, nota-se que a base da pirâmide, representativa das pessoas até 20 anos, é bastante alargada com relação às outras faixas, e, em especial, àquela dos idosos com mais de 60 anos, na cor verde. Ao se comparar a primeira figura com as demais, observa-se que o número de jovens cresce sucessivamente, uma vez que se ampliam as bases piramidais, ao mesmo tempo em que os lados tornam-se mais salientes. Paralelamente, a força de trabalho em potencial, definida como aqueles cuja idade varia entre 15 e 64 anos, mais do que dobrará entre 1980 e 2020, passando de 9,4 milhões para 21,6 milhões. Com relação à população de mais de 55 anos, o aumento da expectativa de vida permitirá que seu número seja incrementado em mais de três vezes nos 40 anos em anos. Em termos relativos, sua participação no total da população passará de 8,2% para 15,4%. Isso poderá gerar pressões

sobre os serviços assistenciais prestados pelo Estado peruano, especialmente porque grande parte das pessoas empregadas no Peru está no mercado informal, inclusive aquelas pertencentes à classe média. Todos estes movimentos influenciam a forma das pirâmides ao longo do tempo: no início têm a base larga e o topo estreito; depois, o meio mais inflado, aproximando-se do padrão de países com maior grau de desenvolvimento. Importa notar, ainda, algumas diferenças relacionadas ao sexo. O número de homens até 35 anos supera ligeiramente o número de mulheres, mas nas faixas etárias superiores essa relação se inverte e se aprofunda. Em 2020, o número de mulheres acima de 50 anos deverá superar o de homens em 350 mil. Parte da explicação reside na maior expectativa de vida das mulheres, que têm um estilo de viver mais saudável e menos problemas de saúde relacionados ao trabalho. Gráfico 4 – Pirâmides etárias no Peru – 1980, 2000, 2010 e 2020, da esquerda para direita – em milhões de habitantes Homens

2,0

1,5

> 80 75- 79 70- 74 65- 69 60- 64 55- 59 50- 54 45- 49 40- 44 35- 39 30- 34 25- 29 20- 24 15- 19 10- 14 5- 9 0- 4

Mulheres

1,0

0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Homens

1,5

1,0

Mulheres

0,5

0,0

0,5

1,0

Milhões

Homens

1,5

1,0

0,5

0,0

0,5

1,0

1,5 Milhões

> 80 75- 79 70- 74 65- 69 60- 64 55- 59 50- 54 45- 49 40- 44 35- 39 30- 34 25- 29 20- 24 15- 19 10- 14 5- 9 0- 4

Mulheres

> 80 75-79 70-74 65-69 60-64 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4

1,5 Milhões

Homens

1,5

1,0

> 80 75-79 70-74 65-69 60-64 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4

Mulheres

0,5

0,0

0,5

1,0

1,5 Milhões

Fonte: UN Population Division. Elaboração: UICC – Apex-Brasil. Tomando-se o Produto Interno Bruto (PIB) do Peru em valores correntes convertidos em dólares estadunidenses tem-se um valor de US$ 127 bilhões, o que coloca essa economia como a 56ª economia mundial no ano de 2008. Em contrapartida, medindo-se o PIB em termos de paridade poder de compra (PPC), chega-se a I$ 245 bilhões para o mesmo ano, posicionando o Peru na 43ª colocação do ranking

mundial (Tabela 1). Em relação ao países da América Latina, o Peru foi a sexta maior economia em 2008, atrás de Brasil, México, Argentina, Colômbia e Venezuela, respectivamente. Nesse mesmo ano, o país superou a economia chilena pela primeira vez desde 1992. Por outro lado, o PIB per capita do Peru, em termo de PPC, encontrava-se apenas na 106ª posição em 2008 (o ranking conta com 209 países), com I$ 7.980. Essa característica é típica de economias em desenvolvimento, especialmente na América Latina. O índice de Gini (52,0) coloca o Peru como sendo o décimo nono país mais desigual do Mundo1, mas apenas a décima primeira mais desigual da região. Em termos do Índice de Desenvolvimento Humano, o Peru está classificado no grupo dos países de alto desenvolvimento, ocupando a septuagésima oitava posição no ranking mundial. Tabela 1- Indicadores sócio-econômicos do Peru Indicadores selecionados da Peru Descrição

2008

Ranking

9,8% 245,3

43º

PIB per capita - PPP ¹ (valores correntes I$)

7.980

106º

PIB PPP share Taxa de Inflação FBCF/PIB IDE/PIB IDE - Estoque de entrada de investimento direto, 2008 (US$ bilhões)² 2.População

0,35% 5,8% 25,9% 3,8% 30,23

60º

IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)³ População em 2008 (milhões de habitantes)

0,806 28,8

78º -

População economicamente ativa (milhões de habitantes) Taxa de desemprego

14,8 7%

-

Network Readiness Index (Tecnologia de Informação), 2008-2009⁴

3,47

89º

Gastos em Pesquisa e Desenvolvimento, média 2000-2005 (% do PIB)

0,10

99º

Exportações de Bens de Alta Tecnologia, 2005 (%do total exportado) Índice de Competitividade Global 2009-2010⁵

2,6% 4,0

103º 78º

1. Economia Crescimento do PIB PIB 2008 PPP (I$ bilhões)¹

3. Tecnologia, Competitividade e Instituições

Fontes: World Development Indicators 2009; World Economic Forum Competitiveness Report 2009; Human Development Report 2008 e 2009; International Trade Statistics, 2008; World Investiment Report , 2008; Global Information Technology Report, 2008; Euromonitor; (1) World Bank. O Banco Mundial considera 209 países na elaboração do ranking de cada indicador. (2) UNCTAD. (3) PNUD. A ONU considera 179 países em seu ranking. O IDH é elaborado com base na renda, escolaridade e expectativa de vida. (4) Indicador que procura capturar várias dimensões do processo de inovação tecnológica. O ranking inclui 134 países. (5) Índice que captura múltiplas dimensões da capacidade competitiva das nações. O ranking considera 133 países.

Ao se analisar a estrutura produtiva da economia peruana, em 2008, a contribuição da agricultura na formação do PIB foi de 6,6%, a participação da indústria foi de 38,1% e a do setor de serviços foi de 55,3%. Nota-se uma queda de participação da agricultura e de serviços no valor adicionado ao PIB, que em 2003 1

Fonte: CIA World Factbook. O ranking considera 134 países, em anos variados.

eram de 7,6% e 61,5%, respectivamente, em favor da indústria, que no mesmo ano participou da formação do PIB em 30,8%. Esse aumento está relacionado principalmente ao desenvolvimento de indústrias extrativas, como mineração e petróleo e gás, que contribuíram em 21,7% para a formação do PIB peruano em 2008, enquanto em 2003 esse percentual era de 15,1%. Já a contribuição das manufaturas no valor adicionado ao PIB não se alterou de forma significativa, variando de 15,7% para 16,4%. Pela ótica da oferta agregada, o comércio de bens e serviços representou 55,7% do PIB, sendo que as importações corresponderam a 26,7% e as exportações chegaram a 29,0% do PIB em 2008. Em comparação, o fluxo comercial do Peru com o mundo em 2003 representou 35,5% do PIB. Em relação à demanda agregada, o consumo total representou 70,6% do PIB e o investimento total (Formação Bruta de Capital Fixo – FBKF) representou 25,9% do PIB. A taxa de investimento na economia peruana (FBKF/PIB) aumentou cerca de 8 pontos percentuais em relação a 2003, chegando a representar 29,1% do PIB em 2008, enquanto o consumo perdeu 11 pontos percentuais de representatividade no PIB2. O desempenho econômico da economia do Peru se caracterizou pelo alto grau de instabilidade das taxas de crescimento do PIB na década de 1990. Nesse período, como a maior parte dos países latinoamericanos, o Peru implementou uma série de políticas de disciplina fiscal e abertura econômica, mas sofreu com as crises que de 1994, originada no México, e de 1998, originada em países asiáticos. A partir de 2002, o país passa a exibir forte dinamismo, com taxas de crescimento econômico crescentes entre 2003 e 2008 (Gráfico 5), e que estão entre as maiores alcançadas na América Latina no período. Em 2009, mesmo no contexto da crise econômica que afetou o mundo, estima-se que a economia peruana tenha crescido cerca de 1,5%, bem acima da esperada queda de renda de 2,5% na América Latina. A dívida pública, depois de crescer até 2003, quando chegou a 47,1% do PIB, apresentou forte redução, tendo representado apenas 24,7% do PIB em 2008. Além disto, com o ótimo desempenho econômico dos anos 2000, o resultado fiscal foi melhorando e, a partir de um déficit de 3,2% do PIB em 1999, a economia peruana chegou a um superávit de 2,1% do PIB em 2008. A inflação no país foi controlada no início da década de 1990, e desde 1997 passou a ser de um dígito, mantendo-se nesse patamar desde então (Gráfico 5). Entre 2002 e 2007, a taxa média anual de inflação foi de 2,2%, mas em 2008 houve uma aceleração, atingindo 5,8%.

2

World Development Indicators, Banco Mundial

Gráfico 5 - Crescimento do PIB e Taxa de Inflação do Peru

9,8% 8,9% 7,7% 6,8%

5,8%

5,8%

5,0% 4,0%

3,7%

2,3%

2003

3,2% 1,6%

2004

2,0%

Crescimento do PIB 2005 2006

2,0%

1,8%

2007

1,5%

Taxa de Inflação 2008

* Previsão 2009

2010*

Fonte: FMI. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.

No que tange a distribuição da renda no Peru, o Gráfico 6 especifica a participação dos lares por faixa de renda anual entre os anos de 2003 e 2008. Nota-se que a maioria dos lares peruanos, 81,2%, recebia até US$ 15 mil anuais em 2008, resultando em uma renda mensal média de até US$ 1.250 por família, e que apenas 20,2% das famílias receberam renda superior a esse valor. A distribuição de renda por lares na economia peruana é similar à da Colômbia, onde 19,4% dos lares receberam acima de US$ 15 mil em 2008. No entanto, comparado a outras economias importantes da América Latina, como Brasil, México, Argentina e Venezuela, observa-se que o padrão de renda das famílias no Peru é relativamente baixo. No caso da economia brasileira, para esses mesmo ano, 31,5% dos lares ganham acima do patamar de renda indicado. Já na Argentina, tem-se 44,6% dos lares com renda superior a US$ 15 mil, ao passo que para o México esse percentual chega a 61,9%, e a 75,8% na Venezuela. Por outro lado, os efeitos da crise econômica internacional devem ser menos sentidos pelas famílias peruanas, já que se estima que a participação de lares com renda acima do padrão fixado (US$ 15 mil) cairá apenas em um ponto percentual, enquanto na Argentina, no Brasil e na Colômbia essa queda deverá variar entre 5 e 6 pontos percentuais, e no México deverá superar dez pontos percentuais. Ademais, observa-se uma tendência de alteração na composição percentual das faixas de renda por lares definidas no Gráfico 6. Houve uma diminuição relativa do número de lares que ganham até US$ 2.500 entre os anos de 2003 e 2008, e um aumento relativo em todos os demais patamares de renda fixados, especialmente o número de lares que ganham entre US$ 15.000 e US$ 65.000. Essa dinâmica de melhora da distribuição de renda das famílias peruanas pode estar associada ao desempenho econômico do Peru. No período analisado, a taxa anual média de crescimento da economia peruana chegou 7,0%, e a quase 10% no ano de 2008. Outro componente que pode ter ajudado na melhora do padrão de renda do Peru, porém de forma artificial, é a evolução da taxa de câmbio nominal da moeda peruana frente ao dólar estadunidense,

uma vez que as faixas de rendas são fixadas em US$. Essa taxa se alterou pouco, partindo de PEN/US$ 3,5 em 2003 para PEN/US$ 2,9 já em 2008, considerando a média anual desse indicador. Gráfico 6 – Participação dos lares por faixa de renda anual em 2003 e 2008

0,3%

0,5%

0,5% 8,4%

1,2% 18,5%

60,8%

64,2%

30,0% 15,5% 2003 2008 Até US$ 2.500 US$ 65.000 a US$ 150.000

US$ 2.500 a US$ 15.000 Acima de US$ 150.000

US$ 15.000 a US$ 65.000

Fonte: Euromonitor. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.

PARTE 2 – PANORAMA POLÍTICO

Política Interna O Peru teve sua democracia restaurada no início dos anos 80, após 12 anos de ditadura militar (1968-1980), mas ainda passou por um período politicamente conturbado até o fim do governo de Alberto Fujimori, que dirigiu o país entre 1990 e 2000. As instituições democráticas peruanas se consolidaram desde então, culminando com a recente condenação do ex-presidente, em abril de 2009, por violações dos Direitos Humanos ocorridas sob sua anuência. O atual presidente Alan García, do partido APRA (Alianza Popular Revolucionaria Americana), foi eleito em 2006, sendo que já havia governado o país entre os anos de 1985 e 1990. O país atingiu a estabilidade econômica no governo anterior, de Alejandro Toledo, e sua manutenção tem sido um de seus pontos fortes do governo de García. Os movimentos insurgentes guerrilheiros, o grande problema do país nas décadas de 80 e 90, hoje não representam uma ameaça ao

Estado. De fato, o maior sustentáculo da alta popularidade desfrutada por Fujimori em boa parte de seu governo foi a desarticulação quase completa do Sendero Luminoso, principal grupo guerrilheiro do Peru. Por outro lado, o Peru enfrenta um importante desafio com a questão do narcotráfico. O governo peruano vem tomando várias medidas para reverter o problema e também para impedir novas ações de grupos guerrilheiros. Em 2003, foi aprovada uma lei antiterrorismo que garante ao presidente alguns poderes especiais para tomar atitudes contra o Sendero Luminoso de forma rápida. A partir de 2007, bases militares foram reabertas e forças especiais antiterroristas foram restabelecidas. Por fim, um programa semelhante ao Plano Colômbia está sendo implementado no Peru para coibir o cultivo e tráfico de drogas. Outra vulnerabilidade que o país enfrenta é a questão social, já que, apesar de desfrutar de altos índices de crescimento econômico, cerca de 45% da população peruana ainda vive abaixo da linha da pobreza.

Política Externa Durante o período do regime militar (1969-80), a política externa peruana foi pautada pela orientação geral do Movimento dos Não-Alinhados e de uma maior aproximação com a União Soviética. Durante os anos 1980, e, principalmente, durante os anos 1990, sob o governo de Fujimori, a política externa peruana foi radicalmente modificada, voltando-se quase que inteiramente para os Estados Unidos. Atualmente, a orientação geral da política externa peruana é bastante pragmática, manifestando um viés predominantemente comercial. Outro elemento que se destaca na atual política externa peruana é seu direcionamento cada vez maior para os países do Pacífico, com uma prioridade dada especialmente às relações com China. O país é membro da APEC (Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico), bloco que engloba economias da Ásia, América e Oceania. As relações entre Peru e China, no campo econômico, vêm crescendo de forma acelerada desde a administração de Toledo, principalmente pela demanda chinesa por recursos naturais. As importações provenientes da China, principalmente de têxteis e vestuário, também cresceram muito, e são motivo de preocupação para produtores peruanos. Além disso, os investimentos chineses, muito limitados até pouco tempo, têm se intensificado, principalmente no que se refere aos setores de mineração e infra-estrutura. Já a importância do Japão na política externa peruana advém não só de questões comerciais, mas também de laços culturais entre os dois países, já que, assim como o Brasil, o Peru absorveu grandes levas de imigrantes japoneses.

Relações Bilaterais Brasil-Peru Apesar de dividir uma vasta área fronteiriça, Brasil e Peru possuíam relações um tanto quanto distantes. Mais recentemente, os dois países estão vivendo um período bastante próspero no relacionamento bilateral. A integração física entre os dois países é um dos pontos focais da agenda bilateral, já que as ligações rodoviárias entre os dois países até pouco tempo eram inexistentes. Com a construção da Rodovia Interoceânica entre o Acre e a localidade de Madre-Díos no Peru, a produção brasileira poderá ser escoada para o Oceano Pacífico, e também será propiciada uma interação muito mais expressiva entre as economias brasileira e peruana. Esse projeto faz parte da IIRSA (Iniciativa de Integração da Infra-Estrutura Sul Americana), que visa a integrar as principais vias de transporte, energia e comunicação do continente. A intensificação das relações bilaterais entre os dois países também ocorre por meio do aumento dos fluxos comercial e de investimentos. As empresas brasileiras têm uma participação bastante relevante na economia peruana, já que estão instaladas no país: Gerdau, Gol, Petrobrás, Vale, Ambev, Votorantim, Veja, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e OAS, atraídas pelos anos de contínuo crescimento econômico do Peru, além do país contar com um bom arcabouço legal para investimentos.

PARTE 3 – RELAÇÕES COMERCIAIS

O comércio externo peruano elevou-se substancialmente na primeira década do novo milênio, sendo que em 2002 a balança comercial peruana se tornou superavitária pela primeira vez desde 1990 (Gráfico 6). As exportações cresceram mais intensamente entre os anos de 2003 e 2007, a uma taxa média anual de 32,3%. Em 2006 o superávit comercial peruano chegou a seu recorde histórico, com um valor de US$ 9 bilhões. A partir daí, as exportações seguiram crescendo a um ritmo menor, enquanto as importações deram um salto, tendo crescido quase 45% no ano de 2008, em relação ao ano anterior, o que resultou na queda do saldo comercial peruano para US$ 3,1 bilhões. Já em 2009, nota-se uma acentuada inflexão nas três linhas do Gráfico 7 em função da crise internacional, com uma queda de 22% do valor exportado e de 25% das importações do país. Espera-se que em 2010 o fluxo comercial peruano se recupere, porém ainda não o suficiente para retornar ao patamar de 2008. Os valores da maior parte dos setores exportados pelo Peru cresceram de forma significativa no período entre os anos de 2003 e 2008, sendo que a média para todos os produtos foi de 29,1% de crescimento ao ano. As importações cresceram praticamente à mesma taxa média, 28,9%.

Gráfico 7 – Evolução do comércio exterior do Peru (1990-2010) 35 29,0

30 25

24,9 20 15 10 4,1

5 0 -5

Exportações (US$ bilhões)

Importações (US$ bilhões)

Balança comercial (US$ bilhões)

Fonte: Deutsche Bank Research - http://www.dbresearch.com (Dados capturados em fevereiro de 2010)

Acordos Comerciais O Peru tem manifestado uma preferência por acordos bilaterais em anos recentes. A par disso, o país atua nas principais iniciativas integracionistas do continente, sendo membro da Associação LatinoAmericana de Integração (ALADI), da Comunidade Andina de Nações (CAN) e membro associado do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). Ademais, como já foi mencionado, o Peru é membro da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC). Em 2005, entrou em vigência o Acordo de Complementação Econômica nº 58 (ACE 58), firmado entre o Peru e os países membros do MERCOSUL para a formação de uma Zona de Livre Comércio entre as Partes. Conforme o programa de desgravação tarifária, 12% dos 6.970 itens incluídos no Acordo chegariam à tarifa zero até 2010; 74%, até 2014 e 13%, até 2019. Somente para 40 produtos, esse prazo é mais longo. No mesmo ano, com a entrada em vigor do Acordo de Complementação Econômica nº 59 (ACE 59), todos os países da CAN – Bolívia, Colômbia, Equador e Peru – tornaram-se Estados Associados ao MERCOSUL, o mesmo se aplicando aos países do MERCOSUL em relação à CAN. Já em 1º de fevereiro de 2009 entrou em vigor o Acordo de Livre Comércio assinado com os Estados Unidos, que contempla também outros temas, como serviços, investimentos, política de competição

e propriedade intelectual. Já contam com isenção tarifária imediata 78% do total de 6.970 produtos incluídos no Acordo. O restante terá suas tarifas eliminadas em até 17 anos. A diferença nos cronogramas de desgravação tarifária entre os Acordos com o MERCOSUL e com os EUA é favorável a estes e pode levar à erosão das preferências tarifárias do Brasil nos primeiros anos do Acordo, inclusive com risco de desvio de comércio em detrimento do Brasil. O Acordo de Livre Comércio com a China foi assinado ao final de 2008, e a expectativa é que o tratado já entre em vigor em 2010. Espera-se que o acordo impulsione não só o comércio entre os dois países, mas também a entrada de investimento chineses no Peru, em setores como mineração, energia elétrica, energia eólica, petróleo e gás, e pesca. O Peru também tem Acordos de Livre Comércio com Canadá, Chile e Cingapura. Há mais um acordo assinado com a Tailândia, aguardando entrada em vigor. Além disso, encontram-se em fase de negociação acordos com Japão, União Européia, Coréia do Sul e Associação Européia de Livre Comércio (Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein).

Fluxos de Investimento Os fluxos dos movimentos de capitais (líquidos) no Peru estão apresentados no Gráfico 8. Os investimentos estrangeiros diretos representaram, na média entre os anos de 1990 e 2000, 15,2% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) na economia peruana. No ano de 2007, em que houve recorde de entrada de investimento externo direto (IED) no país, esse valor chegou a 24%. No entanto, em 2008, a queda expressiva de 12,5% no fluxo de IDE no Peru significou uma queda de quase 10 pontos percentuais da participação desses capitais na FBCF no país nesse ano, já que, em contrapartida ao movimento negativo do fluxo de capitais estrangeiros, a economia peruana cresceu 9,8%. Analisando a participação dos estoques de capitais estrangeiros no PIB peruano, nota-se que na média entre os anos de 1990 e 2000 este valor era de apenas 4,5%. No ano de 2007, por sua vez, o estoque de capital estrangeiro correspondeu a 25% do PIB daquele ano, enquanto em 2008 passou a equivaler a 23,4% do PIB. Apesar de muito mais representativo para a economia peruana nos anos de 2007 e 2008 que na década de 1990, o estoque de IDE medido como percentual do PIB no Peru ainda é menor que a média da América Latina e dos países em desenvolvimento em todos os períodos mencionados. Os setores que mais receberam investimentos externos no Peru em 2008 foram telecomunicações (20,9%), mineração (19,6%), indústria manufatureira (15,7%), finanças (15,2%) e energia (13,2%)3. 3

Ernst & Young, Guia para negócios e investimento Brasil-Peru 2009-2010.

Gráfico 8 – Investimento estrangeiro direto líquido no Peru em US$ bilhões (1990-2010)

5,3

4,1 3,5

3,3

4,0

3,5 3,0 2,6

2,5 2,2

2,1 1,6

1,8

1,6 1,1

0,8 0

1,3

0,8

0 -0,1

Fonte: Deutsche Bank Research - http://www.dbresearch.com (Dados capturados em fevereiro de 2010)

Principais Exportadores No Gráfico 9 são apresentados os países que mais exportam para o Peru. Destaca-se o aumento da presença chinesa, por um lado, e, por outro, a perda de espaço de parceiros sul-americanos, como Equador, Argentina, Colômbia e Chile. O Brasil foi a única exceção da região, sendo que aumentou sua participação nas importações totais peruanas entre 2003 e 2008, e se tornou o terceiro maior fornecedor do mercado peruano.

Gráfico 9 – Países que mais exportam para o Peru

2008

2003

18,66%

18,53% 31,78%

29,27%

7,61%

13,56% 6,53% 2,90%

2,88% 3,31%

7,74% 5,10% 4,37%

5,92%

6,23%

3,87% 3,95% 4,26%

8,06% 4,28%

5,27%

Estados Unidos

China

Brasil

Equador

Argentina

Colômbia

Japão

Chile

México

Alemanha

Outros

5,92%

Produtos mais Comercializados Produtos relacionados à mineração, dos setores de metalurgia básica e extração de minerais metálicos concentram grande parte das exportações Peru, com 61,3% do total exportado em 2008. Também são relevantes as exportações de produtos alimentícios, produtos do refino do petróleo e de confecções. Os principais produtos importados são petróleo e seus derivados, que alcançaram 17,3% das importações totais do país em 2008. Outros itens importados são produtos siderúrgicos, veículos – especialmente veículos pesados, aparelhos de telefonia e transmissão de rádio e TV, além de máquinas e equipamentos variados, com destaque para compressores e bombas e para equipamentos usados na extração mineral e na construção.

Comércio Brasil-Peru Em 2008, a corrente comercial brasileira com o Peru totalizou US$ 3,25 bilhões, chegando, assim, a seu recorde histórico. Essa quantia, no entanto, representou apenas 0,9% da corrente comercial do Brasil com o mundo nesse ano. O Brasil direcionou 1,2% de suas exportações para o Peru em 2008, participação que corresponde ao dobro da que o país andino alcançava na pauta brasileira dez anos antes. Pela ótica das importações brasileiras, Peru tem uma representatividade menor: de apenas 0,6%, segundo os dados de 2008. O percentual de importações advindas do Peru, ao contrário do que ocorreu com as exportações brasileiras direcionadas a esse país, não se alterou muito entre 1998 e 2008, sendo que no primeiro ano

desse período era de 0,4%. Assim sendo, em termos relativos, infere-se que o Peru ainda assume um papel discreto tanto no que diz respeito a sua participação nas exportações quanto nas importações brasileiras. Passando-se à análise da evolução do valor total comerciado entre Brasil e Peru, nota-se que, entre 1998 e 2008, este aumentou, no acumulado, 457%, tendo saltado de US$ 584 milhões no primeiro ano da série para US$ 3,2 bilhões no fim do período. Considerada a taxa de variação média anual, o incremento foi de 18,7%. Boa parte desta guinada na corrente comercial foi impulsionada pelas exportações brasileiras, que se aceleraram, principalmente a partir de 2002, como revela a inflexão mais acentuada na linha azul do Gráfico 10. De fato, entre 1998 e 2001, as exportações brasileiras registraram queda de, em média, 8,1% ao ano, enquanto entre 2002 e 2008, elas cresceram a uma taxa média anual de 34,7%, de modo que o valor exportado chegou a US$ 2,3 bilhões em 2008. Em consequência da crise, em 2009, observa-se nova inflexão no Gráfico, resultante de uma diminuição de 35,2% nas vendas brasileiras em relação aos valores de 2008. As importações brasileiras de produtos peruanos também cresceram ao longo do período analisado, sendo que este movimento se intensificou a partir de 2003. De fato, entre os anos de 1998 e 2003, as importações brasileiras cresceram apenas 1,6%; já no período subseqüente, entre 2003 e 2008, essa mesma taxa aumentou para 32,5%, acompanhando, portanto, a tendência das exportações brasileiras para o Peru. Por outro lado, o efeito da crise sobre as importações brasileiras advindas do Peru foi mais forte, reduzindo-se em 2009 a praticamente a metade do valor importado em 2008. Gráfico 10 – Corrente de comércio Brasil-Peru 3.255

2.645 2.298

2.299 1.973 1.649

1.391

981

584 369 216 1998

722

653 457 265

565 354

518

996

631

956

788

286

484

458

192

211

231

217

234

1999

2000

2001

2002

2003

Exp. Brasileiras - US$ milhões FOB

933

488

436

1.489

1.510

349

2004

2005

Imp. Brasileiras - US$ milhões FOB

Fonte: MDIC. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.

2006

2007

2008

2009

Corrente Comercial - US$ milhões

Analisando-se o saldo comercial relativo do Brasil frente ao Peru, apresentado no Gráfico 11, notase uma tendência de forte crescimento em 2007 e 2009. No ano de 2007, as exportações brasileiras cresceram a sua menor taxa desde 2001 (9,2%), enquanto as importações cresceram com muito mais intensidade (26,4%), o que resultou no menor saldo comercial relativo do período entre 2003 e 2009, 25%. Isso significa que, naquele ano, 25% da corrente comercial entre Brasil e Peru resultava em superávit comercial brasileiro. No entanto, em 2008, as exportações cresceram a quase 40%, contra uma ligeira queda de 4% das importações brasileiras. Em 2009, por sua vez, as importações caíram muito mais que as exportações, conforme já mencionado. Isso favoreceu a medida do saldo comercial relativo, que atingiu seu pico no último ano do período, em que 51% da corrente de comércio entre Brasil e Peru resultou em superávit comercial brasileiro. Gráfico 11 – Saldo comercial relativo Brasil-Peru 51% 41% 35%

34% 31%

29%

25%

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

Fonte: MDIC. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.

Um fator que em algumas situações colabora para o aumento do saldo comercial relativo de um país frente a outro é a dinâmica do câmbio real entre eles. Busca-se, portanto, investigar se esse também seria um dos motivos do aumento do saldo relativo do Brasil frente ao Peru a partir de 2007. O Gráfico 12 ilustra a evolução do câmbio real das moedas do Peru, Brasil, China, Argentina, Colômbia e Venezuela frente ao dólar estadunidense, considerando um número índice com valor igual a 100 no ano de 2003. O câmbio real da moeda peruana, o novo sol, valorizou-se em 13,3% em relação ao dólar estadunidense entre 2003 e 2008, movimento que se intensificou a partir de 2006. No caso da moeda brasileira, a valorização foi de 45% em termos reais no mesmo período. Considerando-se os países latino-americanos, a trajetória de valorização da moeda brasileira entre 2003 e 2009 só foi inferior à da moeda venezuelana, que chegou a se valorizar 53% em termos reais. Já a moeda peruana sofreu uma das menores valorizações entre os países selecionados, superior apenas ao peso argentino, que se valorizou 6,9%. Assim, era de se esperar que a valorização mais

intensa do real em comparação ao novo sol favorecesse as importações de produtos peruanos pelo Brasil, que se tornaram relativamente mais baratos, mas o que ocorreu foi o contrário. Gráfico 12 – Evolução do câmbio real frente ao dólar estadunidense (Base: média 2003=100) 110

100

100 93,12

90

86,26 80

80,1

70

63,93 60

55,0 50

47,08 40 2003

2004 China

Brasil

2005 Argentina

2006 Colômbia

2007 Peru

2008

2009

Venezuela

Fonte: Euromonitor. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.

Os setores nacionais que mais exportam para o Peru são se encontram listados na Tabela 2. Notase que a maior parte dos setores apresentados aumentou sua importância relativa nas exportações brasileiras para o país, com expressivas variações em sua participação na comparação entre 2003 e 2008. De fato, houve um movimento de maior concentração em alguns setores. No ano de 2003, os 10 setores mais exportados representaram 43,3% do total; já em 2008, os 10 principais setores alcançaram 66,2% do valor exportado pelo Brasil para o Peru.

Tabela 2 – Setores Econômicos Brasileiros que mais exportam para o Peru Setor CNAE Extração de petróleo e gás natural Fabricação de caminhões e ônibus Siderurgia Fabricação de máquinas e equipamentos de uso na extração mineral e construção Fabricação de aparelhos e equipamentos de telefonia e radiotelefonia e de transmissores de televisão e rádio Fabricação de cabines, carrocerias e reboques Fabricação de máquinas e equipamentos de uso geral Fabricação de papel, papelão liso, cartolina e cartão Fabricação de resinas e elastômeros Fabricação de geradores, transformadores e motores elétricos Outros Total

Exportações brasileiras Participaçãodo Exportações brasileiras Participaçãodo para o Peru em 2003 setor em 2003 para o Peru em 2008 setor em 2008 22.689.655 4,62 360.976.482 15,70 27.491.337 5,59 314.938.530 13,70 33.041.175 6,72 240.016.041 10,44 15.070.951

3,07

154.826.878

6,74

5.981.100

1,22

132.194.276

5,75

2.104.644 13.348.594 29.209.392 16.359.985

0,43 2,72 5,94 3,33

80.321.999 64.700.956 60.476.687 58.471.207

3,49 2,81 2,63 2,54

8.836.955

1,80

53.838.388

2,34

317.462.552 491.596.340

64,58 100,00

777.892.405 2.298.653.849

33,84 100,00

Fonte: GTIS. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.

Na tabela 3 estão os setores em que predominam as importações brasileiras provenientes do Peru. Pode-se observar que, nos dois anos considerados, há uma concentração muito maior dos valores importados pelo Brasil de produtos peruanos em setores que no caso das exportações brasileiras destinadas ao Peru. De fato, tanto em 2003 como em 2008, os dez setores mais importados representaram 97,3% do valor total. Houve, porém, alguma alteração na configuração dos setores mais relevantes, especialmente com o crescimento das importações dos setores Fabricação de produtos de plástico e Confecção e artigos do vestuário. Tabela 3 - Setores Econômicos Brasileiros que mais importam do Peru Setor CNAE Metalurgia de metais não-ferrosos Extração de minerais metálicos não-ferrosos Fabricação de produtos químicos inorgânicos Processamento, preservação e produção de conservas de frutas, legumes e outros vegetais Fiação Fabricação de produtos de plástico Confecção de artigos do vestuário Abate e preparação de produtos de carne e de pescado Produção de lavouras temporárias Fabricação de produtos químicos orgânicos Outros Total

Fonte: GTIS. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.

Importações brasileiras Importações brasileiras Participação do Participaçãodo proveniente do Peru proveniente do Peru setor em 2003 setor em 2008 em 2003 em 2008 147.655.348 63,15 669.447.286 70,00 52.847.458 22,60 158.060.916 16,53 2.126.786 0,91 27.374.558 2,86 4.189.797

1,79

20.433.115

2,14

4.963.710 65.497 40.278 7.137.732 173.306 2.116.847 12.503.339 233.820.098

2,12 0,03 0,02 3,05 0,07 0,91 5,35 100,00

16.907.490 13.898.663 8.568.444 6.000.944 5.572.385 4.664.285 25.441.089 956.369.175

1,77 1,45 0,90 0,63 0,58 0,49 2,66 100,00

PARTE 4 – INDICADORES DE COMÉRCIO EXTERIOR

Esta seção apresentará um conjunto de indicadores que estão envolvidos nas trocas comerciais internacionais e que também afetam o comércio existente entre Brasil e Peru. A análise deles é importante para se entender melhor a estrutura das relações comerciais entre esses dois países.

1-

Índice de Complementaridade de Comércio

Este índice fornece informações sobre as perspectivas de integração comercial entre dois países. O índice de complementaridade de comércio entre o Brasil e o Peru é obtido comparando-se a pauta de exportações brasileira com a pauta de importações peruana. Através dessa comparação, é possível verificar em que medida os produtos exportados pelo Brasil coincidem com os produtos importados pelo Peru. Um Índice de Complementariedade de Comércio igual a zero significa que não há complementaridade entre as importações e as exportações dos países analisados. Em contrapartida, se esse índice for igual a 100, quer dizer que as pautas são perfeitamente complementares, ou seja, que um país exporta exatamente o que o outro deseja importar. O valor médio de complementaridade de comércio entre Brasil e Peru ficou em torno de 36 entre 2003 e 2008, sendo que o menor valor da série localiza-se no ano de 2004 (33,7). Após esse ano, nota-se uma dinâmica de aumento desse indicador, que alcançou seu maior patamar em 2007 (38,2), com pouca alteração em 2008 (38,1). Mas mesmo com esse movimento de convergência entre a estrutura exportadora do Brasil e as importações peruanas, não houve, em nenhum momento do período considerado, relevante coincidência (valor acima de 50).

Gráfico 13 – Índice de Complementaridade de Comércio – Brasil-Peru e BrasilPaíses selecionados

40,0 38,1 38,0 37,9

38,2

36,0 35,9 34,0

34,4 33,7

32,0 30,0 28,0 2003

2004

Peru

2005

Argentina

2006

Colômbia

2007

2008

Venezuela

Fonte: GTIS. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.

No entanto, observa-se que entre as economias mais relevantes da América do Sul, o Peru foi o país que apresentou o maior índice de complementaridade de comércio com o Brasil em 2008, embora tenha ficado atrás de Argentina e Colômbia na maior parte do período. O aumento da complementaridade parece estar relacionado principalmente à participação cada vez maior do setor de Extração de petróleo e gás natural nas exportações brasileiras, já que este é o setor mais importado pelo Peru em todo o período analisado. Há também casos de setores que têm participação cada vez maior na pauta de importações peruanas e que sempre foram significativos na pauta de exportações brasileiras para o mundo, como Siderurgia e Fabricação de caminhões e ônibus, e que também podem ter contribuído para esse aumento da complementaridade.

2-

Índice de Intensidade de Comércio

Este índice determina em que medida o valor das exportações de um país para outro é maior ou menor que o esperado. O cálculo do índice de intensidade de comércio entre Brasil e Peru é obtido pela razão entre a participação das exportações brasileiras para o Peru e a participação das exportações brasileiras para resto o

mundo. Um valor superior a 1 indica que as exportações do Brasil para o mercado peruano são maiores do que o esperado. Examinando a evolução do Índice de Intensidade de Comércio do Brasil com o Peru, entre 2003 e 2008, encontra-se valores muito superiores a 1 em todos os anos. Gráfico 14 – Índice de Intensidade de Comércio – Brasil-Peru e Brasil-Países selecionados 5,8 22,1

2003

4,2

6,5

7,2 2004

25,4

5,6

7,3

8,3 2005

27,2

5,7

7,7

6,6 2006

29,1

5,2

7,3

6,1 2007

30,1

5,1

7,0

6,6 2008

5,6

,0

5,0

34,3

6,8

10,0 Peru

15,0 Argentina

20,0 Colômbia

25,0

30,0

35,0

40,0

Venezuela

Fonte: GTIS. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.

Nota-se que a intensidade de comércio do Brasil tanto com o Peru como com as principais economias da América do Sul é grande, mas é especialmente alta em relação à Argentina. Nesse caso, o MERCOSUL é um fator importante no nível de comércio alcançado entre as duas economias. Já a intensidade de comércio alcançada com o Peru situa-se em um patamar próximo ao da Colômbia e da Venezuela. Para esses países, parece claro que a proximidade geográfica é um elemento importante para explicar os valores alcançados por esse indicador. Esse raciocínio é reforçado pelo fato de que, conforme observado no item anterior, a complementaridade de comércio entre Brasil e Peru, e também entre o Brasil e os demais países analisados, não é alta.

3-

Indicador de Diversificação/Concentração das Exportações – Índice de Herfindhal-Hirschman

(HHI) O Índice de Herfindahl-Hirschman (HHI) indica se o valor das exportações de um país está concentrado em poucos produtos. Países com HHI menor do que 1000 são considerados mercados com baixa concentração, ou seja, a valor de suas exportações não está concentrado em alguns produtos. Países com HHI entre 1000 e 1800 são considerados de concentração moderada; e países com HHI superior a 1800 são considerados concentrados. Os países em desenvolvimento possuem freqüentemente um índice de concentração de exportações bastante elevado. Ainda que suas pautas exportadoras possam ter alguma diversificação, o valor de suas exportações está concentrado em poucos produtos primários – em geral, commodities, cujos preços tendem a oscilar fortemente em horizontes temporais longos, o que deixa a economia desses países muito expostas às mudanças que ocorrem no cenário internacional. Quanto maior for o valor do índice de concentração das exportações de um país, maior também será sua dependência em relação aos diferentes contextos mundiais. Gráfico 15 – Índice de Concentração das Exportações (Índice de HerfindhalHirschman) – Brasil-Peru e Brasil-Países selecionados 1.700 1.600 1.500 1.400 1.300 1.310

1.200 1.100

1.188

1.177

2007

2008

1.000 900

998

982

908

800 2003

2004 Peru

2005 Argentina

2006 Colômbia

Venezuela

Fonte: GTIS. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.

O índice HHI mostra uma tendência de concentração da pauta de exportações brasileiras para a economia peruana. Entre os anos de 2003 e 2005, o indicador de concentração manteve-se abaixo de 1.000,

apontando que as exportações brasileiras eram pouco concentradas. No período subseqüente, a pauta de exportações brasileiras passou a ser moderadamente concentrada, com um pico de concentração em 2006. Ainda assim, as exportações brasileiras para o Peru mantiveram-se menos concentradas que as exportações para Argentina e Venezuela. Além disso, nesses dois países, a concentração cresceu de forma mais acentuada. O principal motivo desse movimento de concentração da pauta de exportações brasileira para o Peru encontra-se em um substancial aumento das exportações do setor de Extração de Petróleo e gás natural, que partiu de uma participação no total de 4,6% em 2003, para 15,7% em 2008. No ano de 2006, a participação desse setor no valor exportado ao Peru chegou a 23,9%, o que coincide com o pico de concentração observado no Gráfico 15. Outros setores que também contribuíram para o movimento de concentração da pauta foram Fabricação de caminhões e ônibus, que registrou um aumento de 8,1 pontos percentuais de participação entre 2003 e 2008, Fabricação de aparelhos e equipamentos de telefonia e radiotelefonia e de transmissores de televisão e rádio, cuja participação cresceu 4,3 pontos percentuais, e os setores de Siderurgia e Fabricação de máquinas e equipamentos de uso na extração mineral e construção, com crescimento de 3,7 pontos percentuais de participação na pauta. Esse resultado de aumento na concentração das exportações brasileiras para o Peru está ocorrendo em setores em que as importações totais peruanas também têm se concentrado mais, como Extração de petróleo e gás, Fabricação de caminhões e ônibus e Siderurgia, setores já mencionados na análise do índice de complementaridade. Essa convergência é positiva, pois indica que o Brasil está aproveitando oportunidades em setores de crescente importância na pauta peruana de importações.

4- Índice de Preços e Índice de Quantum4 Neste estudo, o cálculo do índice de preços e do índice de quantum (quantidade) medem respectivamente quanto o preço e a quantidade dos produtos exportados influenciam no aumento ou diminuição do valor das exportações brasileiras para o mercado peruano. Analisando o passado recente, verifica-se que, entre 2003 e 2006, o elemento que teve maior peso na taxa de crescimento do valor exportado para o Peru foi o crescimento do quantum exportado. Já nos anos de 2007 e 2008, a variação de preços foi mais importante para o crescimento geral de valor. Isso pode ser resultado do crescimento expressivo, nesses dois anos, das exportações brasileiras de produtos do setor de máquinas e equipamentos, os quais possuem maior valor agregado e são, portanto, mais caros. Por outro lado, em conseqüência da crise internacional, em 2009 houve uma queda significativa do valor exportado, de 35,2%, com quedas tanto nos preços como no quantum exportado. Gráfico 16 – Crescimento de valor, Índice de preços e Índice de quantum das exportações brasileiras para o Peru

60,8% 47,6%

41,2%

15,5% 12,0%

2004

39,4% 33,0%

29,4%

29,1%

21,0% 9,2% 8,3% 0,8%

4,5% 2005

2006

2007

8,0%

2008

2009 -15,0% -23,8% -35,2%

Crescimento de valor

Índice de preços (Fischer)

Índice de quantum

Fonte: MDIC. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.

4

4

O índice de preços adotado é o Índice de Fischer, que consiste na média geométrica dos índices de Laspeyres e de Paasche . O Índice de Fischer mede a variação dos preços e quanto maior ele for, maior a variação de preços verificada nas exportações brasileiras para o país em foco. O índice de quantum, por sua vez, é obtido pela divisão do índice de variação do valor exportado pelo índice de Fischer (índice de preços) e mede o crescimento do volume exportado. Nesta análise, a medida de quantidade utilizada é o peso (em quilogramas) dos produtos, disponível nos dados de exportação divulgados pelo MDIC/Aliceweb. Salienta-se que para o cálculo do índice de preços foram excluídas, por produto, as taxas de crescimento do valor exportado consideradas casos extremos da amostra, partindo da observação do gráfico Box-Plot de cada ano. O índice de Laspeyres pondera preços de insumos em duas épocas, inicial e atual, tomando como pesos quantidades definidas para estes insumos na época inicial. O índice de Paasche, por sua vez, pondera os preços nas épocas inicial e atual, mas tomando como pesos quantidades arbitradas para os insumos na época atual.

5-

Índice de Comércio Intra-Setor Industrial

Este índice mostra a dinâmica do comércio exterior entre países que dentro de um mesmo setor produtivo. Esse tipo de comércio é realizado não de forma concorrencial, mas sim a partir de uma dinâmica de cooperação. Dessa forma, mesmo que as economias de duas regiões não sejam complementares, podem existir trocas comerciais elevadas, haja vista o comércio intra-setor industrial. É a ocorrência do comércio intra-setorial que explica, por exemplo, porque o valor de trocas comerciais entre países desenvolvidos, que possuem estruturas econômicas similares, centradas em produtos com maior conteúdo tecnológico, seja mais alto que o comércio entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento, os quais em geral exportam produtos primários ou intensivos em trabalho (como têxteis e calçados). O índice de comércio intra-setorial é considerado relevante quando seu valor é superior a 0,5. A classificação setorial empregada no seu cálculo do é a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). Tabela 4 - Comércio Intra-Setor Industrial – Brasil-Peru CNAE

14 141 142 17 173 177 15 151 27 275

Descrição

Extração de minerais não-metálicos Extração de Pedra, areia e argila Extração de outros mineiras não-metálicos Fabricação de produtos têxteis Tecelagem - inclusive fiação e tecelagem Fabricação de Tecidos e artigos de malha Fabricação de produtos alimentícios e bebidas Abate e preparação de produtos de carne e de pescado Metalurgia básica Fundição

2003

2004

2005

2006

2007

2008

0,98 0,14 0,99 0,41 0,03 0,00 0,76

0,96 0,30 0,97 0,31 0,06 0,04 0,74

0,29 0,30 0,42 0,15 0,11 0,61

0,60 0,00 0,64 0,57 0,24 0,12 0,73

0,69 0,41 0,70 0,63 0,27 0,09 0,79

0,94 0,90 0,94 0,91 0,69 0,85 0,71

0,93

0,75

0,73

0,99

0,74

0,46

0,59 -

0,49 -

0,44 -

0,59 -

0,42 0,65

0,57 0,66

Fonte: MDIC. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.

O primeiro aspecto que deve ser notado é que o comércio intra-setorial não é significativo na corrente de comércio entre Brasil e Peru. Em 2008, os subsetores apresentados na Tabela 2 somaram trocas de US$ 64,8 milhões, representando apenas 2,0% do comércio entre os dois países. Com isso, infere-se que as relações comerciais entre Brasil e Peru são impulsionadas por outros fatores, como a proximidade geográfica e a diferenciação da estrutura produtiva de cada país. De fato, a economia brasileira é muito mais diversificada que a peruana, contando com a presença de um número maior de setores produtivos.

Assim, a configuração do comércio intra-setor entre o Brasil e o Peru é coerente com a estrutura econômica peruana, concentrada em setores intensivos em recursos naturais ou intensivos em mão-de-obra. Destacamos que o setor de Fabricação de alimentos e bebidas é o mais importante da indústria do Peru, com quase um terço da produção total. A indústria têxtil, por sua vez, concentra 15% da produção industrial do país, e tem sua tradição calcada na qualidade das matérias-primas do país, como algodão, lã de vicunha e lã de alpaca. No setor Fabricação de produtos têxteis, o índice de comércio intra-setor foi bem próximo de 1 no último ano analisado, indicando que quase 100% do comércio entre Brasil e Peru foi intra-setorial. No subsetor de Tecelagem e Fiação, praticamente todo esse resultado relaciona-se ao comércio de tecidos de algodão, com algumas características diferentes entre os tecidos fornecidos por cada país. O Peru também exporta para o Brasil tecidos de lã, enquanto o Brasil fornece alguns tecidos sintéticos. Já no subsetor de Fabricação de tecidos e artigos de malha, o Brasil importa do Peru suéteres e pulôveres de materiais diversos (algodão, fibras sintéticas, lã), enquanto o Brasil exporta principalmente tecidos de malha de fibra sintética. O comércio intra-setorial de produtos têxteis somou US$ 13,3 milhões em 2008, o que representou 27,6% do comércio desse setor. O comércio entre Brasil e Peru de produtos do setor de Fabricação de produtos alimentícios e bebidas somou US$ 77,7 milhões, e também apresentou um alto índice de comércio intra-setor ao longo do período analisado. Apesar disso não foi detectado um nível relevante de comércio intra-setorial em nenhum subsetor no ano de 2008. Isso ocorre porque os produtos fornecidos pertencem a subsetores diferentes. Enquanto o Peru exporta principalmente conservas (como azeitonas e aspargos), o Brasil vende produtos como gorduras (especialmente óleo de soja), açúcar, rações para animais e laticínios. Há uma coincidência nos altos valores das trocas comerciais de produtos de Abate e preparação de carnes e pescado e, de fato, esse subsetor teve um alto índice de comércio intra-setorial em todos os anos analisados, exceto o último. Ao longo do período em foco, o Brasil forneceu ao Peru carne bovina e de frango, enquanto o Peru exportou carnes de pescados variados e farinhas de peixe. Porém, no último ano, enquanto as exportações brasileiras do subsetor cresceram 19,2%, as exportações do Peru caíram 3,4%, o que distanciou os valores das trocas comerciais entre os dois países e descaracterizou o comércio intra-setorial. Os setores de Extração de minerais não-metálicos e Metalurgia básica a princípio chamam a atenção, por estarem relacionados à atividade extrativa mineral, que é relevante tanto para a economia peruana como para a brasileira. No entanto, em ambos os casos, os subsetores nos quais se identificou a presença de comércio intra-setor são pouco expressivos para as pautas de exportação dos países, tendo representado 0,2% das exportações peruanas e 0,4% das exportações brasileiras. Como resultado, os subsetores de Extração de Pedra, areia e argila, Extração de outros minerais não-metálicos e Fundição

também foram pouco significativos no comércio entre Brasil e Peru, alcançando apenas US$ 5,2 milhões em 2008, ou 0,16% do comércio entre Brasil e Peru.

6- Medida de Intensidade Tecnológica Este não é um índice de comércio, mas uma medida utilizada para classificar um produto ou uma indústria. Este estudo utilizará a seguinte classificação: Quadro 1 – Taxonomia da intensidade tecnológica e respectivos setores da economia Intensidade Tecnológica Produtos Primários

Setores da Economia Agrícolas, Minerais e Energéticos

Indústria Intensiva em Recursos Naturais

Indústria Agroalimentar, Indústria Intensiva em Outros Recursos Agrícolas, Indústria Intensiva em Recursos Minerais e Indústria Intensiva em Recursos Energéticos.

Indústria Intensiva em Trabalho ou Tradicional

Bens industriais de consumo não-duráveis mais tradicionais: Têxteis, Confecções, Couro e Calçado, Cerâmico, Produtos Básicos de Metais, entre outros.

Indústria Intensiva em Escala

Indústria Automobilística, Indústria Siderúrgica e os Bens Eletrônicos de Consumo5

Fornecedores Especializados

Bens de Capital sob Encomenda e Equipamentos de Engenharia.

Indústria Intensiva em P&D

Setores de Química Fina (produtos farmacêuticos, entre outros), componentes eletrônicos, Telecomunicação e Indústria Aeroespacial.

Fonte: Holland e Xavier (2004)

6

A análise das exportações brasileiras para o Peru, considerando-se a intensidade tecnológica dos produtos vendidos, mostra uma participação expressiva e crescente de bens manufaturados intensivos em escala. Isso está relacionado principalmente às exportações de produtos dos setores de Siderurgia e setores associados à indústria automobilística, especialmente Fabricação de caminhões e ônibus, que, somados, representaram 30,6% das exportações brasileiras em 2008. No entanto, os produtos primários foram os que mais ganharam importância para a pauta brasileira de exportações para o Peru, tendo aumentado sua participação em 10 pontos percentuais entre 2003 e 2008. Praticamente todas as exportações de produtos

5

Os bens eletrônicos de consumo são especificados em três linhas básicas: (a) Vídeo – televisores, videocassete e câmera de vídeo; (b) Áudio – rádio, auto-rádio, cd player, toca disco, sistema de som, etc; (c) Outros Produtos – forno de microondas, calculadoras, aparelhos telefônicos, geladeiras, instrumentos musicais, entre outros. 6

Dinâmica e competitividade setorial das exportações brasileiras: uma análise de painel para o período recente, Anais do XXXII encontro nacional de economia.

primários correspondem a vendas de petróleo, e esse aumento pode estar relacionado ao expressivo aumento do preço desse produto entre os anos analisados. Mesmo com o aumento da participação de produtos primários, deve ser destacado que a maior parte das exportações brasileiras para o Peru é composta de produtos manufaturados de média a alta intensidade tecnológica. Assim, a soma das exportações de produtos intensivos em economia de escala, manufaturados produzidos por fornecedores especializados e manufaturados intensivos em P&D representaram 66,6% do total. As participações de produtos manufaturados intensivos em trabalho e de produtos intensivos em recursos naturais nas exportações brasileiras sofreram as quedas mais expressivas entre 2003 e 2008. Essa queda foi mais relevante, no caso de produtos intensivos em trabalho, em setores da indústria têxtil (queda de 4,2 pontos percentuais) e, no caso de produtos intensivos em recursos naturais, no setor de Fabricação de papel, papelão liso, cartolina e cartão (queda de 3,31 pontos percentuais). Gráfico 17 – Exportações brasileiras para o Peru por intensidade tecnológica – 2003 e 2008

2003 12,4%

2008

0,1% 8,1% 34,4%

15,7%

7,1%

0,1% 38,0%

10,8%

11,2% 17,8% 8,2% 18,1%

Fonte: MDIC. Elaboração: UICC – Apex-Brasil

18,2%

PARTE 5 – OPORTUNIDADES PARA O BRASIL NO PERU

As oportunidades para os exportadores brasileiros no mercado peruano foram identificadas através de uma metodologia desenvolvida pela Apex-Brasil, que pode ser encontrada no anexo 1. Em termos gerais, a metodologia faz o cruzamento das importações peruanas totais com as exportações brasileiras para o Peru, apontando as melhores chances para grupos e subgrupos de produtos7 brasileiros. O trabalho se inicia com o levantamento dos 5278 produtos que o Peru importou de todo o mundo entre 2003 e 2008. Esses produtos foram separados da seguinte maneira8: • Produtos com Exportações Incipientes – são aqueles cuja participação brasileira nas importações peruanas é muito baixa, ou seja, o Brasil vende pouco para o Peru. Também são considerados como exportações incipientes aqueles produtos cuja exportação brasileira para o Peru não é contínua9. • Produtos com Exportações Expressivas – são aqueles cuja participação brasileira nas importações peruanas é acima de 1%, ou seja, o Brasil tem um volume minimamente significativo de vendas para o Peru. Além disso, a exportação brasileira desses produtos para o Peru é contínua. Observando-se a Tabela 5, nota-se que, embora os produtos com exportações expressivas representem 95,7% do valor exportado pelo Brasil para o Peru, eles correspondem a apenas 51,6% do valor total das importações do mercado. A presença brasileira ainda é pouco significativa no que diz respeito aos 77,2% restantes de produtos importados pelo Peru, os quais representam 48,4% do valor total de suas importações e correspondem, dessa forma, ao conjunto de exportações incipientes.

7

Os produtos analisados no estudo são reunidos em grupos e subgrupos de acordo com critérios definidos pela Secretaria de Comercio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Os grupos, que são amplos, se dividem em subgrupos. Normalmente, a denominação dos grupos é abrangente e genérica enquanto a dos subgrupos é mais específica, permitindo que se identifique com maior clareza os produtos neles incluídos. 8

9

Os critérios utilizados para classificar as exportações como incipientes e expressivas são apresentadas na metodologia, no anexo 1.

Exportações contínuas são aquelas que, a partir da primeira venda efetuada, não são interrompidas em nenhum ano posterior. Analisando-se, por exemplo, um período de quatro anos, se determinado produto foi vendido apenas nos dois primeiros anos, suas exportações são consideradas descontínuas. Se, no entanto, as vendas do produto se iniciaram no terceiro ano e se repetiram no quarto, as exportações são consideradas contínuas.

Tabela 5 - Classificação de produtos importados pelo Peru

Classificação Expressivos Incipientes Total

Imp. totais do % de Imp. Exp. bra. para o % das Exp. bra. Peru – 2007 totais do Peru - Peru – 2007 para o Peru Nº de SH6 % de SH6 (US$) 2007 (US$) 2007 1204 22,81% 10.563.253.664 51,62% 1.804.160.182 95,75% 4074 77,19% 9.900.964.538 48,38% 80.077.493 4,25% 5278 100,00% 20.464.218.202 100,00% 1.884.237.675 100,00%

Fonte: UICC - Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.

1 - Oportunidades para os subgrupos de produtos brasileiros com exportações incipientes

Os subgrupos de produtos com oportunidades para exportações incipientes têm em comum o fato do Brasil ser especialista na exportação de seus produtos10, ao passo que o mercado peruano tem bom nível de dinamismo11, ou seja, cresce a um ritmo superior ao da média mundial. A conjunção desses dois fatores indica que há chances para as exportações brasileiras, mas elas precisam ser trabalhadas, numa estratégia de abertura do mercado peruano. Daí porque esses subgrupos de produtos são denominados “a desenvolver”. Os subgrupos de produtos com exportações incipientes que têm perspectivas de exportação para o Peru são listados na Tabela 6. As importações peruanas dos produtos abrangidos por esses subgrupos alcançaram o valor de US$ 1,7 bilhão em 2007.

10

O Brasil é especialista na exportação de um produto quando, na pauta de exportações brasileira, este produto é mais importante do que na pauta de exportações do mundo. A especialização de um país na exportação de determinado produto é medida através do cálculo da vantagem comparativa revelada (VCR). Explicações mais detalhadas sobre este assunto são fornecidas na metodologia encontrada no anexo 1. 11

Constata-se que alguns grupos de produtos peruanos são mais dinâmicos que outros, ou seja, suas importações crescem em um ritmo mais acelerado que as importações mundiais. Efetivamente, quanto mais dinâmico é um grupo de produtos, maior é o crescimento de suas importações e mais atraente ele se torna para os exportadores brasileiros. Foram então selecionados os grupos de produtos peruanos considerados muito dinâmicos, dinâmicos e de dinamismo intermediário. As faixas de dinamismo utilizadas no estudo estão descritas na metodologia, no anexo 1.

Tabela 6 – Subgrupos de produtos classificados como “a desenvolver” Grupos de produtos

Subgrupo de Produtos

Adubos e fertilizantes Carne bovina Cereais em grão e esmagados Farinhas para animais Obras de pedra e semelhantes Outros produtos de origem animal Peles, peleteria e couros e seus artefatos(exceto calçados e suas partes) Preparações de carnes, peixes e crustáceos Soja (grãos, óleos e farelo) Soja (grãos, óleos e farelo)

Adubos e fertilizantes Carne de boi "in natura" Cerais em grão e esmagados Farinhas para animais Obras de pedras e semelhantes Outros produtos de origem animal Produtos do couro Carne de boi industrializada Farelo de soja Oleo de soja em bruto

Importações Crescimento Nº de totais do médio anual produtos Dinamismo mercado em entre 2002 e (SH6) 2007 (US$) 2007 (%) 375.138.690 27,09 22 Intermediário 6.194.700 25,98 5 Dinâmico 859.748.375 19,57 41 Intermediário 6.105.217 36,49 16 Intermediário 12.450.322 24,14 40 Intermediário 1.738.880 21,80 13 Intermediário 34.457.159 2.138.521 228.388.580 211.910.956

18,26 10,57 15,17 18,62

27 2 1 1

VCR do Brasil

Intermediário Intermediário Intermediário Intermediário

Fonte: UICC - Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS

No que se refere ao valor importado pelo Peru em 2007, o maior subgrupo de produtos de exportações incipientes classificados como “a desenvolver” foi o de “Cereais em grãos e esmagados”, seguido pelo de “Adubos e fertilizantes”, “Farelo de soja” e “Óleo de soja em bruto”. No entanto, apenas alguns SH6 respondem por grande parte do volume importado desses subgrupos. Nesse sentido, vale mencionar que: • No caso de “Cereais em grãos e esmagados”, o SH6 100590 (“Milho, exceto para semeadura”), o SH6 100110 (“Trigo duro”) e o SH6 100190 (“Trigo (exceto duro) e mistura de trigo com centeio”) representam 86% (US$ 743 milhões) do valor total da importação desse subgrupo. • No subgrupo “Adubos e fertilizantes”, por sua vez, os SH6 310210 (“Uréia, mesmo em solução aquosa”) e SH6 310230 (“Nitrato de amônio, mesmo em solução aquosa”) representam 59% do total importado desse subgrupo. • Já os subgrupos referentes ao grupo de produtos “Soja (grãos, óleos e farelo)” contêm apenas um SH6 cada um. No caso de “Farelo de soja” todos os dados da tabela se referem ao SH6 230400 (“Tortas e outros resíduos da extração do óleo de soja(farelo de soja)”), enquanto o subgrupo “Óleo de soja em bruto” está representado pelo SH6 150710 (Óleo de soja, em bruto, mesmo degomado”).

2 - Oportunidades para os grupos de produtos brasileiros com exportações expressivas

Os grupos de produtos com exportações expressivas são classificados em cinco categorias:

0,75 3,78 1,22 1,14 0,97 1,68 0,37 12,67 21,60 19,29

Consolidados12 – é o caso dos grupos de produtos brasileiros que já estão bem posicionados no mercado peruano (sua participação é superior a 30%) e gozam de uma situação confortável em relação a seus principais concorrentes. A estratégia de atuação para esses grupos de produtos é de manutenção do espaço já conquistado. Aqui estão boas oportunidades para as exportações brasileiras; A consolidar13 – é o caso dos grupos de produtos que ainda não são consolidados, mas que estão crescendo no mercado peruano mais do que os concorrentes. Aqui estão as melhores oportunidades para os exportadores brasileiros; Em risco14 – é o caso dos grupos de produtos que já estiveram consolidados no mercado peruano e, hoje, ainda tem uma participação significativa, mas vêm perdendo espaço para os concorrentes. Esses grupos de produtos demandam uma estratégia distinta dos grupos consolidados, pois aqui deve haver um esforço para retomar o espaço perdido ou para, ao menos, reduzir a rapidez com que o Brasil perde participação no mercado peruano para seus concorrentes; Em desvio de comércio15 – é o caso dos grupos de produtos nos quais o Brasil é especialista na exportação e o principal concorrente não. Apesar disso, o crescimento médio das exportações do principal concorrente é maior que o do Brasil. Antes de investir no mercado peruano, os exportadores brasileiros devem entender o que causa o desvio de comércio. Em declínio16 – é o caso dos grupos de produtos brasileiros que nunca estiveram consolidados no Peru e que vêm perdendo participação naquele mercado. Aqui as oportunidades para os exportadores brasileiros são menos interessantes. A Tabela 7 mostra quais grupos de produtos foram classificados como consolidados, a consolidar, em desvio de comércio e em declínio. 12

O Brasil tem uma participação mínima de 30% nas importações peruanas e o crescimento médio das exportações brasileiras para o Peru é igual ou superior ao crescimento médio das exportações dos concorrentes no período analisado.

13

A participação brasileira nas importações peruanas é inferior a 30%, mas o crescimento médio das exportações brasileiras é igual ou superior ao dos concorrentes no período analisado. 14

A participação brasileira nas importações peruanas é igual ou superior a 30%, mas o crescimento médio das exportações dos concorrentes supera em mais de 50% o do Brasil no período analisado.

15

O Brasil apresenta vantagens na exportação do grupo de produtos, ao contrário do principal concorrente. No entanto, o crescimento médio das exportações brasileiras é inferior a do principal concorrente. 16

O Brasil e seu principal concorrente têm o mesmo nível de especialização na exportação do grupo de produtos e o crescimento médio das exportações brasileiras é negativo. O grupo de produtos também estará “em declínio” caso o crescimento das exportações brasileiras seja positivo, porém pequeno (inferior a 15%), e metade da taxa de crescimento dos concorrentes.

Tabela 7 – Classificação dos grupos de produtos de exportações expressivas

Grupo de Produtos

Borracha e suas obras Calçados e suas partes Ferramentas, talheres e outras obras de metais Higiene pessoal e cosméticos Instrumentos de precisão

Crescimento Exportações Crescimento Importações médio anual Participação Participação brasileiras Nº de médio anual VCR VCR do totais do das imp. de brasileira Principal do principal para o produtos das exp. bra. do Principal Classificação mercado em concorrentes em 2007 Concorrente concorrente mercado em (SH6) Entre 2002 e Brasil Concorrente 2007 (US$) entre 2002 e (%) em 2007 (%) 2007 (US$) 2007 (%) 2007 (%) 31.161.253

40

22,11

19,01

95.132.618

11.595.179

12

17,21

140.743.286

16.542.150

64

183.530.201

24.643.459

156.446.783

Desvio de comércio

12,52 EUA

16,36 1,56

0,98

6,23

12,19 China

59,90 3,08

3,41 Em declínio

20,37

11,18

11,75 China

14,29 0,73

1,39 Em declínio

20

11,81

28,19

13,43 Colômbia

25,27 0,71

1,90 A consolidar

13.018.201

49

18,43

8,68

8,32 EUA

32,11 0,30

2,06 Em declínio

Máquinas e motores 1.637.315.664 233.902.340

208

25,33

38,93

14,29 EUA

26,61 0,98

0,02 A consolidar

Materiais elétricos e 1.122.516.356 169.591.746 eletro-eletrônicos

106

25,67

29,38

15,11 México

31,82 0,64

3,05 A consolidar

Metais não-ferrosos

248.961.506

47.157.447

17.087.663

20

21,12

26,43

36,24 China

10,57 1,15

0,64 Consolidado

218.247.406

61.489.953

38

13,39

17,14

28,17 Colômbia

17,34 1,51

1,71 A consolidar

Petróleo e derivados 2.742.685.832 393.870.096 de petróleo

4

33,24

306,26

14,36 Equador

47,86 0,87

10,64 A consolidar

Papel e celulose

Plásticos e suas obras Produtos farmacêuticos Produtos metálurgicos Produtos químicos Têxteis Tintas Veículos automotores e suas partes Vidro e suas obras

717.139.508

77.586.268

48

23,93

33,18

10,82 EUA

37,62 0,72

1,18 A consolidar

265.570.294

22.918.345

14

8,11

14,51

8,63 EUA

18,86 0,18

0,12 A consolidar

803.808.204 218.528.182

98

33,96

54,12

27,19 China

20,29 2,78

1,20 A consolidar

31.804.989 29.622.600 13.279.300

89 114 28

18,67 18,86 12,08

19,98 7,30 14,09

12,67 EUA 14,05 EUA 11,91 EUA

33,29 1,48 19,42 0,85 13,71 0,58

1,29 A consolidar 0,71 Em declínio 1,02 A consolidar

1.034.535.851 330.191.598

36

39,17

55,29

31,92 Japão

20,65 1,35

2,31 Consolidado

26

19,39

30,42

17,62 China

26,52 0,82

0,99 A consolidar

251.053.495 210.909.621 111.535.825

104.087.427

18.337.575

Fonte: UICC - Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.

Os grupos de produtos consolidados somam US$ 347,3 milhões em exportações brasileiras, sendo que 95% desse valor corresponde apenas ao grupo “Veículos automotores e suas partes”. O restante é composto por produtos do grupo “Metais não-ferrosos”. O único grupo de produtos classificado como “desvio de comércio” foi “Borracha e suas obras”, cujas exportações brasileiras totalizam US$ 31,1 milhões. Nesse caso, as exportações do principal concorrente, os Estados Unidos, podem ter sido favorecidas pelo Acordo de Livre Comércio assinado entre este país e o Peru. Quatro grupos de produtos foram identificados com situação em declínio: “Calçados e suas partes”; “Ferramentas, talheres e outras obras de metais”; “Instrumentos de precisão” e “Têxteis”. Em nenhum caso as exportações brasileiras caíram no período entre 2002 e 2007, porém seu crescimento médio no período foi insuficiente para acompanhar o ritmo de crescimento desses grupos no país e, assim, manter a posição brasileira no mercado peruano.

A maior parte dos grupos de produtos de exportações expressivas no Peru foi classificada como a consolidar. São eles: “Higiene pessoal e cosméticos”, “Máquinas e motores”, “Materiais elétricos e eletroeletrônicos”, “Papel e celulose”, “Petróleo e derivados de petróleo”, “Plástico e suas obras”, “Produtos farmacêuticos”, “Produtos metalúrgicos”, “Produtos químicos”, “Tintas” e “Vidro e suas obras”. Eles serão analisados mais detalhadamente a seguir. A seguir, a Tabela 8 detalha quais subgrupos foram classificados como consolidados. Tabela 8 - Subgrupos de produtos classificados como consolidados – Exportações expressivas

Grupos de Produtos

Papel e celulose Máquinas e motores Produtos metálurgicos Máquinas e motores Máquinas e motores

Subgrupo de Produtos

Celulose Ferramentas manuais, pneumáticas ou hidráulicas Fio-máquinas e barras de ferro ou aço Laminadores de metais Turbinas hidráulicas e rodas hidráulicas

Crescimento Exportações Crescimento Importações médio anual brasileiras Nº de médio anual Participação totais do das imp. de para o produtos das exp. bras. brasileira em mercado em concorrentes mercado em (SH6) entre 2002 e 2007 (%) 2007 (US$) entre 2002 e 2007 (US$) 2007 (%) 2007 (%) 28.525

28.525

2

11.911.479 3.674.577 148.546.252 113.404.843 5.338.047 1.902.892 1.706.829 1.217.740

3 7 1 1

17,96 0,77 21,47 -24,83

23,67

100,00

67,60 107,51 51,32 22,91

30,85 76,34 35,65 71,35

Fonte: UICC - Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.

Destaca-se o subgrupo de “Celulose”, para o qual o Brasil foi o único fornecedor em todo o período compreendido entre os anos de 2002 e 2007. A presença brasileira também é muito significativa em “Turbinas hidráulicas e rodas hidráulicas” e “Fio-máquinas e barras de ferro ou aço”. Este último subgrupo também merece menção pelo alto volume importado pelo mercado – quase US$ 150 milhões em 2007. A Tabela 9 apresenta o subgrupo considerado em risco no mercado peruano. Tabela 9 - Subgrupos de produtos classificados como em risco – Exportações expressivas

Grupos de Produtos

Produtos metálurgicos

Subgrupo de Produtos

Produtos semimanufaturados de ferro ou aço

Crescimento Crescimento Exportações Importações médio anual brasileiras Nº de médio anual Participação totais do das imp. de das exp. bras. brasileira em para o produtos mercado em concorrentes mercado em (SH6) entre 2002 e 2007 (%) 2007 (US$) entre 2002 e 2007 (US$) 2007 (%) 2007 (%) 17.846.306

6.600.302

2

315,47

17,36

Fonte: UICC - Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.

O único caso de subgrupo “em risco” foi o de “Produtos semimanufaturados de ferro ou aço”, pertencente ao grupo de Produtos Metalúrgicos. Na realidade, as exportações brasileiras desse subgrupo se iniciaram apenas em 2006, e cresceram 17% no ano de 2007. O crescimento dos concorrentes, considerando-se apenas esses dois anos, foi de 245%, ainda muito superior ao das vendas brasileiras, o que sugere que a boa posição com a qual o Brasil entrou no mercado peruano em 2006 pode não se sustentar.

36,98

Já a tabela 10 mostra quais subgrupos foram considerados em declínio no mercado do Peru. Tabela 10 - Subgrupos de produtos classificados como em declínio – Exportações expressivas

Grupos de Produtos

Máquinas e motores Máquinas e motores Máquinas e motores Materiais elétricos e eletro-eletrônicos Materiais elétricos e eletro-eletrônicos Produtos metálurgicos

Subgrupo de Produtos

Computadores e acessórios Máquinas e aparelhos para moldar borracha e plástico Motores e turbinas para aviação Aparelhos eletro-mecanânicos térmicos, de uso doméstico Pilhas, baterias e acumuladores elétricos Ferro-ligas

Crescimento Exportações Crescimento Importações médio anual brasileiras Nº de médio anual Participação totais do das imp. de para o produtos das exp. bras. brasileira em mercado em concorrentes mercado em (SH6) entre 2002 e 2007 (%) 2007 (US$) entre 2002 e 2007 (US$) 2007 (%) 2007 (%) 71.943.478

3.903.926

4

2,12

-14,89

5,43

49.772.587 107.721

3.269.361 20.820

6 2

22,88 33,15

2,14 -27,13

6,57 19,33

24.066.045

1.253.336

7

14,38

0,50

5,21

29.021.126 24.919.934

1.170.148 6.850.316

3 5

20,84 43,93

5,12 13,49

4,03 27,49

Fonte: UICC - Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.

Há dois subgrupos que apresentaram queda no valor exportado entre os anos de 2002 e 2007: “Computadores e acessórios” e “Motores e turbinas para aviação”. Este último caso é particularmente preocupante tendo em vista o contraste com o alto crescimento das vendas dos concorrentes no mesmo período. No caso dos demais subgrupos, o valor exportado pelo Brasil aumentou pouco, sem acompanhar o ritmo de crescimento do mercado peruano. Finalmente, a Tabela 11 explicita quais subgrupos foram classificados como a consolidar e que, portanto, consistem nas principais oportunidades para os produtos brasileiros no conjunto de exportações expressivas no mercado peruano.

Tabela 11 – Subgrupos de produtos classificados como a consolidar – Exportações expressivas

GRUPOS DE PRODUTOS

SUBGRUPOS DE PRODUTOS

Higiene pessoal e cosméticos Higiene pessoal e cosméticos

Crescimento Exportações Crescimento Participação Valor importado Médio Brasileiras para Quantidade Médio Brasil Brasileira pelo mercado Concorrentes o Mercado em SH6 2003-2008 em 2008 em 2008 (U$S) 2003-2008 2008 (US$) (%) (%) (%) 183.530.201

24.643.459

20

10,16

28,19

13,43

Máquinas e motores

Aparelhos de ar condicionado

11.321.960

1.986.790

4

27,73

54,10

17,55

Máquinas e motores

Aparelhos mecânicos para projetar/pulverizar líquidos/pós

35.824.953

2.876.136

5

34,03

20,44

8,03

Máquinas e motores

Aparelhos para filtrar ou depurar

88.173.964

7.786.977

6

23,10

34,90

8,83

Máquinas e motores

Aquecedor e secador

52.407.710

3.631.850

8

18,33

30,88

6,93

Máquinas e motores

Compressores e bombas

191.676.775

20.537.578

13

28,23

33,92

10,71

Máquinas e motores

Demais máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos

149.282.163

16.935.689

67

22,33

35,66

11,34

Máquinas e motores

Máquinas de lavar roupas e suas partes

222.612

30.969

1

20,21

90,85

13,91

Máquinas e motores

Máquinas e aparelhos de terraplanagem, perfuração

344.083.486

98.746.410

7

33,62

98,89

28,70

Máquinas e motores

21.563.239

6.396.034

21

11,10

26,52

29,66

Máquinas e motores

Máquinas e aparelhos de uso agrícola, exceto trator Máquinas e aparelhos para fabricação industrial de alimentos e bebidas Máquinas e aparelhos para trabalhar pedra e minério

Máquinas e motores Máquinas e motores

Máquinas e motores

40.036.757

3.065.281

8

26,02

29,10

7,66

118.389.444

12.739.887

7

33,28

64,10

10,76

Máquinas e aparelhos de elevação de carga, descarga, etc

42.326.086

10.826.708

9

34,46

32,45

25,58

Máquinas e aparelhos para encher, fechar, etc. recipientes

33.802.377

4.963.159

4

30,38

42,84

14,68

8.622.322

1.609.232

5

19,22

16,52

18,66

Máquinas e motores

Motores para veículos automóveis

12.410.204

586.806

2

35,96

51,28

4,73

Máquinas e motores

Outros motores de pistão

27.086.658

679.423

1

49,78

85,70

2,51

Máquinas e motores

Partes de motores para veículos automóveis

79.622.600

7.145.600

2

13,60

23,77

8,97

Máquinas e motores

Refrigeradores e congeladores

110.709.387

11.664.600

9

25,86

19,47

10,54

Máquinas e motores

Rolamentos e engrenagens

102.804.611

6.254.897

9

19,33

40,61

6,08

Máquinas e motores Materiais elétricos e eletroeletrônicos Materiais elétricos e eletroeletrônicos Materiais elétricos e eletroeletrônicos Materiais elétricos e eletroeletrônicos Materiais elétricos e eletroeletrônicos Materiais elétricos e eletroeletrônicos Materiais elétricos e eletroeletrônicos Materiais elétricos e eletroeletrônicos Materiais elétricos e eletroeletrônicos Materiais elétricos e eletroeletrônicos Materiais elétricos e eletroeletrônicos

Torneiras e válvulas

26.168.215

1.448.998

3

36,66

60,27

5,54

Aparelhos e dispositivos eletrônicos de ignição e arranque

16.911.452

2.375.660

7

16,31

15,44

14,05

Aparelhos para interruptores, prot. de energia, suas partes

145.900.814

9.618.663

17

24,60

35,02

6,59

Aparelhos transmissores e receptores

602.034.732

110.485.829

6

24,84

27,26

18,35

Aparelhos eletr. de iluminação e sinalização para automóveis

10.119.438

1.213.331

3

19,51

29,42

11,99

Circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos

24.733.313

2.754.760

2

53,90

58,45

11,14

Condensadores eletr. fixos, variáveis ou ajustáveis

3.532.875

270.795

6

19,40

15,67

7,67

Demais materiais elétricos e eletrônicos

43.541.533

6.794.774

21

18,49

34,19

15,61

Ferramentas eletromecânicas com motor, de uso manual

13.051.695

2.391.832

3

37,14

26,60

18,33

Fios, cabos e condutores para uso elétrico

84.639.173

12.280.240

9

45,02

62,03

14,51

102.983.554

17.600.314

17

28,09

37,60

17,09

Papel e celulose Petróleo e derivados de petróleo

Papel e suas obras

Plásticos e suas obras

Plásticos e suas obras

Máquinas e motores

Máquinas e aparelhos para fabricar pasta celulósica e papel

Geradores e transformadores, elétricos Lâmpadas, tubos elétricos e faróis

Petróleo e derivados de petróleo

21.980.606

1.382.064

5

9,53

21,14

6,29

218.218.881

61.461.428

36

12,09

17,14

28,17

2.742.685.832

393.870.096

4

29,19

306,26

14,36

717.139.508

77.586.268

48

23,04

33,18

10,82

Produtos farmacêuticos

Produtos farmacêuticos

265.570.294

22.918.345

14

7,60

14,51

8,63

Produtos metálurgicos

Demais produtos metalúrgicos

175.601.413

34.918.788

43

29,55

26,76

19,89

Produtos metálurgicos

Ferro fundido bruto e ferro "spiegel" (ferro gusa)

Produtos metálurgicos

Produtos laminados planos de ferro ou aço

Produtos metálurgicos

Tubos de ferro fundido, ferro ou aço

Produtos químicos

Demais produtos químicos

Produtos químicos

Produtos químicos inorgânicos

Produtos químicos Tintas Vidro e suas obras

2.841.044

448.703

1

152.960,84

349.073.054

50.113.375

30

34,03

53,94

14,36

84.980.201

6.191.855

10

36,26

24,40

7,29

159.256.825

12.470.970

33

18,51

18,97

7,83

23.823.568

6.862.280

17

16,01

14,17

28,80

Produtos químicos orgânicos

67.973.102

12.471.739

39

19,25

25,38

18,35

Extratos tanantes e tintoriais

111.535.825

13.279.300

28

11,82

14,09

11,91

Vidro e suas obras

104.087.427

18.337.575

26

17,65

30,42

17,62

Fonte: UICC - Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.

15,79

O subgrupo de produtos “Higiene pessoal e cosméticos” é composto 20 SH6, dos quais sete se destacam por apresentarem tendência de crescimento positiva e terem contribuído para o crescimento do grupo mais que os demais produtos: −

O SH6 330720 (“Desodorantes corporais e antiperspirantes”) é o de maior valor exportado

pelo Brasil em 2007, US$ 3,6milhões, e também o de maior crescimento médio de exportações, 64,8%. −

Os SH6 330610 (“Dentrifícios”) e 330590 (“Outras preparações capilares”) atingiram ambos a

marca de US$ 3,4 milhões exportados em 2007. O grupo de produtos “Máquinas e motores” é o mais diversificado dentre as exportações expressivas do Brasil para o Peru. Identificaram-se vinte subgrupos de produtos a consolidar, dos 24 subgrupos que compõem o grupo. O subgrupo “Máquinas e aparelhos de terraplanagem, perfuração” se coloca tanto como aquele de maior valor exportado pelo Brasil em 2007 (US$ 98 milhões), como o de maior crescimento médio no período entre os anos de 2002 e 2007 (98,9%). Assim, analisando-se os SH6 que mais se destacaram no bom desempenho do grupo de produtos “Máquinas e Motores”, os quatro primeiros em valor de exportações brasileiras em 2007 coincidem com os destaques do subgrupo de “Máquinas e aparelhos de terraplanagem, perfuração”: −

SH6 842952 (“Máquinas escavadoras, com capacidade de efetuar uma rotação de 360 graus,

autopropulsores”) e SH6 842911 (“’Bulldozers’ e ‘angledozers’, de lagartas, autopropulsores”), sendo que para cada um deles as exportações do Brasil para o Peru com valores alcançaram um patamar de US$ 28 milhões. Outros SH6 com exportações brasileiras robustas em 2007 que podem ser mencionados foram: −

No subgrupo de produtos “Máquinas e Aparelhos para Elevação de Carga, Descarga, etc.”, o

SH6 842810 (“Elevadores e monta-cargas”), com US$ 7,0 milhões; −

No subgrupo “Compressores e bombas”, o SH6 841430 (“Compressores para equipamentos

frigoríficos”), com US$6,4 milhões; −

Em “Partes de Motores para Veículos Automóveis”, o SH6 840999 (“Outras partes para

motores diesel ou semidiesel”), com US$ 5,5 milhões; −

Vale mencionar também o SH6 841850 (“Outros congeladores ("freezers") e refrigeradores,

vitrinas, balcões e móveis semelhantes, para a produção de frio”), do subgrupo “Refrigeradores e

Congeladores”, que se destaca pela taxa média de crescimento anual das exportações brasileiras entre 2002 e 2007, de 224%. Para o grupo de produtos “Materiais elétricos e eletro-eletrônicos”, por sua vez, foram identificados 11 subgrupos de produtos a consolidar, entre os 13 subgrupos que compõem o grupo. O subgrupo “Aparelhos transmissores e receptores” representou 66,0% do total das exportações brasileiras desses subgrupos a consolidar, com US$ 110,5 milhões em 2007. Isso se deveu aos valores alcançados nas exportações de dois SH6: −

SH6 851712 (“AP.RADIOTEL.,PORTÁTIL EX:WALKIE/HANDLE-TALKIE”), o mais exportado de

todo o grupo, com US$ 75,3 milhões; −

SH6 852520 (“Aparelhos transmissores (emissores) com aparelho receptor incorporado, para

radiofonia, radiotelegrafia, radiodifusão ou televisão”), com US$ 33,7 milhões exportados em 2007. Este SH6, no entanto, sofreu queda nas exportações brasileiras, em 2007, de cerca de 70%. Os patamares tanto das importações totais peruanas como das exportações brasileiras para outros SH6 do grupo de “Materiais elétricos e eletro-eletrônicos” foram menores, mas mesmo assim merecem menção, por seu desempenho positivo: −

SH6 850153 (“Outros motores elétricos de corrente alternada, polifásicos, de potência >

75kW”), do subgrupo “Geradores e Transformadores Elétricos”, com exportações para o Peru de US$ 4,5 milhões em 2007 e crescimento médio das exportações brasileiras entre 2002 e 2007 de 70%, −

Do subgrupo “Fios, Cabos e Condutores para Uso Elétrico”, o SH6 854460 (“Outros condutores

elétricos, para tensão > 1.000V”), com valor exportado de US$ 3,9 milhões e crescimento médio anual de exportações de 109%. Para o subgrupo “Papel e suas Obras”, do grupo de produtos “Papel e Celulose”, podem ser apontados dois SH6 que, 72,3% do valor total exportado pelo Brasil desse subgrupo em 2007: −

SH6 480256 (“Papéis contendo =< 10% de fibras obtidas por processo mecânico, de peso

=> 40g/m2 mas não > 150g/m2, em folhas nas quais um lado =< 435mm e o outro =< 297mm, quando não dobradas”) −

SH6 480255 (“Papéis contendo < = 10% de fibras obtidas por processo mecânico, de peso

=> 40g/m2 mas não > 150g/m2, em rolos”).

O subgrupo de produtos “Petróleo e seus derivados”, do grupo de mesmo nome, contêm o SH6 mais exportado pelo Brasil para o Peru em 2007: −

SH6 270900 (“Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos”), com exportações

brasileiras de US$ 393 milhões. No subgrupo de produtos “Plástico e suas obras”, os SH6 que mais se destacaram pelo valor exportado e por suas taxas de crescimento foram: −

SH6 390230 (“Copolímeros de propileno, em formas primárias”), com exportações brasileiras

de US$ 12,9 milhões, e crescimento médio de 220% entre 2002 e 2007; −

SH6 390120 (“Polietileno de densidade => 0,94, em forma primária”), com exportações para

o Peur de US$ 12,5 milhões, e crescimento médio de 39%. No grupo de produtos “Produtos farmacêuticos”, o SH6 300490 (“Outros medicamentos contendo produtos misturados, para fins terapêuticos ou profiláticos, em doses, para venda a retalho”) foi responsável por 55,9% dos US$ 22,9 milhões de exportações brasileiras do subgrupo em 2007. Os outros destaques são: −

SH6 300420 (“Medicamento contendo outros antibióticos, em doses, para venda a retalho”),

com 9,5% das exportações brasileiras de produtos farmacêuticos ao Peru. −

SH6 300230 (“Vacinas para medicina veterinária”), produto no qual o Brasil participou de

15,9% das importações peruanas em 2008. Para o grupo de exportações expressivas a consolidar “Produtos metalúrgicos”, quatro de seus sete subgrupos também foram classificados como a consolidar. Em conjunto, esses subgrupos a consolidar representaram 42,0% do valor das exportações brasileiras totais do grupo no ano de 2007. O SH6 mais exportado dentre os subgrupos a consolidar foram: −

No subgrupo “Produtos Laminados Planos de Ferro ou de Aço”, o SH6 721012 (“Produtos

laminados planos, de ferro ou aços não ligados, de largura => 600mm, estanhados, de espessura < 0,5mm”), com US$ 19,2 milhões e crescimento médio anual de 77,6% entre 2002 e 2007. −

No subgrupo “Demais Produtos Metalúrgicos”, as exportações do Brasil alcançaram US$ 9,6

milhões para o SH6 721621 (“Perfis de ferro ou aços não ligados, em L, laminados, estirados ou extrudados a quente, de altura < 80mm”).

O grupo de produtos de exportações expressivas a consolidar “Produtos químicos” conta com três subgrupos, todos classificados também como a consolidar. Destacam-se: −

o SH6 284700 (“Peróxido de hidrogênio (água oxigenada), mesmo solidificado com uréia”), que

foi o mais exportado no grupo (US$ 3,5 milhões) e concentrou cerca de metade das exportações brasileiras do subgrupo “Produtos químicos inorgânicos” em 2007. −

Os SH6 292241 (“Lisina e seus ésteres e sais”) e 291735 (“Anidrido ftálico”), do subgrupo

“Produtos Químicos Orgânicos”, cujas exportações brasileiras acima de US$ 2,8 milhões e 2,3 milhões, respectivamente. O grupo de exportações expressivas a consolidar “Tintas” é formado por um subgrupo, “Extratos tanantes e tintoriais”. Os SH6 320890 (“Tintas, vernizes e soluções de outros polímeros sintéticos, dispersos ou dissolvidos em meio não aquoso”) e 320417 (“Pigmentos e suas preparações”) foram os mais exportados pelo Brasil em 2007, sendo que cada um representou cerca de 14% do valor total. Por fim, o grupo de exportações expressivas a consolidar “Vidro e suas obras” possui um subgrupo de mesmo nome. O SH6 que mais se destacou no subgrupo foi o 701090 (“Garrafões, garrafas, frascos, boiões, vasos e outros recipientes de vidro”). Sozinho, esse SH6 representou 65,2% do valor exportado pelo Brasil em produtos do grupo em 2007 e 42,0% das importações totais do Peru.

Anexo 1 Metodologia de Identificação de Oportunidades para as Exportações Brasileiras em determinado Mercado-alvo

O trabalho de identificação de oportunidades para as exportações brasileiras se inicia com o levantamento de todos os produtos (SH6) que o mercado-alvo importou do mundo nos últimos seis anos. Esses produtos são separados em dois grupos: Produtos com exportações expressivas e produtos com exportações incipientes. Para identificar quais produtos têm exportações expressivas são realizados 3 passos, na ordem estabelecida abaixo : 1º - Identifica-se os produtos cuja participação média das exportações brasileiras em relação à média do total importado pelo mercado-alvo tenha sido superior a 1%, nos últimos seis anos, 2º - Desconsidera-se o primeiro quartil formado pelos produtos identificado no passo 1. Considera-se, assim, apenas os produtos que estão entre os 75% com maior participação nas exportações brasileiras para o mercado-alvo; 3º - Verifica-se, então, se as exportações dos produtos identificados ao final do passo 2 são contínuas. Exportações contínuas são aquelas que, a partir da primeira venda efetuada, não são interrompidas em nenhum ano posterior. Analisando-se, por exemplo, um período de quatro anos, se determinado produto foi vendido apenas nos dois primeiros anos, suas exportações são descontínuas. Se, no entanto, as vendas do produto se iniciaram no terceiro ano e se repetiram no quarto, suas exportações são consideradas contínuas. Os produtos com exportações incipientes são aqueles excluídos em um dos três passos acima descritos. Dessa maneira, assegura-se que todo os produtos importados pelo mercado alvo, mesmo os que não são exportados pelo Brasil, participaram da análise de oportunidade. Uma vez separados os produtos que têm exportações expressivas dos que têm exportações incipientes, eles são agregados em grupos. A partir de então, os grupos de produtos com exportações expressivas e incipientes são analisados separadamente através de diferentes critérios metodológicos.

Análise de oportunidades para grupos de produtos com exportações expressivas

Para se identificar, no conjunto de exportações expressivas, os grupos de produtos que têm maior destaque no mercado-alvo, são analisados, num período de seis anos, dois indicadores: 1 – A contribuição de cada grupo de produtos para o crescimento das importações totais do mercado-alvo ou das exportações brasileiras para esse mercado; 2 – O crescimento médio das importações totais do mercado ou das exportações brasileiras do grupo de produtos. Aplica-se uma média geométrica simples nesses dois valores, chegando a dois índices para cada grupo de produtos, um considerando as importações totais do mercado e outro as exportações brasileiras nesse mercado. Os grupos que alcançarem um desempenho superior à média geral em, ao menos, um dos índices são avaliados mais detalhadamente. A inclusão da contribuição para o crescimento na construção desse índice busca minimizar o chamado “efeito base” sobre a taxa de crescimento dos grupos de produtos. Esse efeito ocorre porque os grupos de produtos com menor valor exportado apresentam uma tendência de indicarem taxas de crescimentos superiores àquelas atingidas pelos grupos de produtos com maior valor exportado. A taxa de contribuição para o crescimento aponta para um movimento contrário, em que os grupos de produtos com maior participação na pauta de exportação ou importação, em princípio, apresentarão uma taxa mais elevada que os grupos de produtos com menor participação. A média geométrica dessas duas taxas visa suavizar os grupos com baixo valor exportado e forte taxa de crescimento, tornando a análise mais eficiente. Já o cruzamento entre as importações totais do mercado e exportações brasileiras destinadas ao mercado-alvo busca avaliar os grupos de produtos tendo em conta tanto a demanda do mercado (importações totais) como a oferta brasileira para o mercado (exportações brasileiras). Os grupos de produtos com exportações expressivas são classificados em cinco categorias: “consolidados”, “em risco”, “em declínio”, “desvio de comércio” e “a consolidar”. A classificação é feita, considerando-se: • O posicionamento do Brasil em relação a seus concorrentes em cada grupo de produtos. Isso é verificado através da análise da participação brasileira e do principal concorrente nas importações do mercado-alvo no último ano do período considerado e do crescimento médio das exportações brasileiras em relação ao crescimento médio das exportações dos concorrentes.

• A especialização do Brasil na exportação de produtos daquele grupo em relação à especialização exportadora do principal concorrente, definida a partir do cálculo da Vantagem Comparativa Revelada (VCR) de cada país17. Um grupo de produtos é considerado “consolidado” quando o Brasil já tem, no mínimo, 30% de participação no mercado-alvo e o crescimento médio das exportações brasileiras é igual ou superior ao crescimento médio das exportações dos concorrentes, no período considerado. A característica principal desses grupos de produtos é que eles já gozam de uma situação confortável no mercado-alvo, que demanda apenas esforços para sua manutenção. Os grupos de produtos considerados “em risco” são aqueles em que o Brasil tem uma participação de mercado igual ou superior a 30%, mas o crescimento médio das exportações dos concorrentes supera em mais de 50% o crescimento médio das exportações brasileiras, o que significa que a posição do Brasil encontra-se ameaçada. Grupos de produtos com “desvio de comércio” são aqueles cujo crescimento médio das exportações brasileiras é inferior ao das exportações dos concorrentes, apesar do Brasil apresentar vantagens na exportação do grupo de produtos observado ( concorrente (

>1), ao contrário de seu principal

). Isso indica que há algum elemento não determinado pela simples

observação dos fluxos comerciais globais favorecendo o principal concorrente do Brasil no mercado-alvo. Pode ser a existência de acordos comerciais, a proximidade geográfica, entre outros. Para se contornar o desvio de comercio são necessários esforços que normalmente vão além da promoção comercial. Um grupo de produto está “em declínio” se não há diferença de especialização na exportação entre o Brasil e o principal concorrente (VCRBR>1 e VCRConc.>1 ou VCRBR