LITRO

Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP | Ano 21 nº 244 | Setembro - 2015 Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP PREÇO RECEBIDO PEL...
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Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP | Ano 21 nº 244 | Setembro - 2015 Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP

PREÇO RECEBIDO PELO PRODUTOR É O MAIOR DO ANO, A R$ 1/LITRO Em alta há seis meses, o preço do leite recebido pelo produtor atingiu em agosto o maior patamar deste ano, segundo levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. O preço líquido, ou seja, sem frete e impostos, foi de R$ 0,9964/litro na “média Brasil”, que é ponderada pelo volume captado em julho nos estados de MG, PR, RS, SC, SP, GO e BA. Em comparação com o mês anterior, houve elevação de 2,09%. Contudo, a média atual ainda é 9,9% menor que a de agosto do ano passado em termos reais (deflacionados pelo IPCA de julho/15). O preço bruto (inclui frete e impostos) foi de R$ 1,0843/litro, acréscimo de 1,9% em relação a julho e queda de 9,6% frente a ago/14, em termos reais.

estado de São Paulo indica que, em agosto, o consumo de leite UHT e queijo muçarela continuou enfraquecido. Com isso, o preço do UHT teve nova desvalorização, de 4,84% frente a julho, sendo negociado na média de R$ 2,3144/litro. A cotação média da muçarela apresentou

ligeira queda de 0,11% em relação a julho, a R$ 13,96/kg em agosto. Este levantamento tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite – JULHO/15. (Base 100=Junho/2004)

Segundo pesquisadores do Cepea, a demanda pouco aquecida limitou a valorização do leite na entressafra deste ano (predominantemente entre março e julho), o que diferiu dos anos anteriores, quando foram registrados picos expressivos de alta nesse período. Desse modo, a elevação dos preços ocorreu de forma mais gradual, se estendendo até agosto, quando, tipicamente, a entressafra no Sudeste e Centro-oeste se encerra e a produção leiteira no Sul se consolida. Essa sazonalidade da produção não se alterou. Em julho, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAPL/Cepea) aumentou 1,67% em relação a junho, puxado principalmente pelos estados da região Sul. Com exceção do Goiás (que registrou queda de 0,59% no índice), todos os outros estados da “média Brasil” tiveram aumento na captação, com destaque para Rio Grande do Sul (4,34%), Santa Catarina (2%), Paraná (1,93%), São Paulo (1,57%), Minas Gerais (0,96%) e Bahia (0,67%). A expectativa da maioria dos agentes consultados pelo Cepea é de que, com o avanço da safra Sulista e o aumento no volume de chuvas no restante do País, a produção leiteira se eleve e as cotações percam fôlego nos próximos meses. Em números, 48,5% dos laticínios/cooperativas consultados pelo Cepea que representam 43,5% do leite amostrado acreditam em queda nas cotações. Outros 27,3% (47,2% do leite amostrado) sinalizam estabilidade e um grupo menor, de 24,2% dos pesquisados (9,3% da amostra), indica continuidade das altas dos preços. O acompanhamento diário do mercado de derivados feito pelo Cepea junto a laticínios e atacadistas do

PANORAMA pág. 05

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pág. 07

Balança Comercial fecha com receita positiva pelo segundo mês consecutivo

Safra sulista e demanda enfraquecida pressionam cotação de derivados em SP

Preço internacional do leite em pó segue em queda em agosto; Neste mês, porém, sinaliza recuperação

MERCADO DE MILHO E FARELO DE SOJA

MARÇO/15 FEVEREIRO/15

Sul / Sudoeste de Minas

Fonte: Cepea

mar/fev

mar/fev

1,0889

0,8651

0,9803

0,9991

0,7803

0,8929

-0,03%

0,69%

1,1278

0,7541

1,0198

1,0469

0,6816

0,9226

-1,86%

3,37%

1,0825

0,8385

0,9729

0,9987

0,7602

0,8903

0,09%

0,99%

1,2058

0,9128

1,0873

1,1285

0,8422

1,0128

1,54%

3,02%

1,1534

0,7890

1,0095

1,0376

0,6813

0,8969

0,86%

1,35%

1,1855

0,9018

1,0709

1,1016

0,8244

0,9897

1,75%

2,90%

1,2006

1,1096

1,1833

1,1218

1,0328

1,1049

0,59%

2,72%

1,0911

0,9774

1,0296

1,0103

0,8988

0,9501

4,00%

4,23%

1,2701

0,8129

1,0844

1,1238

0,6768

0,9422

-2,26%

8,88%

1,1218

0,8991

1,0144

1,0270

0,8092

0,9219

4,46%

1,08%

1,1294

0,9713

1,0591

1,0378

0,8831

0,9690

2,66%

3,07%

1,1537

0,9260

1,0926

1,0730

0,8505

1,0134

1,23%

2,07%

1,2414

1,1241

1,1857

1,1431

1,0205

1,0812

0,70%

2,26%

1,1855

1,0681

1,1223

1,1173

1,0015

1,0549

0,18%

2,43%

1,1895

1,0015

1,1289

1,1085

0,9233

1,0481

1,53%

2,27%

1,2863

1,0530

1,2069

1,1908

0,9632

1,1146

4,40%

2,43%

1,0495

0,7351

0,8680

0,9727

0,6681

0,7960

2,26%

2,32%

1,3186

0,9923

1,1930

1,2098

0,8943

1,0876

1,01%

0,18% 1,02%

1,3823

0,8414

1,1578

1,2670

0,7383

1,0476

4,22%

1,0590

0,9240

1,0022

0,9902

0,8583

0,9346

5,97%

3,92%

1,2219

0,9262

1,1014

1,1299

0,8420

1,0126

3,45%

2,37%

1,2775

1,0916

1,2150

1,1695

0,9860

1,1077

4,27%

4,65%

1,2722

1,0706

1,2138

1,1647

0,9676

1,1075

2,60%

4,30%

1,2451

1,0485

1,1765

1,1398

0,9473

1,0727

2,38%

4,27%

1,0280

0,9367

0,9803

0,8962

0,8066

0,8501

1,24%

3,12%

1,1138

0,9772

1,0689

1,0322

0,9000

0,9896

-0,61%

1,35%

1,0748

0,9430

1,0313

0,9858

0,8575

0,9442

-0,24%

2,00%

1,1786

0,9425

1,0843

1,0888

0,8581

0,9964

1,89%

2,34%

Preços em estados que não estão incluídos na ‘‘média Brasil’’ - RJ, MS, ES e CE 1,2907

0,8590

1,0840

1,2287

0,8068

1,0267

0,63%

1,1735

1,1156

1,1498

1,1067

1,0494

1,0832

1,39%

1,96%

1,1413

0,9241

1,0382

1,0776

0,8635

0,9792

0,51%

0,65%

0,9867

0,8272

0,9137

0,9045

0,7485

0,8417

2,23%

2,73%

1,1807

0,8141

1,0303

1,0471

0,6899

0,9012

5,41%

6,44% 3,36%

1,1155

0,8316

0,9912

0,9979

0,7209

0,8795

2,83%

1,1413

1,0102

1,0772

1,0485

0,9204

0,9859

5,04%

5,76%

1,0862

0,8807

1,0167

0,9989

0,7981

0,9342

2,29%

2,55%

1,1933

1,0018

1,1290

1,1288

0,9073

1,0484

-0,48%

-0,57%

0,9140

0,8155

0,8831

0,8600

0,7525

0,8179

0,09%

0,10%

1,1868

0,9900

1,0745

1,1318

0,8900

0,9997

-0,02%

-0,03%

1,0830

0,9115

1,0024

1,0165

0,8291

0,9274

-0,19%

-0,23%

Fonte: Cepea

Equipe Leite: Wagner Hiroshi Yanaguizawa - Pesquisador Projeto Leite Isadora Vieira, Marianne Tufani Batista, Natália Salaro Grigol, Ana Paula Negri e Vitória Guereschi Lucas Equipe Grãos: Lucilio Alves - Pesquisador Projeto Grãos Ana Amélia Zinsly, André Sanches, Bárbara Oliveira, Camila Tolotti, Débora Kelen P. da Silva e Rafaela Moretti Vieira

0,72%

Wagner Hiroshi Yanaguizawa Pesquisador Projeto Leite Ana Paula Silva Ponchio - Mtb: 27368

D

Flávia Romanelli - Mtb: 27540 Flávia Romanelli - Mtb: 27540

EVOLUÇÃO DO CUSTO OPERACIONAL EFETIVO (COE) E DO PREÇO DO LEITE EM

PODER DE COMPRA DO PECUARISTA DE LEITE FRENTE AO DIESEL CAI 13% EM UM ANO Por Wagner H. Yanaguizawa, Analista de Mercado, equipe Gado de Leite Cepea Apesar das altas acumuladas no ano do preço pago ao produtor, os valores estão inferiores aos praticados em 2014. Em agosto, essa diferença anual foi de 9,6% em termos reais, apesar da valorização de 2,1% frente ao preço médio de julho. Já para o diesel, importante insumo da pecuária leiteira, o cenário é inverso, com valorização de 7,4% na comparação com agosto do ano passado. Dessa forma, o poder de compra do produtor frente ao combustível apresentou queda de 13% no período, o que pode afetar as margens da atividade.

Na pecuária de leite, o diesel é muito utilizado na distribuição da alimentação dos animais, nas operações de manutenção e reforma das pastagens e também naquelas relacionadas à produção de matéria-prima para silagem, como milho e cana-de-açúcar. Os gastos com energia e combustível, item que envolve energia elétrica e

combustível motor, chegou a comprometer 3,1% dos custos (COE) em agosto/15, considerando-se a média ponderada de GO, MG, PR, RS, SC, SP e BA. São Paulo e Goiás foram os estados onde este grupo teve maior peso, de 6,4%, já no Paraná houve a menor ponderação, de 1,9%.

Gráfico 1. Relação de troca entre grupo combustível e preço do litro do leite de agosto/14 a agosto/15.

No último ano, a média do preço do óleo diesel nos estados avaliados não sofreu grandes alterações, com alta acumulada de 1,1%; já o preço do leite teve boa recuperação durante o primeiro semestre de 2014, mas na segunda metade do ano houve quedas consecutivas, que se prolongaram até o início de 2015, pressionando a relação de troca. A relação de troca entre o preço do litro do combustível e do leite pago ao produtor em agosto/15 foi de 2,80, enquanto em agosto/14 era de 2,47. Segundo pesquisadores do Cepea, esse cenário é ainda mais desfavorável no período de clima seco, quando os tratos no cocho e o corte da cana-de-açúcar começam e consequentemente o consumo do diesel aumenta.

Jun/15 Jul/15 Ago/15

736,1 litros/tonelada 719,2 litros/tonelada 704,5 litros/tonelada

Jun/15 Jul/15 Ago/15

1586,9 litros/tonelada 1543,0 litros/tonelada 1470,0 litros/tonelada

Jun/15 Jul/15 Ago/15

13,7 litros/frasco 50 ml 14,2 litros/frasco 50 ml 13,9 litros/frasco 50 ml

(130g de Fósforo) Jun/15 Jul/15 Ago/15

6,8 litros/frasco 10 ml 6,7 litros/frasco 10 ml 6,5 litros/frasco 10 ml

Jun/15 Jul/15 Ago/15

81,7 litros/sc 25 kg 80,9 litros/sc 25 kg 79,2 litros/sc 25 kg

Jun/15 Jul/15 Ago/15

47,5 litros/litro de herbicida 46,3 litros/litro de herbicida 45,1 litros/litro de herbicida

BALANÇA COMERCIAL FECHA COM RECEITA POSITIVA PELO SEGUNDO MÊS CONSECUTIVO Natália Salaro Grigol, analista de mercado da equipe Leite Cepea Em agosto, as importações de lácteos totalizaram faturamento de US$ 33,8 milhões, enquanto as exportações chegaram a US$ 38,4 milhões – recuo, nos dois casos, de 14% e 5%, respectivamente frente ao mês anterior. Ainda assim, a balança comercial registrou saldo positivo pelo segundo mês consecutivo em agosto foi de US$ 4,6 milhões e em julho, de US$ 9,1 milhões (gráfico 1). O resultado positivo é reflexo, principalmente, da queda nos preços dos principais lácteos importados, principalmente do leite em pó, que tem apresentado grande oferta mundial. Segundo dados da Secex, o produto importado pelo Brasil foi internalizado à média de US$ 2,68/kg, queda de 6,7% frente à de julho. Os queijos, por sua vez, se desvalorizaram 15% na mesma comparação, a US$ 3,87/kg em média. Os principais fornecedores de ambos os produtos ao Brasil foram Uruguai e Argentina. Para o leite em pó, 50,3% do total importado veio do Uruguai e 43,7%, da Argentina,

enquanto para os queijos, 57,8% eram argentinos e 35,8%, uruguaios. As cotações dos lácteos embarcados também recuaram de julho para agosto, contudo foram menos intensas. O leite em pó brasileiro registrou média de US$ 5,72/kg, 1,4% menor do que no mês anterior, enquanto que o leite condensado foi negociado a média de US$ 1,78/kg, baixa de 2% na mesma comparação. Por outro lado, o preço médio pago pelos queijos brasileiros - que participaram com 2,9% da receita total dobrou de julho para agosto, fechando o mês a US$ 4,89/kg. Com isso, o Índice de Preços de Exportação de Lácteos do Cepea (IPE-L) teve alta de 0,2%, com média de US$ 5,40/kg ou de R$ 18,97/kg. Já em volume, o resultado da balança comercial continuou negativo em agosto, em 22,8 milhões de litros em equivalente leite. O déficit, porém, ficou estável em relação ao do mês anterior (20,6 milhões de litros).

Os embarques de lácteos somaram 54,3 milhões de litros em equivalente leite, queda de 12% frente a julho, pressionadas pela retração em 15% das vendas externas de leite em pó, principalmente para a Venezuela. Em relação ao volume comprado de lácteos, caiu 6% de julho para agosto, totalizando 77,1 milhões de litros em equivalente leite. As aquisições de leite em pó, por sua vez, se reduziram 22,8%, de modo que a participação do produto no total importado pelo País caiu de 72,8% em julho para 60,1% em agosto. Ao mesmo tempo, as compras de queijos subiram 34%, elevando a participação desses derivados de 24,2% para 34,7% do total comprado. A participação do leite em pó no total importado não era tão baixa e a de queijos, tão alta, desde março/14, quando foram de 58,3% e 39,2%, respectivamente.

Gráfico 2: Balança Comercial de lácteos, em dólares.

Fonte: Secex/ elaboração do Cepea

Tabela 2 - Volume exportado de lácteos (em equivalente leite)¹ Ago/15 54.316 47.471 3.559 2.385 420

Jul/15 - Ago/15 (%)

Participação no total exp. em Ago/15

-12% -15% -21% 10% -47%

84% 7% 4% 1%

Ago/14-Ago/15 (%) 70,1% 93% -28% 58% -47%

Total de janeiro a agosto/15 frente ao mesmo período de 2014: -16% Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite; (2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litros.

Tabela 3 - Volume importado de lácteos (em equivalente leite)¹ Participação no total imp. em Ago/15 Jul/15 - Ago/15 (%)

Ago/15

²

77.143 46.341 26.731 60 1.584

-6% -22,8% 34% -53% -4%

60,1% 34,7% 0,1% -

Total de janeiro a agosto/15 frente ao mesmo período de 2014: 56% Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite; (2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litro.

Ago/15 - Ago/14 (%) 34% 25% 39% -78% -50%

SAFRA SULISTA E DEMANDA ENFRAQUECIDA PRESSIONAM COTAÇÃO DE DERIVADOS EM SP Por Vitoria Guereschi Lucas, graduanda em Gestão Ambiental

Os preços dos derivados lácteos no atacado de São Paulo caíram de julho para agosto. A baixa na cotação esteve atrelada ao maior volume de leite captado no período, por conta da safra na região Sul do País. Além disso, atacadistas

relataram certo enfraquecimento da demanda por derivados. A média do leite UHT foi de R$ 2,3144/litro em agosto, 4,48% abaixo da de julho/15 e 10,26% inferior à de agosto/14. Em relação ao queijo

muçarela, a média foi de R$ 13,96/kg, ligeiramente (0,11%) inferior à de julho/15 e 1,1% menor que a de agosto/14. Essa pesquisa diária de preços tem o apoio financeiro da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras).

Tabela 1. Preços médios do leite UHT e da muçarela em março no atacado paulista

Ago/14

em Ago/15

R$ 2,3144/litro R$ 13,96/kg

-10,26% -1,10%

Jul/15

-4,84% -0,11%

Fonte: Cepea – OCB/CBCL. Nota: Variação em termos nominais, ou seja, sem considerar a inflação do período.

Preços médios dos derivados praticados em JULHO e as variações em relação ao mês anterior 1,0% -0,2% -1,5% 2,8% -1,0% 0,0%

1,71 2,15 16,88 15,32 14,35 14,30

2,1% -2,4% 0,8% 3,0% 0,9% 0,6%

1,71 2,11 14,41 13,48 11,40 12,99

2,4% -1,5% 3,6% 4,6% 0,4% 7,3%

1,77 2,15 15,68 13,61 13,71 12,30

0,7% 1,0% 1,9% 1,4% 1,6% 0,0%

1,81 2,29 16,36 14,72 13,16 13,37

1,1% -1,2% 8,2% 5,4% 1,0% -1,6%

1,76 2,18 15,60 14,39 13,09 13,65

1,44% -0,9% 2,6% 3,4% 0,6% 1,1%

Fonte: Cepea/ESALQ-USP

1,83 2,22 14,67 14,82 12,84 15,32

PREÇO INTERNACIONAL DO LEITE EM PÓ SEGUE EM QUEDA EM AGOSTO; NESTE MÊS, PORÉM, SINALIZA RECUPERAÇÃO Natália Salaro Grigol e Ana Paula Negri, analistas de mercado da equipe Leite Cepea Os preços de leite em pó no mercado internacional continuaram em queda em agosto. Esse movimento se iniciou no ano passado e vinha ganhando intensidade em 2015. Dados da USDA mostraram que, na Oceania, o produto se desvalorizou fortes 11,2% frente a julho, enquanto que na Europa, a queda foi ainda maior, de 12,2%. Em comparação com o mesmo período do ano passado, os preços estão 40,7% e 42,2% inferiores, respectivamente. Para o leite em pó desnatado, o recuo de julho para agosto foi de 16% na Oceania e, de 7,2% na Europa. Na comparação com agosto/14, a retração foi de 53,1% e 43,2%, na sequência (tabela 1), chegando aos menores patamares dos últimos cinco anos (gráfico 1). Porém, na primeira quinzena de setembro, houve certa recuperação nos valores. Essa forte desvalorização até agosto é resultado da maior produção nos países exportadores e

também da retração na demanda da China, que diminuiu drasticamente devido à formação de estoques e às recentes oscilações econômicas naquele país. Segundo dados do Conselho de Exportações de Lácteos dos Estados Unidos (USDEC, da siga em inglês), os cinco principais exportadores de lácteos (Europa, Nova Zelândia, Estados Unidos, Austrália e Argentina) produziram em 2015 (até agosto) 5,6 milhões de toneladas de leite a mais que no mesmo período do ano anterior. Ao mesmo tempo, as compras chinesas recuaram em torno de 4,6 milhões de toneladas em equivalente leite, gerando um grande excedente no mercado. Relatórios da USDA informam que, na Europa, o fim do sistema de cotas, em abril, impulsionou a atividade leiteira, de modo que muitos produtores expandiram seus rebanhos. Na Nova Zelândia, a produção deste ano está superior à do ano passado, mas em vistas dos baixos preços

negociados no mercado internacional, os produtores planejam reduzir o rebanho leiteiro e intensificar a atividade de corte. Em setembro, porém, os preços do leite em pó subiram, contrariando as previsões do setor de que uma recuperação significativa dos preços só deveria acontecer a partir do início de 2016. Isso porque o anúncio de que a cooperativa neozelandesa Fonterra (a maior exportadora de leite do mundo) reduziria a oferta, impulsionou as cotações na primeira quinzena de setembro. Segundo dados da USDA, os preços do leite em pó integral registraram alta de 73% na Oceania e, de 53% na Europa, sendo negociados em média a US$1,93/kg e a US$2,08/kg. Para o derivado desnatado, os preços médios foram de US$1,79/kg na Oceania (+32%) e US$ 1,75/kg na Europa (+47%).

Tabela 1 2015 US$ 1.787 US$ 2.106

2014 US$ 3.012 US$ 3.643

2015 -41% -42%

Os dados se referem à média entre 3 de agosto a 23 de agosto de 2015; para 2014, foi considerado período semelhante.

US$ 1.537 US$ 1.768

2014 US$ 3.275 US$ 3.112

-53% -43%

MERCADO DE MILHO E FARELO DE SOJA Por Ana Amélia Zinsly Trevizam e Débora Kelen Pereira da Silva

MILHO: Preço interno sobe mesmo com expectativa de safra recorde O preço do milho subiu em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea em agosto, mesmo diante da expectativa da safra recorde. A sustentação veio da forte alta do dólar, que eleva a competitividade do milho brasileiro no mercado internacional. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, houve alta de 5% no mercado de balcão (preço recebido pelo produtor) e de quase 6% no de lotes (negociação entre empresas). No porto de Paranaguá (PR), o preço em agosto foi o maior desde mar/14, em termos nominais. Nesse cenário, o produtor direcionou as vendas para exportação e diminuiu as negociações no mercado interno, estimulando o aumento dos valores no interior do País. O câmbio valorizado e o grande excedente interno geraram, em agosto, perspectiva de crescimento dos negócios e embarques para exportação. No entanto,

até o final do mês, dados oficiais indicaram um cenário tímido de embarque. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), 2,28 milhões de toneladas foram exportadas em agosto, quantidade 7% inferior à de agosto/14. Vale ressaltar que, para atingir as 26,4 milhões de toneladas previstas pela Conab, a média diária de embarques deveria ser de, no mínimo, 200 mil toneladas entre 1º de setembro e 31 de janeiro de 2016. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), subiu expressivos 8,6% no mês, fechando a R$ 28,16/saca de 60 kg no dia 31. Se considerados os negócios também em Campinas, mas com prazos de pagamento descontados pela taxa NPR, a média à vista foi para R$ 27,76/sc, reação de 8,9%.

FARELO DE SOJA: Demanda impulsiona os valores Os preços de farelo de soja subiram no Brasil em agosto, impulsionados pela maior demanda. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, houve alta de 9,2% entre julho e agosto e de 14,3% de agosto/14 a agosto/15.

Além disso, a forte elevação do dólar frente ao Real neste ano tem atraído compradores externos. Os embarques de farelo de soja cederam em agosto, mas, no acumulado de 2015, somam 10,155 milhões de toneladas, 7,4% acima do mesmo período de 2014. Em agosto, o farelo exportado teve preço médio de R$ 1.360,56/tonelada, 12,9% superior ao de julho/15 – conforme dados da Secex.

SP

Até o encerramento de agosto, sojicultores consultados pelo Cepea detinham apenas 25% do total da safra 2014/15 disponível para comercializar, enquanto indústrias tinham necessidades em repor seus estoques. Com isso, essas indústrias tiveram que elevar os preços para a compra da soja e repassar a alta do grão para

os derivados. Grande parte da demanda foi destinada à ração animal.

2015 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto

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