GYSLANE OLIVEIRA DOS SANTOS WILSON FACHINI FILHO JAIRO A. M. DOS SANTOS MIRNA RIBEIRO PORTO

MEDICINA VETERINÁRIA AMPUTAÇÃO DE MEMBRO TORÁCICO EM CALLITHRIX PENICILLATA DE VIDA LIVRE AMPUTATION OF THORACIC MEMBER IN WILDLIFE CALLITHRIX PENICIL...
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MEDICINA VETERINÁRIA AMPUTAÇÃO DE MEMBRO TORÁCICO EM CALLITHRIX PENICILLATA DE VIDA LIVRE AMPUTATION OF THORACIC MEMBER IN WILDLIFE CALLITHRIX PENICILLATA

GYSLANE OLIVEIRA DOS SANTOS WILSON FACHINI FILHO JAIRO A. M. DOS SANTOS MIRNA RIBEIRO PORTO Resumo Introdução: Os saguis-do-tufo-preto (Callithrix penicillata) são pequenos primatas com ampla distribuição geográfica e alta capacidade exploratória. Acidentes, brigas, neoplasias e doenças vasculares são as principais causas de fraturas nesses animais. Objetivo: Esse trabalho descrever a técnica e a resolução de amputação de membro torácico com fratura e ósteomielite em um C. penicilatta. Descrição de Caso: Um sagui-do-tufo-preto foi atendido na Clinica Exotic Life localizada em Brasília-DF, apresentando uma lesão no membro torácico esquerdo. Após realização de exames clínicos e complementares, constatou-se fratura exposta de rádio e ulna com presença de ósteomielite, inflamação e necrose de tecidos adjacentes, necessitando assim de procedimento cirúrgico como tratamento devido à cronicidade da lesão. Discussão: O animal foi anestesiado utilizando cetamina e midazolan como medicamentos préanestésicos, entubação oro-traqueal com oxigênio e isufluorano como manutenção trans cirúrgico. O bloqueio do plexo braquial foi realizado com lidocaína 2% e feita a amputação proximal da região supracondiliana. Foram prescritos medicamentos analgésicos, antiinflamatório e antibiótico pós-cirúrgicos. Conclusão: A amputação de membros em primatas tem um ótimo resultado quando a anestesia e cirurgia são realizadas adequadamente, visando uma qualidade de vida ao paciente. Palavras-Chave: Ablação; Fratura; Ósteomielite; Plexo braquial, Sagui. Abstract Introduction: Black-tufted-ear-marmoset (Callithrix penicillata) are small primates with wide geographic distribution and high exploratory capacity. Accidents, fights, neoplasms and vascular diseases are the main causes of fractures in these animals. Objective: to describe the technique and resolution of thoracic limb amputation in C. penicilatta. Materials and Methods: A Black-tufted-earmarmoset was attended at the Clínica Exotic Life located in Brasília, with an injury to the left limb. After completing clinical and complementary examinations, an exposed fracture of the radius and ulna with osteomyelitis was present, necessitating a surgical procedure as a treatment due to the chronicity of the lesion. Results: The animal was anesthetized using ketamine and midazolan as preanesthetic drugs, oro-tracheal intubation with oxygen and isufluorane as trans-surgical maintenance. Brachial plexus block was performed with 2% lidocaine and proximal amputation of the supracondylar region. Analgesic, anti-inflammatory, and antibiotic were post-surgical prescribed. Conclusion: Limbs amputation in primates has a great result when anesthesia and surgery are performed adequately, aiming at a quality of life for the patient. Keywords: Ablation; Fracture; Osteomyelitis; Brachial plexus, Marmoset.

INTRODUÇÃO Os saguis de tufo preto, também conhecidos como Mico-estrela (Callithrix penicillata), pertencem à espécie de pequenos primatas do Novo Mundo, da família dos Callitrichidae e gênero Callithrix (VERONA & PISSINATTI, 2014). São animais que se distribuem no Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga, podendo também ocupar as áreas urbanas (SANTOS et al., 2014; MADERS & ALIER, 2016). Esses primatas têm como principal característica a presença de tufos auriculares, cristas, bigodes de coloração preta e uma mancha branca na região temporal (SILVA & MACEDO, 2008; SANTOS et al., 2014; NUNES & CATÃO-DIAS, 2014; MADERS & ALIER, 2016). No habitat natural são arbóreos e convivem em grupos de 3 a 15 indivíduos formados, geralmente, por uma reprodutora, um ou dois machos, dois a quatro subadultos, dois juvenis e um a dois filhotes (NUNES & CATÃO-DIAS, 2014; SANTOS et al., 2014). Por serem adaptados à vida arbórea esses animais têm grande facilidade de locomoção e ampla distribuição geográfica, sendo consideradas, por alguns autores, as espécies de primatas mais bem sucedidas do Brasil (SILVA & MACEDO, 2008; SANTOS et al., 2014) Simp.TCC/ Sem.IC.2017(12);2142-2146

Sua dieta é bastante variada, se alimentam basicamente de exsudatos de plantas, como goma, seiva, resina e látex, até insetos, frutas, brotos, filhotes e ovos de outros animais, principalmente aves, facilitando ainda mais o deslocamento dessas espécies para as áreas urbanas (SILVA & MACEDO, 2008; SANTOS et al., 2014). Devido a sua capacidade exploratória, o C. penicillta está cada dia mais inserido nas áreas residenciais, onde encontram muitos recursos alimentares (SANTOS et al., 2014). Seu comportamento competitivo por busca de alimentos e território pode gerar consequências negativas, como: acidente automobilístico, ferimento por bala, quedas, brigas ou condições patológicas secundárias. Além dessas, neoplasias (benignas e malignas) e doenças vasculares são causas de fraturas ósseas nesses animais (GABARRA & CREPALDI, 2009; SIQUEIRA et al., 2015; SILVA & VILAGRA, 2015). As fraturas podem ser classificadas em completas (transversa ou oblíqua), cominutiva (com fragmentos de diferentes tamanhos) e expostas ou fechadas. Quando expostas há deslocamento das extremidades dos ossos, lacerando os tecidos adjacentes e pele. (MOREIRA, 2013). Fraturas localizadas em ossos

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longos têm maior variedade de técnicas cirúrgicas possíveis, evidenciando as vantagens e desvantagens para sua utilização nos animais (SIQUEIRA et al., 2015). O diagnóstico é realizado através do histórico, anamnese, exame físico e sinais clínicos observados. Porém, o exame radiográfico (em pelo menos duas ou três projeções) é de suma importância para identificar a região óssea acometida, assim como os danos do tecido ósseo e mole adjacentes, auxiliando assim a conduta do médico veterinário (HORTA & REZENDE, 2014). Os sinais clínicos observados são: dificuldade de movimento do membro afetado, anormalidade anatómica, edema, manifestação de dor, crepitação á manipulação e impotência funcional (MOREIRA, 2013)l. Em casos de fraturas expostas, o médico veterinário deve se atentar ao tempo de lesão e verificar se há processo infeccioso envolvido e necrose. Nesses casos a probabilidade do animal ter osteomielite ou panosteíte é maior. A osteomielite é uma inflamação no osso causada por algum organismo infeccioso, que pode se limitar apenas ao osso ou envolver medula, cortical, periósteo e tecidos adjacentes (DABOV, 2006). Todas as fraturas das diáfises dos ossos do antebraço devem ser tratadas cirurgicamente, devido à dificuldade de tratamento com métodos de redução (gessos e talas), (CANHA et al., 1980). Este relato de caso tem o objetivo de descrever a técnica e resolução de amputação do membro torácico esquerdo em um Sagui. Descrição de Caso Um sagui-do-tufo-preto (C. penicillata) macho, pesando 215 gramas, foi atendido no dia 08 de setembro de 2017 na Clínica de Animais Silvestres e Exóticos - Exotic Life, localizada na Asa Norte, Brasília – DF. O animal foi encontrado no quintal da tutora apresentando uma lesão na mão esquerda. Ao exame físico, o animal apresentou desidratação, emagrecimento, apatia e taquicardia. O membro lesionado estava frio e edemaciado, com necrose tecidual e perda de movimento dos dedos, sensibilidade a dor leve e profunda refletindo dificuldade na locomoção. À palpação identificou luxação e crepitação, com exposição de fragmento ósseo na região de articulação radio-ulnar (Fig. 1) e carpo.

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Fig 1. Lesão da mão esquerda. Seta mostra fragmento ósseo na região da articulação radioulnar. Foi realizada assepsia da lesão e administrado butilbrometo de escopolamina (25mg/Kg), doxiciclina (3-4mg/Kg) e dexametasona (0,25-1,0 mg/Kg) via intramuscular em dose única, ampicilina (20mg/Kg) via oral a cada 8 horas e sucralfato (1g/kg) trinta minutos antes da alimentação (Nutralife® e Neston®). O animal foi internado, sendo realizado exame radiográfico nas posições dorso-ventral e latero-lateral esquerda e hemograma completo. Foi constatada fratura e osteomielite, com indicação de amputação terapêutica de membro pela cronicidade da lesão. Discussão O hemograma estava dentro dos padrões fisiológicos. Nas radiografias (Fig. 2) observou-se presença de fratura na diáfise distal de rádio e ulna esquerdo, acentuada lise em ossos carpianos e fratura de diáfise média dos metacarpos l, lll e lV. Foi evidenciado moderado a acentuado aumento de volume, densidade e radiopacidade (edema) na topografia do antebraço, mão e dedos esquerdos (Fig. 2). Demais estruturas ósseas preservadas, sem alterações radiográficas digna de nota. Evidencias de osteomielite nas radiografias é observada com a presença de fragmentos ósseos radiopacos entremeados por áreas radioluscentes, edema de tecidos moles, além de formação de um calo periostal e endosteal exuberante. A confirmação estabelece relações com os sinais clínicos observados (HORTA & REZENDE, 2014).

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Fig 2. Radiografia da mão esquerda. A- Imagem dorso-ventral. B- Imagem latero-lateral. Para realização do procedimento cirúrgico, o animal foi colocado em uma caixa com oxigênio (3 ml/min), retirado da caixa e feito aplicação de cetamina (8,3mg/Kg) e maleato de midazolan (0,83mg/Kg) via intramuscular como medicações pré-anestésicas. Em seguida o animal foi colocado em posição dorsal e realizado a entubação orotraqueal com um cateter 20G sobre uma placa de aquecimento. O acesso foi realizado na veia caudal com cateter 24G e mantido com soro fisiológico (0,33ml/hora). Realizou-se tricotomia, assepsia e antissepsia da pele com clorexidina 2%. O bloqueio do plexo braquial foi por via axilar guiado com Doppler a fim de auxiliar à localização do plexo para a infiltração de 0,15 ml de lidocaína com vasoconstritor 2% (1-2mg/Kg) utilizando uma seringa de insulina, em movimento único e local. A cetamina faz parte da classe dos ciclohexaminas, que promove anestesia dissociativa. É um fármaco com ampla margem de segurança, o qual possui indução rápida (2-5 minutos) e de duração curta, sendo contra indicada em procedimentos longos. Seus efeitos adversos incluem: apneia, convulsões, hipertermia e salivação excessiva. Portanto, nunca deve ser usada isoladamente, mas sim em conjunto com tranquilizante ou sedativo, de modo à prevenir os efeitos adversos. Além disso, a associação com benzodiazepinas é indicada, pois além de fornecer relaxamento muscular e sedação, são também anticonvulsivos. A utilização de midazolan em animais selvagens, associado a quetamina, possuem uma ampla margem de segurança e poucos efeitos secundários, sendo aplicada com sucesso em carnívoros e primatas ( HORTA et al., 2012). O bloqueio do plexo braquial interrompe os impulsos nervosos e produz anestesia dos ramos fascículos do plexo, possibilitando assim, insensibilidade das estruturas profundas do membro superior. Apesar de algumas literaturas afirmarem que este bloqueio possui algumas complicações, pela presença da artéria axilar, aumentando o risco de perfuração, essa técnica é Simp.TCC/ Sem.IC.2017(12);2142-2146

ainda uma das mais escolhidas pelos anestesistas pelo conforto de ser uma área de fácil posicionamento da agulha em relação ao animal MARTINS et al., 2016). Inicialmente optou-se pela técnica de desarticulação do cotovelo, entretanto a presença de panosteíte e miosite exigiu a utilização da técnica de amputação proximal da região supracondiliana para aumentar a margem de segurança séptica. A desarticulação do cotovelo representa 0,2% das amputações em humanos e pequenos animais, já que estes necessitam de próteses mais complexas para realizar os movimentos de flexão e extensão (TAVARES et al., 2007). Amputações realizadas entre o cotovelo e o ombro são chamadas de transumerais, podendo ser divididas em transumeral proximal, medial ou distal, dependendo do nível da amputação (SILVA & VILAGRA, 2015). Os primatas utilizam muito os membros torácicos para se locomoverem, mesmo amputados eles servem para apoio, por isso, também, optou-se por deixar o membro residual (coto). Esse resquício de membro será responsável pela locomoção e preensão (TAVARES et al., 2007) No pré-cirúrgico a porção distal do membro anterior esquerdo foi envolvida utilizando gaze e luva fixada com esparadrapo para isolar a área asséptica. A tricotomia foi realizada amplamente e o local foi preparado com clorexidina e álcool 70%. Segundo MORIYA & MÓDENA (2008), esses antissépticos são os que têm mais eficácia contra bactérias gram-positivas, além de serem os mais indicados sobre a flora cutâneo-mucosa em presença de sangue, soro, muco ou pus, sem irritar a pele ou as mucosas. O garrote foi feito 1,0 cm abaixo da articulação escápula-umeral e com o bisturi foi realizada uma incisão elíptica com retração da pele em direção à parte afetada para posterior sutura com maior quantidade de tecido. Com uma pinça hemostática curva foi divulsionado o subcutâneo e a fáscia muscular até a visualização clara da musculatura (Fig.3). O torniquete deve ser colocado o mais proximal possível, com finalidade de promover espaço adicional caso a incisão precise ser estendida distalmente (MORAN & BUCKLEY & RÜEDI, 2009) A artéria braquial foi identificada e ligada duplamente com padrão simples de sutura utilizando fio Vicryl® 4-0. De acordo com JUNIOR & CARNESALE (2006) os principais vasos devem ser isolados e ligados individualmente, realizando uma hemostasia meticulosa. Nervos e tendões foram seccionados em nível proximal para sofrerem retração e evitar dor fantasma. A sensação de um membro ou órgão que já foi amputada é descrita na literatura como uma das principais causas de transtornos psicológicos póstraumáticos (SAKAMOTO, 1995; TEIXEIRA et al., 1999). Isso ainda não foi totalmente elucidado, porém alguns autores relatam que o bloqueio

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nervoso assim como a neurotomia, reduzem a frequência da dor fantasma (TEIXEIRA et al., 1999). Para JUNIOR & CARNESALE (2006) os nervos devem ser seccionados de modo que a extremidade cortada se retraia ao nível da ressecção óssea, evitando tensão no momento da manobra, pois permanência da inervação na área cicatricial do coto aumenta a possibilidade de dor.

Fig 3. Procedimento cirúrgico. A musculatura fora seccionada e dividida distalmente à secção óssea para posteriormente servir de proteção ao osso seccionado. Cobrir a extremidade do coto com um envoltório de tecido mole é extremamente importante para um melhor reparo tecidual, mantendo a funcionalidade do coto (JUNIOR & CARNESALE, 2006). Manipulação cuidadosa dos tecidos moles é importante para criar um coto de amputação funcional e com perfeita cicatrização e os músculos são estabelecidos ou por miodese (sutura do músculo ou tendão ao osso), ou por mioplastia (sutura do músculo ao periósteo ou á fáscia muscular oposta) (JUNIOR & CARNESALE, 2006). Foi realizada secção óssea e reparo para evitar pontas traumáticas. Proeminências ósseas devem ser ressecadas e o osso restante deve ser lixado para formar um contorno liso suturando tendão do tríceps sobre os músculos anteriores (JUNIOR & CARNESALE, 2006). Após a retirada do garrote, foi identificado um pequeno foco de sangramento devido à liberação do fluxo sanguíneo. Realizou a aproximação do tecido subcutâneo e da musculatura sobre a porção exposta do úmero utilizando padrão de sutura interrompida com fio Vicryl® poligliconato 4-0. Segundo SOUZA & MANN (2014) o uso de fio poligliconato assegura a tensão por até 14 dias, tem uma boa acomodação do nó e induz pouca reação tecidual. As bordas foram aproximadas com sutura de aproximação isolada simples utilizando fio Nylon® 3-0, devido a sua elasticidade é muito utilizado em suturas de pele (SOUZA & MANN, 2014). Foi deixado um pequeno espaço entre o último ponto e a pele para drenagem (Fig. 4). Alguns autores relatam há necessidade de deixar sempre um dreno após a amputação de um membro, para que não acumule Simp.TCC/ Sem.IC.2017(12);2142-2146

liquido no coto, evitando a formação de hematoma, pois o mesmo retarda o processo de cicatrização do coto e serve como meio de cultura bacteriana (HECK & CARNESALE, 2006). Para finalizar foi feita a proteção do local cirúrgico com curativo utilizando gaze e esparadrapo. O uso de bandagens com gaze é recomendada para proteger a ferida de futuras contaminações e estabelecer o tecido mole (HORTA & REZENDE, 2014). Após a cirurgia administrou-se butilbrometo de escopolamina (25mg/Kg) e meloxican (0,2mg/Kg) via subcutânea como analgésicos pós-operatórios. O animal foi mantido em observação até o retorno da anestesia. Os antiinflamatórios não esteroidais são responsáveis pela analgesia, além de diminuírem a inflamação e febre (FOSSUM et al, 2008). Foi prescrito para terapia pós-operatória butilbrometo de escopolamina (25mg/Kg) duas vezes ao dia via intramuscular durante 3 dias, cloridrato de tramadol (2mg/Kg) três vezes ao dia via intramuscular durante 4 dias e, posteriormente, duas vezes ao dia durante dois dias, enrofloxacina (5mg/Kg) via oral uma vez ao dia durante 8 dias, dipirona gotas (25mg/Kg) via oral, duas vezes ao dia durante 7 dias. O tramadol é um agonista nãoopióide que promove analgesia e diminui o limiar convulsivo (FOSSUM et al, 2008). Dipirona e Enrofloxacina promovem analgesia e combate de infecções bacterianas respectivamente, sendo indicado para essa espécie por apresentar baixos efeitos adversos (SILVA & SILVA & TERRA, 2017). Sucralfato (1g/kg) 0,5ml via oral três vezes ao dia durante 8 dias (30 minutos antes da alimentação), alimentação pastosa 20ml/dia até ele voltar a se alimentar normalmente e suplemento vitamínico e aminoácido 0,1ml via oral duas vezes ao dia durante 5 dias. Foi indicada a troca do curativo a cada dois dias, todavia o animal retirava-o, sendo necessário trocar mais de uma vez ao dia. A limpeza do curativo era realizada com soro fisiológico 0,9% e pomada cicatrizante e antibiótica.

Fig 4. Aspecto macroscópico da ferida póscirúrgica. Os pontos foram retirados com 17 dias após a cirurgia. Anti-inflamatórios, analgésicos e antibióticos no período pós-operatório são

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necessários até que o medico veterinário não ache mais conveniente (HORTA & REZENDE, 2014). Conclusão A amputação de membros em primatas tem um ótimo resultado quando a anestesia e técnica cirúrgica são bem realizadas. A utilização da associação de anestesia com cetamina e midazolan, além do monitoramento adequado mostrou-se totalmente eficiente para o tratamento do paciente. A opção do cirurgião em realizar a incisão transumeral também teve sucesso para a recuperação e adaptação do animal, quando não havia possibilidade ou indicação para outro tipo de terapia. Agradecimentos A equipe da Exotic Life (Drª. Mellanie Rabello, Dr. Rodrigo Rabello, Dr. Matheus Rabello) e ao Dr. Bruno Marques Moreti pela contribuição e parceria durante o meu estágio supervisionado. À Scan Diagnóstico pelo laudo radiográfico.

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