FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DA ARQUITETURA

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO / FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DA ARQUITETURA AUT. 0583 – ELEMENTOS COMPLEMENTARES AO PRO...
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO / FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DA ARQUITETURA AUT. 0583 – ELEMENTOS COMPLEMENTARES AO PROJETO GRÁFICO DO EDIFÍCIO

Prof. Dr. Khaled Ghoubar / Profa. Dra. Fabiana Oliveira

O PLANO DO EDIFÍCIO A / OS ELEMENTOS DO PLANO E OS NÍVEIS DE ABORDAGEM DOS SEUS ELEMENTOS

Quanto à organização conceitual de um “edifício genérico”, com seus “elementos do plano” e “níveis de abordagem do plano”, se empregará a metodologia do Prof. Ariosto Mila que se encontra apresentada na publicação “O Edifício”, editada pela FAUUSP. Haveria a necessidade de atualização da terminologia e metodologia ali empregadas, como também na diagramação e na organização dos dados em tabelas e blocos de melhor visibilidade. Contudo ali não há erros de conteúdo e essa publicação ainda é um bom referencial, do qual apresentamos o recorte de um dos seus principais quadros. ELEMENTOS DO PLANO DESENHO MEMORIAL ORÇAMENTO CRONOGRAMA

NÍVEIS DE ABORDAGEM DOS ELEMENTOS DO PLANO ESTUDO ANTE PROJETO APROPRIAÇÃO PRELIMINAR PROJETO EXECUTIVO DO PLANO organograma organização dimensionamento “as built” da solução das obras análise do justificativa descrição avaliações empreendimento da solução das obras pós obra custo custo custo custos efetivos limite estimado calculado finais prazo prazo estimado prazo prazos efetivos Limite calculado finais

01 / OS ELEMENTOS DO PLANO DESENHO – Peças que contém informações, apresentadas graficamente, referentes à forma física, e também quanto à natureza da matéria que está representada. MEMORIAL – Peça escrita, complemento das peças gráficas que descreve objetos e serviços construtivos e características das obras nem sempre possível de fazer junto aos desenhos. ORÇAMENTO – Trata da previsão dos custos e de suas composições, compatível com o nível de abordagem considerado. CRONOGRAMA – Trata do tempo de duração das obras compatível com o nível de abordagem considerado.

02 / NÍVEIS DE ABORDAGEM DOS ELEMENTOS DO PLANO

O ESTUDO PRELIMINAR Trata-se basicamente da apreciação das exigências a que o edifício deve satisfazer e que justifiquem a sua construção, focalizando os aspectos sociais, técnicos, econômicos, da localização, das características de uso, das técnicas indicadas para a construção, do volume físico da obra, das opções possíveis para a realização do empreendimento, e também dos custos e prazos para a execução das obras. DESENHO – A representação é, entre outras possibilidades, a do “organograma” que é um esquema funcional com indicação da área, destino e interligações dos compartimentos (ou grupos de compartimentos) do programa funcional. Ele não pode ser interpretado erroneamente como um esquema da planta arquitetônica; MEMORIAL – É a “análise do empreendimento”, com apreciação das generalidades do elenco das funções do edifício, e de todas as demais questões que representem o equacionamento do problema com uma conclusão quanto a sua viabilidade; ORÇAMENTO – Estabelece preliminarmente uma estimativa do custo pela relação entre a área construída estimada e o custo estatístico do m2 da construção tipificada, como também considera a “custo limite” apresentado pelo cliente. CRONOGRAMA – Define o “prazo limite” para a execução das obras tendo como referência as fontes estatísticas e a data limite para a fruição da obra pelo cliente.

O ANTE-PROJETO Aqui já surgem os desenhos como representação de uma solução factível em atendimento às prescrições apresentadas e tratadas no estudo preliminar. DESENHO – É a “organização da solução”, a primeira configuração do espaço com intenção de uma organização criativa. Ela pode ser bastante esquemática, mas bastante clara para a sua plena compreensão e que permita uma primeira leitura das quantidades dos elementos desenhados. A sua representação esquemática pode ter a ajuda de instrumentos sofisticados como as maquetes físicas e digitais, mas de tal forma que não se obstruam as prováveis revisões e alterações dos desenhos. MEMORIAL – É a “justificativa da solução” através da análise dos órgãos-etapas do edifício que de maneira particularizada justifiquem a criação apresentada. ORÇAMENTO – É a “estimativa de custo” que a partir de uma base tipificada estima os custos percentuais de cada órgão do edifício com relação aos seus “custos diretos dos serviços construtivos (materiais + mão de obra)” de produção. Quanto mais proximidade essa tipologia referencial tiver, com relação aos desenhos, mais precisa será sua estimativa. CRONOGRAMA – É a “estimativa do prazo”, e à semelhança da estimativa de custo, esta estimativa precisa de um referencial estatístico tipologicamente assemelhado, para estimar o volume de horas-homem, a composição da equipe de trabalhadores e consequentemente o prazo total das obras.

O PROJETO EXECUTIVO Compõe-se de todas as peças gráficas e textuais que orientarão a perfeita execução das obras definidas pelos projetos técnicos de arquitetura e engenharia, e já não se destinam à compreensão dos seus projetistas, mas principalmente para toda a equipe de operários e profissionais do canteiro de obras. DESENHO – Por “dimensionamento das obras” entende-se a representação gráfica, das dimensões, posicionamento e especificação de todos os elementos do projeto, da forma mais fiel e detalhada possível que permita uma clara compreensão e fidelidade de execução. MEMORIAL – As especificações dos elementos construtivos, que os desenhos representam, nem sempre são possíveis de descrever nas pranchas dos desenhos, passando, portanto a ser necessária a produção de uma peça textual complementar que faz a “descrição literal das obras”. Também descreve as técnicas construtivas e as particularidades que se quer delas para alcançar uma solução ou aspecto especial desejado. ORÇAMENTO – Com as peças gráficas dimensionadas, posicionadas e especificadas agora é possível ler as quantidades de todos os seus elementos-serviços construtivos. E uma vez conhecidos os custos unitários desses elementos-serviços construtivos para a execução deles, se obtém o “custo calculado” composto dos "custos diretos dos serviços construtivos (materiais + mão de obra)" e do BDI (Bonificações e Despesas Indiretas) da empresa construtora. É importante destacar que esse custo calculado dificilmente será confirmado pelos custos efetivos da obra, pois se verificarão diferenças significativas entre a medição projetada nos desenhos e as medições efetivas no canteiro de obras. Da mesma forma, os custos dos insumos (materiais e mão de obra) serão diferentes dos estimados pelos projetos e os praticados no mercado, também as perdas de produtividade e desperdícios durante a execução das obras não são aquelas estimadas pelos projetos, pois estão sujeitas às circunstâncias de cada canteiro de obras. CRONOGRAMA – É uma peça desenvolvida junto ao orçamento, pois é deste que o cronograma retira as principais informações para organizar a sua planilha de cronologias das obras e do seu “prazo calculado”. Essa cronologia segue a lógica própria de cada sistema construtivo, tanto nos tempos de duração dos eventos como da sincronia entre eles. Organiza as horas estimadas de trabalho em equipes especializadas de trabalhadores em planilhas de tempo paralelas às de custos. Ela dependerá da qualidade da organização do canteiro e das equipes de operários, onde a orientação, estocagem, velocidade, disponibilidade, fiscalização, e a mecanização têm papeis fundamentais.

A APROPRIAÇÃO DO PLANO Trata-se de todos os procedimentos pós-obra, com o objetivo de se registrar os resultados concretos resultantes da gestão sistemática e organizada da construção, de forma a orientarem os novos projetos, por analogia ou extrapolação, através de uma série de indicadores de projeto, de consumos, produtividades, e satisfação dos agentes do processo todo, com destaque para a satisfação dos usuários através das APOs. DESENHO – Trata-se principalmente do “as built” (“como foi construído”) com a elaboração e arquivamento dos desenhos revistos efetivamente empregados nas obras. Como também a anotação dos indicadores das áreas construídas, pois estes indicadores permitem que se comparem os projetos análogos ou se elaborem críticas a eles, nos aspectos funcionais. MEMORIAL – Corresponde às peças descritivas dos esclarecimentos em geral, e em particular às conclusões quanto aos itens do “Desenho”, “Orçamento” e “Cronograma”, mais a avaliação pós obra em geral. A avaliação das construções por parte dos usuários, através da metodologia da APO – Avaliação Pós Ocupação, tem grande importância para os agentes envolvidos na gestão e viabilidade econômico-financeira dos empreendimentos. ORÇAMENTO – Trata dos indicadores de consumo dos serviços construtivos com as quantidades dos materiais, mão-de-obra, e equipamentos empregados nas obras. A elaboração das planilhas dos custos efetivos e finais do empreendimento, são fundamentais para se saber os objetivos traçados foram alcançados ou não, e saber das suas justificativas. Estes indicadores todos permitem que se comparem os projetos análogos e se elaborem críticas a eles, nos aspectos econométricos e organizacionais que orientarão a elaboração de novos projetos e obras. CRONOGRAMA – Da mesma forma que no Memorial e no Cronograma, anotam-se e analisam-se os indicadores de consumo de serviços construtivos, especificamente quanto ao tempo gasto com as obras e o consequente rendimento da mão-de-obra e dos equipamentos empregados. O resultado é a elaboração de um cronograma com os prazos efetivos finais, com o detalhamento de todas as etapas das obras para ser comparado com o cronograma original, para a partir deles se definir as estratégias para os próximos empreendimentos .