Eclesiastes 9.7-‐10 A ênfase nesta seção de Eclesiastes, que vai de 9.1-‐11.6, é sobre o que o ser humano não sabe de tudo, e não sabe, porque Deus não quis que soubesse. Salomão também ressalta, no entanto, que este mistério oculto ao ser humano (8.16-‐17), não deve diminuir sua alegria de viver (9.1-‐9), ou impedir-‐nos de trabalhar com todas as nossas forças (9.10-‐11.6). As subseções que seguem começam com: "ninguém sabe" ou equivalente (9.1, 12; 11.2; cf. 9.5; 10.14, 15; 11.5 duas vezes, 6). "Antes, da ênfase positiva, dos três capítulos finais, poder surgir, há que ter certeza de que está-‐se construindo em nada menos do que sobre a dura realidade. No caso, precisa-‐se encarar algumas ilusões confortadoras, o capítulo 9 confrontando com o quão pouco sabemos das coisas, em seguida, com a vasta extensão das coisas com as quais não podemos lidar, em particular, a morte, os altos e baixos da vida financeira, e os favores irregulares das pessoas".1
Nos versículo 1, o Sábio (Salomão) observa que todas as pessoas estão nas mãos de Deus, e que todas as coisas acontecem de maneira semelhante para com todos os seres humanos, segundo os propósitos soberanos de Deus. E o destino final de todos os seres humanos é igual (vs. 2-‐3). No entanto, as desigualdades e semelhanças da vida e a certeza da morte não devem fazer-‐nos desistir de viver. A vida é melhor do que a morte. O exemplo do cachorro covarde que está vivo e do Leão valente que está morto, expressa um pensamento do antigo Oriente, onde as pessoas desprezavam os cães selvagens e honravam os leões. Salomão então destaca que é melhor estar vivo e não têm honra (como um cachorro), do que morto e receber a honra (como um leão). Pois, quem está vivo pode aproveitar a vida, mas, os mortos não podem. Os versos 4-‐6 não contradizem 4.2-‐3, onde Salomão diz que o morto é melhor do que o vivo. O contraste é feito no sentido em que à pessoa que está sofrendo pode parecer preferível morrer (4.1), mas, quando uma pessoa morre suas oportunidades para a apreciar a vida não existem (9.4-‐6). Uma vez que o nosso futuro na Terra é incerto, e depois morremos, para demonstrar como a vida pode ser boa e recompensadora, Salomão recomenda a alegria das coisas simples e boas que Deus nos permite experimentar na vida (cf. 2.24-‐26, 3.12-‐13, 22; 5.18-‐19 ), o imperativo marca a prioridade destas coisas na vida: vs. 7 – Comida e bebida vs. 8 – Roupas limpas de festa (brancas) e perfume (azeite) vs. 9 – Amor (Casamento) vs. 10 – Trabalhar dando o melhor de si. 1
KIDNER, Derek. The Message of Ecclesiastes: A Time to Mourn, and a Time to Dance. The Bible Speaks Today series. Leicester, Eng., and Downers Grove, Ill.: InterVarsity Press, 1976. 1
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S Cons. + Suf. 2 MS
Prep. + FS
Imp. Qal 2 MS
o teu pão
com alegria (prazer, satisfação)
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a
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a
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a
Imp. Qal 2 MS
vai (tu) a
S Cons.
Adj. S
Prep. + S Cons.
Conj. + Imp. Qal 2 MS
o teu vinho
feliz
de coração
e bebe (tu)
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Ata, ta, a
MP Cons. + Suf. 2 MS Prep. Obj. Dir.
teu trabalho
ao
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Artg. + MP
Perf. Qal 3 MS
Adv.
Conj.
Deus
(ele) foi favorável (apreciou, aceitou)
já
porque
a
Essa frase final do versículo expressa que desfrutar destas coisas é a vontade de Deus para seu povo, desde que seu povo entenda a vontade Dele para si, que é viver no que Ele determinou que traz felicidade: “viver na alegria não está em poder do homem, todas as coisas acontecem como foram determinadas por Deus” (Jerônimo) Esta palavra de encorajamento não contradiz o fato de que nós somos os mordomos de tudo o que Deus nos confia, esta observação pode ter duas nuances: 1. Numa comunidade de contexto agropastoril, onde o alimento era adquirido com esforço por arar a terra, semear, depender do clima, da oferta de água, etc., ter na mesa: a) Pão, significava uma boa colheita de trigo e azeitonas (para o azeite), ter água suficiente para irrigação, ou seja, todos os elementos necessários para a feitura de pão; b) Vinho, significava colheita de uvas suficiente para a produção de vinho, lembrando que o plantio da uva era um extra, pois, exigia água abundante para a irrigação, e simboliza em todo o Antigo Testamento tempos de prosperidade. Sendo que quando fala-‐se que Deus “já foi favorável” ou “já se agradou” o trabalho, estamos falando aqui de um Deus que abençoa o clima, que ajuda no combate das pragas da lavoura, que afasta os inimigos que roubam as colheitas, enfim, tudo deu certo para que houvesse estes elementos na mesa. 2. E em se tratando da comunidade da Aliança, todos esses benefícios: elementos favoráveis, terras férteis, livramento de inimigos, etc., estão diretamente ligados à fidelidade do povo à Aliança com Deus, isso implica em sacrifícios sendo oferecidos corretamente pelos pecados, obediência a Lei de Moisés, ou seja, o povo vivendo em santidade e harmonia com Deus. Numa relação de Fidelidade que gera suprimento de necessidades e prazer nas coisas simples da vida. Vemos aqui que não é pecado desfrutar das coisas boas desta vida, e Deus quer que nós nos alegremos com elas, porém, é preciso equilibrar gratidão e generosidade, mantendo algumas coisas e dando outras. Este equilíbrio não é fácil, mas é importante. 2
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