Soc.

Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

Semana 18 Lara Rocha (Leidiane Oliveira)

Antropologia

01. Resumo 02. Exercício de Aula 03. Exercício de Casa 04. Questão Contexto

16 jun

RESUMO se encontra e ocultar sua identidade; se, ao contrário, é importante que, mesmo estando fazendo trabalho de campo, ele se comporte como um observador externo; etc. ✓ O que não faltam são visões diferentes na antropologia cultural. Dentre elas, porém, há três principais correntes: O evolucionismo é a primeira grande corrente antropológica, dominante desde o surgimento desta A Antropologia Cultural é uma importante área da

Seu principal representante foi James Frazer. Como

ciências sociais. Ela estuda o funcionamento das di-

o próprio nome indica, o evolucionismo acredita que

versas culturas humanas. Em aulas anteriores, bus-

a humanidade encontra-se num constante proces-

camos compreender os conceitos básicos dos de-

so evolutivo, de aperfeiçoamento, e que, portanto,

bates sobre cultura, como as noções de aculturação

as diversas sociedades humanas encontram-se em

e indústria cultural. Hoje, aprofundando um pouco

estágios diferentes deste processo, algumas pri-

mais nossa discussão, buscaremos entender como

mitivas e selvagens, outras civilizadas. Na prática,

se dá na prática o trabalho do antropólogo e quais

isto significa que o evolucionismo tem uma postura

são as principais correntes antropológicas.

etnocêntrica, isto é, acredita na existência de culturas objetivamente superiores e inferiores, mais

Diferente de outras ciências, como a matemática, a

ou menos evoluídas. Com efeito, há, para Frazer e

física teórica, a economia e até mesmo certos ra-

seus companheiros, critérios e padrões universais

mos da sociologia, que podem ser desenvolvidos de

pelos quais nós podemos detectar o grau de de-

maneira puramente teórica, por meio de leituras e

senvolvimento de uma cultura: avanço tecnológico

estudos abstratos, a antropologia é uma ciência que

(que tipo de bens e produtos a sociedade consegue

sempre exige a prática. De fato, as culturas são re-

obter), língua (se é meramente falada, se é escrita,

alidades vivas e dinâmicas, que só podem ser ver-

etc.), cosmovisão (se a explicação dominante para

dadeiramente conhecidas de perto. Assim, quando

os acontecimentos é mágica, religiosa ou científica),

um antropólogo se dedica a estudar certo fenôme-

etc. Assim, compreender uma cultura de modo cien-

no cultural, ele não se contenta apenas em ler o que

tífico seria basicamente estudá-la etnograficamen-

outros autores escreveram sobre o tema - o que cer-

te e a seguir avaliar qual o seu grau de evolução no

tamente é muito importante -, mas vai ele próprio

conjunto geral da história humana, a partir dos da-

ter contato com a realidade cultural em questão.

dos coletados. As culturas mais elevadas, para estes

Por isto, vemos nos velhos filmes de Hollywood o

autores, eram a dos países da Europa Ocidental, é

antropólogo como aquele sujeito que vai para terras

claro.

distantes, conhecer e estudar tribos isoladas, convi-

Obs.: não confundir a teoria da evolução de Da-

vendo com os nativos por um tempo. Este trabalho

rwin, que trata de uma processo de aperfeiçoa-

de campo do antropólogo é chamado tecnicamen-

mento e seleção natural, biológico, com o evo-

te de etnografia e não precisa ser feito apenas em

lucionismo social, corrente antropológica que

lugares distantes, com povos desconhecidos. Há,

estudamos aqui.

por exemplo, a antropologia urbana, que produz trabalhos etnográficos sobre fenômenos culturais das

O funcionalismo foi a primeira grande corrente an-

grandes cidades, como o hip-hop e o grafite. Por

tropológica anti-evolucionista. Seu principal nome

fim, é bom dizer que, desdes as origens da antropo-

é Bronislaw Malinowski. Indo numa direção oposta

logia, lá no século XIX, há muitas discussões sobre a

ao etnocentrismo dos evolucionistas, o funcionalis-

pesquisa etnográfica e dos melhores meios de rea-

mo é um firme defensor do relativismo cultural, isto

lizá-la: se o pesquisador deve buscar comportar-se

é, da visão segundo a qual não existem culturas ob-

com um membro qualquer do espaço social em que

jetivamente inferiores ou superiores, uma vez que,

Soc. 25

ciência, no século XIX, até o começo do século XX.

dos seus próprios valores e crenças e a partir sobre-

ral é neutra, mas sempre depende do ponto de vis-

tudo da função destes valores e crenças na cultu-

ta do avaliador e é, portanto, relativa. Segundo Ma-

ra em questão, Lévi-Straussu propunha uma análise

linowski e seus companheiros, é preciso entender

comparativa dos fenômenos culturais. Isto é, para

que todo fenômeno cultural, por mais estranho ou

ele e seus companheiros, por mais que não existam

mesmo errado que possa parecer aos nossos olhos,

culturas superiores e que cada sociedade seja uma

possui um sentido e uma função na cultura em que

universo próprio, é possível perceber certas cons-

habita. Assim, compreender uma cultura não é,

tantes na ordem cultural, certas estruturas sociais

como pensavam os evolucionistas, buscar enqua-

(daí o nome da corrente) que se repetem nas diver-

drá-la em uma suposta escala de evolução da hu-

sas culturas pelo mundo. Algumas dessas estruturas

manidade, como mais ou menos civilizada, pois isto

sociais, destes padrões de comportamento constan-

significa impor os valores de uma determinada cul-

tes nas diversas culturas são, por exemplo, o uso de

tura (aquela vista como mais civilizada) como régua

uma língua para a comunicação, a proibição do in-

para medir as outras. Ao contrário, compreender

cesto e a existência da família. Obviamente, o modo

uma cultura significa apreender sua especificida-

como essas estruturam se manifestam varia de so-

de, suas características próprias, sem julgamentos

ciedade para sociedade: algumas só têm língua oral,

ou avaliações. Tal corrente se chama funcionalismo

outras têm língua escrita; algumas proíbem o inces-

justamente porque, para Malinowski, entender um

to só de parentes muito próximos, outras têm uma

fenômeno cultural não significa julgá-lo como bom

lista mais extensa de interdições; algumas possuem

ou mau, mais evoluído ou menos evoluído, mas sig-

famílias monogâmicas, outras poligâmicas; numas,

nifica sim entender apenas qual é a função daquele

as famílias são matriarcais, em outras patriarcais,

fenômeno, isto é, qual é o papel que ele exerce na

etc. O fato, porém, é que a existência dessas es-

sua respectiva sociedade.

truturas é constante. Assim sendo, compreender uma cultura não é simplesmente entender como ela

Por fim, há o estruturalismo. Tendo em Claude Lé-

funciona, qual é a função de cada elemento dentro

vi-Strauss o seu maior nome, os estruturalistas tam-

dela, mas sim apreender as suas estruturas sociais

bém fazem uma defesa do relativismo cultural, ou

básicas e compará-las com as das demais culturas

seja, também acredita que toda avaliação cultural é

existentes, notando suas semelhanças e diferenças.

relativa e que não há motivos sérios e aceitáveis para

Perceba-se, porém, que, ao contrário do que ocorre

julgarmos determinadas culturas melhores do que

no evolucionismo, esta comparação não tem qual-

as outras. Há, porém, uma importante diferença en-

quer caráter avaliativo, de julgar quem é melhor ou

tre os funcionalistas e os estruturalistas. De fato, ao

pior. Trata-se apenas de entender as semelhanças e

contrário de Malinowski, que, como vimos, propu-

diferenças entre as culturas, para melhor poder ex-

nha uma análise antropológica especificante, foca-

plicá-las.

da em entender cada cultura por si mesma, a partir

EXERCÍCIOS DE AULA 1.

Dentre os variados aspectos do pensamento humano, existe o pensamento mítico. Sobre essa forma de pensar, leia o texto a seguir: Um mito diz respeito, sempre, a acontecimentos passados: antes da criação do mundo, ou durante os primeiros tempos, em todo o caso faz muito tempo. Mas o valor intrínseco atribuído ao mito provém de que estes acontecimentos, que decorrem supostamente em um momento do tempo, formam também uma estrutura permanente. Esta se relaciona simultaneamente ao passado, ao presente e ao futuro. Lévi-Strauss, C. Antropologia Estrutural. Rio, 1975, p. 241

Soc. 26

segundo tal concepção, nenhuma avaliação cultu-

Com relação a essa forma do pensar humano, assinale com V as afirmativas Verdadeiras e com F as Falsas. ( ) O mito é uma tentativa fracassada de explicação da realidade. ( ) O ser humano encontrou, na consciência mítica, a base para organizar um conhecimento sobre a realidade. ( ) O mito é recuperado no cotidiano do homem contemporâneo e se apresenta com uma abrangência diferente daquela que se fazia sentir no homem primitivo. ( ) A única ideia verdadeira sobre mito faz-se presente no homem moderno, quando este deseja superar a própria impotência e se tornar um ser excepcional. ( ) O mito é uma forma autônoma de pensamento, quando ligado à tarefa de esclarecer a existência humana no mundo. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA. a) V, V, V, F, F b) F, V, V, F, V c) F, V, F, V, V d) V, F, F, F, V

2.

Diz Aristóteles (388-322 a.C.), na obra Poética, sobre a noção de imitação (mimesis) artística: “Ao homem é natural imitar desde a infância – e nisso difere ele dos outros seres, por ser capaz da imitação e por aprender, por meio da imitação, os primeiros conhecimentos; e todos os homens sentem prazer em imitar. Prova disso é o que ocorre na realidade: temos prazer em contemplar imagens perfeitas das coisas cuja visão nos repugna, como [as figuras dos] animais ferozes e dos cadáveres.” (ARISTÓTELES. Poética, livro IV, §§ 13 e 14, p. 40). Do mesmo modo diz o filósofo, na Física: “Em resumo, a arte ou completa o processo que a natureza é incapaz de fazer inteiramente ou imita a natureza.” ARISTÓTELES. Física, 199a. In. FIGURELLI, R.. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 546 Com base nessas afirmações de Aristóteles, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01) O grande mérito do artesão ou artista está em reproduzir perfeitamente a beleza do mundo natural. 02) O feio não decorre da percepção do objeto representado, mas, da inabilidade do artista em representá-lo. 04) A representação de algo pode ser tão ou mais bela do que a própria coisa. 08) A arte não consegue completar a natureza, mas, na melhor das hipóteses, apenas copiá-la ou imitá-la. 16) Proporção, harmonia, equilíbrio não são critérios de beleza para os objetos artísticos.

Soc. 27

e) F, F, F, F, V

EXERCÍCIOS DE CASA Nas Grandes Antilhas, alguns anos após a Descoberta da América, enquanto os espanhóis enviavam comissões de investigação para indagar se os indígenas possuíam ou não alma, estes últimos dedicavam-se a afogar os brancos feitos prisioneiros para verificarem através de uma investigação prolongada se o cadáver daqueles estava ou não sujeito à putrefação. Esta anedota simultaneamente barroca e trágica ilustra bem o paradoxo do relativismo cultural: é na própria medida em que pretendemos estabelecer uma discriminação entre as culturas e os costumes, que nos identificamos mais completamente com aqueles que pretendemos negar. Recusando a humanidade àqueles que surgem como os mais ‘selvagens’ ou ‘bárbaros’ dos seus representantes, mais não fazemos que copiar-lhes suas atitudes típicas. O bárbaro é em primeiro lugar o homem que crê na barbárie. Claude Lévi-Strauss. Raça e História, 1987 Considerando o texto do antropologo Lévi-Strauss, responda se os critérios que definem o grau de progresso de determinada civilização ou cultura são absolutos ou relativos. Explique o conceito de “bárbaro” para o autor e indique as implicações de seu pensamento para a análise da justificação ideológica da dominação da civilização ocidental sobre outras civilizações na história.

Em geral, para filósofos modernos a verdade é entendida como a correspondência entre a ideia e o ideado. De acordo com essa concepção, a verdade se conceitua como o(a) a) reflexo invertido das coisas sobre o intelecto. b) reprodução fiel do próprio objeto em questão. c) analogia entre a ideia e a coisa conhecida. d) adequação entre a ideia e estrutura do objeto conhecido (estudado). e) consenso permanentemente revisto, obtido por meio de um diálogo qualificado entre os sujeitos cognoscentes.

Soc. 28

1.

GABARITO Exercício de aula

02.

Exercício de casa

1.

b

1.

Os critérios são relativos porque respon-

2.

01 + 02 + 04 = 07

dem a uma visão unilateral quanto aos valores culturais ocidentais. Para o autor a verdadeira “barbárie” consiste em não aceitar uma determinada cultura em prol de uma visão ocidental e supostamente civilizatória. O conceito de “bárbaro”, relaciona-se, na concepção de Lévi-Strauss na não aceitação da contradição. A noção de civilização implica a superação das diferenças em prol de um entendimento e interpretação de diversas culturas, propiciando, desta maneira, a supremacia da ideologia ocidental. 2.

d

Soc. 29

01.