Debate moderado por: Prof. Doutor David Justino

Debate moderado por: Prof. Doutor David Justino Mês de Abril Workshop I: Data: 13 de Abril de 2012 Orador: Prof. Doutor David Justino – Investigador C...
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Debate moderado por: Prof. Doutor David Justino Mês de Abril Workshop I: Data: 13 de Abril de 2012 Orador: Prof. Doutor David Justino – Investigador CesNova Título: Escola e modernidade: a visão romântica do ensino, no séc. XIX em Portugal Resumo da comunicação As primeiras três décadas do regime liberal saído da Guerra Civil de 1832-1834 foram marcadas por um intenso debate sobre quais os objectivos e meios que deveriam presidir à estruturação de um sistema de ensino à escala nacional em Portugal. Desses debates retiramse as grandes linhas de fractura ideológica sobre a educação que tenderão a ser reproduzidas nas décadas seguintes, sem que a cobertura da rede escolar ou os níveis de alfabetização consigam corresponder aos anseios das elites liberais. Entre essas narrativas destacam-se as daqueles que tentando replicar em Portugal o paradigma da escola moderna e laica eram frequentemente confrontados com as oposições sustentadas nas visões tradicionalistas e românticas do ensino. Este workshop pretende identificar esses dois referenciais ideológicos a partir do discurso político e da literatura sobre a educação.

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Workshop II: Data: 20 de Abril de 2012 Orador: João Rodrigues – Investigador CesNova - Doutorando em Ciências da Educação Título: Tempo escolar Resumo da comunicação Neste workshop mostra-se o estado da investigação em curso no âmbito do projecto “A estruturação do tempo escolar: as lógicas da mudança e a optimização do uso do tempo em contexto de Escola Básica.” Apresentam-se alguns dados produzidos na análise de fontes legislativas primárias que cobrem o período da Reforma dos Estudos Menores (séc. XVIII) até ao final do séc. XIX. Sistematizam-se as mudanças anotadas procurando compreender as lógicas que as produziram. Efectua-se um ensaio comparativo com Espanha. Esboçam-se conclusões provisórias e oferecem-se novas e renovadas interrogações. Vamos documentar o ciclo de regulamentação do moderno subsistema de educação estatal, em que o estado nacional, usando argumentos utilitários, troca de papel com a igreja; a racionalidade higiénica emerge e enquadra novas interrupções do calendário escolar; a psicologia descobre o stress e converge nas preocupações higiénicas; os actores significativos promovem as interrupções para férias, o dimensionamento do curso e um novo espaço-tempo para a escola de primeiro e segundo grau. Workshop III Data: 27 de Abril de 2012 Oradora: Sílvia de Almeida – Investigadora CESNOVA - Doutoranda em Sociologia Título: Processo de socialização do currículo da escola primária pública: Perspectiva históricosociológica (1820-1862) Resumo da comunicação O presente Workshop visa apresentar a primeira parte do nosso projecto sobre o processo de socialização do currículo escolar da escola primária, durante o liberalismo português. O processo de institucionalização da escola primária pelos Estados, durante o séc. XIX, destinada a todas as classes sociais, consubstanciou uma profunda transformação na cultura escolar materializada no currículo moderno. No caso português, a nova configuração do currículo escolar, introduzida pelas reformas liberais, pautou-se por um projecto geral de modernização da sociedade portuguesa e da “construção da nação”: inclui as ciências (matemática), os valores morais secularizados ou cívicos (moral, noções de constituição), conhecimentos técnicos direccionados para a esfera do trabalho (desenho lineal, geometria) e a inculcação de sentimentos de pertença nacional (a História, geografia e língua da pátria). Dessa forma, a construção do Estado-nação português e a modernização social implícita nos projectos liberais, parecem ter sido elementos estruturantes das políticas educativas do séc. XIX. O objectivo do Workshop é de abordar o processo de socialização do currículo da escola primária, balizado entre 1820 e 1862, a partir das disposições legais e da sua efectividade nas práticas escolares. Em relação às disposições legais, convocamos a estrutura curricular, a CesNova – Centro de Estudos em Sociologia da Universidade Nova de Lisboa FCSH-UNL, Edifício I&D, Avenida de Berna, 26-C, 1069-061 Lisboa

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preponderância de certas matérias e os manuais oficiais para o seu ensino. Partimos da hipótese que os manuais operam como um dos principais instrumentos para a concretização do projecto liberal escolar, na medida em que não são elaborados programas para as matérias de ensino. No que respeita às práticas escolares, fazemos uso dos dados sobre os manuais adoptados nas escolas, em 1862 a partir de uma fonte inédita – Inquérito da Inspecção das Escolas Públicas e Livres do Reino. Trata-se do primeiro inquérito aplicado ás escolas primárias do país que é, pela primeira vez, estatisticamente tratado. Mês de Maio Workshop IV: Data: 4 Maio de 2012 Orador: Prof. Doutor David Justino - Investigador CesNova Título: Contribuição para um modelo de análise das desigualdades educativas. Resumo da comunicação: A interacção das desigualdades educativas com as desigualdades sociais tem sido objecto privilegiado da teoria sociológica, quer a que tende a privilegiar a abordagem a partir da sociologia da educação, quer a que partindo de modelos de estratificação social pretende explicar e identificar os mecanismos de reprodução social através da escola e dos sistemas de ensino. Na presente comunicação pretende-se apresentar uma perspectiva compreensiva das desigualdades sociais expressas através das desigualdades educativas. O ponto de partida é os das representações sociais que o senso comum tende a produzir sobre os factores de sucesso e insucesso escolares ancorados pelas desigualdades sociais. A problemática das desigualdades educativas será situada nos contextos dos diferentes modelos teóricos e, considerando o caso português, servirá de base para a apresentação de um modelo compreensivo de explicação dos mecanismos de reprodução dessas desigualdades. Workshop V: Data: 11 de Maio de 2012 Oradora: Eva Gonçalves – Investigadora CesNova – Doutoranda em Sociologia Título: Interação Escola-Família – uma comparação das políticas educativas europeias Resumo da comunicação A constante presença do debate à volta da problemática da interação escola-família na sociedade atual procura responder quer à premissa de que nas sociedades atuais todos os alunos têm de frequentar a escola e com sucesso escolar (Rodrigues, 2010; Benavente, 1993), quer à dificuldade em promover a participação das famílias nas escolas, sobretudo em países onde a participação cívica e a responsabilização social são baixas, exigindo o despertar dos professores para a necessidade de trabalhar em parceria com as famílias dos alunos (Coleman e Schneider, 1993; Epstein, 2009; Davies, 1996). CesNova – Centro de Estudos em Sociologia da Universidade Nova de Lisboa FCSH-UNL, Edifício I&D, Avenida de Berna, 26-C, 1069-061 Lisboa

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O objetivo da investigação será analisar o que as políticas públicas possibilitam às e exigem das famílias relativamente à participação na escola e ao envolvimento parental nos trajetos escolares dos educandos e de verificar se existe uma interferência da escola nas dinâmicas familiares e que poderá colocar em causa a distinção entre a esfera do público e a esfera do privado. Serão analisadas e comparadas as políticas educativas de incentivo à interação escola-família de países europeus representantes de diferentes ideologias, com níveis de participação cívica e responsabilização social e sistemas educativos distintos e resultados escolares diferenciados, de forma a tentar posicionar Portugal numa escala de interação escola-família. Ou seja, quanto à capacidade que se espera que as escolas tenham em integrar os pais dos seus alunos em atividades pedagógicas, em casa e na escola, e de gestão escolar. A análise terá em conta que apesar da tentativa de construção de um modelo europeu de educação da União Europeia (Nóvoa, 2002), os sistemas educativos europeus continuam bastante diferenciados entre si. Dessa forma, de acordo com Nóvoa, é importante que os estudos comparados das políticas educativas tenham como principal objectivo ultrapassar esses limites e descobrir o que existe de comum (Idem, 2002). Os países serão selecionados após análise de dados da OCDE (PISA) e do Eurydice em que se procurará constituir conjuntos de países cujos sistemas educativos tenham sido influenciados por ideologias distintas, em que os níveis de participação e responsabilização cívica sejam diferentes e ainda relativamente à sua caraterização no que respeita à participação ou direitos dos pais dos alunos nas escolas/trajetos escolares dos filhos e quanto aos resultados escolares (o que implica uma análise ao grau de autonomia das escolas). Uma primeira análise aos indicadores relativos à autonomias das escolas e dos professores (Eurydice, 2007) parece sugerir três conjuntos de países influenciados pelas ideologias históricas correspondentes: universalismo de França, Comunitarismo da Dinamarca e Individualismo de Inglaterra (Osborn, Broadfoot, Mcness, Ravn, Planet & Triggs, 2003). No primeiro conjunto para além da França temos a Itália, países caracterizados por uma baixa ou mesmo nula autonomia para a maioria dos indicadores analisados. Juntamente com a Dinamarca surgem a Finlândia e a Hungria com um grau elevado de autonomia. E, no último, o Reino Unido é acompanhado pela Holanda, Bulgária e Portugal onde se verificam níveis consideráveis de autonomia, mas em que existe ainda um papel do governo central ou de instituições locais bastante forte, por exemplo, no processo de avaliação das escolas. As políticas dos países selecionados serão analisadas através da análise comparada de informações sobre os seus sistemas educativos, sobretudo quanto às suas histórias, medidas de política e características relativas à interação escola-família.

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Workshop VI: Data: 25 de Maio de 2012 Oradora: Liliana Pascueiro – Investigadora CesNova Título: BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO AO TEMA DA DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO AO ENSINO SUPERIOR. A presença de novos públicos em contexto universitário Resumo da comunicação Os últimos 30 anos de políticas públicas educativas incentivaram o processo de democratização e, com este, o aparecimento de novos públicos no ensino superior, dos quais destacamos a população adulta (aqui considerada com 23 ou mais anos). O aumento considerável deste público tem ainda outras justificações, como o desenvolvimento de uma sociedade do conhecimento e uma maior abertura do sistema de ensino. Apesar da aparente concretização da democratização do acesso ao ensino, uma análise mais focalizada parece-nos levar a outras questões sobre o fenómeno: o aumento do número de alunos adultos no sistema de ensino superior contribuirá para o alargamento da diversidade social no sistema de ensino superior? Será o acesso desta população indiferenciado em termos de áreas de estudo? Ou continuará a ser um sistema pautado pela presença de nichos de elitismo?

Mês de Junho Workshop VII: Data: 1 de Junho de 2012 Oradora: Susana Batista - Investigadora CesNova - Doutoranda em Sociologia Título: Entre o global e o nacional: políticas de (des)centralização e autonomia das escolas na União Europeia Resumo da comunicação Nas últimas décadas, reformas de (des)centralização dos sistemas educativos e autonomia das escolas multiplicaram-se em diversos países europeus. Assumindo contornos e significados distintos, essas progressivas redefinições de competências entre atores educativos tornaram inoperante a clássica distinção entre sistemas centralizados e descentralizados proposta por Archer (1979). O papel da avaliação em todas as dimensões das políticas educativas e respetivos atores permite-nos compreender o significado dessas transformações na organização dos sistemas educativos. A relativa convergência das políticas educativas europeias tem sido examinada com recurso a conceitos como “Estado Avaliador” (Neave, 1989; Broadfoot, 1996) ou “QuaseMercado” (Whitty, 1996; Maroy, 2004). Neste workshop reflete-se sobre os novos arranjos institucionais, o tipo de atores envolvidos nos processos de tomada de decisão, a sua relação e o tipo de competências (des)centralizadas no espaço da União Europeia. Mais precisamente, são identificados CesNova – Centro de Estudos em Sociologia da Universidade Nova de Lisboa FCSH-UNL, Edifício I&D, Avenida de Berna, 26-C, 1069-061 Lisboa

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elementos comuns que possam ser explicados com referência ao papel da avaliação na repartição de competências (Normand e Derouet, 2011). Simultaneamente, a construção de uma tipologia permitirá caracterizar os principais padrões de configuração de relações e competências dos atores educativos, examinando como grupos de países medeiam, de forma particular, essas orientações comuns (Van Haecht, 1998). Para proceder à análise comparada, mobiliza-se um conjunto de dados disponíveis em fontes secundárias (OECD, Eurydice).

Workshop VIII: Data: 08 de Junho de 2012 Oradora: Soraia Cunha – Investigadora CesNova – Mestranda em Sociologia Título: Formação das Expectativas Escolares dos Alunos. Resumo da comunicação O risco do investimento educativo na actual situação de incerteza dos benefícios académico que resultarão dos custos despendidos poderá orientar os jovens e os seus familiares a aspirarem e projectarem percursos académicos mais curtos, procurando o menor risco de acção. Tal resulta da ponderação e cálculo entre os custos e os benefícios das escolhas tomadas e o risco e probabilidade de atingir os objectivos desejados sem custos elevados e que ultrapassem as suas posses. Desta forma, existe uma dualidade de efeitos da percepção que os alunos possuem do actual sistema de oportunidades (resultante da importância dos diplomas, situação do mercado de trabalho e desemprego) que poderá resultar em desiguais atitudes e acções perante o sistema educativo. Desta forma, propomo-nos a compreender sob que condições os alunos desenvolvem determinadas expectativas e escolhem caminhos escolares específicos – pesando nomeadamente o processo de escolha racional, as disposições sociais e as aspirações dos familiares – orientando o seu desempenho em função dos objectivos que pretendam alcançar. Assim sendo, consideramos fundamental perceber em que medida as expectativas académicas são socialmente orientadas; se de facto, as projecções dos alunos traduzem as aspirações que os familiares constroem em relação ao seu futuro; e em última instância se estas conseguem de facto, determinar as próprias expectativas dos jovens e consequentemente o seu desempenho académico. Neste sentido, descobrimos que, condicionados pela origem social, nomeadamente sob efeito do nível de instrução dos pais, os alunos tendem a criar expectativas de futuro baseadas na experiência que têm das suas competências e do seu desempenho académico, fortemente correlacionados com o seu sistema de oportunidades e com as aspirações parentais – quanto mais escolarizados forem ambos os progenitores, maiores são as aspirações que estes criam sobre o futuro educativo e profissional dos alunos, que resulta em projecções exigentes dos próprios estudantes (ao nível do ensino superior), orientando consequentemente e positivamente os resultados escolares.

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Workshop IX: Data: 15 de Junho de 2012 Oradora: Maria Eduarda Basílio Rocha Simões – Investigadora CesNova - Doutoranda em Ciências da Educação Título: Percursos Escolares, dinâmicas sociais e práticas de literacia em contexto rural Resumo da comunicação O presente Workshop remete para o projecto em desenvolvimento, numa freguesia rural do Concelho de Ferreira do Zêzere, inserido na área científica das Ciências da Educação, que tem por objectivo proceder a uma análise de expectativas relativas ao trajecto escolar e à inserção no mercado de trabalho de uma geração de jovens nascidos entre os anos de 1985 e 1988, seguindo uma linha de continuidade face a trabalhos anteriores (Candeias & Simões, 1999), (Simões, 1998, 2001, 2007) que, centrados na mesma freguesia, deram o seu contributo para o estudo da génese e implementação do presente Sistema Educativo em Portugal, a par de investigações efectuadas por outros autores. Em termos conceptuais, o projecto procura efectuar, de forma articulada, uma análise de representações sociais (Moscovici, 1961; Jodelet, 1984; Abric; 1994) de práticas e estratégias educacionais desenvolvidas em contexto familiar, com uma análise de expectativas (Rotter, 1966; Lefcourt, 1982; Weiner, 1986) formadas em torno da escola e percursos escolares, bem como da vida futura quer a nível pessoal quer profissional. Paralelamente, pretende identificar processos de atribuição causal (Weiner, 1986) que funcionam como dimensões das representações sociais e como referenciais agregados às expectativas. Trata-se de um trabalho de investigação, exploratório, de tipo qualitativo, perspectivando uma abordagem compreensiva e de âmbito microssocial, que pretende estabelecer, por um lado, paralelismos com as gerações anteriores, segundo uma perspectiva diacrónica, tendo em conta os trabalhos referidos nessa freguesia, e por outro lado, visa o seu enquadramento, enquanto especificidade da situação educativa portuguesa, num contexto mais alargado, segundo uma visão glolocal. Workshop X: Data: 22 de Junho de 2012 Oradora: Maria Emília Galvão – Investigadora CesNova Título: EQAVET – a rede europeia da garantia de qualidade para o ensino e formação profissionais. Resumo da comunicação Na última década, as políticas europeias no sector da Educação &Formação (E&F) e a sua apropriação por parte dos Estados-membros da União Europeia (EU) têm merecido uma particular atenção por parte de investigadores, sobretudo anglófonos. Tal decorre do interesse suscitado pela criação do chamado “espaço europeu da E&F” por via do “método aberto de coordenação”, ou seja, a) adopção de objectivos e instrumentos comuns a nível da EU b) utilização de indicadores e “benchmarks” c) comparação de “ boa práticas”d) monitorização e CesNova – Centro de Estudos em Sociologia da Universidade Nova de Lisboa FCSH-UNL, Edifício I&D, Avenida de Berna, 26-C, 1069-061 Lisboa

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avaliação. É neste contexto que se inscreve a Rede EQAVET que tem por objectivo apoiar os Estados – membros na implementação da Recomendação do Parlamento Europeu e do Conselho relativa à garantia de qualidade para o ensino e formação profissionais (2009). A apresentação da Rede e a subsequente discussão têm como objectivos: 1º Reflectir sobre o papel da rede EQAVET na criação do “espaço europeu” da E&F ; 2º Equacionar a (não) apropriação desta Recomendação por parte do sistema português de E&F. Workshop XI: Data: 29 de Junho de 2012 Oradora: Sílvia de Almeida – Investigadora CesNova - Doutoranda em Sociologia Título: Estatística escolar como representação e prática: Análise do Inquérito da Inspecção das Escolas Públicas e Livres do Reino (1862), da Repartição de Pesos e Medidas, para uma sociologia histórica da estatística. Resumo da comunicação

No presente Workshop propomo-nos a abordar os resultados estatísticos do Inquérito da Inspecção das Escolas Públicas e Livres do Reino (1862) que consiste numa das fontes do nosso projeto de doutoramento sobre o currículo da escola primária de oitocentos como instrumento de socialização. No séc. XIX, a conceção moderna da estatística mantém uma relação estreita com o processo de construção do Estado moderno ao se tornar numa “técnica de governo” privilegiada ou “ciência do estado” (Alain Desrosières, 1993), consubstanciando-se na “racionalização das práticas da nova arte de governar” (Foucault, 1979). A representação social da estatística no contexto europeu para os administradores dos estados está imbuída da crença que um conhecimento quantificado dos campos e factos sociais permite conhecê-los objetivamente, controlá-los e fornece orientações para as reformas a implementar. Assim, as estatísticas tornam-se num instrumento das atividades ordinárias dos organismos estatais e são utilizadas para a sua gestão. Daí, a dificuldade que as estatísticas administrativas impõem à análise sociológica: as questões colocadas, as categorias implícitas, as condições de recolha dos dados, a sua publicação refletem o funcionamento e as representações dos organismos que as produziram (Henri Peretz, Jean-Pierre Briand e Jean-Michel Chapoulie, 1979). A nossa análise partirá de uma crítica da fonte ao convocar as condições de produção e aplicação do Inquérito para a análise dos resultados obtidos.

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