Carta do gestor Agosto 2014

Carta do gestor – Agosto 2014 Agosto começou com queda nos preços de diversos ativos. Mas já na segunda semana do mês, os mercados começaram a se rec...
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Carta do gestor – Agosto 2014

Agosto começou com queda nos preços de diversos ativos. Mas já na segunda semana do mês, os mercados começaram a se recuperar. Bolsas e moedas terminaram apresentando movimentos moderados, cuja direção foi afetada por assuntos específicos em diversos países. Já a apreciação dos títulos de renda fixa e de crédito foi destaque. As taxas de juros dos Estados Unidos e das principais economias da Zona do Euro voltaram a fechar de maneira significativa. Do lado dos Estados Unidos, a sinalização do FED até pendeu para uma maior discussão sobre o eventual início do ciclo de altas de juros. A ata da reunião de julho e discursos de diversos de seus membros indicam um grande debate sobre a comunicação do FED e a data de uma mudança na política monetária. Yellen, sua presidente, vem reconhecendo a enorme incerteza sobre o verdadeiro grau de folga na economia, em especial no mercado de trabalho. E mais uma vez enfatizou que, caso os dados do mercado de trabalho ou a inflação surpreendam positivamente, poderiam elevar os juros antes do esperado. A maioria dos dados de atividade também veio acima do esperado nos Estados Unidos. No entanto, a divulgação de importantes dados de emprego abaixo do antecipado – ainda que bastante robustos –, um fraco consumo em julho e uma inflação mais moderada mantiveram o mercado confortável quanto a uma tardia e lenta elevação da taxa básica. O debate em torno da capacidade de crescimento da economia americana – e qual taxa de juros é necessária para impulsioná-la – continua. A maior novidade do mês foi o discurso do Mario Draghi, presidente do ECB, em Jackson Hole. Defendeu a necessidade de estimular a demanda agregada do bloco, colocou que as políticas fiscal e monetária têm importante papel neste estímulo, reconheceu os méritos dos programas de afrouxamento quantitativo dos Estados Unidos e do Japão, afirmou que era melhor tomar o risco de se fazer mais medidas que o necessário do que menos e, pela primeira vez, reconheceu que as expectativas de inflação mais longas estavam se desancorando. Fez questão de escrever também que o ECB iria reagir a estes fatos. Assim, um dos mais importantes bancos centrais da economia global deve adotar novas medidas de estímulo e injeção de liquidez – poucos meses depois de ter anunciado a implementação de novos repos de longo prazo com os bancos. No Brasil, os movimentos dos preços dos ativos foram dominados pelo trágico falecimento do candidato à Presidência da República Eduardo Campos e pela ascensão nas pesquisas de Marina Silva, sua então candidata a vice-presidente. Marina passou a ser a favorita para vencer as eleições, com pesquisas de opinião indicando uma vantagem relativamente expressiva no segundo turno contra a candidata à reeleição Dilma Rousseff. Ainda que faltem cerca de dois meses até o encerramento das eleições, os mercados locais reagiram de maneira muito positiva, com altas nas bolsas, queda dos juros longos e alguma apreciação do câmbio.

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Cenário internacional: enquanto aumenta o debate no FED sobre a data do eventual início do ciclo de alta de juros, Mario Draghi indica que o ECB deve adotar novas medidas de estímulo Um dos grandes destaques do mês foi o discurso – ou melhor, os discursos – do Mario Draghi, presidente do ECB, em Jackson Hole. No dia 22 de agosto, foi divulgado um pronunciamento já com algumas novidades. Defendeu a necessidade de se estimular a demanda agregada e reconheceu que a política fiscal - juntamente com a política monetária e reformas estruturais - tinha um papel neste estímulo. Elogiou as políticas de afrouxamento quantitativo dos Estados Unidos e do Japão, que haviam permitido uma postura fiscal mais expansionista por um período mais prolongado, mantendo as taxas de juros baixas. Afirmou também que o risco de adotarem mais medidas que o necessário era melhor que o de adotarem menos. O maior destaque, contudo, acabou ficando para o dia seguinte. Mario Draghi resolveu modificar o discurso original e reconheceu, pela primeira vez, que as expectativas de inflação mais longas estavam começando a ficar desancoradas. Citou especificamente a inflação de 5 a 10 anos embutida nos swaps negociados no mercado. Concluiu que o ECB iria adotar as medidas adequadas em resposta a este acontecimento.

Figura 1: a persistentemente baixa inflação e a queda das expectativas levaram o Mario Draghi, presidente do ECB, a indicar que novas medidas de estímulo serão adotadas

Expectativa de inflação de longo prazo (5 a10 anos)

Zona do Euro: Inflação % ano/ano 5%

2.4%

4%

2.3%

3% 2.2% 2% 2.1% 1% 2.0%

0%

Jackson Hole

Índice Cheio Fonte: Bloomberg, Kondor

Fonte: Eurostat

-1% 2005

2007

2009

2011

2013

1.9% Jul-13

Oct-13 Jan-14 Apr-14

Jul-14

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Um dos mais importantes bancos centrais da economia global deve, portanto, adotar novas medidas de estímulo para a economia – isso poucos meses depois de anunciar novos repos de longo prazo para os bancos, que sequer começaram a ser implementados. Um afrouxamento quantitativo no futuro é uma possibilidade e as repercussões para os mercados globais não podem ser menosprezadas. O debate dentro do FED, por sua vez, caminha, ainda que muito gradualmente, na direção oposta. A ata da reunião de julho mostra que seus membros estão mais divididos. Muitos gostariam de uma mudança na comunicação que deixasse mais aberta a porta para uma elevação da taxa básica de juros antes do que o mercado precifica. A própria Yellen, sua presidente, vem colocando a possibilidade de uma elevação do fed funds antes do esperado – caso o mercado de trabalho continue melhorando mais do que o antecipado ou a inflação apresente elevação. Reconhece cada vez mais a enorme incerteza sobre o grau de folga no mercado de trabalho. Em seu discurso em Jackson Hole enfatizou esta incerteza, tirando importância inclusive do comportamento dos salários – até então tidos como relevante indicação da existência de bastante folga na economia. Os dados de atividade apontam para elevado crescimento neste terceiro trimestre. Os índices de difusão, tanto da manufatura quanto dos serviços, apresentaram nova elevação e se encontram em seus níveis máximos nesta recuperação. Os dados referentes aos investimentos também mostram bom crescimento, após a fraqueza observada em 2012 e boa parte de 2013. Mesmo as vendas de casas vêm mostrando recuperação – após as quedas provocadas pela elevação das taxas longas em 2013 e do rigoroso inverno na virada do ano. No entanto, dados de consumo bastante moderados – ainda passíveis de revisão -, a divulgação das principais pesquisas de emprego abaixo do esperado – ainda que robustas – e uma inflação mais comedida no mês de julho contribuíram para que o mercado continuasse bastante calmo em relação à comunicação do FED.

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Cenário nacional: o falecimento de Eduardo Campos e a ascensão de Marina Silva como favorita para vencer as eleições provocam significativas altas nos preços de diversos ativos No Brasil, os movimentos dos preços no mercado foram dominados pelo cenário político. Após o trágico falecimento de Eduardo Campos, candidato pelo PSB a presidente, Marina Silva, então candidata a vice, assumiu seu lugar na chapa do partido. Ela rapidamente subiu nas intenções de votos, terminando agosto como favorita para vencer as eleições. E a vantagem dada pela pesquisa do Datafolha divulgada já no final do mês foi significativa: venceria Dilma Rousseff, candidata à reeleição, no segundo turno por uma diferença de dez pontos percentuais. Com o novo quadro para as eleições, os preços dos ativos locais apresentaram significativa apreciação. As ações da Petrobrás, por exemplo, se valorizaram 19% desde a véspera do acidente aéreo que vitimou Eduardo Campos. As taxas de juros mais longas fecharam de maneira significativa, com o contrato de juros pré-fixado de janeiro de 2021 caindo 65 pontos base.

Figura 2: a ascensão de Marina Silva como favorita para ganhar as eleições levou a significativa apreciação de diversos ativos de risco no país

Ibope: Intenção de Voto no Segundo Turno

Petrobrás (em reais)

50

24

45

23

40

22

35

21 20

30

19

25

18

20

17

15

Falecimento Eduardo Campos

16 Fonte: IBOPE

10 set/13

dez/13

Dilma

abr/14

jun/14

Eduardo Campos

ago/14 Marina

Fonte: Bloomberg, Kondor

15 mai-14

jun-14

jul-14

ago-14

PETR4

As indicações são de que Marina, de fato, melhoraria bastante a condução da política econômica. Vem defendendo, já há algum tempo, o conhecido tripé macroeconômico do segundo mandato do expresidente Fernando Henrique Cardoso: metas de inflação, câmbio flutuante e disciplina fiscal. Defende, inclusive, a independência do Banco Central e fala bastante da necessidade de melhorar as contas públicas

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e sua transparência. Entre seus principais assessores, há economistas com boa reputação no mercado. É verdade que algumas dúvidas permanecem. Não se sabe como conduziria as negociações com o Congresso. Seu partido é pequeno e ela vem defendendo uma “nova política”, na qual se recusaria a conversar com velhos – e influentes – “caciques”. Também não são claras as prioridades de seu eventual governo. De qualquer forma, os fundamentos macroeconômicos mais básicos tenderiam, sim, a ter melhoras relevantes em sua gestão. Uma questão importante a ser levantada é que a eleição ainda não está definida. Marina é a favorita. Mas sua ascensão foi meteórica e ainda faltam dois meses para o segundo turno. Deverá ser muito atacada pelos seus oponentes nas próximas semanas. Qualquer mudança nas pesquisas poderá levar a novas fortes oscilações de preços. Vale lembrar, também, que os fundamentos do país apresentaram grande deterioração nos últimos anos. Hoje temos um quadro que se assemelha ao de uma estagflação, com elevado déficit em conta corrente e uma situação fiscal frágil. 2015 será um ano muito difícil: ajustes precisarão ser feitos com fraca atividade e inflação ainda muito pressionada. Assim, a alta dos preços dos ativos com o favoritismo da Marina é indiscutível. Mas o nível destes preços que reflita o real favoritismo da oposição, as perspectivas para a economia brasileira e o cenário global pode ser bastante debatido.

Desempenho do fundo Kondor KR Em agosto, observamos bons dados na economia americana, o que vai de encontro à nossa estimativa de crescimento consistente dos EUA, principalmente em relação à economia europeia. Nesta última, o presidente do ECB deu indicações de que deverá estabelecer um mecanismo de afrouxamento quantitativo ainda em 2014 para conter o risco de deflação e melhorar as perspectivas de crescimento. No Brasil, estamos em um ambiente politizado, pois a reviravolta das pesquisas eleitorais tem concentrado as atenções e ditado o rumo dos preços dos ativos financeiros. A crescente probabilidade de alternância de poder é vista até aqui como potencialmente benéfica para a economia, haja vista as diretrizes expostas pelos candidatos da oposição e a indicação de reestabelecimento de uma boa gestão macroeconômica para o país. O resultado do fundo foi +0,83%: +0,29% em moedas direcional (compra de USD/EUR + cesta moedas); -0,12% em moedas no book relativo; -0,32% em juros internacionais (posição tomada na curva americana); +0,02% em juros locais; -0,03% em cupom cambial; +0,17% em bolsa micro (long/short); +0,05% em bolsa macro; +0,07% em crédito externo (long High Yield US + long Brasil X México) e +0,01% no livro quantitativo. O Caixa rendeu +0,86% e as despesas -0,17%.

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Histórico de Rentabilidade

Agosto Julho Junho Maio Abril Março Fevereiro Janeiro 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 Desde o Início Data de Início*

Kondor MAX 0.77% 0.86% 0.65% 0.41% 0.37% 0.11% -0.04% 0.91% 4.11% 7.81% 8.88% 15.02% 10.36% 14.90% 14.33% 5.97%* 115.93% 2/8/2007

Kondor KR 0.83% 0.97% 0.63% 0.16% 0.08% -0.42% -0.73% 1.13% 2.67% 9.31% 10.06% 16.96% 10.60% 2.57%* 63.88% 9/10/2009

CDI 0.86% 0.94% 0.82% 0.86% 0.81% 0.76% 0.78% 0.84% 6.87% 8.05% 8.41% 11.60% 9.75% 9.88% 12.38% 11.81%

IFMM 1.07% 0.81% 0.74% 0.90% 0.33% 0.29% 0.31% 0.36% 4.89% 9.34% 13.43% 11.19% 9.24% 16.85% 5.80% 12.54%

IBOVESPA 9.78% 5.01% 3.76% -0.75% 2.40% 7.05% -1.14% -7.51% 18.99% -15.50% 7.40% -18.10% 1.04% 82.64% -41.23% 33.73%

Dólar -2.02% 2.43% -0.35% -0.33% -1.69% -3.06% -3.10% 3.83% -4.43% 13.29% 10.16% 12.03%% -4.23% -25.98% 32.00% -8.66%

Atribuição do Resultado - Kondor KR

Gestora

Estratégia

Agosto

2014

Juros Locais Juros Internacionais Subtotal Moedas Cupom Cambial Moedas Valor Relativo Subtotal Bolsa Macro Bolsa Micro Subtotal Crédito Externo Quantitativo Resultado Bruto Caixa Despesas Result. Líquido Result. em % do CDI

0.02% -0.32% -0.30% 0.29% -0.03% -0.12% 0.14% 0.05% 0.17% 0.22% 0.07% 0.01% 0.14% 0.86% -0.17% 0.83% 97%

0.33% -0.31% 0.02% -2.18% -0.33% -0.05% -2.56% 0.06% -0.10% -0.04% -0.06% 0.01% -2.63% 6.63% -1.33% 2.67% 39%

Administradora/Custodiante

Auditor

Regulador

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