AGENTE DA PF – EDITAL 2012 7. DA PROVA DISCURSIVA 7.1 A prova discursiva valerá 13,00 pontos e consistirá na elaboração de texto narrativo, dissertativo e/ou descritivo, com, no máximo, 30 linhas, com base em tema formulado pela banca examinadora. 7.2 A prova discursiva deverá ser feita pelo próprio candidato, à mão, em letra legível, com caneta esferográfica de tinta preta, fabricada em material transparente, não sendo permitida a interferência e/ou a participação de outras pessoas, salvo em caso de candidato a quem tenha sido deferido atendimento especial para realização das provas(...)

7.3 A folha de texto definitivo da prova discursiva não poderá ser assinada, rubricada e/ou conter qualquer palavra e/ou marca que a identifique em outro local que não seja o indicado, sob pena de ser anulada. Assim, a detecção de qualquer marca identificadora no espaço destinado à transcrição dos textos definitivos acarretará nota 0,00 na prova discursiva. 7.4 A folha de texto definitivo será o único documento válido para a avaliação da prova discursiva. As folhas para rascunho no caderno de prova são de preenchimento facultativo e não valerão para tal finalidade.

12.2.3 Os textos da prova discursiva serão avaliados quanto: a) apresentação textual (legibilidade, respeito às margens e indicação de parágrafos); b) desenvolvimento de tema (objetividade e posicionamento frente ao tema; articulação dos argumentos; consistência e coerência da argumentação; c) domínio da modalidade escrita de língua portuguesa: c.1) grafia/acentuação; c.2) pontuação; c.3) morfossintaxe; c.4) propriedade vocabular

12.2.4 Nos casos de fuga ao tema, de não haver texto ou de identificação em local indevido, o candidato receberá nota no texto igual a 0,0 12.2.5 A prova discursiva será anulada se o candidato não devolver sua folha de texto definitivo, sendo consequentemente eliminado do certame. 12.2.6 Os critérios avaliativos descritos nas letras “a” e “b” do subitem 12.2.3 totalizarão a nota relativa ao domínio do conteúdo (NC), cuja pontuação máxima será limitada ao valor de 13,00 pontos.

12.2.7 A avaliação do domínio da modalidade escrita de língua portuguesa totalizará o número de erros (NE) do candidato. 12.2.8 Será computado o número total de linhas (TL) efetivamente escritas pelo candidato. 12.2.9 Será desconsiderado, para efeito de avaliação, qualquer fragmento de texto que for escrito fora do local apropriado e/ou que ultrapassar a extensão máxima de 30 linhas. (…) 12.2.11 Será eliminado do concurso público o candidato que obtiver NPD < 6,50 pontos.

TEXTO DISSERTATIVO

Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dissertativo pertence ao grupo dos textos expositivos, juntamente com o texto de apresentação científica, o relatório, o texto didático, o artigo enciclopédico. Em princípio, o texto dissertativo não está preocupado com a persuasão e sim, com a transmissão de conhecimento, sendo, portanto, um texto informativo.

Os textos argumentativos, ao contrário, têm por finalidade principal persuadir o leitor sobre o ponto de vista do autor a respeito do assunto. Quando o texto, além de explicar, também persuade o interlocutor e modifica seu comportamento, temos um texto dissertativoargumentativo. O texto dissertativo tem uma estrutura convencional, formada por três partes essenciais.

*Introdução, que apresenta o assunto e o posicionamento do autor. Ao se posicionar, o autor formula uma tese ou a ideia principal do texto.

* Desenvolvimento, formado pelos parágrafos que fundamentam a tese. Normalmente, em cada parágrafo, é apresentado e desenvolvido um argumento. Cada um deles pode estabelecer relações de causa e efeito ou comparações entre situações, épocas e lugares diferentes. * Conclusão, que geralmente retoma a tese, sintetizando as ideias gerais do texto ou propondo soluções para o problema discutido. Mais raramente, a conclusão pode vir na forma de interrogação ou representada por um elementosurpresa. No caso da interrogação, ela é meramente retórica e deve já ter sido respondida pelo texto.

EXEMPLO

Em tempos como este, em que crises abalam todos os setores do pais, é comum buscar soluções imediatistas para problemas complexos, ou mesmo transferir a responsabilidade para um grupo ou classe. A pena de morte como solução da criminalidade no país é um desses casos.

Proclamam os seus defensores que a pena de morte aplicada a um criminoso serviria de exemplo para que outros não cometessem o mesmo erro. Todavia, já ficou provada a ineficiência da pena, quando se visa a esse fim, na experiência de alguns Estados norte-americanos, no início do século. A adoção da pena coincidiu com um aumento das agressões a policiais e não houve a desejada diminuição da criminalidade.

Existe, ainda, uma incoerência fundamental nesse raciocínio. Pretende-se combater o crime com a morte do criminoso, estabelecendo-se um círculo vicioso de violência, além de significar a institucionalização do assassinato pelo Estado, que passa a ter o supremo poder de decisão sobre a vida ou morte do réu. Outra justificativa absurda é a de que a eliminação do criminoso pouparia os gastos que o governo teria para sustentá-los. Ora, não se pode deixar de considerar que o criminoso é o resultado de uma situação de miséria anterior a ele. Deve, então, a sociedade expurgar todos os membros que considerar um peso ou ameaça – como na Alemanha nazista – em vez de assumir sua total incompetência para reintegrar os frutos de suas injustiças?

Num país em que o Judiciário não é eficiente o bastante para fazer cumprir a lei como convém, em que o sistema penitenciário não cumpre com sua função de reformar os indivíduos considerados perigosos e inaptos para a convivência social e em que a corrupção e a incompetência permeiam quase todos os serviços públicos, seria difícil encontrar pessoas isentas para condenar um réu à morte. Resta a dúvida: quem seriam os “carrascos” indicados para tal função? Quem aceitaria sem hesitação a incumbência?

A pena de morte não é solução para a criminalidade. Ela atua como um mecanismo de vingança da população contra os criminosos, como um paliativo para a sensação de insatisfação , impotência e insegurança. Ao mesmo tempo, ressuscita a bem-sucedida – em sua época – política romana do pão e do circo. Não há pão para todos, mas haveria circo.

Não se pode permitir que a sociedade retroceda à brutalidade da lei de Talião apenas por mostrar-se incapaz de resolver a crise geral em que se encontra. Numa era de tantas conquistas no campo dos Direitos Humanos, é inconcebível que se cogite legalizar a irracionalidade e a violência, deixando recair sobre alguns o ônus social que é de todos. Pão e Circo – Paula Pereira, A Imprensa, Faculdade Cásper Líbero, jun/jul.1991

Atenção: a linguagem do texto dissertativo-argumentativo costuma ser impessoal, objetiva e denotativa. Mais raramente, entretanto, há a combinação da objetividade com recursos poéticos, como metáforas e alegorias. Predominam formas verbais no presente do indicativo e emprega-se o padrão culto e formal da língua.

PARÁGRAFO Exemplo de um parágrafo e suas divisões “Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha, pois provocará de imediato violenta elevação do consumo; o Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o caos.” (Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)